ALESSANDRA DE SOUZA MIRANDA RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AMBULATORIAIS APÓS UMA SESSÃO COM EXERCÍCIO DE CAMINHADA E DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE RECIFE, 2012 ALESSANDRA DE SOUZA MIRANDA RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AMBULATORIAIS APÓS UMA SESSÃO COM EXERCÍCIO DE CAMINHADA E DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Associado de Pós-graduação em Educação Física UPE/UFPB como requisito parcial à obtenção do título de mestre. Área de concentração: Saúde, Desempenho e Movimento Humano Orientador: Dr. Raphael Mendes Ritti Dias RECIFE, 2012 ALESSANDRA DE SOUZA MIRANDA INTERMITENTE EXERCÍCIO DE CAMINHADA E DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM CLAUDICAÇÃO RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AMBULATORIAIS APÓS UMA SESSÃO COM DISSERTAÇÃO DE MESTRADO UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA A dissertação RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AMBULATORIAIS APÓS UMA SESSÃO COM EXERCÍCIO DE CAMINHADA E DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE Elaborada por Alessandra de Souza Miranda Foi julgada pelos membros da Comissão Examinadora e aprovado para obtenção do grau de MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA na área de concentração: Saúde, Desempenho e Movimento Humano. Data: 11 de dezembro de 2012. ___________________________________ Prof. Dr. Raphael Mendes Ritti-Dias Coordenador do Programa Associado de Pósgraduação em Educação Física UPE/UFPB BANCA EXAMINADORA: ________________________________ Prof. Dr. Crivaldo Gomes Cardoso Júnior Universidade Estadual de Londrina ___________________________________ Prof. Dr. Dário Sobral Filho Universidade de Pernambuco ___________________________________ Prof. Dr. Amilton da Cruz Santos Universidade Federal da Paraíba DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais Evaldo Miranda e Josefa Ferreira de Souza, pelos ensinamentos morais transmitidos no decorrer da minha educação e por sempre me apoiarem com carinho, dedicação e compreensão na minha escolha profissional. Ao meu marido Carlos Santana (mô), que ao longo dessa trajetória do mestrado esteve sempre presente, me apoiando com carinho e atenção, além disso, tendo paciência com a ajuda na parte tecnológica, pois tenho certeza que dei muito trabalho. À minha filha querida, Amanda, que ainda está na minha barriga, por ter sido forte na sua luta para vir ao mundo, pois a minha gravidez, inicialmente, foi de risco, contudo, precisava dar continuidade às tarefas do mestrado. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a toda espiritualidade amiga, por me ampararem nos momentos mais difíceis dessa trajetória. Aos meus pais, Evaldo e Josefa, pelo carinho e compreensão da minha ausência nos momentos de lazer. Ao meu marido, Carlos Santana, pelo apoio, carinho, atenção, compreensão, paciência e incentivo que me deu para concluir cada etapa do mestrado. À minha filha Amanda, que, mesmo ainda na barriga, sentia o seu carinho quando mexia, esse gesto me proporcionava força para continuar nessa jornada. Ao meu irmão, Henrique, e aos meus sobrinhos, Priscilla e Thiago, por virem a Recife em feriados prolongados e compreenderem a minha ausência com eles. Ao professor Dr. Wagner Luiz do Prado, que inicialmente me apoiou no seu grupo de pesquisa e, quando citei algumas dificuldades que poderia encontrar na pesquisa, o mesmo não me desmotivou e, ainda, mostrou uma saída para cada dificuldade, jamais esquecerei. À minha professora querida Fernanda Goulart Ritti-Dias, pela paciência, dedicação, incentivo e também por me provar que eu tinha potencial para aprender o Inglês. Ao professor Dr. Raphael Mendes Ritti-Dias, primeiro por me aceitar como sua orientanda, pois foi e sempre será uma honra tê-lo tido como orientador. Segundo, por todos os ensinamentos acadêmicos adquiridos, pela paciência, dedicação, incentivo, compreensão, por acreditar no meu potencial e me incentivar a sempre ir além. Ao grande mestre Sérgio Cahú, do qual tive a honra de ser aluna na graduação e sua orientanda na especialização. Jamais esqueço que foi através dos seus ensinamentos acadêmicos que me apaixonei pelo sistema cardiovascular. Você não representa apenas o mestre acadêmico e, sim, o mestre dos mestres na minha vida, sempre me incentivando nessa trajetória e mostrando a força do nosso senhor Jesus Cristo. À minha grande amiga Lausanne, que é, como sempre brinco: minha advogada de defesa. Não esqueço jamais que você foi a minha grande incentivadora na participação da seleção do mestrado. Depois me ensinou todos os caminhos a serem trilhados e esteve sempre presente, mesmo com sua ausência. Nunca esqueço as suas palavras incentivadoras quando eu queria fraquejar: “vai amiga, você consegue, falta pouco, quando você perceber chegou o dia da defesa e, o mais importante, Deus jamais desampara os seus filhos”. Aos pacientes que sempre tiveram dispostos a me ajudar. Às vezes chegavam com problemas pessoais, financeiros ou de saúde, mas nunca me deixaram, ao contrário, diziam: “estamos com a senhora até o fim”. Ao Dr. Anacleto Rodrigues de Carvalho, porque além de ter disponibilizado o espaço da sua clínica, “Angioclínica”, também esteve sempre disposto a explicar e tirar dúvidas sobre a doença arterial periférica. À Dra. Silvana Lyra, cardiologista do PROCAPE, por ter disponibilizado vários horários de consultas para a realização das triagens cardiológicas e por ter sido sempre acessível em me atender, quando necessário, para tirar dúvidas sobre algum paciente. À Dra. Fátima Monteiro, cardiologista do PROCAPE, responsável pela realização de todos os testes ergométricos aplicados nos pacientes do projeto. Sempre dando uma palavra de incentivo e elogiando o trabalho realizado. Ao Dr. Carlos Antônio, cardiologista do PROCAPE, por ter disponibilizado um horário fora do seu expediente de trabalho para realização do eco-cardiograma de estresse miocárdico em todos os pacientes do projeto. A cada exame realizado demonstrava sua satisfação quando o paciente não apresentava isquemia miocárdica, dizia: “paciente liberado”, em seguida perguntava: “faltam quantos?”, e afirmava: “irei concluir todos os seus exames, não se preocupe!”. Ao Dr. Dário Sobral, cardiologista do PROCAPE, por ter sempre me recebido quando precisava da sua ajuda, quer seja para realizar um exame em algum paciente ou, até mesmo, para me conseguir emprestado o monitor ambulatorial da pressão arterial, para agilizar as coletas do projeto. Ao Dr. José Olimpio, médico vascular do Hospital Oswaldo Cruz, que depositou sua confiança no projeto desde o primeiro momento em que lhe apresentei e encaminhou, nos seus dias de consulta no ambulatório, pacientes com doença arterial periférica, para participar do projeto. A todos os professores do mestrado, que contribuíram não apenas para o meu crescimento acadêmico, mas também na vida pessoal. A todos os funcionários da ESEF, em especial a Juliana, Carminha, Nilde, Aline, Thiago e, principalmente, a secretária da Pós-Graduação (Salete), pela gentileza e preocupação em sempre resolver algum problema, quando surgia. Aos professores da ESEF, em especial Carla Toniolo, Sérgio Cahú, Marcos André, Marcos Aurélio, Fabiano (choquito), Warlindo, Keila Brandão, Patrícia, Nádia Novena e Marcílio por todas as vezes que sempre perguntavam: “como vai o mestrado?”. A todos os amigos do GPHEME, em especial aqueles do projeto da claudicação intermitente: Lausanne, Mariana, Fábio, Tatiane, Henrique, Marília, Aluísio e Patrícia. À FACEPE, por permitir dedicação exclusiva ao programa de pós-graduação, contribuindo para minha formação profissional. Por fim, a todos que participaram dessa trajetória contribuindo de alguma forma para o meu crescimento profissional e pessoal. “A persistência é o antídoto da desistência; a determinação é a coragem transformada em ação.” Dr. Marco RESUMO Em pacientes com claudicação intermitente (CI), uma sessão de exercício de força promove redução da pressão arterial clínica, que não é mantida em condições ambulatoriais. Estudos em hipertensos têm mostrado efeitos cardiovasculares duradouros com a realização de exercícios aeróbios, pode ser que esse tipo de exercício potencialize a duração das respostas cardiovasculares dos pacientes com CI. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi verificar o efeito de uma sessão com exercício de caminhada e de força nas respostas cardiovasculares ambulatoriais de indivíduos com Cl. Treze pacientes com CI, de ambos os gêneros, participaram de três sessões experimentais, realizadas em ordem aleatória: exercício caminhada (EC), exercício força (EF) e sessão controle (SC). Na sessão EC foi realizada caminhada em esteira, com 10 ciclos, com dois minutos de duração e velocidade correspondente ao início dos sintomas de CI. Na sessão EF foram realizados oito exercícios (supino reto, leg-press 45º, remada baixa, extensão dos joelhos, elevação frontal, flexão dos joelhos, rosca direta e abdução de quadril), com duas séries de 10 repetições e carga entre 5 a 7 na escala de percepção subjetiva de esforço de OMNI-Resistance Exercise Scale. Na sessão SC os exercícios de força foram realizados sem carga e, posteriormente, os indivíduos ficavam em pé na plataforma da esteira. Antes, e até 24 horas após as intervenções, a pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC) e o duplo produto (DP) foram obtidos. Os dados foram analisados através da ANOVA de dois caminhos para medidas repetidas, seguida do teste posthoc de Newman-Keuls, com p<0,05. Em comparação aos valores pré-intervenção a PAS, PAD, PAM, FC e o DP não sofreram alterações ao longo das 24 horas em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). Como conclusão, os resultados deste estudo indicaram que de forma similar o exercício de caminhada e o exercício de força não promoveram respostas cardiovasculares duradouras em pacientes com CI. Palavras-chave: exercício, cardiovascular, claudicação intermitente. ABSTRACT Patients with intermittent claudication (IC), a session of strength training promotes lowering blood pressure clinic is not maintained in ambulatory conditions. Studies in hypertensive have shown cardiovascular effects lasting with a