TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO SUPORTE PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ARACAJU/SE Kecia Karine Santos de Oliveira Universidade Federal de Sergipe - SE Divanizia do Nascimento Souza Universidade Federal de Sergipe - SE RESUMO: Desde a antiguidade os homens usam os recursos naturais para a construção de ferramentas que ajudariam na sobrevivência individual e da comunidade. Para melhor aprimoramento dessas ferramentas tecnológicas descobriu-se materiais, tais como, o metal, o cobre, o estanho e o bronze, que originam mais tecnologias. No final do século XVIII, a revolução industrial trouxe com maior intensidade a expressão “tecnologia”, ligada às indústrias têxtil e mecânica. Neste tempo, apareceram inovações tecnológicas significantes, que auxiliaram no sistema produtivo, ocasionando o aumento na escala de produção industrial, bem como no transporte dos produtos através de navegação e ferrovias. A partir da metade do século XX, devido à Guerra Fria e às consequências que esta gerou, ocorreu um desenvolvimento acelerado das tecnologias associadas às áreas da eletrônica, informática e telecomunicação; essas passarem a ter papel importante no desenvolvimento econômico, social e educacional. Dessa forma, pode-se observar que cada período histórico foi caracterizado por ferramentas tecnológicas que tiveram a sua importância para a espécie humana. No contexto educacional não é diferente, existem tecnologias mais simples, como lápis, borracha, e hoje, as conhecidas como tecnologias de informação e comunicação, vinculadas à questão eletrônica, como o computador, exigindo maior apropriação tecnológica. Assim, o professor inserindo essas tecnologias em sua prática pedagógica faz surgir um novo conceito no ambiente escolar, a tecnologia educacional. A tecnologia educacional é entendida como a que se insere na educação como instrumento de aprendizagem do aluno a fim de que esta possa contribuir para uma instrução mais significativa. Documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, propõem que os alunos ao longo do seu processo de aprendizagem sejam capazes de utilizar métodos de pesquisa, aprendendo a ler diferentes registros (escritos, iconográficos ou sonoros). Nesta perspectiva, o presente estudo tem como objetivo analisar como as tecnologias da informação e da comunicação têm sido utilizadas como suporte para o ensino de matemática por professores do ensino fundamental da rede pública municipal de Aracaju/SE. O referencial teórico empregado para este estudo tem como base Ferrete (2010), Sancho (2006), Simões (2002), Teixeira (2010; 2009), Valente (1999), dentre outros. Como procedimento metodológico, foram realizadas entrevistas estruturadas para investigar sobre as tecnologias presentes nas escolas públicas do município de Aracaju e a receptividade dos professores em relação a tais tecnologias no que diz respeito ao ensino de matemática. Observou-se que nas escolas pesquisadas as tecnologias mais modernas presentes em sala de aula são: computador, laptop portátil, tablet e lousas digitais. Essas ferramentas tecnológicas permitem que os alunos tenham acesso a outras informações, além daquelas transmitidas pelo professor. É senso comum que o uso dessas ferramentas possibilita que o aluno absorva com maior facilidade o conteúdo proposto, pois elas podem ser utilizadas como apoio pedagógico no dia a dia. No estudo, a maioria dos professores demonstrou que o uso das ferramentas tecnológicas mais modernas possibilita maior interação no processo de ensino aprendizagem, e poucos informaram que provoca dispersão da atenção dos alunos em sala de aula. Outro ponto que merece destaque foi que a maioria dos professores escolheram como metodologia de ensino, por meio do computador, o GeoGebra, um aplicativo que trabalha conceito de geometria e álgebra. Com este programa, os professores perceberam que os alunos compreendiam melhor o assunto proposto. Entretanto, as tecnologias sozinhas não fazem nada, elas necessitam da intervenção do professor, com metodologias bem orientadas, a fim de promover uma aprendizagem significativa. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias da Informação e Comunicação. Ensino da Matemática. Professores. 