Mensuração em Aprendizagem Organizacional: Adaptação de uma Escala para o Contexto Brasileiro Autoria: Rosana Vieira de Souza, Guilherme Trez Resumo: Embora a aprendizagem organizacional seja percebida como essencial para a sobrevivência das organizações em ambientes competitivos e dinâmicos, fazendo deste um campo profícuo de estudos, poucos pesquisadores se envolveram na avaliação empírica de instrumentos de medida do processo de aprendizagem organizacional. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é relatar os procedimentos para adaptação de um instrumento de medida dos processos de aprendizagem organizacional ao contexto brasileiro. São discutidos alguns conceitos que parecem convergir na literatura de aprendizagem organizacional, buscando-se esclarecer o escopo de atuação do presente trabalho. Na seqüência, são apresentadas diretrizes para a operacionalização do construto e perspectivas de mensuração da aprendizagem organizacional. A partir de uma survey com empresas do setor de serviços e da indústria, são relatados os resultados preliminares, em suas etapas qualitativa e quantitativa, desta fase de estudo. 1 - Introdução Em uma concepção moderna de ciência, seu desenvolvimento deve envolver (1) um assunto distinto; (2) a descrição e a classificação do assunto e (3) a pressuposição de uniformidades e regularidades acerca deste assunto que a ciência busca descobrir (HUNT, 2002). Um dos princípios fundamentais da pesquisa científica é a construção de conhecimento, alcançada ao longo do tempo por meio da verificação empírica. Da construção de teoria, por seu turno, depende a qualidade do conhecimento: “se estamos efetivamente influenciando a geração de novos conhecimentos, devemos considerar [...] de que modo teorias deveriam ser formadas” (BAGOZZI, 1984, p. 11). Nesta perspectiva, a elaboração e a verificação de generalizações – caminho da geração de generalizações empíricas à formulação e teste de teorias – constitui uma das tarefas dos pesquisadores nas ciências sociais. Contudo, os estudos no campo da aprendizagem organizacional não seguem tal raciocínio. De tempos em tempos, emergem críticas ao escopo de investigação da aprendizagem organizacional e suas múltiplas formas (“organizações que aprendem”, “orientação para aprendizagem”, entre outras), chamando a atenção para o pouco acúmulo de conhecimento na área e para a falta de integração de generalizações dentro de um corpo teórico consistente. Nesta linha, Fiol e Lyles (1985) destacaram a inconsistência entre o que é observado no campo da aprendizagem organizacional e a forma como o conceito vem sendo medido. Para Huber (1991) a pesquisa em aprendizagem organizacional apresenta pouco consenso acerca da definição de aprendizagem, bem como oferece poucas diretrizes baseadas em pesquisa para a promoção de integração de trabalhos. Duas décadas mais tarde, alguns autores ainda argumentam que o conceito permanece vago (LÄHTEENMÄKI, TOIVONEN e MATTILA, 2001). Friedman, Lipshitz e Popper (2005) destacam que a ambigüidade no significado e na prática da aprendizagem organizacional é gerada pela diversidade conceitual, pelo antropomorfismo, ou atribuição de capacidades humanas (aprendizagem) a entidades (organização), por uma divisão entre visionários e céticos e pela reificação de conceitos complexos, elementos que, em conjunto, refletem uma “mistificação” na literatura de aprendizagem organizacional. Para os autores, “quanto mais a aprendizagem organizacional é estudada, mais obscura se torna” (FRIEDMAN, LIPSHITZ e POPPER, 2005, p. 20). 1 Já para outros, ainda que se observem tais dificuldades na compreensão e operacionalização do conceito, a complexidade é uma oportunidade: “pesquisadores devem aprender a abraçar a complexidade do construto ainda que a dificuldade em estruturar o corpo de conhecimento cresça exponencialmente” (TEMPLETON, et al., 2004, p. 268). Para além das dificuldades e críticas atinentes à pesquisa acadêmica, o crescente interesse de pesquisadores pelo processo de aprendizagem no contexto organizacional tem uma razão: a aprendizagem organizacional é percebida como essencial para a sobrevivência das organizações em ambientes competitivos e dinâmicos (LIPSHITZ, POPPER e OZ, 1996). Para Slater e Narver (1995) é por meio do processo de aprendizagem organizacional, ou a habilidade para usar e agir sobre a informação, que a organização atinge resultados positivos na performance. Neste contexto, Templeton et al. (2004) sugerem que se deva voltar a atenção a algumas questões fundamentais: qual o domínio do construto aprendizagem organizacional? Como o construto pode ser medido? Em que extensão ocorre a aprendizagem organizacional nas áreas funcionais, nas organizações e nas indústrias? Uma revisão da literatura acerca da aprendizagem organizacional revela que poucos estudos propuseram instrumentos de mensuração do processo de aprendizagem organizacional. Para Templeton et al. (2004), o conceito de aprendizagem organizacional tem permanecido estagnado em termos de utilidade, porque sua complexidade e multidimensionalidade dificulta o desenvolvimento de instrumentos de medida validados empiricamente. Para Lähteenmäki, Toivonen e Mattila (2001, p. 113), “visto que a teoria é altamente dispersa e não é realmente construída sobre achados anteriores, estudos empíricos ricos são necessários para validar medidas de aprendizagem organizacional”. Ainda, por meio do desenvolvimento de uma medida adequada da aprendizagem organizacional pesquisadores podem responder às questões importantes sobre as organizações contemporâneas (TEMPLETON et al., 2004). Uma das tentativas de avaliar empiricamente o processo de aprendizagem organizacional por meio de uma escala foi apresentada no estudo de Templeton, Lewis e Snyder (2002). Os autores propuseram que o construto aprendizagem organizacional pode ser medido a partir de oito dimensões que refletem o processo de aprendizagem, validando o instrumento no contexto norte-americano. Assim, com base no trabalho de Templeton, Lewis e Snyder (2002), o objetivo do presente artigo é relatar os procedimentos para avaliação e adaptação de um instrumento de medida dos processos de aprendizagem organizacional ao contexto brasileiro. Primeiramente, discutem-se alguns conceitos que parecem convergir na literatura de aprendizagem organizacional, buscando-se esclarecer o escopo de atuação do presente trabalho. Na seqüência, são apresentadas algumas diretrizes para a operacionalização do construto e perspectivas de mensuração da aprendizagem organizacional. A partir disto, são relatados os procedimentos metodológicos e os resultados do estudo e, por fim, as considerações finais com menção às futuras pesquisas na área. 2 – Definição de Aprendizagem Organizacional: é possível? Embora coexistam diversas definições para a aprendizagem organizacional, o que depende sobremaneira do domínio de