H S O APRENDIZAGEM HÍBRIDA, SEMIPRESENCIAL E ON-LINE NA LAUREATE EDUCATION Explorando mitos e práticas recomendadas Barry Sugarman, Ph.D Gary J. Burkholder, Ph.D Laureate Education, Inc. Van Davis, Ph.D Deborah Everhart, Ph.D Blackboard, Inc. 1 INTRODUÇÃO Para milhões de pessoas ao redor do mundo, a promessa de um ensino superior é a promessa de uma vida melhor para si mesmas e suas famílias. A Laureate Education está pronta para satisfazer à demanda mundial por educação no ensino superior, com seu compromisso de oferecer aos alunos acesso ao ensino superior de qualidade em todo o mundo. Nosso espírito é “Here for Good” (“estamos aqui para ficar”), e segui-lo significa expandir nosso compromisso com os alunos que atualmente não têm acesso ao ensino superior. Uma das formas mais importantes de fazer isso é aumentar nossa oferta de ensino superior de qualidade por meio de ensino híbrido, semipresencial e on-line (digital). Com essas modalidades, as instituições podem chegar aos alunos que, de outra forma, não teriam acesso ao ensino superior de qualidade. Além disso, elas permitem responder às novas formas com que os alunos interagem cada vez mais com a tecnologia. Encontrar novos alunos é uma motivação importante do objetivo de hibridismo da Laureate. “Com a correria do dia a dia e três filhos para criar, participar de aulas em uma universidade sempre foi muito complicado para mim. Tentei algumas vezes, mas sempre desisti durante o curso. Escolhi estudar on-line, e essa foi a melhor escolha que fiz para meu desenvolvimento pessoal e profissional, pois assim eu poderia aprender e adaptar minha programação ao curso. Nesse sentido, o envolvimento dos docentes da UNIFACS foi essencial. Consegui concluir meu curso e já recebi uma promoção na empresa em que trabalho.” A aprendizagem digital pode Ederubia dos Santos Itaparica intimidar Aluna, UNIFACS quem não está familiarizado com ela. Embora as abordagens digitais à educação estejam em uso desde o meio da década de 1990, elas ainda estão cercadas de mitos, medos e preocupações. Muitos profissionais do ensino superior temem que o ensino on-line seja menos rigoroso ou eficaz para se chegar aos resultados da aprendizagem do que os cursos presenciais tradicionais. Já outros podem se preocupar com a possibilidade de que o ensino on-line aumente as chances de os alunos colarem, ou que os empregadores não deem valor ao diploma on-line. 2 Mesmo os docentes relativamente expostos à aprendizagem digital podem duvidar que as ações dos professores em aula e a essência de seu relacionamento com os alunos não sejam reproduzidas nesses cursos e programas muito tecnológicos. E o próprio professor pode temer que a aprendizagem digital mude seu papel e torne-o menos importante. O objetivo deste documento é abordar as preocupações que alguns docentes têm quanto à educação digital e apresentar algumas das práticas recomendadas da área. Além disso, mostramos aos professores e alunos alguns exemplos da Rede Laureate que destacam o valor do ensino e da aprendizagem digitais. Por fim, a intenção deste documento não é proporcionar uma visão geral abrangente desse importante assunto, mas apresentar um aspecto do ensino que oferecerá ótimas oportunidades para os alunos atuais e futuros das nossas instituições. H S O 3 DEFINIÇÃO DE HÍBRIDO, SEMIPRESENCIAL E ON-LINE Há vários termos diferentes associados à aprendizagem digital, como à distância, semipresencial, híbrido, assíncrono, síncrono, pela Web e cursos abertos, on-line e em massa (MOOCs). Alguns desses termos se referem à modalidade, que descreve como e onde acontece a aprendizagem. Outros termos descrevem a quantidade do curso ministrada por meio de uma determinada modalidade. Para os nossos fins, usaremos as definições a seguir, adotadas pela Laureate, para garantir a uniformidade e a compreensão compartilhada da terminologia: H Programas híbridos são compostos por cursos, alguns ministrados totalmente on-line, outros totalmente presenciais e/ou no formato semipresencial. Embora os textos técnicos usem os termos “híbrido” e “semipresencial” como sinônimos, para os fins deste documento, o termo “aprendizagem semipresencial” se refere a cursos e o termo “híbrido” se refere a programas. S Cursos semipresenciais são ensinados parte on-line, parte no campus (ou seja, presencialmente). A aprendizagem semipresencial usa o ensino mediado por tecnologia enquanto os alunos estão distantes em algum nível (pelo menos em parte do tempo) para auxiliar na mediação da aprendizagem. O Cursos/programas totalmente on-line são totalmente ministrados pela Internet, embora talvez existam algumas exigências de presença física associadas a avaliações e/ou “estágios”. Os cursos totalmente on-line costumam ser essencialmente assíncronos, embora a aprendizagem síncrona também possa ser usada. 4 MITOS SOBRE A APRENDIZAGEM DIGITAL O uso da aprendizagem auxiliada pela tecnologia para ampliar o acesso à educação não é um conceito novo, e os Estados Unidos foram os pioneiros nesse ramo. Em 1922, a Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State) já oferecia cursos por rádio, que antecederam o primeiro curso superior televisionado, feito pela Universidade de Houston na década de 1950. No Reino Unido, o governo e a emissora de rádio e televisão BBC (British Broadcasting Corporation) propuseram o desenvolvimento da “University of the Air” (“Universidade do Ar”), que foi lançada em 1969 (The Open University, 2015). O próprio aprendizado on-line já tem mais de 40 anos, embora tenha mudado em termos de porte e sofisticação em comparação com quando o Western Behavioral Sciences Institute ofereceu o primeiro programa on-line, em 1981, e a Nova Southeastern University começou a oferecer os primeiros programas de doutorado on-line em 1985. Na América Latina, instituições como a Universidade de Anahuac e o Instituto Tecnológico de Monterrey oferecem programas on-line há mais de 20 anos. Embora a educação digital tenha mais de 40 anos de história, os mitos sobre essa área proliferam, principalmente aqueles relacionados a qualidade, integridade acadêmica, conexão com o aluno, importância do professor, eficácia e posturas dos empregadores. H S O 5 Mitos sobre a qualidade Com certeza, um dos mitos mais citados e persistentes compartilhados por professores, alunos e pelo público em geral quanto ao ensino on-line é o de que a qualidade é inferior se comparada à do ensino presencial. Há motivos válidos para que esse mito seja tão difundido. Primeiro, as instituições on-line pioneiras da área tendiam a atuar fora das estruturas regulatórias reconhecidas, que certificam a qualidade. Segundo, há histórias amplamente divulgadas de fraude e uso indevido por determinados provedores de educação digital do mundo inteiro (Piña, 2010). Por último, a imagem do aluno solitário sentado à frente da tela do computador contraria os séculos de experiências vividas no ensino superior cursado em campus. Há cursos de ensino superior on-line que atuam fora das estruturas regulatórias. Por exemplo, o movimento de cursos abertos, on-line e em massa (MOOCs) atua quase totalmente fora da esfera regulatória. No entanto, os programas digitais atuais e futuros da Laureate precisam ser aprovados pelos mesmos processos regulatórios que os programas presenciais. Esses processos regulatórios são a linha de frente da defesa da qualidade acadêmica. Além dos processos regulatórios, existem vários métodos para garantir a qualidade dos cursos e programas digitais. Organizações como a Quality Matters, nos Estados Unidos, e o Open & Distance Learning Quality Council (ODLQC), no Reino Unido, desenvolveram conjuntos de padrões para avaliar a qualidade no ensino on-line. Em ambos os casos, há ênfase em objetivos de aprendizagem claros; em diversas avaliações alinhadas; na presença de materiais de ensino abrangentes; em ferramentas tecnológicas que auxiliem a aprendizagem ativa e a participação do aluno; e no apoio estruturado ao aluno. Shelton (2011) analisou 12 paradigmas para garantir a qualidade dos programas de ensino on-line. O autor identificou os seguintes temas em comum entre esses paradigmas: compromisso, apoio e liderança da instituição; ensino e aprendizagem; apoio ao professor, apoio ao aluno, desenvolvimento do curso; tecnologia, análises e avaliações; custo-benefício, administração e planejamento; satisfação dos alunos e do corpo docente. A Laureate usa estruturas de qualidade externas e estruturas desenvolvidas internamente para garantir a qualidade dos programas e cursos on-line (por exemplo, os Padrões para a excelência no desenvolvimento e design de conteúdo digital, disponibilizados pelo Laureate Network Office). 