1. Introdução A tendência digital já é uma realidade, exemplo disto é o crescimento das tecnologias digitais e a inserção na escola básica. Essas tecnologias estão conquistando o mercado consumidor, bem como as instituições de ensino. A sua presença em sala de aula contribui para a inclusão digital, pois ampliam o acesso as informações através da internet, permitindo, por exemplo, que suscite uma problematização; a observação; proporcione estímulo; visão crítica e construção do conhecimento. Segundo Teixeira (2010), a inclusão digital adota uma dimensão que não privilegia somente a forma de acesso, mas que esse ato contribua para uma ampliação na cultura de rede. Todavia, é válido ressalvar que a inclusão das tecnologias, “não pode ser vista como redentora da educação, mas sim como um elemento a mais a contribuir na construção de uma escola que, embora se perceba determinada, pode desenvolver mecanismos que contribuam na superação de suas limitações” (OLIVEIRA, 1997, p. 11-12). A partir desse princípio, as tecnologias se tornam um dos meios de diversificação da prática pedagógica do professor. Contudo, não basta somente incluir, faz-se necessário proporcionar um ambiente físico que atenda as peculiaridades da tecnologia como também preparar o profissional para trabalhar com essas ferramentas em sala de aula. Gama (2012, s/p), afirma: Então, cabe a Escola contextualizar seu ensino à atualidade, levar também em conta as alterações culturais advindas da utilização diárias das TDICs fora do âmbito escolar e inseri-las, planejadamente em termos materiais (laboratórios de informática, computadores com internet etc.) e humanos (formação de professores, conscientização de alunos), em seu universo de ensino. Com isso, as instituições educacionais precisam estar atentas às novas demandas, pois a inserção das tecnologias exige novas habilidades tanto dos professores como dos alunos. Neste sentido, esse terceiro capítulo abordará três temas: as tecnologias digitais como suporte para o ensino, apontando suas potencialidades e obstáculos; o perfil do professor mediante essa mudança; e as tecnologias com enfoque no ensino da matemática. Nota-se que alguns autores chamam de “novas” tecnologias, porém, corroborando com Nunes & Nunes (2012, p. 120), é difícil afirmar “pois o que é novo hoje, amanhã se torna obsoleto”. No âmbito educacional, o uso das ferramentas tecnológicas não é algo recente, porque recursos como rádio, televisão, data-show e computador já são utilizados em algumas escolas há algum tempo. Neste estudo, focaremos nas tecnologias digitais, que segundo Valente (2007) define como aquelas que incorporam a internet como recursos de navegação, envio e recebimento de textos, imagens, sons e vídeos. Fraga (2013) aponta como tecnologias digitais: o computador, a TV e rádio digitais, os livros eletrônicos (e-books), dentre outras. A fim de delimitar o estudo, essa dissertação focou no computador, tanto os de mesa (desktops) como os portáteis (laptops), na lousa digital, e no tablet. Com o aparecimento dessas tecnologias, surge a necessidade de estar letrado digitalmente. Pereira (2005, p. 17) afirma que é necessário “dominar a tecnologia da informação, (...) computador, softwares, internet, correio eletrônico, serviços, etc., que vão muito além de aprender a digitar, de cada tecla do teclado ou usar o mouse”. Neste contexto, a escola tem um papel importante neste processo, propondo, por meio do ensino, atividades que levem ao desenvolvimento dessas competências. A tecnologia educacional é entendida como a que se insere na educação como instrumento de aprendizagem do aluno a fim de que esta possa contribuir para uma instrução mais significativa. Documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, propõem que os alunos ao longo do seu processo de aprendizagem sejam capazes de utilizar métodos de pesquisa, aprendendo a ler diferentes registros (escritos, iconográficos ou sonoros). Nesta perspectiva, o presente estudo tem como objetivo analisar como as tecnologias da informação e da comunicação têm sido utilizadas como suporte para o ensino de matemática por professores do ensino fundamental da rede pública municipal de Aracaju/SE. O referencial teórico empregado para este estudo tem como base Ferrete (2010), Sancho (2006), Simões (2002), Teixeira (2010; 2009), Valente (1999), dentre outros. 