CONDIÇÕES
DE
DIRECIONALIDADE
TEMPORAL
EM
PERSPECTIVA ETERNALISTA: O PROBLEMA DA ENTROPIA
UMA
Gustavo Lyra
O debate acerca da realidade do tempo funda-se na tentativa de definir qual é sua
característica fundamental. A partir do clássico artigo de McTaggart, The unreality of
time, destacam-se dois modelos, ou séries temporais: a série A e a série B. Na série A,
eventos futuros se tornam cada vez menos futuros até que, fugazmente, são presentes
e convertem-se em cada vez mais passados. Assim, o deslocamento do presente
garante o fluxo do tempo. Já na série B, há apenas uma relação entre eventos, descrita
pelos conceitos de anterioridade e posterioridade: nenhum evento possui um status
especial de presente e, mais fundamentalmente, nenhum evento muda de status. Um
dado evento sempre será anterior a outro, que será posterior ao primeiro.
Embora defensores da série A sustentem que só nela o fluxo é possível, cabe ressaltar
que tal fluxo só ocorre graças a ideia de anterioridade e posterioridade.
Fundamentalmente, localizações temporais na série A são distinguíveis apenas por o
quão anteriores ou posteriores elas são com relação ao presente.
A série B parece, portanto, apresentar um conceito mais fundamental para a descrição
do tempo. Entretanto, como definir em que direção a seta do tempo aponta? Em um
sistema termodinâmico isolado, a entropia nunca diminui. Portanto, se em um instante
t1 a entropia é menor do que no instante t2, então t1 é anterior a t2. Segundo Mellor,
esta é a seta termodinâmica do tempo (Mellor, 2009, p. 451). Mas, como nada está
perfeitamente isolado, apenas o universo todo poderia ter sua entropia calculada, o
que possibilitaria apenas uma seta global, ou um tempo cosmológico e nunca uma
definição local de direcionalidade. Pretendemos, neste trabalho, avaliar em que
medida a entropia contribui, para estabelecer a distinção entre anterioridade e
posterioridade ou se, em última análise, é necessário tomar esses conceitos como
primitivos.
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CONDIÇÕES DE DIRECIONALIDADE TEMPORAL EM UMA