performing aerobic exercises, it may be that this type of exercise potentiates the duration of cardiovascular responses of patients with IC. Thereby, the aim of this study was to verify the effect of a session with walking exercise and strenght cardiovascular responses in ambulatory individuals with IC. Thirteen patients with IC, of both genders participated three experimental sessions perfomed in random order: exercise walking (EC), exercise strength (EF) and session control (SC). In EC session walking on a treadmill was performed with 10 cycles of two minutes and velocity corresponding to the early symptoms of IC. In Session EF were performed eight exercises (bench press, leg press 45, seated row, knee extension, frontal raise, knee curl, arm curl and hip abduction), with two sets of 10 repetitions and load between 5-7 scale of perceived exertion of OMNI-Resistance Exercise Scale. In SC session on strength exercises were performed without addition load and after the individuals were standing on the platform of the treadmill. Before and after to 24 hours intervention, systolic blood pressure (SBP), diastolic blood pressure (DBP), mean arterial pressure (MAP), heart rate (HR) and rate pressure product (RPP) were obtained. Data were analyzed using ANOVA two-way repeated measures followed by post-hoc Newman-Keuls, p <0.05. Compared to values pre-intervention SBP, DBP, MAP, HR, and RPP did not change over the 24 hours in neither of the experimental sessions (p> 0.05). In conclusion, the results of this study indicated that similarly the walking exercise and strength exercise did not promote lasting cardiovascular responses in patients with IC. Keywords: exercise, cardiovascular, intermittent claudication. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Fluxograma dos pacientes recrutados para participar na pesquisa......30 FIGURA 2 – Desenho experimental do estudo..........................................................32 FIGURA 3 – Desenho das sessões experimetais......................................................35 FIGURA 4 – Resposta clínica da pressão arterial sistólica após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................................41 FIGURA 5 – Resposta clínica da pressão arterial diastólica após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................42 FIGURA 6 – Resposta clínica da pressão arterial média após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................................43 FIGURA 7 – Resposta clínica da frequência cardíaca após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................................44 FIGURA 8 – Resposta clínica do duplo produto após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................................45 FIGURA 9 – Resposta ambulatorial da pressão arterial sistólica após as sessões exercício caminhada, exercício força e a sessão controle ........................................46 FIGURA 10 – Resposta ambulatorial da pressão arterial diastólica após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................46 FIGURA 11 – Resposta ambulatorial da pressão arterial média após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................47 FIGURA 12 – Resposta ambulatorial da frequência cardíaca após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle .......................................................48 FIGURA 13 – Resposta ambulatorial do duplo produto após as sessões exercício caminhada, exercício força e controle........................................................................48 FIGURA 14 – Número de passos após as sessões experimentais exercício caminhada, exercício força e sessão controle ..........................................................51 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Características dos pacientes incluídos no estudo...............................38 TABELA 2 – Carga e percepção subjetiva de esforço em cada exercício da sessão exercício de força.......................................................................................................39 TABELA 3 – Velocidade média, frequência cardíaca, percepção de dor e distância total de caminhada durante a sessão exercício de caminhada.................................39 TABELA 4 – Variáveis cardiovasculares antes das sessões experimentais.............40 TABELA 5 – Respostas das variáveis cardiovasculares após as sessões experimentais nos períodos de 24 horas, vigília e sono............................................49 TABELA 6 – Respostas das cargas pressóricas da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, após as sessões experimentais nos períodos de 24 horas, vigília e sono...............................................................................................................50 TABELA 7 – Respostas do descenso noturno da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica e da ascensão matutina da pressão arterial sistólica, após as sessões experimentais...............................................................................................51 LISTA DE SIGLAS 1RM – Uma repetição máxima CI – Claudicação intermitente DAP – Doença arterial periférica DC – Distância de claudicação DP – Duplo produto DTC – Distância total de caminhada EC – Exercício caminhada EF – Exercício força EFC – Exercício força e caminhada FC – Frequência cardíaca HPE – Hipotensão pós-exercício ITB – Índice tornozelo/braço MAPA – Monitorização ambulatorial da pressão arterial PAD – Pressão arterial diastólica PAS – Pressão arterial sistólica PAM – Pressão arterial média SC – Sessão controle VO2máx. – Consumo máximo de oxigênio SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 20 2.1 Geral ............................................................................................................. 20 2.2 Específico ..................................................................................................... 20 3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 21 3.1 Doença arterial periférica .............................................................................. 21 3.2 Efeitos cardiovasculares ambulatoriais do exercício físico ........................... 24 4. MÉTODOS ............................................................................................................ 29 4.1 Amostra ........................................................................................................ 29 4.2 Desenho experimental do estudo ................................................................. 30 4.3 Triagem......................................................................................................... 33 4.3.1 Adaptação .................................................................................................. 34 4.3.2 Determinação das cargas e da velocidade na esteira ............................... 34 4.3.3 Teste de uma repetição máxima - 1RM ..................................................... 35 4.4 Sessões experimentais ................................................................................. 35 4.5 Análise dos dados cardiovasculares ao longo de 24 horas .......................... 36 4.6 Tratamento estatístico .................................................................................. 37 5. RESULTADOS ...................................................................................................... 38 6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 52 7. CONCLUSÃO........................................................................................................ 56 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 ANEXOS ................................................................................................................... 65 ANEXO A - Termo de consentimento livre e esclarecido .......................................... 65 ANEXO B - Carta de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética ............................. 70 17 1. INTRODUÇÃO A doença arterial periférica (DAP) é caracterizada por redução da luz arterial que impede ou dificulta o fluxo sanguíneo para as regiões periféricas do corpo (NORGREN et al., 2007). A redução da luz arterial é geralmente causada por processo aterosclerótico que também promove disfunção endotelial, aumento da ativação plaquetária e do estresse oxidativo (MUIR, 2009). O principal sintoma da DAP é a claudicação intermitente (CI), que consiste em dor isquêmica nos membros inferiores (GARDNER et al., 2002) durante a prática de atividade física, que é aliviada com o repouso (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2007). Esse sintoma geralmente é relatado como queimação, formigamento ou câimbra, e resulta em limitações nas atividades físicas diárias (SIEMINSKI; GARDNER, 1997), repercutindo negativamente na qualidade de vida dos indivíduos com CI (RITTI-DIAS et al., 2010). A CI também pode comprometer a capacidade funcional desses indivíduos através da redução na economia de caminhada (GARDNER et al., 2010), diminuição da força muscular, principalmente dos membros inferiores (MCDERMOTT et al., 2004), e da potência aeróbia (AUCHINCLOSS et al., 1976). Indivíduos com CI também apresentam alta incidência de eventos cardiovasculares, como, por exemplo, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular (CIMMINIELLO et al., 2010), o que pode ser explicado, pelo menos em parte, pela alta prevalência de hipertensão arterial entre esses pacientes. De fato, mais de 80% dos claudicantes são hipertensos (BOZKURT et al., 2011). Dessa forma, intervenções que diminuam o risco cardiovascular dos pacientes com DAP podem ser importantes para diminuição do risco cardiovascular desses pacientes. A prática de exercício físico é reconhecida como um recurso importante para a melhoria da função cardiovascular em indivíduos com doenças cardiovasculares (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2007). De fato, sabe-se que uma única sessão de exercício físico pode promover redução da pressão arterial para níveis inferiores aos observados no repouso ou em uma sessão controle, fenômeno denominado hipotensão pós-exercício (HPE) (KENNEY; SEALS, 1993). Esse fenômeno tem relevância clínica, visto que a redução da pressão arterial tem magnitude