2. Referencial Teórico Desde a antiguidade os homens usam os recursos naturais para a construção de ferramentas que ajudariam na sobrevivência individual e da comunidade. Para melhor aprimoramento dessas ferramentas tecnológicas descobriu-se materiais, tais como, o metal, o cobre, o estanho e o bronze, que originam mais tecnologias. No final do século XVIII, a revolução industrial trouxe com maior intensidade a expressão “tecnologia”, ligada às indústrias têxtil e mecânica. Neste tempo, apareceram inovações tecnológicas significantes, que auxiliaram no sistema produtivo, ocasionando o aumento na escala de produção industrial, bem como no transporte dos produtos através de navegação e ferrovias. A partir da metade do século XX, devido à Guerra Fria e às consequências que esta gerou, ocorreu um desenvolvimento acelerado das tecnologias associadas às áreas da eletrônica, informática e telecomunicação; essas passarem a ter papel importante no desenvolvimento econômico, social e educacional. Dessa forma, pode-se observar que cada período histórico foi caracterizado por ferramentas tecnológicas que tiveram a sua importância para a espécie humana. No contexto educacional não é diferente, existem tecnologias mais simples, como lápis, borracha, e hoje, as conhecidas como tecnologias de informação e comunicação, vinculadas à questão eletrônica, como o computador, exigindo maior apropriação tecnológica. Assim, o professor inserindo essas tecnologias em sua prática pedagógica faz surgir um novo conceito no ambiente escolar, a tecnologia educacional. A admissão das tecnologias no ambiente escolar pode provocar mudanças na postura do professor e no modo de transmissão do conteúdo. Segundo Kenski (2007, p.46), [...] Vídeos, programas educativos na televisão e no computador, sites educacionais, softwares diferenciados transformam a realidade da aula tradicional, dinamizam o espaço de ensino-aprendizagem, onde, anteriormente, predominava a lousa, o giz, o livro e a voz do professor. Todas essas tecnologias apresentadas pela autora já estão presentes na sala de aula. No entanto, não são utilizadas, na maioria das vezes, com finalidade pedagógica definida. Isto é, são embutidas no planejamento pedagógico, porém, na maioria das vezes, não há uma preocupação em elencar objetivos educacionais que interligue o conteúdo dado com a tecnologia trabalhada. Alguns aspectos são influenciadores para o êxito do professor e, sala de aula, pois é necessário repensar alguns fatores para que o uso dessa tecnologia signifique uma melhora da educação e consequentemente no fazer pedagógico do professor. Para Sancho (2006), alguns desses pontos são: infraestrutura tecnológica adequada e utilização dos novos meios nos processos de ensino e aprendizagem. No primeiro ponto, infraestrutura tecnológica, perpassa pela ideia da quantidade de tomadas suficientes nas salas, uma carteira adequada e uma conexão de internet com alta velocidade, pois esta pode ser também uma aliada neste processo, pois “possibilita o uso de textos, sons, imagens que subsidiam a produção do conhecimento, (...) propicia a criação de ambientes ricos, motivadores, interativos, colaborativos e cooperativos” (BEHRENS, 2000, p.99). Entretanto, o professor não deve trabalhá-la de maneira simples, restringindo-se a consultas à internet, nem tampouco pensar em somente restringe a internet. No segundo, utilização dos novos meios, requer a integração das tecnologias no currículo da escola, propondo atividades planejadas. Para tanto, É necessário que os professores se sintam confortáveis para utilizar esses novos auxiliares didáticos. Estar confortável significa conhecê-los, dominar os principais procedimentos técnicos para sua utilização, avaliá-los criticamente e criar novas possibilidades pedagógicas, partindo da integração desses meios com o processo de ensino. (KENSKI, 2008 p. 77) Corroborando com a autora, o professor necessita ser capacitado para essa nova realidade. Nota-se que o atual perfil do educador, dentre muitos aspectos, é uma abertura ao novo, pois as transformações que ocorrem na sociedade influenciam diretamente no cotidiano escolar, visto que a escola forma indivíduos. Porém, cabe ao educador adequar sua prática pedagógica a favor da construção do conhecimento do seu aluno. Assim, não podemos ficar omissos em não perceber as mudanças que ocorrem quando se utiliza essa ferramenta pedagógica na prática educativa. Porém, se o próprio professor não admite essa transformação e não procura se qualificar para incorporar esses novos recursos, resultará possivelmente em um processo sem objetivo comum, podendo contribuir para uma aprendizagem mecanizada (ORTH, 1999). Mediante essa nova realidade dentro das salas de aula, nota-se que na função do professor também ocorre alterações. Para Rogers (1991), o educador colabora para o crescimento do aluno, dando-o assistência e pondo como co-responsável pela aprendizagem. Portanto, de acordo com o autor, o aluno aprende significativamente quando este se compromete com a própria aprendizagem, tendo o professor somente como facilitador do processo. A proposta da mediação