6 Mitos sobre a integridade acadêmica Outro mito comum em torno do ensino on-line é a noção de que os alunos on-line estão mais propensos a colar do que os alunos de cursos presenciais. Evidências convincentes sugerem que esse não é o caso. Por exemplo, depois de entrevistar 635 alunos de graduação e pós-graduação de uma universidade americana de médio porte, Watson e Sottile descobriram que o índice de alunos que alegavam colar em cursos on-line (32,7%) era praticamente idêntico ao dos que frequentavam cursos presenciais (32,1%) (Watson e Sottile, 2010). Para ressaltar ainda mais a natureza desse mito, o mesmo estudo (Waston e Sottile, 2010) descobriu que em quase todas as áreas de fraude (exceto quando alguém passa as respostas de uma prova ou um teste enquanto o faz) os alunos presenciais estavam mais propensos a entregar o trabalho de outra pessoa do que os alunos on-line. Eles também estavam mais propensos a receber as respostas de alguém que já fez a prova, copiar o questionário ou as respostas sem a permissão da outra pessoa e cometer plágio ou usar um serviço de escrita profissional. De modo similar, em um estudo com 225 alunos, Stuber-McEwen, Wisely e Hoggat (2009) descobriram que as fraudes eram menos comuns nos cursos on-line do que nos presenciais. Embora exista a preocupação de que os alunos on-line sejam mais propensos a se envolver em comportamentos fraudulentos do que os colegas de cursos presenciais, a pesquisa revelou que essa preocupação não tem fundamento. Mitos sobre a conexão com o aluno Teme-se que a aprendizagem on-line e semipresencial seja uma experiência solitária e desconectada, ao contrário da aprendizagem no contexto de uma comunidade. No entanto, os alunos on-line usam ferramentas tecnológicas que podem eliminar a distância de formas sem precedentes, com o uso onipresente de fóruns de discussão, webcams e diversas ferramentas sociais contemporâneas. Além disso, os alunos semipresenciais aproveitam o melhor dos dois mundos da aprendizagem: o on-line e o presencial. De fato, pesquisas indicam que o desenvolvimento de uma comunidade de aprendizado na qual os alunos têm a oportunidade de interagir de formas significativas pode ser igualmente bem-sucedido nas modalidades on-line e presencial. Por exemplo, Francescato et al. (2006) compararam a eficácia da aprendizagem colaborativa em grupos presenciais e on-line de graduandos em Psicologia de uma universidade europeia. O estudo revelou aumento semelhante nos níveis de competência profissional, autoconfiança acadêmica, autoconfiança social e autoconfiança para resolução de problemas dos dois grupos, on-line e presencial. “Geralmente uso vídeos curtos para explicar alguns conceitos ou padrões de participação, e isso permite que eu me aproxime dos alunos como um todo durante o tempo em que trabalhamos on-line. Outras vezes, quando a primeira aula em sala não acontece no começo do curso, uso vídeos para que os alunos se apresentem ao resto do grupo, e isso ajuda a fazer com que nos sintamos parte de um grupo.” Sonia Martínez Requejo Professora associada, Faculdade de Ciências Sociais, UEM 7 Além disso, vários alunos (principalmente aqueles cuja língua materna não era o idioma usado) têm problemas com as interações pessoais nas discussões em sala de aula. Eles podem ter mais dificuldade para articular ideias complexas ou precisar de mais tempo para pensar do que o oferecido pela típica discussão em sala de aula. Outros alunos podem sentir muita ansiedade social e medo associado