significante e pode perdurar por várias horas, principalmente em 18 indivíduos hipertensos (MELO et al., 2006; PESCATELLO et al., 1991), diminuindo assim, a sobrecarga cardiovascular ao longo de grande parte do dia. Para avaliação das respostas cardiovasculares por longos períodos, tem sido utilizado o monitor ambulatorial da pressão arterial (MAPA), que permite obter a pressão arterial e a frequência cardíaca periodicamente ao longo do período de até 24 horas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2011) Além de permitir obter esses indicadores durante o período de vigília e de sono, em posse dos dados fornecidos pelo monitor, é possível calcular outras variáveis importantes, tais como a ascensão matutina, o descenso noturno e a carga pressórica (ORTEGA; DA SILVA; MION JR, 2008b). Essas variáveis têm sido associadas com a lesão de órgãos alvo e com o risco cardiovascular, de forma que melhorias dessas variáveis parecem estar relacionadas com o melhor prognóstico cardiovascular dos pacientes (CONEN; BAMBERG, 2008). Em indivíduos com CI ainda existem poucas evidências sobre os efeitos de uma única sessão de exercício físico nas variáveis cardiovasculares. Até o presente momento, apenas dois estudos (CUCATO et al., 2011; RODRIGUES et al., 2013) foram publicados, e apenas um estudo (RODRIGUES et al., 2013) analisou as respostas cardiovasculares por período prolongado. Cucato e colaboradores (2011) analisaram o efeito de uma sessão com exercício de força na pressão arterial por até 60 minutos. Os resultados mostraram redução significante na pressão arterial sistólica, na pressão arterial diastólica e na pressão arterial média por todo o período de recuperação. Já Rodrigues (2013) analisou os efeitos de uma sessão com exercícios de força nas variáveis cardiovasculares por 24 horas. Apesar do longo período de monitorização das variáveis cardiovasculares, os resultados evidenciaram que ocorreu redução na pressão arterial sistólica e no duplo produto apenas nos 60 minutos iniciais da recuperação. É interessante ressaltar que efeitos cardiovasculares duradouros têm sido frequentemente observados após a realização de exercícios aeróbios (PESCATELLO et al., 1991; TAYLOR-TOLBERT et al., 2000; WALLACE et al., 1997), ao passo que poucos estudos (MELO et al., 2006; MOTA et al., 2009) reportaram HPE duradoura após uma sessão de exercício de força. Por exemplo, investigando indivíduos com hipertensão arterial, Pescatello e colaboradores (1991) verificaram que uma única sessão de exercício aeróbio promoveu redução significante da pressão arterial sistólica por até 9 horas. Da mesma forma, outros 19 estudos também tem reportado redução duradoura da pressão arterial sistólica após a realização do exercício aeróbio em hipertensos (CIOLAC et al., 2008; GUIDRY et al., 2006). Em contrapartida, apenas dois estudos reportaram HPE duradoura após o exercício de força (MELO et al., 2006; MOTA et al., 2009). Nesse sentido, é possível que a curta duração da HPE observada nos estudos com pacientes com CI tenha sido decorrente do tipo de exercício utilizado (exercício de força), de forma que a realização dos exercícios aeróbios poderia potencializar a HPE nos pacientes com CI. A identificação do tipo de exercício que promova uma HPE duradoura nos pacientes com CI é de extrema relevância clinica, visto que permitirá ser utilizado para diminuição do risco cardiovascular dos indivíduos, promovendo, assim, melhor prognóstico para os pacientes. 20 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Verificar o efeito de uma sessão de caminhada e de força nas respostas cardiovasculares ambulatoriais de indivíduos com claudicação intermitente (Cl). 2.2 Específico Investigar em indivíduos com CI os efeitos de uma sessão de exercício de caminhada e de força na: - pressão arterial, frequência cardíaca e duplo produto no período de vigília, sono e 24 horas - no descenso noturno da pressão arterial - na ascensão matutina da pressão arterial sistólica - na carga pressórica 21 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Doença arterial periférica A prevalência da DAP na população em geral varia de 3% a 10% (CRIQUI et al., 1985), sendo maior na população idosa, variando de 7 a 36% (MAKDISSE et al., 2007). No Brasil, um estudo realizado por Makdisse e colaboradores (2008) observou que a prevalência da DAP é de aproximadamente 10% na população acima de 18 anos de idade. Já a prevalência de claudicação intermitente na população mundial é de aproximadamente 3% aos 40 anos de idade e em torno de 6% acima dos 60 anos de idade (CRIQUI et al., 1985). O método mais utilizado para o diagnóstico da DAP é o índice tornozelo braço (ITB): valores menores ou iguais a 0,90 é um indicativo da presença da doença. Quanto menor o valor do ITB mais grave é a doença. Valores de ITB menores que 0,90 estão correlacionados com todas as causas de mortalidade (NORGREN et al., 2007). Além do ITB, a severidade da DAP pode ser classificada de acordo com os sintomas e os indicadores clínicos da doença. De acordo com a classificação de Fontaine (1954), a DAP pode ser dividida em quatro estágios. No primeiro estágio os indivíduos não apresentam sintomas da doença. No segundo estágio aparece o primeiro sintoma da DAP que é a CI. À medida que a obstrução progride, o fluxo sanguíneo reduz de tal forma que a dor se faz presente em repouso, característico do terceiro estágio da doença. O último estágio da DAP é caracterizado pela isquemia crítica e pode resultar em ulcerações isquêmicas e gangrena nas extremidades inferiores. Pacientes com DAP, na maioria das vezes, apresentam outras doenças associadas, tais como hipertensão arterial (BOZKURT et al., 2011), diabetes melitos (ESCOBAR et al., 2011), doença arterial coronariana (HUSSEIN et al., 2011) e obesidade (JAKOVLJEVIĆ et al., 2011). Dessas, a hipertensão arterial é uma das mais importantes, visto que está presente em aproximadamente 90% dos pacientes (CUCATO et al., 2011). A pressão arterial elevada tem sido consistentemente associada com elevados riscos para eventos cardiovasculares (LISZKA et al., 2005), o que pode aumentar a mortalidade por eventos cardiovasculares em pacientes com DAP. 22 De fato, indivíduos com DAP apresentam elevado risco de serem acometidos por algum evento cardiovascular. Em estudo realizado por Caro e colaboradores (2005) com 16.440 pacientes com DAP, que foram acompanhados por 10 anos, verificou-se que aproximadamente 20% dos pacientes com DAP tiveram algum evento cardiovascular agudo, como infarto do miocárdio, acidente vascular e angina. Esses resultados são similares aos obtidos em outro estudo, que reportou incidência de 21% de eventos cardiovasculares por ano nos pacientes com DAP, sendo que esse valor foi superior aos observados em pacientes com doença arterial coronariana ou doença cerebrovascular (STEG et al., 2007). As recomendações de tratamento para indivíduos com DAP incluem mudanças nos fatores de risco para o desenvolvimento da aterosclerose, como eliminar o tabagismo, manter os níveis normais de glicemia e do colesterol de lipoproteína da baixa densidade e controlar a pressão arterial. Todas essas mudanças devem estar associadas à prática de exercício físico da caminhada complementada com um programa de treinamento de força (HIRSCH et al., 2006). Evidências na literatura (HIATT et al., 1994; MCDERMOTT et al., 2009; MCGUIGAN et al., 2001; REGENSTEINER et al., 1997) apontam os benefícios do treinamento físico na capacidade de locomoção dos pacientes com DAP. Entendese, por capacidade de locomoção, a distância de claudicação (DC), o primeiro momento em que o indivíduo reporta os sintomas da CI, quando realiza atividade física, e a distância total de caminhada (DTC), a máxima distância percorrida suportando os sintomas da CI. Os estudos que investigaram os efeitos de um programa com treinamento físico de caminhada ou de força observaram aumento significante na DC e DTC em indivíduos com CI. No quadro abaixo é apresentada uma síntese dos estudos que investigaram os efeitos do treinamento físico na DC e DTC em indivíduos com CI. 23 Quadro 1 - Síntese dos estudos que investigaram a distância de claudicação e distância total de caminhada após um programa de treinamento físico com caminhada em esteira ou exercício de força em indivíduos com claudicação intermitente. Duração Duração Método (semana) (minutos) intensidade Mannarino et al (1989) Caminhada 24 60 Hiatt et al (1990) Caminhada 12 Caminhada Estudo Exercício DC DTC Não reporta ↑ ↑ 60 Dor ↑ ↑ 12 50 Dor ↑ ↑ Força 12 50 RM → ↑ Caminhada 12 60 Não reporta ↑ ↑ Caminhada 12 30-50 Dor ↑ ↑ Savage et al (2001) Caminhada 12 15-40 % CMT ↑ ↑ Gardner et al (2002) Caminhada 24 15-40 % CMT ↑ ↑ Tsai et al (2002) Caminhada 12 >30 Dor ↑ ↑ Gardner et al (2005) Caminhada 24 15-40 %CMT ↑ ↑ Kakkos et al (2005) Caminhada 24 50 Dor ↑ ↑ Mika et al (2006) Caminhada 12 60 Dor ↑ ↑ Crowther et al (2008) Caminhada 48 25-40 Dor ↑ ↑ Hodges et al (2008) Caminhada 12 45 % CMT Stewart et al (2008) Força 12 40 Dor ↑ ↑ Caminhada 24 15-40 PSE/Dor ↑ ↑ Força 24 - PSE ↑ ↑ Força 06 45 Dor ↑ ↑ Força 12 60 PSE ↑ ↑ Caminhada 12 60 PSE ↑ ↑ Hiatt et al (1994) Patterson et al (1997) Regensteiner et al (1997) McDermott et al (2009) Parr et al (2009) Ritti-Dias et al (2010) ↑ Legenda: Percepção subjetiva de esforço (PSE), carga máxima no teste de esforço (CMT), repetições máximas (RM). 24 Conforme apresentado no quadro acima, a maioria dos estudos utilizou a caminhada como forma de intervenção, ao passo que apenas cinco estudos utilizaram o treinamento de força. Todavia, pode-se observar que tanto as intervenções com caminhada em esteira quanto as intervenções com treinamento de força aumentaram a DC e DTC. Porém, apenas um estudo (HIATT et al., 1994), quando utilizou o treinamento de força, não observou aumento significativo na DC. Dessa forma, fica evidenciado que programas de treinamento físico com exercício de caminhada ou exercício de força promovem melhorias na capacidade de locomoção dos indivíduos com CI. Todavia, considerando o elevado risco de eventos cardiovasculares em pacientes com DAP (STEG et al., 2007), seria importante que, além da melhoria na capacidade de caminhada, o treinamento físico pudesse melhorar a função cardiovascular dos pacientes. Na literatura é evidenciado que o treinamento com exercício físico é recomendado por promover redução na pressão arterial (PESCATELLO et al., 2004), bem como na taxa de mortalidade cardiovascular (AMUNDSEN; WISLOFF; SLORDAHL, 2007). 