Relatório de Avaliação dos Esforços para Implantação da Coordenação Modular no Brasil 2 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Miguel Jorge Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI Reginaldo Braga Arcuri Presidente Clayton Campanhola Diretor Maria Luisa Campos Machado Leal Diretora Claudionel Leite Especialista em Projetos Valdênio Miranda Técnico em Projetos Willian Souza Assistente Técnico Fundação Euclides da Cunha – FEC Sérgio Leusin Coordenação Geral Silk Kapp Supervisão Wellington Cançado Coelho Ana Paula Emídio Coordenação Estudo realizado via contrato 014/2009 ABDI-FEC, no âmbito do Acordo de Cooperação 031/2008, no qual participam: Lista de Siglas A2D Agência para o Desenvolvimento do Design Cerâmico ABAL Associação Brasileira do Alumínio ABC Associação Brasileira de Cerâmica ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABIMCI Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente ABNT Associação Brasileiras de Normas Técnicas AFAP-PVC Associação dos Fabricantes de Perfis de PVC para a Cons trução Civil AFEAÇO Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Aço AFEAL Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio ANFACER Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento APL Arranjo Produtivo Local AsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura ASPACER Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento BIM Building Information Modeling BNH Banco Nacional da Habitação CBC Centro Brasileiro da Construção Bouwcentrum CBCA Centro Brasileiro de Construção em Aço CCB Centro Cerâmico do Brasil CEF Caixa Econômica Federal CMCoordenação Modular CNMaC Comissão Nacional do Sistema de Qualificação de Mate riais, Componentes e Sistemas Construtivos FEC Fundação Euclides da Cunha FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FINEP Financiadora de Estudos e Projetos FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro FUNDEP Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa HIS Habitação de Interesse Social IABr Instituto Aço Brasil INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social ISO International Organization for Standardization MCidades Ministério das Cidades MCT Ministério da Ciência e Tecnologia MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 4 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI NBRNorma Brasileira OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat PDP Política de Desenvolvimento Produtivo PNQM Programa Nacional de Qualidade da Madeira PSQ Programa Setorial da Qualidade SINAPROCIM Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento SINDUSCON-SP Sindicato das Indústrias de Construção de São Paulo SINDUSGESSO Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de Pernambuco SINPROCIM Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo UFAL Universidade Federal de Alagoas UFC Universidade Federal do Ceará UFF Universidade Federal Fluminense UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFPB Universidade Federal da Paraíba UFPR Universidade Federal do Paraná UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFSC Universidade Federal de Santa Catarina USP Universidade de São Paulo ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 5 Lista de Figuras FIGURA 1 Blocos de concreto: Tabela das medidas normalizadas na NBR 6136 FIGURA 2 Blocos cerâmicos de vedação: Tabela das medidas normali zadas NBR 15270-1 FIGURA 3 Blocos cerâmicos estruturais: Tabela das medidas normali zadas NBR 15270-2 FIGURA 4 Chapas de gesso: Tabela das medidas normalizadas na NBR 14715 FIGURA 5 Telhas cerâmicas: Terminologia de medidas na NBR 15310 FIGURA 6 Telha cerâmica: Diferença entre comprimento útil e compri mento de coordenação FIGURA 7 Telhas cerâmicas: Possibilidades de comprimentos coorde nados modularmente FIGURA 8 Telhas de fibrocimento: Terminologia de medidas FIGURA 9 Esquadrias modulares: Medidas na NBR 5722 FIGURA 10 Esquadrias modulares: Detalhe na NBR 5728 FIGURA 11 Esquadrias de alumínio: Instruções de montagem de dois fabricantes FIGURA 12 Esquadrias: Alturas convencionais e ambientes internos FIGURA 13 Esquadrias de aço: Instruções de montagem de dois fabricantes FIGURA 14 Portas internas de Madeira: Exemplo de medidas praticadas 6 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Lista de Quadros QUADRO 1 Tipos de componentes em foco neste estudo QUADRO 2 Blocos de concreto: Linhas normalizadas e características de coordenação QUADRO 3 Blocos de concreto: Componentes nos catálogos das em- presas pesquisadas QUADRO 4 Blocos cerâmicos: Linhas normalizadas e linhas praticadas QUADRO 5 Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Linhas pratica- das e características de coordenação QUADRO 6 Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas QUADRO 7 Blocos de gesso: medidas nominais propostas em projeto de norma e medidas de coordenação decorrentes QUADRO 8 Chapas de gesso acartonado Drywall: Medidas praticadas QUADRO 9 Telhas cerâmicas: Medidas de coordenação inferidas QUADRO 10 Telhas de fibrocimento não estruturais: Medidas normalizadas QUADRO 11 Telhas de fibrocimento: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas QUADRO 12 Telhas de aço: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas QUADRO 13 Dimensionamento de vãos e esquadrias QUADRO 14 Esquadrias de alumínio: Medidas preferidas segundo a ABAL QUADRO 15 Esquadrias de alumínio: Exemplos de medidas reais QUADRO 16 Esquadrias de alumínio: Medidas praticadas QUADRO 17 Esquadrias de aço: Medidas recomendadas no PSQ QUADRO 18 Esquadrias de aço: Exemplos de medidas reais QUADRO 19 Esquadrias de aço: Medidas praticadas QUADRO 20 Esquadrias de PVC: Medidas de produtos padronizados da Yziplas QUADRO 21 Esquadrias de PVC: Medidas preferidas pela Claris-Tigre QUADRO 22 Portas de madeira: Medidas da NBR 8052 QUADRO 23 Portas internas de madeira: Medidas praticadas QUADRO 24 Janelas de madeiras: Medidas recorrentes QUADRO 25 Revestimentos cerâmicos: Exemplos de medidas reais QUADRO 26 Revestimentos cerâmicos: Praticas dimensionadas e informacionais de quatro empresas pesquisadas QUADRO 27 Revestimentos cerâmicos: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas QUADRO 28 Resumo de conclusões gerais do levantamento QUADRO 29 Recomendações em relação às Normas Técnicas em vigor ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 7 Sumário Apresentação...............................................................................................9 A importância da Coordenação modular no contexto da Política de Desenvolvimento Produtivo...........................................................................................10 1. Introdução...............................................................................................11 1.1 Contextualização....................................................................................11 1.2 Breve histórico ......................................................................................12 1.3 Ações recentes.......................................................................................12 1.4 Foco do estudo......................................................................................13 2. A Coordenação Modular..........................................................................14 2.1 Normas.................................................................................................14 2.2 Vocabulário...........................................................................................15 2.3 Objetivos...............................................................................................16 2.4 Princípios...............................................................................................16 2.5 Características de um componente ou conjunto modular...........................17 3. Levantamento de segmentos críticos..........................................................18 3.1 Metodologia..........................................................................................18 3.2 Vedação simples e estrutural...................................................................19 3.2.1 Blocos de concreto..............................................................................19 3.2.2 Blocos Cerâmicos...............................................................................25 3.2.3 Chapas e blocos de gesso...................................................................29 3.3 Coberturas............................................................................................33 3.3.1 Telhas cerâmicas.................................................................................33 3.3.2 Telhas de fibrocimento.........................................................................36 3.3.3 Telhas de aço......................................................................................41 3.4 Abertura................................................................................................43 3.4.1 Normas referentes a todos os tipos de esquadrias..................................43 3.4.2 Esquadrias de alumínio........................................................................45 3.4.3 Esquadrias de aço...............................................................................51 3.4.4 Esquadrias de PVC..............................................................................55 3.4.5 Esquadrias de Madeira........................................................................58 3.5 Acabamento..........................................................................................62 3.5.1 Revestimentos cerâmicos......................................................................62 4. Conclusões..............................................................................................66 5. Referências bibliográficas..........................................................................75 8 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Apresentação Como forma de contribuir para uma análise preliminar e debates sobre a implantação da Coordenação Modular no Brasil, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), contratou a Fundação Euclides da Cunha (FEC/UFF-RJ) para elaborar um relatório sobre os impactos da iniciativa no País. A intenção da Agência é disseminar a publicação para os agentes do setor e fornecer subsídios para argumentação técnica sobre o tema. Atualmente o principal enfoque da ABDI está nos programas e projetos estabelecidos pela Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em maio de 2008, na qual participa como Secretaria Executiva juntamente com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os ministérios da Fazenda e da Ciência e Tecnologia. Além do importante papel na governança da PDP, a Agência desenvolve projetos setoriais alinhados às diretrizes e metas da PDP, e demais políticas e programas de governo, com objetivo de promover o desenvolvimento industrial e aumento da competitividade da indústria nacional, tendo a modernização e inovação tecnológica como focos principais. Todos os projetos, ações e publicações setoriais desenvolvidos pela Agência podem ser consultados no site www.abdi.com.br Para o setor da Construção Civil, além de ações específicas desenvolvidas em conjunto com o setor privado por meio de seu Programa de Competitividade Setorial (PCS), a ABDI apoia o MDIC na articulação, coordenação, execução e acompanhamento da Agenda de ações PDP, no âmbito do Fórum de Competitividade. Nesse contexto, vem desenvolvendo em parceria com MDIC e outras entidades diversas ações voltadas para a modernização do setor da Construção Civil. Entre essas frentes, a implantação da Coordenação Modular, sem dúvida, é um dos maiores e mais importantes desafios a ser superado, além do que constitui requisito para uma efetiva industrialização do setor, com impacto direto no aumento da produtividade e diminuição das perdas. Como pode ser constatado ao longo deste relatório, com exceção dos segmentos de Blocos de Concreto e Painéis de Gesso, são grandes os desafios para adequação dos demais segmentos e produtos à prática da Coordenação Modular. No entanto, igualmente significativos têm sido os esforços desenvolvidos nessa direção alguns já apresentando resultados concretos, como a recente publicação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) da nova norma de Coordenação Modular (NRB-15873/2010). Assim, com esta publicação, a ABDI acredita estar contribuindo significativamente para adoção da estratégia de modernização e industrialização do setor de Construção Civil, como principal estratégia de competição para a indústria nacional. Esperamos que você também some esforços a esta empreitada. Boa leitura! Reginaldo Braga Arcuri Presidente da ABDI ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 9 A importância da coordenação modular no contexto da Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)-Projetos, para dar sustentabilidade ao atual ciclo de crescimento da construção civil no Brasil é fundamental que o setor alcance um aumento médio anual de 3% na produtividade da sua mão de obra, durante a próxima década. Trata-se de um enorme desafio, cuja superação requer mudanças significativas nos processos construtivos, que precisam migrar do método artesanal para a construção industrializada aberta. Para isto será indispensável a plena implantação da Norma Técnica de Coordenação Modular (NBR-15873/2010), que viabilizará a interoperabilidade técnica e permitirá: • reduzir e dar coerência à variedade de medidas utilizadas na fabricação de componentes; • simplificar a coordenação dimensional nos projetos das edificações, que hoje é elaborada caso a caso; • simplificar o processo de marcação no canteiro de obras para posicionamento e montagem de componentes construtivos; • reduzir cortes e ajustes de componentes e elementos construtivos e a geração de resíduos no canteiro de obras; • aumentar a intercambiabilidade de componentes tanto na construção inicial quanto em reformas e melhorias ao longo da vida útil da edificação; • evitar cortes e ajustes desnecessários; • induzir maior cuidado na resolução de projetos e maior acuidade técnica na sua execução • ampliar a cooperação entre os diversos agentes da cadeia produtiva da construção. • e minimizar desperdícios, com redução de custos e diminuição nos prazos de execução das obras, devido à maior facilidade de ajustes e montagens; Por estas razões, a implantação da coordenação modular no País é um dos eixos centrais da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP)– Setorial da Construção Civil. Neste contexto, esta publicação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) é muito oportuna, pois traz importantes subsídios para orientar as estratégias e ações necessárias para se alcançar este objetivo. O Relatório evidencia também que a implantação da coordenação modular requer um alinhamento de esforços, numa ação convergente e integrada cadeia da produtiva da construção civil, no sentido de prover o mercado de produtos que observem a coordenação modular, condição sine qua non para o desenvolvimento da interoperabilidade técnica e para a difusão da construção industrializada aberta no País. Marcos Otávio Bezerra Prates Coordenador do Fórum de Competitividade do Setor de Construção Civil Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC 10 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI 1 Introdução 1.1 Contextualização O presente relatório é parte integrante do estudo de identificação e avaliação técnica dos impactos da Coordenação Modular (CM) e do Building Information Modeling (BIM) no setor de construção civil no Brasil, contratado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) junto à Fundação Euclides da Cunha (FEC). O estudo visa a contribuir para a difusão e implementação efetiva da Coordenação Modular na construção civil brasileira. Seu desenvolvimento consiste no levantamento e na caracterização dos requisitos para a implementação da Coordenação Modular em segmentos críticos da cadeia produtiva da construção civil imobiliária, seguido da elaboração de modelos de aplicação nesses segmentos críticos. 1.2 Breve Histórico A Coordenação Modular é um instrumento de compatibilização de medidas na construção, difundido internacionalmente a partir da década de 40, cujas primeiras normas da International Organization for Standardization (ISO) datam da década de 70. Também no Brasil se publicou a primeira norma de Coordenação Modular em 1950 e houve um esforço significativo para a normalização detalhada e para a adoção desse instrumento nas décadas de 60 e 70. O Banco Nacional da Habitação (BNH) contratou o Centro Brasileiro da Construção Bouwcentrum (CBC) em 1969 para o desenvolvimento de uma estratégia de implantação da Coordenação Modular no Brasil. Contudo, as ações não tiveram sistematicidade e recursos suficientes para uma difusão ampla, sendo interrompidas em 1972 (BALDAUF, 2004). Com as mudanças dos processos de trabalho na construção civil brasileira ocorridas desde a década de 80 e mais marcadamente na década de 90, tornou-se evidente a necessidade de uma retomada da Coordenação Modular, com o objetivo de melhorar a produtividade dos processos construtivos, a versatilidade de componentes construtivos e a comunicação entre os agentes do setor (fabricantes, construtores, projetistas, usuários, poder público). Em 2006, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançou um edital de projetos de pesquisa (CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/FNDCT/CAIXA - HABITARE - 01/2006) que incluiu, entre as linhas propostas, o desenvolvimento da Coordenação Modular para a produção habitacional. Projetos de oito instituições de pesquisa (UFAL, UFC, UFMG, UFPB, UFPR, UFRGS, UFSC, USP) foram aprovados nessa linha, formando-se, assim, uma Rede Colaborativa de pesquisa, que examinou as normas vigentes de Coordenação Modular e identificou os principais obstáculos à sua implementação. Dentre esses obstáculos merecem destaque o desconhecimento da Coordenação ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 11 Modular por grande parte dos agentes da construção civil imobiliária (projetistas de engenharia, arquitetura e produtos, fabricantes, comerciantes e vendedores, mestres-de-obras, encarregados e demais operários especializados e não especializados, consumidores). Muitos estão familiarizados com a expressão “coordenação modular”, mas entendem-na nos mais diversos sentidos coloquiais (repetição de elementos construtivos, pré-fabricação, coordenação dimensional etc.), o que contribui para a persistência de alguns preconceitos, como, por exemplo, a idéia de que a construção coordenada modularmente levaria a uma monotonia do ambiente construído. Também configuram obstáculos relevantes as práticas e rotinas historicamente sedimentadas no setor da construção, tais como a pouca observância de juntas de dilatação não estruturais, a confecção sob medida de elementos e componentes da construção, o ajuste in loco, a quase ausência da indicação de tolerâncias nos projetos de edificações etc. Um terceiro dificultador para a implementação da Coordenação Modular são as Normas Brasileiras relativas ao tema. Além de fragmentárias e por vezes contraditórias (KAPP, 2009), elas foram formuladas a partir de uma visão prescritiva. A CBC, especialmente na figura de seu coordenador Theodoro Rosso, que também participou ativamente da elaboração das respectivas NBRs, partia do pressuposto de que medidas modulares e medidas nominais de componentes construtivos, assim como multimódulos utilizados para determinados tipos de