a falar em público na aula. Entretanto, aulas on-line desenvolvidas com cuidado oferecem a esses alunos grandes oportunidades de participação significativa, além de uma forma de serem ouvidos. Nesse sentido, Solimeno, Mebane, Tomai e Francescato (2008) descobriram que os alunos que usam estratégias de aprendizagem (caracterizados por falta de perseverança e pela dificuldade de administrar o tempo de estudo e terminar as tarefas pontualmente) se beneficiaram mais de ambientes on-line. Mitos sobre a importância do professor Vários professores temem que sua importância seja reduzida à medida que as instituições passam a oferecer mais cursos digitais a seus alunos. Contudo, o papel do professor continua a ser essencial para um bom aprendizado on-line, principalmente no contexto de desenvolvimento/ planejamento curricular e da interação professor-aluno. Os professores podem ter responsabilidades importantes no desenvolvimento de tarefas do curso, como escrever o conteúdo, participar do desenvolvimento de mídias, selecionar os recursos de aprendizagem e elaborar avaliações. Em uma ampla análise da produção bibliográfica sobre o aprendizado on-line financiada pela Gates Foundation, Siemens, Gašević e Dawson (2015) identificaram constatações em diversos estudos empíricos que respaldaram a noção de que a natureza do planejamento do curso afeta os resultados dos alunos. Os autores mencionam a afirmação de Bernard et al. (2009) de que o ensino on-line “pode ser muito melhor e muito pior” (p. 5) que o presencial. Ou seja, os professores que desenvolvem os cursos on-line têm o poder de criar excelentes experiências de aprendizado. De forma parecida, tendo ou não desenvolvido o curso que ensina, o professor tem um papel enormemente importante na influência da aprendizagem e da satisfação do aluno. Arbaugh et al. (2009) descobriram que “a interação aluno-professor é um dos maiores prognósticos do aprendizado do aluno (…) De fato, os resultados de alguns estudos sugerem que a interação do aluno com o professor pode ser a principal variável para prever os resultados da aprendizagem de cursos on-line” (p. 80). Conforme a aprendizagem digital se torna mais prevalente, o papel do professor na criação de uma experiência de curso envolvente e interativa continuará a ser um fator importante do processo de ensino e de aprendizagem. 8 Mitos sobre a eficácia As preocupações de muitas pessoas com relação à eficácia do ensino on-line e semipresencial estão estreitamente relacionadas aos mitos e temores quanto à qualidade dessas modalidades. Como acontece com várias outras preocupações, a produção bibliográfica cada vez mais frequente sobre a educação digital sugere que não há fundamento para isso. Por exemplo: Means, Toyama, Murphy, Bakia e Jones (2010) conduziram uma meta-análise de 50 efeitos encontrados em 45 estudos que compararam as modalidades digitais com a presencial. Eles descobriram que “em média, os alunos em condições de aprendizado on-line tiveram desempenho ligeiramente melhor do que os que passaram pelo ensino presencial” (p. 2). Allen et al. (2004) descobriram que a eficácia do ensino on-line depende da qualidade do conteúdo do curso e independe da modalidade. Bernard et al. (2004) descobriram que, na comparação entre a eficácia do meio on-line assíncrono e a dos meios presencial e on-line síncrono, o meio on-line assíncrono acaba por ser mais eficaz do que os outros dois. Ni (2013) comparou os alunos on-line e presenciais de uma graduação em Relações Públicas. O autor descobriu que “o desempenho dos alunos medido por nota independe do meio de ensino” (p. 199). Os resultados desses pesquisadores sugerem que a aprendizagem digital oferece oportunidades significativas de ensino e aprendizagem pedagógicos sem sacrificar a qualidade e a eficácia. “Um aluno com aprendizado mais lento se apresentou e disse: ‘agora tenho a confiança de que meu desempenho pode ser melhor. Obrigado por oferecer um curso tão interativo (pelo Blackboard). Agora eu aprendo melhor’. Acho que esta é a maior motivação para qualquer