investigação (GARVIN, 1993; TSANG, 1997), alguma convergência pode ser observada no que se refere a duas vertentes principais de estudo: a da Aprendizagem Organizacional e a das Organizações que Aprendem (ou Organizações de Aprendizagem). O conceito de aprendizagem organizacional trata das dimensões específicas do processo de aprendizagem, enquanto que o de organizações que aprendem diz respeito às condições que favorecem a aprendizagem, ou seja, o foco reside nas características da 2 organização como entidade que realiza o processo de aprendizagem. Easterby-Smith e Araujo (2000) destacam que a literatura de aprendizagem organizacional tem como foco a análise dos processos envolvidos na aprendizagem individual e coletiva nas organizações, enquanto que a literatura de Organizações que Aprendem enfatiza o uso de formas de diagnóstico de elementos que possam ajudar a identificar, promover e avaliar a qualidade do processo de aprendizagem das organizações. Para Tsang (1997) e Slater e Narver (1999) a principal diferença entre as duas linhas de investigação reside no caráter descritivo, e potencialmente mais científico, da primeira, versus a ênfase essencialmente prescritiva da última, cuja preocupação estaria em “como as organizações deveriam aprender”. A aprendizagem organizacional é entendida como processo por alguns autores (HUBER, 1991; SLATER e NARVER, 1995). Para Huber (1991) a aprendizagem organizacional é um processo formado por subprocessos de aquisição, disseminação e interpretação compartilhada da informação e pela aplicação da memória organizacional. Uma outra perspectiva é a proposta por Sinkula (1994), que investigou a aprendizagem organizacional como os valores organizacionais necessários para haver aprendizagem, em outras palavras, na forma de uma Orientação para Aprendizagem. Mais consistentes com a literatura de estratégia, Baker e Sinkula (1999) sugerem que uma forte orientação para aprendizagem deve ser mais importante que uma forte orientação para o mercado na busca de vantagem competitiva superior. A orientação para aprendizagem parece representar o construto preferido pelos pesquisadores na literatura de estratégia em marketing, porque é a habilidade da organização para aprender que promove melhor performance (SLATER e NARVER, 1995). Observa-se que diversos são os estudos que se ocuparam do entendimento do papel mediador da orientação para aprendizagem na relação Orientação para o Mercado– Performance (HAN, KIM e SRIVASTAVA, 1998; BAKER e SINKULA, 1999; NOBLE, SINHA e KUMAR, 2002), enquanto poucos abordaram empiricamente a aprendizagem organizacional como processo (ZHOU, YIN e TSE, 2005). Desta forma, o presente artigo busca contribuir no sentido de investigar a aprendizagem organizacional como processo e não como os valores organizacionais necessários para haver aprendizagem (orientação para aprendizagem). 2.1 – Em Busca da Desmistificação do Conceito de Aprendizagem Organizacional Um elemento importante a ser considerado na busca de maturidade ou robustez de um construto em um campo de estudos específico são seus dois domínios de análise: (1) teórico e (2) operacional. A fim de tornar operacionalizáveis os construtos que melhor representam o conceito de aprendizagem organizacional, Templeton et al. (2004) propuseram temas fundamentais no domínio teórico e operacional que devem ser compreendidos antes da proposta de um instrumento de medida. O domínio teórico de análise trata de elementos da teoria em aprendizagem organizacional importantes para a definição da sua abrangência. Na visão de Templeton et al. (2004), estes temas se referem à dicotomia aprendizagem coletiva versus aprendizagem individual, aos três tipos de aprendizagem organizacional (single-loop, double-loop e deutero) e ao papel das estruturas de conhecimento. O domínio operacional trata do entendimento das variáveis que serão utilizadas em testes de hipóteses posteriores acerca do conceito em questão (aprendizagem organizacional). Os temas operacionais trazem à tona a importância de cinco elementos na construção de um instrumento de medida válido da aprendizagem organizacional: os processos de aquisição, distribuição e interpretação da informação, memória organizacional e mudança estrutural. Tema Teórico 1: A interação entre a aprendizagem coletiva e a aprendizagem individual 3 Ainda que a aprendizagem individual se traduza em um nível organizacional quando os indivíduos agem em nome da organização, medidas da aprendizagem individual não são generalizáveis para o nível organizacional de análise (LUKAS, HULT e FERRELL, 1996). Como ressaltam Lähteenmäki, Toivonen e Mattila (2001), ainda é necessário esclarecer como a aprendizagem dos indivíduos se transforma em aprendizagem na organização. Compreender como se dá a interação entre os comportamentos de aprendizagem individual e organizacional passa pela distinção entre os dois níveis de análise em pelo menos três pontos: na análise do papel da memória organizacional, das competências específicas da organização e das rotinas associadas à ação organizacional (DOGSON, 1993). A primeira distinção entre os níveis de aprendizagem individual e organizacional diz respeito à base de conhecimento (memória organizacional) coletivamente sustentada usada para analisar a forma e o foco do conhecimento acumulado na organização. Segundo Templeton et al. (2004), a memória organizacional é um efeito tanto organizacional quanto de ação dos membros individuais e pode ser observada nas camadas cultural e estrutural da empresa. Influencia fortemente a auto-transformação organizacional (single- e double-loop) na forma de conhecimento, habilidades, consciência coletiva, compreensão e modelos mentais dos seus recursos humanos. Os indivíduos na organização influenciam a memória organizacional compartilhando crenças, pressupostos e normas em rotinas culturais (ARGYRIS e SCHON, 1978). Desta forma, não há aprendizagem organizacional sem aprendizagem individual; a aprendizagem individual é condição necessária, mas não suficiente, para a aprendizagem organizacional (ARGYRIS e SCHON, 1978). A segunda distinção diz respeito às competências específicas da organização, ou seja, às capacidades trazidas pela natureza coletiva da organização (DOGSON, 1993). Templeton et al. (2004) chamam a atenção para o uso de áreas como a psicologia e o paradigma do estímulo-resposta para a definição de aprendizagem organizacional. A terceira distinção entre a aprendizagem individual e a coletiva envolve as rotinas associadas à ação organizacional, ou seja, os mecanismos de coordenação para o fluxo de informações e as rotinas observacionais. A coordenação pode ser desafiadora na medida em que a aprendizagem coletiva assume uniformidade na prática de aprendizagem, capacidades e estilos entre os participantes. Os mecanismos de coordenação devem permanecer flexíveis o suficiente para facilitar