construções, deveriam ser fixadas. Consideravam-se, para isso, determinados processos construtivos existentes. Mudanças nesses processos levariam, necessariamente, a uma revisão das normas. Não havia a perspectiva de que as normas podem estabelecer limites e princípios de compatibilização dimensional dentro dos quais a indústria e os demais agentes têm liberdade para inovar. A mobilização da Rede Colaborativa FINEP no sentido de uma superação paulatina desses obstáculos constituiu, no empenho em dar início a um processo de revisão das respectivas Normas da ABNT, na realização de palestras e mini-cursos em todos os pontos da Rede, na implantação de um web site sobre o tema e no desenvolvimento de produtos para a construção coordenada modularmente. Cabe observar, no entanto, que a natureza, o alcance e os recursos desse projeto de pesquisa não seriam adequados para ações mais sistemáticas de transformação do setor da construção civil imobiliário para a adoção da CM. 1.3 Ações Recentes Em 2008, a União, por intermédio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério das Cidades (MCidades), a Caixa Econômica Federal (CEF), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à Universidade Federal Fluminense (FEC) celebraram um Acordo de Cooperação Técnica para a promoção, o fortalecimento e a realização de ativi- 12 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI dades que contribuam para a melhoria do ambiente de negócios, o desenvolvimento industrial, tecnológico e a elevação do patamar competitivo da cadeia produtiva da construção civil, e que estejam alinhadas com os objetivos e metas estabelecidos na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ou com estratégias e ações do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Construção Civil, de modo especial com foco na redução do déficit habitacional e na modernização da Construção no país. A revisão das normas de Coordenação Modular e o desenvolvimento de um plano de difusão estão incluídos nas ações prioritárias desse Acordo de Cooperação. O Grupo MOM, sob coordenação de Silke Kapp4, integra a supramencionada Rede Colaborativa de Pesquisa FINEP. A partir do conhecimento assim adquirido, auxiliou também a articulação entre a Rede e as ações do MDIC e da Universidade Federal Fluminense (UFF), no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica, para a revisão das normas brasileiras concernentes ao tema. Em julho de 2009, foi reaberta a Comissão de Estudos 02 138 15 - Coordenação Modular para Edificações da Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT), com representantes da Rede FINEP, do MDIC, da UFF, além dos representantes dos mais diversos segmentos da cadeia produtiva da construção civil. A elaboração de uma norma-diretriz foi finalizada no início de 2010, formando a base para uma discussão e difusão nacional deste instrumento, sua aprovação pela ABNT e a posterior elaboração de normas específicas por segmento, quando pertinente. Assim, presente estudo complementa esses esforços, subsidiando a formulação de medidas e ações para a intencionada difusão e implementação efetiva da Coordenação Modular no país. 1.4 Foco do Estudo A implementação da Coordenação Modular depende de pelo menos três fatores: • • • Prática de projetistas e construtores; Legislação urbana, exigências de programas de financiamento, normas técnicas; Características dos componentes construtivos disponíveis no mercado. O presente estudo tem por objeto o último desses fatores, isto é, a indústria brasileira de componentes construtivos. No âmbito dessa indústria, há segmentos em que a relação de custo-benefício da implementação sistemática da Coordenação Modular será mais significativa pelo fato de seus produtos integrarem elementos básicos das edificações e em razão do volume atual de produção e consumo. Por isso, nosso foco está nos segmentos produtores dos tipos de componentes relacionados abaixo (quadro 1). 4 Silke Kapp é arquiteta, mestre e doutora em Filosofia, professora adjunta da Escola de Arquitetura da UFMG. Desde 2007 tem realizado pesquisas sobre o tema da Coordenação Modular, especialmente no projeto de pesquisa Finep intitulado “Interface digital de apoio à produção de moradias: Princípios, componentes e processos para a construção coordenada modularmente”. Entre outros trabalhos, publicou: - KAPP, Silke; Baltazar dos Santos, Ana Paula; Nascimento, D. M. Architecture as Critical Exercise: Little pointers towards alternative practices. Field. A free journal for Architecture, v. 2, p. 7-29, 2008. - KAPP, Silke; GREVEN, Hélio. Coordenação modular: desfazendo mal-entendidos, retomando uma prática ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 13 Trata-se de analisar os condicionantes específicos de cada segmento para a implantação da coordenação modular. Tais condicionantes são derivados dos sistemas produtivos e das características do respectivo parque industrial, enfocando-se os impactos sobre o desenho de produtos, sobre as necessidades de ajustes nas linhas de produção daí decorrentes e, eventualmente, sobre a logística (embalagem, armazenamento, transporte) e a qualificação da mão-de-obra (projetistas, vendedores, instaladores etc.). QUADRO 1. Tipos de componentes em foco neste estudo Tipo de componente Função na edificação Peculiaridades Blocos de concreto Blocos cerâmicos Chapas de gesso Telhas cerâmicas Telhas de fibrocimento Telhas de aço Esquadrias de alumínio Esquadrias de aço Esquadrias de PVC Esquadrias de madeira Revestimentos cerâmicos Vedação simples ou es- Interface com instalações trutural Cobertura Interface com subcoberturas Abertura Interface com vedações Acabamento Interface com vedações Fonte: Autores 2 A Coordenação Modular 2.1 Normas O presente estudo é fundamentado nos princípios da Coordenação Modular internacionalmente acordados, praticados e formalizados em normas técnicas de diversos países, bem como em três normas ISO essenciais ao tema: • ISO 1006-1983 - Building Construction - Modular Coordination - Basic Module • ISO 1791-1983 - Building Construction - Modular Coordination - Vocabulary • ISO 2848-1984 - Building Construction - Modular Coordination - Principles and Rules Como explicitado acima, as respectivas normas técnicas brasileiras se encontram em processo de revisão, embora seus princípios básicos sejam os mesmos das normas internacionais. A necessidade de revisão se deve a três fatos. Em primeiro lugar, as normas brasileiras datam de 1982, sendo, portanto, anteriores às normas ISO. Em segundo lugar, sua difusão sistemática é dificultada por constituírem um total 25 documentos em 62 páginas, para um conteúdo que pode ser sintetizado em uma única norma. Em terceiro lugar, as normas brasileiras vigentes apresentam definições ora redundantes, ora ambíguas, e não elucidam suficientemente os procedimentos adotados para a construção de edificações coordenadas modularmente e 14 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI para a produção de componentes construtivos modulares. Assim, são inadequadas para cumprir o objetivo de uma norma dessa natureza: promover a coordenação efetiva entre os agentes da cadeia produtiva da construção civil imobiliária. Nas seções seguintes, explicitamos o vocabulário e os princípios fundamentais da Coordenação Modular, concordantes com as normas internacionais, bem como com as discussões desenvolvidas até o momento na respectiva Comissão da ABNT. 2.2 Vocabulário Para efeito do presente estudo, adotar-se-ão as seguintes definições: • Elemento (construtivo): Parte da edificação com funções específicas, constituída por um conjunto de componentes e/ou materiais de construção. Exemplo: parede, janela, escada. •Componente (construtivo): Produto destinado à edificação e formado como uma unidade distinta, de geometria definida e de medidas especificadas nas três dimensões. Exemplos: Bloco cerâmico, telha, painel etc. • Material (de construção): Produto destinado à edificação e que não é formado como uma unidade distinta, não tem geometria definida ou não tem medidas especificadas nas três dimensões. Exemplo: areia, brita, cal, cimento, chapa, bambu, pedra de mão, aditivo, tinta, argamassa etc. • Coordenação dimensional: Interrelação de medidas de elementos e componentes construtivos e das edificações que os incorporam, usada para seu projeto, sua fabricação e sua montagem. • Coordenação modular: Coordenação dimensional mediante o emprego do módulo básico ou de um multimódulo. • Módulo básico: Menor unidade de medida linear da coordenação modular, representada pela letra M, cujo valor é M=100mm. • Multimódulo: Múltiplo inteiro do módulo básico. • Espaço de coordenação: Espaço necessário a um elemento ou componente construtivo, incluídas folgas para deformações e instalação, tolerâncias e materiais de união. • Medida real: Medida verificada diretamente no objeto singular, após sua execução/ fabricação. Exemplo: Painel de 58,82cm x 279,10cm x 8,93cm. • Medida nominal: Medida esperada de um objeto, definida antes de sua execução/ fabricação. Exemplo: Painel de 59cm x 279cm x 9cm. • Medida de coordenação: Medida do espaço de coordenação de um elemento ou componente. Exemplo: Painel de 60cm x 280cm x 10cm. • Medida modular: Medida de coordenação cujo valor é igual ao módulo básico ou a um multimódulo. Exemplo: Painel de 6M x 28M x 1M • Tolerância: Diferença admissível entre uma medida real e a medida nominal correspondente. • Ajuste de coordenação: Diferença entre uma medida nominal e a medida de coordenação correspondente. O ajuste de coordenação garante folgas para deformações e instalação, tolerâncias e materiais de união. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 15 • Elemento Modular: Elemento construtivo cujas medidas de coordenação são modulares. • Componente Modular: Componentes construtivo cujas medidas de coordenação são modulares. • Conjunto Modular: Agrupamento de componentes construtivos que, em conjunto, resultam em medidas de coordenação modulares. 2.3 Objetivos A Coordenação Modular promove a compatibilidade dimensional entre elementos construtivos (definidos nos projetos das edificações) e componentes construtivos (definidos nos projetos de produtos dos respectivos fabricantes), para além de arranjos produtivos particulares ou de alcance restrito. Isso possibilita: • Reduzir a variedade de medidas utilizadas na fabricação de componentes; • Simplificar a coordenação dimensional nos projetos das edificações, que hoje é elaborada caso a caso; • Simplificar o processo de marcação no canteiro de obras para posicionamento e montagem de componentes construtivos; • Reduzir cortes e ajustes de componentes e elementos construtivos; • Aumentar a intercambiabilidade de componentes tanto na construção inicial quanto em reformas e melhorias ao longo da vida útil da edificação; • Aumentar o mercado de exportação de componentes; • Ampliar a cooperação entre os diversos agentes da cadeia produtiva da construção. 2.4 Princípios A Coordenação Modular se baseia num único princípio fundamental: o espaço ocupado por um elemento ou componente construtivo deve ter medidas múltiplas de 100mm nas três dimensões. O espaço ocupado por um elemento ou componente denomina-se espaço de coordenação. Ele inclui o elemento ou componente propriamente dito e, também, as folgas perimetrais requeridas em razão de suas deformações (mecânicas, térmicas ou por umidade), suas tolerâncias (de fabricação, marcação e montagem), seu processo de instalação e seus materiais de união com componentes ou elementos vizinhos. Essas folgas perimetrais são denominadas ajustes de coordenação. Portanto: Espaço de coordenação = Elemento ou componente + Ajustes de coordenação Elemento ou componente = Espaço de coordenação - Ajustes de coordenação Ajustes de coordenação = Espaço de coordenação - Elemento ou componente 16 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI As medidas do espaço de coordenação, quando múltiplas do módulo básico de 100mm (M), são denominadas medidas modulares. As medidas previstas do elemento ou componentes propriamente ditas são denominadas medidas nominais. Portanto: Medida modular = Medida nominal + Ajuste de coordenação Medida nominal = Medida modular - Ajuste de coordenação Ajuste de coordenação =Medida modular - Medida nominal Para além desse princípio fundamental, existe a possibilidade de reduzir a variedade de medidas praticadas por fabricantes e projetistas mediante o uso de séries de multimódulos, como, por exemplo, as séries n x 2M, n x 3M ou séries de incremento variado. Não consideramos que as definições dessas séries devam ser feitas previamente ou para todos os diferentes setores da construção civil em conjunto. Uma vez implementada a Coordenação Modular, a demanda de mercado funcionará, por si só, como um fator de seleção dimensional. Ao longo do tempo, diferentes setores poderão se organizar para o estabelecimento de séries concernentes, especificamente, a determinados produtos ou segmentos. 2.5 Características de um Componente ou Conjunto Modular Como já explicitado no vocabulário, um componente construtivo é um produto formado como uma unidade distinta, de geometria definida e medidas especificadas nas três dimensões, isto é, um produto que, normalmente, é instalado na edificação sem cortes ou ajustes. Para que um componente construtivo possa ser utilizado em edificações coordenadas modularmente, basta que suas medidas de coordenação sejam iguais ao módulo básico de 100mm ou a um multimódulo. O componente é então denominado componente modular. As medidas nominais de um componente modular dificilmente será igual ao módulo básico ou a um multimódulo, uma vez que isso significaria ajustes de coordenação nula, o que, por sua vez, pressupõe a total ausência de deformações, tolerâncias, folgas de montagem e materiais de união. Um componente modular pode ter medida não modular em uma dimensão (particularmente, a espessura), desde que ela não interfira diretamente na sua coordenação com os demais elementos e componentes da edificação ou que, unida a outros componentes, integre novamente uma medida modular. Finalmente, um componente modular pode ter quaisquer medidas e disposições geométricas no seu interior, conforme conveniências de consumidores e fabricante, pois as subdivisões internas do componente não interferem na coordenação modular da edificação. Assim, por exemplo, uma esquadria será modular em razão de suas medidas de coordenação (externas), não importando a paginação das folhas, o perfil utilizado, o tamanho dos vidros etc. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 17 Um conjunto modular é constituído por componentes construtivos que, individualmente, não são modulares, mas cuja soma ou justaposição resulta numa medida modular. Conjuntos modulares podem ter, internamente, quaisquer medidas e disposições geométricas, desde que, a intervalos regulares, apresentem medidas de coordenação iguais a um multimódulo. Nesses casos, cabe ao fabricante informar o menor espaço modular resultante de um conjunto e, se necessário, fornecer soluções de arremate para o preenchimento desse espaço. 3 Levantamento de Segmentos Críticos 3.1 Metodologia Os levantamentos realizados constantes deste relatório cumpriram basicamente quatro etapas: • Identificação do tipo de componente segundo sua função na edificação, seguida de uma breve caracterização do segmento (principais entidades, número de empresas, principais produtos etc.); • Identificação das Normas Brasileiras vigentes e aplicáveis ao tipo de componente com relação às características dimensionais; breve avaliação da conformidade das Normas com os princípios da Coordenação Modular; • Avaliação da conformidade dos componentes com a Coordenação Modular, utilizando-se dados técnicos e catálogos disponibilizados online por fabricantes, bem como avaliações realizadas ou promovidas pelas próprias entidades do segmento; • Complementação da avaliação, em alguns casos, pela comparação entre dados de catálogo, dados em embalagens e medidas reais, obtidas pela medição direta de componentes em show-rooms. A concentração do exame em empresas e entidades com disponibilidade de dados online tem por premissa que essa disponibilidade é em si mesma, um indício do grau de estruturação do segmento examinado. Ações de implementação da Coordenação Modular também devem ser voltadas prioritariamente para estruturas existentes, pois a não-conformidade de empresas sem capacitação tecnológica e pequeno volume de produção é menos perniciosa do que a não-conformidade (por vezes intencional) de empresas com capacitação tecnológica e grande volume de produção. Os dados do levantamento são detalhados a seguir. Na próxima fase deste Estudo tais dados serão complementados por entrevistas com técnicos, empresários e representantes de cada segmento. 3.2 Vedação Simples e Estrutural 3.2.1 Blocos de Concreto 18 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Entidades A Associação Brasileira da Indústria de Bloco de Concreto - BlocoBrasil (www.blocobrasil.com.br) foi criada em 2003 com o objetivo de fortalecer o setor de blocos de concreto para alvenarias e pavimentação, controlando a qualidade dos produtos. A entidade reúne 26 empresas fabricantes de blocos e outros produtos cimentícios, além de empresas produtores de insumos, equipamentos e serviços relacionados a processos construtivos à base de cimento. Uma segunda entidade que congrega fabricante de blocos de concreto é o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento - Sinaprocim (www.sinaprocim.org.br). Ele é responsável pelo Programa Setorial da Qualidade (PSQ) - Blocos de Concreto, iniciado em fevereiro de 2001, para promover a conformidade às normas da ABNT. As duas entidades, Sinaprocim e Bloco Brasil têm pareceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Normas As normas brasileiras definem dois tipos principais de blocos de concreto, de acordo com sua aplicação: o bloco vazado de concreto simples para alvenaria sem função estrutural e o bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural. Nos dois casos, os blocos se caracterizam por furos na vertical, que permitem a passagem de instalação e a aplicação de concreto de alta plasticidade (graute). As normas relevantes para as características dimensionais dos blocos, que também a grande maioria dos fabricantes pesquisados declara observar, são: • NBR 6136:2007 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Requisitos • NBR 8798:1985 – Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto A NBR 6136 faz referência explícita à NBR 5796:1977 - Coordenação Modular da Construção e à NBR 5726:1982 - Série Modular de Medidas, isto é, a normas de Coordenação Modular vigentes até o presente momento e que se encontram em processo de substituição. No entanto, há algumas importantes divergências de definições e entendimento em relação aos princípios da Coordenação Modular. Assim, a NBR 6136 define: dimensões nominais: Dimensões comerciais dos blocos, indicadas pelos fabricantes, múltiplos do módulo M = 10cm e seus submódulos M/2 e M/4; dimensões reais: Aquelas obtidas ao medir cada bloco, equivalentes às dimensões nominais diminuídas em 1cm, que correspondem à espessura média da junta de argamassa; [...] ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 19 Sobre o uso do termo dimensões em lugar de medidas, muito comum nas NBRs mais recentes e bastante difundido no nosso meio técnico, cabe um breve esclarecimento. Para as normas ISO (por exemplo, ISO 1803), dimension (dimensão) significa uma grandeza, enquanto size (medida) significa um valor que se expressa numa unit of size (unidade de medida). O termo dimensão designa, para objetos e espaços, uma grandeza necessária para definir uma forma geometria (uma linha tem uma dimensão, um plano tem duas dimensões, um cubo tem três dimensões). Largura, comprimento e altura são dimensões, enquanto seus valores são medidas. Tome-se um exemplo da ISO 1791 - Building construction - Modular coordination - Vocabulary: component: a building product formed as a distinct unit, having specified sizes in three dimensions. [componente: um produto construtivo formado como unidade distinta com medidas especificadas em três dimensões.] Para além dessa divergência terminológica, também são problemáticos os conteúdos das definições da NBR 6136 acima citadas. As chamadas “dimensões nominais” são, na realidade, medidas de coordenação. Se fossem “diminuídas em 1cm, que corresponde à espessura média da junta de argamassa” ter-se-iam as medidas nominais e não, como reza a Norma, “dimensões reais”. Como já explicitado anteriormente, a medida nominal é a medida esperada de um objeto, definida antes de sua execução ou fabricação; o valor obtido “ao medir cada bloco” resultará próximo à medida nominal, dentro do limite de tolerância. A NBR 6136 também define: blocos modulares: Blocos com dimensões coordenadas, para a execução de alvenarias modulares, isto é, alvenarias com dimensões múltiplas do módulo M = 10cm e seus submódulos M/2 e M/4; O que chama a atenção nessa definição é o fato de os submódulos M/2 e M/4 serem utilizados na mesma função do próprio módulo. A Coordenação Modular parte do pressuposto de que o módulo básico M (sempre igual a 100mm) é a menor unidade de medida linear para coordenar componentes construtivos. Incrementos submodulares podem ser usados em situações específicas, mas não em substituição ao módulo. Uma vez instituído um submódulo de 5cm ou 2,5cm para quaisquer usos, perde-se grande parte das vantagens da Coordenação Modular, como, por exemplo, o aumento de compatibilidade dimensional entre componentes de diferentes tipos e origens. Em rigor, um bloco com medidas de coordenação 15cm x 30cm não é modular, mas apenas coordenado dimensionalmente (30 e múltiplo de 15) e passível de formar conjuntos modulares (2 x 15cm = 3M). A definição de “família de blocos” na NBR 6136 apresenta o mesmo problema: 20 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI família de blocos: Conjunto de componentes de alvenaria que interagem modularmente entre si e com outros elementos construtivos. Os blocos que compõem a família, segundo suas dimensões, são designados como bloco inteiro (bloco predominante), meio bloco, blocos de amarração L e T (blocos para encontros de paredes), blocos compensadores A e B (blocos para ajustes de modulação) e blocos tipo canaleta. [grifo nosso] “Interagir modularmente”, no âmbito da Coordenação Modular Dessimétrica que está em questão aqui, significa uma coordenação fundamentada no módulo de 10cm e não nos incrementos submodulares de 5cm e 2,5cm. Isso se reflete na tabela de medidas normalizadas para blocos de concreto, reproduzida na figura 1. FIGURA1: Blocos de concreto: Tabela das medidas normalizadas na NBR 6136 Famílias de Blocos Designação Nominal 20 15 Módulo M + 20 M + 15 1/2 12,5 10 7,5 M + 12,5 M + 10 M + 7,5 Amarração 1/2 1/2 Linha 20 x 40 15 x 40 15 30 1/2 1/2 Largura (mm) 190 140 140 115 115 Altura (mm) 190 190 190 190 “Com- Inteiro primen- Meio to 2/3 (mm)” 1/3 390 390 290 190 190 140 - - 1/3 x 12,5 x 12,5 x 12,5 40 25 37,5 1/2 1/2 1/3 1/2 x 10 40 x 10 30 x 10 30 x 7,5 x 40 115 90 90 90 65 190 190 190 190 190 190 390 240 365 390 190 290 390 190 115 - 190 90 - 190 - - - 240 - - 190 - - - - - - 115 - - 90 - Amarração L - 340 - - - - - - - - Amarração T - 540 440 - 365 365 - 290 290 - Compensador A 90 0 - 90 - - 90 - - 90 Compensador B 40 40 - 40 - - 40 - - 40 “Nota: As tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados na tabela 1 são de +/- 2.0 mm para largura e +/_ 3.0 mm para a altura e para o comprimento. Os componentes das famílias dos blocos de concreto tem sua odulação determinada de acordo com as ABNT NBR 5406 e ABNT NBR 5726” ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 21 A tabela (figura 1) mostra que a norma não distingue entre linhas de blocos com medidas de fato modulares (20x40; 10x40; 10x30) e linhas de blocos com medidas de coordenação não modulares (15x40; 15x30; 12,5x40; 12,5x25; 12,5x37,5; 7,5x40). Também não há, na NBR 6136, nenhuma recomendação para que essas últimas sejam usadas em conjuntos que ocupem espaços de coordenação com medidas modulares. As Linhas 15x30, 15x40 e 7,5x40 são especialmente desfavoráveis nesse sentido. Para que seja integrado a edificações coordenadas modular mente é preciso introduzir blocos de compensação e é preciso que os projetos de alvenaria operem com conjuntos (de duas vezes 15cm ou quatro vezes 7,5cm) em todas as dimensões afetadas pela largura dos blocos. Essas exigências de projeto se tornam mais complexas quanto mais componentes individuais não modulares são empregados. Pode-se chegar a uma situação em que o esforço para manter a Coordenação Modular será maior do que seus benefícios. Nesse sentido, caberia estimular o uso das Linhas de blocos modulares e desestimular o uso das Linhas não modulares. As Linhas com largura de coordenação de 12,5cm4 são remanescentes da coordenação octamétrica, cujo módulo básico é 100/8, isto é, 12,5cm. Na Linha 12,5x25, ela é empregada de modo coerente (exceto pela altura dos blocos, que é sempre de 20cm). Já na Linha 12,5x40, ela se mistura com a Coordenação Modular Dessimétrica, o que torna a aplicação ainda mais ilógica. Finalmente cabe notar que a definição das medidas nominais de blocos de concreto parte sempre da premissa de que as juntas de argamassa da alvenaria terão medida nominal de 1cm. No caso do desenvolvimento de uma nova tecnologia de assentamento com juntas menores, os fabricantes teriam que aguardar uma alteração da norma para alterarem as medidas nominais de seus produtos de modo a manter as medidas de coordenação (que são as mais importantes para a compatibilização com componentes de outras origens, tipos e funções). Conformidade com a Coordenação Modular A pesquisa abrangeu catálogos de produtos de 19 empresas associadas à Blocobrasil e qualificadas no PSQ de Blocos de Concreto5. Tais empresas foram selecionadas segundo o critério de disponibilização online de informações técnicas de seus produtos. A relação das Linhas mais utilizadas, suas medidas e suas características quanto à coordenação dimensional e modular estão apresentadas no quadro 2. A avaliação indica que o segmento já produz, em sua maior parte, componentes 2 A coordenação octamétrica equivale à divisão de 1m em 8 partes. Ela foi desenvolvida na década de 40 por Ernst Neufert e predominou na Alemanha até a década de 70. 5 Relação atualizada pelo Sinaprocim janeiro de 2010. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/. Acesso 10/02/10. 22 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI modulares ou passíveis de formarem conjuntos modulares, de acordo com a NBR 6136. Os agentes do segmento estão habituados ao raciocínio a partir de ajuste de coordenação, isto é, folgas para tolerâncias e juntas de argamassa. QUADRO 2. Blocos de concreto: Linhas normalizadas e características de coordenação Linhas Largura de Coordenação (cm) Comprimentos de Coordenação (cm) Largura Nominal (cm) Comprimentos Nominais (cm) 20x40 15x40 15x30 12,5x40 12,5x25 10x40 7,5x40 20 15 15 12,5 12,5 10 7,5 20 40 20 19 35 40 55 15 14 19 39 19 30 45 20 14 34 39 54 14 40 12,5 25 37,5 20 30 11,5 29 44 19 39 11,5 40 9 11,5 24 36,5 19 29 20 40 6,5 39 19 39 Coordenado dimensionalmente? SIM Apenas com blocos especiais SIM NÃO SIM SIM NÃO Coordenado modularmente? SIM Apenas em conjuntos modulares Apenas em conjuntos modulares NÃO NÃO SIM Apenas em conj. modul. Altura de coordenação de todas as linhas = 20cm = 2M Comprimentos destacados em negrito indicam o bloco inteiro (bloco básico) de cada linha. Fonte dos dados: NBR 6136:2007 e web sites fabricantes (ver Ref. Bibliográficas) Chama a atenção, nos catálogos, que a indicação das medidas nominais prevalece amplamente sobre a indicação de medidas de coordenação (modulares ou não). Não encontramos nenhum exemplo em que ambas fossem explicitadas, embora o raciocínio a partir de medidas de coordenação seja infinitamente mais simples nesse caso. Parte dessa incongruência está relacionada à própria NBR 6136:2007, comentada acima. O agrupamento dos blocos nos catálogos segue diferentes lógicas: por comprimento, largura ou tipo. Isso dificulta a compreensão da aplicação dos produtos e a comparação entre fabricantes. O termo “família” é usado para designar ora o comprimento nominal do bloco inteiro (“família 39”, por exemplo), ora a largura dos blocos (“família 14”). ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 23 QUADRO 3.Blocos de concreto: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas Linha 20x40 15x40 15x30 12,5x40 12,5x25 10x40 7,5x40 20 15 15 12,5 12,5 10 7,5 Largura de Coordenação (cm) Comprimen- 20 40 20 35 40 55 15 30 45 20 tos de Coordenação (cm) 40 12,5 25 37,5 20 30 40 20 40 Bloco Sigma X (MG) X X X X X Blocos e Blo- X cos SP X X X Blojaf (MG) X X X X X X X X Calblock X (SP) X X X X X X X X X X X Dibloco (SP) X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Exactomm X (SP) X X X X X Glasser (SP) X X X X X X X X Pe n t á g o n o X (RJ) X X X X X X X Multibloco X (RJ) X X X X X X X X X X X X X X Original X (DF) X X X X X X X X X X X X X X Oterprem X (SP) X X X X X X X X Pavibloco (RJ) X X X X X X X X X Piuca (SP) X X X X X Presto (SP) X X X X X X Renger (SP) X X X X X X T&A (CE) X X Tatu (SP) X X X X X X TBS Sul (RS) X X X X X X Tecmold (RS) X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Altura de coordenação de todos os grupos = 20cm = 2M Fonte dos dados: Web sites das empresas (ver Referências Bibliográficas) O quadro 3 sistematiza a relação dos blocos fabricados pelas 19 empresas pesquisadas, seguindo o mesmo agrupamento do quadro 2. Note-se que a Linha 15x40 é a mais amplamente fabricada, embora, como já dito, seus componentes não sejam coordenados dimensionalmente entre si (40cm não é múltiplo de 15cm), nem coordenados modularmente (15cm não é um multimódulo). As Linhas 12,5x40 e 12,5x25, remanescentes da coordenação octamétrica são relativamente pouco produzidas, assim como a Linha 7,5x40, que também não favorece a Coordenação Modular Dessimétrica. Observamos, por fim, que as empresas Oterprem e Renger fabricam uma linha com 7cm de largura nominal, que não corresponde nem à NBR 6136, nem tampouco à Coordenação Modular. 24 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI 3.2.2 Blocos Cerâmicos Entidades A Associação Nacional da Indústria Cerâmica - ANICER (www.anicer.com.br) é uma entidade associativa patronal, representante e porta-voz de aproximadamente 5.500 empresas que compõem o setor cerâmico brasileiro. Fundada em 1992, tem sua sede no Rio de Janeiro, junto à Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). Ela é responsável pelo Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e pela Revista da Anicer, além de cursos técnicos e outras atividades de formação. Parceira no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), a Associação procura fiscalizar a obediência às Normas Técnicas. Normas As normas brasileiras relativas a blocos cerâmicos também distinguem entre blocos estruturais e de vedação, sendo que, à diferença dos blocos de concreto, a geometria não é a mesma nos dois casos. Os blocos estruturais têm furos verticais, ao passo que os blocos de vedação podem ter furos verticais ou horizontais. As normas pertinentes com referência às características dimensionais são: • NBR 15270 –1:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 1 - Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos • NBR 15270 –2:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos À diferença das normas de blocos de concreto, as de blocos cerâmicos não fazem referência às normas de Coordenação Modular vigentes. A terminologia usada não corresponde à da Coordenação Modular e à das normas ISO, nem tampouco é igual à terminologia da NBR 6136 referente a blocos de concreto. O conceito de medidas reais comparece como “dimensões efetivas”: dimensões efetivas: Valores dimensionais dos blocos obtidos segundo a ABNT NBR 15270-3 [Método de ensaio]; (NBR 15270:2005) Já a utilização de submódulos na mesma função do módulo M é bastante semelhante ao que já se constatou em relação aos blocos de concreto. A NBR 15270 define: módulo dimensional: O módulo dimensional é M=10cm. Podem ser usados também os submódulos M/2 ou M/4; (NBR 15270:2005) As medidas nominais, que na NBR 6136 são chamadas de “dimensões reais”, aqui comparecem como “dimensões de fabricação”: dimensões de fabricação: Valores da largura (L), altura (H) e compriABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 25 mento (C), que identificam um bloco, correspondendo a múltiplos e submúltiplos do módulo dimensional M menos 1cm; (NBR 15270:2005) A noção de “família” é mais claramente atrelada à largura dos blocos: família de blocos cerâmicos: Conjunto de componentes necessários para a construção das alvenarias e suas amarrações, que tem como característica comum a mesma largura; (NBR 15270:2005) As tabelas de medidas normalizadas de blocos cerâmicos se referem diretamente à Coordenação Modular, expressando os valores por frações do módulo M (figuras 2 e 3). FIGURA 2. Blocos cerâmicos de vedação: Tabela das medidas normalizadas NBR 15270-1 Dimensões LxHxC Módulo Dimensional M = 10 cm Dimensões de fabricação cm Largura (L) Altura (H) Comprimento ( C ) Bloco principal 1/2 Bloco 19 9 24 11,5 19 9 (1) M x (3/2) M x (5/2) M 24 11,5 (1) M x (3/2) M x (3) M 29 14 19 9 (1) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5 (1) M x (2) M x (3) M 29 14 (1) M x (2) M x (4) M 39 19 11,5 24 11,5 (5/4) M x (3/4) M x (5/2) M 14 24 11,5 (5/4) M x (2) M x (2) M 19 19 9 (5/4) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5 (5/4) M x (2) M x (3) M 29 14 39 19 (3/2) M x (2) M x (2) M 19 9 (3/2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5 (3/2) M x (2) M x (3) M 29 14 (3/2) M x (2) M x (4) M 39 19 19 9 (2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5 (2) M x (2) M x (3) M 29 14 (2) M x (2) M x (4) M 39 19 24 11,5 (5/2) M x (5/2) M x (3) M 29 14 (5/2) M x (5/2) M x (4) M 39 19 (1) M x (1) M x (2) M 9 9 (1) M x (1) M x (5/2) M (1) M x (3/2) M x (2) M 14 (1) M x (2) M x (2) M (5/4) M x (5/4) M x (5/2) M (5/4) M x (2) M x (4) M (2) M x (2) M x (2) M (5/2) M x (5/2) M x (5/2) M 19 11,5 14 19 24 19 19 24 Nota: Os blocos com largura de 6,5 cm e altura de 19 cm serão admitidos excepcionalmente, somente em funções secundárias (como em “shafts” ou pequenos enchimentos) e respaldados por projeto com identificação do responsável tecnico. 26 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI FIGURA 3. Blocos cerâmicos estruturais: Tabela das medidas normalizadas NBR 15270-2 Dimensões Dimensões de fabricação cm LxHxC Largura (L) Altura (H) Comprimento ( C ) Módulo DiBloco principal 1/2 Bloco Amarração mensional (L) M = 10 cm (5/4) M x (5/4) 11,5 11,5 24 11,5 M x (5/2) M (5/4) M x (2) 19 24 11,5 M x (5/2) M (5/4) M x (2) 29 14 26,5 M x (3) M (5/4) M x (2) 39 19 31,5 M x (4) M Amarração (T) 36,5 36,5 41,5 51,5 Fonte: NBR 15270-2:2005 Note-se que o módulo da coordenação octamétrica, isto é, 12,5cm (com respectiva medida nominal de 11,5cm) tem presença ainda mais marcante nesse segmento do que no segmento dos blocos de concreto, abrangendo, inclusive, a altura. No entanto, como se verá adiante, essa variação de altura não se verifica nos produtos efetivamente oferecidos pelas empresas pesquisadas. Também cabe notar que a largura nominal 6,5cm aqui é admitida “excepcionalmente, somente em funções secundárias” (NBR 15270-1). Conformidade com a Coordenação Modular Os blocos cerâmicos apresentados em catálogos de fabricantes associadas à Anicer indicam que o segmento já produz um repertório significativo de componentes modulares. Avaliamos as medidas praticadas por 11 das 30 empresas qualificadas no PSQ de Blocos Cerâmicos4. Tais empresas foram selecionadas segundo o critério de disponibilização online de informações técnicas de seus produtos. O agrupamento das medidas normalizadas de blocos cerâmicos em Linhas, comparáveis àquelas utilizadas para blocos de concreto, é apresentado no quadro 4. Ali estão assinaladas também as medidas efetivamente praticadas pelo segmento: de 26 Linhas ou possibilidades teóricas, apenas oito são usadas pelos fabricantes pesquisados. Em outras palavras, a demanda de mercado tende a eliminar parte da variedade. Isso vale para todas as alturas diferentes de 20cm e parte das medidas provenientes da coordenação octamétrica. 4 Relação atualizada pela Anicer em 14/08/09. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/. Acesso 10/12/09. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 27 QUADRO 4. Blocos cerâmicos: Linhas normalizadas e linhas praticadas Altura de coordenação (cm) Linhas normalizadas de blocos cerâmicos 25 20 15 25x40 20x40* 15x40* 12,5x40* 10x40* 25x30 20x30 15x30* 12,5x30 10x30 25x25 20x25 15x25 12,5x25* 10x25 20x20 15x20 12,5x20 10x20 12,5 10 10x30 12,5x25 10,25 12,5x25 10x25 10x20 Linhas destacadas em negrito são as praticadas pelo segmento de blocos cerâmicos (*) Linhas praticadas também pelo segmento de blocos de concreto Fonte dos dados: NBR 15270 e web sites fabricantes (ver Ref. Bibliográficas) Note-se que as Linhas de blocos cerâmicos efetivamente usadas pelos fabricantes (quadro 4) são semelhantes mas não idênticas às linhas de blocos de concreto (quadro 2). As Linhas 12,5x30, 20x30 e 10x30 não são utilizadas para blocos de concreto (o bloco 10cm x 30cm é fabricado apenas como complemento da Linha 10x40). A Linha 12,5x25 não é utilizada para blocos cerâmicos. Portanto, no segmento dos blocos cerâmicos, as incongruências entre coordenação ocatamétrica e Coordenação Modular Dessimétrica ainda são maiores do que no segmento dos blocos de concreto, apesar de haver uma tendência de eliminação pela demanda de mercado. O quadro 5 apresenta apenas as Linhas de blocos cerâmicos praticadas, os componentes que fazem parte de cada linha e suas características em relação à Coordenação Modular. QUADRO 5. Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Linhas praticadas e características de coordenação Linhas Largura de Coordenação (cm) Comprimentos de Coordenação (cm) Largura Nominal (cm) Comprimentos Nominais (cm) 20x40 20x30 15x40 15x30 12,5x40 12,5x30 10x40 10x30 20 20 15 15 12,5 12,5 10 10 20 40 15 30 20 35 40 15 30 45 19 19 14 20 14 40 11,5 19 39 14 29 19 34 39 14 29 44 19 39 15 30 20 40 15 30 11,5 14 9 9 29 19 39 14 29 Coordenado dimensionalmente? SIM NÃO Apenas com blocos especiais SIM NÃO NÃO SIM SIM Coordenado modularmente? SIM SIM Apenas em conjuntos modulares Apenas em conjuntos modulares NÃO NÃO SIM SIM Altura de coordenação de todas as linhas = 20cm = 2M Comprimentos destacados em negrito indicam o bloco inteiro (bloco básico) de cada linha. O quadro 6 sistematiza a relação dos blocos cerâmicos fabricados pelas 11 empresas pesquisadas, seguindo as mesmas Linhas do quadro 5. Nesse caso, distin- 28 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI guimos entre blocos de vedação e estruturais em razão da diferença de geometria (furos verticais ou horizontais e formas das paredes dos blocos). QUADRO 6. Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas Linha 20x40 20x30 15x40 15x30 12,5x40 12,5x30 10x40 10x30 20 20 15 15 12,5 12,5 10 10 Largura de Coordenação (cm) Comprimentos de Coordenação (cm) 20 40 15 30 20 35 40 15 30 45 20 40 15 Selecta VE VE V E V VE V V (SP) Braúnas (MG) V City (SP) VE VE VE VE V V VE E VE VE E VE VE VE VE VE E VE VE VE VE VE VE VE VE VE VE E VE E V V VE E V VE E Porto Velho (RJ) V V V VE E VE GGP (RJ) V VE E V VE Argibem (RJ) V VE V E Nova Dutra (RJ) 30 V V V Pauluzzi (RS) E E E São Sebastião (RJ) E Matieli (SP) E E E E 15 V V V V VE E E E E E VE E E VE VE V V V V VE VE V VE VE V VE V V V V E E V E 30 VE V VE Altura de coordenação de todas as Linhas = 20cm = 2M Legenda: V = Vedação; E = Estrutural; VE = Vedação e estrutural 40 VE V Jacarandá (MG) 20 E V V E E V E E V E V VE V V V V V E VE E Um aspecto a destacar é o fato de os catálogos das empresas, assim como no segmento dos blocos de concreto, não trazerem distinções entre medidas nominais e de medidas de coordenação ou medidas modulares. Apenas em dois casos encontramos indicações de medidas de coordenação: como “dimensões comerciais” e nos nomes dos blocos (“Tijolo 15x30”). As medidas nominais são frequentemente denominadas “dimensões reais”, um termo que nem sequer comparece na norma de blocos cerâmicos, mas é utilizado por analogia à norma de blocos de concreto. 3.2.3 Chapas e blocos de gesso Entidades A Associação Brasileira Dos Fabricantes para Chapas de Drywall (www.drywall.org. br) foi fundada em 2000 com o objetivo de difundir a tecnologia Drywall em toda a cadeia produtiva da construção civil. Seu fundadores e únicos associados são as empresas Knauf Drywall (RJ), Lafarge Gypsum (RJ) e Placo do Brasil (Moji das Cruzes/SP). A Drywall participa do PQPB-H com o PSQ-Drywall. No mesmo segmento do gesso, o Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 29 Pernambuco - Sindusgesso (www.sindusgesso.org.br), criado em 1985, congrega empresas do arranjo produtivo do Pólo Gesseiro de Pernambuco, incluindo desde empresas de mineração de gipsita e indústrias de beneficiamento até fabricantes de componentes para a construção e empresas de aplicação desses componentes. No entanto, os cerca de 70 associados do Sindusgesso representam uma porção pequena do total: a região do Araripe (PE) concentra 39 minas de gipsita, 139 indústrias de calcinação e mais de 700 fábricas de premoldados, predominantemente de micro e pequeno porte. O Pólo não produz chapas de gesso acartonado. Segundo o web site do Sindusgesso, a produção relacionada à construção civil concentra-se revestimentos, blocos (usados em paredes internas e externas) e placas (usadas em forros e não abordadas no presente trabalho). Normas As normas abaixo listadas dizem respeito a chapas de gesso para sistemas de vedação, divisórios ou de revestimento do tipo drywall: • NBR 14.715:2001 - Chapas de gesso acartonado - Requisitos. • NBR 14.716:2001 - Chapas de gesso acartonado - Verificação das características geométricas. • NBR 14.717:2001 - Chapas de gesso acartonado – Determinação das características físicas • NBR 15.217:2005 - Perfis de aço para sistemas de gesso acartonado - Requisitos • NBR 15758-1:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 1: Requisitos para sistemas usados como paredes • NBR 15758-2:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 2: Requisitos para sistemas usados como forros • NBR 15758-3:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 3: Requisitos para sistemas usados como revestimentos Dessas normas, a mais relevante para o presente propósito é a NBR 14715, na qual são definidas as características dimensionais das chapas. Não há medidas prescritas, mas apenas limites e tolerâncias, conforme mostra a figura 4. FIGURA 4. Chapas de gesso: Tabela das medidas normalizadas na NBR 14715 30 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Característica geométrica Espessura 9,5 mm 12,5 mm 15,0 mm Largura Comprimento Esquadro Rebaixo (1) Largura Profundidade Tolerância +/- 0,5 mm Mínimo Máximo Mínimo Máximo Limite + 0 / - 4 mm Máximo de 1.200 mm + 0 / - 5 mm Máximo de 3.600 mm ≤ 2,5 mm/m de largura 40 mm 80 mm 0,6 mm 2,5 mm (1): A borda rebaixada deve estar situada na face da frente da chapa e suas largura e profundidade devem ser medidas de acordo com NBR 14719 Essas características não contradizem a Coordenação Modular. O fato de as tolerâncias nas dimensões de largura e comprimento serem indicadas de modo assimétrico (+0/-4mm; +0/-5mm) é favorável, porque simplifica a transposição de medidas nominais para medidas de coordenação. As normas acima listadas também recomendam que se usem montantes de perfis de aço para drywall a cada 60cm ou 40cm (distâncias axiais), o que corresponde a 6M e 4M, respectivamente. Já quanto aos blocos de gesso, não existem normas brasileiras, mas há o Projeto de Norma 02:103.40-010/2005 que inclui a definição das características dimensionais dos blocos nos termos resumidos no quadro 7. QUADRO 7. Blocos de gesso: medidas nominais propostas em projeto de norma e medidas de coordenação decorrentes Medidas nominais (mm) Largura (espessura) Comprimento Altura 70 ± 5 76 ± 5 100 ± 5 Medidas de coordenação (mm) 75 81 666 ± 5 500 ± 5 105 671 505 As medidas de coordenação foram inferidas das medidas nominais e de suas tolerâncias dimensionais de fabricação. Não foram consideradas as tolerâncias de marcação e montagem, nem as juntas para a cola que une os blocos na alvenaria. Portanto, as medidas de coordenação tendem a ser ainda maiores. Fonte das medidas nominais: Projeto de Norma ABNT 02:103.40-010/2005 Independentemente de imprecisões terminológicas e outros aspectos que o Projeto de Norma 02:103.40-010/2005 possa apresentar, suas definições dimensionais contradizem os princípios da Coordenação Modular. A altura de 500mm, equivaABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 31 lente a 5M, poderia resultar modular, se fosse tomada como medida de coordenação. No entanto, usada como medida nominal e admitindo-se uma tolerância de ±5mm, cada bloco pode vir a ocupar, na prática, uma altura de até 505mm, ainda sem considerar juntas e tolerâncias de marcação e montagem. O mesmo raciocínio se aplica à largura (espessura) de 100 ±5mm e ao comprimento de 666 ±5mm. Esse último é particularmente desfavorável, mesmo se fosse ajustado para uma medida nominal de 666mm +0/-10mm, de modo que três componentes totalizassem 2000mm ou 20M. Trata-se de um múltimódulo relativamente grande e de difícil compatibilização com outros componentes. Sobretudo para construções de pequeno porte, como as habitações, o multimódulo 20M é pouco flexível. Seria melhor que se utilizasse um comprimento modular de 6M, isto é, 600mm. As medidas de blocos de gesso não estão normalizadas pela ISO. A norma européia DIN EN 12859 é baseada nas medidas de coordenação 666mm x 500mm. Na China e em Singapura encontramos fabricantes que oferecem blocos de 600mm x 600mm. Conformidade com a Coordenação Modular Os três fabricantes de Drywall no Brasil produzem componentes coordenados modularmente, nos tamanhos apresentados no quadro 8. No último relatório do PSQ do segmento que está publicamente disponível (DRYWALL, 2006), a conformidade dimensional das chapas era de 100%. QUADRO 8. Chapas de gesso acartonado Drywall: Medidas praticadas Comprimento Modular Alturas Modulares 6M 18M 20M 24M Comprimento Nominal (mm) Tolerância +0/-4 Alturas Nominais (mm) Tolerância +0/-5 27M 28M 18M 20M 24M 25M 600 1800 Placo Knauf 25M 12M 2000 2400 2500 X X X X 28M 30M 36M 1200 2700 2800 X X 27M X X 1800 2000 2400 2500 X X X X X X X 2700 X 2800 3000 X X X es Os fabricantes oferecem outras alturas de coordenação sob consulta. A largura (espessura) das chapas é uma dimensão menos relevante para a coordenação do sistema Drywall com outros componentes construtivos, razão pela qual não é apresentada aqui. Fontes dos dados: Drywall (2006) e web sites das empresas (ver Referências Bibliográficas) 32 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI 3600 es O Drywall configura um segmento que, pelas características da tecnologia empregada, opera com um grau de precisão acima da média da construção civil brasileira. Há informações técnicas claras, com indicação de tolerâncias e juntas. No entanto, os termos que designam diferentes tipos de medidas (nominais, de coordenação e modulares) não são difundidos entre os fabricantes de chapas de gesso acartonado e não comparecem em seus catálogos. Já em relação aos blocos de gesso, observamos antes que o Sindusgesso tem uma atuação ainda limitada e as empresas produtoras em Pernambuco são relativamente pequenas, dificultando a obtenção de informações precisas sobre as características dimensionais de seus produtos. Os poucos exemplos a que tivemos acesso indicam que as medidas definidas no Projeto de Norma 02:103.40-010/2005 são de fato usadas pelos fabricantes. Essa prática não condiz com a Coordenação Modular. 3.3 Coberturas 3.3.1 Telhas cerâmicas Entidades A já citada Associação Nacional da Indústria Cerâmica (ANICER) congrega, além dos fabricantes de blocos cerâmicos, também fabricantes de telhas cerâmicas; aliás, muitos oferecem ambos os produtos. Dentre os associados da Anicer, o web site da entidade indica 40 fabricantes de telhas cerâmicas. Já o PSQ - Telhas Cerâmicas (ANICER, 2009) apresenta uma relação de apenas 23 empresas qualificadas. Ver-se-á adiante que, do ponto de vista da Coordenação Modular, o segmento está muito menos estruturado do que, por exemplo, o de blocos cerâmicos. Sendo assim, a pesquisa foi realizada entre fabricantes qualificados no respectivo PSQ, mas ampliada também para outras empresas não relacionadas no Programa. Normas A norma mais importante para a definição de características dimensionais de telhas cerâmicas é: • NBR 15310:2009 - Componentes cerâmicos - Telhas - Terminologia, requisitos e métodos de ensaio A norma substitui e cancela uma série de normas mais antigas, que continham definições acerca de modelos específicos de telhas. A terminologia utilizada para as características dimensionais das telhas cerâmicas é definida pela NBR 15310 como segue. comprimento efetivo: Valor do comprimento resultante de medições ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 33 segundo o anexo A. [Método de ensaio] comprimento de fabricação: Valor do comprimento indicado pelo fabricante, correspondente ao maior comprimento da telha, conforme indicado na figura 1. [Vide, neste documento, figura 5.] comprimento útil (Cu): Comprimento da parte visível da telha quando montado o telhado, conforme indicado na figura 1. [Vide, neste documento, figura 5.] [...] largura de fabricação: Largura indicada pelo fabricante, correspondente à maior largura da telha, conforme indicado na figura 2. [Vide, neste documento, figura 5.] largura efetiva: Valor da largura, resultante de medições, segundo o anexo A. [Método de ensaio] largura útil (Lu): Valor da largura da parte visível da telha quando montado o telhado, conforme indicado na figura 2. [Vide, neste documento, figura 5.] FIGURA 5. Telhas cerâmicas: Terminologia de medidas na NBR 15310 Transpondo esses termos para o vocabulário da Coordenação Modular, tem-se que: largura efetiva equivale a largura real; largura de fabricação equivale a largura nominal; e largura útil equivale a largura de coordenação. O mesmo se aplica ao comprimento efetivo e ao comprimento real. Porém, o comprimento útil não será idêntico ao comprimento de coordenação, porque o plano de medição da telha tem inclinação diferente do plano do conjunto do telhado, como mostra esquematicamente a figura 6. 34 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI FIGURA 6. Telha cerâmica: Diferença entre comprimento útil e comprimento de coordenação. O ângulo entre o plano de medição da telha e o plano do telhado varia com o modelo da telha. O comprimento de coordenação equivale à galga média (distância entre ripas). Fonte: Autores Portanto, telhas cerâmicas modulares teriam que ter galga média e largura útil com valores múltiplos do módulo de 100mm, seja por telha individual, seja por determinado conjunto de telhas. No entanto, a NBR 15310 não fixa esses valores, apenas surgere (em um Anexo informativo) medidas de fabricação para diferentes modelos. Ao mesmo tempo, a Norma define que a unidade de medida para a comercialização é o metro quadrado de telhado. O fabricante deve explicitar o número de telhas necessárias para cobrí-lo e deve indicar medidas de fabricação (isto é, medidas nominais) nos produtos, mas não precisa fornecer informações relativas a medidas de coordenação. Conformidade com a Coordenação Modular A pesquisa mostrou que a maioria dos fabricantes não divulga, em web site ou catálogo, as medidas de coordenação e as medidas úteis das telhas cerâmicas. Encontramos com maior frequência medidas de fabricação (medidas nominais) e quantidade de peças por metro quadrado. Contudo, o valor da galga média (distância entre ripas, que equivale ao comprimento de coordenação) também é informado, permitindo inferir medidas de coordenação, embora o recobrimento na colocação das telhas admita variações relativamente grandes. O quadro 9 apresenta essa medidas inferidas. QUADRO 9. Telhas cerâmicas: medidas de coordenação inferidas Modelos Romana Americana Portuguesa Medidas de coordenação (mm) Compr. Larg. Compr. Larg. Compr. Larg. MS (MT) 336 190 368 220 344 185 Barrobelo (SP) 335 187 365 210 330 178 Maristela (SP) 325 192 358 213 325 189 Plan Compr. Larg. 2 peças ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 35 Continuação Maracá (MG) 334 193 Inca (MG) 370 220 376 222 333 172 390 184 390 198 400 178 330 189 370 225 Kappa 345 193 370 225 350 238 290 215 Cincera (PB) 340 196 325 181 Inajá (PR) 329 191 336 178 Variação 325 345 187 196 350 376 210 238 200 344 178 215 390 400 172 198 9 26 28 54 37 10 26 Diferença (mm) 20 183 400 Miranda Corrêa (AM) União (MG) 330 180 Fonte dos dados: web sites fabricantes (ver Referências Bibliográficas) Para o ajuste dos comprimentos apresentados no quadro 9 à Coordenação Modular, há duas possibilidades básicas: utilizar planos verticais como planos de coordenação; ou utilizar os planos perpendiculares à inclinação do telhado (figura 7). Essas possibilidades devem ser estudadas caso a caso, já que o resultado varia conforme a inclinação do telhado e o modelo da telha. FIGURA 7. Telhas cerâmicas: Possibilidades de comprimentos coordenados modularmente A. Coordenação por planos verticais. B. Coordenação por planos perpendiculares à inclinação do telhado. Fonte: Autores Por outro lado, convém lembrar que o telhado constitui um sistema relativamente independente da edificação. Coordená-lo modularmente facilita a execução, mas não fazê-lo não compromente a coordenação de outras partes. 3.3.2 Telhas de fibrocimento Entidades O Sinaprocim reúne sete fabricantes de telhas de fibrocimento, a saber: Infibra, Casalite, Confibra, Precon Goiás, Decorlit e Eternit, além da já citada Brasilit. Essas empresas evidentemente não cobrem todo o segmento. Segundo dados do Sinaprocim, o setor de Fibrocimento, que inclui telhas, caixas d’água, floreiras e outros itens, teve o segundo maior faturamento entre os produtos cimentícios, com R$1,700 bilhão, atrás apenas do setor de lajes pré-fabricadas (SINAPROCIM, 2009). Contudo, consideramos que as supracitadas empresas são representativas 36 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI do tipo de produtos comercializados e das respectivas medidas de fabricação. Uma segunda entidade a citar nesse segmento é a Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidoras de Produtos de Fibrocimento – ABIFibro (www.abifibro. com.br), que foi fundada em 1996 para promover produtos de fibrocimento com tecnologias alternativas à do amianto crisotila, nocivo à saúde e de uso restrito (Lei nº 12.684/07). São associadas à ABIFibro as empresas Braskem, CSN, Quattor, Radicifibras, Iguaçú e Brasilit. Apenas essa última fabrica telhas; as demais são produtoras de insumos para o fibrocimento. Normas As normas ABNT relativas às telhas de fibrocimento são: • NBR 12800:1993 - Telha de fibrocimento, tipo pequenas ondas. • NBR 12825:1993 - Telha de fibrocimento, tipo canal. • NBR 5640:1995 - Telha estrutural de fibrocimento. • NBR 7196:1983 - Folha de telha ondulada de fibrocimento. • NBR 7581:1993 - Telha ondulada de fibrocimento. Esse conjunto de normas não faz referência às normas ou aos princípios da Coordenação Modular, nem tampouco emprega os conceitos de medidas reais, nominais , modulares ou de coordenação. No entanto, são utilizados dois conceitos afins: Largura Distância entre dois pontos extremos de igual posição relativa no perfil e pertencentes a um mesmo plano perpendicular ao comprimento da telha. (NBR 12800:1993) Largura útil Distância entre dois pontos de igual posição relativa no perfil e pertencentes a um mesmo plano perpendicular ao comprimento da telha, considerados, após a montagem, em duas telhas consecutivas. (NBR 12825:1993) O conceito de largura útil equivale, nesse caso, à largura de coordenação. Já o comprimento de coordenação será obtido pelo comprimento nominal subtraído do recobrimento longitudinal necessário conforme a inclinação do telhado. A figura 8 ilustra esses conceitos. FIGURA 8. Telhas de fibrocimento: Terminologia de medidas ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 37 Fonte: Autores As normas definem como telhas tipo pequenas ondas (NBR 12800) aquelas com altura de onda não superior a 39mm. Telhas de altura de onda superior são denominadas simplesmente telhas onduladas (NBR 7581), enquanto as telhas tipo canal (NBR 12825) se caracterizam por perfis de apenas um canal e duas cristas. Finalmente, as telhas estruturais de fibrocimento são definidas nos seguintes termos: Elemento com qualquer perfil, que suporta carga não inferior a 2kN, para peças de largura útil inferior a 0,70 m, ou não inferior a 2,5 kN, para peças de largura útil igual ou superior a 0,70 m, quando a telha for colocada isoladamente sobre dois apoios, em um vão mínimo de 4,00 m, conforme a NBR 5641. (NBR 5640:1995) O conjunto de normas acima relacionado traz especificações de medidas tais como sintetizadas no quadro 10. Note-se que não há homogeneidade nessas especificações. Os comprimentos das telhas de pequenas ondas (NBR 12800) e de telhas onduladas em geral (NBR 7581) são definidos pela conversão de uma medida em pés para o sistema métrico (1 pé = 30,48cm), gerando valores de difícil manipulação e compatibilização com outros componentes construtivos. Outro aspecto que chama a atenção é o fato de a NBR 12800 definir larguras nominais, ao passo que a NBR 12825 define larguras úteis. Não há normalização dimensional específica para as telhas estruturais. 