professor!” Narasimman Swaminathan Professor de Ciências da Saúde INTI International University 9 Mitos sobre a postura dos empregadores Muitos professores, alunos e pais temem que os possíveis empregadores vejam a aprendizagem digital como inferior à tradicional, o que prejudicaria os jovens graduados. Contudo, há poucas evidências que sugerem isso. O Excelsior College, em conjunto com a Zogby, realizou a “Pesquisa internacional sobre a aprendizagem à distância” com mais de 1.500 diretores executivos (CEOs) e proprietários de empresas. Eles descobriram que 83% dos participantes acreditavam fortemente que o ensino on-line é tão digno de crédito quanto o tradicional presencial (Excelsior College, 2009). Além disso, nos EUA, a Western Governors University (WGU) relatou que a taxa de emprego após 5 anos de seus graduados é de 79%, 13 pontos percentuais maior que a média nacional dos EUA (WGU, 2015). Tabatabaei e Gardiner (2012) estudaram profissionais do setor de sistemas de informação (SI) com experiência no recrutamento de funcionários. Eles descobriram que o meio de ensino (ou seja, on-line versus presencial) do graduado em SI não era uma consideração significativa para os recrutadores. Além disso, outros fatores, como a experiência profissional e o desempenho acadêmico, eram mais importantes para decidir a contratação. Fica claro que há um grupo considerável de empregadores menos interessados na modalidade de aprendizagem do aluno e mais interessados no conteúdo aprendido por ele, bem como em suas experiências profissionais anteriores. 10 PEDAGOGIA NA EDUCAÇÃO DIGITAL DE ALTA QUALIDADE Em vários pontos, a educação digital não difere do ensino em uma sala de aula tradicional. Os professores ainda trabalham para desenvolver relacionamentos de qualidade com os alunos para criar um ambiente favorável à exploração intelectual e à aprendizagem. Assim como no ensino presencial, o desenvolvimento de relações entre o professor e os alunos (e entre os próprios alunos) é essencial para a criação de uma comunidade de aprendizado, e as decisões tomadas pelo professor na aula semipresencial (ou on-line) são em grande medida definidas por sua filosofia e abordagem ao ensino. Em “What the Best College Teachers Do” (“O que os melhores professores universitários fazem”), um estudo de 15 anos feito com várias disciplinas e instituições, o autor sugere que os melhores professores universitários “ajudam os alunos a aprender de formas que tenham uma influência contínua, substancial e positiva em como esses alunos pensam, agem e sentem” (Bain, 2004, p. 5). “Acredito [que o ensino on-line] me mostra todos os dias que é possível ‘mudar o mundo’, e que é possível ser e agir de forma cada vez melhor, pois as experiências e os resultados que vivencio no ensino on-line me afirmam a dimensão e a responsabilidade de ser uma educadora, não apenas alguém que transfere conteúdo.” Suzana Coelho Professora, Serviço Social UNIFACS 11 Todos os professores universitários estudados compartilham seis características básicas: 1 Conhecem suas disciplinas e compreendem os princípios da aprendizagem. 2 Consideram a preparação para lecionar tão importante quanto qualquer outra atividade acadêmica, como a pesquisa. 3 Definem expectativas altas para os alunos. 4 Criam um ambiente de aprendizagem favorável e colaborativo que fomenta a análise crítica e envolve um feedback formador significativo. 5 Tratam os alunos com respeito. 6 Envolvem-se na melhoria contínua, fazendo análises, avaliações e mudanças conforme a necessidade para melhorar o ensino e a aprendizagem. A discussão de Bain sobre o ensino universitário se concentra nas aulas presenciais, porém, as características de um bom ensino universitário também se aplicam às salas de aula digitais. Além disso, Siemens, Gašević e Dawson (2015, p. 114) analisaram a produção bibliográfica sobre as práticas de ensino on-line e identificaram sete conceitos comuns: 1 Os cursos on-line devem oferecer um bom apoio para as interações dos alunos com outros alunos e com o conteúdo. 