usos e aplicações dos membros. O gerenciamento efetivo da aprendizagem organizacional necessita da observação dos relacionamentos de causa e efeito entre as ações individuais e o ambiente e entre os membros. Para Templeton et al. (2004), a coordenação e as rotinas observacionais são fatores que deveriam aumentar a contribuição da teoria da aprendizagem humana. Tema Teórico 2: Os três tipos de aprendizagem organizacional Um dos tópicos mais citados na literatura de aprendizagem organizacional é a tipologia proposta por Argyris e Schön (1978). De acordo com os autores, as organizações podem apresentar um dos três conhecidos tipos ou estilos de aprendizagem organizacional: single-loop (SLL), double-loop (DLL) ou deutero (ARGYRIS, 1977; ARGYRIS e SCHON, 1978). A aprendizagem do tipo single-loop ocorre a partir da identificação de problemas no ambiente, desenvolvimento de estratégias para lidar com eles e implementação destas estratégias. Este tipo de aprendizagem, denominada por Probst e Buchel (1997) de adaptativa, caracteriza a reação das organizações aos eventos por meio da correção dos erros das teorias em uso. É o ajuste da empresa aos fatores ambientais, mas sem o questionamento das normas e valores existentes na organização. A aprendizagem do tipo double-loop é resultado de ações que buscam corrigir resultados anteriores a partir do exame dos princípios de base do sistema. É a revisão crítica 4 da teoria em uso, o questionamento dos princípios e regras vigentes, fomentando novos modelos mentais. Para Probst e Buchel (1997) este tipo de aprendizagem reconstrutiva reflete um processo de questionamento das normas e valores da organização, de forma a reavaliar as hipóteses iniciais. Templeton et al. (2004) salientam que a aprendizagem do tipo double-loop é pró-ativa em essência, na medida em que envolve o desenvolvimento de estratégias e atitudes ad hoc, e não meramente de resposta ao ambiente. A aprendizagem do tipo deutero caracteriza o processo ou a capacidade de “aprender a aprender” e corresponde à inteligência da organização. Em outras palavras, embora incomum nas organizações (SCHEIN, 1996), este tipo de aprendizagem pressupõe o entendimento dos dois tipos anteriores com o objetivo de tornar mais claras as relações internas e potencializar a mudança na organização. Tema Teórico 3: O papel das estruturas de conhecimento A natureza da informação tem sido considerada uma faceta importante da estrutura de conhecimento organizacional, seja ela oriunda de fontes internas (mercados, consultores externos, aquisições, joint ventures), seja de fontes externas de conhecimento organizacional (experiências de erro, desenvolvimento de inovação e reflexão crítica) (DIXON, 1992, apud TEMPLETON et al., 2004). Assim como a aprendizagem organizacional, as estruturas de conhecimento organizacional derivam de processos sociais, criando diferenças entre as organizações. Para Templeton et al. (2004), a literatura sugere os três temas sobre a presença da aprendizagem nas organizações contemporâneas. A aprendizagem organizacional é asseverada nas ações dos membros da organização, varia entre mudança incremental (SLL) e radical (DLL) e acompanha o consumo organizacional do conteúdo da informação. Os três temas teóricos contribuem para o entendimento sobre o que a definição de aprendizagem organizacional é (temas 1 e 2) e o que não é (tema 3). Os temas 1 e 2 sugerem que, embora a longa tradição cumulativa de pesquisa sobre aprendizagem humana possa ser útil, o tópico da aprendizagem organizacional é “um campo de investigação claramente distinto e justificadamente separado” (TEMPLETON et al., 2004, p. 270). O tema 1 leva ao entendimento de que não é possível transpor a tradição de pesquisa psicológica para a organização, e de que esta perspectiva deve ser considerada na construção de uma definição aceitável de aprendizagem organizacional. Assim, as organizações apresentam distintas (1) bases de conhecimento (processos de memória organizacional), (2) competências e (3) rotinas, que não são observáveis no nível individual de análise. O tema 2 prescreve tipos de aprendizagem organizacional (SLL e DLL), sugerindo que a aprendizagem organizacional envolve (1) um construto multi-dimensional; (2) dois conceitos teoricamente diferentes; ou (3) níveis de aprendizagem organizacional diferenciados pelo tipo de aprendizagem pretendido. Finalmente, o tema 3 trata de um “construto irmão que tem igual utilidade na pesquisa organizacional na descrição do que leva à efetividade da aprendizagem organizacional” (TEMPLETON et al., 2004, p. 271). No que se refere à operacionalização de aprendizagem organizacional, há dois temas na literatura que devem ser considerados para a definição de seus componentes. São eles: os subprocessos, ou subconstrutos propostos por Huber (1991) e o processo de mudança estrutural. Tema Operacional 1: A definição do domínio inclui os quatro subconstrutos de Huber Entendendo a aprendizagem organizacional como um processo, Huber (1991) incluiu quatro elementos distintos para o entendimento do conceito: (1) aquisição de conhecimento; (2) distribuição da informação; (3) interpretação da informação; e (4) memória organizacional. Estes quatro elementos satisfazem os três temas teóricos, pois contemplam o 5 requisito da base de conhecimento na forma da memória organizacional (tema 1) e especifica competências distintas (tema 2) e rotinas (tema 3). A aquisição de conhecimento é entendida como ponto de partida do processo de aprendizagem organizacional. Por meio de instrumentos específicos tais como atividades de inteligência de mercado ou práticas mais amplas como joint ventures e alianças estratégicas (MOORMAN, 1995), a organização constrói o conhecimento. Um aspecto relevante destacado por Huber (1991) é de que a simples coleta de informações no ambiente interno ou externo não qualifica a aquisição de conhecimento como uma etapa da aprendizagem organizacional. É necessário o reconhecimento de uso potencial desta informação pela organização. A distribuição da informação é a comunicação entre os atores organizacionais, ou a transferência das informações adquiridas para as diversas estruturas organizacionais (TEMPLETON et al., 2004). Esta etapa é de fundamental importância no entendimento da aprendizagem organizacional uma vez que a disseminação e o compartilhamento da informação podem transformar uma aprendizagem que era antes individual e que, a partir da distribuição, interpretação e reavaliação do significado da experiência, passa a constituir a aprendizagem de uma entidade maior. A etapa de interpretação da informação diz respeito ao mecanismo através do qual a organização decifra e estrutura a informação adquirida e distribuída. De acordo com Huber (1991), pode-se dizer que a aprendizagem na organização aumenta na medida em que mais interpretações sejam desenvolvidas e compreendidas