38 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI QUADRO 10. Telhas de fibrocimento não estruturais: medidas normalizadas Tipos de telhas Largura Nominal (cm) Largura útil ou de coordenação (cm) Comprimento Nominal (cm) Pequenas ondas Ondulada Canal 50 a 51 ou múltiplos 120 153 183 213 244 92 ou 110 91 120 153 183 213 244 275 305 366 50 170 185 220 230 270 320 370 410 460 470 - Recobrimento long. recomendado (cm) 14 Nota: não há normalização específica para as medidas de telhas estruturais de fibrocimento As tolerâncias para as medidas de comprimento e largura são de ±10mm. Fonte dos dados: NBR 12800:1993, NBR 12825:1993 e NBR 7581:1993 Tem-se, portanto, que as normas relativas às telhas de fibrocimento não se adequam aos princípios da Coordenação Modular, seja pela terminologia, seja pelas definições dimensionais. Há uma aproximação ao módulo M apenas nas telhas do tipo canal, com largura de coordenação de 50cm e comprimentos em grande parte múltiplos de 10cm. No entanto, a tolerância de ±10mm anula essa conformidade. Correto seria uma tolerância assimétrica (de +0/-20mm, por ex.), que considerasse fabricação, marcação e montagem. Conformidade com a Coordenação Modular Avaliamos as medidas de catálogos de seis empresas associadas ao Sinaprocim (Brasilit, Casalit, Confibra, Decorlit, Eternit, Infibra) e outras duas não associadas (Imbralit e Multilit). Tais empresas foram selecionadas segundo o critério de disponibilização online de informações técnicas de seu produtos. QUADRO 11. Telhas de fibrocimento: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas Pequenas ondas Largura Nominal (cm) Largura útil ou de coordenação (cm) 50,6 45 Tipos de telhas OndulaCanal da 92 87 110 60,5 106,4 47,2 52,1 100,8 105 50 102 44 49 90,8 ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 39 Continuação 61 91 122 153 183 213 244 91 122 153 183 213 244 305 366 185 230 320 370 410 460 300 330 370 410 460 Recobrimento long. recomendado (cm) 14 14 20 Inclinação recomendada 15o 15o Vão máximo (cm) 115 199 Comprimento Nominal (cm)* Brasilit (SP) X X X Casalite (RJ) X X X Confibra (SP) X X X Decorlit (SP) X Eternit (SP) X X Imbralit (SP) X X 2o 2o 5o 5o 300 446 500 550 650 X X X X X Infibra (SP) Multilit (PR) 300 370 460 600 670 740 820 920 20 200 250 300 360 400 450 500 550 600 650 720 20 X 20 X X X X X * Nem todas as empresas fornecem todos os comprimento listados. Fonte dos dados: web sites das empresas (ver Referências Bibliográficas) O quadro 11 relaciona as medidas recorrentes nos catálogos das empresas pesquisadas, classificando-as segundo os tipos: pequenas ondas, ondulada e canal / estrutural. (Não distinguimos entre modelos quando as medidas decisivas para a Coordenação Modular se mantêm iguais). De um modo geral, as medidas das telhas seguem as respectivas NBRs, embora 40 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI haja também comprimentos nominais inferiores aos recomendados. Como já dito, isso significa não conformidade com os princípios da Coordenação Modular. Cabe observar, no entanto, que esse fato compromete relativamente pouco sua aplicação aos demais elementos e componentes da edificação. Ações para a adequação poderiam começar pela indicação de recobrimentos longitudinais que tornassem os comprimentos úteis e vãos máximos coordenados modularmente, seja no plano do telhado, seja no plano horizontal (segundo o mesmo princípio já ilustrado na figura 7 para as telhas cerâmicas). Isso vale especialmente para as telhas de pequenas ondas e as telhas onduladas, cujos vãos máximos são reduzidos. 3.3.3 Telhas de aço Entidades A Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM (www.abcem.org.br) foi fundada em 1974, e congrega nacionalmente fabricantes de estruturas e de coberturas metálicas de aço, empresas de galvanização a fogo e escritórios de arquitetura e engenharia. Dos 30 fabricantes e montadores de telhas associados à entidade, metade atua nacionalmente, sobretudo na Região Sudeste. A ABCEM também é responsável pelo PSQ - Telhas de Aço, cujas atividades se iniciaram em 2000 mas encontram-se suspensas por determinação da Comissão Nacional do Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CNMaC). Em maio de 2006, a ABNT, responsável pela certificação de conformidade nesse Programa, havia qualificado apenas quatro empresas (Ananda, Gerdau Açominas, Santo André e Telhaço). O Centro Brasileiro de Construção em Aço - CBCA (www.cbca-ibs.org.br) é um consórcio gerido pelo Instituto Aço Brasil e fundado pelas empresas AcelorMittal, Gerdau Açominas, Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional. Ele também reúne fabricantes de telhas de aço (que não diferem dos citados pela ABCEM) e tem tido uma atuação expressiva na criação e revisão das normas técnicas de telhas de aço desde 2000. Normas As normas ABNT relativas às telhas de aço são: • NBR 14513:2008 Telhas de aço revestido de seção ondulada - Requisitos • NBR 14514:2008 Telhas de aço revestido de seção trapezoidal - Requisitos Essas normas não pertencem ao Comitê Brasileiro de Construção Civil (o chamado CB-02 da ABNT), mas ao Comitê Brasileiro de Siderurgia (CB-28), de modo que uma análise técnica detalhada não poderia entrar no escopo do presente trabalho. Conformidade com a Coordenação Modular ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 41 Avaliamos as medidas de catálogos de 16 empresas associadas à ABCEM. Como nos outros casos, elas foram selecionadas segundo o critério de disponibilização online de informações técnicas de seus produtos. O quadro 12 relaciona as medidas recorrentes nesses catálogos, classificando as telhas segundo os mesmos tipos definidos nas normas, isto é, onduladas e trapezoidais. Não foram incluídas telhas curvas e outros tipos especiais, como telhas multidobras, zipadas e calandradas. Observe-se que o quadro também não inclui medidas de comprimento porque, na maioria dos casos, essas medidas são limitadas apenas pelas condições de transporte e logísticas, podendo ser adequadas à Coordenação Modular sem nenhuma dificuldade. O ponto mais problemático são as chamadas larguras úteis, condicionadas pelo desenho dos perfis e pela largura das bobinas de aço plano utilizadas na fabricação. Uma mudança nessas medidas, isto é, no desenho dos perfis teria implicações amplas e de custo relativamente elevado. Entendemos que não se trata de uma ação prioritária. QUADRO 12. Telhas de aço: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas Tipo de telha Trapezoidal Ondulada Altura (mm) 10 15 25 25 25 35 40 40 75 100 120 260 17 17 Largura Nominal (mm) 1140 55 0 10 62 10 48 10 33 10 95 10 50 10 77 - 10 20 94 5 69 0 10 82 11 10 Largura útil ou de coordenação (mm) 1090 50 5 10 16 10 00 99 0 10 54 98 0 10 27 88 0 96 0 90 0 62 0 98 5 10 00 3 2,2 - 4,5 3 3,5 6 5,7 9,5 13 2 2,2 Vão máximo (m) 1 Açotel (MG) X X X X X X Ananda (SP) X X X X X X Gruppo Telhas (SP) X X X X X X Cofevar (SP) X X Danica (SP) X Eucatex (SP) X Eurotelhas (RS) Regional Telhas (SP) X X X X X X X X X Ifal (RJ) X Isoeste (GO) X MBP (SP) X X Perfilor (SP) X X X X X X X X X X X X X X 42 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI X X X X X X Continuação Santo André (SP) X X Siraço (SP) X X Soufer (SP) X Tetraferro X X X X X X X X X X Notas: Os catálogos apresentam pequenas variações na indicação de medidas de um mesmo modelo. As três larguras úteis destacadas em negrito são as únicas em conformidade com a coordenação modular. Não incluimos telhas curvas, calandradas e multidobras na relação abaixo. Fonte dos dados: web sites das empresas (ver Referências Bibliográficas) 3.4 Abertura 3.4.1 Normas referentes a todos os tipos de esquadrias As normas em vigor relacionadas à geometria das esquadrias em geral, sem descriminação de materiais ou processos de fabricação, estão listadas abaixo, seguindo-se a ordem da mais recente à mais antiga: • NBR 14718: 2008 - Guarda-Corpos para edificação. • NBR 10821: 2000 - Caixilhos para edificação - Janela. • NBR 10820: 1989 - Caixilho para edificação - Janela - Terminologia. • NBR 10831: 1989 - Projeto e utilização de caixilhos para edificações de uso residencial e comercial - Janelas - Procedimentos. • NBR 5728:1982 - Detalhes modulares de esquadrias • NBR 5722:1982 - Esquadrias Modulares • NBR 5708:1982 - Vãos Modulares e seus fechamentos • NBR 14718: 2008 - Guarda-Corpos para edificação. • NBR 10821: 2000 - Caixilhos para edificação - Janela. • NBR 10820: 1989 - Caixilho para edificação - Janela - Terminologia. • NBR 10831: 1989 - Projeto e utilização de caixilhos para edificações de uso residencial e comercial - Janelas - Procedimentos. • NBR 5728:1982 - Detalhes modulares de esquadrias • NBR 5722:1982 - Esquadrias Modulares • NBR 5708:1982 - Vãos Modulares e seus fechamentos A NBR 14718 define, entre outras coisas, os procedimentos a serem adotados para o ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 43 dimensionamento da altura de guarda-corpos, incluindo-se a altura do peitoril de janelas. Tais definições não contradizem nem reforçam os princípios da Coordenação Modular, apenas estabelem alturas mínimas conforme diferentes situações de uso. A NBR 10821, a NBR 10820 e a NBR 10831 especificam termos e classes de janelas, bem como aspectos de seu funcionamento, mas não definem medidas nominais ou de coordenação, nem tampouco fazem qualquer referência à Coordenação Modular. Já as NBRs 5708, 5722 e 5728 pertencem ao conjunto das normas de Coordenação Modular em vigor e, por isso, têm interesse direto para este trabalho. A NBR 5708 simplesmente que os vãos devem ter medidas modulares. A NBR 5722 define Esquadrias Modulares como aquelas “projetadas e executadas para ocupar vãos modulares”. A condição geral, tanto para portas quanto para janelas, é que tenham “com suas guarnições [...], para largura e altura, medidas modulares” (NBR 5722:1982). Já a medida da espessura “não deve ser necessariamente modular” (NBR 5722:1982). A figura 9 ilustra esses princípios. FIGURA 9. Esquadrias modulares: Medidas na NBR 5722 Nota: Todas as cotas indicam a medida nM, isto é, n vezes o módulo básico M=100mm. Fonte: NBR 5722:1982 Num contexto em que a Coordenação Modular fosse uma prática corrente, entender-se-ia com facilidade o conteúdo dessas normas: as medidas de coordenação dos vãos e das esquadrias devem ser modulares, isto é, múltiplos do módulo básico M=100mm. No entanto, a NBR 5708 e a NBR 5722 não fazem referência à norma que define esse módulo (NBR 5731:1982), de modo que, lidas isoladamente, são insuficientes para informar fabricantes, projetistas ou construtores sobre as características dimensionais das esquadrias. Sabemos, pelas pesquisas já realizadas (Kapp, 2009), que esse é um dos problemas do corpo de normas da Coordenação Modular que se encontra atualmente em processo de revisão. 44 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI FIGURA 10. Esquadrias modulares: Detalhe na NBR 5728 O quadriculado no desenho indica a posição dos planos modulares. Fonte: NBR 5728:1982 A NBR 5728:1982 - Detalhes modulares de esquadrias apresenta essa mesma escassez de informações. Ela explicita apenas que a esquadria deve ser projetada a partir do chamado “reticulado espacial modular de referência” e mostra, em detalhe (figura 10), que o plano modular deve estar na junta entre parede e esquadria. Como condição geral, a NBR 5728 dita ainda que: Os detalhes modulares devem ser projetados de tal forma que absorvam também os problemas relacionados com os erros de execução na obra, tais como montagem, encaixe, sobreposições etc. (NBR 5728:1982) Na realidade, é impossível que a Coordenação Modular solucione erros de execução. Trata-se, de fato, de projetar ajustes de coordenação que possam absorver tolerâncias de fabricação, marcação e montagem. Essas tolerência não são quaisquer, mas devem ser definidas por fabricantes e construtores. Vê-se, assim, que as normas existentes sobre a Coordenação Modular de esquadrias são insuficientes para definir um procedimento de compatibilização dimensional comum aos diversos fabricantes e demais agentes. 3.4.2 Esquadrias de alumínio Entidades A Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio - AFEAL (www. afeal.com.br) é uma entidade de classe fundada em 1983; são fabricantes de esquadrias especiais e padronizadas, fabricantes de acessórios, silicones, fitas, elasABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 45 tômeros, revestimentos em ACM e alumínio, anodização, pintura e outros insumos. Com sede na cidade de São Paulo, a AFEAL atua em nível nacional, estando presente em 16 estados brasileiros com um total de 132 empresas associadas. As esquadrias de alumínio representam cerca de 20% do volume total de caixilhos produzidos no país. A AFEAL participa tanto do Programa Qualihab do Estado de São Paulo, quanto, no âmbito federal, do PSQ - Esquadrias de Alumínio. Também nos interessa nesse segmento a Associação Brasileira do Alumínio - ABAL (www.abal.org.br), fundada em 1970 pela Alcan Alumínio do Brasil Ltda, Alcominas (atual Alcoa Alumínio S.A.) e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), empresas produtoras de alumínio primário. A ABAL oferece um Manual de Portas e Janelas de Alumínio, cujo conteúdo é analisado adiante. Normas e manuais do segmento O documento acerca dos Fundamentos do Programa Setorial da Qualidade de Esquadrias de Alumínio (AFEAL, 2007) traz uma relação extensa de normas a serem utilizadas pelo fabricante. Elas estão focadas no desempenho dos produtos, definindo características como permeabilidade ao ar, estanqueidade à água, resistência às cargas de vento, resistência às operações de manuseio, mas não incluem determinações de dimensionamento que sejam relevantes para a Coordenação Modular. Não comparecem nessa relação as NBRs 5708, 5722 e 5728, diretamente concernentes à coordenação modular. No entanto, a AFEAL, o Sindicato das Indústrias de Construção de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA) tomaram, em 1997, a iniciativa de promover a elaboração de um estudo que complementasse essas normas, detalhando sua aplicação. Disso resultou o Manual Técnico de Modulação de Vãos de Esquadrias, de autoria de Hugo Lucini (2001). Baldauf observa que a própria necessidade desse Manual é um indício da grande diversidade de medidas utilizadas de fato e da falta de Coordenação Modular no segmento (BALDAUF, 2004, p.124). O Manual é pautado nas medidas de alvenarias de blocos de concreto ou cerâmicos coordenadas modularmente, com juntas nominais de argamassa de 1cm. Assim, os 12 vãos preferidos e as respectivas esquadrias são dimensionados segundo a regra resumida no quadro 13. Lucini considera sempre um vão modular (nM), um vão nominal (nM + 1cm, correspondente à junta de argamassa) e uma medida nominal de esquadria (nM - 5cm), de modo que a junta perimetral da esquadria será necessariamente de 3cm. 46 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI QUADRO 13. Dimensionamento de vãos e esquadrias Vão Medida modular (M) nM Medida nominal nM + 1cm (cm) Esquadria nM nM - 5cm Ajuste de coordenação 1cm + 5cm = 6cm (3cm em cada lado) Fonte dos dados: LUCINI, 2001 Aparentemente, trata-se de uma concepção coerente. No entanto, há incongruências que merecem análise e que não provêm das normas em que o Manual é baseado (NBR 5708, NBR 5722 e NBR 5728), mas de sua interpretação. Lucini trata as medidas nominais do vão como “vão disponível à vedação” (LUCINI, 2001). Isso significa tomar por garantida a existência de um espaço livre com medidas “nM + 1cm” na altura e na largura. Mas a diferença de 1cm entre a medida nominal e a medida modular de um vão em alvenarias de blocos de concreto ou cerâmicos não pode ser considerada “disponível à vedação”, pois ela existe não apenas para a junta de argamassa mas também para absorver tolerâncias de fabricação, marcação e montagem dos blocos. Tomar a medida “nM + 1cm” por referência para o vão a ser vedado significa abrir mão dessas tolerâncias, tomando por pressuposto a ausência de imprecisões da alvenaria. Ademais, trata-se de uma definição orientada pela junta de argamassa de alvenarias. Outros sistemas de paredes, tal como o Drywall por exemplo, não têm juntas de argamassa de 1cm. Se o fabricante de Drywall quisesse atender às medidas do “vão disponível à vedação” enunciadas pelo Manual seria obrigado a fugir da Coordenação Modular de seu produto. Ponderação semelhante vale para as medidas das esquadrias. Lucini aponta que “a dimensão precisa da esquadria é uma decisão particular de cada fabricante em função do projeto do produto e da tecnologia empregada” (LUCINI, 2001), mas, ao mesmo tempo, determina que a medida da esquadria seja obtida pela fórmula “nM - 5cm”. O que essa fórmula expressa? Se for compreendida como medida nominal da esquadria, contradiz a ideia de que cada fabricante decide a “dimensão precisa da esquadria”, pois a “dimensão precisa” não pode ser senão a medida nominal da esquadria acompanhada das respectivas tolerâncias de fabricação. Se for compreendida como mera referência a partir da qual cada fabricante define suas próprias medidas nominais, estaria havendo uma duplicação de referências (ou medidas de coordenação), uma sendo a medida modular do vão e outra sendo a “nM - 5cm”. Essa duplicação anula a principal vantagem da Coordenação Modular: que todos os agentes trabalhem a partir das mesmas referências (ou medidas de coordenação). Baldauf constata, em 2004, que o Manual de Lucini “ficou só no papel, pois os fabricantes ainda não reformularam as dimensões das suas esquadrias” (BALDAUF, ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 47 2004, p.125). Ver-se-á adiante que essa constatação continua pertinente. Talvez um dos motivos sejam as incongruências acima apontadas. A ABAL disponibiliza um Manual de Portas e Janelas de Alumínio que incorpora os mesmos conceitos de dimensionamento e medidas preferidas do Manual Técnico de Modulação de Vãos de Esquadrias (LUCINI, 2001). Sintetizamos essas medidas preferidas no quadro 14, considerando apenas os chamados “vãos modulares”. Observe-se que resultam cinco tamanhos de janelas e sete tamanhos de portas. QUADRO 14. Esquadrias de alumínio: Medidas preferidas segundo a ABAL Tipos de esquadrias Janelas Portas 55 115 215 Altura nominal 225 (cm) Largura nomi- 55 75 95 115 145 85 145 195 235 295 115 145 nal (cm) 60 120 220 230 Altura de coordenação (cm) Largura de 60 80 100 120 150 90 150 200 240 300 120 150 coordenação (cm) Altura 6 12 22 23 modular (M) Largura 6 8 10 12 15 9 15 20 24 30 12 15 modular (M) Nota: A tabela da ABAL traz as medidas em mm. Larguras e alturas modulares (expressas em M) não constam do Manual da ABAL, que denomina “Vão Modular” as medidas de coordenação também em mm. Fonte dos dados: ABAL, s.d. Conformidade com a Coordenação Modular O segmento das esquadrias de alumínio inclui dois subsegmentos bastante distintos quanto aos procedimentos dimensionais: o de esquadrias especiais e o de esquadrias padronizadas. No primeiro caso, o projeto arquitetônico define vãos e tipos de esquadrias e os produtos são projetados, fabricados e instalados sob encomenda. Não existe, nesse caso, nenhuma determinação prévia de Coordenação Modular; se ela for praticada, é por escolha dos agentes de um empreendimento particular. Já as esquadrias padronizadas são produzidas em escala e distribuídas em lojas de materiais de construção com medidas definidas independentemente da aplicação particular. São elas que interessam ao presente estudo e é a elas que se aplicam as medida preferidas constantes do Manual de Lucini (2001) e do Manual da ABAL. Foram pesquisados catálogos de 11 fabricantes de esquadrias padronizadas associados à AFEAL, a saber: Alumasa (SC), Atlântica (SP), Brimak (SP), Ebel (SP), Ibral (SP), JAP (SP), MGM (MG), Prado (SP), Sasazaki (SP), SBA (MG) e Trifel (SP). 