1 INVESTIGAÇÃO DE ALVOS DA TIROSINA FOSFATASE DUALDUSP3 NA RESPOSTA AOS DANOS NO DNA Mônica H. M. Nascimento1 (IC)*, Fábio L. Forti2 (PQ). * [email protected] 1 Universidade Federal do ABC, Centro de Ciências Naturais e Humanas, Santo André/SP 2 Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo/SP Protein tyrosine phosphatases (PTPs) regulate signaling and other biochemical processes through dephosphorylation of proteins at the tyrosine residue. Disruption of the functioning of tyrosine phosphatases may lead to serious diseases and disorders. Based on the literature known up to now and preliminar results, the following experiments were performed: 1) Western blot for proteins VHR (interest), Cyclin B1, and Actin (controls) to verify the stability and expression during the cell cycle, 2) Laser Scanning Microscopy (Fluorescence Confocal) to determine the expression and localization of proteins VHR, pJNK, pATF2, and pH2AX 3) Theoretical research using bioinformatics tools looking at structural features of proteins that may be possible targets of VHR by analogy to known substrates, mainly based on alignment of proteins and post-translational modifications as phosphorylation, associated with experimental evidences. The results show that VHR is a protein stable to degradation and highly expressed during the cell cycle, which quickly migrates to the nucleus of human cervix carcinoma cervix cells (HeLa), after receiving gamma radiation, and co-localizes with the phosphorylated forms of Histone 2AX (pH2AX) and the transcription factor ATF2 (pATF2). Moreover, in cells irradiated by ultraviolet light type C, VHR is on DNA damaged by mutation or other chemical modification co-localizing with phospho-JNK and pATF2. The theoretical investigation resulted in a list of probable protein substrates of VHR with more than 30 potential candidates exhibiting the TXY motif with high probability of phosphorylation by VHR in the two known residues, but experimental validation is under way. I. INTRODUÇÃO A fosforilação do aminoácido tirosina é um mecanismo fundamental para importantes aspectos da fisiologia dos eucariotos, assim como para a saúde humana. Este mecanismo esta presente na comunicação, proliferação e diferenciação celular, em processos como regulação de transcrição de genes, processamento de RNAm e transporte de moléculas para dentro ou fora das células. Anormalidades em seu funcionamento podem provocar muitas doenças hereditárias ou adquiridas desde câncer até imunodeficiências [1]. O grupo fosfato ou fosforil é removido dos resíduos tirosil por uma família de enzimas conhecida como proteínas tirosina fosfatases (PTPs), que apresentam funções ímpares em prevenir a transformação celular maligna, em limitar a transdução de sinal intracelular e em manter a homeostase normal das células [2]. As PTPs utilizam um mecanismo catalítico à base de cisteína partilhada com uma ampla família de hidrolases, incluindo fosfatases especificas para fosfolipídios e RNA. Uma exceção a esta regra é a subfamília PTPase de fosfatases duais específicas (DSPs ou DUSPs), que prontamente desfosforilam resíduos de fosfotirosina e fosfotreonina. A maioria das DUSPs é específica para proteínas quinase ativadas por mitógenos como ERK, JNK, e p38, que são ativadas por uma dupla fosforilação da tirosina e treonina no motivo Thr-X-Tyr. Assim, essas DUSPs são muitas vezes referidas como MAP quinase fosfatases ou MKPs. A primeira DUSP a ser clonada foi a proteína VH1 a partir do vírus Vaccinia; uma enzima relacionada foi encontrada posteriormente em células de mamíferos e denominada VHR ou DUSP3. Ambos VH1 e VHR diferem de outras DUSPs, pois são muito menores, só 19 e 21 KDa, respectivamente. VH1 tem sido relatada a desfosforilar tanto MAP quinase e Stat1, enquanto VHR parece ser específica para Erk e Jnk [4]. Embora a função fisiológica de VHR ainda pareça pouco esclarecida, sua estrutura já foi cristalizada[3] e estudos recentes mostram que VHR inibe a apoptose em células de câncer de próstata e é super-expressa neste tipo de câncer [5], bem como em câncer de cervix humano e sua expressão, reduzida ou totalmente eliminada, causa um bloqueio do ciclo celular e indução de senescência [7]. II. OBJETIVOS Este trabalho pretende investigar o envolvimento da fosfatase dual atípica DUSP3/VHR nos focos de reparo de DNA após lesão causada por radiações ionizantes (gama e luz ultravioleta) em linhagens celulares humanas transformadas (carcinoma