pelos diferentes departamentos ou unidades de negócios. A quarta etapa, a da memória organizacional, refere-se à forma como as experiências e conhecimentos passados são trazidos à tona para oferecer suporte a atividades do presente. Para Huber (1991), a memória organizacional tem papel fundamental na ocorrência, na extensão e na profundidade dos processos básicos de aquisição, distribuição e interpretação da informação. Lukas, Hult e Ferrell (1996) descrevem a aprendizagem organizacional como o processo de manipular ou dar novos significados a estruturas cognitivas (dados, informação, conhecimento e experiências). A memória organizacional encerra um significado de mudança. Templeton et al. (2004) salientam que a memória organizacional difere do conceito de mudança estrutural com relação ao objeto de manipulação. Tema Operacional 2: A definição do domínio inclui o processo de mudança estrutural Templeton et al. (2004) consideram que o processo de mudança estrutural deve ser incluído na definição de aprendizagem organizacional. A mudança estrutural é descrita como parte da aprendizagem, freqüentemente referida na literatura como “mudança organizacional” ou “adaptação”, estendendo, assim, uma visão potencialmente cognitivista da aprendizagem organizacional. O processo de mudança estrutural tem paralelo com o tema teórico 2, que descreve as organizações como entidades que operam por meio de uma aprendizagem do tipo single-loop (SLL) ou do tipo double-loop (DLL). Para Dogson (1993), as organizações constróem e organizam conhecimento e rotinas em torno das suas atividades e dentro da sua cultura, adaptando e desenvolvendo a eficiência organizacional por meio das habilidades da sua força de trabalho. Nesse sentido, a aprendizagem organizacional é influenciada pela aprendizagem individual e ocorre através de todas as atividades da organização, em diferentes velocidades e níveis. Como conseqüência da aprendizagem, tem-se a adaptação, ou seja, a habilidade para fazer ajustes incrementais (TEMPLETON et al., 2004). A partir do exposto, a aprendizagem organizacional será entendida aqui como sendo: “um conjunto de ações (aquisição de conhecimento, distribuição de informações, interpretação de informações, memória organizacional) dentro 6 de uma organização que, de forma intencional ou não intencional, influencia a mudança organizacional positiva” (TEMPLETON, LEWIS e SNYDER, 2002, p. 189) As dimensões teóricas e operacionais sugeridas por Templeton et al. (2004) constituem um ponto de partida oportuno para o desenvolvimento de instrumentos de medida do construto aprendizagem organizacional. O tópico a seguir apresenta, de forma mais detalhada, a proposta de Templeton, Lewis e Snyder (2002), posteriormente utilizada como base para as análises deste artigo. 3 – Perspectivas para Mensuração da Aprendizagem Organizacional A partir de revisão de literatura sobre o tema, Templeton, Lewis e Snyder (2002) propuseram um instrumento de medida dos processos de aprendizagem organizacional. Os autores partiram de um programa de pesquisa em três fases, quais sejam: (1) definição conceitual de aprendizagem organizacional; (2) instrumento de mensuração da aprendizagem organizacional; e (3) perfis estatísticos da aprendizagem organizacional. Inicialmente com 31 itens para medição do processo de aprendizagem organizacional, o questionário do referido trabalho foi dividido em questões referentes aos processos, aos funcionários e à administração da organização. O processo de desenvolvimento e purificação da escala resultou em um instrumento com oito fatores medidos a partir de 28 indicadores de aprendizagem organizacional. Os fatores encontrados foram assim denominados: (1) Lembrança; (2) Comunicação; (3) Avaliação de Performance; (4) Cultivo Intelectual; (5) Adaptabilidade Ambiental; (6) Aprendizagem Social; (7) Gerenciamento do Capital Intelectual; e (8) Esforço Organizacional. A confiabilidade de todos os fatores foi medida via Alfa de Cronbach. O primeiro fator, denominado Lembrança, é constituído por cinco itens e diz respeito à extensão em que os membros da organização estão conscientes das fontes das informaçõeschave organizacionais e da sua aplicabilidade aos problemas existentes em cada área. Este fator apresentou cargas fatoriais entre 0,55 e 0,69 e α=0.86. A Comunicação, com três itens, refere-se à extensão da comunicação existente (incluindo o uso e acessibilidade a tecnologias de comunicação) entre os membros da organização (cargas fatoriais entre 0,51 e 0,84 e α=0,85). O terceiro fator, Avaliação de Performance, com quatro itens, representa a comparação da performance relacionada aos processos e resultados com as metas organizacionais (cargas fatoriais entre 0,58 e 0,81 e α=0,76). O quarto fator é o Cultivo Intelectual, representado por quatro itens que expressam o desenvolvimento de experiência, expertise e habilidades entre os funcionários (cargas fatoriais entre 0,51 e 0,68 e α=0,69). A Adaptabilidade Ambiental é o quinto fator, refletido nos quatro itens que representam elementos relacionados às respostas organizacionais à mudança ambiental (cargas fatoriais entre 0,60 e 0,66 e α=0,74). O sexto fator, Aprendizagem Social, é constituído por três itens e se refere à extensão em que os membros na organização aprendem sobre interesses organizacionais através de canais sociais (cargas fatoriais entre 0,63 e 0,74 e α=0,66). O sétimo fator é o Gerenciamento do Capital Intelectual, com três itens que refletem a extensão em que a organização gerencia o conhecimento, as habilidades ou outro tipo de capital intelectual para um ganho estratégico de longo prazo (cargas fatoriais entre 0,56 e 0,68 e α=0,52). Finalmente, o oitavo fator, Esforço Organizacional, é representado por apenas dois itens que refletem a extensão em que a organização capitaliza sobre o conhecimento, as práticas e capacidades internas de outras organizações (cargas fatoriais de 0,56 e 0,82 e α=0,46). Pode-se observar que os fatores apresentados no estudo de Templeton, Lewis e Snyder (2002) apresentaram níveis de confiabilidade dentro dos valores sugeridos na literatura (a 7 partir de 0,50, para estudos exploratórios, com valores satisfatórios entre 0,70 e 0,90) (HAIR et al., 2005), com exceção do oitavo fator. Destaca-se que o coeficiente Alfa de Cronbach é sensível ao número de itens da escala que, neste caso, é composta por somente dois indicadores. A avaliação da aplicabilidade da referida escala ao contexto brasileiro envolve observar se os fatores encontrados no estudo brasileiro serão similares àqueles identificados por Templeton, Lewis e Snyder (2002). A seguir, serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a consecução dos objetivos deste estudo. 