pedagógica, segundo Gadotti (1999), é ultrapassar a imagem de que o professor somente transmite a informação. Logo, mediar é interagir com aluno, a fim de que ambos possam estar contribuindo para a efetiva construção do conhecimento. Ou seja, o professor faz uma conexão entre o conhecimento organizado e a produção do aluno. Para Masetto (2000, p. 142), a mediação e a facilitação pedagógica possuem o mesmo significado, visto que o professor: [...] desempenhará o papel de orientador das atividades do aluno, de consultor, de facilitador da aprendizagem, de alguém que pode colaborar para dinamizar a aprendizagem do aluno, desempenhará o papel de quem trabalha em equipe, junto com o aluno, buscando os mesmos objetivos; numa palavra, desenvolverá o papel de mediação pedagógica. O autor chega a essa conclusão porque, para ele, o professor deve se colocar como ponte entre o educando e a aprendizagem proporcionada com o uso da tecnologia computacional, sendo que este irá contribuir para que o aluno chegue ao objetivo desejado por meio de seu incentivo. Havendo promoção desse ambiente, o professor utilizando o computador poderá propiciar aulas onde os alunos serão motivados a pesquisar e estudar com a finalidade de adquirir novos conhecimentos. No entanto, para obter os objetivos educacionais desejados e o professor ser o mediador neste processo, primeiro, deve-se esperar que este deve ter conhecimento sobre a tecnologia que pretende usar na aula, tanto na área técnica como pedagógica, a fim de não criar aversão e passar isso para os alunos. Segundo, o professor deve empregar uma metodologia onde ele possa exercer essa função mediadora, pois a tecnologia, por meio das atividades propostas pelo educador, poderá estimular os alunos a investigar, resolver problemas, e construir a partir do próprio esforço o conhecimento. No que diz respeito ao ensino da matemática, estudos apontam que às tecnologias e a Matemática podem ser trabalhadas de forma a contribuir para uma aprendizagem mais significativa dos alunos. D’Ambrosio (1996), explana: Ao longo da evolução da humanidade, Matemática e tecnologia se desenvolveram em íntima associação, numa relação que poderíamos dizer simbiótica. A tecnologia entendida como convergência do saber (ciência) e do fazer (técnica), e a matemática são intrínsecas à busca solidária do sobreviver e de transcender. A geração do conhecimento matemático não pode, portanto ser dissociada da tecnologia disponível. Segundo a citação, essas duas palavras-chave, matemática e tecnologia, são indissociáveis e faz com que haja uma reflexão sobre a forma com que as tecnologias são inseridas no processo de ensino-aprendizagem da matemática. Designadamente à informática, estudos recentes apontam que o uso das tecnologias vem constituindo ambientes colaborativos de aprendizagem, fazendo com que diversos obstáculos intrínsecos ao aprendizado sejam superados. (VALENTE, 1999) A internet pode ser também uma aliada neste processo, pois “possibilita o uso de textos, sons, imagens que subsidiam a produção do conhecimento, (...) propicia a criação de ambientes ricos, motivadores, interativos, colaborativos e cooperativos” (BEHRENS, 2000, p.99). 3. Metodologia 4. Tecnologias e Matemática: o ensino na rede pública municipal de Aracaju/SE A característica principal do ensino da matemática é desenvolver a habilidade de raciocínio e a autonomia. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997): A aprendizagem em Matemática está ligada à compreensão, isto é, à apreensão do significado; apreender o significado de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações com outros objetos e acontecimentos. Assim, o tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques e numa rígida sucessão linear deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e destacadas. O significado da Matemática para o aluno resulta das conexões que ele estabelece entre ela e as demais disciplinas, entre ela e seu cotidiano e das conexões que ele estabelece entre os diferentes temas matemáticos. (BRASIL, 1997, p.19) Corroborando com essa citação, nota-se que é necessário abordar que a matemática é muito mais que números e está presente na realidade, transcendendo os espaços escolares. Devido a esse déficit, a grande preocupação dos educadores, hoje, é tornar o ensino da matemática o mais dinâmico possível, pois é a forma como o conteúdo matemático é repassado que causa atração ou repulsão nos alunos. Nesse sentido, no primeiro momento o ensino da matemática deve ter o intuito de diminuir os bloqueios que a disciplina proporciona para