3.2 Efeitos cardiovasculares ambulatoriais do exercício físico Durante a realização do exercício físico ocorrem alterações cardiovasculares importantes. Dependendo da modalidade realizada, variáveis hemodinâmicas, tais como a frequência cardíaca, o volume sistólico, o débito cardíaco, a resistência vascular periférica e a pressão arterial podem sofrer alterações (BRUM et al., 2004). Além das alterações hemodinâmicas observadas durante a execução do exercício, algumas modificações ocorrem após a sua finalização. Dentre elas, uma que tem despertado o interesse da comunidade científica é a HPE (CASONATTO; POLITO, 2009). A HPE tem sido considerada o principal benefício agudo no sistema cardiovascular, visto que a redução na pressão arterial é significante e pode se manter durante as atividades diárias normais dos indivíduos (KENNEY; SEALS, 1993). A duração prolongada desse fenômeno permite que o indivíduo hipertenso que pratica exercício físico frequentemente tenha seus níveis de pressão arterial reduzidos durante grande parte do dia, o que tem grande relevância clínica. 25 Para avaliar a duração prolongada da HPE tem sido utilizado o MAPA, por ser um método que permite o registro indireto e intermitente da pressão arterial sistólica, diastólica e média durante o período de vigília, sono e 24 horas sem interferir nas atividades habituais do indivíduo (ORTEGA; DA SILVA; MION JR, 2008b). A pressão arterial monitorada pelo MAPA apresenta algumas vantagens, como a atenuação do efeito do observador na pressão arterial, resultado da pressão arterial mais próximo da realidade cotidiana do indivíduo, e a possibilidade de verificar o efeito da pressão arterial no descenso noturno e na ascensão matutina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2011). Em posse dos dados do monitor, o descenso noturno pode ser classificado como presente, atenuado, ausente ou acentuado, quando a redução da pressão arterial entre os períodos de vigília e sono for ≥ 10%, < 10%, ≤ 0% e ≥ 20%, respectivamente (KARIO et al., 1996). Estudos têm observado que descenso noturno ausente ou atenuado está correlacionado com pior prognóstico cardiovascular e aumento do risco cardiovascular, principalmente para acidente vascular encefálico (BEN-DOV et al., 2007; OHKUBO et al., 1997). Além do descenso noturno, a ascensão matutina, que é a elevação abrupta da pressão arterial pela manhã, também fornece indicativos de estar associada com uma maior incidência de acidente vascular encefálico (KARIO et al., 2003). Além desses indicadores, o MAPA permite analisar a magnitude e a duração da HPE. No quadro abaixo é apresentada uma síntese dos estudos com indivíduos hipertensos, que analisaram a pressão arterial ambulatorial após uma sessão de exercício aeróbico com o MAPA. 26 Quadro 2. Síntese dos estudos que analisaram o comportamento da pressão arterial ambulatorial após uma sessão de exercício aeróbico em hipertensos. Estudo Pescatello et al (1991) Wallace et al (1997) Quinn (2000) Taylor-Tolbert et al (2000) Guidry et al (2006) Amostra N Ergômetro Hipertensos 6 Bicicleta Hipertensos Hipertensos Hipertensos Hipertensos 3 5 1 6 1 1 4 5 Ciolac et al Hipertensos 5 (2008) medicados 0 Esteira Esteira Esteira Bicicleta Bicicleta Intensidade Tempo 40% e 70% VO2pico 50% VO2máx 50% e 75% VO2máx 70% VO2máx 40% e 60% VO2máx 60% da FCr PAS PAD 30’ ↓9H ↓ 13H 50’ ↓11H ↓11H ↓ 12H ↓13H 30’ 75% 75% 45’ ↓ 16H ↓ 16H 20’ 40’ ↓ 9H 40 ↓ 24H ↓3H 60% ↓ 24H Legenda: FCr (frequência cardíaca de reserva), ↓ Redução, PAS (Pressão Arterial Sistólica), PAD (Pressão Arterial Diastólica), consumo máximo de oxigênio (VO 2máx), consumo pico de oxigênio (VO2pico), hora (H). Conforme apresentado no quadro acima, uma sessão de exercício aeróbico promoveu HPE em indivíduos hipertensos com e sem uso de medicamentos antihipertensivos. Pescatello e colaboradores (1991) verificaram uma redução significante da PAS por até 9 horas e na PAD por 13 horas. Quinn (2000) observou redução significante da pressão arterial superior a 12 horas. Taylor-Tolbert e colaboradores (2000), em estudo realizado com indivíduos hipertensos não medicados, observaram redução na pressão arterial por um período de 16 horas. Ciolac e colaboradores (2008) verificaram HPE por 24 horas em hipertensos em uso de medicamentos anti-hipertensivos. Dessa forma, os resultados disponíveis na literatura sugerem que a HPE em hipertensos pode variar de 3 a 16 horas. Em contrapartida, as evidências disponíveis sobre os efeitos do treinamento de força na duração da HPE ainda são escassas. No quadro abaixo é apresentada a síntese dos estudos que investigaram o comportamento da pressão arterial ambulatorial após uma sessão com exercícios de força com o MAPA. 27 Quadro 3. Síntese dos estudos que analisaram o comportamento da pressão arterial após uma sessão com exercícios de força em indivíduos hipertensos e normotensos que utilizaram o monitor ambulatorial da pressão arterial. Estudo Roltsch et al (2001) Queiroz et al (2009) População N Exercícios Normotensos 33 12 Normotensos 16 6 Hipertensos 24 7 11 6 Hardy e Tucker (1998) Melo et al Hipertensos (2006) medicados Protocolo Intensidade 2 séries 8RM MMSS 8 rep. 12RM MMII 3 séries 50% 1RM 3 séries 8 a 12 rep. 3 séries 20 rep. 40% 1RM PAS PAD ↔ ↔ ↓1H ↓1H ↓1H ↓1H ↓10 H ↓10H Legenda: RM (repetição máxima),↓ Redução, ↔ Não houve alteração, PAS (pressão arterial sistólica), PAD (pressão arterial diastólica), MSSS (membros superiores), MMII (membros inferiores), rep.(repetições), hora (H). De acordo com o quadro acima, pode-se observar que a maioria dos estudos disponíveis evidencia que uma única sessão com exercícios de força parece não reduzir a pressão arterial por um período prolongado. Roltsch e colaboradores (2001) e Queiroz e colaboradores (2009) não observaram HPE duradoura em normotensos. Já Hardy e Tucker (1998), em estudo com indivíduos hipertensos, verificaram redução na pressão arterial por apenas uma hora pós-exercício. Melo e colaboradores (2006) observaram em mulheres hipertensas uma redução na pressão arterial por até 10 horas, no entanto, todas as mulheres que participaram deste estudo estavam em uso de medicamento anti-hipertensivo (captopril), o que pode ter potencializado essa ação. Em indivíduos com CI, apenas dois estudos investigaram os efeitos do exercício físico na HPE. Cucato e colaboradores (2011) submeteram oito indivíduos com CI a uma sessão com exercício de força composta por 6 exercícios, 3 séries, 12 a 8 repetições e intensidade entre 11 a 13 na escala de Borg e monitoraram a resposta da pressão arterial por 60 minutos. Os resultados indicaram redução significante da pressão arterial sistólica, diastólica e média por todo período de recuperação. Mais recentemente, Rodrigues (2013) analisou a duração da HPE em 28 pacientes com DAP. Nesse estudo, 17 pacientes foram submetidos a uma sessão com exercícios de força, com 6 exercícios, realizados em 3 séries de 10 repetições e intensidade entre 5 a 7 na escala de Omni-Resistense Exercise scale. As variáveis cardiovasculares foram monitoradas por 24 horas. Os resultados indicaram redução da pressão arterial sistólica e duplo produto apenas na primeira hora após o exercício de força. Como pode ser observado na presente revisão, diversos estudos com hipertensos verificaram duração da HPE superior a 10 horas após a realização de exercícios aeróbios, enquanto que as evidências de HPE dessa duração após os exercícios de força ainda são escassos. Dessa forma, é possível que, em pacientes com DAP, os exercícios com características aeróbias possam favorecer que a HPE tenha duração prolongada, o que precisa ser estudado. 29 4. MÉTODOS 4.1 Amostra Foram convidados para participar deste estudo 22 pacientes, de ambos os gêneros, com CI, recrutados em hospitais públicos e clínicas particulares de Recife. Após serem esclarecidos de todos os procedimentos experimentais, os indivíduos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco, registro CEP/UPE: 269/10 (ANEXO B). Como critérios de inclusão ao estudo, os indivíduos deveriam: a) ter idade entre 50 e 80 anos; b) ter o índice tornozelo braço ≤ 0,90; c) apresentar sintomas de CI (dor, formigamento ou câimbra nos membros inferiores); d) não ter sido submetido à cirurgia de revascularização ou angioplastia há menos de um ano; e) não fazer uso de bloqueadores de canal de cálcio não-dihidropiridinico; g) não apresentar arritmias complexas ou isquemia durante o teste ergométrico, na ecocardiografia de estresse ou na cintilografia miocárdica de perfusão, que contra indiquem a prática de exercício físico; h) estar com os níveis de pressão arterial sistólica e diastólica menores que 160 e 105 mmHg respectivamente; i) Apresentar níveis de glicemia menores que 250mg/dl. Os indivíduos só eram excluídos do estudo caso tivessem realizado alguma mudança de medicação antes de completar todas as sessões experimentais ou apresentassem algum comprometimento na saúde (lesão osteomioarticular, hospitalização, glicemia e pressão arterial descompensada) que contraindicasse a pratica de exercício físico. Na figura 1, é apresentado um fluxograma desde a fase de recrutamento dos pacientes, procedimentos que se submeteram até a participação nas sessões experimentais. Dos 22 pacientes recrutados, apenas 13 atenderam a todos os critérios para participação na pesquisa. 30 Figura 1. Fluxograma dos pacientes recrutados para participar na pesquisa. 