4 – Procedimentos Metodológicos O processo de transformação de uma escala de mensuração desenvolvida no contexto organizacional norte-americano para o ambiente brasileiro requer procedimentos de adaptação do instrumento de pesquisa rigorosos. Neste sentido, considera-se que a principal contribuição deste estudo, no estágio em que se encontra, é a adaptação de um questionário desenvolvido para avaliação dos processos de aprendizagem organizacional ao contexto brasileiro. Uma série de procedimentos metodológicos foram seguidos a fim de se obter um questionário que traduza fielmente, em resultados comparáveis com estudos realizados em outros países, os processos de aprendizagem organizacional das empresas brasileiras. Para tanto, a escala de Templeton, Lewis e Snyder (2002) foi traduzida, passou por um processo de análise da versão, de validação de face, de pré-teste e de inclusão de novas dimensões de análise, como será a seguir descrito. Para esta etapa, optou-se, a partir do que foi relatado, por apresentar aos respondentes os 31 itens originais para posterior avaliação da estrutura da escala. 4.1 – Tradução da escala de aprendizagem organizacional A escala foi traduzida por um pesquisador não relacionado ao desenvolvimento deste projeto e submetido ao julgamento de dois pesquisadores participantes do estudo. Nesse processo, o tradutor desenvolveu uma versão da escala que foi analisada pelos pesquisadores de maneira isolada. As avaliações dos pesquisadores foram comparadas e algumas alterações foram implementadas. Foi necessária a adaptação de alguns termos utilizados no questionário original para uma versão mais adequada ao contexto brasileiro. Além disso, a escala que foi originalmente desenvolvida para ser implementada em grandes empresas foi adaptada para utilização em setores em que as organizações não são compostas por empresas com diversas unidades espalhadas no território nacional. Realizadas as alterações, o tradutor fez uma nova avaliação da versão da escala a fim de analisar, em conjunto com os pesquisadores, a manutenção do sentido original das perguntas formuladas. 4.2 – Validação de face O procedimento de Validação de Face deve ser empregado a fim de garantir que as questões formuladas efetivamente meçam o que é proposto pelo estudo (McDANIEL e GATES, 2003). Outros procedimentos de validação da escala não foram conduzidos neste estudo, pois Templeton, Lewins e Snyder (2002) o fizeram no processo de desenvolvimento e proposição das escalas de mensuração dos construtos de aprendizagem organizacional. Para o procedimento de validação de face deste estudo, o questionário com as questões relativas à escala de aprendizagem foi apresentado a um executivo com experiência em desenvolvimento e gestão de processos de aprendizagem em organizações e com formação acadêmica adequada a essa avaliação. A análise foi desenvolvida a partir de uma entrevista pessoal com um pesquisador responsável pelo estudo em que todos os itens presentes no questionário foram analisados pelo entrevistado e os registros foram feitos pelo pesquisador. Nesse processo os itens constantes na escala foram avaliados a fim de se verificar se os 8 mesmos tinham a capacidade de abranger adequadamente o domínio do construto medido, conforme sugerido por Malhotra (2001). Como resultado, foi obtida uma análise das questões que representariam o construto aprendizagem organizacional presentes no instrumento de coleta de dados. A análise descritiva resultante desse processo de validação é apresentada posteriormente no capítulo de resultados. 4.3 – Operacionalização dos construtos do Instrumento As 31 questões da escala de aprendizagem organizacional operacionalizadas a partir do estudo de Templeton, Lewins e Snyder (2002) envolveram uma escala de concordância de cinco pontos em que 1 significa “discordo totalmente” e 5 significa “concordo totalmente”. O objetivo deste projeto é, não apenas adaptar um modelo de questionário para avaliação dos processos de aprendizagem organizacional, mas ampliar essa análise de forma a comparar iniciativas e resultados de diferentes empresas. Para tanto, julgou-se necessária a inclusão de novas escalas de mensuração que permitissem avaliar o tipo de estratégia que orienta as ações das empresas e os resultados por elas obtidos. Para que se possa relacionar os processos de aprendizagem utilizados pelas empresas com seus comportamentos estratégicos, optou-se por incluir no questionário a tipologia de Miles e Snow (2003), escala originalmente desenvolvida em 1978 e amplamente utilizada para definição dos tipos estratégicos. Essa característica é muito relevante neste estudo uma vez que se trata de uma medida que pode ser utilizada para comparações entre empresas de diferentes países, com diversos ambientes competitivos e culturais. Existem três modelos estratégicos na tipificação de Miles e Snow (2003): analyser, prospector e defender. Considera-se que o tipo reactor não seja uma postura estratégica da empresa, mas a falta de uma definição clara da forma de atuação no mercado (MATSUNO e MENTZER, 2000). Os tipos estratégicos foram apresentados como variáveis categóricas mutuamente excludentes em que os respondentes devem escolher o perfil que mais se aproxima das características da sua organização. Essa medida é considerada adequada, pois reflete a posição que a empresa adota em relação às variáveis do ambiente competitivo e como reage a elas, elemento fundamental no processo de implementação de uma estratégia (MATSUNO e MENTZER, 2000). O Quadro 1, a seguir, ilustra a caracterização de cada tipo. Quadro 1 – Caracterização dos Tipos Estratégicos (Miles e Snow, 2003) - DEFENDER – A empresa procura identificar e manter uma posição estável em um segmento de mercado seguro. A nossa tendência é de oferecer um número mais limitado de produtos do que os concorrentes de forma a garantir nossa posição com um produto de maior qualidade, melhor serviço, menor preço ou outro tipo de vantagem competitiva. Normalmente a empresa não é líder no desenvolvimento de novos produtos. - PROSPECTOR – A empresa trabalha com um amplo conjunto de produtos para atender grande parte das necessidades do mercado. Um dos valores da empresa é o espírito de inovação, tendendo a ser a primeira a entrar em novos mercados ou lançar novos produtos. A empresa responde rapidamente a sinais que representem oportunidades no mercado. - ANALYSER – A empresa procura manter um conjunto estável e limitado de produtos no mercado. As mudanças ocorrem após uma cuidadosa análise das tendências do setor. Há busca constante de eficiência de custos para no desenvolvimento de novos produtos. - REACTOR – A empresa apresenta uma orientação consistente de produto e mercado-alvo. Normalmente não ocorrem movimentos competitivos agressivos de forma a não oferecer grandes riscos aos concorrentes. Quando se faz necessário, a empresa responde ao mercado para evitar a perda de uma posição alcançada. Além dos tipos estratégicos, julgou-se necessário uma avaliação dos resultados obtidos por essas empresas ao empregar determinados procedimentos relacionados à aprendizagem organizacional. Para tanto, adaptou-se a escala de avaliação de desempenho organizacional proposta por Zhou, Bennet e Tse (2005). Os autores propõem um conjunto de indicadores que avalia os resultados em vendas, retorno sobre investimentos, lucratividade e participação de mercado, de forma relativa aos principais concorrentes. Os respondentes devem se posicionar relativamente aos concorrentes nos indicadores de desempenho a partir de uma escala de 9 concordância de sete pontos em que 1 significa “Muito pior” e 5 significa “Muito melhor”. As questões são detalhadas na Tabela 5 do capítulo de resultados preliminares. 