alguns alunos, a fim de tornar o aprendizado mais prazeroso, de maneira que o aluno sinta-se estimulado a aprender. Lima (2008 apud COSTA et al 2008) afirma que o professor dessa área não precisa ter uma formação que estime apenas a repetição, a memorização e o armazenamento de informações, uma vez que a matemática não perpassa somente por esses meios; é pertinente valorizar também a capacidade do aluno de raciocinar, decidir, argumentar e avaliar. A autonomia é conceituada como o ato de ser governado por si mesmo; isto é, o indivíduo toma suas próprias decisões. A autonomia tem como oposição a heteronomia, já que esta significa ser governado por outras pessoas (KEMII, 1987). Dentro do ambiente escolar tradicionalista prega-se a obediência e as respostas “corretas” que vão de contraponto à autonomia, pois esta irá desvirtuar as crianças a pronunciarem coisas nas quais acreditam de verdade, tal como: 5 + 5 = 10. A criança autônoma saberá o porquê do resultado obtido, pois construiu o conceito de número. No entanto, a criança heterônoma irá dizer o resultado pelo simples fato de alguém ter dito. Assim, o número é construído a partir da criação e da coordenação de relações, visto que esta construção se dará gradualmente por partes. Também é válido ressaltar que e a criança deve ser mentalmente ativa para construir o número, sendo capaz de agir conforme a sua escolha e não pela obediência. Infelizmente, a matemática sofre rejeição por parte dos alunos. Desta forma, o professor deve procurar meios que proporcionem uma aprendizagem dinâmica. Em meados de 1980, pelos países desenvolvidos, computadores, calculadoras, e outras tecnologias e junto com essa inserção, pesquisadores se inquietam para saber se essas ferramentas tecnológicas trariam um efeito positivo ou negativo para o ensino da matemática (GIRALDO; CARVALHO, 2008). Acompanhada por essas potencialidades, vem também à preocupação sobre as possíveis limitações que este uso poderia trazer para a aprendizagem dessa disciplina. Para Tall (2001, p.212): O uso de calculadoras e computadores em Matemática nem sempre tem sido tão bem sucedido quanto poderia ser. Na Inglaterra, o uso de calculadores com crianças tem sido desencorajado na esperança de que sua ausência permitiria que esta construísse relações aritméticas mentais. Talvez esta atitude tenha mais a ver com o mau uso da calculadora (para efetuar cálculos sem ter que pensar) do que com qualquer falha inerente ao próprio aparato. Bem usada – para encorajar reflexão sobre ideias matemáticas – a calculadora pode ser muito benéfica. Conforme mencionado pelo autor, uma das limitações é o mau uso das tecnologias e os resultados estão na maneira que são utilizadas, pois não adianta analisar o sucesso e o fracasso do uso delas sem observar o contexto pedagógico que estão sendo inseridas, fornecendo assim um olhar limitado. Desta forma, a questão é pesquisar como os professores enxergam essas tecnologias em sala de aula e como explorá-las de maneira positiva no processo de ensino-aprendizagem. Como observamos nos questionários aplicados, 59% dos professores de matemática já utilizaram as tecnologias como instrumento de apoio para a sua prática pedagógica pelo menos uma vez por mês. As ferramentas tecnológicas mais usadas foram: laptops, computadores de mesa nos laboratórios de informática e as lousas digitais. Nota-se que o atual perfil do educador, dentre muitos aspectos, é de uma abertura ao novo, pois as transformações que ocorrem na sociedade influenciam diretamente no cotidiano escolar, visto que a escola forma indivíduos. Porém, cabe ao educador adequar sua prática pedagógica a favor da construção do conhecimento do seu aluno. Neste sentido, há necessidade de apropriação tecnológica por parte dos docentes como também de saber lidar com as dificuldades desse ambiente escolar. Infelizmente, determinadas pesquisas mostram que alguns professores apresentam resistência ao uso das tecnologias digitais diante das diversas dificuldades encontradas, como por exemplo, não saber usá-la tecnicamente (PAIVA, 2013). Ao serem questionados da forma como se trabalha com essas tecnologias, observe as respostas no gráfico 01: Gráfico 01: Formas de utilização das tecnologias em sala de aula A maioria aponta que os professores preferem utilizar por meio de jogos que não necessitam da internet, já que infelizmente a qualidade da rede Wifi é insuficiente para a realização de atividades em sala de aula. Esta utilização pode ser feita por meio de softwares/aplicativos que já vem instalado nas ferramentas tecnológicas. Tomando