4.2 Desenho experimental do estudo Na primeira semana, cada indivíduo foi submetido à triagem, em que foram realizados os seguintes procedimentos: anamnese, medida da pressão arterial em repouso, confirmação do diagnóstico de DAP e avaliação cardiológica. Aqueles considerados aptos se submeteram, na segunda semana, a uma sessão de adaptação aos exercícios de força e de caminhada em esteira ergométrica. Nessa sessão, os indivíduos realizaram exercícios de força em equipamentos para musculação e caminhada na esteira ergométrica. Na terceira semana, os indivíduos realizaram sessões para identificação das cargas dos exercícios de força e da velocidade da esteira ergométrica para 31 utilização nas sessões experimentais. Em seguida ao período de adaptação aos exercícios, todos os indivíduos foram submetidos ao teste de uma repetição máxima. Nas duas semanas subsequentes, foram realizadas as sessões experimentais. Os voluntários se submeteram a três sessões experimentais: exercício de caminhada (EC), exercício de força (EF) e controle (SC), que foram realizadas com intervalo de pelo menos três dias entre elas. Antes e até 24 horas após as sessões experimentais, as variáveis cardiovasculares foram obtidas. Na figura 2 é apresentado o desenho experimental do estudo. Semana 1 Semana 2 Semana 3 Triagem Adaptação Determinação das cargas e velocidade na esteira Semana 4 Teste de 1 repetição máxima Semana 5 Semana 6 Sessão Experimental Anamnese: Exercícios de força: Exercícios de força: Exercícios: Exercício de Força: Sessão Controle: Dados Demográficos, Fatores de Risco cardiovascular e Doenças presentes. Supino reto Leg press 45º Remada baixa Extensão de joelhos Elevação frontal Flexão de joelhos Rosca direta Abdução de quadril Supino reto Leg press 45º Remada Baixa Extensão de joelhos Elevação Frontal Flexão de joelhos Rosca direta Abdução de quadril Supino reto Leg press 45º Remada Baixa Extensão de joelhos Elevação Frontal Flexão de joelhos Rosca direta Abdução de quadril Supino reto Leg press 45º Remada baixa Extensão de joelhos Elevação frontal Flexão de joelhos Rosca direta Abdução de quadril Nos exercícios de força realizaram apenas a execução do movimento sem adição da carga: Séries: 02; Repetições: 10; Carga: mínima. Intervalo de recuperação: 45’’ entre as séries. Séries: 02 Repetições: 10 Carga: equivalente a 5 - 7 Escala (PSE) de OMNI-RES Intervalo de Recuperação: 2’ entre as séries. Aquecimento:10 repetições Tentativas: 05 Intervalo de Recuperação: 5’ entre as tentativas. Séries: 02 Repetições: 10 Carga: equivalente a 5 - 7 Escala (PSE) de OMNI-RES Intervalo de Recuperação: 2’ entre as séries. Medida da pressão arterial em repouso PAS < 160mmHg PAD < 105mmH Confirmação do diagnóstico da doença arterial periférica: ITB ≤ 0,90. Avaliação cardiológica: Exercício caminhada: Ciclos: 5; Velocidade: 3,2 km/h; Inclinação: 0 %. Teste ergométrico, ecocardiografia sob estresse ou cintilografia miocárdica de perfusão. Exercício Caminhada: Velocidade inicial: 3,2 km/h; Aumento da velocidade: 0,3 km/h a cada 2 minutos Duração do ciclo: 2’ caminhando. Intervalo de Recuperação: 2’ sentado. Velocidade final: Sintomas de Claudicação Intermitente ou 85% da Frequência Cardíaca máxima. Exercício Caminhada: Ciclos: 10 Duração do ciclo: 2’ caminhando. Intervalo de Recuperação: 2’ sentado. Velocidade: Sintomas de Claudicação Intermitente ou 85% da frequência cardíaca máxima. Supino reto Leg press 45º Remada baixa Extensão de joelhos Elevação frontal Flexão de joelhos Rosca direta Abdução de quadril Séries: 01 Repetições: 10 Carga: sem adição Intervalo de Recuperação: 2’ entre os exercícios. No exercício de caminhada ficavam apenas em pé na plataforma da esteira: Ciclos: 5 Duração do ciclo: 2’ em pé na plataforma da esteira. Intervalo de Recuperação: 2’ sentado. Figura 1. Desenho experimental do estudo. 32 33 4.3 Triagem Para triagem, os indivíduos realizaram anamnese, medida da pressão arterial em repouso, confirmação do diagnóstico de DAP e avaliação cardiológica. A anamnese teve como objetivo obter informações referentes aos dados demográficos (idade, gênero, medicamentos utilizados e histórico médico), fatores de risco cardiovascular (diabetes, hipertensão, dislipidemia, tabagismo e baixo nível de atividade física) e doenças presentes. A pressão arterial dos voluntários foi medida para verificar se estavam com níveis adequados para a prática de exercício físico (160mmHg e 105mmHg, para a pressão arterial sistólica e diastólica respectivamente). Para tanto, as medidas foram realizadas seguindo os procedimentos recomendados pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (BRANDÃO et al., 2010). A confirmação do diagnóstico da DAP foi realizada pelo ITB em repouso. A pressão arterial sistólica do tornozelo (artérias pediosa e tibial posterior) e a pressão arterial sistólica do braço foram obtidas de acordo com as recomendações prévias (NORGREN et al., 2007). Em posse dos dados de pressão arterial do braço e de tornozelo, foi calculado o ITB por meio da divisão da maior pressão arterial sistólica do tornozelo pela maior pressão arterial sistólica do braço. A DAP foi confirmada nos indivíduos que apresentaram ITB ≤ 0,90 em repouso em pelo menos um membro. O teste ergométrico máximo em esteira foi realizado para identificação de doenças cardiovasculares que contraindicassem a prática de atividade física. O teste foi realizado por uma médica cardiologista utilizando protocolo escalonado de Bruce (BRUCE, 1956). Durante o teste, a frequência cardíaca foi continuamente monitorizada por um eletrocardiógrafo (Cardio Perfect) e registrada ao final de cada minuto. A pressão arterial foi medida a cada três minutos por meio do método auscultatório. O teste foi interrompido na capacidade máxima do indivíduo. Naqueles pacientes em que não foi possível alcançar 85% da frequência cardíaca, máxima prevista no teste de esforço em esteira, foi realizada ecocardiografia de estresse ou cintilografia miocárdica de perfusão. O protocolo utilizado na ecocardiografia de estresse constituiu na infusão intravenosa de dobutamina em doses progressivas de 5, 10, 20, 30 e 40 μg/km/min a cada 3 minutos. Quando necessário foi administrado atropina de até 1mg. Foram obtidas imagens paraesternal, longitudinal, transversa, 4 câmaras, 2 câmaras, sendo o exame interrompido quando o paciente atingiu a 34 frequência cardíaca submáxima ou sendo detectado sinais de isquemia miocárdica. Na cintilografia miocárdica de perfusão, o protocolo consistiu em duas etapas (esforço e repouso). No repouso, o paciente recebeu a injeção do radiofármaco 99m Tc-MIBI (2-metoxi-isobutil-isonitrila) injetado por 1 minuto e o esforço poderia ser realizado com o paciente caminhando na esteira ou recebendo um medicamento (dipiridamol), conforme orientação médica. Só foram incluídos no estudo aqueles indivíduos que não apresentaram problemas cardiovasculares (insuficiência cardíaca congestiva, isquemia do miocárdio, arritmias complexas, infarto agudo do miocárdio, revascularização das artérias coronariana). 4.3.1 Adaptação Todos os indivíduos participaram de uma sessão de adaptação aos exercícios de força e de caminhada na esteira ergométrica. Nos exercícios de força, os indivíduos realizaram duas séries de 10 repetições com intervalo de 45 segundos entre as séries em oito exercícios: supino reto, leg-press 45º, remada baixa, extensão dos joelhos, elevação frontal, flexão dos joelhos, rosca direta e abdução do quadril. Para adaptação à caminhada na esteira ergométrica, os indivíduos realizaram cinco ciclos com velocidade de 3,2 km/h e 0% de inclinação com dois minutos de duração e com intervalo de recuperação entre os ciclos de dois minutos. 4.3.2 Determinação das cargas e da velocidade na esteira Após o período de adaptação, foram realizadas sessões para identificação das cargas e da velocidade na esteira, para prescrição do exercício nas sessões experimentais. Nos exercícios de força, em cada exercício, foi identificada carga equivalente a 5 – 7, na escala de OMNI-Resistance Exercise Scale (GEARHART et al., 2001). Na esteira foi identificada a intensidade em que os indivíduos relataram o início dos sintomas de CI ou apresentaram 85% da frequência cardíaca máxima. Para tanto, a velocidade da esteira foi aumentada de forma progressiva, iniciando com 3,2 km/h e acrescentando 0,3 km/h a cada 2 minutos, com 0% de inclinação. 35 4.3.3 Teste de uma repetição máxima - 1RM Todos os voluntários se submeteram ao teste de uma repetição máxima nos oito exercícios de força que seriam utilizados na sessão experimental: supino reto, leg-press 45º, remada baixa, extensão dos joelhos, elevação frontal, flexão dos joelhos, rosca direta e abdução de quadril. O teste teve início com aquecimento de 10 repetições e uma carga equivalente a 50% da estimada para primeira tentativa do teste de 1RM. Em seguida, foram realizadas até cinco tentativas com intervalo de recuperação de 5 minutos entre elas, assim determinada a carga referente à 1RM. 4.4 Sessões experimentais Foram realizadas três sessões experimentais em ordem aleatória: EC, EF e SC. As sessões foram realizadas no mesmo horário do dia com, pelo menos, três dias de intervalo entre elas. O desenho experimental das sessões está apresentado na figura 3. Figura 3. Desenho das sessões experimentais. Nas três sessões experimentais, ao chegar ao laboratório, os indivíduos permaneceram em repouso, deitados em uma sala silenciosa com temperatura controlada por 20 minutos. Após esse período, foi colocado no braço não dominante o monitor ambulatorial da pressão arterial (Dyna-Mapa Cardios), que foi programado para realizar medições da pressão arterial a cada dois minutos, até completar três medições. Posteriormente, os indivíduos se submeteram às intervenções (EF, EC, ou SC). Na sessão EC, os indivíduos realizaram caminhada em esteira ergométrica em 36 10 ciclos, com dois minutos de duração e com intervalo de recuperação sentado entre os ciclos de dois minutos, com a velocidade correspondente ao início do sintoma de CI ou 85% da frequência cardíaca máxima. Na sessão EF, foram realizados oito exercícios de força para membros superiores e inferiores, utilizando a montagem alternada por segmento na seguinte ordem: supino reto, leg-press 45º, remada baixa, extensão dos joelhos, elevação frontal, flexão dos joelhos, rosca direta e abdução de quadril. Em todos os exercícios, foram realizadas duas séries de 10 repetições, com carga entre 5 a 7 na escala de OMNI-Resistance Exercise Scale. O intervalo de recuperação entre as séries e os exercícios foi de dois minutos. Na SC, os indivíduos realizaram os exercícios propostos na sessão EF, com 1 série de 10 repetições sem sobrecarga. Na esteira ergométrica, os indivíduos ficavam apenas em pé na plataforma sem caminhar, com 5 ciclos de 2 minutos e intervalo de recuperação de 2 minutos entre os ciclos sentado. Após as intervenções, os voluntários retornaram ao laboratório, onde ficaram em repouso, deitados, por mais 20 minutos. Após esse período, o MAPA foi colocado novamente no braço não dominante dos voluntários e foi programado para realizar medições da pressão arterial a cada 2 minutos até completar três medições. Após essas medidas, o monitor foi mantido no braço não dominante do voluntário e programado para realizar medições da pressão arterial no período de vigília e sono a cada 20 e 30 minutos, respectivamente. Em seguida, o voluntário foi liberado para suas atividades cotidianas com uso de pedômetro para monitorar a quantidade de passos realizados. O voluntário retornou ao laboratório após 24 horas para a retirada do monitor e do pedômetro. 