4.4 – Pré-teste O pré-teste é um procedimento essencial para o desenvolvimento de uma pesquisa (CHURCHILL, 1995). Com o pré-teste o pesquisador tem condições de, a partir dos dados coletados em uma pequena amostra, identificar e eliminar potenciais problemas da pesquisa. Segundo Malhotra (2001) a melhor maneira de se efetuar um pré-teste é a partir de entrevistas pessoais para a obtenção do maior número de dados possíveis, todavia é também indicado que o procedimento seja semelhante ao adotado na pesquisa posterior. Neste estudo os pesquisadores optaram pelo seguinte procedimento: 1. seleção de um pequeno grupo de executivos que poderiam participar da pesquisa em função do tipo de atividade desempenhada pelos mesmos e pelo setor em que as suas organizações operam; 2. apresentação da pesquisa por e-mail para essa amostra; 3. envio do questionário por e-mail com a explicação dos objetivos do pré-teste e solicitação de registro de dúvidas, sugestões e/ou comentários; 4. acompanhamento das respostas em um prazo de dez dias úteis; 5. contato posterior à resposta a fim de verificar os comentários dos pesquisados. Foram selecionados, e responderam ao pré-teste, seis executivos de empresas do setor de serviços e da indústria. As empresas de prestação de serviços foram seguradoras e as empresas industriais envolveram três do setor metal-mecânico e uma calçadista. Segundo a avaliação desses respondentes o questionário apresenta itens que são facilmente respondidos. Não foram identificados termos de difícil compreensão e a ordem das perguntas mostrou-se adequada ao processo de resposta. Assim sendo, os resultados do pré-teste atenderam aos requisitos estabelecidos por Churchill (1995). A seguir são apresentados os resultados até a presente fase do estudo. 5 – Resultados preliminares Os resultados do estudo são apresentados em função de seus objetivos. Inicialmente, são descritas as principais contribuições e análises qualitativas realizadas pelo expert que possibilitou a Validação de Face da escala. Posteriormente, são apresentados resultados preliminares da análise descritiva. Os resultados quantitativos são ilustrativos, em função do número de questionários obtidos até este momento da pesquisa, mas sua apresentação tem o objetivo de demonstrar algumas análises que serão conduzidas assim que um número maior de respostas for obtido. 5.1 – Avaliação qualitativa do questionário O procedimento de Validação de Face, conforme já foi mencionado anteriormente, tem por objetivo a verificação da adequação dos indicadores ao seu objetivo de medição. Em função disso, os conjuntos de questões foram avaliados e sua análise é a seguir descrita. Os três conjuntos de perguntas (processos, funcionários e administração) são explicitados na seção referente aos resultados quantitativos, respectivamente nas Tabelas 1, 2 e 3. O conjunto de perguntas relativas aos processos, segundo o participante do estudo, reflete ações importantes das empresas para a gestão dos processos que envolvem o conhecimento ou o aprendizado nas organizações. Foi destacado que são perguntas um pouco genéricas, mas que isso é compreensível no momento em que o objetivo do estudo é proporcionar uma comparação entre atividades de empresas de diferentes tamanhos, setores e 10 modelos de gestão. Uma questão julgada pouco útil, para o entrevistado é “A empresa adquire subunidades baseada em ganhos financeiros de curto prazo”, pois é demasiadamente direcionada a empresas de grande porte, o que não caracteriza a situação de parte das empresas. Esse indicador ainda deve ser observado em uma pesquisa com mais dados para que se defina pela sua permanência ou não no instrumento de pesquisa. Um destaque importante feito pelo entrevistado que validou o questionário diz respeito às rotinas a que as perguntas se referem (nessa e em outras dimensões do questionário). Segundo ele, é importante que se compreenda como as empresas transformam boas práticas (conhecimento individual e tácito) em rotinas estabelecidas de forma a explicitar a forma como algumas atividades devem ser desenvolvidas. Foi ainda observado que as perguntas devem levar a diferentes tipos de respostas de acordo com as estratégias adotadas pelas empresas. Os exemplos citados de (1) empresas que procuram formar seus profissionais, pois possuem uma cultura muito forte e (2) empresas que estão permanentemente buscando novos profissionais no mercado para “oxigenar” seus quadros, e considerando-se que isso estaria evidente nas respostas de ambas, indica que o instrumento possui a capacidade de discriminar comportamentos organizacionais que se pretende identificar. No bloco de questões referente aos funcionários, a primeira alteração sugerida foi em relação ao termo de referência “funcionário”. Inicialmente, a tradução foi feita como “empregado”, que apesar de ser um termo correto, é pouco utilizado nas organizações. Entre alternativas mais usuais, como “colaborador”, optou-se por alterar o termo para “funcionário” por se julgar mais adequado. Para o respondente, as questões referentes aos funcionários devem refletir muito das práticas de aprendizagem das organizações e das influências culturais que influenciam essas práticas. Foi comentado ainda que é pela caracterização dos comportamentos de funcionários que será possível identificar os modelos culturais presentes nas organizações. Foi destacado que a identificação de meios informais de comunicação e a utilização de um conjunto variado de ferramentas para esse fim, por exemplo, poderia indicar a troca de experiências fora dos caminhos formais da organização. Essa constatação pode sugerir a existência de comunidades de aprendizagem. A existência e uso de sistemas de informação foi outro ponto destacado nas observações feitas. Isso indicaria a existência de um ambiente em que o uso do conhecimento é incentivado. O respondente associou essa situação à capacidade de inovação das organizações. Além disso, foi destacada a importância de se avaliar o envolvimento dos funcionários com as tarefas desempenhadas. Esse item foi relacionado à questão da conscientização sobre como a tarefa individual pode servir para o desenvolvimento da organização. O entrevistado no processo de validação justificou a importância desse indicador ao associá-lo ao interesse do funcionário em fazer algo importante para a empresa. Quanto ao terceiro bloco de questões, relativo à administração, foi mencionado que estas fornecem informações acerca da orientação das organizações. Para o entrevistado, esses indicadores fornecem menos dados objetivos (diretamente relacionados aos processos) do que os anteriormente tratados. Ainda assim, é importante que se compreenda como a aprendizagem em uma organização pode ser potencializada pelas ações da alta administração. A própria forma de agir da cúpula da organização é um importante indicador para análise e referencial para a estrutura da empresa. Como resultado da etapa de Validação de Face, considera-se que a tradução e adaptação da escala de Templeton, Lewins e Snyder (2002) atendeu aos objetivos propostos e que a escala tem condições de efetivamente efetuar uma medição de processos relacionados aos procedimentos de gestão da aprendizagem nas organizações. 