como base os laptops, possui como os softwares o Tux Math, Cascata de operações matemática, com o objetivo de aprender as operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão); o KLogo-Turtle, na qual o aluno aprende geometria de forma mais dinâmica; e a Calculadora que oferece várias opções da básica à científica. Esses jogos podem ser também softwares que podem ser instalados nas ferramentas tecnológicas. Existem para aprender conceitos de funções, álgebra, geometria, dentre outros. Válido destacar que os softwares só podem ser instalados de acordo com sistema operacional que será utilizado. Para função, tem, como exemplos, o MATHGV – construção de gráficos a partir de funções; GRAPHEQUATION – faz gráficos e curvas no plano para verificar inequações; Ratos – simula movimentos retilíneos ou em curvas. Para álgebra, WINMAT - Construção de matrizes. Para geometria, WINGEOM – permite construção geométrica bidimensional e tridimensional; RÉGUA e COMPASSO – construção geométricas com régua e compasso; GEOSPACE – trabalha os conceitos espaciais. Um programa que muitos professores colocaram como forma de aplicação da tecnologia em sala de aula foi o GeoGebra que trabalha a geometria, álgebra e função. Nele o aluno constrói e analisa as equações, desenha figuras com vetores, curvas, pontos, trabalha com representações de funções matemáticas por meio dos gráficos. (EDUMATEC, 2000) Com 22% das maneiras de utilização das tecnologias em sala de aula é por exposição de conteúdos. Ainda se utiliza muito a tecnologia somente por meio de slides, como foi exemplificado pelos professores, onde o professor transmite o conteúdo de forma diferente do convencional. Por um lado é benéfico, pois traz algo novo para aula, entretanto a aprendizagem está sendo significativa? O aluno está interagindo, sendo agente ativo no processo de ensino-aprendizagem? Esses questionamentos são pertinentes, pois é interessante que ao utilizar a tecnologia, o professor mude sua metodologia, e sua postura em sala de aula, a fim de que o tradicionalismo que acredita que o aluno é um agente passivo, e o professor detentor do conhecimento, transforme em prática onde o aluno construa seu próprio conhecimento, interaja com o professor, pois isso é possível ao se trabalhar com slides em sala de aula. Com relação à pesquisa, utilizando a internet, foi alcançado 19% da opinião dos professores. Com essa metodologia, o professor poder propor atividades dentro deste ambiente da mesma forma que faz em sala de aula, e o importante é que utilize esta tecnologia de forma educacional. Quando é mencionada a utilização de maneira educacional, esta se refere ao professor usar a tecnologia como apoio pedagógico no processo didático dos conteúdos disciplinares determinados pela instituição de ensino. Ou seja, utilizar como uma ferramenta para a aprendizagem da matemática por meio da pesquisa em textos da internet, por exemplo. Enfim, atividades que possibilitem ao aluno a construção do conhecimento, não ficando dependente do educador. Ou ainda, propondo ampliação do tema que possam gerar a promoção de discussões em sala de aula. Por se tratar de um local onde há maior possibilidade de dispersão, visto que quando o professor pede para pesquisar na internet algum assunto, se este não tiver uma didática atrativa, o aluno dispersa do que tem para fazer e não pesquisa o conteúdo proposto. Nesta situação o aluno poderá não apresentar o desempenho esperado. Com isso, os alunos são motivados a participar ativamente das aulas enquanto o educador media o processo. Para esse tipo de atividade será interessante que o educador não imponha nenhum site específico de pesquisa, mas que apenas o oriente, a fim de que os educandos tenham capacidade de descobrir por si só os resultados. Para alcançar esses objetivos mencionados, o professor não deve trabalhar com a internet para apenas consultas, mas também motivando os alunos de modo que eles procurem as informações e as transformem em conhecimento. Este processo também poderá proporcionar maior interatividade entre alunos e professores, debate on-line, discussão dos textos obtidos e confronto das fontes a partir da diversidade de opiniões obtidas. Assim, o educando poderá compartilhar o conhecimento a ser produzido com os colegas, e proporcionará uma aprendizagem autônoma e reflexiva (FERRETE, 2007). Com 11% é a utilização por meio de jogos online, ou seja, através a internet. Esse uso é com os Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA), segundo Miley (2000, p.03), objeto de aprendizagem é “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino”. Esses podem ser encontrados ou criados em forma de animações, simulações, imagens, fragmentos de vídeos e/ou de áudios, textos, gráficos, apresentação em slides, dentre outros. Esta metodologia de ensino pode trazer benefícios ao processo de ensino-aprendizagem, pois segundo Macêdo et al. (2007, p.20) alguns fatores apontam o favorecimento do uso de Objetos de Aprendizagem em sala de aula, tais como: Em primeiro lugar, podemos citar a flexibilidade: os Objetos de Aprendizagem são construídos de forma simples e, por isso, já nascem flexíveis, de forma que podem ser reutilizáveis sem nenhum custo com manutenção. Em segundo, temos a facilidade para a atualização: como os OA são utilizados em diversos momentos, a atualização dos mesmos em tempo real é relativamente simples, bastando apenas que todos os dados relativos a esse objeto estejam em um mesmo banco de informações. Em terceiro lugar, temos a customização: como os objetos são independentes, a idéia de utilização dos mesmos em um curso ou em vários cursos ao mesmo tempo torna-se real, e cada instituição educacional pode utilizar-se dos objetos e arranjá-los da maneira que mais convier. Em quarto lugar, temos a interoperabilidade: os OA podem ser utilizados em qualquer plataforma de ensino em todo o mundo. Desta forma, nota-se que os OVA dão ao professor um maior suporte à aprendizagem dos seus alunos. O educador pode procurar na internet um objeto virtual de acordo com a faixa etária trabalhada e o nível de conhecimento dos seus alunos, bem como trabalhar com o computador utilizando ou não a internet, visto que alguns podem ser usando sem o acesso a internet no momento da aula. Os repositórios exemplificados foram: Portal do Professor; RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação); Banco Internacional de Objetos Educacionais; Atividades Educativas; Portal do Domínio Público, como também aquele específico para uma disciplina, neste caso, o “Só Matemática”. Outro aspecto que merece destaque é a percepção dos professores que utilizam as tecnologias sobre o impacto que elas produzem no processo de ensino-aprendizagem. Observe o gráfico 02: Gráfico 02: Impactos que as tecnologias produzem no processo de ensino-aprendizagem Nota-se que a maioria da opinião dos professores é que as tecnologias provocam impactos positivos no processo de ensino-aprendizagem. É válido destacar que o percentual maior, 38%, contradiz o percentual menor, 3%, visto que, enquanto um afirma que sua utilização faz com que o aluno se interessa mais pela aula, o outro diz que seu uso traz dispersão. Apesar dessa disparidade, é importante perceber que, exceto a opinião que causa dispersão, as outras são pontos positivos, tais como: o aluno fica mais interessado, participa mais da aula, compreende mais o assunto, a aula fica mais dinâmica e facilita o processo de aprendizagem. Portanto, observa-se que as tecnologias estão inseridas no ensino da matemática e junto com isso o aumento de possibilidades da sua utilização, modificando o ambiente de aprendizagem, o papel do professor, e a dinâmica em sala de aula, exigindo assim profissionais capacitados e conscientes da sua importância nesse novo processo. 4. Considerações Finais O presente artigo observou que nas escolas pesquisadas as tecnologias mais modernas presentes em sala de aula são: computador, laptop portátil, tablet e lousas digitais. Essas ferramentas tecnológicas permitem que os alunos tenham acesso a outras informações, além daquelas transmitidas pelo professor. A maioria dos professores utiliza a tecnologia com jogos que não necessitam da internet. Sendo assim pode usar com aplicativos que já vem instalado nas máquinas, ou baixar da internet. Alguns professores escolheram como metodologia de ensino o GeoGebra e com este programa eles perceberam que os alunos compreendiam melhor o assunto proposto. É senso comum que o uso dessas ferramentas possibilita que o aluno absorva com maior facilidade o conteúdo proposto, pois elas podem ser utilizadas como apoio pedagógico no dia a dia. No estudo constatou que a maioria dos professores afirmou que o uso das ferramentas tecnológicas mais modernas possibilita maior interação no processo de ensino aprendizagem, e pouca parcela informaram que provoca dispersão da atenção dos alunos em sala de aula. Portanto, pode concluir que as tecnologias sozinhas não fazem nada, elas necessitam da intervenção do professor, com metodologias bem orientadas, a fim de promover uma aprendizagem significativa. 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