4.5 Análise dos dados cardiovasculares ao longo de 24 horas Após a retirada do MAPA dos voluntários, os dados foram transferidos para um microcomputador que possuía o programa Dyna-mapa cardios. Em seguida, os registros da pressão arterial e da frequência cardíaca foram importados para o Microsoft excel versão 2007. Posteriormente, foram realizados os seguintes cálculos: Média da pressão arterial e da frequência cardíaca das três medidas realizadas a cada hora no período diurno, e das duas medidas realizadas 37 a cada hora no período noturno, bem como a média de todos os valores registrados no período de 24 horas. Pressão arterial e frequência cardíaca de vigília e de sono foram obtidas pelas médias de todos os valores registrados no período em que as voluntárias relataram estarem acordadas e dormindo, respectivamente. Descenso noturno (média da pressão da vigília – média da pressão do sono) x 100 / média da pressão de vigília. Ascensão matutina, diferença entre a pressão arterial sistólica matinal (média da pressão arterial sistólica nas primeiras duas horas após despertar) e a menor pressão arterial sistólica durante o sono (média da pressão arterial sistólica mais baixa e das pressões imediatamente antes e após a mais baixa). Carga pressórica foi considerada quando a porcentagem das medidas dos valores de pressão arterial sistólica e diastólica foram maiores que 130mmHg e 80mmHg, respectivamente. 4.6 Tratamento estatístico As análises de normalidade e homogeneidade de variância foram realizadas por meio dos testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. Para comparação das variáveis cardiovasculares (pressão arterial, frequência cardíaca e o duplo produto) em repouso antes das sessões experimentais, foi utilizado Análise de variância de um caminho para medidas repetidas. Para análise das respostas cardiovasculares antes e após o exercício, foi utilizada análise de variância de dois caminhos repetidos, tendo como fatores principais a sessão (EC, EF e SC) e o tempo (pré e pós-intervenção). Para a comparação da pressão arterial, frequência cardíaca e o duplo produto no período de vigília, sono e 24 horas, do descenso noturno da pressão arterial, da ascensão matutina da pressão arterial sistólica e da carga pressórica entre as sessões, foi utilizada Análise de variância de um caminho para medidas repetidas. Em todas as análises, quando se verificou efeito significante, foi empregado o teste de post-hoc de Newman-Keuls. Foi considerado significante o valor de P<0,05 e os dados são apresentados em média e desvio padrão. 38 5. RESULTADOS Na tabela 1, são apresentadas as características dos pacientes incluídos no estudo. A maioria dos pacientes incluídos no estudo era hipertenso, estava em uso de terapia anti-hipertensiva e vasodilatadores periféricos. Tabela 1. Características dos pacientes com doença arterial periférica incluídos no estudo (n=13). Variáveis Valores Demográficos Mulheres/homens (n) 9/4 Idade (anos) 65 ± 11 Peso corporal (kg) 65 ± 12 Estatura (m) 1,57 ± 0,07 2 Índice de massa corporal (kg/m ) 26,4 ± 3,77 Índice tornozelo braço 0,64 ± 0,25 Fatores de risco cardiovascular Hipertensão (%) 92,3 Diabetes melitos (%) 30,8 Tabagismo atual (%) 7,7 Obesidade (%) 15,4 Medicamentos Inibidor da Enzima conversora de angiotensina (%) 30,8 Inibidor da Enzima conversora de angiotensina + Diurético (%) 15,4 Inibidor da Enzima conversora de angiotensina + β-bloqueador (%) 7,7 Ant. do receptor de angiot. + Diurético (%) 7,7 Ant. do receptor de angiot. + Bloqueador de canal de Ca (%) 7,7 Ant. do receptor de angiot. + Diurético + Bloqueador de canal de Ca (%) 7,7 Ant. do receptor de angiot. + Diurético + Beta-bloqueador (%) 7,7 Bloqueador de canal cálcio + Diuréticos (%) 7,7 Vasodilador periférico (%) 53,8 Legenda: ANT - antagonista, Ca - Cálcio, angiot - angiotensina. 39 Na tabela 2, são apresentadas as cargas utilizadas nos exercícios de força e a respectiva percepção subjetiva de esforço na sessão EF. Tabela 2. Carga e percepção subjetiva de esforço em cada exercício que compõe a sessão exercício de força. Exercícios Carga (kg) Percepção subjetiva de esforço Supino reto 16 ± 5 6±1 Leg press 45º 32 ± 22 6±1 Remada baixa 20 ± 6 6±1 Extensão de joelhos 14 ± 7 6±1 Elevação frontal 6±2 6±1 Flexão de joelhos 20 ± 9 6±1 Rosca direta 8±3 6±1 Abdução de quadril 23 ± 8 5±2 A maior carga absoluta empregada nos exercícios para os membros superiores e inferiores foi nos exercícios remada baixa e leg press 45º, respectivamente. Enquanto, a elevação frontal e a extensão de joelhos foram os exercícios que apresentaram menor carga absoluta. Em todos os exercícios a média da percepção subjetiva de esforço ficou dentro dos limites pré-estabelecidos. Na tabela 3, são apresentadas a velocidade média, a distância total de caminhada, a frequência cardíaca e a percepção de dor dos pacientes durante a sessão EC. Tabela 3. Valores da velocidade média, frequência cardíaca, percepção de dor e distância total de caminhada durante a sessão exercício de caminhada (n=13). Variável Valores Velocidade média (km/h) 4,4 ± 0,9 Frequência cardíaca (bpm) 112 ± 10 Percepção de dor 2,8 ± 1,2 Distância total de caminhada (m) 1467 ± 300 Na tabela 4, são apresentados os valores das variáveis cardiovasculares em repouso antes das sessões experimentais. 40 Tabela 4. Valores das variáveis cardiovasculares em repouso antes das sessões experimentais (n=13). EC EF SC 119 ± 13 116 ± 13 118 ± 19 0,90 Pressão arterial diastólica (mmHg) 72 ± 8 72 ± 9 73 ± 12 0,83 Pressão arterial média (mmHg) 87 ± 9 87 ± 9 88 ± 13 0,96 Frequência cardíaca (bpm) 72 ± 12 70 ± 14 71 ± 12 0,38 Duplo produto (mmHg*bpm) 8565±1828 Pressão arterial sistólica (mmHg) p 8097±1940 8318±1538 0,50 Os valores de pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, pressão arterial média, frequência cardíaca e duplo produto em repouso foram similares antes das sessões experimentais (p>0,05). Dos 13 pacientes incluídos no estudo, quatro iniciaram pela sessão EC, dois pela sessão EF e sete pela SC. Na figura 4, é apresentada a resposta clínica da pressão arterial sistólica antes e 20 minutos após as sessões experimentais. Em comparação aos valores pré-intervenção, não foram observadas diferenças significantes na pressão arterial sistólica em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). 41 Pressão Arterial Sistólica (m m Hg) 140 120 100 80 60 0 Pré Pós Figura 4. Resposta clínica da pressão arterial sistólica após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 5, é apresentada a resposta clínica da pressão arterial diastólica até 20 minutos após as sessões experimentais. Em comparação aos valores préintervenção, não foram observadas diferenças significantes na pressão arterial diastólica em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). Pressão Arterial Diastólica (m m Hg) 42 100 80 60 40 20 0 Pré Pós Figura 5. Resposta clínica da pressão arterial diastólica após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 6, é apresentada a resposta clínica da pressão arterial média até 20 minutos após as sessões experimentais. Em comparação aos valores préintervenção, não foram observadas diferenças significantes na pressão arterial média em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). 43 Pressão Arterial Média (m m Hg) 120 100 80 60 40 0 Pré Pós Figura 6. Resposta clínica da pressão arterial média após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 7, é apresentada a resposta clínica da frequência cardíaca até 20 minutos após as sessões experimentais. Em comparação aos valores préintervenção, não foram observadas alterações significantes na frequência cardíaca em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). 44 Frequência Cardíaca (bpm ) 100 80 60 40 0 Pré Pós Figura 7. Resposta clínica da frequência cardíaca após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 8, é apresentada a resposta clínica do duplo produto até 20 minutos após as sessões experimentais. Em comparação aos valores pré-intervenção, não foram observadas alterações significantes no duplo produto em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). 45 Duplo Produto (m m Hg * bpm ) 12000 10000 8000 6000 2000 0 Pré Pós Figura 8. Resposta clínica do duplo produto após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 9, é apresentada a resposta ambulatorial da pressão arterial sistólica após as sessões experimentais. Em comparação aos valores préintervenção, não foram observadas diferenças significantes na pressão arterial sistólica em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). 46 Figura 9. Resposta ambulatorial da pressão arterial sistólica após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 10, é apresentada a resposta ambulatorial da pressão arterial diastólica após as sessões experimentais. Em comparação aos valores préintervenção, não foram observadas diferenças significantes na pressão arterial diastólica em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). Figura 10. Resposta ambulatorial da pressão arterial diastólica após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). 47 Na figura 11, é apresentada a resposta ambulatorial da pressão arterial média após as sessões experimentais. Em comparação aos valores pré-intervenção, não foram observadas diferenças significantes na pressão arterial média em nenhuma das sessões experimentais (p>0,05). Figura 11. Resposta ambulatorial da pressão arterial média após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 12, é apresentada a resposta ambulatorial da frequência cardíaca após as sessões experimentais. Em comparação aos valores pré-intervenção, não foram observadas alterações significantes na frequência cardíaca após as sessões experimentais (p>0,05). 