2 Essas interações devem abranger a aprendizagem cooperativa e colaborativa. 3 A abordagem mais comum para incentivar interações no ambiente do aprendizado on-line é por meio de discussões on-line estruturadas. 4 O papel moderador do instrutor nas discussões orientadas é de suma importância. 5 Os instrutores devem ser capazes de proporcionar feedback pontual e formador sobre o progresso de aprendizagem de cada aluno. 6 As plataformas de ensino devem ser amplamente consideradas e adotadas de acordo com as necessidades do aluno. 7 O conteúdo apresentado deve ser visualmente envolvente e interativo. Por último, em uma análise qualitativa das práticas dos professores on-line, Lewis e Abdul-Hamid (2006) sugerem que o professor on-line exemplar se envolve em quatro práticas principais: estimular a interação, fornecer feedback, mediar a aprendizagem e manter o entusiasmo e a organização. A partir das pesquisas apresentadas nesta seção, nossas próximas discussões se concentrarão em três novas áreas que afetam a experiência do aluno on-line: criação da comunidade, incentivo ao feedback e preservação da participação do aluno. 12 Criação da comunidade Os melhores professores universitários criam relacionamentos com seus alunos. Eles investem tempo com os alunos e acreditam que “os alunos querem aprender (…) até que se prove o contrário” (Bain, 2004, p. 140). Considerando as pesquisas discutidas anteriormente, também há evidências de que os ambientes de aprendizagem bem-sucedidos são caracterizados por cooperação, colaboração e pela multiplicidade de interações (aluno-professor, aluno-aluno, aluno-conteúdo). Em termos simples, excelentes professores criam excelentes comunidades. Por isso, a capacidade do professor (principalmente daqueles que lecionam em ambiente digital) de criar uma comunidade de alunos é essencial (Grandzol e Grandzol, 2006). Um dos aspectos centrais da promoção dessas interações é a capacidade do instrutor de estabelecer uma presença e um vínculo com os alunos enquanto os ajuda a se tornarem integrantes ativos e socialmente envolvidos da comunidade de aprendizado. Embora existam várias formas de estabelecer uma presença, todas elas têm em comum a veracidade da disposição do professor. Isso significa estar disposto a se compartilhar com os alunos, além de ter interesse verdadeiro no desenvolvimento deles. A maioria dos professores que leciona em cursos presenciais passa pelo menos parte das primeiras aulas tentando conhecer os alunos. Essa forma de estabelecer o vínculo é uma etapa inicial importante para criar um senso de comunidade em qualquer aula, a despeito de esta ser presencial ou digital (Lewis e Abdul-Hamid, 2006). No começo do ensino on-line assíncrono, estabelecer o vínculo se limitava à criação de apresentações textuais pelo professor. Hoje, porém, a natureza onipresente de tablets e webcams facilita a gravação de apresentações em vídeo (Brinthaupt, Fisher, Gardner, Raffo e Woodard, 2011) para compartilhar com os alunos por meios virtuais. De igual importância é a oportunidade de os alunos se apresentarem uns aos outros e aos instrutores. Um dos conceitos que descrevem essas interações é o de presença social. Boston et al. (2009) descrevem a presença social como “o grau em que a pessoa é percebida como ‘pessoa de verdade’ na comunicação mediada” (p. 76). Em seu estudo, feito com 28.000 alunos on-line, os autores descobriram que a presença social é um indicador significativo da retenção do curso (ou do período letivo). Em outras palavras, o quanto o aluno on-line percebe o instrutor e os demais alunos como “pessoas de verdade” antecipa sua persistência. Mais uma vez, a autenticidade é uma característica essencial entre os professores on-line bem-sucedidos. “A troca de informações com os alunos no programa de MBA on-line da Stamford é possível por meio do Blackboard Collaborate, por isso, não me sinto sozinho ou deixado de lado. Também tenho oportunidades de usar a tecnologia para fazer trabalhos em grupo com meus colegas do MBA on-line sem precisar estar no mesmo local que eles.” Aluno, programa de MBA on-line Stamford International University 13 Incentivo ao feedback As formas iniciais da educação digital se caracterizavam por (a) relações de uma pessoa com várias pessoas (por exemplo, a aula expositiva de um professor é transmitida a vários alunos por rádio ou televisão); (b) pouca oportunidade de interação dos alunos com o professor fora das avaliações somativas (por exemplo, provas e tarefas) e (c) pouquíssima, quando existente, interação entre os alunos (por exemplo, discussões, projetos em grupo etc.). Nesta seção, discutiremos a interação (ou o feedback) que acontece entre o professor e os alunos, bem como a importância dessa interação no ambiente digital. É aceitável afirmar que o feedback útil proporcionado pelos professores auxilia os alunos no processo de aprendizagem. Siemens, Gašević e Dawson (2015) identificaram esse tema em sua meta-análise. Espasa e Meneses (2010) analisaram os processos de feedback entre os professores on-line e seus alunos na Universitat Oberta de Catalunya (UOC, Universidade Aberta da Catalunha). Na pesquisa, eles propuseram três tipos de feedback que, quando fornecidos pelo professor, ajudam a “regular” o processo de aprendizagem: regulação interativa (resposta a perguntas sobre o conteúdo do curso); regulação retroativa (após uma tarefa); regulação proativa (após a tarefa final). Como os autores observaram em sua discussão, a regulação retroativa corresponde ao feedback formativo nas tarefas do curso, e a regulação proativa corresponde ao feedback somatório após a tarefa final. Cabe ressaltar que a pesquisa destacou uma correlação positiva entre receber feedback formativo e os resultados acadêmicos. É claro que o feedback só é útil enquanto auxilia o aluno na aprendizagem. Nicol e Macfarlane-Dick (2006, p. 205) conduziram uma análise da produção bibliográfica de pesquisas sobre o feedback de professores a alunos e identificaram sete práticas positivas de feedback. Embora os estudos analisados se concentrem originalmente em ambientes presenciais, as práticas a seguir também são válidas para os ambientes digitais: 1 Esclarecer o que constitui um bom desempenho (metas, critérios e padrões esperados). 2 Facilitar o desenvolvimento da autoavaliação (reflexão) na aprendizagem. 3 Proporcionar aos alunos informações de alta qualidade sobre sua aprendizagem. 4 Incentivar diálogos sobre a aprendizagem com professores e colegas. 5 Incentivar pontos de vista motivadores e positivos, bem como a autoestima. 6 Oferecer oportunidades para reduzir a distância entre o desempenho atual e o almejado. 7 Fornecer informações (feedback) aos professores que possam ajudá-los a elaborar as aulas. 14 Na sala de aula física, há várias oportunidades para os professores oferecerem feedback formal e informal aos alunos. Às vezes, isso acontece como feedback formativo e somatório em tarefas, enquanto em outras vezes pode ter o formato mais informal de conversas eventuais, por exemplo, ao entrar e sair da aula ou “Recebi muitos agradecimentos de alunos que em visitas à sala do instrutor. Felizmente, os ambientes do valorizam meu feedback, que se concentra em como eles podem melhorar seus processos mentais e tornar aprendizado on-line atual oferecem várias oportunidades seus argumentos mais claros e convincentes. Ajudar os para aproveitar o feedback formal e o informal. alunos a compreender a aplicação dos conceitos é parte fundamental do que fazemos e tem um valor enorme.” William Schulz Professor de Estratégia e Liderança Walden University Preservação da participação do aluno Termos como “participação do aluno” e “alunos participativos” são usados pelos textos voltados ao público e aos especialistas em educação. Embora muitos professores e colaboradores de instituições de ensino se dediquem a estimular a participação, não há definição amplamente aceita de participação do aluno. Bigatel e Williams (2015) oferecem a seguinte definição com base em sua análise da produção bibliográfica: ”… a participação abrange o esforço do aluno de estudar a disciplina, praticá-la, receber