5.2 – Resultados quantitativos preliminares e possibilidades de análise 11 Nesta seção são apresentados os resultados quantitativos preliminares a partir da coleta de dados. Ainda assim, julga-se importante sua apresentação como forma de representar o que se poderá obter uma vez concluído o processo de coleta de dados. São discutidos a seguir os métodos de análise possíveis de serem empregados para o detalhamento das informações. Inicialmente, pretende-se trabalhar com dados descritivos de forma a estabelecer um benchmarking setorial para as empresas. Dessa forma, com os dados trabalhados e divulgados de maneira simples (análises univariadas), como apresentados nas Tabelas 1 a 5, é possível que as empresas se avaliem comparativamente ao conjunto das demais. Além disso, essa forma de análise permite uma exploração detalhada de características da amostra e de avaliação de distribuição e normalidade das respostas. A amostra obtida nesta etapa do projeto apresentou uma grande variedade de tipos de organizações participantes. Essas empresas apresentam, por exemplo, número de funcionários contratados variando entre 15 e 3800. Essa variedade de perfis proporcionou que, em uma primeira análise, fossem comparados os dados das empresas agrupadas de acordo com o número de funcionários. Foram comparados os resultados de empresas em dois grupos: empresas com até 99 funcionários (12 casos) e empresas com mais de 100 funcionários (18 casos). Para essa separação foi utilizado o critério do SEBRAE que classifica as indústrias com até 99 funcionários como Empresas de Pequeno Porte. A seguir, são apresentadas algumas estatísticas preliminares (a partir de uma amostra com 30 casos) referentes aos (1) três conjuntos de questões da escala de aprendizagem (processos, funcionários e administração), (2) aos tipos estratégicos e (3) aos indicadores de desempenho das empresas. Os resultados apresentados representam as médias na escala de concordância e a análise da significância da diferença de médias entre os grupos. A Tabela 1 apresenta os resultados relativos aos processos. Tabela 1 – Processos das empresas Questões referentes aos processos das empresas A empresa desenvolve técnicos /especialistas internamente. A empresa armazena informações detalhadas de processos centrais. Existe na empresa formalizada a função de gerenciamento da informação. A empresa é lenta para reagir à mudança tecnológica. A empresa mantém um conjunto de habilidades em seu grupo de funcionários. A empresa contrata pessoas altamente especializadas ou com alto grau de instrução. A empresa faz uso extensivo de armazenagem eletrônica (como base de dados, data warehousing, documentos eletrônicos). A empresa coleta dados em diversos aspectos de resultados. A empresa adquire subunidades (como organizações, funções, departamentos) baseada em ganhos financeiros de curto prazo. Quando as capacidades internas são deficientes, adquirimos estas do ambiente externo. Até 99 2,73 2,64 1,73 2,09 3,82 Mais de 99 4,11 4,11 3,67 2,89 3,89 Sig. 0,001 0,001 0,000 0,101 0,795 3,00 3,44 0,313 3,18 3,00 3,89 3,94 0,157 0,012 2,36 2,72 0,460 3,45 3,78 0,443 Na comparação entre os dois grupos de empresas, em relação aos processos, são identificadas algumas diferenças que apresentam resultados estatisticamente significativos. Verifica-se que as empresas de maior porte demonstram melhor estrutura para desenvolvimento de aprendizagem organizacional, relacionada aos indicadores de desenvolvimento interno de especialistas, ao armazenamento de informações sobre os processos, à formalização da função de gerenciamento da informação e à coleta de dados. Os resultados demonstram que as empresas de maior porte se destacam principalmente no gerenciamento da informação. Essas empresas coletam mais dados, os armazenam e os gerenciam a partir de uma estrutura formalizada. Tabela 2 – Funcionários das empresas Questões referentes aos funcionários das empresas Os funcionários utilizam meios eletrônicos para se comunicarem. Até 99 3,82 Mais de 99 4,56 Sig. 0,051 12 Os funcionários têm uma grande variedade de ferramentas de comunicação (telefone, e-mail, Internet e outros) à disposição. Os funcionários resistem em mudar para novas formas de fazer as coisas. Os funcionários aprendem a respeito dos desenvolvimentos recentes da empresa através de meios informais (como notícias e fofocas). Os funcionários recuperam informações arquivadas para a tomada de decisões. Os funcionários fazem uso extensivo do Sistema de Informação como instrumento de apoio no trabalho. Os funcionários são cientes de onde o conhecimento deles pode servir para a empresa. Os funcionários mantêm informações (como números, planilhas, idéias) longe de outros funcionários. Quando os funcionários necessitam de informações específicas, eles sabem quem as terá. Os funcionários são encorajados para se comunicarem com clareza. 