48 Figura 12. Resposta ambulatorial da frequência cardíaca após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). Na figura 13, é apresentada a resposta ambulatorial do duplo produto após as sessões experimentais. Em comparação aos valores pré-intervenção, não foram observadas alterações significantes no duplo produto após as sessões experimentais (p>0,05). Figura 13. Resposta ambulatorial do duplo produto após as sessões exercício caminhada (círculo), exercício força (quadrado) e a sessão controle (triângulo) (n = 13). 49 Na tabela 5, são apresentadas as respostas das variáveis cardiovasculares após as sessões experimentais nos períodos de 24 horas, vigília e sono. Tabela 5. Respostas das variáveis cardiovasculares após as sessões experimentais nos períodos de 24 horas, vigília e sono. (n=13). EC EF SC p PAS (mmHg) –3±1 –6±3 –3±9 0,22 PAD (mmHg) –2±1 –5±2 –4±5 0,35 PAM (mmHg) +4±0 +0±1 –2 ± 7 0,18 FC (bpm) +8±1 +7±2 +7±2 0,39 + 738 ± 276 + 331 ± 407 + 596 ± 44 0,09 PAS (mmHg) –2±1 –4±2 –2±9 0,30 PAD (mmHg) –1±0 –3±1 –2±5 0,40 PAM (mmHg) +5±0 +1±0 +3±7 0,30 FC (bpm) + 11 ± 2 + 10 ± 1 + 10 ± 1 0,40 + 1246 ± 558 + 821 ± 395 + 1131 ± 73 0,18 PAS (mmHg) –7±3 – 11 ± 2 –7±6 0,11 PAD (mmHg) –6±0 – 10 ± 2 –8±6 0,40 PAM (mmHg) 0±2 –5±1 –2±6 0,15 –2±1 0±2 –4±4 0,35 – 852 ± 200 0,18 24 horas DP (mmHg*bpm) Vigília DP (mmHg*bpm) Sono FC (bpm) DP (mmHg*bpm) – 735 ± 144 – 727 ± 242 Valores em média e desvio padrão. Legenda: PAS (pressão arterial sistólica), PAD (pressão arterial diastólica), PAM (pressão arterial média), FC (frequência cardíaca), DP (duplo produto). As respostas da pressão arterial sistólica, da pressão arterial diastólica, da pressão arterial média, da frequência cardíaca e do produto nos períodos de 24 horas, vigília e sono não apresentaram diferença significante entre as sessões experimentais (p>0,05). 50 Na tabela 6, são apresentadas as respostas das cargas pressóricas da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica nos períodos de 24 horas, vigília e sono após as sessões experimentais. Tabela 6. Respostas das cargas pressóricas da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica após as sessões experimentais nos períodos de 24 horas, vigília e sono (n=13). EC EF SC p PAS (%) 32 ± 29 16 ± 19 17 ± 14 0,27 PAD (%) 27 ± 21 20 ± 22 21 ± 18 0,17 PAS (%) 32 ± 34 16 ± 14 18 ± 14 0,20 PAD (%) 31 ± 23 21 ± 22 24 ± 19 0,17 PAS (%) 30 ± 31 15 ± 15 20 ± 17 0,50 PAD (%) 20 ± 17 20 ± 23 24 ± 07 0,48 24 horas Vigília Sono Valores em média e desvio padrão. Legenda: PAS (pressão arterial sistólica), PAD (pressão arterial diastólica). As respostas das cargas pressóricas da pressão arterial sistólica e da pressão arterial diastólica nos períodos de 24 horas, vigília e sono foram similares entre as sessões experimentais (p>0,05). Na tabela 7, são apresentadas as respostas do descenso noturno da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica e da ascensão matutina da pressão arterial sistólica após as sessões experimentais. 51 Tabela 7. Respostas do descenso noturno da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica e da ascensão matutina da pressão arterial sistólica, após as sessões experimentais (n=13). EC EF SC p PAS (%) –4±8 –5±9 –4±6 0,86 PAD (%) – 8 ± 10 – 9 ± 10 –9±5 0,77 13 ± 11 5 ± 14 3 ± 12 0,20 Descenso noturno Ascensão matutina PAS (%) Valores em média e desvio padrão Legenda: PAS (pressão arterial sistólica), PAD (pressão arterial diastólica). As respostas do descenso noturno da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica e da ascensão matutina da pressão arterial sistólica foram similares entre as sessões experimentais. (p>0,05). Na figura 14, é apresentada a quantidade de passos realizados pelos pacientes após as sessões experimentais. O número de passos realizados após as sessões EC, EF e SC foram similares (p=0,87). Figura 14. Número de passos após as sessões experimentais exercício caminhada (EC), exercício força (EF) e sessão controle (SC) (n = 13). 52 6. DISCUSSÃO Os principais resultados do presente estudo foram: i) uma sessão com exercício caminhada ou de força não promoveram redução da pressão arterial sistólica, da pressão arterial diastólica, da pressão arterial média, da frequência cardíaca e do duplo produto em situação clínica e ao longo das 24 horas; ii) As variáveis cardiovasculares nos períodos de 24 horas, vigília e sono apresentaram resultados similares entre as sessões experimentais, bem como as cargas pressóricas, o descenso noturno e a ascensão matutina. A redução da pressão arterial após uma única sessão de exercício de força tem sido evidenciada tanto em indivíduos normotensos (REZK, 2006) quanto em indivíduos hipertensos (MELO et al., 2006). Em indivíduos com DAP, dois estudos verificaram as respostas da pressão arterial após uma única sessão com exercício de força (CUCATO et al., 2011; RODRIGUES et al., 2013). Neste presente estudo não foi verificada alteração da pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e pressão arterial média em situação clínica e nem ao longo das 24 horas. Esses resultados divergem dos estudos de Cucato e colaboradores (2011) e de Rodrigues (2013), que observaram uma redução clínica significativa na pressão arterial. No estudo de Cucato e colaboradores (2011), os resultados indicaram uma redução na pressão arterial sistólica -14mmHg ± 5mmHg. Ao passo que, no estudo de Rodrigues (2013), foi observada redução na pressão arterial sistólica de -6mmHg ± 2mmHg. Como as características dos pacientes são similares entre os três estudos (idosos com doenças associadas, elevada prevalência de hipertensão e em uso de medicamentos anti-hipertensivos), é possível que a não ocorrência de efeitos cardiovasculares após o exercício de força possa ser devido ao protocolo de exercício utilizado. De fato, no presente estudo, a intensidade relativa foi de 54% de 1RM, ao passo que no estudo de Rodrigues (2013) foi de 64% de 1RM. Essa diferença na intensidade pode não ter potencializado o efeito hipotensor do exercício de força. Outra diferença entre esse e os demais estudos é o volume da sessão (número de série, número de repetições, quantidade de exercícios e a carga). No presente estudo foram utilizados 8 exercícios com 2 séries de 10 repetições com aproximadamente 55% de 1-RM, totalizando um volume total de aproximadamente 8800. Já Rodrigues (2013) utilizou 6 exercícios, 3 séries de 10 repetições com aproximadamente 65% de 1-RM, o que totaliza um volume de 11700. 53 Os resultados do MAPA, após a sessão de exercício de força, corroboram com os resultados do estudo anterior da literatura. No único estudo que analisou o comportamento da pressão arterial por um período de 24 horas em indivíduos com DAP (RODRIGUES et al., 2013), também não foram observadas alterações na pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, pressão arterial média, frequência cardíaca e duplo produto. Esses resultados indicam que respostas cardiovasculares duradouras não são observadas após o exercício de força em pacientes com DAP, independentemente do protocolo de exercício de força utilizado. Existe grande corpo de evidências documentando a HPE aeróbios tanto em indivíduos normotensos (MACDONALD; MACDOUGALL; HOGBEN, 2000) como em indivíduos hipertensos (CUNHA et al., 2006). Por exemplo, Quinn (2000), analisando 16 indivíduos hipertensos não medicados, observou redução da pressão arterial sistólica por até 12 horas. Da mesma forma, Ciolac e colaboradores (2008) observaram redução da pressão arterial sistólica por um período de até 24 horas em indivíduos hipertensos medicados. Dessa forma, a hipótese inicial deste estudo era que o exercício com características aeróbias poderia potencializar a duração das respostas cardiovasculares nos pacientes com DAP. Todavia, a hipótese não foi confirmada. Alguns fatores parecem explicar as controvérsias entre o presente estudo e os demais encontrados na literatura. Primeiro, a amostra estudada apresentou como média da pressão arterial sistólica e diastólica, antes da sessão, um valor de 119mmHg e 72mmHg, respectivamente, ao passo que nos estudos anteriores, em outras populações, os valores iniciais da pressão arterial sistólica e diastólica foram acima de 150mmHg e 90mmHg, respectivamente. Considerando que quanto mais elevado os valores da pressão arterial pré-exercício maior será a sua redução pósexercício (CASONATTO; POLITO, 2009), é possível que os valores mais baixos da pressão arterial pré-exercício no presente estudo tenha minimizado a HPE. Segundo, indivíduos com CI apresentam mecanismos de controle cardiovascular alterados, como por exemplo, comprometimento da modulação simpática cardíaca (GOERNIG et al., 2008), disfunção endotelial (BREVETTI et al., 2010) e aumento da resistência vascular periférica (NORGREN et al., 2007). Como a HPE aeróbios tem sido atribuída principalmente à redução da resistência vascular periférica, é possível que a capacidade de vasodilatação prejudicada dos pacientes com DAP tenha inibido a HPE. Terceiro, o protocolo do exercício realizado. Todos os estudos que 54 analisaram a HPE aeróbio utilizou um protocolo de exercício contínuo com pelo menos 30 minutos de duração. Embora no presente estudo a duração do exercício de caminhada tenha sido de 40 minutos, esse foi realizado de forma intermitente devido ao comprometimento na capacidade de locomoção decorrente da CI. Por fim, é possível que os exercícios de caminhada por ocasionar isquemia, ativem reflexos adrenérgicos, atenuando os possíveis efeitos do exercício físico na pressão arterial. No presente estudo não foram observadas alteração do descenso noturno e na ascensão matutina, variáveis que estão relacionadas com o risco de eventos cardiovasculares agudos, como acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico (SOCIEDADE BRASILEIRAS DE CARDIOLOGIA, 2011). De fato, a ocorrência de descenso noturno superior a 10% (padrão dipper) tem sido reportada como fator de proteção cardiovascular (ORTEGA; DA SILVA; MION JR, 2008a). No entanto, pouco se sabe sobre o efeito do exercício físico nessas