48 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Nenhum desses catálogos faz referência à diferença entre medidas nominais e medidas de coordenação ou medidas modulares, seja nesses termos, seja com termos como “vão modular” ou “vão de vedação”. Os catálogos simplesmente fornecem uma “largura” ou “largura total” e uma “altura” ou “altura total”. Em muitos casos, não é indicada a unidade de medida (m, cm, mm) ou há indicações de unidades que não correspondem aos valores listados. Para nos certificarmos do tipo de medidas indicadas nos catálogos (nominais ou de coordenação), fizemos algumas medições diretas dos produtos em lojas de varejo que distribuem os produtos. Evidentemente, essas medições não têm a precisão e nem tampouco a função de um exame feito em laboratório especializado. No entanto, elas são suficientes para mostrar que as medidas de catálogo são medidas nominais (quadro 15). Algumas vezes as medidas reais são maiores do que essa indicação, outras vezes são menores, mesmo em se tratando de uma mesma empresa. Outro indício nesse sentido, isto é, para a identificação das medidas de catálogo com medidas nominais, são as instruções de montagem dos fabricantes, como exemplificadas na figura 11. QUADRO 15. Esquadrias de alumínio: Exemplos de medidas reais Tipos de esquadrias Janelas Portas Altura indicada em catálogo (cm) Altura real (cm) Largura indicada em catálogo(cm) Largura real (cm) 120 120, 5 100 60 60,5 60 40 40,3 60 218 215 250 214 212 250 210 209,5 120 100,5 60,5 60,3 248 248 119,5 Fonte dos dados: medição direta de produtos executada pelos autores (2009) FIGURA 11. Esquadrias de alumínio: Instruções de montagem de dois fabricantes ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 49 Na figura 11a: altura do “vão livre” = “dimensão da esquadria” + 3cm; largura do “vão livre” = “dimensão da esquadria” + 2cm. Essas dimensões ou medidas das esquadrias são fornecidas na figura 11b, sendo todas múltiplas de 10cm, de modo que resultará necessariamente um vão não modular. Na figura 11c, o fabricante recomenda que seja planejada uma folga de 20mm entre a esquadria e a alvenaria, sem nenhuma indicação de vão modular ou vão de coordenação. As medidas de catálogo das 11 empresas pesquisadas, que tomamos por medidas nominais, estão reunidas no quadro 16. Ele traz mais de 50 diferentes tamanhos de janelas (contra cinco do Manual da ABAL) e 30 tamanhos de portas (contra sete do Manual da ABAL). A variedade é tão grande que não incluímos aqui a relação dos produtos oferecidos por cada um dos fabricantes. QUADRO 16. Esquadrias de alumínio: Medidas praticadas Tipos de esquadrias Janelas Portas Altura nominal (cm) 40 50 60 70 75 80 100 120 135 140 160 210 215 Larguras nominais (cm) 40 10 60 0 80 15 100 0 120 160 200 40 60 80 100 120 150 200 140 150 40 60 80 100 120 150 160 220 40 50 60 60 100 120 140 150 160 180 200 220 60 100 120 140 150 160 180 200 220 240 35 120 80 140 120 160 Fonte dos dados: web sites dos fabricantes (ver Referências Bibliográficas) 50 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI 60 70 75 80 85 88 90 100 120 140 150 160 200 220 240 88 217 218 230 68 78 88 98 160 120 200 140 250 150 160 200 220 240 O quadro 16 evidencia que é muito comum a utilização de múltiplos de 10cm para as medidas nominais das esquadrias; coisa que, do ponto de vista de sua Coordenação Modular com outros componentes da edificação, é inútil. Também cabe notar que as medidas nominais (“dimensões da esquadria”) dos Manuais de Lucini e da ABAL são inteiramente ignoradas pelos fabricantes. Outro aspecto importante é que, apesar da enorme variedade de tamanhos de esquadrias de alumínio no mercado, tais tamanhos se concentram na alturas de 100cm, excluída das medidas recomendadas pela ABAL e por Lucini (2001). Essa altura que atende aos quesitos mínimos da maioria dos códigos de obra, mas resulta em peitoris ou vergas muito altos, prejudicando os ambientes (figura 12). FIGURA 12. Esquadrias: Alturas convencionais e ambientes internos Caberia aqui uma revisão das práticas, tanto para adequar as esquadrias de alumínio padronizadas à Coordenação Modular, como também para propiciar melhores condições de ventilação e visibilidade, especialmente na produção de Habitações de Interesse Social (HIS). 3.4.3 Esquadrias de aço Entidades O Instituto Aço Brasil (IABr), fundado em 1963, é a entidade mais antiga relacionada a esse segmento, congregando as empresas siderúrgicas brasileiras. Em 1998, o IABr realizou uma identificação sistemática de fabricantes de caixilhos de aço, a partir da qual foi lançado o PSQ - Caixilhos, Janelas e Portas de Aço. Em função desse programa e com o intuito de agregar um maior número de fabricantes, criou-se, em 2005, a Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 51 de Aço - AFEAÇO (www.afeaco.com.br). Ela congrega atualmente 30 empresas, que representam aproximadamente 80% da produção nacional. Em novembro de 2009, sete empresas haviam sido qualificadas pelo PSQ e outras 15 empresas eram participantes do Programa. Segundo a AFEAÇO, o país consome 12 milhões de portas e janelas de aço anualmente, o que equivale a 50% do mercado nacional, se considerados todos os tipos de materiais. 90% da produção se destinam a construções habitacionais e, em sua maioria, para o segmento popular. Normas e PSQ do segmento Não existem normas brasileiras específicas relativas a esquadrias de aço com referência às suas características dimensionais. As normas vigentes são as já analisadas acima, válidas para todos os tipos de esquadrias. Essas normas, notadamente com exceção das normas relativas à Coordenação Modular, são referidas pela chamada Matriz da Qualidade do PSQ do segmento (IABr, AFEAÇO, 2009). A mesma Matriz da Qualidade determina “dimensões nominais” de esquadrias para “clientes especiais (CDHU / Construtoras / Caixa / Cohabs)” (IABr, AFEAÇO, 2009, s.p.). Essas determinações estão claramente em contradição com os princípios da Coordenação Modular, já que múltiplos de 10cm são utilizados para as medidas nominais das esquadrias, de modo que os respectivos vãos resultarão necessariamente não modulares (quadro 17). QUADRO 17. Esquadrias de aço: Medidas recomendadas no PSQ Altura nominal (cm) Largura nominal (cm) 60 80 80 80 Tipos de esquadrias Janelas 100 120 80 100 120 100 120 Porta 220 85 Fonte dos dados: IABr, AFEAÇO, 2009. O quadro 17 mostra que a situação das esquadrias de aço, do ponto de vista normativo ou de recomendações internas ao segmento, é ainda mais problemática do que no caso das esquadrias de alumínio. Se para essas últimas constatamos algumas incongruências na forma de determinação de medidas nominais, pelo menos existe a concepção fundamental de que vãos modulares têm medidas múltiplas de 10cm e que as medidas das esquadrias devem ser menores do as desses vãos. As recomendações do segmento de esquadrias de aço, pelo contrário, ignoram esse princípio. Conformidade com a Coordenação Modular Assim como a NBR 5728 - Esquadrias Modulares não é conhecida pelas entidades que representam o segmento, também é ignorada pelos fabricantes de esquadrias de aço. Ademais, o fabricante que a aplicasse estaria contradizendo as recomen- 52 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI dações do respectivo PSQ (IABr, AFEAÇO, 2009), possivelmente prejudicando sua própria inserção no mercado. Foram pesquisados catálogos de 10 fabricantes de esquadrias de aço associadas à AFEAÇO, a saber: Atimaky (SP), Binofort (SP), Brostel (MG), Cutrale esquadrias (SP), Gerotto (SP), Gravia (GO), Haiala (GO), MGM (GO), Sasazaki (SP), Vent-lar (SP). Nenhum dos catálogos faz referência à diferença entre medidas nominais e medidas de coordenação ou medidas modulares. Para nos certificarmos de que as medidas indicadas são de fato nominais, utilizamos um procedimento semelhante ao já aplicado no segmento das esquadrias de alumínio, com uma medição em lojas de varejo (quadro 18) e a consulta às instruções de montagem dos fabricantes (figura 13). QUADRO 18. Esquadrias de aço: Exemplos de medidas reais Altura indicada em catálogo (cm) Altura real (cm) Largura indicada em catálogo (cm) Largura real (cm) Tipos de esquadrias Janelas Portas 100 120 60 215 215 217 99,5 120 120 100 60 59,7 215 75 215,2 150 217,4 140 120 100 59,7 75 150,2 140,4 Fonte dos dados: medição direta de produtos executada pelos autores (2009) FIGURA 13. Esquadrias de aço: Instruções de montagem de dois fabricantes ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 53 As medidas de catálogo das 10 empresas pesquisadas estão reunidas no quadro 19, com 49 diferentes tamanhos de janelas e 72 tamanhos de portas. Também nesse caso não incluímos a relação dos produtos oferecidos por cada um dos fabricantes, em razão da grande variedade existente no mercado. Como mostra o quadro 19, as esquadrias de aço para janelas seguem, sem exceção, o uso de múltiplos de 10cm para medidas nominais, contrariando a Coordenação Modular. As esquadrias para portas não são dimensionadas dessa mesma forma, de modo que é possível supor que alguns dos componentes ofertados sejam modulares, ainda que por mero acaso. Se considerarmos, por exemplo, um ajuste modular de 5cm para esse tipo de esquadria, a altura de 215cm seria adequada, bem como as larguras 65cm, 75cm e 85cm. No entanto, como os fabricantes desses produtos não esclarecem a folga perimetral exigida, não é possível afirmar que o produto seja de fato modular. QUADRO 19. Esquadrias de aço: Medidas praticadas Tipos de esquadrias Janelas Altura nominal (cm) 30 40 50 60 80 100 120 140 150 200 Larguras nominais (cm) 30 40 50 40 60 50 50 50 50 60 50 100 60 80 60 60 60 60 100 60 120 70 100 80 80 80 80 120 80 146 80 120 100 100 100 100 150 100 120 120 120 120 150 140 150 200 150 200 160 200 54 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Continuação Portas Alturas nominal (cm) 180 200 210 212 214 215 216 217 220 238 Larguras nominais (cm) 240 85 60 65 150 61 75 65 75 250 240 70 75 160 65 85 67 80 250 80 78 200 68 88 75 85 260 120 85 71 150 77 300 140 88 75 80 150 120 77 83 200 150 78 84 163 81 85 200 83 87 85 88 87 100 88 118 99 119 120 120 140 140 150 145 160 150 200 151 160 180 200 Fonte dos dados: web sites dos fabricantes (ver Referências Bibliográficas) 3.4.4 Esquadrias de PVC Entidades A Associação dos Fabricantes de Perfis de PVC para a Construção Civil - AFAP-PVC (www.afap.org.br) foi fundada em 1988 com o objetivo de estruturar um programa de garantia da qualidade para a produção de perfis de PVC. Dentre as empresas associadas estão: Multiplast, Rehau, Tigre, Bellevue, Irmãos Petroll, Medabil, Weiku, Pavec Windows e Cande / Perfisa. AFAP uma das primeiras entidades a integrar o PBQP-H com o PSQ - Perfis de PVC para Forros (1995). Já o PSQ - Janelas e Portas de PVC encontra-se suspenso por determinação da CNMaC. Também o web site da AFAP-PVC está inteiramente focadas no subsegmento de forros, não trazendo informações sobre esquadrias. Normas A AFAP-PVC participou da elaboração dos textos normativos da ABNT para perfis e ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 55 forros de PVC. No entanto, não há normas específicas para o dimensionamento de esquadrias de PVC, a não ser as já mencionadas (NBRs 5708, 5722 e 5728), que são ignoradas também por esse segmento. Mesmo a NBR 10821:2000 - Caixilhos para edificação - Janela, frequentemente referida nos segmentos de esquadrias de alumínio e aço, não é relacionada no web site da AFAP-PVC. Conformidade com a Coordenação Modular Foram pesquisadas 14 empresas fabricantes de esquadrias de PVC, associadas ou não à AFAP-PVC e escolhidas pelo critério de disponibilização de informações online, a saber: 1a Linha (SP), Alphadoor (SP), Claris-Tigre (vários estados), Eurosystem (SP), Ketamy (PR), Modulyne (RS), Pavec Windows (SP), Perfilplast (PE), Shinewindos (SP), Squadra (SP), Utrapvc (RS), Weiku (SC), Wigga (RS) e Yziplas (SP). A pesquisa mostrou que apenas dois desses fabricantes oferecem esquadrias de PVC padronizadas para pronta-entrega: a empresa Yziplas, que tem uma linha para pronta entrega cujas medidas não são coordenadas modularmente (quadro 20); e a empresa Perfilplas, que fabrica portas sanfonadas cujas medidas se adaptam a vão diversos. Todos os demais produtos são fabricados sob encomenda. De um modo geral, os fabricantes indicam somente medidas máximas e mínimas para cada tipo ou modelo de esquadria. A empresa Claris-Tigre oferece um guia de medidas preferidas que são coordenadas modularmente (quadro 21), mas não exclui a produção em outros tamanhos. Cabe observar também que são poucos os fabricantes de esquadrias de PVC que esclarecem a relação entre medidas nominais e de coordenação, ou a relação entre a esquadria e o vão onde será instalada. O segmento trabalha com o pressuposto de que as medidas dos vãos serão verificadas no local por um técnico e que as medidas nominais de fabricação das esquadrias serão definidas caso a caso. Portanto, trata-se de um segmento em que a Coordenação Modular ainda deverá ser introduzida. 56 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI QUADRO 20. Esquadrias de PVC: Medidas de produtos padronizados da Yziplas Tipos de esquadrias Janelas Portas Altura Nominal (cm) 60 80 100 120 140 220 240 Largura Nominal (cm) 60 60 60 100 100 85 160 80 80 120 120 95 180 120 120 140 140 105 140 160 160 180 160 200 200 340 320 380 340 120 Altura de Coordenação Altura nominal + 10mm Largura de Coordenação Largura nominal + 10mm NOTA: Medidas de coordenação foram deduzidas a partir da exigência de, no catálogo dos produtos, de 5mm livres em todo o perimetro do vão da esquadria. Fonte: www.aecweb.com.br/cls/catalogos/yziplas/catalogo_linha_ouro.pdf QUADRO 21. Esquadrias de PVC: Medidas preferidas pela Claris-Tigre Tipos de esquadrias Janelas Portas Altura Nominal (mm) 395 a 2795, incremento 1995 100 2095 (exceto: 1695, 1895, 2195 2195, 2295, 2495, 2595) Altura de Coordenação (mm) Altura nominal + 5 Altura Modular (M) 4 a 28 20 (exceto: 17, 19, 22, 23, 21 25, 26) 22 Largura Nominal (mm) 390 a 3590, incremento 590 a 3590, incremento 100 100 (exceto: 1095) (exceto: 990 e 1090) Largura de Coordenação (mm) Largura nominal + 10 Largura Modular (M) 4 a 36 6 a 36 (exceto: 11) (exceto: 10 e 11) NOTAS: As medidas acima se referem ao conjunto dos modelos de esquadrias; nem todas são aplicáveis a todos os modelos. Medidas de coordenação e modulares foram deduzidas a partir da exigência de “vão livre” indicada pelo fabricante. Fonte das medidas nominais: www.clarisportasejanelas.com.br ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 57 3.4.5 Esquadrias de Madeira Entidades A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente - ABIMCI (www.abimci.com.br) é uma entidade de classe que foi fundada em 1972, originalmente por fabricantes de compensados para formas de concreto. Hoje ela representa empresas diversas relacionadas à indústria da madeira, desde reflorestadoras e fornecedores de insumos e máquinas até fabricantes de materiais (painéis, chapas, laminados etc) e componentes, como as esquadrias. Em 1999, a ABIMCI tomou a iniciativa de desenvolvimento de um Programa Nacional de Qualidade do Compensado, que mais tarde foi ampliado para um Programa Nacional de Qualidade da Madeira (PNQM). Dentre os seus segmentos, há o PNQM-Portas, associado ao PSQ - Portas Internas de Madeira para Edifícios, iniciado em 2004 e também coordenado pela ABIMCI. Não existe, ainda, iniciativa análoga para as esquadrias de madeira em geral. A razão disso está no fato de a produção nacional de janelas e molduras de esquadrias de madeira ser pulverizada em pequenas e médias empresas, ao passo que a produção de folhas de portas é mais concentrada; 15 empresas são responsáveis por quase metade da produção nacional (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA, 2005). Várias das sete empresas que integram o PNQM - Portas fabricam também esquadrias completas de portas e janelas. Também é importante mencionar, nesse segmento, o Arranjo Produtivo Local (APL) da Madeira de Porto União e União da Vitória, oficializado em 2005, integrando 47 empresas de vários municípios do Paraná e um município de Santa Catarina. A região é a maior produtora de esquadrias de madeira e um dos maiores pólos madeireiros do país. Entre fabricantes de esquadrias e casas pré-fabricadas de madeira, há 89 empresas nessa região (IPARDES, 2006). Contudo, parece evidente que as esquadrias de madeira em geral ainda constituem um segmento menos organizado e estruturado do que os segmentos de esquadrias abordados anteriormente. Normas Não constam, na ABNT, normas específicas para esquadrias de madeira em geral. Há duas normas relativas a portas de madeira, a saber: • NBR 8037:1983 - Portas de madeira de edificações - Terminologia • NBR 8052:1986 Porta de madeira de edificação - Dimensões 58 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI A segunda dessas normas faz referência à Coordenação Modular dos vãos (NBR 5708:1982) e recomenda as medidas sintetizadas no quadro 22, que estão em perfeita concordância com os princípios da Coordenação Modular. No entanto, a NBR 8052 não é citada no corpo de um total de 12 NBRs que o PSQ - Portas Internas de Madeira tem por fundamento (ABIMCI, 2006). QUADRO 22. Portas de madeira: Medidas da NBR 8052 Largura do vão modular (mm) 700 800 [= largura de coordenação da esquadria] Largura nominal da folha (mm) 620 720 Espessura das ombreiras e da 35 travessa do marco (mm) Altura do vão modular Não especificada Altura nominal da folha (mm) 2110 ou 2010 900 1000 820 920 Fonte: NBR 8052:1986 Também são relevantes nesse segmento os Códigos de Obras Municipais, que quase sempre definem medidas mínimas para os vãos de abertura das portas internas e externas. Via de regra, essas medidas são múltiplas de 10cm (vãos de 60cm, 70cm, 80cm e 90cm). Quando se trata de portas pivotantes com batente convencional, tais medidas resultam em folhas de n.M + 2cm (folhas de 62cm, 72cm, 82cm e 92cm), condizentes com a NBR 8052. Contudo, do ponto de vista da Coordenação Modular, as medidas de folhas e vãos de abertura são de importância menor. Decisivas são as medidas externas do conjunto da esquadria ou o componente que o segmento denomina porta pronta (conjunto de marco, folha, alisares e ferragens), que os Códigos de Obra não especificam. Conformidade com a Coordenação Modular Foram pesquisadas inicialmente informações de empresas integrantes do PSQ Portas Internas de Madeira, a saber: Frame Madeiras Especiais (marca Frameport); Manoel Marchetti (marca Alamo); Ângelo Camilotti (marca Camidoor); FuckSA; Pimentel Lopes (marca Multidoor); Sincol. Na maioria dos casos, não há indicação de medidas de coordenação do conjunto da esquadria, mas apenas das folhas. Somente a empresa Pimentel Lopes (marca Multidoor) fornece uma especificação detalhada a esse respeito (figura 14), evidenciando medidas de coordenação do marco não modulares (larguras de 67cm, 77cm e 87cm, por exemplo) para medidas nominais das folhas múltiplas de 10cm. Dados semelhantes são citados no catálogo da empresa Camelotti, embora sem detalhamento. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 59 FIGURA 14. Portas internas de Madeira: Exemplo de medidas praticadas NOTA: As medidas do “Kit” correspondem às medidas nominais externas da esquadria. As medidas do “Vão Porta” correspondem às medidas de coordenação da esquadria. Fonte: www.multidoor.com.br QUADRO 23. Portas internas de madeira: Medidas praticadas Portas Largura nominal da folha (mm) Largura nominal da esquadria (mm) Largura de coordenação da esquadria (mm) Altura nominal da folha (mm) Altura nominal da esquadria (mm) Altura de coordenação da esquadria (mm) 600 620 700 720 800 820 900 920 645 665 745 765 845 865 945 965 670 690 770 790 870 890 970 990 2100 2123 2135 NOTA: Medidas nominas e de coordenação da esquadria foram inferidas a partir dos dados da figura 14. Fonte dos dados (medidas nominais das folhas): web sites dos fabricantes (ver Referências Bibliográficas) Esses resultados permitem inferir que o subsegmento de portas internas de madeira está se orientando por uma aparente racionalização de medidas das folhas e dos vãos de abertura (quadro 23), sem observar a Coordenação Modular do conjunto com os demais elementos da construção. Há indícios de uma não conformidade intencional. 