4,09 3,73 4,39 3,06 0,460 0,135 2,64 3,45 2,89 3,83 0,551 0,315 3,18 3,94 0,046 3,18 3,28 0,780 2,91 2,56 0,399 3,55 4,18 3,78 4,00 0,524 0,509 A dimensão relativa aos funcionários das empresas (Tabela 2) apresenta uma maior semelhança entre os dois grupos de empresas. Nesta dimensão as empresas de maior porte apresentam um destaque em relação ao uso de sistema de informações. Tanto o indicador relativo ao uso de meios eletrônicos de comunicação quanto o de uso de sistema de informação como instrumento de trabalho indicam alguma superioridade das empresas maiores nessa dimensão. Tabela 3 – Administração das empresas Questões referentes à administração das empresas A administração direciona os problemas de forma pró-ativa. A administração monitora importantes variáveis de performance organizacional. A administração elimina informações obsoletas do acesso dos funcionários. A administração escolhe funcionários para treinamento em outras áreas da organização. A alta administração integra informações de diferentes áreas da organização. A administração aprende com os parceiros da empresa (clientes, fornecedores e outros). A administração ignora a estratégia dos competidores. A administração aprende novas coisas a respeito da empresa por observação direta. A administração encoraja o uso de estruturas e modelos para apoiar a tomada de decisão. A administração utiliza os resultados (feedback) de estudos da empresa (como pesquisas e tentativa de novos métodos). Os funcionários são desencorajados por recomendarem novas idéias. Até 99 3,27 Mais de 99 3,56 Sig. 0,405 3,55 3,09 4,22 3,56 0,049 0,221 2,18 3,09 3,61 4,11 0,000 0,005 3,55 1,64 4,11 2,28 0,039 0,100 3,45 3,78 0,280 3,09 3,78 0,111 3,00 1,82 3,83 1,78 0,043 0,909 A partir do grupo de indicadores relacionado à administração das empresas (Tabela 3) é possível se identificar um maior número de diferenças entre as empresas de diferentes portes. O maior monitoramento de variáveis de desempenho da organização, possivelmente decorrente do maior uso de sistemas de informação e de coleta de dados, conforme visto anteriormente, é destacado entre as maiores empresas. Pode-se considerar ainda, associado a esse indicador, a integração das informações provenientes de diversas áreas da organização e o uso de estudos da empresa, o que demonstra uma certa consistência de ações que diferenciam as empresas de maior porte em relação às demais. Além disso, as maiores empresas também apresentam uma maior propensão a aprender com parceiros, entendidos aqui como clientes, fornecedores ou mesmo outras organizações. Tabela 4 – Tipo estratégico Tipo estratégico Prospector Nº de empresas 5 13 Analyzer Defender Reactor Nota: houve duas não-respostas a esta questão. 10 8 5 O número de respostas obtido nos resultados preliminares do estudo não possibilita análises segmentadas em função do Tipo Estratégico (Tabela 4). Ainda assim, esses resultados são aqui apresentados uma vez que se trata de um indicador relevante para comparação de comportamentos de aprendizagem a partir das estratégias organizacionais adotadas. Tabela 5 – Desempenho das empresas Indicadores de desempenho Aumento das vendas nos últimos 2 anos Retorno sobre investimento Nível de lucratividade Participação de mercado Até 99 Mais de 99 3,18 3,88 3,55 3,47 3,36 3,59 3,00 3,65 Sig. 0,067 0,831 0,521 0,030 O desempenho das empresas (Tabela 5) foi verificado a partir de uma escala comparativa, como já assinalado na seção sobre a operacionalização dos construtos. Os resultados indicam que empresas de maior porte apresentam melhores resultados em relação ao aumento das vendas e à participação de mercado. Posteriormente, em análises bi e multi-variadas, é possível a busca de um número maior de informações. A análise de comparação de médias (ANOVA), por exemplo, pode demonstrar os diferentes comportamentos organizacionais entre empresas de diversos setores econômicos, ou mesmo em função do Tipo Estratégico com que se identificam. Assim, é possível verificar quais são e onde se estabelecem as diferenças entre as empresas. É ainda possível a utilização de uma análise de cluster em que as empresas sejam agrupadas em função das semelhanças existentes em seus perfis, assim poder-se-ia verificar grupos de empresas que se comportam de forma semelhante e compará-las com as demais. Aprofundando ainda mais a análise dos dados, pretende-se correlacionar essas informações já obtidas sobre as diferenças entre perfis com resultados de desempenho. Com isso, obtém-se a informação das práticas que conduzem a melhores resultados. 6 – Considerações Finais Há mais de duas décadas, o campo de estudos da aprendizagem organizacional tem sido criticado pelo pouco esforço por parte dos pesquisadores para ligar os resultados de pesquisa a um corpo teórico consistente, resultando em uma fragmentação do conhecimento na área (FIOL e LYLES, 1985; HUBER, 1991; LÄHTEENMÄKI, TOIVONEN e MATTILA, 2001; FRIEDMAN, LIPSHITZ e POPPER, 2005). O desenvolvimento de escalas de mensuração robustas para avaliação de fenômenos organizacionais requer um processo de validação e replicação em diferentes ambientes a fim de obter um grau de confiabilidade aceitável em relação à medição. Em função disso, o primeiro esforço na estruturação de um estudo do tema foi de tradução e adaptação de um instrumento de pesquisa validado em outro contexto para o ambiente brasileiro. Essa é uma etapa de pesquisa importante para que posteriormente os resultados obtidos em novos estudos sejam passíveis de comparação com outros que vem sendo desenvolvidos em outros países pois, com isso, passa-se a ter uma perspectiva de comparação entre diferentes contextos culturais e econômicos. A escala proposta por Templeton, Lewins e Snyder (2002) constitui um instrumento relevante como ponto de partida para a investigação empírica dos processos de aprendizagem nas organizações. Alguns dos resultados daquele estudo referentes à validação e 14 confiabilidade do instrumento corroboram a necessidade de novas investigações acerca da aplicabilidade da escala. Todavia, já existe uma consistência teórica, oriunda de diversos estudos de aprendizagem, para que alguns esforços de quantificação, e estabelecimento de escalas que permitam análises dos processos presentes nas organizações e, conseqüentemente, comparações entre diferentes ambientes organizacionais, sejam feitos. Com isso, o interesse dos pesquisadores ao prosseguir com este projeto de pesquisa consiste na avaliação dos fatores que melhor representam o construto aprendizagem organizacional – no trabalho de Templeton, Lewins e Snyder (2002) foram identificados oito fatores, detalhadamente descritos no presente artigo – para, a partir disto, proceder à verificação de correlações entre processos de aprendizagem nas organizações, as estratégias associadas a isso e os respectivos níveis de desempenho. Considera-se que esse seja um avanço importante no campo de estudo, uma vez que pode trazer uma perspectiva de performance associada aos processos de gestão da aprendizagem nas organizações. Foi identificado, na pesquisa, ainda que de forma exploratória, o grande interesse das empresas em ter acesso a um elemento de referência para seus processos associados à aprendizagem. A receptividade da pesquisa e o interesse em participar da divulgação dos resultados, por parte de algumas empresas, corroboram a importância do estudo tanto para a academia, como um novo caminho para exploração da área, quanto para empresas que se mostram ávidas para ter acesso a esses dados e com isso estabelecerem elementos comparativos de suas realidades. 7 – Referências Bibliográficas ARGYRIS, Chris. Double Loop Learning in Organization. Harvard Business Review, v. 55, n. 5, p 115-125, 1977. ARGYRIS, Chris; SCHÖN, Donald. Organizational Learning: a Theory of Action Perspective. 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