PREFEITURA MUNICIPAL DE POMERODE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL MULTIDISCIPLINAR DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO POMERODE/SC 2012 PREFEITURA MUNICIPAL DE POMERODE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL MULTIDISCIPLINAR DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NA PERSPECTIVA DE INCLUSÃO Administração 2009 – 2012 Prefeito – Paulo Mauricio Pizzolatti Vice- Prefeita – Gladys Dinah Siewerdt Secretária da Educação e Formação Empreendedora – Neuzi Schotten Profa.Coordenadora da Educação Especial – Tânia Mara Gruetzmacher Doege POMERODE – SC 2012 PREFÁCIO Quando se pensa em educação inclusiva é importante invocar a premissa de que a paz, a fraternidade, a liberdade e a justiça, fundamentadas no reconhecimento da dignidade e na equidade de direitos, são garantidas para todo o ser humano desde o seu nascimento (Brasil, 2010). Neste sentido Domingues (2010) considera que na proposta de uma escola inclusiva esteja a garantia de que todos tenham o direito à cidadania e à inserção social ao compartilharem um mesmo espaço sem que haja discriminação ou exclusão por estarem fora do modelo considerado padrão. A construção de uma escola inclusiva percorre uma longa caminhada passando por debates que visam novas concepções de práticas pedagógicas não excludentes. Desta forma, a educação em consonância com o poder publico e toda a sociedade, pode contribuir para a mudança de valores sociais que respeitem a diversidade humana. Neste caminho, que também vem sendo percorrido pela Rede Municipal de Ensino de Pomerode, não faltam profissionais corajosos, estudiosos e determinados, que superam seus próprios limites na luta pela humanização através do processo de inclusão. Seria hipocrisia ignorar as dificuldades de toda ordem que a escola encontra neste processo. Atribuir estas dificuldades apenas ao professor é, no mínimo, negar todas as falhas e problemas encontrados no sistema educacional. Estes problemas vão desde o número de alunos na sala de aula até a falta de estrutura física e pedagógica que privilegie a educação inclusiva. Outro aspecto que, deve ser considerado com muito esmero, é pensar que a contratação de uma segunda pessoa na sala de aula, é fator prioritário para garantir a inclusão de todos os alunos. Pensar assim é uma forma de minimizar e até de banalizar a inclusão, pois relega ao segundo plano a necessidade da reflexão das concepções de ensino, de aprendizagem, de avaliação, de inclusão... que permeiam nossas práticas(ainda tão excludentes). Sendo assim, cabe considerar que o caminho a ser percorrido é longo, mas pode se tornar leve se todos o percorrerem juntos. As diretrizes curriculares para a Educação Especial na perspectiva da Inclusão, contidas neste documento, foram escritas ao longo dos últimos três anos com base nos documentos oficiais desta área, pela equipe de profissionais do AEE, do PADRA e do Atendimento Multidisciplinar, coordenados pela profa. Tânia Mara Gruetzmacher Doege. A todos que colaboraram, muito obrigada! NEUZI SCHOTTEN – Secretária de Educação e Formação Empreendedora SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 06 CAPÍTULO I - HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................... 08 1.1 Contexto Nacional ...................................................................................... 08 1.2 Direito à Educação da Pessoa com Deficiência – avanços e conquistas ... 09 1.3 A Educação Especial em Pomerode .......................................................... 14 CAPÍTULO II - CONCEPÇÕES e PRINCÍPIOS ............................................... 18 2.1 Concepções ............................................................................................... 18 2.2 Princípios.................................................................................................... 19 CAPÍTULO III - DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ............................................... 22 3.1 Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva em Pomerode 22 3.2 Objetivos da Educação Especial na perspectiva da Inclusão..................... 22 3.3 Orientações gerais ..................................................................................... 23 CAPÍTULO IV – PRÁTICAS DE INCLUSÃO NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE POMERODE ............................................................................... 27 4.1 Atendimento Educacional Especializado - AEE .................................... 27 4.2 Sala de Recursos Multifuncionais .......................................................... 30 4.2.1 Organização e funcionamento das Salas Multifuncionais ....................... 31 4.2.2 Funções do Professor da Sala Multifuncional ......................................... 32 4.2.3 Funções do Professor do Ensino Regular com alunos das salas multifuncionais ................................................................................................. 33 4.2.4 Gestão do Processo de Aprendizagem na sala multifuncional ............... 34 4.2.5 Avaliação na sala multifuncional ............................................................. 34 4.3 Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem – PADRA ............................................................................................................ 36 4.3.1 Histórico do PADRA ................................................................................ 37 4.3.2 Aspectos legais ....................................................................................... 38 4.3.3 Concepções e princípios ......................................................................... 42 4.3.4 Diretrizes pedagógicas ............................................................................ 46 4.3.4.1 Objetivos do PADRA ............................................................................ 46 4.3.4.2 Referencial Metodológico ..................................................................... 47 4.3.4.3 Gestão dos processos de aprendizagem ............................................. 48 4.3.5 Estrutura e funcionamento do PADRA .................................................... 48 4.3.5.1 As salas do PADRA.............................................................................. 50 4.3.5.2 Funções do professor da sala do PADRA ............................................ 51 4.3.5.3 Funções do professor do ensino regular com alunos no PADRA ......... 52 4.3.6 Avaliação no PADRA............................................................................... 53 4.4 Equipe Multidisciplinar ........................................................................... 54 4.4.1 A articulação do trabalho da equipe multidisciplinar ............................... 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 58 APRESENTAÇÃO As diretrizes curriculares para a Educação Especial na Rede Municipal de Ensino na perspectiva da Inclusão, busca caminhos onde valores como compreensão, solidariedade e crença no potencial humano superem atitudes de preconceito e discriminação em relação às diferenças. Envolve mobilização coletiva pois, é assim que se provocam as mudanças sociais. Nesse percurso, exige-se disposição para dialogar, confrontar idéias e valores, compartilhar experiências e articular ações. Neste sentido, a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora toma como base o que diz Nascimento (2010): [...] a Secretaria Municipal de Educação tem como compromisso fortalecer as unidades escolares para a implementação de uma política educacional que responda às diferenças presentes nas escolas, superando a lógica da exclusão, fundamentada na evolução dos marcos filosóficos, pedagógicos, políticos e legais que norteiam o paradigma da inclusão. (NASCIMENTO, 2010, In.: Cuiabá-MT. Prefeitura Municipal – SME, pagina 13). Para Santos (2010), as diretrizes pedagógicas servem como base para orientar a criação dos espaços de inclusão nas escolas, garantindo a todos o acesso aos mesmos espaços educacionais, na mesma escola, sem discriminação ou preconceito com relação às condições físicas e intelectuais. Esta gestão, comprometida com as políticas públicas que preconizam o respeito aos direitos humanos, pauta essas diretrizes no respeito às diferenças, garantindo o acesso e a permanência de todos os alunos na escola regular. Com o objetivo de tornar a escola cada vez mais inclusiva, o município de Pomerode vem implementando políticas públicas com o objetivo de eliminar barreiras e incluir os alunos no contexto da escola de ensino regular. Para isso vem desenvolvendo ações que garantem a acessibilidade física aos prédios escolares, a aquisição de equipamentos e a formação docente com atenção à diversidade humana. Em 2012, a Educação Especial na Perspectiva de Inclusão da Rede Municipal de Ensino, conta com as seguintes ações e projetos: Coordenação da Educação Especial; 6 Salas Multifuncionais; Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem; Atendimento Educacional Especializado; Atendimento Psicológico; Atendimento Psicopedagógico; Atendimento de profissionais da Saúde através de parceria com a Secretaria de Saúde; Adequação dos prédios escolares promovendo a acessibilidade física; Aquisição de cadeiras e carteiras apropriadas às necessidades especiais dos alunos; e, Aquisição de material pedagógico para atender as necessidades especiais dos alunos. Neste sentido, a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora disponibiliza este documento com a finalidade de contribuir para a reflexão e a efetivação de uma escola de qualidade social, onde todos os alunos possam conviver, aprender juntos e se tornarem mais humanos. 7 CAPITULO I - HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 1.1 Contexto Nacional A história da educação especial no Brasil inicia-se no século XIX,quando os serviços dedicados a esse segmento de nossa população, inspirados por experiências norte-americanas e européias, foram trazidas por alguns brasileiros que se dispunham a organizar e a implementar ações isoladas e particulares para atender a pessoas com deficiências físicas, mentais e sensoriais. Essas iniciativas não estavam integradas às políticas públicas de educação e foi preciso o passar de um século, aproximadamente, para que a educação especial passasse a ser uma das componentes de nosso sistema educacional. De fato, no inicio dos anos 60 é que essa modalidade de ensino foi instituída oficialmente, com a denominação de “educação dos excepcionais”. No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve inicio na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, 1857, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No inicio do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi – 1926, instituição especializada no atendimento às com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE e em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa se Fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº4.024/61, aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento especial” para ao alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matricula e os superdotados”, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para classes e escolas especiais. 8 Em 1973, é criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, sob a égide integracionista, impulsiona ações educacionais voltadas às pessoas com superdotação: ainda configuradas por campanhas assistenciais e ações isoladas do Estado. Nesse período, não se efetiva uma política de acesso universal à educação, permanecendo a concepção de „políticas especiais‟ para tratar da temática da educação de alunos com deficiência e, no que se refere aos alunos com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um atendimento especializado que considere as singularidades de aprendizagem desses alunos. 1.2 Direito à Educação da Pessoa com Deficiência – Avanços e Conquistas Com o advento da Declaração dos Direitos Humanos, as pessoas com deficiência ou outros transtornos que as deixavam à margem da normalidade, aos poucos foram conquistando seus espaços de direito. Sendo a Educação um direito fundamental de todo ser humano, legitimado pela sociedade, conforme prescreve a Constituição Federal em seu Art.205, nada mais justo que esse direito seja respeitado em qualquer condição em que se encontrem as pessoas, por se tratar de prescrição imprescindível ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania, dentre eles o direito de participar, aprender, conhecer e fazer parte do meio social em que convive com seus pares. Apesar de o quesito Educação ser o primeiro dos direitos sociais a ser elencado pela constituição Federal, Art.6º, como reconhecimento legal de sua importância na formação do homem enquanto cidadão, nem sempre houve coerência na interpretação da lei. Por muito tempo se fez valer para alguns em detrimento de outros, em função dos descasos das políticas públicas. Interpretações equivocadas são levadas a efeito em razão da redação do art.208, da Constituição Federal, onde se afirma que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia do Atendimento Educacional Especializado a pessoas com deficiência, preferencialmente na 9 rede regular de ensino”. Tal dispositivo tem sido utilizado para justificar que a frequência dos alunos com deficiência na rede regular de ensino é uma preferência e não uma obrigatoriedade. Todavia, o que se quer afirmar é que há uma preferência, em que o Atendimento Educacional Especializado seja prestado na rede regular de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9.394/96) estabeleceu, em seu Art.21, que a educação escolar compõe-se da Educação Básica, formada por três etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e Educação Superior, sendo, portanto, esta a educação regular que deve ser oportunizada a todas as pessoas, não se confundindo com o Atendimento Educacional Especializado. Este se trata de um serviço prestado pela modalidade de Educação Especial, conforme esclarece o Art.58 da LDBEN, que perpassa todas as etapas e níveis de ensino, ou seja, desde a educação infantil ao nível de ensino superior. Desta forma, tal atendimento diferencia-se substancialmente da escolarização, devendo ser ofertado em horário contrário ao do ensino regular justamente para possibilitar que os alunos nela atendidos possam freqüentar regularmente a sala de aula em que se encontram devidamente matriculados, de acordo com o Art.55, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que assim determina: “Os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino”. O Atendimento Educacional Especializado, garantido constitucionalmente, serve para ampliar os direitos das pessoas com deficiência sem se ater em excluir outras garantias previstas no mesmo Art.208 da Constituição Federal. Portanto, é inadmissível que o Atendimento Educacional Especializado substitua a escolarização nas classes comuns da rede regular de ensino, não se podendo aceitar a prática de encaminhamento do aluno que não “consegue aprender” para uma escola especial a fim de que esta se encarregue do papel do ensino regular. Outros dispositivos legais não menos importantes contribuíram para avançar na conquista do direito à educação das pessoas com deficiência. Dentre eles destacam-se: - Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, determinando que os sistemas de ensino devam matricular todos os alunos, 10 cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. - Convenção da Guatemala, promulgada pelo Decreto 3.956/2001, reafirmando que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas. Este Decreto causou grande repercussão, exigindo da esfera educacional uma ressignificação da modalidade de Educação Especial, tendo em vista que toda vez que se admite a substituição do ensino de alunos com deficiência em turmas comuns do ensino regular, unicamente pelo ensino especial na idade de acesso obrigatório ao Ensino Fundamental, essa conduta fere o disposto na Convenção da Guatemala. - Lei da Acessibilidade, sob o nº 1.098/2000, determinando que toda escola deve promover ambiente acessível, eliminando as barreiras arquitetônicas e adequando os espaços que atendam à diversidade humana. A acessibilidade também é requerida no Decreto nº 5.296, promulgado em 2004, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. - Decreto nº 5.626, que regulamenta o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e legitima a atuação e a formação profissional de tradutores e intérpretes de LIBRAS e Língua Portuguesa, e a presença do intérprete na sala de aula como mediador da comunicação. Este Decreto favoreceu a inclusão do aluno com surdez, oportunizando-lhe o acesso à linguagem de sinais por meio de tradutor/intérprete, sendo respeitada a LIBRAS como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda, proporcionando às escolas a organização da educação bilíngüe nos sistemas de ensino - Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - adotada pela ONU como o mais recente tratado internacional de direitos humanos, realizada em 2006, dedica o Art. 24 à Educação. Determina que as pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas na comunidade em que vivem. Nesse ato o Brasil assume o compromisso de assegurar um sistema de Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino, em 11 ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social das pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência, ou transtornos globais do desenvolvimento, vêm conquistando avanços significativos concernentes ao seu processo educacional, apoiando-se em parâmetros legais que os colocam como sujeitos de direitos, responsabilizando seus pais ou responsáveis no tocante à implementação do direito à educação. A Constituição Federal enfatizou, em seu Art.227, a obrigação da família, da sociedade e do Estado de assegurar, com absoluta prioridade, o direito à educação. Tal obrigação foi reforçada em seu Art. 229, reafirmando o dever dos pais de educar os seus filhos menores. Nesse mesmo sentido, a LDBN/96, em Art.6º, afirma o dever dos pais ou responsáveis de efetivar a matrícula dos menores, a partir dos cinco anos de idade, no ensino fundamental. Diante da normativa constitucional e legal, não cabe aos pais o direito de escolha no que se refere a matricula de seus filhos com deficiência na rede regular de ensino, constituindo-se em uma obrigação, não podendo os mesmos optar apenas pelo Atendimento Educacional Especializado proporcionado pela Educação Especial. Desta forma, a frequência do aluno com deficiência unicamente ao Atendimento Educacional Especializado implica na violação do direito fundamental à educação privando-o do crescimento pessoal que somente o convívio social, com a diversidade que lhe é inerente, é capaz de lhe oferecer. O titular do direito que se pretende resguardar é a criança e o adolescente. Seus pais são responsáveis como representantes legais e, por consequência, têm a obrigação de efetivar a realização do mencionado direito. A educação é direito que se impõe a todos, e a sua violação por parte dos pais pode acarretar sanções de natureza civil (destituição ou suspensão do poder familiar) e penal (crime de abandono intelectual). Nesta perspectiva, o Ministério da Educação, em consonância com a Secretaria Nacional da Educação Especial, vem disseminando a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, resultado do amplo processo de discussão promovido pelo Grupo de Trabalho instituído pela Portaria Ministerial nº 555/2007, constituído por professores pesquisadores da área da educação especial que traçam diretrizes para a 12 construção dos sistemas educacionais inclusivos em perfeita sintonia com o documento da Convenção da ONU, constituindo a educação inclusiva em um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis. O Decreto Presidencial nº 6571, de 17 de setembro de 2008, cujo objetivo principal é o compromisso da União na prestação de apoio técnico e financeiro aos Sistemas Públicos de Ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado pretendido pela Constituição Federal e, somente agora, passa a ser contemplado preferencialmente na rede regular de ensino em espaços organizados para complementar o ensino, de forma que possa atender às necessidades específicas de cada aluno com deficiência, transtorno global do desenvolvimento. Suplementar o ensino do aluno com altas habilidades/Superdotação matriculados na rede regular de ensino e no Atendimento Educacional Especializado ofertado na sala de recursos multifuncional. O Decreto orienta os Municípios, Estados e Distrito Federal quanto ao financiamento das escolas que oferecerem esses serviços. O Parecer Nº 13, do Conselho Nacional de Educação, datado de 24 de setembro de 2009, regulamenta o Decreto nº 6.571/08, uma vez que a partir de 2010, com base nos dados obtidos pelo INEP – Censo Escolar de março de 2009, as escolas que ofertam esse serviço contarão com recursos específicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica. O Parecer, acima citado, estabelece como prioridade a matricula dos alunos, público- alvo da Educação Especial, na sala do ensino regular e disponibilidade de oferta do Atendimento Educacional em período contrário, preferencialmente na mesma escola, ocasionando, desta forma, matrículas concomitantemente contabilizadas em dobro no âmbito do FUNDEB. Delega, ainda, à Educação Especial a responsabilidade pela realização do Atendimento Educacional Especializado, definindo também a conceituação do público-alvo da Educação Especial e a organização dos espaços para o Atendimento Educacional Especializado. Estabelece orientações para a elaboração do Plano de Ensino e competência do professor especializado em AEE (Atendimento Educacional Especializado), bem como aponta as atribuições do professor especializado, 13 propondo a inclusão do AEE no Projeto Político Pedagógico da escola da rede regular de ensino. A Resolução Nº 4, do Conselho Nacional de Educação/2009, institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade de Educação Especial. Pautada nestes dispositivos legais, a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora fundamenta a Proposta Pedagógica para a Educação Inclusiva a fim de garantir o acesso de todos à escolarização, o direito ao Atendimento Educacional Especializado e a promoção da acessibilidade, visando transformar as escolas municipais em escolas inclusivas. 1.3 A Educação Especial em Pomerode Podemos dizer que o olhar mais voltado para os alunos com necessidades educativas especiais da Rede Municipal começou a ser sistematizado e a tomar forma no ano de 2002. Até então, as ações eram isoladas e não se identificava uma Política Pública de Educação Especial. Os primeiros estudos realizados por profissionais da Rede resultou na construção do Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem. Este teve o intuito de atender de forma especial os alunos com defasagem em idade/série, uma vez que era esta a maior demanda de necessidades especiais que a Rede apresentava. Podemos dizer que no ano de 2000, quando a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora estabeleceu uma parceria com o Centro Universitário de Jaraguá do Sul - UNERJ, onde um grupo base, formado pelos diretores e orientadores juntamente com o pessoal da universidade,tinha a incumbência de organizar a formação continuada dos profissionais da educação da Rede Municipal. No ano de 2001, a então diretora de ensino, profa. Neuzi Schotten, levou ao grupo a preocupação com os alunos da Rede que não conseguiam atingir os objetivos propostos para cada série e, por esta razão, o número elevado de alunos em defasagem idade/série nas escolas municipais. Assim, o grupo base começou a estudar e desenvolver o PROJETO DE ATENDIMENTO AOS DIFERENTES RITMOS DE APRENDIZAGEM. 14 Com o projeto em andamento, em 2002, chegou o momento de selecionar o profissional que trabalharia com este projeto. Um dos critérios estabelecidos era o de esse profissional teria que ter formação em educação especial. Foi, então, convidada a professora Tânia Mara Gruetzmacher Doege que passou a participar do grupo. Agora também com a participação da profesora, os estudos se prolongaram até maio de 2003. O Projeto, inicialmente foi aplicado em uma escola pólo. Foi escolhida para dar início ao projeto a Escola de Educação Básica “Professor Curt Brandes”, por situar-se numa região central, ficando de fácil acesso aos alunos de outras escolas que eram buscados de suas respectivas comunidades com a Kombi da prefeitura . Esta sala foi equipada pela Secretaria de Educação e Formação Empreendedora, com mobiliários, equipamentos eletrônicos, computador, impressora, jogos, materiais de expediente, entre outros. Para formar o grupo de alunos que seriam atendidos foram contempladas as escolas que apresentavam o maior índice de alunos com defasagem em idade/série. Os atendimentos aconteciam no período oposto ao do ensino regular. No ano de 2004 o projeto foi ampliado para a Escola Básica Municipal Hermann Guenther e Escola Básica Municipal Olavo Bilac com a professora Iara Elisa Reiter Brehmer, para a Escola Básica Municipal Doutor Amadeu da Luz e Escola Básica Municipal Prof. Vidal Ferreira com a professora Zulenir Ramos e, permanecendo na Escola de Educação Básica Municipal Professor Curt Brandes e Escola Básica Municipal Almirante Barroso a professora Tânia Mara Gruetzmacher Doege. O atendimento aos alunos com necessidades educativas especiais ganhou a parceria efetiva da psicóloga Cláudia K. Baptista no ano de 2006. Em 2008, a Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias foi contemplada com o projeto de atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem com a professora Alessandra Lentulo Aliende que, a partir de 2009, passou a ser atendida pela professora Cledi Brito Senger. Novas parcerias foram firmadas em 2009, vindo a compor a equipe da educação especial a psicopedagoga Cátia L.dos Santos Portal . Ainda no ano de 2009 deu-se inicio o Atendimento Educacional Especializado-AEE com a professora Clotilde R. Krause, na Escola Básica 15 Municipal Almirante Barroso. A escola foi contemplada pelo Ministério da Educação com a Sala Multifuncional, pois o Censo Escolar de 2008, apontou um número significativo de alunos com necessidades especiais nesta Unidade Escolar. No entanto, a escola passou a ser pólo, pois atendia também os alunos da Escola Básica Municipal Dr. Amadeu da Luz e Escola Municipal Dr. Wunderwald. Em 2010, a Professora Tânia M. Gruetzmacher Doege foi convidada pela Secretária da Educação, profa. Neuzi Schotten, para coordenar a Educação Especial na Rede Municipal de Ensino. Nesta época já estava consolidada a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da inclusão no país e, por conseqüência, nos Sistemas de Ensino. Em Pomerode não foi diferente. Os alunos até então atendidos pela Escola de Educação Especial-APAE já estavam matriculados na Rede Municipal e, se fazia necessária a efetivação de ações que dessem suporte aos profissionais de educação, às escolas e aos alunos incluídos. Para substituir a profa. Tânia, agora coordenadora da Educação Especial, foi contratada a professora Perla Schefer. Com toda a dimensão que a política de inclusão tomou, sentiu-se a necessidade da efetivação de mais um psicólogo. Após a participação e a classificação no Concurso Público, foi contratado o psicólogo Tiago Cardozo que juntou-se ao grupo em 2011. Mas a história da Educação Especial na Rede Municipal não pára por aqui. Em 2011, tendo então matriculadas na rede municipal de ensino, alunos surdos, foram contratadas duas professoras interpretes de LIBRAS. A professora Elizabeth Koepp na Escola Básica Municipal Professor Vidal Ferreira e Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias e a professora Adriana P. Santana Santos na Escola Básica Municipal Almirante Barroso.Por motivos particulares a professora Adriana teve que se ausentar e assumiu em seu lugar a professora Noemi da Silva. Neste ano também a Escola Básica Municipal Olavo Bilac recebeu a Sala Multifuncional, sendo implantado o Atendimento Educacional Especializado-AEE com a professora Íris Borchardt. No segundo semestre de 2011, outras escolas foram contempladas com a Sala Multifuncional, sendo implantado o Atendimento Educacional 16 Especializado nas escolas: Hermann Guenther com a professora Rosiara Andrade; Professor Curt Brandes com a professora Ursula D. Duwe; Dr. Amadeu da Luz com a professora Zulenir Ramos. Neste ano, o AEE da Escola Almirante Barroso contava com a professora Alessandra L. Aliende. Em 2008, a Secretaria de Educação aderiu a proposta do MEC para capacitar professores para o Atendimento Educacional Especializado. A Rede Municipal foi contemplada com quatro vagas e indicou as professoras Tânia, Zulenir, Iara e Alessandra para participar do curso de 180 horas. Em 2009 o município foi novamente contemplado com mais duas vagas para o curso de capacitação do AEE, quando as professoras Ursula e Clotilde participaram. A Educação Especial na Rede Municipal de Ensino perpassa a Educação Infantil e o Ensino Fundamental e procura identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos na vida em sociedade, considerando as suas necessidades específicas. 17 CAPÍTULO II - CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS 2.1 Concepções A concepção de deficiência destacada neste documento está ancorada no respeito à dignidade humana, independentemente de quaisquer características intelectuais, sensoriais e físicas apresentadas pelo aluno. O respeito à dignidade humana exige coerência entre as concepções e as ações do processo educativo para a construção de uma educação transformadora que respeita as diferenças dos indivíduos. De acordo com os critérios que fundamentam a inclusão dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação no espaço da sala de aula comum, consideram-se direitos fundamentais de todos os alunos: a igualdade de oportunidades, o respeito às diferenças individuais, o respeito aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem, o respeito aos interesses e características individuais, o acesso ao conhecimento de modo igualitário, a atenção às suas necessidades, o respeito a sua língua (LIBRAS, para surdos) como forma de comunicação, a necessidade de adaptação de recursos para a expressão do seu saber, o uso de recursos de acessibilidade para apropriação do conteúdo curricular, a expressão de seus talentos e o enriquecimento curricular. A compreensão de aprendizagem e desenvolvimento defendida no contexto da educação inclusiva rompe com a ideia de que o aluno com deficiência é incapaz de aprender, e propaga a concepção de que o aluno com deficiência possui potencialidades, e estas, quando estimuladas adequadamente, podem modificar as estruturas e o funcionamento cognitivo. Nesta perspectiva, a escola deve estar atenta às diferentes possibilidades de resolução de problemas por parte dos alunos, tenham eles deficiência ou não. O trabalho na educação especial rompe com as práticas assistencialistas e segregacionistas, que vinculam suas práticas à noção de incapacidade, e destaca o aluno com deficiência como sujeito de potencialidades. O homem é um ser histórico que aprende e apreende o mundo através das interações que estabelece com seus pares, constituindo sua subjetividade. O papel do outro é fundamental na construção das mediações responsáveis 18 pela aprendizagem e pelo desenvolvimento da pessoa. Portanto, a inclusão de alunos com deficiência deve ser compreendida como oportunidade de desenvolvimento de todos os alunos, porque todos se beneficiam da interação e da mediação. Não cabe a escola predefinir ou restringir os instrumentos e os meios para a realização de suas atividades, mas sim mobilizar as diversas possibilidades individuais na realização das tarefas, possibilitando ampliá-las e desenvolvê-las a partir do aprendizado. O direito à igualdade de oportunidade não significa um modo igual de educar a todos, e sim, oportunizar a todos o que cada um necessita em função de seus interesses e características individuais. Significa educar a todos de acordo com as diferenças individuais, sem que as peculiaridades de aprendizagem se traduzam em impedimento à aprendizagem. 2.2 Princípios Os princípios da Educação Inclusiva orientam-se pelos valores consagrados pela sociedade democrática, assim designados no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (2007): igualdade, dignidade humana, identidade, singularidade, alteridade, equidade e cooperação. O Princípio de Igualdade está relacionado ao direito do aluno com deficiência de ter garantido seu acesso e permanência na escola regular em igualdade de condições com os alunos sem deficiência. Refere-se ao direito de oportunidades iguais e possibilita a realização de mudanças sociais profundas, sobre as quais cabe à educação papel preponderante. O Princípio de dignidade humana prescreve todo e qualquer movimento ou insinuação que viole o princípio maior da dignidade humana. Este princípio está associado à defesa da justiça, do direito e da prática de humanização das relações. O Princípio de Identidade implica na promoção do diálogo, do respeito às individualidades e do reconhecimento de cada pessoa como sujeito histórico, capaz de interagir, dar, receber, trocar e favorecer o bem comum, ensinar e aprender. Identidade não é naturalmente dada a priori, pelo contrário, ela se constrói a partir da relação com o outro em âmbito social e cultural. Esse 19 processo de construção é complexo, uma vez que a construção da identidade na sociedade capitalista é perpassada pelas relações de poder. O poder dominante impõe o que considera “normal” e, consequentemente, o que é “anormal”. Aqueles que se desviam dessa norma excludente e hierárquica são considerados “identidades anormais”. A partir dessa compreensão podem ser categorizados e rotulados, e passam a sofrer discriminações, segregações, e até mesmo, preconceitos. Esse modelo que impõe uma identidade produzida atravessa os portões e passa a fazer sentido em âmbito escolar, já que o processo de escolarização desempenha um papel fundamental na construção social da pessoa. Quando a escola passa a “naturalizar” determinado modelo de identidade, adotando-o como norma, pode assumir, mesmo que por vezes de forma velada, processos de discriminação no interior de um ambiente educacional. O Princípio de Singularidade designa um ser único, individual e distinto. A singularidade poderá ser o parâmetro para o distanciamento ou proximidade entre igualdade e diferença, porque essa maneira distinta de ser é que torna as pessoas iguais ou diferentes em seu jeito de ser, de agir, ou de pensar. Singularidade é ir além da identidade, isto é, assimilar as várias formas de ser do sujeito cognoscível. A singularidade é que determina a individualidade de cada sujeito na sociedade. É o que lhe caracteriza, os traços fisionômicos, a personalidade, as formas de expressão, o comportamento. Enfim, ela é própria de cada sujeito. Na educação inclusiva, o respeito à singularidade, presente em cada um dos alunos que compõem a turma, responde às diferenças através de oportunidades de aprendizagens e de acesso ao conhecimento, visando o ser humano que se quer formar. O Princípio de Alteridade está associado à capacidade de conviver com o diferente, de proporcionar a si mesmo um olhar interior a partir das diferenças. Significa o reconhecimento do outro também como sujeito de iguais direitos. A constatação das diferenças gera alteridade. O homem é, por excelência, um ser gregário, vive em sociedade, ou seja, vive cercado de muitos outros. O outro é importante na medida em que é referência para se formar a dimensão de si mesmo. Precisa-se do outro para se ter clareza do que se é, e do que não se é. A imagem de si se forma em contraste com a do outro. 20 É nesse jogo de espelho, olhando para o outro e enxergando nele diferenças e semelhanças, que se pode reconhecer a si mesmo como uma pessoa única. A escola é o lugar de resgate da cidadania e de exercício da alteridade. Na medida em que se percebe o “outro” como outro, e a diferença em relação a si, respeita-se os direitos e a dignidade humana de todos. O Princípio de equidade visa atender, de modo diferenciado e específico, às pessoas com deficiência, com o objetivo de atender suas necessidades. As pessoas, reconhecidas e respeitadas em suas respectivas identidades, apresentam necessidades específicas e podem requerer atendimentos e suprimentos particulares. O Princípio de cooperação visa à prática do processo colaborativo, no qual dois ou mais sujeitos cognoscentes são mediadores. Eles buscam pleno desenvolvimento comum, com a finalidade de desenvolver capacidades procedimentais, atitudinais, conceituais e de conteúdos. A união das pessoas com objetivos comuns potencializa a capacidade de atingi-los, maximiza os resultados almejados e favorece os processos que asseguram a qualidade da Educação Inclusiva. 21 CAPÍTULO III - DIRETRIZES PEDAGÓGICAS 3.1 Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em Pomerode O município de Pomerode vem consolidando a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, compreendendo a educação como um direito humano fundamental. A ressignificação dessa modalidade de ensino implica na necessidade de se entender a educação especial como um ensino complementar e não mais como um ensino substitutivo. A viabilização desse novo entendimento possibilitará ao aluno com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação. O acesso ao currículo comum do ensino regular, essa é a razão das Salas Multifuncionais existirem, e cabe a elas prestar o Atendimento Educacional Especializado como forma de ensino complementar ao aluno com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento e suplementar aos alunos com altas habilidades/Superdotação. A Educação Especial no município de Pomerode fundamenta-se na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, que orienta a implantação de Salas Multifuncionais para atender aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação. Essas salas funcionam de modo complementar ao da sala de aula comum, sendo o atendimento efetuado no contra turno ao de sua escolaridade. Essas salas funcionam através de um fluxograma próprio, de 1 a 3 alunos dependendo da deficiência. O que se pretende é prestar o serviço com qualidade no favorecimento de sua interação em sala comum do ensino regular. 3.2 Objetivos da Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Tem como objetivo orientar o sistema educacional no sentido de assegurar a inclusão escolar dos alunos com deficiência Intelectual, Visual, Auditiva, Física, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação. 22 São objetivos específicos da Educação Inclusiva: - promover a participação e aprendizagem do aluno com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação nas classes comuns do ensino regular; - disponibilizar, atendimento no mínimo 2 a 3 por semana no contraturno, o Atendimento Educacional Especializado como complementação/ suplementação de ensino; - promover a acessibilidade: física, de comunicação e de transporte: - possibilitar a formação continuada dos profissionais da educação na perspectiva da educação inclusiva; - favorecer a formação continuada dos professores especializados no Atendimento Educacional Especializado; - garantir a presença de um intérprete em sala de aula para os alunos surdos usuários de LIBRAS como primeira língua; - garantir a presença de professores especializados em Salas Multifuncionais que devem ter como base sua formação inicial pedagogia e formação continuada em Atendimento Educacional Especializado, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área, inclusive instrutores para os alunos com surdez; e, - articular políticas públicas com outros setores. 3.3 Orientações Gerais Construir escolas inclusivas significa transformar as práticas pedagógicas, romper com o modelo homogeneizador e considerar a diversidade humana como princípio de organização da sala de aula. Para isso se faz necessário um permanente processo de formação de todos os educadores, que prioze a discussão sobre propostas de organização da escola para a inclusão e oriente os professores quanto à organização de um projeto político pedagógico que contemple todos os alunos. A organização do trabalho docente no contexto da inclusão se fundamentará em uma concepção de ensino que questiona os modelos únicos e convida o docente a propor diversificadas metodologias, respeitando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. A organização da escola para a inclusão envolverá, 23 necessariamente, a gestão da escola, o que implicará em um trabalho de sensibilização dos alunos e de toda a comunidade escolar, incluindo as famílias. As orientações a seguir estão em consonância com a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva da Secretaria de Educação Especial apresentada ao MEC: - Elaboração do Projeto Político Pedagógico das unidades de ensino, contemplando as necessidades educacionais de todos os alunos. - Elaboração de projetos educacionais em consonância com as diretrizes apontadas neste documento. - Participação da comunidade escolar na elaboração e avaliação de propostas que visam à implementação desta política. - Elaboração de propostas de estimulação precoce nos centros infantis. - Prioridade para a inclusão de crianças com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades na Educação Infantil. - Oferta de Atendimento Educacional Especializado conforme a demanda de alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e outros transtornos funcionais. Produção de materiais condizentes com a necessidade de cada aluno. - Desenvolvimento do trabalho coletivo e reflexivo entre professores e demais profissionais da educação, valorizando os saberes da comunidade e a trajetória dos alunos. - Divulgação de práticas pedagógicas inovadoras que contribuam para a produção do conhecimento e o fortalecimento do processo de inclusão escolar. - Desenvolvimento de política de formação continuada de gestores e educadores que envolva conhecimentos sobre a educação para os direitos humanos. - Incentivo ao desenvolvimento de estudos e ações em parceria que visem à melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades. - Prioridade às ações para garantia da acessibilidade nas comunicações, nos sistemas de informação, tecnologias, materiais didático-pedagógicos, equipamentos, mobiliários, nos espaços escolares e no transporte escolar. 24 - Incentivo e oportunidade de acesso à Educação de jovens e adultos para a garantia e continuidade da escolarização na perspectiva da educação inclusiva. - Criação e implementação de Salas Multifuncionais para o Atendimento Educacional Especializado sempre que houver demanda de alunos com necessidades desse serviço, previstas no Projeto Político Pedagógico das escolas. - Implantação das funções de tradutor/intérprete de LIBRAS e cuidador para auxiliar alunos que tiverem necessidade de apoio constante nas atividades de higiene, alimentação e locomoção. - Prioridade para o instrutor surdo com conhecimento da língua e competência educacional para ministrar o ensino em LIBRAS. - Utilização do critério de idade/faixa etária para inclusão dos alunos com deficiência em turma comum do ensino regular. O aluno surdo se beneficiará com a presença de outro aluno surdo na mesma turma. - Avaliação e classificação para níveis mais elevados de ensino, considerando a aprendizagem como um processo qualitativo e com um fim em si mesmo. - Adoção de um sistema de avaliação processual e contínuo, considerando o percurso individual do aluno. - Definição de critérios de promoção do aluno de acordo com seu próprio avanço no decorrer do ano letivo. - A criação das Salas Multifuncionais destina-se aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação e outros transtornos funcionais.. Estas salas devem funcionar no contraturno ao da escolaridade do aluno, sendo elas localizadas, preferencialmente, nas escolas regulares. Na sala multifuncional, o professor do Atendimento Educacional Especializado deve propor atividades que estimulem o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos específicos do desenvolvimento, altas habilidades/Superdotação e outros transtornos funcionais. Na sala do PADRA, o professor deve propor atividades que estimulem o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com dificuldade no processo de aprendizagem, oferecendo a esses subsídios necessários para um bom desenvolvimento escolar. 25 A instituição educacional deve proporcionar a diversificação e a apropriação dos seus conteúdos, visando ao desenvolvimento de competências pelos alunos para que, cada vez mais, compreendam e atuem no mundo em que vivem. Assim, a construção de práticas pedagógicas que respeitem as diferenças entre os alunos e que, ao mesmo tempo, considerem essas diferenças como elementos ricos de trabalho, promovendo uma constante interação entre os pares, é um princípio fundamental na perspectiva de assegurar uma educação de qualidade. Para atendimento desse princípio fundamental, o Art. 22 da Lei nº. 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – estabelece que "a Educação Básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores". É necessário, pois, que a instituição educacional ressignifique seu trabalho e sua ação pedagógica, nas etapas e nas modalidades da Educação Básica, tendo como foco sua função social de formar o cidadão, isto é, propiciar ao aluno a construção de conhecimentos, atitudes e valores que o tornem solidário, crítico, criativo, ético e participativo. 26 CAPÍTULO IV – PRÁTICAS DE INCLUSÃO NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE POMERODE 4.1 Atendimento Educacional Especializado – AEE O Atendimento Educacional Especializado tem sido alvo de destaque das políticas educacionais mais recentes, por isso, neste documento de caráter técnico-pedagógico, merece um enfoque mais detalhado, no intuito de favorecer a compreensão daqueles que se propõe a desenvolver uma educação inclusiva de qualidade na rede municipal de ensino. O Atendimento Educacional Especializado visa à autonomia, independência e emancipação dos alunos público-alvo da educação especial, organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras e possibilitem o acesso ao currículo, aos espaços físicos, à comunicação de acordo com a necessidade de cada aluno, promovendo a sua formação integral (MEC, 2007). Este serviço se constitui oferta obrigatória pela rede de ensino e deve ser realizado no contraturno da escola comum, na sala multifuncional de uma escola-polo, que poderá ser a mesma em que o aluno encontra-se matriculado, ou em outra, na mesma área de abrangência ou, ainda, em centros especializados. Esse atendimento diferencia-se das atividades de sala de aula comum, não caracteriza aula de reforço ou apoio temporário e não substitui a escolarização obrigatória (MEC, 2007). Tem como objetivo disponibilizar meios para o acesso ao currículo, proporcionando independência para a execução das tarefas e a construção da autonomia como garantia de inclusão escolar. É oferecido conforme a especificidade para: o ensino de LIBRAS, códigos específicos de comunicação e sinalização e, também tecnologia Assistiva, quando necessária, o sistema Braille, orientação e mobilidade, soroban, visão funcional. Esses recursos são usados para a construção do conhecimento e acessibilidade ao currículo do ensino regular na sala de aula comum. Para os alunos com altas habilidades/Superdotação, a implementação de programas de enriquecimento curricular que promovam o desenvolvimento das potencialidades apresentadas pelo aluno. 27 Para atuar na modalidade de Educação Especial, mais precisamente como professor especializado na sala multifuncional, o professor deverá ser graduado em Pedagogia, pós-graduado em Educação Especial e com formação continuada para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), formação esta que inclui, além do conhecimento por área, conhecimento em tecnologia Assistiva, o estudo de casos, o envolvimento, o planejamento, a seleção das atividades e a avaliação dos planos de Atendimento Educacional Especializado, articulados com o professor da sala comum. Cabe ao professor de Atendimento Educacional Especializado a adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, a utilização de recursos ópticos, tecnologia Assistiva e outros recursos e ajudas técnicas. O trabalho do professor da sala multifuncional também consiste em realizar uma ação específica para ajudar o aluno com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e/ou altas habilidades/Superdotação e os outros transtornos funcionais, agir de modo estruturado no ambiente escolar e fora dele, considerando as especificidades desse aluno. Especificidades que dizem respeito, por exemplo, às barreiras linguísticas, cognitivas conceituais, físicas, visuais, dentre outras. O Atendimento Educacional Especializado desenvolvido nas Salas Multifuncionais, na rede municipal de ensino, baseia-se na proposta disseminada pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva. Da Secretaria da Educação Especial (SEESP- MEC) por meio do Programa de Formação Continuada de Professores para o Atendimento Educacional Especializado – AEE. O Atendimento Educacional Especializado será mediado por professores com formação neste atendimento para complementar o ensino dos alunos com: Surdez – Em três momentos pedagógicos: aula de LIBRAS. Aula em LIBRAS e Língua Portuguesa para surdos. No caso da Língua Portuguesa, o professor deverá ser preferencialmente da área de Licenciatura em Língua Portuguesa com experiência de atuação na área da surdez. Deficiência Visual – Sistema Braille, Soroban, orientação e mobilidade, atividade funcional da visão, atividade de vida autônoma. Deficiência Múltipla - Comunicação alternativa e aumentativa, tecnologia Assistiva. 28 Deficiência intelectual – Desenvolvimento de processos mentais superiores a atividades de vida autônoma. Altas habilidades/Superdotação – Programa de enriquecimento curricular. O Serviço Educacional Especializado desenvolvido pela modalidade de Educação Especial perpassa na transversalidade de todas as etapas, modalidades e níveis de ensino. Inicia-se, portanto, desde os primeiros anos de vida, por meio da estimulação precoce que deve ser ofertada pela rede de ensino e realizada em interface com as áreas da saúde e assistência social. Este serviço deverá ser assegurado no Projeto Político Pedagógico das unidades escolares. O Atendimento Educacional Especializado se efetiva a partir de um laudo Médico, por meio de um estudo de caso, que possibilita o reconhecimento das potencialidades e necessidades pessoais e, daí, traçar estratégias pedagógicas que sustentem a inclusão escolar do aluno. Este atendimento deverá se articular com as atividades desenvolvidas na sala comum do ensino regular, ao longo de todo o processo de escolarização, exigindo a reorganização do sistema de ensino. A avaliação educacional, enquanto processo dinâmico que valoriza o que o aluno sabe e prevê possibilidades de novas aprendizagens, é uma ação pedagógica processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu progresso individual, levando-se em consideração os aspectos qualitativos que norteiam as intervenções pedagógicas do professor (MEC, 2007). A Educação Especial não determina a terminalidade específica para pessoas com deficiência, no entanto avança ao orientar a rede de ensino para a inclusão de educação de jovens e adultos, garantindo a escolarização e continuidade nos estudos (MEC, 2007). Na perspectiva de educação inclusiva, o número de matrículas de alunos com deficiência na rede municipal de ensino aumentará consideravelmente. Diante deste aumento de matriculas de alunos com deficiência, diminuir o número de alunos na sala de aula do ensino regular. Portanto, os setores responsáveis devem se articular no sentido de favorecer o acesso, permanência e qualidade de Atendimento Educacional Especializado aos alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas 29 habilidades, desde a educação infantil, perpassando pelo ensino fundamental e educação de jovens e adultos. 4.2 Sala de Recursos Multifuncionais A Educação Especial, como modalidade da educação escolar responsável pelo atendimento educacional especializado, organiza-se de modo a considerar a aproximação dos pressupostos teóricos à prática da educação inclusiva, a fim de cumprir dispositivos legais, políticos e filosóficos. Os alunos com deficiência têm a assegurado na Constituição Federal de 1988, o direito à educação (escolarização) realizada em classes comuns e ao atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à escolarização, que deve ser realizado preferencialmente em Salas de Recursos Multifuncionais (Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais através do MEC/ SEESP), na escola onde estejam matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento educacional especializado. Esse direito também está assegurado na LDBEN – Lei nº 9.394/96, no parecer do CNE/CEB nº 17/01, na Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, na Lei nº 10.436/02 e no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado para alunos com deficiência, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar. Promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os serviços setoriais a saúde, da assistência social, entre outros. Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade. Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da educação especial. 30 4.2.1 Organização e Funcionamento das Salas Multifuncionais A Sala de Recursos Multifuncionais é, portanto, um espaço organizado com materiais didáticos pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais. A denominação Sala de Recursos Multifuncionais se refere ao entendimento de que esse espaço pode ser utilizado para o atendimento das diversas necessidades educacionais especiais e para desenvolvimento das diferentes complementações ou suplementações curriculares. Uma mesma sala de recursos, organizada com diferentes equipamentos e materiais, pode atender, conforme cronograma e horários, alunos com deficiência, altas habilidades/Superdotação, ou outras necessidades educacionais especiais. Para atender alunos cegos, por exemplo, deve dispor de professores com formação e recursos necessários para seu atendimento. Para alunos surdos, deve se estruturar com profissionais e materiais bilíngües (Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS). O atendimento desenvolvido nesses espaços visa atender às necessidades dos alunos que precisam se apropriar da língua de sinais, LIBRAS, áreas do conhecimento em LIBRAS e da Língua Portuguesa, como segunda língua, bem como da leitura e escrita. Além de outras metodologias de comunicação. Elas visam, também, atender aos alunos com deficiência intelectual, oferecendo e eles um espaço educativo que proporcione situações desafiadoras no sentido de promover seu desenvolvimento cognitivo. Os professores dessas salas deverão produzir e elaborar materiais e recursos pedagógicos específicos destinados aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Portanto, essa sala de recursos é multifuncional em virtude de a sua constituição ser flexível para promover os diversos tipos de acessibilidade ao currículo, de acordo com as necessidades de cada contexto educacional. Os alunos com deficiência intelectual poderão, em dados momentos, desenvolver atividades em duplas ou trios, desde que correspondam as mesmas necessidades ou interesses. Enquanto que os alunos com deficiências múltiplas poderão se beneficiar do atendimento individualizado utilizando-se da tecnologia Assistiva. 31 Os alunos com cegueira desenvolverão atividades de orientação e mobilidade, atividades pedagógicas sensoriais, acompanhamentos na sala de aula comum com material adaptado e parceria com o Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CEVAP) no processo de ensino do sistema Braille e a utilização do soroban, tendo em vista que as Salas Multifuncionais ainda não possuem o equipamento adequado. Os alunos com baixa visão também serão atendidos de acordo com as necessidades específicas de cada um. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento serão atendidos por meio de métodos e estratégias de aprendizagem que melhor se adéquam às suas necessidades, não havendo, portanto, um modelo padrão de atuação com esses alunos. 4.2.2 Funções do professor da Sala Multifuncional O professor do AEE tem a função de organizar situações que favoreçam o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação. Ele também tem a função de produzir materiais didáticos e pedagógicos a partir das necessidades específicas desses alunos, com o objetivo de promover sua inclusão e interação na sala de aula do ensino regular. O trabalho do professor do Atendimento Educacional Especializado consiste em três funções principais: a de gestão dos processos de aprendizagem, de avaliação diagnóstica juntamente com o professor do ensino regular bem como acompanhamento na sala de aula. O acompanhamento consiste no desenvolvimento de ações que visam o progresso no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno, bem como a sua melhor interação no espaço escolar. A ação pedagógica de acompanhamento deve resultar em opções que indiquem a possibilidade de reorganizar situações de aprendizagem que favoreçam a eliminação das barreiras na aprendizagem e aperfeiçoar a aprendizagem dos alunos e sua inclusão no ensino regular. 32 O acompanhamento se organiza com base no plano de atendimento educacional especializado que o professor deve elaborar a partir das informações obtidas sobre o aluno e a problemática vivenciada por ele. O acompanhamento prevê a articulação do professor de AEE com outros profissionais que possam dar suporte às necessidades específicas desses alunos. Prevê também a articulação com a família no sentido de construir as condições propícias ao desenvolvimento e aprendizagem desses alunos. O acompanhamento implica na necessidade de avaliação permanente da evolução do aluno nos diferentes espaços educacionais e redimensionamento das ações educacionais. Com base nessas funções descritas, o professor da sala multifuncional desenvolverá seu trabalho na escola, centrando também sua atuação profissional na promoção e articulação de ações em prol da inclusão escolar dos alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação, garantindo sua plena participação nas atividades curriculares. 4.2.3 Funções do Professor do Ensino Regular com Alunos das Salas Multifuncionais Planejar e ministrar aulas, coordenando o processo de ensino e aprendizagem nos diferentes níveis de ensino; elaborar e executar programas educacionais; selecionar e elaborar o material didático utilizado no processo ensino e aprendizagem; organizar sua prática pedagógica, observando o desenvolvimento do conhecimento nas diversas áreas, as características sociais e culturais do aluno e da comunidade em que a unidade de ensino se insere, bem como as demandas sociais conjunturais; elaborar, acompanhar e avaliar projetos pedagógicos e propostas curriculares; contribuir para a interação e articulação da escola com a comunidade; acompanhar e apoiar a prática pedagógica desenvolvida na escola; assessorar o processo de definição do planejamento de políticas educacionais, realizando diagnóstico, produzindo, organizando e analisando informações; promover a divulgação, monitorar e 33 avaliar a implementação das políticas educacionais; realizar avaliação psicopedagógica e prestar atendimento aos alunos com deficiência. 4.2.4 Gestão dos Processos de Aprendizagem na Sala Multifuncional A gestão dos processos de aprendizagem consiste na organização de situações de aprendizagem nos espaços das salas de recurso multifuncional, bem como na interlocução com o professor do ensino comum. Na sala de recursos multifuncionais, o trabalho do professor visa identificar aspectos que potencializem o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos público-alvo da Educação Especial, objetivando também eliminar as barreiras que dificultam a aprendizagem desses alunos. O professor do Atendimento Educacional Especializado deverá obter informações do professor do ensino comum sobre as necessidades educacionais do aluno na sala de aula, identificando como este se relaciona com o conhecimento, o que favorece ou dificulta seu processo de aprendizagem, ou como se desenvolve a interação com o professor e os colegas no espaço da sala de aula comum. 4.2.5 A Avaliação na Sala Multifuncional O professor de Atendimento Educacional Especializado realiza a avaliação através do estudo de caso, objetivando construir um perfil do aluno para que possa elaborar o plano de intervenção. A avaliação realiza-se em três ambientes principais do aluno: sala de recurso multifuncional, sala de aula e família. Na escola, o professor do AEE deve avaliar o aluno em diferentes ambientes e em diferentes momentos. O professor pode observar o aluno na sala de aula, no pátio na hora do recreio, na biblioteca, na sala de informática dentre outros ambientes. A avaliação realizada na sala de recurso multifuncional, na sala de aula e na família visa recolher informações sobre o aluno considerando seis aspectos principais: desenvolvimento intelectual, a linguagem oral, o meio ambiente, as aprendizagens escolares, o desenvolvimento afetivo-social e as 34 interações sociais, os comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor e a saúde do aluno. Para avaliar os diferentes aspectos mencionados, o professor poderá optar por organizar situações-problema em contexto de jogo e /ou utilizar atividades avaliativas de acordo com cada aspecto descrito anteriormente. Para realizar a avaliação na sala multifuncional o professor poderá optar por atividades que visem identificar o nível de evolução conceitual da leitura e da escrita do aluno, o desenvolvimento psicomotor, o desenvolvimento lógicomatemático e a oralidade. As atividades podem ser propostas em contexto de jogos ou elaboradas para esse fim. Os demais aspectos (desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais, os comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem e a saúde do aluno) podem ser avaliados por meio de entrevistas com a professora da sala de aula comum e com a família, além de observações na sala multifuncional, na sala de aula comum e nas visitas domiciliares. Na sala de aula, o professor do AEE poderá avaliar como o aluno se relaciona com o conhecimento, como ele responde às solicitações do professor, se ele manifesta atitude de dependência ou autonomia e, ainda, se é necessário o uso de recursos, equipamentos e materiais para acessibilidade ao conhecimento. Ele avalia ainda se o aluno apresenta melhor desempenho em atividades individuais, em pequenos grupos ou em grupos maiores e, ainda, a forma como ele interage com seus colegas. A família pode oferecer informações importantes quanto ao desempenho do aluno nas atividades domiciliares, bem como sua relação com o ensino e com os conteúdos escolares. É importante que o professor do AEE compreenda como o aluno se comporta em casa, do ponto de vista da comunicação e da interação com os familiares. Em que situações ele manifesta atitudes de autonomia e de dependência. E ainda como a família se relaciona com ele, se há manifestação de superproteção ou de abandono. De posse desses dados, o professor do AEE constrói o perfil do aluno e elabora o plano de atendimento educacional especializado. 35 4.3 Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem – PADRA O Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de aprendizagem (PADRA) tem como objetivo atender os alunos que apresentam dificuldades no processo de aprendizagem não acompanhando satisfatoriamente a série/ano em que estão matriculados. Segundo Gômez e Terán (2009;p.95) Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não consegue aprender com os métodos com os quais aprendem a maioria das crianças, apesar de ter bases intelectuais apropriadas para a aprendizagem. Seu rendimento escolar está abaixo de suas capacidades. Os problemas específicos de aprendizagem não são resultados de: falta de capacidades intelectuais, déficits sensoriais primários, privação cultural, falta de continuidade na assistência às aulas ou mudanças frequentes de escolas, problemas emocionais ou instrução inadequada. No entanto, estas condições podem acompanhar, desencadear ou inclusive agravar um problema nas áreas de aprendizagem. Em alguns casos são encontrados indicadores neurológicos que podem ser a base de um problema de aprendizagem. A proposta da Rede Municipal de Ensino é oferecer para cada criança a oportunidade de aprender tanto quanto sua capacidade permitir. No entanto, os alunos que apresentam distúrbios ou problemas de aprendizagem (considerados como um grupo significativo), não têm essa oportunidade. Eles não conseguem acompanhar o currículo estabelecido pela Rede e, porque fracassam, são classificados como incapazes, com problemas emocionais ou simplesmente rotulados como alunos fracos. São crianças que precisam de um atendimento especializado e precisam dessa oportunidade para vencer as barreiras de suas dificuldades. Nesta perspectiva, a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora tem como compromisso fortalecer as unidades escolares para implementação de uma política educacional que responda às diferenças presentes nas escolas, superando a lógica da exclusão, fundamentada na evolução dos marcos filosóficos, pedagógicos, políticos e legais que norteiam o paradigma da inclusão. 36 4.3.1 Histórico do PADRA Até o ano de 2002 as ações de inclusão eram isoladas e não se identificava uma Política Pública de Educação Especial. Os primeiros estudos realizados por profissionais da Rede resultou na construção do Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem. Este teve o intuito de atender de forma especial os alunos com defasagem em idade/série, uma vez que era esta a maior demanda de necessidades especiais que a Rede apresentava. Podemos dizer que no ano de 2000, quando a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora estabeleceu uma parceria com o Centro Universitário de Jaraguá do Sul - UNERJ, onde um grupo base, formado pelos diretores e orientadores juntamente com o pessoal da universidade,tinha a incumbência de organizar a formação continuada dos profissionais da educação da Rede Municipal. No ano de 2001, a então diretora de ensino, profa. Neuzi Schotten, levou ao grupo a preocupação com os alunos da Rede que não conseguiam atingir os objetivos propostos para cada série e, por esta razão, o número elevado de alunos em defasagem idade/série nas escolas municipais. Assim, o grupo base começou a estudar e desenvolver o PROJETO DE ATENDIMENTO AOS DIFERENTES RITMOS DE APRENDIZAGEM. Com o projeto em andamento, em 2002, chegou o momento de selecionar o profissional que trabalharia com este projeto. Um dos critérios estabelecidos era o de esse profissional teria que ter formação em educação especial. Foi, então, convidada a professora Tânia Mara Gruetzmacher Doege que passou a participar do grupo. Agora também com a participação da profesora, os estudos se prolongaram até maio de 2003. O Projeto, inicialmente foi aplicado em uma escola pólo. Foi escolhida para dar início ao projeto a Escola de Educação Básica “Professor Curt Brandes”, por situar-se numa região central, ficando de fácil acesso aos alunos de outras escolas que eram buscados de suas respectivas comunidades com a Kombi da prefeitura . Esta sala foi equipada pela Secretaria de Educação e Formação Empreendedora, com mobiliários, equipamentos eletrônicos, computador, impressora, jogos, materiais de expediente, entre outros. 37 Para formar o grupo de alunos que seriam atendidos foram contempladas as escolas que apresentavam o maior índice de alunos com defasagem em idade/série. Os atendimentos aconteciam no período oposto ao do ensino regular. No ano de 2004 o projeto foi ampliado para a Escola Básica Municipal Hermann Guenther e Escola Básica Municipal Olavo Bilac com a professora Iara Elisa Reiter Brehmer, para a Escola Básica Municipal Doutor Amadeu da Luz e Escola Básica Municipal Prof. Vidal Ferreira com a professora Zulenir Ramos e, permanecendo na Escola de Educação Básica Municipal Professor Curt Brandes e Escola Básica Municipal Almirante Barroso a professora Tânia Mara Gruetzmacher Doege. Em 2008, a Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias foi contemplada com o projeto de atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem com a professora Alessandra Lentulo Aliende que, a partir de 2009, passou a ser atendida pela professora Cledi Brito Senger. Com o passar dos anos algumas diretrizes relacionadas aos atendimentos foram se ajustando, prova disto é que o PADRA não é mais direcionado ao atendimento de alunos com defasagem idade/série. Passou a ter como objetivo detectar, analisar, intervir e encaminhar alunos que por algum motivo não conseguem acompanhar a turma em que se encontra. Inicialmente verificam-se as dificuldades do aluno e, em seguida são atendidos pelo PADRA e/ou encaminhados para especialistas como psicólogo, fonoaudióloga, neurologista. Em 2012, o projeto atendeu, aproximadamente, 112 alunos da Rede Municipal de Educação. 4.3.2 Aspectos Legais O direito à igualdade de oportunidade não significa um modo igual de educar a todos, e sim, oportunizar a todos o que cada um necessita em função de seus interesses e características individuais. Significa educar a todos de acordo com as diferenças individuais, sem que as peculiaridades de aprendizagem se traduzam em impedimento à aprendizagem. LDB 9.394/96 38 Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua Proposta Pedagógica. V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento. Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. Art. 24 - V, a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA) Art. 53, incisos I, II e III “a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando- se- lhes: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – direito de ser respeitado pelos seus educadores; III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores.” Indicação CEE nº 5/98, de 15/4/98 D.O.E. em 23/9/98 “(...) educação escolar consiste na formação integral e funcional dos educandos, ou seja, na aquisição de capacidades de todo tipo: cognitivas, motoras, afetivas, de autonomia, de equilíbrio pessoal, de interrelação pessoal e de inserção social. (...) os conteúdos escolares não podem se limitar aos conceitos e sim devem incluir procedimentos, habilidades, estratégias, valores, normas e atitudes. E tudo deve ser assimilado de tal maneira que possa ser utilizado para resolver problemas nos vários contextos. (...) os alunos não aprendem da mesma maneira e nem no mesmo ritmo. O que eles podem aprender em uma determinada fase depende de seu nível de amadurecimento, de seus conhecimentos anteriores, de seu tipo de inteligência, mais verbal, mais lógica ou mais espacial. No cotidiano da sala de 39 aula, convivem pelo menos três tipos de alunos que têm “aproveitamento insuficiente” : os imaturos, que precisam de mais tempo para aprender; os que têm dificuldade específica em uma área do conhecimento; e os que, por razões diversas, não se aplicam, não estudam, embora tenham condições. (...) recuperar significa voltar, tentar de novo, adquirir o que perdeu, e não pode ser entendido como um processo unilateral. Se o aluno não aprendeu, o ensino não produziu seus efeitos, não havendo aqui qualquer utilidade em atribuir-se culpa ou responsabilidade a uma das partes envolvidas. Para recobrar algo perdido, é preciso sair à sua procura e o quanto antes melhor: inventar estratégias de busca, refletir sobre as causas, sobre o momento ou circunstâncias em que se deu a perda, pedir ajuda, usar uma lanterna para iluminar melhor. Se a busca se restringir a dar voltas no mesmo lugar, provavelmente não será bem sucedida. (...) O compromisso da Escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que todos os alunos aprendam. A recuperação deve ser entendida como uma das partes de todo o processo ensino e aprendizagem de uma escola que respeite a diversidade de características e de necessidades de todos os alunos. (...) Dentro de um projeto pedagógico consistente, a recuperação deve ser organizada para atender aos problemas específicos de aprendizagem que alguns alunos apresentam, e isso não ocorre em igual quantidade em todas as matérias nem em épocas pré-determinadas no ano letivo. A recuperação da aprendizagem precisa: - ser imediata, assim que for constatada a perda, e contínua; ser dirigida às dificuldades específicas do aluno; abranger não só os conceitos, mas também as habilidades, procedimentos e atitudes. (...) A recuperação paralela deve ser preferencialmente feita pelo próprio professor que viveu com o aluno aquele momento único de construção do conhecimento. Se bem planejada e baseada no conhecimento da dificuldade do aluno, é um recurso útil.” Parecer CEE nº 451/98 - 30/7/98 D.O.E. de 01/08/98, páginas 18 e 19, seção I "a expressão '...rendimento escolar...' , que se encontra no inciso V do artigo 24 da Lei 9.394/96, se refere exclusivamente a aprendizagem cognitiva? 40 Resposta: Não. A legislação sobre avaliação/verificação do rendimento escolar, sobretudo o referido artigo, não restringe a expressão "rendimento escolar" exclusivamente à aprendizagem cognitiva. A lei 9.394/96, ao tratar da educação básica, situou-a no quadro de abertura que permitiu, aos que dela fossem cuidar, em seus diferentes níveis e modalidades, a pensasse como um todo e a explicitasse, nos limites do seu texto, em sua proposta pedagógica e em seu regimento. Na elaboração dessa proposta e desse regimento, consubstanciado certamente numa visão de homem, de sociedade e, por consequência, numa concepção de educação e de avaliação, cuidados especiais deverão ser tomados para que estejam contidos, nesses instrumentos, procedimentos referentes ao processo ensino e aprendizagem , e em particular ao de verificação do rendimento escolar. O legislador deixou sob a responsabilidade da escola e de toda sua equipe a definição do projeto de educação, de metodologia e de avaliação a serem desenvolvidas. Abandonou detalhes para agarrar-se ao amplo, ao abrangente. Aponta, por isso, para uma educação para o progresso, onde estudo e avaliação devem caminhar juntos, esta última como instrumento indispensável para permitir em que medida os objetivos pretendidos foram alcançados. Educação vista como um processo de permanente crescimento do educando, visando seu pleno desenvolvimento, onde conceitos, menções e notas devem ser vistos como mero registros, prontos a serem alterados com a mudança de situação. E, nessa busca do pleno desenvolvimento e do processo do educando, estão presentes outros objetivos que não só os de dimensão cognitiva mas os de natureza sócio-afetiva e psicomotora, que igualmente precisam ser trabalhados e avaliados. O cuidado deve estar é no uso que se pode fazer desta avaliação, não a dissociando da ideia do pleno desenvolvimento do indivíduo." Parecer CNE/CEB nº 17/2001 Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001 “O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade de necessidades educacionais, destacadamente aquelas associadas a: dificuldades específicas de aprendizagem como a dislexia e disfunções correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória, cognitivos, psicolinguísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e 41 ainda há fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privações de caráter sociocultural e nutricional.” 4.3.3 Concepções e Princípios O respeito à dignidade humana exige coerência entre as concepções e as ações do processo educativo para a construção de uma educação transformadora que respeita as diferenças dos indivíduos. Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que manifesta uma discrepância educacional significativa entre o seu potencial intelectual estimado e o seu nível actual de realização, relacionada com as desordens básicas dos processos de aprendizagem que podem ser ou não acompanhadas por disfunção do sistema nervoso central, e que não são causadas por deficiência mental generalizada, por privação educacional ou cultural, perturbação emocional severa ou perda sensorial (Bateman, 1965). Existem fatores que são de extrema relevância, que ajudam a uma boa compreensão desta problemática: Origem neurológica: De acordo com os estudos efetuados nesta área, que se apoiaram no uso da imagiologia por ressonância magnética (IRM), as crianças com dislexia, quando a execução de tarefas do tipo intelectual como, por exemplo, a leitura, parecem apresentar uma atividade reduzida no gyrus angular – a zona do cérebro que liga as áreas do córtex visual e da associação visual às áreas da linguagem –, acompanhada de uma atividade excessiva na área de Broca, responsável pelos mecanismos motores da fala. Sendo assim pode-se dizer que as DA (dificuldades de aprendizagens) têm uma base neurobiológica, ou seja, que a estrutura cerebral poderá estar danificada devido a um conjunto de fatores tais como, o tamanho dos neurônios (menor do que o normal), o número de neurônios (menor número de neurônios em áreas importantes do cérebro), uma displasia (deslocação de células nervosas para 42 partes incertas do cérebro), uma irrigação cerebral mais lenta e uma metabolização da glicose mais lenta em certas partes do cérebro (Garcís, 2004; Silva M. C., 2008). Padrão desigual de desenvolvimento: Desigualdade de desenvolvimento em áreas como linguagem, perceptivas e motora. Envolvimento processual: As dificuldades de aprendizagem interferem com os processos psicológicos que possibilitam a aquisição e/ou desenvolvimento de competências. Dificuldades numa ou mais áreas acadêmicas e de aprendizagem: Leitura, escrita e/ou matemática. Discrepância acadêmica: Os alunos com DAE evidenciam diversos problemas que interferem com as suas aprendizagens, porém os seus quocientes de inteligência (QI) encontram-se num nível normal ou mesmo acima da média. Esta discrepância, entre o potencial estimado e a realização acadêmica, tem sido um fator essencial na identificação destes alunos (Garcís, 2004; Silva M. C., 2008). Exclusão de outras causas: é excluída a hipótese que as DAE são causadas por outras problemáticas como a deficiência mental, a deficiência visual e auditiva, os problemas motores, as perturbações emocionais e as desvantagens culturais, sociais ou econômicas. Contudo, isto não quer dizer que as DAE não possam coexistir com essas problemáticas (Garcís, 2004; Silva M. C., 2008). Condição vitalícia: As dificuldades de aprendizagem, por terem uma origem neurológica e, por conseguinte, serem intrínsecas ao indivíduo, acompanhamno ao longo da sua vida. Para terem sucesso, os alunos com DA (dificuldade de aprendizagem) devem ser identificados o mais precocemente possível, através de observações e avaliações especializadas que levem a intervenções específicas 43 que envolvam não só a escola, como também a família e a comunidade (Garcís, 2004; Silva M. C., 2008). No âmbito socioeducacional, instituições são ambientes em que sujeitos buscam sua formação de forma intensiva e sistêmica, por meio de saberes, trocas e relações de mediação. A Secretaria Municipal de Educação Empreendedora de Pomerode é uma instituição que executa políticas educacionais e promove o desenvolvimento da educação escolar, cuja centralidade é, portanto, a aprendizagem e a formação de pessoas compreendidas como sujeitos das relações produzidas nesse espaço institucional. Dessa forma, adota como base norteadora para gestão de seu trabalho, políticas e programas que visam à formação integral humana, articulada ao ambiente social de todos os envolvidos em educação e daqueles beneficiados por ela. O caráter organizacional e institucional centra-se nos seguintes fins e propósitos: aprendizagem e formação. Assim, os fins e princípios norteadores, estabelecidos pela Secretaria para orientar sua prática educativa, foram definidos em consonância com as diretrizes emanadas da Constituição Federal e da LDB vigentes, conforme segue: • A Educação possibilita ao ser humano o desenvolvimento harmonioso em suas dimensões física, social, emocional, cultural e cognitiva nas relações individuais e sociais. • A Educação Básica constitui um direito inalienável do homem em qualquer idade e capacita-o a alcançar o exercício pleno da cidadania de forma a ser promovida não como uma justaposição de etapas fragmentadas, mas em perspectiva de continuidade articulada entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, incluindo a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Especial. • Os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum são valorizados na prática pedagógica como norteadores que são da vida cidadã. 44 • A vivência do processo educativo tem como objetivo propiciar ao cidadão condições de responder positivamente às grandes necessidades contemporâneas de aprendizagem: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, em conformidade com o Relatório Delors, publicado em 1996. •Os valores estéticos, políticos e éticos, organizados sob as premissas básicas da sensibilidade, da igualdade e da identidade, essenciais à formação integral do aluno, permeiam a organização curricular, as relações interpessoais, o planejamento, o acompanhamento e a avaliação de todo o trabalho docente, discente, gestor e administrativo. • A flexibilidade teórico-metodológica e o reconhecimento e a aceitação do pluralismo de ideias constituem elementos essenciais na definição da política pedagógica adotada. • A ação pedagógica enfatiza procedimentos capazes de favorecer a compreensão e o domínio dos fundamentos científicos e tecnológicos em que se baseiam os processos produtivos da sociedade atual. • O sistema educacional proporciona recursos e meios que atendam às necessidades educacionais de todos os alunos, de modo a oportunizar o seu desenvolvimento e a sua aprendizagem, garantindo: educabilidade de todos os seres humanos; direito à equidade, igualdade de oportunidades educacionais independentemente dos comprometimentos que possam apresentar; respeito à dignidade humana; direito à liberdade de aprender e expressar-se e; direito de ser diferente. Dessa forma, incentiva a maior participação de todos, inclusive da família, promovendo ações que levem ao cumprimento de metas do Compromisso Todos pela Educação. À luz desses princípios norteadores anunciados, a Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora do Municipio de Pomerode tem como foco de atuação: • Aprendizagem: A ação escolar centra-se no aluno e na aprendizagem, não entendida como acumulação de informações e conteúdos, e sim como um processo de formação e de construção do ser humano, intrínseca aos sujeitos, que se relacionam, que se comunicam e se formam no ambiente social e pedagógico da instituição educacional. Alunos, professores e pais aprendem quando se relacionam e se comprometem com conteúdos e novas 45 aprendizagens, de forma sistemática e contínua, no espaço escolar e fora dele, a partir de seus saberes, realidade e expectativas. Aprender é, portanto, tarefa de sujeitos instituintes. • Formação de professores e de gestores: A formação inicial e em serviço é intrínseca ao ser e, mais ainda, quando se torna professor-educador e gestor da educação escolar. Revigorar e qualificar os atores envolvidos na educação é um fator de impacto e de mudanças na ação e na prática pedagógica dos professores e dos gestores. 4.3.4 Diretrizes Pedagógicas 4.3.4.1 Objetivos do PADRA O PADRA tem como objetivo orientar o sistema educacional no sentido de assegurar aos alunos a formação de habilidades e competências necessárias para o desenvolvimento de suas potencialidades, como elemento de auto-realização e preparo para o exercício consciente da cidadania. Neste contexto, o aluno deverá ser capaz de adotar posturas na escola, em casa e na comunidade que o leve a estabelecer interações construtivas. São objetivos específicos da sala de atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem: - trabalhar as dificuldades de aprendizagem utilizando materiais concretos que facilitam a compreensão dos conceitos e significados; - acompanhar o desenvolvimento de cada aluno na sua individualidade; - valorizar o conhecimento prévio dos alunos e, a partir ddeste conhecimento, propor atividades desafiadoras; - formar a auto-imagem positiva e a auto-estima; - trabalhar o valor da educação como meio de desenvolvimento pessoal e social; - compreender o motivo dos erros que os alunos produzem, possibilitando-lhes o avanço para produções cada vez mais elaboradas. - adequar e produzir materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as necessidades específicas dos alunos; - acompanhar o uso desses materiais e recursos em sala de aula, sem, contudo, interferir no ensino dos conteúdos curriculares; 46 - garantir que o aluno compreenda e utilize as diferentes linguagens como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais em contextos públicos e privados, atendendo às diferentes intenções e situações de comunicação; - oferecer subsídios para que o aluno saiba utilizar as diferentes fontes de informações e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; - fortalecer a personalidade do aluno para que possa observar e analisar fatos e situações de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo reativos e propositivos. 4.3.4.2 Referencial Metodológico O município de Pomerode vem compreendendo a educação como um direito humano fundamental. O Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem, foi criado para aprendizagem, possibilitar ao aluno a formação com dificuldades no processo de necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades, como elemento de auto-realização e preparo para o exercício consciente da cidadania. Compreende-se que a proclamação da formação de sujeitos autônomos pode ser uma estratégia para gerir a vida dos sujeitos e das populações, atreladas às dinâmicas da individualização e da totalização em um só processo, vinculado à ideia de participação, democracia e cidadania. O atendimento aos alunos com dificuldades no processo de aprendizagem, consiste em reunir informações que permitam conhecer as possibilidades e dificuldades do aluno bem como estabelecer as respostas educativas que cabe à escola oferecer. Assim sendo, a família, o professor da turma, o professor do projeto, a equipe pedagógica da escola, a equipe multidisciplinar, ( psicólogo, psicopedagoga, fonoaudióloga, neurologista, pediatra e nutricionista), precisam opinar, seja para esclarecer, seja para orientar a intervenção mais apropriada a cada caso. As crianças com processo diferenciado de aprendizagem possuem necessidades temporárias ou permanentes que dificultam seu processo com relação à turma. Para que esse trabalho seja realizado com sucesso todos os parceiros devem estar totalmente 47 envolvidos. A inclusão não se dá somente ao frequentar a sala de aula e a sala do projeto, mas em desenvolver a capacidade humana integral do aluno. A escola juntamente com seus parceiros deve oferecer, sem exceções, os elementos de emancipação pela apropriação dos conhecimentos, pelo desenvolvimento do aprender a aprender e do saber pensar para que os alunos possam ser incluídos verdadeiramente na sociedade. A inclusão implica redimensionar a prática pedagógica escolar tendo como parceiros, os pais, professores, equipe pedagógica multidisciplinar e o próprio aluno. O projeto de atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem, perpassa todas as modalidades de ensino, ela integra, desenvolve e estrutura o aluno com dificuldades no âmbito escolar. 4.3.4.3 Gestão dos Processos de Aprendizagem A gestão dos processos de aprendizagem consiste na organização de situações de aprendizagem nos espaços das salas do PADRA, bem como na interlocução com o professor do ensino regular. Inicialmente, o atendimento do PADRA visa identificar aspectos que potencializem o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com dificuldades no processo de aprendizagem, objetivando também eliminar as barreiras que dificultam a aprendizagem desses alunos. O professor do PADRA, em constante interação com o professor do ensino regular, obtém informações sobre as necessidades educacionais do aluno na sala de aula, identificando como se relaciona com o conhecimento, o que favorece ou dificulta seu processo de aprendizagem, ou como se desenvolve a relação com o professor e os colegas no espaço da sala de aula. 4.3.5 Estrutura e Funcionamento do PADRA O PADRA é efetivado em salas próprias, onde o professor atende grupos de, no máximo, cinco alunos. Os grupos de alunos são formados em função das dificuldades apresentadas. Com estes alunos são trabalhadas habilidades básicas como leitura e escrita e desenvolvimento do raciocínio 48 lógico a fim de favorecer a interação do aluno na sala de aula do ensino regular. Os alunos freqüentam o PADRA no contra turno escolar com a periodicidade mínima de duas vezes por semana. Cada atendimento tem a duração de três horas. Como já foi mencionado anteriormente, o PADRA atende crianças com dificuldades em seu processo de aprendizagem. O fluxograma de atendimento inicia com o professor do ensino regular que identifica os alunos que não estão conseguindo, por algum motivo, alcançar os objetivos de aprendizagem. Uma vez identificados estes alunos, o professor aplica diversas e variadas intervenções a fim de que a dificuldade seja superada. Uma vez esgotadas todas as possibilidades na sala de aula, não obtendo resultados positivos o professor conversa com a orientação educacional, explicando a situação em que o aluno se encontra. O próximo passo deste fluxograma, está focado na ação da orientação educacional que verifica o que está acontecendo. Entrega uma ficha ao professor do ensino regular para preenchimento. Nesta ficha o professor relata, de forma suscinta, os dados do aluno, suas dificuldades e potencialidades, comportamento e relacionamento com o grupo, as intervenções pedagógicas realizadas e os atendimentos que, eventualmente, já tenha tido. A orientação educacional, procura então, no âmbito de suas competências, atender o aluno e sua família. Quando, enfim, também esgotadas todas as possibilidades, a orientação educacional em posse da ficha preenchida pelo professor do ensino regular, conversa com a professora do PADRA, verificando as possibilidades de atendimento deste aluno. A professora do PADRA. com os dados do aluno em mãos, o chama para uma conversa e aplica a sondagem para verificar seus conhecimentos prévios. Após a elaboração do diagnóstico pedagógico, manda-se um aviso aos pais, convidando-os para uma conversa sobre a situação acadêmica do aluno. Durante esta conversa, oferece-se o atendimento, “que não é obrigatório”, solicitando autorização dos pais para frequentar o atendimento. Quando os pais não autorizam a participação do filho no Projeto, assinam uma declaração de desistência, declarando que estão cientes da dificuldade do filho. Uma vez autorizado o atendimento, faz-se uma entrevista com a família 49 com o intuito de conhecer a rotina familiar assim como fatos importantes do desenvolvimento da criança/adolescente que será atendido. Por fim, entrega-se o cronograma com os dias de atendimento do filho. Com todos os dados em mãos, o professor do PADRA traça um plano de atendimento específico às dificuldades desse aluno e realiza os encaminhamentos (parcerias) necessários. O aluno permanece em atendimento até que tenha desenvolvido as habilidades e competências para acompanhar o ano/série em que se encontra matriculado. É importante destacar o fato de que, o PADRA não é espaço de recuperação de conteúdos curriculares, mas de desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para a aprendizagem dos conteúdos curriculares. Desta forma, propõe o trabalho efetivo, com a metodologia de Projetos de Ensino e de Aprendizagem e, fundamentar sua prática na teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner. O trabalho desenvolvido no PADRA atinge e mobiliza todos os envolvidos no processo escolar, uma vez que sem a ajuda de todos não se obtém resultados positivos. É um trabalho em equipe, na qual a falta de colaboração e compreensão de, apenas um dos segmentos, o trabalho não atinge satisfatoriamente seus objetivos. . 4.3.5.1 As Salas do PADRA As salas, onde acontece o atendimento do PADRA, são espaços da escola onde se concretizam as estratégias de ensino, centradas em uma metodologia diferente que favoreça o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para a construção de conhecimentos pelos alunos no ensino regular. Nas salas do PADRA procura-se promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os serviços setoriais da saúde e da assistência social, entre outros, tendo como finalidade: - elaborar e executar plano de atendimento diferenciado, avaliando a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos pedagógicos; 50 - identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos e estratégias considerando as necessidades específicas de cada aluno; - estruturar metodologias diferenciadas a fim de atender as dificuldades específicas de cada aluno; - acompanhar cada aluno atendido no projeto, a fim de garantir sua inclusão no ensino regular; - oferecer apoio pedagógico aos professores do ensino regular ajudando-os na flexibilização curricular; - auxiliar e orientar os pais dos alunos atendidos; - confeccionar materiais pedagógicos adequados para cada tipo de dificuldade; - promover o aumento significativo do desempenho escolar, visíveis no boletim de cada aluno; e, - monitorar os alunos desligados do Projeto por um determinado período. 4.3.5.2 Funções do Professor da Sala do PADRA O professor deve proporcionar aos alunos atendidos pelo PADRA, metodologias diversificadas para o desenvolvimento de habilidades e competências que viabilizem a apropriação dos conteúdos trabalhados no ensino regular. Assim, cabe também ao professor do PADRA orientar os professores do ensino regular na construção de práticas pedagógicas que respeitem as diferenças entre os alunos e que, ao mesmo tempo, considerem essas diferenças como elementos ricos de trabalho, promovendo uma constante interação entre os pares. Esta prática revela o princípio fundamental na perspectiva de assegurar uma educação inclusiva. O atuação do professor do PADRA atende, efetivamente, três funções: gestão dos processos de aprendizagem; avaliação diagnóstica juntamente com o professor do ensino regular bem como acompanhamento na sala de aula; e, promoção de ações que visam o progresso no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno, bem como a sua melhor interação no espaço escolar. A ação pedagógica de acompanhamento deve resultar em opções que indiquem a possibilidade de reorganizar situações de aprendizagem que 51 favoreçam a eliminação das barreiras na aprendizagem e aperfeiçoar a aprendizagem dos alunos e sua inclusão no ensino regular. O acompanhamento se organiza com base no plano de atendimento que o professor deve elaborar a partir das informações obtidas sobre o aluno e a problemática vivenciada por ele. Prevê a articulação do professor do PADRA com outros profissionais que possam dar suporte às necessidades específicas desses alunos. Contempla, também, a articulação com a família no sentido de construir as condições propícias ao desenvolvimento e aprendizagem desses alunos. O acompanhamento implica na necessidade de avaliação permanente da evolução do aluno nos diferentes espaços educacionais e, a partir desta avaliação, o redimensionamento das ações educacionais. Considerando todas as funções aqui descritas, cabe ao professor do PADRA, desenvolver seu trabalho na escola, centrando sua atuação profissional na promoção e articulação de ações em prol da inclusão escolar dos alunos com dificuldade no processo de aprendizagem, garantindo sua plena participação nas atividades curriculares. 4.3.5.3 Funções do Professor do Ensino Regular com Crianças do PADRA O desempenho do professor do ensino regular com crianças que freqüentam o PADRA é de fundamental importância. Este profisional precisa ter ciência de que o aluno, mesmo encaminhado ao PADRA, é de sua responsabilidade. O PADRA é apenas um apoio ao trabalho do professor do ensino regular. Desta forma, cabe a ele: - planejar e ministrar aulas, coordenando o processo de ensino e de aprendizagem nos diferentes níveis de ensino; - elaborar e executar programas educacionais; - selecionar e elaborar o material didático utilizado no processo de ensino e de aprendizagem; - organizar sua prática pedagógica, observando o desenvolvimento do conhecimento nas diversas áreas, as características sociais e culturais do aluno e da comunidade em que a unidade de ensino se insere, bem como as demandas sociais conjunturais; 52 - elaborar, acompanhar e avaliar projetos pedagógicos e propostas curriculares; - contribuir para a interação e articulação da escola com a comunidade; - companhar e apoiar a prática pedagógica desenvolvida na escola; - assessorar o processo de definição do planejamento de políticas educacionais, realizando diagnóstico, produzindo, organizando e analisando informações; - promover a divulgação, monitorar e avaliar a implementação das políticas educacionais; - realizar avaliação psicopedagógica e prestar atendimento aos alunos com deficiência; e, - articular seu trabalho com os diferentes atendimentos de apoio pedagógico oferecido pela Rede Municipal de Ensino, pela Secretaria de Saúde e pela Unidade Escolar. 4.3.6 Avaliação no PADRA O professor do PADRA realiza a avaliação através de estudo de caso, com o objetivo de construir um perfil do aluno para que possa elaborar o plano de intervenção. A avaliação realiza-se nos três principais ambientes do aluno: na escola como um todo, na sala do projeto e na família. Na escola, o professor do PADRA deve avaliar o aluno em diferentes locais e em diferentes momentos. O professor pode observar o aluno na sala de aula, no pátio na hora do recreio, na biblioteca, na sala de informática , dentre outros. A avaliação realizada nestes ambientes visa colher informações sobre o aluno considerando seis aspectos principais, sendo: desenvolvimento intelectual; a linguagem oral; o meio ambiente; as aprendizagens escolares; o desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais; e, 53 os comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor e a saúde do aluno. Para avaliar os aspectos mencionados, o professor poderá optar por organizar situações-problema em contexto de jogo e /ou utilizar atividades avaliativas de acordo com cada aspecto descrito anteriormente. Para realizar a avaliação na sala multifuncional o professor poderá optar por atividades que tenham como objetivo identificar o nível de evolução conceitual da leitura e da escrita do aluno, o desenvolvimento psicomotor, o desenvolvimento lógico-matemático e a oralidade. As atividades podem ser propostas em contexto de jogos ou elaboradas para esse fim. Os demais aspectos (desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais, os comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem e a saúde do aluno) podem ser avaliados por meio de entrevistas com a professora da sala de aula regular e com a família através de entrevistas ou visitas domiciliares. Na sala de aula regular, o professor do PADRA poderá avaliar como o aluno se relaciona com o conhecimento, como ele responde às solicitações do professor, se ele manifesta atitude de dependência ou de autonomia e, ainda, se é necessário o uso de recursos, equipamentos e materiais pedagógicos diferenciados. Ele avalia ainda se o aluno apresenta melhor desempenho em atividades individuais, em pequenos grupos ou em grupos maiores e, ainda, a forma como ele interage com seus colegas. A família pode oferecer informações importantes quanto ao desempenho do aluno nas atividades domiciliares, bem como sua relação com o ensino e com os conteúdos escolares em casa. É importante que o professor do PADRA compreenda como o aluno se comporta em casa, do ponto de vista da comunicação e da interação com os familiares. Em que situações ele manifesta atitudes de autonomia e de dependência. E ainda como a família se relaciona com ele, se há manifestação de superproteção ou de abandono. De posse desses dados, o professor do PADRA constrói o perfil do aluno e elabora o plano de atendimento. 4.4 A Equipe Multidisciplinar 4.4.1 A articulação do trabalho da equipe multidisciplinar 54 Os princípios filosóficos e pedagógicos que fundamentam o trabalho da Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora, contemplam parceria de diferentes profissionais. Os conhecimentos específicos de cada área, quando somados, respaldam o trabalho multidisciplinar. Evidentemente, algumas funções específicas são atribuídas tanto à equipe da Educação Especial quanto à equipe da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. A Equipe Multidisciplinar é mais um segmento criado pela Secretaria de Educação a fim de garantir a inclusão de todos os alunos através da efetiva aprendizagem e inserção nas relações sociais e culturais estabelecidas no âmbito da escola. Dentre as funções da Equipe Multidisciplinar destacam-se: a avaliação dos alunos que apresentam deficiência e defasagem de aprendizagem; encaminhamento para os atendimentos clínicos e/ou educacional especializado; e, orientação aos professores do ensino regular quanto ao atendimento às necessidades desses alunos. No que diz respeito a esta última atribuição, considera-se importante a interlocução entre o ensino regular e a educação especial no sentido de promover a aprendizagem de todos os alunos. A promoção da aprendizagem deve ocorrer independente das necessidades dos alunos incluídos. Desse modo, orienta-se que o professor deve considerar o acesso de todos os alunos aos conteúdos curriculares, levando em consideração os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. Cabe lembrar que, a flexibilização curricular diz respeito ao planejamento e aplicação de diferentes estratégias para que todos os alunos possam aprender, diferente daquilo que alguns professores pensam. Flexibilização curricular não diz respeito a facilitação e a omissão de conteúdos considerados difíceis pelo professor. O desenvolvimento curricular implica em uma avaliação contínua realizada por todos os educadores, com o objetivo de definir necessidades, realizar mudanças, utilizar diferentes metodologias de ensino e, quando necessário, replanejar os conteúdos a serem ensinados. Em 2012, a Equipe Multidisciplinar foi composta de: 55 Pedagogo; Psicólogo; Psicopedagogo; Nutricionista; Pediatra (SESA); Fonoaudióloga (SESA); e, Assistente Social (SECID). Considera-se relevante, ainda, destacar o fato de que os psicólogos escolares da Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora atendem os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e que, após avaliação diagnóstica, constata-se que estas dificuldades são de origem emocional e comportamental. Uma vez em atendimento, o aluno comparece uma vez por semana, permanecendo em atendimento um período aproximado de 45 minutos. Da mesma forma, o atendimento psicopedagógico, contempla os alunos com distúrbios de aprendizagem, que também são atendidos semanalmente no contraturno escolar. 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS Já está contemplado na Introdução, mas vale a pena reforçar o fato de que este documento tem como objetivo orientar a Rede Municipal de Ensino naquilo que diz respeito à Educação Especial na perspectiva de Educação Inclusiva. Neste contexto, a Educação Especial é entendida como um campo de conhecimento que perpassa a educação escolar como modalidade de ensino, complementado-a e, em alguns casos, suplementando-a, a fim de favorecer o processo de escolarização de todos os alunos. As diretrizes contempladas neste documento dá um passo decisivo para a consolidação da educação inclusiva na Rede Municipal. Espera-se que, todas as Unidades Escolares, estimulem o desenvolvimento de uma pedagogia comprometida com a função social da escola e com o ser humano em formação - o aluno. No entanto, a Educação Especial, enquanto modalidade, por si só não dá conta de efetivar uma política de inclusão educacional se não houver e empenho dos protagonistas da educação básica garantindo a escolarização de todos os alunos, considerando a diversidade presente na escola. Uma política educacional se estabelece através da vontade e do envolvimento permanente dos diferentes atores educacionais e sociais. Estas diretrizes não têm a pretensão de considerar concluída a discussão que envolve toda a complexidade da educação especial. Novos desafios certamente surgirão no cotidiano da escola, considerando a complexidade e as dificuldades inerentes à construção de uma educação pública, inclusiva e de qualidade para os diferentes indivíduos que dela fazem parte. A concretização desta proposta implicará no comprometimento de todos os profissionais da educação num trabalho integrado e compartilhado, incorporada à ação de cada professor, num processo coletivo e de permanente avaliação na sua operacionalização. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atendimento Educacional Especializado. Brasília, 2009. ________. Formação Continuada da Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. SEESP / SEED / MEC. Brasília, 2007. Aprendizagem Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar – Porto Alegre: Artmed, 2006. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. ________. Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Brasília, 2007 Brasil. Estatuto da criança e do adolescente/ ECA. Lei Nº 8.069, de junho de 1990. ________. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, 2001. ________. 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