60 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Quanto às janelas e portas externas de madeira, pesquisamos os catálogos de oito empresas pertencentes ao APL da Madeira de Porto União e União da Vitória (Acifer, Brixner, Difladi, Nobre, Madense, Schwegler, Unimad, Vitromad) e outras duas não ligadas a esse pólo (Ulimax, de São Paulo, e Vassoler, do Espírito Santo). Também essas empresas foram selecionadas conforme a disponibilidade de informações online. QUADRO 24. Janelas de madeira: Medidas recorrentes Altura nominal (cm) Largura nominal (cm) Portas 40 60 60 60 80 80 100 120 140 160 180 80 60 80 100 120 140 160 180 200 100 120 140 160 180 200 220 240 120 120 140 160 180 200 220 240 140 120 140 160 180 200 220 240 Fonte dos dados: web sites dos fabricantes (ver Referências Bibliográficas) Assim como no subsegmento das portas internas, as medidas indicadas pelos fabricantes de janelas e portas externas raramente incluem informações sobre sua coordenação com os demais elementos da construção. As empresas Difladi e Acifer, recomendam “deixar 1 cm de sobra de cada lado na abertura da parede. Ex.: Para janelas 1,45m x 1,25m deixar um espaço de 1,47m x 1,27m.” (www.difladi. com.br/manual.html e www.acifer.com.br/ manual.php). A empresa Ulimax indica espessuras de batentes (de 3,5cm ou 4,3cm) que se somam às larguras e alturas listadas, resultando nas medidas nominais do conjunto da esquadria, mas não nas suas medidas de coordenação. A variedade de tamanhos praticados no subsegmento de é maior do que de todos os outros pesquisados, de modo que seria pouco produtivo detalhá-la aqui. Restringímo-nos a medidas recorrentes de janelas (quadro 24), que, mais uma vez, são medidas nominais múltiplas de 10cm. É interessante observar que o incremento de 20cm na altura e na largura deve ser derivado das medidas modulares de alvenarias de blocos de concreto ou cerâmicos, mas que há uma mal-entendido quanto ao significado dessas medidas. Como em muitos outros casos, parte-se do pressuposto de que a folga correspondente à junta de argamassa estará necessariamente disponível para a instalação da esquadria; o que resulta frequentemente em reajustes in loco. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 61 3.5 Acabamento 3.5.1 Revestimentos cerâmicos Entidades A entidade mais abrangente desse segmento específico é a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento - ANFACER (www.anfacer.org.br), fundada em 1984, que representa os fabricantes de 85% da produção brasileira e 95% das suas exportações. Segundo dados da entidade, o segmento é composto por um total de 94 empresas (60 das quais são associadas), que operam 117 plantas industriais em 17 estados, tendo produzido 607,9 milhões de metros quadrados de revestimentos cerâmicos em 2006. Outra entidade ativa no segmento é o Centro Cerâmico do Brasil - CCB (www.ccb. org.br), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) constituída em 1993. Seu objetivo principal é qualificar e certificar fabricantes de revestimentos cerâmicos, atuando como entidade tecnológica do segmento. Como Organismo Certificador credenciado pelo INMETRO, o CCB realiza ensaios, controle de processo e treinamento. Em fevereiro de 2010, havia 31 empresas fabricantes de placas cerâmicas de revestimento certificadas pelo CCB. Em 2006, a ANFACER e o CCB reativaram a Comissão de Estudos de placas cerâmicas da ABNT, tendo por escopo a elaboração de uma norma para placas de porcelanato (que resultou na NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato) e a revisão das demais normas de placas cerâmicas em vigor (que ainda não foi realizada). Cabe mencionar também a Agência para o Desenvolvimento do Design Cerâmico - A2D (www.a2d.org.br), criada em 2005 a partir da aprovação de um projeto FINEP que prevê a implantação de um Centro de Gestão em design cerâmico. Esse projeto é fruto da parceria entre o Centro Cerâmico do Brasil - CCB e a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Conta ainda com apoio do CNPq, do Programa Via Design do SEBRAE (Design Catarina), e da própria ANFACER. Suas principais ações e serviços estão voltados à realização de pesquisas e projetos em design visando elevar o valor agregado dos produtos cerâmicos nacionais, de forma a contribuir para ampliar a competitividade da indústria cerâmica brasileira. Normas As normas brasileiras referentes a produtos cerâmicos de revestimento são: • NBR 13753:1996 - Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento 62 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI • NBR 13754:1996 - Revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento • NBR 13755:1997 Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento • NBR 10247:1988 - Produtos de cerâmica vidrada e queimada - Determinação da resistência à abrasão. • NBR 13816:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Terminologia • NBR 13817:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Classificação • NBR 13818:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Especificação e métodos de ensaios • NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato • NBR 5719:1982 - Revestimentos Dessas normas, a única que faz referência ao dimensionamento é a NBR 5719:1982, a norma que define a Coordenação Modular de revestimentos sem especificidade de material. Tal norma deixa especialmente evidente o caráter fragmentário do conjunto de normas de Coordenação Modular atualmente em vigor. Ela contém somente as seguintes informações: 1 Objetivo 1.1 Esta Norma fixa as condições exigíveis que se devem aplicara aos revestimentos. 1.2 Esta Norma abrange os revestimentos com elementos simples ou compostos, aplicados horizontalmente ou verticalmente, na construção coordenada modularmente. 2 Condições Gerais 2.1 O comprimento e a largura do componente ou de um conjunto de componentes devem ser modulares. A sua espessura, não necessariamente modular, depende do material e de sua colocação. 2.2 Para os componentes com medidas não modulares, mas que associados apresentam em conjunto medidas modulares, deve-se dar preferência a que suas medidas, comprimento e largura, sejam iguais a n x M/4. 2.3 A escolha das medidas modulares dos componentes devem levar em consideração além das condições referentes a fabricação e aplicação, a maior flexibilidade e combinação destas medidas. (NBR 5719:1982) A norma não esclarece que o módulo é de 10cm e não remete à NBR 5706, a única norma que contém essa informação. Um fabricantes que consultar essa norma poderia interpretar o termo “modular” no seu sentido coloquial, entendendo apenas que as medidas de seus componentes devem ser “casadas” de alguma forma e que a proporção 1:4 é privilegiada pela norma, sem que se indique o motivo. Mas, mesmo se o fabricante souber que a Coordenação Modular opera com o módulo de 10cm, também é improvável que fabrique componentes efetivamente modulares. A norma o induz a dimensionar esse componente com medidas ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 63 nominais múltiplas de 100mm (M) ou de 25mm (M/4), de modo que dificilmente lhe corresponderá um espaço modular, já que existe a exigências de juntas e tolerâncias de fabricação, marcação e assentamento. A NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato, a mais recente das normas acima relacionadas, não especifica dimensões para as peças, mas indica apenas que: O porcelanato pode apresentar dimensões variadas: tamanhos pequenos (área do produto ≤ 50 cm2 ), intermediários (50 cm2 < área do produto ≤ 2 500 cm2) ou grandes (área do produto > 2 500 cm2). (NBR 15463:2007) Conformidade com a Coordenação Modular A ANFACER, o CCB e a A2D não fazem qualquer referência à NBR 5719, nem tampouco à Coordenação Modular. O mesmo vale para os 12 fabricantes cujos catálogos foram pesquisados, a saber: Acro (SP), Anhanguera (SP), Cecrisa (SP), Chiarelli (SP), Kardenia (SP), Kera (SP), Pisoforte (SC), Tecnogres (BA), Savane (SP), Buschinelli (SP) e Villagres (SP), sendo que as duas última pertencem ao mesmo grupo. Como em outros segmentos, também aqui a forma de indicação de medidas em catálogos e embalagens não tem qualquer padronização. Cada fabricante utiliza sua própria terminologia. Na maioria dos casos, as medidas que dão nome aos produtos são apenas arrendondamentos das medidas nominais de fabricação e das respectivas medidas reais, como pudemos verificar pela medição direta de alguns produtos em lojas de varejo (quadro 25). Parece que o segmento compreende a expressão “medida nominal” ou “dimensão nominal”, literalmente, como a medida que dá um nome (fantasia) ao produto e não como medida nominal de fabricação (isto é, a medida teórica esperada em relação à qual medida real verificada em cada objeto singular pode variar dentro do limite de tolerância). QUADRO 25. Revestimentos cerâmicos: Exemplos de medidas reais Cerâmica branca para piso ou parede Medidas de catálogo (cm) 31 x 41 33 x 45 25,0 x 33,5 43 x 43 15 x 15 Medidas reais (mm) 307 x 407 335 x 455 250 x 335 425 x 425 151 x 151 Fonte dos dados: Medição direta de produtos executada pelos autores (2009) Apenas quatro das 12 empresas pesquisadas explicitam em seus catálogos a diferença entre a medida indicada no nome do produto e a medida nominal de fabricação do mesmo produto. Dessas quatro, apenas uma (Cecrisa) fabrica componentes modulares e utiliza as medidas de coordenação corretamente no nome do produto. Nos demais casos, as medidas nominais de fabricação são ora menores ora maiores do que as medidas indicadas nos produtos (quadro 26). 64 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI QUADRO 26. Revestimentos cerâmicos: Práticas dimensionais e informacionais de quatro empresas pesquisadas Empresas Kera Denominações das medi- Linha das de catálogo Medidas de catálogo 31 x 31 31 x 41 37 x 37 44 x 44 Denominação das medidas nominais de fabricação Medidas nominais (mm) Tolerância de fabricação (%) Medidas modulares (M) Tamanho de fabricação 306 x 306 306,0 x 406,1 370,5 x 370,5 436,2 x 436,2 Acro Formato 30 x 40 32 x 45 35 x 35 40 x 40 45 x 45 Dimensão de fabricação Não indicada 307 x 411 320 x 452 357 x 357 411 x 411 453 x 453 Não indicada Não há Não há Cecrisa Dimensão nominal 20 x 20 20 x 30 30 x 30 40 x 40 Savane Tamanho 38 x 38 40 x 40 Dimensão de fabricação Dimensão de fabricação 195 x 195 195 x 295 295 x 295 395 x 395 383 x 383 393 x 393 ± 0,6 Não indicada 2 2 3 4 Não há p/ 38 x 38 4x4 x x x x 2 3 3 4 Nota: Apenas uma das empresas comercializa placas coordenadas modularmente (Cecrisa). Medidas nominais podem ser menores ou maiores do que as medidas de catálogo, inclusive na mesma empresa (Kera e Savane). O “formato” 32cm x 45cm da Acro é denominado “Linha Coordenada”, mas não há esclarecimentos sobre a forma de coordenação aplicável a essas medidas. Fontes dos dados: www.keraceramica.com.br; www.acroceramica.com.br; www.cecrisa.com.br; www.savane.com.br. Também é notável que as medidas dos componentes fabricados por uma mesma empresa raramente são coordenadas entre si (mesmo que não pelo módulo de 100mm), o que dificulta a paginação do assentamente, especialmente no encontro de revestimentos diversos (piso e parede, por exemplo). O quadro 27 sintetiza as medidas que registramos nos catálogos das 12 empresas em conjunto. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 65 QUADRO 27. Revestimentos cerâmicos: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas Componentes Menor dimensão <10cm <20cm Medidas de catá- 7 x 7 10 x 10 logo (cm) 10 x 20 10 x 50 13 x 13 15 x 15 < 30cm 20 x 20 20 x 30 23,5 x 35,5 25 x 25 25 x 35 27 x 37 28,5 x 50,0 29 x 49 29,5 x 50 29,8 x 50,5 < 40cm 30 x 30 30 x 45 30 x 50 31 x 31 31 x 41 31 x 42 31 x 60 32 x 44 33 x 33 33 x 45 35,5 x 35,5 37 x 37 38 x 38 < 50cm 40 x 40 41 x 41 42 x 42 43 x 43 44 x 44 45 x 45 47 x 47 49 x 49 < 60cm 50 x 50 56 x 56 57 x 57 Fonte dos dados: web sites dos fabricantes (ver Referências Bibliográficas) Tem-se, portanto, que o segmento de revestimentos cerâmicos não apenas desconhece a Coordenação Modular como também pratica uma enorme variedade de tamanhos e de formas de indicá-los. Subjaz a essas práticas a noção de que não é possível organizar a construção para evitar recortes e ajustes in loco na fase de acabamento. Assim, por exemplo, o Manual de Assentamento de Revestimentos Cerâmicos - Paredes Internas da CCB apenas recomenda, em relação à paginação, definir a largura das juntas para reduzir o número de cortes e planejar um encaixe preciso dos desenhos (CCB, s.d., p.20). Não há qualquer referência a uma coordenação dimensional prévia. 4 Conclusões Apresentamos em seguida conclusões extraídas do presente levantamento, que deverá ser complementado posteriormente com mais informações obtidas junto às entidades e aos fabricantes acerca dos impactos de eventuais mudanças. Trata-se, por ora, de mapear os segmentos e requisitos mais problemáticos para a implementação da Coordenação Modular e definir as necessidades mais prementes. Duas dessas necessidades prementes são comuns a todos os segmentos: • • Difusão de informações sobre a Coordenação Modular. É muito comum a utilização de medidas nominais múltiplas de 100mm em lugar de medidas de coordenação múltiplas de 100mm; o que indica que não há um desconhecimento total, mas uma compreensão errônea dos princípios da CM. Padronização de conceitos de medidas. Se termos como medidas reais, medidas nominais, medidas de coordenação e medidas modulares fossem utilizados da mesma maneira por todos os fabricantes e devidamente indicados em catálogos, embalagens e projetos técnicos, ter-se-ia maior facilidade de 66 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI coordenação dimensional entre componentes, mesmo que não esses componentes não fossem modulares ou que alterações nas suas medidas nominais de fabricação fossem alcançadas apenas em médio prazo. Além disso, muitos componentes não modulares podem ser utilizados em conjuntos modulares, bastando para isso que o fabricante indique a projetistas e construtores como se formam tais conjuntos. Seguem observações sobre cada um dos segmentos, que resumem as análises feitas acima e são sintetizadas novamente nos quadro 26 e 27. Blocos de concreto: O segmento não apresenta dificuldades no que diz respeito ao processo de fabricação dos componentes que, em grande parte, já são modulares. As normas específicas são compatíveis com a Coordenação Modular Decimétrica, embora haja divergências terminológicas e uma utilização demasiadamente ampla de incrementos submodulares. O grau de conformidade a essas normas, ao menos entre os associados da BlocoBrasil, é alto. A maior dificuldade está na constituição de conjuntos modulares a partir dos blocos das Linhas 15x30, 15x40 e 7,5x40 e no fornecimento de componentes de compensação para esses casos. Também seria recomendável que a largura 12,5 fosse paulatinamente eliminada, mas entendemos que o próprio mercado tenderá a essa redução na variedade de medidas, se a Coordenação Modular for praticada também por outros segmentos. Eventualmente, a norma poderá ser revista quanto ao uso dos incrementos submodulares M/2 e M/4. Blocos cerâmicos: O segmento pratica um repertório de medidas menos sistematizado do que o de blocos de concreto. Embora também já utilize uma gama de componentes coordenados modularmente, a conformidade às normas vigentes é menor. Tais normas são compatíveis com a Coordenação Modular, apresentando apenas as mesmas fragilidades de terminologia e utilização de incrementos submodulares já constatadas em relação às normas de blocos de concreto. Os esforços devem se concentrar na elaboração de soluções de conjuntos modulares para a largura de 15cm, com as devidas peças de compensação. A Linha 20x40 costuma ser comercializada de modo incompleto, demandando componentes complementares. Além disso, interessa conhecer o volume de consumo da família 12,5 e as razões para que seja mantida em catálogo. Chapas e blocos de gesso: Os catálogos dos fabricantes de chapas de gesso associados à Drywall indicam que o segmento já produz componentes modulares, de modo que não há dificuldades do ponto de vista da fabricação. Não é usual a diferenciação entre medidas nominais e medidas de coordenação das chapas de gesso, mas a definição de tolerâncias assimétricas para as medidas nominais são suficientes para assegurar a coordenação entre componentes, dada a relativa precisão da tecnologia adotada. O sistema de montantes também é coordenado modularmente, com distâncias axiais recomendadas de 40cm (4M) e 60cm (6m). Todas essas características são reflexo direto das respectivas normas, observadas ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 67 por todos os fabricantes do segmento e compatíveis com a Coordenação Modular. Não há, portanto, dificuldades ou recomendações específicas para as chapas de gesso. Já os blocos de gesso constituem um subsegmento relativamente pouco estruturado, que adota conceitos e especificações dimensionais incondizentes com a Coordenação Modular e para o qual existe apenas um projeto de norma que, se fosse aprovado, consagraria essas mesmas incompatibilidades. A dificuldade, nesse caso, está na difusão de uma nova prática entre um grande número de empresas pequenas. Caberá investigar os impactos que uma alteração nas medidas praticadas teria nessas empresas de pequeno porte. Recomenda-se, enfaticamente, que o processo de elaboração de uma norma específica seja retomado, incorporando os princípios da Coordenação Modular. Isso pode ser facilitado pelo fato de não haver indícios de não conformidade intencional. Telhas cerâmicas: A Coordenação Modular não é prática corrente ou mesmo conhecida nesse segmento, nem tampouco comparece - literalmente ou por princípio - nas respectivas normas. Os fabricantes não costumam indicar medidas úteis ou medidas de coordenação nos seus catálogos, limitando-se a informar galgas e quantidade de telhas consumidas por m2. Além disso, a inconformidade do segmento às normas em vigor é alta. Tudo isso tende a impossibilitar uma racionalização dos projetos, especialmente naquelas situações em que o telhado não é independente mas interrompido por outros elementos construtivos (caixa d’água, casa de máquinas etc.). Ao mesmo tempo, considerando-se que as telhas cerâmicas são componentes de dimensões reduzidas, que permitem ajustes relativamente generosos nos recobrimentos lateral e longitudinal, quase sempre seria possivel adequá-las à coordenação modular. Para isso, os fabricantes devem fornecer informações mais precisas e indicar como se formam conjuntos modulares para cada modelo de telha e inclinação de telhado. Recomenda-se uma revisão ou emenda das normas nesse sentido. Telhas de fibrocimento: O segmento pratica uma grande variedade de medidas para largura útil e vão máximo dos componentes que não são modulares. Os comprimentos das telhas do tipo ondulada e pequenas ondas se orientam pelo sistema imperial de medidas, isto é, têm valores derivados do pé. Essas mesmas definições comparecem também nas normas específicas do segmento. Suas razões de utilização, incluindo condicionantes do processo de fabricação e formas de aplicação em projeto, deverão ser mais detalhadamente analisadas. Como os sistemas de cobertura em geral, também as telhas de fibrocimento têm relativa independência da Coordenação Modular da edificação, já que são quase sempre elemento externo. No entanto, ao contrário das telhas cerâmicas, as possibilidades de ajustes nesse caso são mais restritas. Ainda que não se proceda a uma revisão de todos os tipos e modelos oferecido, é recomendável que se considerem reformulações dimensionais nas telhas de tipo ondulada e de pequenas ondas, já que elas constituem uma parte muito expressiva das coberturas usadas na construção habitacional. Evidentemente, tal mudança deve ser acompanhada por uma revisão das normas técnicas. 68 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Telhas de aço: O segmento de telhas de aço não conhece nem pratica a Coordenação Modular, nem tampouco existem normas específicas nesse sentido. Entendemos que a principal dificuldade para mudar essa situação está na alteração das larguras úteis das telhas, que são condicionadas pelos perfis, por sua vez determinados por solicitações estruturais e pelo maquinário empregado na fabricação. Como não se trata de um segmento cuja conformidade seja imprescindível para a Coordenação Modular dos demais elementos da edificação, recomenda-se, num primeiro momento, concentrar esforços nos demais segmentos e elaborar detalhes e soluções de subcobertura que possam fazer a transição entre componentes modulares e telhas não modulares. Esquadrias (geral): De todos os segmentos examinados, o de esquadrias (de quaisquer tipos e materiais) é aquele em que ações concretas de alteração das práticas nos parecem mais urgentes. Os fabricantes de esquadrias não usam a Coordenação Modular e as normas específicas mais mencionadas (NBR 10821:2000, NBR 10820:1989 e NBR 10831:1989) não definem o dimensionamento de componentes nem fazem referência à Coordenação Modular. Inversamente, as normas de Coordenação Modular de esquadrias (NBR 5708:1982, NBR 5722:1982, NBR 5728:1982), que são relativamente antigas e de conteúdo muito pouco esclarecedor, não são referidas pelos fabricantes. Essa ausência de Coordenação Modular nas esquadrias de um modo geral prejudica diretamente a coordenação de outros elementos da edificação. Ao mesmo tempo, uma mudança nas práticas de dimensionamento seria relativamente simples do ponto de vista técnico. Esquadrias de alumínio: As práticas do segmento de esquadrias de alumínio se dividem em produção sob encomenda e produção padronizada para pronta entrega. Interessa-nos essa última, que é notamente divergente da Coordenação Modular. Encontramos, nos catálogos de 11 fabricantes, mais de 80 diferentes tamanhos de esquadrias, predominantemente com a utilização de múltiplos de 10cm para medidas nominais, o que implica medidas de coordenação não modulares. As práticas de especificação de medidas dos fabricantes também são insuficientes, não incluindo indicações da diferença entre medidas nominais de esquadrias e medidas de vãos (ou medidas de coordenação, mesmo que não modulares). Tanto as entidades e quanto os fabricantes do segmento de esquadrias de alumínio fazem referência a um conjunto amplo de normas, mas não às normas de Coordenação Modular de esquadrias. Embora o segmento tenha promovido a elaboração de dois manuais (Lucini 2001; ABAL s.d.) baseadas nos princípios da Coordenação Modular, esses manuais não são aplicados pela maioria dos fabricantes, talvez por conterem determinações excessivamente rígidas e até incongruentes em alguns aspectos. Tudo indica que a maior dificuldade para uma adequação desse segmento à Coordenação Modular é a falta de compreensão de seus princípios. Não parece haver problemas operacionais que impeçam a produção de componentes modulares. Recomenda-se, portanto, antes de mais nada, a difusão de informações sobre a Coordenação Modular no segmento, que não deve se basear apenas nos manuais existentes. Uma revisão da NBR 10821:2000 ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 69 para a inclusão de diretrizes de dimensionamento coerentes com a Coordenação Modular seria de grande utilidade, mas, como a norma é apenas omissa sem contradizer a Coordenação Modular diretamente, tal revisão não seria condição imprescindível para que outras ações fossem implementadas. Esquadrias de aço: As práticas do segmento de esquadrias de aço ignoram a Coordenação Modular, embora seja muito comum a fabricação de produtos padronizados para pronta-entrega. Nos catálogos, não são indicadas diferenças entre medidas nominais de esquadrias e vãos correspondentes (medidas de coordenação) e, de um modo geral, as indicações são muito deficitárias. Também é notável a enorme variedade de tamanhos praticados. Nos catálogos de apenas 10 empresas encontramos mais de 120 tamanhos diferentes. A grande maioria tem medidas nominais múltiplas de 10cm, resultando em medidas de coordenação não modulares. Nesse sentido, a situação é semelhante à do segmento de esquadrias de alumínio. Mas, à diferença desse último, aqui a não conformidade decorre, ao menos em parte, do documento Matriz da Qualidade relativo ao PSQ do segmento (IABr, AFEAÇO, 2009), que recomenda tais medidas nominais. Como não existem normas brasileiras específicas para esquadrias de aço, entidades e fabricantes fazem uso - explícito e repetidamente referenciado - das mesmas normas gerais usadas pelo segmento de esquadrias de alumínio. As normas relativas à Coordenação Modular de esquadrias são inteiramente ignoradas. Entendemos que a principal dificuldade, novamente, é a falta de informação, agravada pelo fato de existir uma prática já bastante consolidada de produção de componentes não modulares, tal como comparece na citada Matriz da Qualidade. Por outro lado, como o segmento também fabrica componentes com medidas nominais que não são múltiplas de 10cm, como no caso das portas, orientadas por determinações dos códigos de obras, não há, a priori, interdições operacionais a uma mudança nas práticas. Recomenda-se, além da divulgação de informações entre os fabricantes, que a Matriz da Qualidade do segmento seja revista. Esquadrias de PVC: No segmento das esquadrias de PVC, a fabricação sob encomenda predomina amplamente sobre a fabricação para pronta-entrega de produtos padronizados; o que torna a Coordenação Modular menos relevante. Não existem normas brasileiras específicas para esquadrias de PVC. Também não encontramos referências às normas vigentes de Coordenação Modular nas informações veiculadas pela entidade que representa o segmento, nem tampouco nas informações veiculadas pelos fabricantes pesquisados. No entanto, um desses fabricantes, a empresa Claris-Tigres, faz uma recomendação de medidas que está de acordo com os princípios da Coordenação Modular. Isso indica que não haveria dificuldades técnicas ou operacionais para introduzí-la de um modo mais amplo. Dado que uma revisão das normas gerais relativas a esquadrias também se aplicaria a esse segmento, ela poderia promover a disponibilização, no mercado, de um número maior de linhas de esquadrias de PVC padronizadas e fabricadas para pronta-entrega, reduzindo os custos de produção e os preços finais desses produtos. 70 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Esquadrias de madeira: O nível de organização nesse caso é muito distinto para o subsegmento de portas internas e o subsegmento de janelas e portas externas. Enquanto a fabricação de portas internas é relativamente concentrada em algumas empresas de maior porte e conta com programas de qualidade específicos, a fabricação de janelas e portas externas é mais difusa e desestruturada. Em ambos os casos a Coordenação Modular é quase inexistente, mas no primeiro subsegmento (portas internas) há indícios de que se trata de uma não conformidade intencional, já que existem normas específicas consistentes a respeito, que não são mencionadas pelo PSQ - Portas internas de madeira. Já no subsegmento de janelas e portas externas, os fabricantes tendem a produzir componentes com medidas nominais múltiplas de 10cm e incrementos de 20cm, seguindo o incremento vertical das alvenarias de blocos de concreto e cerâmicos. Isso indica uma intenção de coordenação com outros elementos da edificação, mas também a falta de informação sobre como concretizar essa coordenação de modo eficaz. Recomenda-se, para as portas internas de madeira, ações que promovam a conformidade às normas já existentes. Já o subsegmento de janelas poderia se beneficiar das mesmas ações de difusão de informações e revisão de normas gerais já recomendadas para esquadrias de alumínio, aço e PVC. Revestimentos cerâmicos: O segmento não pratica a Coordenação Modular e oferece componentes com uma grande variedade de medidas muito próximas entre si. Existe uma prática peculiar de indicação de medidas em catálogos que decorrem do arredondamento das medidas nominais de fabricação para um valor inteiro em centímetros, que pode ser maior ou menor. Não existem recomendações claras quanto à medida máxima, mínima ou ideal de juntas. Encontramos apenas um fabricantes que fornece componentes modulares com as devidas especificações. As normas mais utilizadas no segmento não fazem referência à Coordenação Modular e, inversamente, a norma para a Coordenação Modular de revestimentos (NBR 5719:1982) não é utilizadas pelos fabricantes ou pelas entidades que os representam. Entendemos que, também nesse caso, a falta de informação é a dificuldade mais importante. É recomendável que a Coordenação Modular seja introduzida prioritariamente nas linhas de revestimentos mais utilizadas na construção habitacional popular e de interesse social. As normas mais utilizadas para todos os produtos do segmento (NBR 13816:1997 e NBR 13816:1997) devem ser revistas nesse sentido; a norma específica para porcelanato (NBR 15463:2007) poderá ser revista oportunamente, mas não é prioritária, já que se trata de um produto de preço relativamente elevado. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 71 QUADRO 28. Resumo de conclusões gerais do levantamento Segmento Dificuldades Recomendações Blocos de concreto Prática da coordenação modular Corrente Uso inadequado das larguras 15cm e 7,5cm; uso inadequado da terminologia em projeto e comercialização. Blocos cerâmicos Parcial Uso inadequado da largura 15cm; Introdução de componentes complementares; difusão de soluções de projeto; estímulo ao uso de blocos de 10 e 20cm; revisão da norma quanto à terminologia e ao uso de M/2 e M/4. conformidade mais baixa que no caso anterior. Chapas de gesso Blocos de gesso Corrente Ausente Não há Dispersão de informações; medidas praticadas incondizentes com a CM; ausência de norma. Telhas cerâmicas Ausente Telhas de fibrocimento Ausente Telhas de aço Ausente Não há Elaboração de uma norma específica; difusão de informação entre fabricantes; ajuste de linha de produção. Falta de informações Melhores práticas sobre medidas de coorde- informacionais por nação e possibilidades de parte dos fabriformar conjuntos moducantes, incluindo lares soluções de projeto para a CM de cada Uso de medidas derivamodelo de telha; das do sistema imperial, revisão da norma inclusive nas normas; quanto às exigências mudanças nas larguras úteis implicam mudanças de informação nos produtos e quanto de perfis e maquinário. aos comprimentos Mudanças nas larguras úteis implicam mudanças nominais (telhas de fibrocimento). de perfis e maquinário. 72 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI Continuação Esquadrias de alumínio Esquadrias de aço Esquadrias de PVC Esquadrias de madeira Restrita Revestimentos cerâmicos Ausente Ausente Ausente Ausente Desinformação e mal-entendidos sobre os princípios da CM, levando ao uso de medidas nominais múltiplas de 10cm; inconformidade intencional em alguns casos. Difusão de informações; revisão das normas concernentes às janelas com inclusão da CM e exigência de melhores práticas informacionais por parte dos fabricantes. O segmento ignora a CM Difusão de informae a possibilidade de forções e revisão das mar conjuntos modulares normas especialmente para linhas mais populares. Fonte: Autores QUADRO 29. Recomendações em relação às Normas Técnicas em vigor Tipo de componente / NBRs mais relevantes Blocos de concreto NBR 6136:2007 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Requisitos NBR 8798:1985 – Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto Blocos cerâmicos NBR 15270 –1:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 1 - Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos NBR 15270 –2:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos Chapas de gesso Drywall NBR 14.715:2001 - Chapas de gesso acartonado - Requisitos. NBR 14.716:2001 - Chapas de gesso acartonado - Verificação das características geométricas. NBR 15758:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. (Partes 1, 2 e 3) Blocos de gesso Projeto de Norma ABNT 02:103.40010/2005 Avaliação do conjunto de normas em relação à Coordenação Modular (CM) Princípios gerais da CM estão observados, seria importante revisar: - terminologia - uso dos submódulos M/2 e M/4 - uso das linhas de blocos de base octamétrica Princípios gerais da CM estão observados, seria importante revisar: - terminologia - uso dos submódulos M/2 e M/4 - uso das linhas de blocos de base octamétrica Norma de acordo com a CM, embora não explicitada. Não há necessidade de revisão. Oportunamente, pode ser útil: - remeter à nova norma de CM - estabelecer a correspondência entre terminologia da CM e terminologia usada no segmento Projeto contradiz a CM, assim como a prática do subsegmento. Recomenda-se retomar a elaboração da norma incluindo princípios e terminologias da CM. ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 73 Continuação Tipo de componente / NBRs mais relevantes Telhas cerâmicas NBR 15310:2009 - Componentes cerâmicos - Telhas - Terminologia, requisitos e métodos de ensaio Telhas de fibrocimento NBR 12800:1993 - Telha de fibrocimento, tipo pequenas ondas. NBR 12825:1993 - Telha de fibrocimento, tipo canal. NBR 5640:1995 - Telha estrutural de fibrocimento. NBR 7196:1983 - Folha de telha ondulada de fibrocimento. NBR 7581:1993 - Telha ondulada de fibrocimento. Esquadrias (geral) NBR 10820: 1989 - Caixilho para edificação - Janela - Terminologia. NBR 10821: 2000 - Caixilhos para edificação - Janela. NBR 10831: 1989 - Projeto e utilização de caixilhos para edificações de uso residencial e comercial - Janelas - Procedimentos. Portas de Madeira NBR 8037:1983 - Portas de madeira de edificações - Terminologia NBR 8052:1986 Porta de madeira de edificação - Dimensões Revestimentos cerâmicos NBR 13816:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Terminologia NBR 13817:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Classificação NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato Avaliação do conjunto de normas em relação à Coordenação Modular (CM) Normas inespecíficas quanto às características dimensionais de coordenação com outros elementos da edificação. Revisão não é prioritária, mas cabe fazer uma emenda para que fabricantes especifiquem conjuntos/ soluções modulares para modelos de telhas e inclinações de telhado. Normas inespecíficas quanto às características dimensionais de coordenação com outros elementos da edificação. Cabe revisão para: - estabelecer a correspondência entre terminologia da CM e terminologia usada no segmento - rever comprimentos nominais das telhas de pequenas ondas Normas omitem CM. Revisão prioritária. Recomenda-se: - adequar a terminologia - introduzir os princípios da CM para o dimensionamento de componentes - introduzir exigências de indicação de medidas nominais e de coordenação Norma observa CM. Não há necessidade de revisão. Recomenda-se, particularmente, não alterar a norma com base no dimensionamento das folhas de portas, como tem sido a prática dos fabricantes. Normas inespecíficas quanto às características dimensionais de coordenação dos componentes entre si e com outros elementos da edificação. Recomenda-se: - revisar a terminologia, introduzindo diferenciação entre medidas nominais e medidas de coordenação - estimular o uso de medidas de coordenação modulares para componentes individuais ou conjuntos de componentes 74 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI 5 Referências Bibliográficas AFEAL. Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio. Fundamentos do Programa Setorial da Qualidade de Esquadrias de Alumínio. 2007. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/ Acesso em 10/12/2009. ANICER. Programa Setorial da Qualidade. Blocos Cerâmicos. Relatório Setorial 04-ICNBR. 2008. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/ Acesso em 10/12/2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA. Estudo setorial 2004: indústria da madeira processada mecanicamente. Curitiba: ABIMCI, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA. Programa Setorial da Qualidade de Portas Internas de Madeira para Edifícios. Curitiba: ABIMCI, 2006. ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10247:1988 - Produtos de cerâmica vidrada e queimada - Determinação da resistência à abrasão. ______ NBR 10820: 1989 - Caixilho para edificação - Janela - Terminologia. ______ NBR 10821: 2000 - Caixilhos para edificação - Janela. ______ NBR 10831: 1989 - Projeto e utilização de caixilhos para edificações de uso residencial e comercial - Janelas - Procedimentos. ______ NBR 12800:1993 - Telha de fibrocimento, tipo pequenas ondas. ______ NBR 12825:1993 - Telha de fibrocimento, tipo canal. ______ NBR 13753:1996 - Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento ______ NBR 13754:1996 - Revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento ______ NBR 13755:1997 Revestimento de parades externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento ______ NBR 13816:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Terminologia ______ NBR 13817:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Classificação ______ NBR 13818:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Especificação e métodos de ensaios ______ NBR 14.715:2001 - Chapas de gesso acartonado - Requisitos. ______ NBR 14.716:2001 - Chapas de gesso acartonado - Verificação das características geométricas. ______ NBR 14.717:2001 - Chapas de gesso acartonado – Determinação das características físicas ______ NBR 14718: 2008 - Guarda-Corpos para edificação. ______ NBR 15.217:2005 - Perfis de aço para sistemas de gesso acartonado Requisitos ______ NBR 15270 –1:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 1 - Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos ______ NBR 15270 –2:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos ______ NBR 15310:2009 - Componentes cerâmicos - Telhas - Terminologia, requisitos e métodos de ensaio ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 75 ______ NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato ______ NBR 15758-1:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 1: Requisitos para sistemas usados como paredes ______ NBR 15758-2:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 2: Requisitos para sistemas usados como forros ______ NBR 15758-3:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 3: Requisitos para sistemas usados como revestimentos ______ NBR 5640:1995 - Telha estrutural de fibrocimento. ______ NBR 5708:1982 - Vãos Modulares e seus fechamentos ______ NBR 5719:1982 - Revestimentos ______ NBR 5722:1982 - Esquadrias Modulares ______ NBR 5726:1982 - Série Modular de Medidas ______ NBR 5728:1982 - Detalhes modulares de esquadrias ______ NBR 5796:1977 - Coordenação Modular da Construção ______ NBR 6136:2007 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria Requisitos ______ NBR 7196:1983 - Folha de telha ondulada de fibrocimento. ______ NBR 7581:1993 - Telha ondulada de fibrocimento. ______ NBR 8037:1983 - Portas de madeira de edificações - Terminologia ______ NBR 8052:1986 Porta de madeira de edificação - Dimensões ______ NBR 8798:1985 – Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto ______ Projeto de Norma ABNT 02:103.40-010/2005 BALDAUF, Alexandra Staudt Follmann. 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