de cervix, HeLa). III. MÉTODOS Baseando-se em dados da literatura conhecidos até o momento, foram realizados experimentos de: 1) Western Blot para as proteínas VHR (interesse), Actina e Ciclina (controle) para verificação da estabilidade e expressão ao longo do ciclo celular; 2) microscopia confocal de fluorescência para a determinação da expressão e localização das proteínas VHR, pJNK, pATF2 e pH2AX, e 3) investigação teórica das características estruturais de proteínas que podem ser possíveis alvos de VHR por analogia a substratos conhecidos, utilizando ferramentas de bioinformática principalmente baseadas em alinhamento de proteínas e modificação pós-traducional por fosforilação, associadas a comprovação experimental. IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados experimentais obtidos até o momento mostram que VHR é uma proteína estável à degradação e de alta expressão ao longo do ciclo celular, que migra rapidamente para o núcleo de células de carcinoma de cervix 2 (HeLa) humanas, após receberem radiação ionizante, e encontra-se em focos de DNA danificado por quebra na duplafita, colocalizando-se com Histonas 2AX e com o fator de transcrição ATF2 fosforilados. Além disso, após irradiação das células com luz ultravioleta tipo C, VHR encontra-se em focos de DNA lesado por provável mutação e ou modificação química, colocalizando-se com JNK e ATF2 fosforilados. A investigação teórica computacional resultou numa lista considerável de substratos protéicos da DUSP3 com mais de 30 possíveis candidatos que possuem o motivo TXY com alta probabilidade de fosforilação em um dos dois resíduos sabidamente alvos de desfosforilação por VHR. Partes da seqüência destas proteínas foram analisadas através de um alinhamento teórico e os resultados estão sendo comparados, utilizando um programa de alinhamento de seqüência múltipla de proteínas e DNA, o Clustal W [6]. V. CONCLUSÃO A proteína tirosina fosfatase dual atípica DUSP3/VHR se encontra nos focos de resposta ao DNA lesado por radiações ionizantes gama e UVC na linhagem celular humana HeLa e se colocaliza com uma proteína indicadora de reparo de DNA, Mre11, identificada graças a investigação teórica de possíveis alvos por homologia estrutural. Estes experimentos estão sendo repetidos em outra linhagem tumoral humana de melanoma não-metastático (MeWo), que possui o sistema de reparo de DNA da proteína p53 normal, e os resultados têm demonstrado, embora não tão claramente como em linhagens de HeLa, a colocalização de VHR com as proteínas analisadas, confirmando assim os experimentos já realizados. Pretende-se também investigar outras proteínas nucleares encontradas em focos de reparo de DNA, levantadas a partir desta investigação teórica, e dados preliminares confirmam a colocalização de VHR com outras proteínas de reparo levantando uma função até agora totalmente desconhecida desta tirosina fosfatase dual na manutenção da integridade genômica de células tumorais. VI . AGRADECIMENTOS A Deus, que por sua presença, luz e força sempre me abençoa e capacita para tudo aquilo que Ele me destina. Ao meu Orientador Prof. Dr. Fábio Luís Forti pelo ensinamento e dedicação ao meu trabalho. Ao Prof. Dr Hugo Armelin do Depto de Bioquímica do IQUSP, pela concessão de seu laboratório para a realização dos experimentos. Aos meus queridos familiares e amigos pelo apoio e incentivo e por acreditarem em meu sucesso. A Universidade Federal do ABC pela oportunidade de aprendizado. A CNPq pela bolsa concedida e a Fapesp pelo projeto concedido. VII . REFERÊNCIAS [1] [2] Alonso A, Sasin J, Bottini N, Friedberg I, Osterman A, Godzik A, Hunter T, Dixon J, Mustelin T, Cell, 2004; 117: 699-711. Mustelin T, Vang T, Bottini N, Nat Rev Immunol, 2005; 5:43-57 [3] [4] [5] [6] [7] Arnoldussen Y, Lorenzo P, Pretorius m, Waehre h, Risberg B, Maelandsmo G, Danielsen H, Saatcioglu F, Cancer Res, 2008;68: 925564. Bhoumik A, Takahashi S, Breitweiser W, Shiloh Y, Jones N, Ronai Z, Mol Cell, 2005; 18(5): 577-587. Henkens R, Delvenne P, Arafa M, Moutschen M, Zeddou M, Tautz L, Boniver J, Mustelin T, Rahmouni S, BMC Cancer, 2008; 8:147. Larkin M.A., Blackshields G., Brown N.P., Chenna R., McGettigan P.A., McWilliam H., Valentin F., Wallace I.M., Wilm A., Lopez R., Thompson J.D., Gibson T.J.,Higgins D.G. Bioinformatics, 2007; 21: 2947-48. Rahmouni S, Cerignoli F, Alonso A, Tsutji T, Henkens R, Zhu C, Louisdit-Sully C, Moutschen M, Jiang W, Mustelin T., Nat Cell Biol, 2006;8(5): 524-31.