variáveis (NAMI et al., 2000). Recentemente, Da Silva (2012) observou em hipertensas medicadas que após uma sessão com exercício de força realizado até a fadiga moderada 77% e 85% dos indivíduos apresentaram padrão dipper da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, respectivamente, enquanto no presente estudo foi observado após a sessão exercício força que 23% e 31% dos indivíduos apresentaram padrão dipper da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, respectivamente. Além disso, Da Silva (2012) observou uma elevação de até 19±3mmHg após a realização do exercício de força, enquanto que no presente estudo não foi observada qualquer alteração dessa variável. É possível que essas diferentes respostas sejam decorrentes dos diferentes protocolos realizados, visto que no presente estudo o exercício de força foi realizado com intensidade submáxima, enquanto que no estudo supracitado os indivíduos chegavam até à fadiga. Do ponto de vista prático, os resultados do presente estudo indicaram que a realização do exercício de caminhada e do exercício de força não promoveu aumento da sobrecarga cardiovascular ao longo das 24 horas. Por outro lado, vale ressaltar que a realização do exercício físico, independente do tipo, não é útil para promover respostas cardiovasculares agudas. Dessa forma, ambas as modalidades parecem não comprometer o risco cardiovascular dos pacientes. Este estudo apresenta algumas limitações. Primeiro, foram incluídos nele indivíduos normotensos e hipertensos. Todavia, pela dificuldade de recrutar esses 55 pacientes, optou-se por incluir os indivíduos normotensos. Segundo, os pacientes estavam em uso de diferentes classes de medicamentos anti-hipertensivos. Apesar do uso de vários medicamentos anti-hipertensivos ser comum nesses indivíduos, a associação de diferentes terapias anti-hipertensivas pode exercer influência nos resultados. Terceiro, a prescrição da intensidade no exercício de caminhada. Indivíduos com DAP apresentam limitação na capacidade de locomoção, o que dificulta a mensuração da capacidade cardiorespiratória por métodos que utilizam o VO2máx como parâmetro de intensidade. Por fim, os indivíduos estavam em uso de vasodilatadores periféricos, o que pode ter influenciado nas respostas da pressão arterial diastólica. Contudo, para indivíduos com DAP, é recomendado no seu tratamento clínico o uso dessa classe medicamentosa. 56 7. CONCLUSÃO Os resultados deste estudo indicaram que em pacientes com claudicação intermitente o exercício de caminhada e o exercício de força não alteraram as variáveis cardiovasculares como pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, pressão arterial média, frequência cardíaca e duplo produto no período pós-exercício em situação clínica e ao longo das 24 horas. Bem como, os resultados não apresentaram alteração nas cargas pressóricas, no descenso noturno da pressão arterial sistólica e diastólica, e na ascenção matutina da pressão arterial sistólica. Esses resultados indicam que a prática do exercício de caminhada e do exercício de força não promove sobrecarga cardiovascular nos indivíduos com claudicação intermitente, o que pode auxiliar na diminuição do risco cardiovascular desses indivíduos. Assim, sugere-se a incorporação das sessões de exercício de caminhada e de exercício de força como parte da terapia dos indivíduos com claudicação intermitente. 57 REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACM'S guidelines for exercise testing and prescription. Baltimore:Lippincott Williams & Wilkins, 2007. AMUNDSEN, B. H.; WISLOFF, U.; SLORDAHL, S. A. [Exercise training in cardiovascular diseases]. Tidsskr Nor Laegeforen, v. 127, n. 4, p. 446-448, Feb 15.2007. AUCHINCLOSS, J. H.;ASHUTOSH, K.;RANA, S.;PEPPI, D.;JOHNSON, L. W.;GILBERT, R. 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CIDADE:................................ CEP:....................................... TELEFONE DDD (............)........................................ RESPONSÁVEL LEGAL:.......................................................................................... NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.)................................................... IDENTIDADE:................ SEXO: M Ž FŽ DATA NASCIMENTO.: ....../....../...... ENDEREÇO:...................................................... Nº.................. APTo: ..................... BAIRRO:.................................................... CIDADE:............................................... CEP:....................................... TELEFONE DDD (............)........................................ ___________________________________________________________________ ________ 66 II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA 1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AGUDAS EM DIFERENTES TIPOS DE EXERCÍCIOS EM INDIVÍDUOS COM CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE 2. PESQUISADOR: Prof. Dr. Raphael Mendes Ritti Dias 3. CARGO/FUNÇÃO: Docente da Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco. 4. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA: SEM RISCOŽ RISCO MÍNIMO(X) RISCO BAIXOŽ RISCO MÉDIOŽ RISCO MAIORŽ 5. DURAÇÃO DA PESQUISA: 2meses III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO: 1. Justificativa e os objetivos da pesquisa: O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa que tem o objetivo de verificar o efeito da musculação e da caminhada nas respostas do seu coração e das funções que ele exerce quando o (a) senhor (a) está em repouso ou caminha. 2. Procedimentos que serão utilizados: Um dos responsáveis pela pesquisa explicará detalhadamente todos os procedimentos no primeiro contato. Ao concordar em participar, o senhor será submetido aos seguintes procedimentos: 1) Fará uma avaliação na qual serão medidos: sua pressão arterial no braço e na perna, seu peso e sua altura; 2) Fará uma um teste ergométrico. Neste teste, o (a) senhor (a) fará uma caminhada numa esteira ergométrica até o máximo que conseguir. Durante o teste, serão medidas a sua frequência cardíaca (batimentos do coração) e a pressão arterial. 67 3) Fará duas sessões de musculação com as cargas menores possíveis, para que o (a) senhor (a) possa aprender como realizar os exercícios. E duas sessões de caminhada na esteira com uma velocidade de 3,2Km/h, para aprender a caminhar na esteira. 4) Fará duas sessões de um teste de força em dias diferentes. Esse teste será realizado no próprio equipamento de musculação e tem como objetivo descobrir qual a carga de treino que o (a) senhor (a) utilizará na sessão experimental. E duas sessões para encontrar a sua velocidade na esteira. 5) O (a) senhor (a) será sorteado para fazer parte do grupo de musculação, caminhada, concorrente ou para o grupo controle. 6) Fará quatro sessões experimentais com duração aproximada de 130 minutos. Em cada sessão, o (a) senhor (a) realizará: Medida da pressão arterial com um aparelho colocado no seu braço. Além disso, após a sessão, o senhor (a) irá embora com um aparelho no braço, que medirá sua pressão arterial a cada 15 minutos durante 24 horas; 3. Desconfortos e riscos esperados: Todos os exames desta pesquisa são seguros e bem tolerados. Entretanto, alguns desconfortos podem ocorrer. De maneira geral, pode-se esperar: a) Em todos os testes que envolverem exercício físico poderá haver cansaço e dor nas pernas, tanto durante quanto ao final do mesmo. b) No teste ergoespirométrico, em algumas pessoas que sofrem do coração, mas desconhecem este fato, esse exame poderá tornar o problema evidente. Para sua segurança, este exame sempre será acompanhado de um médico; 4. Benefícios que poderão ser obtidos: Sem nenhum gasto, o (a) senhor (a) fará uma avaliação cardiovascular que incluirá exames como: eletrocardiogramas em repouso e durante o exercício, exame de sangue e medida da pressão arterial de repouso e de 24 horas. Além disso, sua condição física também será avaliada pelo teste ergoespirométrico. Se algum 68 problema de saúde for evidenciado, o (a) senhor (a) será informado. Durante o projeto, o (a) senhor (a) receberá treinamento físico de musculação ou caminhada conforme o sorteio realizado, além de orientações para a prática saudável do exercício físico. As informações obtidas neste estudo serão extremamente úteis para nortear a prescrição do exercício para indivíduos com a doença arterial periférica. IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA: 1. Acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas. Sim. Você terá acesso, quando quiser, às informações constantes nesta declaração ou a qualquer outra informação que deseje sobre este estudo, incluindo os resultados de seus exames. 2. Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência. Sim. Você não é obrigado (a) a participar deste estudo. Você pode se recusar a participar e pode também desistir de participar a qualquer momento. 3. Salvaguarda de confidencialidade, sigilo e privacidade: Sim. A pesquisa é confidencial, sigilosa e garante a privacidade dos participantes. Assim, a pessoa que participar não terá sua imagem ou seu nome publicado em qualquer via de comunicação como revistas, artigos, textos na internet, etc. Seus dados serão tratados sempre de forma anônima. 4. Disponibilidade de assistência no Hospital por eventuais danos à saúde, decorrentes da pesquisa. Sim. Está garantido seu encaminhamento ao Hospital Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco por qualquer problema que a pesquisa por ventura possa causar a você. 69 V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS Prof. Dr. Raphael Mendes Ritti Dias Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco. Rua Arnóbio Marques, 310 – Recife/PE – CEP 50100-130 Tel.: (81) 3183 3354 / (81) 9728 6878 E-mail: [email protected] Telefones úteis CEP/UPE: (81) 3416.4125 // Coordenador do Projeto: (81) 9728 6878 ____________________________________________________________________ VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Recife, de _____________________________ de . _______________________________ assinatura do sujeito da pesquisa ou assinatura do pesquisador responsável legal (carimbo ou nome legível) 70 ANEXO B - Carta de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética