J u l h o 2 0 0 9 - n º 4 6 - P u b l i c a ç ã o Tr i m e s t r a l d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e G o v e r n a n ç a C o r p o r a t i v a 2 Informes IBGC Pioneiro no Brasil, Programa de Certificação de Conselheiros inclui conselheiros fiscais Deliberações do Conselho Em dia com os acontecimentos nos Capítulos Lançamento MBA Governança Corporativa 4 Discussão sobre redes sociais inaugura o primeiro Fórum Acadêmico IBGC Evento traz ao debate os atributos necessários ao conselheiro classificado como independente e as influências das redes sociais em seu desempenho DE ÇÃO C TIFICAAIS IBG SC A CER adas SO D ROS FI atualiz ncias OMIS SELHEI PR mpetê co N M e O s C de CO 6 um urar Asseg Imersão em um ambiente de conselho de drão o pa elevad s Risco oles e Contr a ori Audit a nanç Gover rativa Corpo de ação e Certific preendtes com de IBGC s, suficien um ma progra s Fiscais as e iten s de O nto de alto selheiroto de tem hecime e o Con jun con ado as estã um conaferir os al atualiz ais tem ais: fisc cip princip para eiro Os prin grupos conselhpenho. quatro desem dos em upa agr dos. Resulta ão de al (IFRS). onstraç dem internacion terceiros. e da e de e no nial lidade nário no País patrimode contabi acio o da Balanç cípios capital os de dívi to de títul tábeis. dos prin . Cus ações e ões con imento ento de traç stim hec ons ssão Con ivos de inve zo. Emi gral. das dem jetos pra normat dos geral reção inte atos de pro de longo cor utura anças s de igações liação to e ão e e estr e Fin tes tipo s e obr idades dos de ava nto de cur ivativos. eito jetivos consolidaç idade abil diferen - Ob re Noçõesividame com der e os 04/76). Dir respons ntabil ital. e nceira ectos sob lação os End 6.4 cap Fina 1. Co eres risc regu iro. de (Lei asp de es e nce nto N). A al. Dev ilida nimas cipais orçame risco fina operaçõ al (CM des Anô selho fisc Contab os e prin so de agem e Principais resa. Nacion Socieda o con Conceit anc proces ndo ria. netário Lei das na emprnos. s - O ital, alav societá o Mo destaca da riscos inte Finançara de cap uturação islação 76. Conselh to de controles ositivos panhia, rnos men e e Leg 85/ cipais disp da com Estrutu . Re-estr ncia es inte ERM 6.3 rio s. gere ató a Lei res. Prin as. Órgãos X). auditor exterior ra do stimento rios e Regul al, dos inve os Estrutu biliá sas de valo acionist Oxley (SO o fisc internos. os e biente sres mo bol atégia. horia nos rdo de de risc ento conselh troles 2. Am e estr mel de valo ção das ador. Aco da Sarbane ência acionam es risco onais e ão, do dos con gula cado o trol , ger Rel raci tite ao O mer . Autorre sta con e conteúd inistraçeficácia auditor internaexterna. adm dos e ape perdas ope oni utura ia o, CVM de de Aci entr itor ia da a s, o as. selho lantaçã s. Estr . Aud auditor objetivida ditori Relaçã surpresa acionist tradore do con ra, imp interna s da e Au ae o de inis riscos. itoria aspecto ndênci tração, e estrutu oles adm s de de reduçã aud inis ntr os ais epe Co cip s da es Ind o. Tipo da adm o, model s de cos, rnos. de risc rtunidad aspecto s e prin lidades rament modelo de 3. Ris e opo cipais , funçõe rnos e inte inição ma e renciados onsabi . Monito - Def de riscos e prin interna ora resp exte s , os rno ia o çõe e. Pan eis dife Risc itores interno e inte tificaçã ia. Fun da auditor os aud interess itês. Nív trole control Iden o s de auditor com a. es - Con ntes no s de O trabalh fiscal com Conflito selho e ativ Control ros age dos tipotração. conselho dade. de con a corpor out : inis e do inição anç e de propriepráticas com e e govern e ia - Defal e de admtração contato control posição ticas de Auditor os fisc adminis e em ra de s prá lo Com r entr rg.br conselh selho de s. Estrutu ietários. ais de boa preferi São Pau rno ativa. soc w.ibgc.o iva ter ou se cion r do con s e exte por ww rat ãos Cen rna e rg.b rpo a cor C el em: 3-7005 . Órg Trad e inte interno w.ibgc.o ernanç mundo ionais ça Co a - IBG - World (11) 304 disponív nac l está e no site ww porativ 2508 | Fax vernan cípios de gov fisca Brasil a. Códigos a Cor ar - cj. 3-7008 eiro no web 4. Go prin ativa no ções and ernanç conselh ) 304 os e Bovesp por informa de Gov 551 - 25º fone (11 a da ção para Conceitança cor Mais sileiro idas, 12. P - Tele porativ certifica ern Bra cor de o a o gov lo/S Un plet anç Institut Nações - São Pau com govern rama Av. das 78-903 gc.org.br Ce : O prog 045 OBS @ib ao IBG nto CEP ibgc bém ame cion ê tam e-mail: -se voc ar de rela Associea desfrut ciados ren passe iços dife e serv de e bilida Conta ças Finan nte Ambie ório e lat Regu ção Legisla Há oito anos o IBGC promove o Board Case, em que participantes vivenciam na prática o papel de conselheiro e de membro de comitês de conselho 7 L FISCA EIRO DO ELH CONS RTIFICA CE ida habil C E O D IBGC L AÇÃ IFIC ISCA CERT EIRO F EM CIA ELH CELÊN RATIVA ONS O início de junho marcou a segunda etapa do processo de Certificação do IBGC pág. 11 O E EX O D A CORP NIM Ç SINÔVERNAN GO De padrão em não-governança à implementadora de novos conceitos Dias antes de anunciar a fusão com a Sadia, a Perdigão discute sua experiência em governança, traçando o histórico da companhia e o papel do conselho 12 Um complexo instrumento chamado derivativo Face às recentes ocorrências de elevados prejuízos envolvendo derivativos, o Fórum de junho reuniu especialistas para analisarem os aspectos histórico, jurídico e contábil da questão 13 Empresa aérea enfrenta crises com soluções próprias Palestrante de junho, Líbano Miranda Barroso, diretor de RI da TAM Linhas aéreas, ressalta a importância da boa governança e da esquematização de processo para encarar momentos de crise 15 Setor público volta a ser tratado em evento mensal do IBGC Palestra de maio divulga as recentes ações da Secretaria de Assuntos Estratégicos em prol da eficiência da Gestão Pública 16 Determinantes e consequências das operações de unificação de ações no Brasil O segundo artigo acadêmico publicado pelo IBGC em Foco investiga os objetivos das empresas brasileiras ao unificar suas ações, os caminhos trilhados e impactos IBGC finaliza 4ª versão do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa Principal documento do Instituto, o Código passa a abranger novos temas provenientes dos desdobramentos da recente crise e do desenvolvimento do mercado de capitais pág. 9 www.ibgc.org.br INFORME IBGC - 1 Deliberações do Conselho A discussão sobre o trabalho do Comitê de Governança e Indicação continuou na reunião de abril, deliberando o Conselho pela manutenção do Comitê, pela sua proatividade e pela elaboração de um regimento interno e do calendário de atividades 2010. Da agenda debatida, destacam-se ainda: • divisão de responsabilidade do Estado de Santa Catarina, antes pertencente ao Capítulo Sul. Agora os Capítulos PR e Sul respondem, respectivamente, pela região norte e sul do Estado; • autorização para prosseguir com as ações de formação do Capítulo MG (leia mais no Informe 2); e • eleição dos coordenadores de 21 comitês. Maio • Autorização para nomear conselho consultivo para o Programa de Certificação. • Informação sobre o andamento da revisão do Código IBGC. 2 • Início das discussões para definir tema para a Agenda Temática 2010. Junho • O Grupo de Estudos de Sustentabilidade Empresarial (GESE) apresentou ao Conselho a evolução de seus trabalhos. • Foi aprovada a proposta do sistema de metas e incentivos para a remuneração variável dos funcionários do Instituto. • Posicionamento do IBGC na mídia frente a casos concretos retornou à pauta, definindo-se pela manifestação com base nos princípios da boa governança e pelo não-julgamento. • Duas novas contratações pelo Instituto foram autorizadas: um profissional para Certificação e outro para logística. Os detalhes das deliberações podem ser obtidos na ata de cada reunião, disponível no site do Instituto, seção IBGC – Governança no IBGC – Conselho de Administração. INFORME IBGC - 2 Em dia com os acontecimentos nos Capítulos Criados com o objetivo de disseminar localmente as boas práticas de governança corporativa em diferentes Estados brasileiros, os Capítulos do IBGC – Capítulo Sul (fundado em 2002), Capítulo Rio (em 2004), Capítulo Paraná (em 2005) e o recém-criado Capítulo MG (em junho deste ano) – têm uma programação independente de eventos. O IBGC em Foco reserva este espaço para trazer as últimas e as futuras realizações dos Capítulos. CAPÍTULO MG No mês de junho, Amélia Gonzaga Carvalho Silva, Jairo Dias, Paulo Angelo Carvalho Souza e Robson Laranjo foram os escolhidos pelo Conselho de Administração para formar o Comitê Coordenador do novo capítulo em Belo Horizonte. Segundo a secretária-geral do IBGC, Heloisa Bedicks, “os fatores considerados para a escolha dos novos coordenadores incluem, entre outros, julho 2009 a disponibilidade de tempo, a situação geográfica e a existência de profissionais ligados diretamente à estrutura de Governança das empresas em que atuam”. Como ocorre nas demais regionais, para o próximo mandato os associados poderão se candidatar conforme o regimento dos capítulos e eleitos em Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Para o segundo semestre, o Capítulo programou o curso Governança Corporativa em Empresas Familiares, do dia 28 a 30 de setembro. CAPÍTULO PARANÁ O Capítulo iniciou e finalizou o mês de junho com eventos. No dia 2, foi realizado o Fórum de Debates sobre o tema Gestão de Riscos. Participaram do evento, como debatedores, o responsável pelas políticas financeiras do Grupo Positivo, Álvaro do Amaral, e a encarregada da Deloitte pela prática de Gestão de Riscos para a região Sul do Brasil, Lúcia Casasanta. Como moderador, o evento teve a presença de Fernando Mitri, sócio-diretor da Meca Consultores Associados e excoordenador do Capítulo. No dia 30, o Capítulo recebeu a administradora especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Patrícia Audi, para falar sobre o tema Gestão Pública: o Verdadeiro Choque e Novos Modelos de Governança Pública (veja matéria na pág. 15). Para o segundo semestre, o Capítulo agendou, com início em 11 de agosto, mais uma edição do Curso para Conselheiros de Administração. CAPÍTULO RIO O Capítulo Rio transferiu sua agenda de palestra para o segundo semestre, a ser divulgada na próxima edição do IBGC em Foco. Quanto aos cursos, foi agendado para agosto o de Conselheiro Fiscal – Teoria e Prática, nos dias 11 e 12. CAPÍTULO SUL Com 20 anos de atuação em processos de sucessão, a psicóloga Magda Ehlers foi a mediadora, em 8 de maio, de mais uma edição da série Talk Hour, na qual debateu O Desafio da Governança nas Empresas Familiares. Criada em agosto do ano passado, a série visa a uma reflexão sobre temas de governança. Em 13 de maio, o presidente do Conselho de Administração da Weg, Décio da Silva, foi o palestrante do “Tá na Mesa”, uma parceria entre o IBGC e a Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), que se tornou mais um evento regular do Capítulo. O palestrante foi eleito no ano passado presidente do Conselho da Weg, após 18 anos na presidência executiva. Ainda em maio, no dia 27, o coordenador-geral do Capítulo, Carlos Biedermann, foi o palestrante da reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). Biedermann falou no evento sobre conceitos, aplicações e vantagens da Governança Corporativa. Em 3 de julho, o Capítulo promoveu mais um evento da série Talk Hour, desta vez trazendo o economista Jairo Gudis para mediar o debate sobre Princípios da Governança Corporativa com Foco em Empresas de Controle Familiar. Gudis é membro de conselhos de administração em empresas privadas e consultor na área de governança corporativa e familiar. Com relação aos cursos no Capítulo, para o segundo semestre, está agendado para setembro, de 23 a 25, o curso Governança Corporativa em Empresas Familiares. 3 INFORME IBGC - 3 IBGC e Fipecafi lançam MBA Governança Corporativa O Instituto, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), promoveu em sua sede no dia 18 de junho o lançamento do MBA Governança Corporativa. A abertura e o debate do evento, cujo tema foi Cinco Anos de Retomada do Mercado de Capitais no Brasil: Um Balanço da Governança Corporativa no Período, ficaram a cargo dos representantes das duas instituições: Heloisa Bedicks e Gilberto Mifano (IBGC) e Iran Siqueira Lima e Alexandre Di Miceli (Fipecafi). Insider trading, gestão de riscos, Novo Mercado, aquisições originárias e cláusulas de proteção à dispersão acionária foram alguns dos pontos debatidos pelos participantes. www.ibgc.org.br Discussão sobre as redes sociais inaugura o primeiro Fórum Acadêmico IBGC Os palestrantes expõem ainda os problemas e os benefícios do entrelaçamento de conselhos I naugurado em maio, o primeiro Fórum Acadêmico adveio da necessidade percebida pelo Instituto em integrar os conhecimentos da academia e o empresarial. Nas palavras do coordenador do Comitê dos Fóruns Acadêmicos, Edy Kogut, a intenção desta mais nova modalidade é “aprofundar o conteúdo disponível em Governança Corporativa nas bases acadêmicas, contando com a interação entre a experiência cotidiana dos executivos e a visão teórica dos acadêmicos, aliadas às pesquisas aplicadas”. 4 Em meio às frenquentes discussões no ambiente da Governança, a figura dos conselheiros independentes também protagonizou este primeiro encontro ao ser tratado os temas Board Interlocking (entrelaçamento de conselhos) e Redes Sociais, apresentados pelo professor doutor da FEA/USP Alexandre Di Miceli e pelo coordenador científico do Centro de Estudos em Governança Corporativa, Wesley Mendes da Silva. Segundo Di Miceli, os problemas ocorridos em Governança mostraram a profundidade do tema. “Hoje o que se busca é o conselheiro efetivo. E não basta ser só independente, esse profissional tem de possuir no mínimo três outros atributos. Espera-se do conselheiro que analise com mais profundidade as decisões a serem tomadas, mesmo sendo minoria, que tenha tempo para se dedicar àquela empresa e que seus ganhos sejam alinhados ao desempenho da companhia, mas não de forma que o leve a focar no curto prazo.” Ao elencar a qualificação, a dedicação e os incentivos como as outras características fundamentais de um profissional, alertou não ser suficiente a falta de vínculos diretos para ser considerado independente, por existirem as redes sociais. Esta definida pelo professor Mendes da Silva como o conjunto de atores e laços, envolvendo conceitos de centralidade (expressa o quão prestigioso é um ator) e de densidade (relação entre o número de laços construídos e laços possíveis entre os atores da rede). “Será que as redes sociais influenciam na avaliação, no desempenho e nas decisões das organizações? Será que o entrelaçamento tem impacto positivo ou negativo?” A partir desses questionamentos Di Miceli expôs os resultados de duas pesquisas da Universidade da Califórnia. Na primeira foi analisado o relacionamento entre conselheiros e diretores-presidentes, tendo como resultado a diminuição da capacidade de supervisão dos conselhos e o aumento da remuneração dos gestores devido às redes sociais. A outra analisou os dados biográficos de executivos e conselheiros de 1.500 companhias dos EUA, entre 1999 e 2007, e notou grande homogeneidade na formação dos profissionais, apresentando “fortes evidências de que os laços sociais minam a efetividade do conselho”. OS CONSELHEIROS MAIS CENTRAIS Quantidade de assentos ocupados pelo Quantidade de conselheiros % de conselheiros que ocupam essa conselheiro quantidade de assentos 1 1622 83,7 2 202 10,4 3 73 3,8 4 23 1,2 5 14 0,7 6 3 0,2 7 1 0,1 8 1 0,1 Total 1939 100,0 Fonte: Tabelas elaboradas pelo professor Wesley Mendes da Silva com base nos dados coletados. julho 2009 Assentos simultâneos Conselheiro Nº de assentos em diferentes empresas coesos, cujos membros tendem a pensar de forma homogênea: “A diversidade de ideias talvez não exista e, em ambientes como o de conselho, é preciso gerar debates e críticas”. 1 Maílson F. da Nóbrega 8 2 Jose Mauro Mettrau Carneiro Da Cunha 7 3 Eliezer Batista Da Silva Francisco R. André Gros Oscar De Paula B. Neto 6 Do ponto de vista do conhecimento, Silva exemplificou com um caso hipotético, questionando “como a GM na concepção de seus projetos pode ter acesso a uma tecnologia dominada pela 3M, na linha da redução do esforço redundante”. Se utilizado o entrelaçamento, a empresa poderia ficar sabendo da experiência da 3M pelo seguinte meio: “No café da Procter, talvez o assunto não seja a empresa e sim a GM ou 3M. Seria este o canal de comunicação encurtado.” Ordem Semelhante cenário foi verificado pelo professor Mendes da Silva com o seu trabalho Conselhos de Administração no Brasil e Redes Sociais – Implicações para o Desempenho das Empresas Listadas, com informações de 1997 a 2007. Descrita pelo autor como um acidente de percurso, quando buscava dados para outro tema, a atual pesquisa pretende promover a discussão sobre laços e as implicações das redes sociais a partir do mapeamento e da identificação da participação de conselheiros nos conselhos das empresas listadas na bolsa de valores paulista. Motivado inicialmente pelos escândalos financeiros nos quais se evidenciou a relevância do papel dos conselhos de administração, o pesquisador notou em análises preliminares “uma quantidade relativamente elevada de superposição de conselheiros em algumas das maiores companhias listadas”. O chamado board interlocking pode ser identificado quando “um membro do conselho de determinada empresa ocupa simultaneamente lugar no conselho de pelo menos outra empresa”, definiu Silva em sua apresentação. Nestes casos, a recomendação do IBGC é de o profissional informar em quais mais conselhos atua, além de considerar como adequada a participação em, no máximo, cinco simultaneamente. PRÓS E CONTRAS Dentre as motivações para o entrelaçamento, Silva destacou a redução de incertezas do ambiente operacional e o acesso a recursos escassos, tais como intermediação do fluxo de conhecimento, conexões financeiras e legitimação e redução dos esforços redundantes. “O problema está em nem sempre haver dedicação para cumprir o papel de conselheiro, dada a sobreposição de conselhos. Tem órgão que funciona como clube: as pessoas já se conhecem há muito tempo.” Outro fator negativo apontado por Silva são os conselhos muito Canais como este evidenciam a questão da informação privilegiada, advertiu Di Miceli. “Pela lei, não se pode participar de conselhos de companhias concorrentes. Mas pode ter uma terceira empresa na qual dois conselheiros participam, com troca de informações relevantes.” No entanto, conforme observou Silva, “quando uma empresa aceita no seu conselho um indivíduo que participa de outras deve ter um nível de confiança minimante aceitável. Essa pessoa detém maior nível de capital social, produto dessa confiança: a credibilidade, resultando na reciprocidade positiva.” 5 Nesse processo de mapeamento e identificação das redes, Silva obteve como resultados preliminares: a relação dos conselheiros mais proeminentes, com maior nível de relacionamento (veja tabela), além do comportamento por setor: “os bancos seriam as empresas mais prestigiosas no meio corporativo, logicamente por conta da necessidade de obter recursos financeiros, o setor elétrico é o que mais compartilha conselheiros entre si e o de construção e de veículos, por sua vez, mais exógeno [fora do seu setor]”. Mais de 80% dos conselheiros ocupam assento em apenas um conselho, porém, conforme apontou Di Miceli, o estudo tem a limitação de analisar somente empresas abertas e conselhos de administração, estando fora da pesquisa comitês e outros órgãos da governança. As empresas mais proeminentes* Ordem Empresa 1 Suzano Papel 2 Unibanco 3 BM&FBovespa * São as empresas mais articuladas no meio corporativo, em consequência do compartilhamento de conselheiros com outras empresas listadas. www.ibgc.org.br Imersão em um ambiente de conselho Board Case: o curso que substitui a figura do palestrante por um debate similar ao de reuniões efetivas de conselho e de comitês C ompreender o diferencial desse curso fica mais fácil a partir da analogia feita por Guilherme Dale, fundador da Spencer Stuart São Paulo e também um dos idealizadores de adaptar o curso à realidade nacional. “A ideia do Board Case assemelha-se à de um simulador de voo, possibilitando aos participantes do curso vivenciarem o papel de conselheiro ou de membro de comitê” (veja quadro 1). Único do gênero no Brasil com foco em Governança, o Board Case é fruto do trabalho tripartite entre IBGC, Arthur Andersen (hoje Deloitte) e Spencer Stuart, tendo sido criado no início de 2002 (veja quadro 2). Neste ano, o Board Case será realizado nos dias 20 e 21 de agosto. 6 “Para mim, é um curso diferenciado do IBGC, pois não se trata de um programa convencional e sim de treinamento no qual os participantes vivenciam na prática o papel de conselheiro de administração e de membros de comitês de conselho”, afirma Heloisa Belotti Bedicks, secretária-geral do IBGC. Bedicks frisa ainda que o curso vai ao encontro do objetivo do Instituto ao contribuir para a melhoria no desempenho dos conselheiros das empresas brasileiras, uma vez que proporciona prática de atuação. Com semelhante opinião, o professor Ricardo Leal, responsável pela atualização do conteúdo do Board Case, diz ter ficado feliz com o rumo que o curso tomou. “Sua estrutura diferenciada fez com que se tornasse um programa especial para o IBGC. A cada edição, pessoas que estão na linha de frente da prática de Governança partilham suas experiências com os presentes. Isso acontece desde o curso inicial, em 2001, quando João Bosco Lodi foi o primeiro presidente do conselho fictício.” Outra vantagem citada por Leal está nos “assuntos e nas discussões emergirem da intervenção dos participantes, não sendo um curso no sentido tradicional”. Por isso, Leal prefere utilizar o termo programa a curso e participantes a alunos. A cada edição, Leal revê todo o material do curso anterior e avalia a sua eficácia também do ponto de vista didático. O ROTEIRO As reuniões das Indústrias Reunidas Orion S.A., empresa fictícia constituída com base em um caso real (quadro 2), julho 2009 são sempre ambientadas em um contexto do presente, sendo necessárias, a cada edição, apenas atualizações no roteiro. Porém, Leal chama a atenção de que tais mudanças não são das mais relevantes. Segundo ele, as mais importantes “são aquelas relacionadas com os problemas tratados, isto é, o foco que se quer dar à reunião”. “Queremos mostrar nas edições do Board Case fatos corriqueiros vivenciados numa empresa, como a entrada de um fundo de investimento ou como lidar com um novo sócio de um fundo privado numa empresa de estrutura familiar ou como profissionalizar a gestão”, relata Bedicks. Outra situação trabalhada em edições anteriores, citada por ela, refere-se à saída de um familiar do conselho e, portanto, da empresa. Os participantes A lista dos alunos das edições anteriores confirma a sua heterogeneidade. Herdeiros, acionistas, diretores e conselheiros estão entre aqueles que mais participam. Mas há também profissionais liberais, entre eles advogados e consultores, e representantes de fundos de pensão e de Q UA D R O 1 - C o n t e x t o • Conselho com nove membros, sendo quatro conselheiros-atores e cinco participantes do curso. Os conselheiros-atores são profissionais experientes convidados para desempenharem o papel de presidente do conselho, presidente da empresa e coordenadores dos comitês, ficando sob suas responsabilidades a coordenação das discussões nas reuniões. • Cinco reuniões, sendo três do conselho de administração e duas de comitês (auditoria e recursos humanos). • Para cada uma dessas reuniões, que contará com o apoio de um moderador, combina-se previamente um roteiro para os conselheiros-atores. • Durante cada reunião, os outros participantes permanecem na plataforma como observadores. Após a reunião, abre-se uma discussão para os observadores se manifestarem. O moderador, por sua vez, controla o tempo e o encaminhamento das perguntas, incentivando a participação de todos. Q UA D R O 2 - H is t ó rico Ao participar de um curso nos EUA, de parceria da Spencer Stuart, da Arthur Andersen e da Universidade de Wharton, Guilherme Dale voltou entusiasmado e entrou em contato com o IBGC. Sugerindo a implantação de algo do gênero no Brasil, Heloisa Bedicks participou, em novembro de 2000, de um curso similar em Segóvia, Espanha, organizado pelo Instituto de Estudios Superiores de la Empresa (IESE), pela Arthur Andersen e pela Spencer Stuart. A ideia era fazer a tradução e a adaptação do curso. Ao voltar, no entanto, o grupo, formado por representantes da Spencer Stuart, Arthur Andersen e IBGC, ficou convencido de que não seria possível, pois a realidade do mercado espanhol era diferente da brasileira. A solução encontrada foi convidar uma pessoa da área acadêmica para desenvolver o caso base para a elaboração do curso de acordo com o mercado nacional, sendo Ricardo Leal, professor titular de finanças do Coppead/UFRJ, o convidado. Além disso, era também necessário encontrar um caso real passível de adaptação. Paulo Villares, presidente do Conselho de Administração do IBGC na época, cedeu a experiência do Grupo Villares para que Leal a utilizasse como ‘pano de fundo’, criando a empresa fictícia Indústrias Reunidas Orion S.A. empresas estatais. “O participante típico é o empresário ou membro de família controlador da empresa, alguns desses iniciando sua participação como conselheiros e outros já conselheiros de empresas há alguns anos e que buscam no Board Case instrumentos para profissionalizar a empresa”, explica Leal. Os comitês Duas importantes presenças marcam os trabalhos dos comitês das Indústrias Reunidas Orion S.A.: a do auditor externo convidado para participar na reunião do comitê de auditoria, representada em algumas das edições anteriores por Edmar Facco, sócio da área de Auditoria na Deloitte, e a do consultor no comitê de recursos humanos, vivenciada por Guilherme Dale. Facco divide a sua exposição em três tópicos: primeiramente, fala sobre o trabalho do auditor, apontando como os conselheiros podem participar na determinação do escopo e da abrangência dos trabalhos de auditoria; depois, aponta como são avaliados os riscos e os apresenta para que os conselheiros possam identificá-los, questioná-los ou concordar; e, por fim, dispõe aos conselheiros participantes a conclusão no intuito de gerar entendimento do processo. Facco observa que poucos dos participantes têm vivência no campo da auditoria. Segundo ele, hoje se tornou importante aos conselheiros conhecerem esse processo para poderem avaliar se os riscos, aos quais as empresas estão expostas, estão sendo mitigados. Facco antecipa que no comitê de auditoria da edição deste ano, a discussão estará centralizada na avaliação de riscos e de estimativas contábeis, temas já debatidos em anos anteriores. A retomada do foco deve-se à possibilidade permanente de em tempos de crise o risco de demonstrações financeiras apresentarem erros em termos de estimativa contábil, devido às pressões por lucros e melhores resultados. No papel de consultor de Recursos Humanos, Dale mudou o enfoque de sua apresentação em virtude das prioridades exigidas pelo mercado. Da discussão existente nas primeiras edições sobre o recrutamento de executivos e conselheiros, passou a levar para a sua exposição temas como plano de remuneração e retenção, motivação e atração de talentos, principalmente dos altos executivos. “No Board Case, o participante simula a vida real e na vida real tem-se de usar a ferramenta correta e com rapidez. Daí a grandeza desse curso”, frisa Dale. 7 “A ideia do Board Case assemelha-se à de um simulador de voo, possibilitando aos participantes do curso vivenciarem o papel de conselheiro ou de membro de comitê” (Guilherme Dale) De padrão em não-governança à implementadora de novos conceitos A Perdigão expõe sua trajetória em Governança À s vésperas de fechar acordo de fusão com a Sadia – operação realizada em 19 de maio –, a Perdigão trouxe ao debate, na palestra de abril, sua experiência em Governança Corporativa, apresentada pelo então presidente do Conselho de Administração, Nildemar Secches. Diretor-presidente desde 1995, Secches acumulou, a partir de 2007, os cargos de presidente da companhia e do Conselho de Administração, passando a exercer exclusivamente a presidência do Conselho em outubro do ano passado. www.ibgc.org.br Histórico da Perdigão 8 • Em 1994, a empresa de administração familiar teve seu controle acionário adquirido por um grupo de fundos de pensão (70% do capital). • Em 1995, Nildemar Secches foi empossado diretor-presidente e deu início a uma nova fase, quando foram iniciadas a profissionalização e uma série de reestruturações societárias e organizacionais. • Em 2000, foi a primeira empresa brasileira do setor a ser listada na Bolsa de Nova York. • Em 2001, aderiu ao Nível I de Governança da BM&FBovespa. • Em março de 2006, passou a ter o controle difuso, sendo a maior participação com menos de 15% do capital (a Previ com 14,2% e a Petros com 12%). • Em abril de 2006, foi a primeira empresa do segmento tradicional de listagem a aderir ao Novo Mercado da BM&FBovespa. • De 2007 a 2008, realizou seu processo sucessório. Secches acredita que atualmente a Governança Corporativa vem tomando um rumo com o qual não concorda: o da burocratização. “Controles ou comitês em excesso não garantem uma boa governança”, ponderou. Segundo ele, o caminho a seguir - e que foi o adotado pela Perdigão – é o da mudança de cultura em todos os escalões da empresa. De acordo com Secches, muitas das empresas envolvidas recentemente com operações de derivativos no Brasil possuíam as estruturas de governança e de controle. Ele acredita que para tornar permeável a questão da governança nas empresas é preciso, sobretudo, que haja uma mudança interna. Nesse contexto, “cabe ao conselheiro certificar-se tanto da existência de mecanismos de descentralização de controles quanto da existência da cultura enraizada na empresa”. O caminho em direção a uma boa governança pela Perdigão teve início quando os fundos de pensão, que adquiriram o controle da companhia em 1994, chamaram Secches para transformar uma empresa com imagem enfraquecida em uma de capital aberto bem-sucedida. Na época, a Perdigão era “padrão em não-governança corporativa”, segundo Secches. Hoje, líder no setor, tem seu controle disperso, cujo maior acionista possui menos de 15% do capital (veja quadro). A receita de Secches para mudar a cultura da Perdigão e implantar boas práticas foi a criação de um código de ética, um dos primeiros códigos explícitos do Brasil, e a elaboração do planejamento estratégico da empresa. “Hoje, pode-se afirmar que efetivamente nossa cultura mudou, e um dos fatores fundamentais para se conseguir isso foi o código de ética.” Quanto ao planejamento estratégico, disse que surpresas são decorrentes de falhas de governança e que o planejamento de sua empresa é divulgado inclusive aos acionistas, “para que ninguém tenha surpresas no caso de aquisição ou fusão, por exemplo”. Outra medida importante para a Perdigão, segundo Secches, foi a criação de dois comitês permanentes ligados à área gerencial: o de Crises e o de Riscos. “Nos comitês, a informação primeiro circula entre os seus membros e, depois, por todos os níveis da organização, tanto horizontal quanto verticalmente. O problema de circular somente verticalmente é a cumplicidade”, apontou. Processo sucessório Entre 2007 e 2008, a Perdigão deu início ao seu processo sucessório, o qual envolveu não só Secches, mas também os executivos que participaram, a partir de 1994, do processo de reestruturação. Na empresa, todo executivo tem, no mínimo, dois funcionários em treinamento para uma eventual substituição e o desrespeito a essa regra implica na impossibilidade desse executivo ser promovido. Para evitar a saída simultânea de executivos, foi realizado um planejamento de sucessão escalonado. Além disso, o executivo a ser sucedido permanece por mais seis meses com o sucessor, o que, segundo Secches, resulta num processo bastante tranquilo de transição. “Hoje, pode-se afirmar que efetivamente nossa cultura mudou, e um dos fatores fundamentais para se conseguir isso foi o código de ética” (Nildemar Secches) julho 2009 IBGC finaliza 4ª versão do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa Com lançamento previsto para agosto, a edição ganha detalhamento dos temas já abordados e introduz assuntos importantes pela sua atualidade F ruto do trabalho de equipe que reuniu especialistas com background diferenciado, coordenado pela conselheira do IBGC Eliane Lustosa, a quarta versão do Código, e terceira revisão, abrange um período ímpar. Desde a publicação da versão anterior em 2004, viu-se de um lado o desenvolvimento do mercado de capitais e o projeto de revisão do Novo Mercado e, por outro, o início abrupto de uma crise econômica mundial em 2008. Referindo-se a esse período, o pesquisador do Centro de Conhecimento do IBGC e membro do Comitê de Revisão do Código, Luiz Martha, considera propício o momento escolhido para a revisão. Dentre os motivos, destacou “a explosão do número de novas empresas na bolsa, fusões e aquisições de grandes companhias, reveses empresariais de veteranas e novatas e a crise econômica mundial terem trazido à tona algumas fragilidades das empresas e de seus sistemas de governança”. A esse respeito, Lustosa lembra que o mercado chegou a um questionamento sobre o funcionamento da Governança Corporativa. “Identificamos, entretanto, que não se trata disso. Os conceitos permanecem iguais; a questão é a adoção.” Lustosa observa ser insuficiente ter um conselho de administração, com membros independentes, e comitês do conselho se esses órgãos não funcionarem como deveriam. “Não basta fazer um check list incluindo conceitos da 9 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Permanecem princípios fundamentais, como a separação das funções de conselho de administração e de gestão. PRAZO DO MANDATO • Estendeu-se de 1 para até 2 anos, visando a um maior conhecimento sobre o negócio. • Para renovação, é necessária uma avaliação formal de desempenho. DISPONIBILIDADE DE TEMPO (ITEM NOVO) Recomendou-se ao conselheiro restringir o número de conselhos e de comitês dos quais participa para que possa exercer adequadamente sua função. CONSELHEIRO INDEPENDENTE • Detalhou-se mais a importância do conselheiro independente e o seu conceito. •Aconselhou-se que cada organização defina um período máximo de permanência do conselheiro como independente. • Previu-se que o conselheiro poderá recuperar sua independência após um período de 3 anos de afastamento da empresa. SUSTENTABILIDADE (ITEM NOVO) Uniu e aprofundou o tratamento às questões de sustentabilidade. REMUNERAÇÃO • Detalhou-se mais essa questão. • Indicou-se evitar estruturas de incentivo de remuneração que atrelem a remuneração do conselheiro à da gestão. O conselho precisa ter autonomia para fiscalizar e supervisionar a gestão. DIVULGAÇÃO DA REMUNERAÇÃO • Indicou-se divulgar individualmente todo tipo de remuneração recebida pelos conselheiros: fixo, variável e benefícios. • Se a companhia entender que não se deve divulgar o valor individual, aconselhou-se, por exemplo, a divulgação do valor coletivo separando o que é fixo e variável; explicitando as métricas e as premissas utilizadas; e separando o montante pago ao conselho e à gestão. COMITÊ DE RH (ITEM NOVO) Detalhou-se o funcionamento dos comitês de RH. www.ibgc.org.br PROPRIEDADE Reforçou a vinculação proporcional entre direito de voto e participação no capital da organização. 10 POISON PILLS (ITEM NOVO) Indicou-se tratar com reservas os poison pills não sendo recomendadas cláusulas de difícil remoção ou que representem formas de perpetuar os administradores. VOTO POR PROCURAÇÃO, ASSINATURA ELETRÔNICA, CERTIFICAÇÃO DIGITAL, AGENTES DO VOTO Detalhou-se práticas para facilitar a participação dos sócios em assembleia. MANUAL DE PARTICIPAÇÃO NAS ASSEMBLEIAS Incentivou-se a elaboração desse manual, principalmente para empresas com estrutura societária pulverizada. governança se a atuação desses instrumentos não for bem feita ou bem definida.” ferramenta de reflexão para o que pode ser adotado nas suas respectivas organizações”. Esta revisão do Código, segundo Lustosa, reduziu a ênfase às questões já incorporadas no dia-a-dia das empresas e abriu espaço para detalhar e atualizar aquelas que ainda não estão bem incorporadas. “Identificamos algumas práticas mais comuns e instrumentos mais modernos que permitem uma atuação e uma interação maior entre as empresas e os seus stakeholders.” Detalhamento Uma das primeiras questões presentes no escopo desta revisão, segundo Lustosa, foi estender os conceitos das boas práticas de Governança a outras instituições, tais como governo, ONGs e fundos de pensão. Entre os principais itens abordados, estão as novas formas de participação dos stakeholders, com mais transparência e maior detalhamento da atuação do conselho de administração. (Veja quadros nas págs. 9 e 10.) De acordo com Lustosa, em muitas empresas o Código do IBGC é tido como leitura essencial, permanecendo na mesa dos executivos para consulta. “Só esse fato demonstra a responsabilidade do Instituto com relação ao Código e, por isso, é importante que essa nova versão incorpore questões atuais.” Com opinião semelhante, o presidente do Conselho de Administração do IBGC, Mauro Rodrigues da Cunha, espera que o Código continue sendo “uma leitura de cabeceira de todos aqueles envolvidos com governança corporativa, sem a pretensão de querer solucionar todos os males”. Segundo Cunha, “cabe aos agentes da governança utilizar o Código como uma Processo O trabalho iniciou-se em 2007 e tomou corpo ao longo de 2008. Formado por 19 membros, entre associados e membros da equipe do IBGC, o Comitê de Revisão reuniu-se diversas vezes antes do encontro de dois dias, em novembro de 2008, que produziu o documento para audiência pública, ocorrida em dezembro daquele ano até fevereiro de 2009. Foram avaliadas as mais de 350 sugestões recebidas e discutidos novos temas decorrentes tanto da experiência dos membros do Comitê quanto das mudanças no ambiente empresarial e de governança brasileiro advindas desde 2004. CONSELHO FISCAL GESTÃO Detalhou-se mais sua função e composição. • Incentivou-se maior nível de transparência e frequência na divulgação de informações. CONDUTA E CONFLITO DE INTERESSES • Além do Relatório Anual, incentivou-se a divulgação de relatórios periódicos. • Divulgação das informações de remuneração (vide conselho). julho 2009 Acrescentou-se recomendações sobre algumas políticas que a empresa deve adotar visando maior equidade e transparência, como política de negociação de ações, de divulgação de informações, de combate a atos ilícitos e de contribuições e doações. Pioneiro no Brasil, Programa de Certificação de Conselheiros inclui conselheiros fiscais Como órgão que contribui para agregar valor às empresas, o atual papel do conselho fiscal justifica a criação de certificação específica para esses profissionais N uma segunda etapa do Programa de Certificação de Conselheiros, apresentado ao mercado no mês de março, o IBGC, em cerimônia realizada no dia 5 de junho no auditório da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp), lançou a Certificação de Conselheiro Fiscal (veja o cronograma). Ao abrir o evento, Mauro Rodrigues da Cunha, presidente do Conselho de Administração do IBGC, ressaltou que “crescentemente as empresas estão se dando conta da relevância do conselho fiscal e do seu papel estratégico, não só a serviço do minoritário, mas também como instrumento de agregação de valor”. Os objetivos dessa iniciativa, segundo Cunha, são fazer com que “as empresas encontrem candidatos adequados às necessidades atuais e futuras do conselho fiscal e permitir ao profissional ampliar suas perspectivas e se diferenciar no mercado”. Como convidados, participaram Aloizio Macário, conselheiro de Administração e Fiscal de empresas participadas da Previ, Walter Mendes, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), e Álvaro José Camassari de Gonzaga, diretorexecutivo da Abrapp. Macário comentou que, “por razão pragmática, a Previ nunca deixou de prestigiar o conselho fiscal: é mais fácil para o acionista minoritário eleger um membro do conselho fiscal do que um membro do conselho de administração”. Segundo ele, “por outro lado, o conselho fiscal representa um custo para as companhias, cabendo ao acionista zelar para que esse gasto se transforme em investimento e, nesse sentido, o Processo de Certificação é imprescindível”. Em apoio à Certificação, Mendes disse que “a Amec continuará sua luta para que todas as empresas abertas tenham conselhos fiscais de efetiva fiscalização e incentivará seus associados no engajamento à iniciativa do IBGC”. Camassari, por sua vez, comentou que “no caso de indústrias de fundos fechados, a figura do conselho fiscal é obrigatória por lei e que, por isso, atualmente o Ministério da Previdência, por meio da Secretaria de Previdência Complementar, também tem como bandeira a certificação, podendo resultar numa eventual parceria com o IBGC”. O material didático e a confidencialidade Na segunda parte do lançamento, os participantes do evento conheceram o processo de elaboração do material didático e do Banco de Perguntas. A apresentação ficou a cargo dos professores Ricardo Leal, do Coppead/UFRJ e responsável pela coordenação do material didático a ser distribuído no momento da inscrição, e Glória Lima, diretora do Departamento de Testes e Medidas da Fundação Carlos Chagas, responsável pela criação do Banco de Perguntas para o exame e pela sua confidencialidade. As perguntas para o exame, segundo ela, advêm do material didático confeccionado pelo professor Leal e por uma equipe de acadêmicos especialistas em suas áreas. 11 Criada nos mesmos moldes da Certificação para Conselheiros de Administração – e, portanto, subdividida em certificação por experiência e por exame -, a Certificação de Conselheiro Fiscal apresenta especificidades inerentes ao cargo. Isso é visível também no material didático. Ao contrário de Governança Corporativa e Ambiente Regulatório e Legislação, cujo conteúdo não será alterado, Finanças e Contabilidade terão acréscimos em uma parte do material exigido no exame para conselheiro de Administração. Quanto aos temas Riscos, Controles e Auditoria haverá relevante ampliação do material. O tópico Estratégia não fará parte desse exame. “As empresas estão se dando conta da relevância do conselho fiscal e do seu papel estratégico, não só a serviço do minoritário, mas também como instrumento de agregação de valor” (Mauro Rodrigues da Cunha) www.ibgc.org.br A Certificação de Conselheiro Fiscal, assim como a de Conselheiro de Administração, exige do profissional a adesão à Educação Continuada, isto é, antes de completar dois anos após receber a certificação, ele deverá informar ao IBGC sobre suas atividades no período relacionadas à área, tais como participação em cursos, palestras, etc., precisando atingir 30 horas/crédito. Outros requisitos são a adesão aos princípios de governança corporativa e do processo de certificação, além do cumprimento de todas as regras e regulamentos. O Programa de Certificação do IBGC foi baseado num longo processo de pesquisa e benchmarking encabeçado pelo conselheiro Alberto Whitaker e pelo coordenador de Certificação e Banco de Conselheiros do IBGC, Marcos Jacobina. *Para mais informações, consulte o site do IBGC, em certificação/conselho fiscal AL FISC EIRO O D SELH CON RTIFICA CE • • • Cronograma para Certificação de Conselheiro Fiscal De 3 de agosto de 2009 até 22 de fevereiro de 2010, inscrições para a certificação por experiência; De 5 de outobro de 2009 até 1 de fevereiro de 2010, inscrições para o exame de certificação. Em 22 de fevereiro, realização do exame de certificação. Um complexo instrumento chamado derivativo Embora encontradas em quase todas as grandes empresas do Brasil e do mundo, operações com derivativos ainda requerem atenção 12 R epetindo o sucesso de evento semelhante realizado em abril pelo Capítulo Rio e pelo Instituto de Estudos de Política Econômica (Casa das Garças), a edição de junho do Fórum de Debates, em São Paulo, versou sobre Riscos de Derivativos. O debate suscitou as análises histórica e jurídica do tema com a apreciação de informações contábeis, promovidas pelo diretor da CVM, Otávio Yazbek, e pela consultora e conselheira Ana Dolores Novaes. Na coordenação, Paulo Conte Vasconcellos abriu o encontro perguntando: “Será que se pode aceitar um conselheiro, executivo ou acionista controlador dizer não saber o que estava acontecendo ou o que o diretorfinanceiro estava fazendo ou, ainda, que desconhece a estrutura de governança da companhia?” A esse respeito, referiu-se ao Artigo 153 da Lei das S.A.: “O administrador deve empregar no exercício de suas funções o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.” Vasconcelos comentou também que “certamente, não constava como objeto social dessas companhias ganhar dinheiro no mercado cambial”, e citou o Artigo 117, o qual adverte como exercício abusivo de poder orientar uma companhia para fins estranhos ao seu objeto social. Yazbek, por sua vez, traçou o histórico dos derivativos (veja quadro abaixo), chamando a atenção para o fato de que “com o surgimento dos derivativos negociados em bolsa por instituições financeiras, estabeleceu-se tanto o primeiro passo para os grandes processos de • • • • Até a década de 1970, existiam basicamente instrumentos derivativos agropecuários, sem destaque no mercado. Na década de 1970, ante as oscilações cambiais recorrentes, começou-se a questionar se aqueles instrumentos antes destinados a fazer hedge agropecuário poderiam também fazer hedge contra tais oscilações. Surgiram, então, os derivativos negociados em bolsa por instituições financeiras. Na década de 1980, o uso cada vez maior desse instrumento nas instituições financeiras deu origem a uma nova disciplina acadêmica: a de administração de riscos. Na década de 1990, os grandes conflitos com derivativos ocorridos nos EUA com empresas nãofinanceiras apontaram para a ausência de boa governança nessas companhias. Fonte: Otávio Yazbek, diretor da CVM. julho 2009 inovação na área financeira quanto para a criação de uma zona cinzenta em que o mercado financeiro e de capitais passou a operar”. “Por serem complexos, não se pode usar a demonização pura e simples desses instrumentos de mercado, exigindo uma análise de suas especificidades e peculiaridades”, enfatizou. Relação com a governança Na visão de Yazbek, ante a sua complexidade e diversidade estrutural, os problemas com instrumentos derivativos “provavelmente estão relacionados à governança corporativa”. Lembrou que a maior parte dos casos ocorridos nos EUA na década de 1990 acabou se resolvendo com o binômio informação - accountabilitty, dois dos princípios basilares da governança. “No Brasil as soluções que estão surgindo hoje também estão relacionadas a esse binômio.” Com relação à informação sobre estes instrumentos, o Brasil deu um passo importante com a promulgação de normas pela CVM, segundo Yazbek. Também citou que a Cetip e a Andima vão montar uma central de risco de crédito, que criará uma base de dados que possibilitará conhecer a exposição das companhias. Sobre accountabilitty, afirmou: “Acredito que não precisamos de nenhum outro subsídio regulamentar nem de mudança legal para lidar com esse tipo de realidade. A definição das competências do conselho e as regras sobre o dever de diligência dos administradores me parecem suficientes.” No entanto, para Yazbek, a questão da responsabilidade dos administradores só poderá ser realmente consolidada quando acontecer o julgamento dos recentes casos concretos. Relação com as informações contábeis “Está tudo no balanço”, afirmou Ana Dolores Novaes em sua exposição. “Se quisermos saber se uma empresa tem boa governança, conhecer suas transações com partes relacionadas, suas relações trabalhistas, meio ambiente, transações com derivativos, etc., veja o balanço e fique atento às notas explicativas.” “Analisar balanço é enfadonho”, admitiu ela, mas necessário. “Em geral, deduz-se que o auditor e a diretoria financeira fizeram o seu trabalho e, apesar de o conselheiro ter acesso a um quadro-resumo do balanço nas reuniões de conselho, ele acaba não lendo as notas explicativas, fazendo com que não se inteire sobre o que, de fato, está acontecendo na empresa.” Para entender os recentes acontecimentos envolvendo derivativos, Novaes analisou as demonstrações financeiras de uma das empresas que apresentou perdas depois da crise de setembro de 2008, demonstrando que era possível visualizar a exposição desta companhia a derivativos há algum tempo. Como principais conclusões de sua análise, Novaes destacou: “Os ITRs (Informações trimestrais) têm todas as informações necessárias. Em caso de empresas com tesouraria ativa, é importante que quem toma o risco não seja quem o monitora. Os conselheiros devem ao menos uma vez ao ano, ler detalhadamente as demonstrações financeiras ou pedir que algum especialista o ajude na tarefa. E, finalmente, não podem faltar recursos para a área de controle.” No Brasil, a legislação exige que o conselheiro aja com reflexão e informação. 13 Empresa aérea enfrenta crises com soluções próprias Instalação de processo e bom funcionamento das ferramentas da governança são a receita da TAM na gestão de crises M uito confundida com seu sócio majoritário, o comandante Rolim Amaro, cujo falecimento em 2001 pôs em dúvida a continuidade da empresa, a TAM Linhas Aéreas mostra-se hoje madura, especialmente quando se fala em Gestão de Crises. Esse tema, aliado à Governança Corporativa, foi o foco da palestra realizada em 24 de junho por Líbano Miranda Barroso, diretor de Finanças, Gestão e TI e de Relações com Investidores. Ao anunciá-lo, o vice-presidente do Conselho do IBGC, Gilberto Mifano, atribuiu-lhe “a responsabilidade, em grande parte, do Grupo CCR ter sido pioneiro ao aderir ao Novo Mercado em 2002, quando muitos acreditavam que isso era ainda um sonho, em meio a um pesadelo”. Na época, Líbano – como é conhecido no mercado – era diretor-executivo do Grupo. www.ibgc.org.br Na TAM desde maio de 2004, Líbano expôs aos presentes a experiência da empresa em duas crises - a atual econômico-financeira e a operacional ocasionada por acidente com duas de suas aeronaves -, fazendo conexão com o sistema de governança corporativa instalado na companhia (veja quadro ao lado). Quanto à crise financeira internacional, disse: “Estamos assistindo a um período de extrema incerteza e insegurança no mercado. Vimos inclusive o conselho de administração de empresas que tiveram prejuízos alegar falta de conhecimento sobre a tomada de importantes decisões financeiras.” Na TAM, segundo Líbano, a administração optou por tomar decisões conjuntas entre a Diretoria Executiva e o Conselho. “Decidimo-nos pelo hedge, tivemos prejuízo e agora estamos tendo lucro. E o Conselho, após nova análise, concluiu: ‘Faríamos tudo novamente’.” Líbano também ressaltou o papel do Comitê de Auditoria e Finanças nesse processo. “A Diretoria Executiva não conseguiria tomar as decisões necessárias se não tivesse o Comitê de Auditoria para lhe ajudar a pensar e elaborar sugestões e o Conselho para criticar.” 14 Líbano: “Sabemos que a transparência tem limite e tentamos chegar ao limite do possível” julho 2009 Com referência às crises operacionais, Líbano acredita serem a transparência e a instalação de processos na companhia os principais aprendizados nesse campo: “Sabemos que a transparência tem limite e tentamos chegar ao limite do possível”, disse. Para ele, é preciso “ser tempestivo com a informação no momento em que ela acontece e oferecer sempre a informação verdadeira e com o máximo de detalhamento, seja para a família, para a sociedade ou ao acionista”. Prioridades Nesses momentos de crise operacional, afirmou Líbano, na TAM, todos os integrantes do processo “sabem o seu papel”. Em um primeiro momento, a prioridade é dar conforto e atendimento aos familiares e, paralelamente, pôr em funcionamento a sala de crises existente na companhia. Com relação aos investidores, a prática é Governança Corporativa na TAM • Listada no Nível II da BM&FBovespa. • Adere a muitas das exigências do Novo Mercado: tem free float, com 54% do seu capital flutuando nas bolsas de São Paulo e Nova York, e oferece 100% de tag along. Conselho de Administração: Reúne-se uma vez por mês e é composto por 8 membros, sendo 3 do controlador e 5 conselheiros independentes que assinam termo de independência semelhante ao do Novo Mercado da BM&FBovespa. Comitês do Conselho: • Estratégico: 5 conselheiros (independentes e do controlador). Reúne-se uma vez a cada 2 meses. • RH: 3 conselheiros (independentes e do controlador). Reúne-se uma vez a cada 2 meses. • Auditoria e Finanças: 3 conselheiros (todos independentes). Reúne-se mensalmente. atualizar o website no link Relação com os Investidores, informando sobre o fato, e marcar reuniões com os analistas e investidores para tratar dos objetivos da empresa naquele momento. Na última crise operacional, segundo Líbano, a TAM, a partir de seu processo de gestão de crise, estendeu o atendimento emergencial aos familiares por meio de um termo de compromisso com validade de 24 meses e criou uma câmara de indenização com o objetivo de propor acordos e dar proteção. Esse novo processo, disse, está sendo utilizado como referência internacional. Os familiares, por sua vez, apresentaram o termo de compromisso ao Congresso Nacional, propondo que ele se torne uma nova lei. De acordo com Líbano, primeiro foram feitos contatos informais com os membros do Conselho de Administração e, a seguir, marcadas reuniões formais para aprovação do termo de compromisso e da câmara de indenização. Duas crenças “Na TAM, acreditamos que a governança corporativa protege o valor da companhia. Dessa forma, quanto menor a distância entre a informação detida pelos administradores e acionistas e a informação divulgada, mais corretamente o valor das ações da companhia traduzirão o valor justo da empresa. Também, entendemos ser a cultura da organização fundamental”. Para Líbano, a cultura se faz com processo e exemplo e, qualquer que seja a empresa, o processo tem de estar muito bem definido, pois em momento de crise a pressão é muito forte. Setor público volta a ser tratado em evento mensal do IBGC Anteriormente debatido em 1999 e 2000 pelo Instituto, o tema retorna com a iniciativa da Secretaria de Assuntos Estratégicos em revitalizar a gestão pública E m palestra realizada em 27 de maio sobre gestão pública, Patrícia Audi, diretora da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, classificou a Governança Corporativa como “o maior desafio”, pois, segundo ela, de todas as áreas relacionadas ao tema “é a que tem evoluído menos dentro do governo”. A gestão pública era outro tópico, até então, pouco debatido: “Durante anos era tema proibido, esquecido. E a Governança, que é o arcabouço que garante todas essas iniciativas, começou a ser discutida há pouco tempo.” Esta é um dos seis tópicos integrantes do documento Agenda Nacional de Gestão Pública, foco de sua palestra. Recentemente lançada por iniciativa da Secretaria de Assuntos Estratégicos, essa agenda tem como objetivo contribuir para a modernização e democratização do Estado Brasileiro: “Trata-se de um plano de Estado e não de Governo”, ressaltou Audi. A Agenda foi elaborada a partir de consultas a profissionais da administração pública brasileira, entre eles representantes do Ministério do Planejamento, da Casa Civil e do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad). Em sua fase inicial, segundo Audi, percebeu-se que, muitas vezes, os Estados evoluíram mais do que o Governo Federal, principalmente nos últimos oito anos, referente às questões da gestão pública. Os Estados por ela destacados são Santa Catarina, “que tratou o federalismo de uma maneira diferente”, e Minas Gerais, ”o qual vem obtendo resultados, com relação à prática meritocrática, que devem ser considerados até mesmo como estudo de caso a serem incorporados à administração pública federal”. De acordo com Audi, a valorização da gestão pública “veio para ficar”, seja por questões políticas, seja por impacto da crise econômica ou pela tendência em se discutir a qualidade das atuais políticas. Mas, para que isso aconteça, segundo ela, “é necessário controle, pressão e participação dos demais atores fora do governo, para que não se perca o fôlego”. Com relação à Governança Pública, um dos primeiros questionamentos durante a preparação da Agenda foi, segundo Audi, sobre o papel dos conselhos, tanto na esfera federal quanto estadual e municipal. Hoje, os municípios com cinco mil habitantes podem ter até 29 conselhos para garantir a implementação de políticas públicas federais. Mas, nesse caso, quantidade não significa eficácia. Na visão de Audi, “esses conselhos não têm voz nas políticas públicas”. 15 “Praticamente, nenhum dos conselhos federais têm caráter deliberativo”, afirmou. Segundo ela, “mesmo o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) que, de um lado, vem levantando questões importantes, por outro poderia ter um papel mais efetivo na determinação de políticas consideradas fundamentais para o País”. Outras questões com relação aos conselhos públicos, informadas por Audi, são a dificuldade desses órgãos em estabelecerem relações com o setor privado e em divulgarem informações para a sociedade civil. “Quase nenhum dos relatórios produzidos nesses conselhos são gerenciais, o que impossibilita a sua compreensão.” Quanto ao papel dos órgãos de controle, Audi destacou a contribuição do Acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), de 20 de maio deste ano, para a elaboração da Agenda. Segundo ela, “o Acórdão abordou parte relevante da questão da Governança, tendo utilizado para isso tanto o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa “A gestão pública foi deixada de lado durante anos. Era tema proibido, esquecido. E a Governança, que é o arcabouço que garante todas essas iniciativas, começou a ser discutida há pouco tempo” (Patrícia Audi) www.ibgc.org.br do IBGC quanto os códigos de institutos internacionais”. Audi esclareceu que, conforme o Acórdão, apenas 46% dos vários órgãos de controle interno do Executivo, do Judiciário e do Legislativo têm independência interna. “Hoje, temos uma pluralidade dos órgãos de controle, o que faz com que eles tenham muitas vezes suas competências sobrepostas.” A esse respeito, ela adiantou que a Secretaria de Assuntos Estratégicos está propondo um estudo que identificará o impacto financeiro em um determinado ato administrativo ou numa determinada política. “A medida visa identificar o quanto os órgãos de controle dificultam a implementação de determinada política.“ Outra das medidas concretas propostas pela Secretaria a partir dessa agenda refere-se ao profissionalismo das Academia em foco gestões públicas. Existem, segundo Audi, alguns projetos de lei já elaborados nesse sentido, sendo o sugerido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos um projeto nos mesmos moldes da Lei Rouanet, permitindo isenção fiscal às empresas interessadas em apoiar projetos de melhoria da qualidade da gestão pública. Debate público O tema Governança Pública integra a iniciativa do IBGC em participar dessa discussão e, assim, ampliar o alcance das boas práticas de Governança. O Instituto está na fase de consulta a seus associados sobre o interesse de integrar e formar um comitê para aprofundar as discussões e, posteriormente, lançar um caderno de governança para o setor público. Esta seção é patrocinada por: Determinantes e consequências das operações de unificação de ações no Brasil 16 Patrícia Bortolon Introdução ste artigo analisa o fenômeno recente de unificação de ações em empresas brasileiras de capital aberto. No Brasil cerca de 70% das empresas têm ações sem direito a voto em sua estrutura. Essa é uma das formas de atingir o controle da empresa com menor investimento, uma vez que o acionista pode deter a maioria das ações com direito a voto e poucas ou nenhuma ação sem direito a voto. E A conversão de uma ação sem direito a voto em ação com direito a voto, naturalmente, dilui o controle uma vez que o número de ações votantes aumenta. Em países como Itália, Canadá, Alemanha, entre outros, assim como no Brasil, há concentração de controle, o que leva ao questionamento de por que os principais acionistas aprovariam esse tipo de operação. No Brasil, as operações de unificação de ações se intensificaram, sobretudo, a partir de 2005. Mudanças no ambiente tais como: a abertura do mercado na década de julho 2009 90 e a necessidade de acesso ao mercado de ações como fonte de financiamento, a Lei 10.303/2001 que resgatou direitos de minoritários e a criação dos segmentos diferenciados de governança corporativa da Bovespa em 2001, formam o pano de fundo deste movimento em direção ao princípio “uma ação – um voto”. O artigo investiga os objetivos das empresas brasileiras ao unificar suas ações, como são feitas estas operações, que características têm essas empresas quando comparadas às que permanecem com ações sem direito a voto, além de analisar os impactos e a probabilidade da empresa unificar ações. Revisão da literatura No Brasil além da concentração do controle há uma desproporção entre esse controle e a propriedade, não só obtida através do uso de ações sem direito a voto, mas também do uso de pirâmides de controle. Esses arranjos somam ao problema do conflito de interesses entre controladores e minoritários, o problema do incentivo à extração de benefícios privados (Jensen e Meckling, 1976). Decisões que de alguma forma prejudiquem acionistas minoritários impactam cada vez mais o desempenho das ações no mercado. Como consequência, observase um movimento no sentido de alterar as estruturas de propriedade em direção ao princípio “uma ação, um voto”. Este fenômeno vem sendo observado em diversos países e documentado na literatura. A literatura trata das unificações em diversos países. Bigelli (2004) estuda 43 unificações na Itália no período 1972-2003. A unificação causa diluição no valor do direito de voto, prejudicando os acionistas com direito a voto e privilegiando os sem direito a voto. O autor desenvolve um modelo que estima o impacto da unificação sobre as diferentes classes de acionistas. O modelo prevê impactos negativos para o detentor da ação com direito a voto e positivos para os sem direito a voto, com a magnitude do impacto variando com o percentual de ações sem direito a voto na empresa e o diferencial de preços entre ações com e sem direito a voto. Amoako-Adu e Smith (2001) analisam 56 casos de unificação de ações no Canadá no período 1979-1998. As motivações estavam relacionadas aos planos de reestruturação de dívidas, à atratividade das ações, maior liquidez, atração de investidores externos e a listagem em bolsas dos EUA. Pajuste (2003) analisa 108 unificações que ocorreram em sete países da Europa no período 1996-2002. A probabilidade de uma empresa unificar as ações aumenta com a necessidade de capital e com a existência de um controlador com baixo nível de benefícios privados, ou seja, desvio entre controle e propriedade. A unificação tem efeito positivo sobre o valor da companhia e a liquidez, também ocorrendo uma diminuição da alavancagem. A autora não encontrou evidências de redução da participação do controlador após a unificação. Analisando 31 unificações na Alemanha no período 1990-2001, Dittmann e Ulbricht (2007) encontram um aumento do valor de 4% no dia do anúncio da unificação. A probabilidade de realizar a unificação aumenta se a perda de poder de voto do acionista controlador não for grande e com as restrições financeiras enfrentadas pela firma. Metodologia e descrição da amostra O período de análise foi de 2000 a 2008 devido a pouca frequência do fenômeno nos anos anteriores e a dificuldade de obter informações. O grupo de análise é composto por 33 empresas que unificaram ações e o grupo de controle por 125 empresas que permaneceram com ações sem direito a voto no período. Informações sobre as operações foram pesquisadas em documentos oficiais da empresa disponíveis no site da CVM e nos principais jornais e revistas. Os dados financeiros foram pesquisados nas bases de dados Economática e Bloomberg. Características das empresas que unificaram ações As características das unificações listadas na Tabela 1 mostram que a operação típica é do tipo compulsória, com relação de troca 1:1, ou seja, uma ação preferencial é convertida em uma ação ordinária, feita em etapa única e na maioria das vezes é motivada pelas adaptações à listagem das ações da empresa no Novo Mercado. Não há operações em que seja exigido pagamento pelo acionista sem direito a voto ou compensação ao votante, como mencionado em artigos internacionais. As características mostram que não parece haver preocupação com a diluição do poder de voto dos acionistas votantes. Entretanto, em todos os casos é assegurado ao acionista detentor de ações sem direito a voto o direito de retirada, previsto em lei, com ressarcimentos estabelecidos em relação ao valor patrimonial das ações. 17 É interessante observar que em apenas seis casos a conversão não ocorreu na proporção 1 PN : 1 ON, em quatro casos a conversão era voluntária (sendo que em dois destes as ações foram resgatadas pela empresa), e em 14 empresas a unificação não foi parte do processo de migração para o Novo Mercado. As motivações foram pesquisadas em documentos oficiais e em notícias veiculadas na imprensa. A Tabela 2 apresenta os motivos mais frequentes. O principal é o aumento da liquidez das ações, acompanhado pelo objetivo de melhorar as práticas de governança corporativa e melhores condições de acesso ao mercado financeiro. Foram comparadas as principais variáveis entre os grupos unificação e controle. O desvio de direitos, calculado www.ibgc.org.br Tabela 01 - Características das Operações de Unificação de Ações Selecionadas 18 Empresa Ano da Compulsória ou unificação Voluntária? Relação de troca: Aços Villares 2001 Voluntária (1a. etapa) 1:1 Compulsória (2a. Etapa) Não Arcelor Brasil 2005 Compulsória Não Bandeirante Energia S.A. BR Malls Part Celg Cia de Seguros Minas Brasil Cia Hering Copasa Cyrela Realty Drogasil Embraer 2005 Compulsória 2007 2005 2008 PNs resgatadas pela empresa Compulsória 1:1 Compulsória 1:1 Sim Não Não 2007 2006 2005 2007 2006 Compulsória Compulsória Compulsória Compulsória Compulsória Sim Sim Sim Sim Sim Enersul Eternit 2005 2006 Gafisa Globex Gradiente Inds Romi Iochp Maxion Itautec Kepler Weber Lojas Renner M G Poliest Minupar Perdigão S.A. Plascar Participações Ind. Porto Seguro S.A. Portobello São Carlos Empreend e Partic S.A Tempo Participações Tractebel Triunfo participações Weg Wembley 2006 2008 2007 2007 2008 2000 2003 2005 2007 2007 2006 2007 Compulsória Voluntária (1ª etapa) Compulsória (2ª etapa) Compulsória Compulsória Compulsória Compulsória Compulsória 1:1 1:1 1:1 1:1 1:1 1:1,1153 1604,06:1 1:1 1:1 1:1 1:1 10:9 1,20:1 Volta a emitir PNs Compulsória Compulsória Compulsória Compulsória Compulsória 1:1 1:1 1:1 1:1 1:1 1:1 Sim Não Não Sim Sim Não Não Sim Não Não Sim Não 2004 2008 2006 Compulsória Compulsória 1:1 1:1 Sim Sim Sim 2006 2005 2007 PNs resgatadas pela empresa Compulsória 1:1 Compulsória 1:1 Sim Sim Sim 2007 2002 Compulsória Belgo 1:1 Cst 9,32:1 da Belgo 1057,92:1 1:1 como percentual da participação em ações PN sobre participação total, mostra que os maiores acionistas das empresas que realizam unificação têm maior participação em ações PN do que os acionistas do grupo de controle. As empresas do grupo unificação também têm menos ações PN em sua estrutura. Os dados mostram que, de fato, a unificação ocorre em empresas onde a diluição do poder de voto dos maiores acionistas resultante da conversão de ações é menor. julho 2009 Novo Mercado? Diferenças significativas nas variáveis relacionadas a pagamento de dividendos (dividend yield e payout) mostram que restrições financeiras pode ser característica das empresas que unificam ações. Não Não Sim A liquidez, motivação principal relacionada pelas empresas, é significativamente diferente entre os grupos quando avaliada a variável presença em bolsa, que leva em conta o número de dias em que houve negócio com a ação, sendo menor nas empresas que unificam ações. A diferença, entretanto, não se mantém estatisticamente significante quando usamos a liquidez calculada pela Economática. Também observamos diferença na variável free-float, mostrando que as empresas do grupo unificação têm menos ações em negociação no mercado e mais em posse de acionistas relevantes (com participações superiores a 5%). Esta característica pode facilitar o processo de aprovação nas assembleias de acionistas, uma vez que a maioria necessária para a aprovação é obtida com menos acionistas. As diferenças ressaltadas neste texto foram também verificadas nas comparações com empresas semelhantes sob os critérios de tamanho e setor de atuação. Os impactos da unificação Os impactos foram analisados através da análise das variáveis um ano antes e um ano após a unificação e dois anos antes e dois anos após. Sim Não O objetivo mais frequente, maior liquidez, é atingido. Observa-se também um aumento na participação no índice Ibovespa. Há aumento no tamanho (logaritmo dos ativos) e no valor de mercado. Entretanto, não se observa impacto Tabela 02 - Motivações para conversão das ações apresentadas pelas empresas em documentos oficiais e veiculadas na imprensa. Maior liquidez das ações 13 Aprimoramento das práticas de governança corpora- 11 tiva Ingressar no Novo Mercado 11 Aumentar possibilidade de captação no mercado 5 financeiro. Financiar crescimento Maior participação e transparência às decisões da 5 empresa Possíveis reflexos no valor de mercado 4 Alinhamento de interesses de acionistas 3 Simplificação da estrutura societária 2 Aumento da capitalização de mercado 1 Realizar oferta pública para venda do controle 1 Aumentar a base de acionistas 1 Motivação não identificada 10 nas variáveis de rentabilidade (retorno sobre os ativos e patrimônio líquido). As mudanças na estrutura de propriedade das empresas que unificaram ações foram analisadas. A tabela 3 mostra que, tanto antes como após a operação, famílias e estrangeiros são os tipos mais comuns. As participações médias de todos os tipos diminuem após a unificação. Não se pode afirmar que há aumento na presença de investidores qualificados. Foram analisados 17 casos em que havia controle único (mais de 50% dos votos) antes da unificação. Novamente famílias e estrangeiros são os mais comuns, com participações expressivas em ações PN. Com maior frequência o que ocorre é a perda do controle, mas com os acionistas mantendo participação na empresa. Em três casos o controlador saiu da empresa e, em outros três, mudança no controlador. O free-float também foi analisado em detalhe e os resultados mostraram que este já é maior antes da unificação para aquelas empresas que migraram para o Novo Mercado (34,7% e 17,9% para as que não migraram). No grupo que não migrou a mudança no freefloat foi pequena (17,9% antes e 16,9% após). A probabilidade de unificar Modelos logit foram utilizados para avaliar os fatores que determinam a probabilidade da empresa unificar suas ações. Analisando valores médios de três anos anteriores à operação para as que unificaram e médias do período 2000 a 2007 para as demais, encontramos relação significativa e negativa do dividend yield com a probabilidade de unificar. O desvio de direitos do maior acionista, avaliado pela relação entre as participações em ações sem direito a voto e total, tem relação significativa e positiva com a probabilidade de unificar. Quanto maior esta relação menor a diluição do poder de voto o que favorece a aprovação da unificação, este resultado é coerente com outros encontrados em estudos internacionais. Empresas com maiores oportunidades de crescimento, avaliadas pelo Q de Tobin, também têm maior probabilidade de unificar ações. Já a liquidez, calculada conforme a Economática, não mostrou relação forte com a probabilidade de unificar, apesar de ser relatada como principal motivação pelas empresas. Conclusão Foram analisadas 33 operações de unificação de ações no Brasil entre os anos 2000 e 2008. As operações são, em sua maioria, compulsórias, com razões de conversão 1:1. 19 Tabela 03 - Análise dos percentuais de participação direta dos diferentes tipos de acionistas relevantes, cujas participações no capital total são superiores a cinco por cento, um ano antes e um ano após a unificação UM ANO ANTES DA UNIFICAÇÃO Tipo Qde. %ON UM ANO APÓS UNIFICAÇÃO %PN %Total % Qde. % ON = % Total ON/ %Tota banco 4 23,2% 2,0% 22,4% 1,4 1 10,0% bndespar 2 11,2% 24,5% 19,8% 0,4 2 17,0% empregados ND ND ND ND ND 1 0,2% empresa 5 22,3% 25,0% 24,3% 0,5 3 6,2% estrangeiro 25 29,8% 19,5% 27,0% 1,2 29 15,9% família 33 20,6% 10,0% 15,9% 1,2 33 12,1% fundação/ 14 11,3% 4,5% 7,5% 1,6 6 8,3% 6 3,9% 5,5% 6,0% 0,5 3 4,9% ND ND ND ND ND 2 26,7% fundos de pensão fundo de investimento governo free-float 19 13,8% 36,9% 26,5% 0,6 17 43,8% tesouraria 7 0,5% 0,6% 0,7% 0,7 8 1,9% Inv. Qualificado 19%(banco, bndespar, estrang., fund. de pensão e invest) 51 14% 41 www.ibgc.org.br As empresas relatam como motivações para a operação uma maior liquidez, melhores práticas de governança corporativa e melhores condições de financiamento. As análises mostraram que as empresas que unificam ações têm menor liquidez e menor pagamento de dividendos, são também aquelas em que a operação resulta em menor diluição do poder de voto. Av. das Nações Unidas, 12.551 – 25º andar – cj. 2508 – WTC CEP 04578-903 – São Paulo-SP – tel.: (11) 3043 7008 fax: (11) 3043 7005 - [email protected] Há impacto positivo sobre a liquidez, a participação no índice Ibovespa e algumas variáveis relacionadas a tamanho e valor. A estrutura de controle se altera em direção a um menor poder de voto dos acionistas principais, mas estes ainda mantêm participações relevantes nas empresas. CAPÍTULO RIO – [email protected] A probabilidade da unificação está relacionada negativamente ao pagamento de dividendos e positivamente ao desvio de direitos do maior acionista (avaliado pela relação entre as participações em ações sem direito a voto e total). 20 As operações analisadas ocorreram em sua maioria a partir de 2005, o que limitou uma melhor avaliação dos impactos da unificação devido à falta de informações. Referências bibliográficas AMOAKO-ADU, B.; Smith, B. F. Dual-class firms: capitalization, ownership structure and recapitalization back into single class, Journal of Banking & Finance, n. 25, p. 1083-1111, 2001 BIGELLI, M. Dual Class Stock Unifications and Shareholders Expropriation, University of Bologna, working paper, 2004, Disponível em: <http://ssrn.com/ abstract=506602>, Acesso em: 11 mar. 2009 DITTMANN I.; ULBRICHT N. Timing and Wealth Effects of German Dual Class Stock Unifications, European Financial Management, Vol. 14, No. 1, p. 163-196, 2007. JENSEN, M.; MECKLING, W. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs, and ownership structure, Journal of Financial Economics, v. 3, no. 4, p. 305-360, 1976. PAJUSTE, A. Determinants and Consequences of the Unification of Dual-class Shares, European Central Bank, Working Paper Series, no. 465, mar. 2005, Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=469821>, Acesso em: 16 mar. 2009. Errata: Diferentemente do publicado na edição anterior, a agenda temática 2009 é Governança em Tempos de Crise: Repensando o Papel dos Conselhos. julho 2009 CAPÍTULO PARANÁ Av. Cândido de Abreu, 660 - sala 1602 – Curitiba-PR tel.: (41) 3022 5035 – [email protected] CAPÍTULO SUL Av. Carlos Gomes, 328 – 4º andar – conj. 404 – Porto Alegre-RS tel.: (51) 3328 2552 – [email protected] CAPÍTULO MG - [email protected] CONSELHO Presidente: Mauro Rodrigues da Cunha Vice-presidentes: Gilberto Mifano e João Pinheiro Nogueira Batista Conselheiros: Alberto Whitaker, Carlos Biedermann, Eliane Lustosa, Leonardo Viegas, Luiz Cantidiano e Roberto Faldini COMITÊ EXECUTIVO André Coutinho, Eliane Lustosa e Ricardo Veirano Secretária geral Heloisa Belotti Bedicks Produção e coordenação da Newsletter: • Jornalista responsável - IBGC: Maíra Sardão (MTB 42968) • Intertexto - Textos Online (Cristina Ramalho) [email protected] Projeto gráfico e diagramação: Confraria Visuale Agência de Publicidade e Comunicação - [email protected] Reprodução: É vedada a reprodução de textos e imagens desta publicação sem autorização prévia, mediante consulta formal e citação de fonte. ASSOCIADOS PATROCINADORES Compromisso com a Governança Corporativa APOIO