feedback, fazer análises e resolver problemas”. Rabe-Hemp, Woollen e Humiston (2009) compararam a participação entre os alunos on-line e os presenciais em cursos de graduação em Direito Penal. Os autores não propõem uma definição formal de participação, mas fica claro em suas discussões que eles estão definindo o significado de “participação” de forma coerente com Bigatel e Williams (2015). Rabe-Hemp et al. descobriram que: “os alunos de cursos on-line podem refletir mais sobre o próprio processo de aprendizagem, o que é indicado pela descoberta de que os alunos on-line passam mais tempo se preparando para o curso e se sentem mais conectados ao professor” (2009, p. 213). Também nas descrições usadas por Espasa e Meneses (2009), parece que os alunos on-line são mais autorregulados que os presenciais, considerando sua propensão a refletir e se preparar. No ambiente virtual, as estratégias para aumentar a participação podem incluir publicar uma mensagem de boas-vindas para os estudantes que seja motivadora e dinâmica; responder a todas as dúvidas dos alunos dentro de um prazo razoável (por exemplo, 24 horas) e garantir que todo feedback formativo seja incentivador e detalhado. Os textos voltados ao público geral estão repletos de exemplos de como aumentar a participação, e pesquisas indicam que os mesmos métodos usados para aumentar a participação dos alunos em aulas presenciais podem ser adotados nos ambientes digitais. 15 Conclusão Nos primórdios da educação digital, pesquisas importantes se concentraram em comparar a eficácia do ensino on-line com a da aprendizagem presencial. Considerando o quanto a modalidade era inovadora naquele momento (e a necessidade de as primeiras instituições on-line provarem seu valor), esse foco não é surpreendente. Como demonstrado ao longo deste estudo, pesquisas indicam que a aprendizagem digital é no mínimo tão eficaz quanto a aprendizagem presencial. Ainda assim, costuma ser difícil deixar os mitos de lado, e os que têm impacto pessoal (por exemplo, os relacionados à carreira escolhida) são ainda mais difíceis de eliminar. Com este estudo, esperamos ter demonstrado vários dos atributos positivos associados à aprendizagem digital e destacado o papel importante dos professores no processo de ensino-aprendizagem digital. A aprendizagem digital oferece oportunidades enormes para a expansão do acesso e das oportunidades de educação. Em um momento em que é impossível atender à crescente demanda internacional pelo ensino superior por meio de estruturas físicas existentes, a educação digital pode expandir o acesso para além das paredes da sala de aula e alcançar alunos com limitações de deslocamento. No entanto, o acesso não se resume à proximidade física com o campus ou à falta dela. Acesso também significa encontrar tempo para frequentar a faculdade. Muitos alunos em potencial fazem verdadeiros malabarismos para conciliar trabalho, família e estudos, o que pode limitar as oportunidades de se deslocarem até o campus para os cursos programados. Para eles, o estudo pode acontecer tarde da noite, depois de pôr os filhos para dormir ou durante o horário de almoço no trabalho. Vários desses alunos em potencial acreditam que o ensino superior é impossível para eles. A educação digital representa um caminho a seguir e uma chance para muitos alunos atualmente carentes de oportunidades de realizarem o sonho de um diploma de graduação ou até mesmo pós-graduação. A Laureate está especialmente preparada para atender às necessidades desses alunos, pois acredita verdadeiramente que “chegamos para ficar”. 16 Referências Allen, M., Mabry, E., Mattrey, M., Bourhis, J., Titsworth, S., & Burrell, N. A. (2004). Evaluating the effectiveness of distance learning: A comparison using metaanalysis. Journal of Communication, 54(3), 402–420. Arbaugh, J. B., Godfrey, M. R., Johnson, M., Pollack, B. L., Niendorf, B., & Wresch, W. (2009). Research in online and blended learning in the business disciplines: Key findings and possible future directions. 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