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(1) Departamento de Geologia, UFPR; (2) Pesquisador CNPq; (3) Pós-Graduação em Geologia, UFPR,
(4) Laboratório do CENA, USP, (5) Laboratório de Oceanografia Geológica, CEM, UFPR, (6) Departamento de
Geomática, UFPR. e-mail: [email protected]
A planície costeira paranaense é constituída principalmente por dois sistemas de terraços marinhos
costeiros formados durante os períodos de mar mais alto que o atual no Pleistoceno superior e no
Holoceno. Mapeamentos da planície iniciaram-se com o trabalho de Bigarella (1946). O último
mapeamento foi o de Angulo (1992). Posteriormente Lessa & Angulo (1996) utilizando dados de
mapeamento e de sondagens propuseram um modelo de barreira regressiva para porção holocênica
da planície costeira de Paranaguá. Uma das principais dificuldades encontradas para compreender a
evolução da barreira foi que os afloramentos restringem-se aos 3 ou 4 m superiores dos terraços. A
parte inferior era acessível apenas por sondagens. Uma cava de extração de areia próxima ao
balneário Praia de Leste possibilitou a descrição de afloramentos de até 10 m de profundidade
(Figura 1).
O objetivo do trabalho é caracterizar as fácies sedimentares e compreender a evolução da barreira
holocênica a partir de descrição de afloramentos e sondagens, realizadas com vibrotestemunhador,
datações de amostras pelo método do 14C e nivelamento topográfico.
A partir da descrição dos perfis e sondagens foi possível definir oito fácies principais:
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Estratos com laminação plano paralela subhorizontal relacionada a leito plano de regime
de fluxo superior com areia fina, bem a muito bem selecionada.
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Estratos com estratificação cruzada acanalada, tabular e sigmoide de médio a grande
porte (8 a 50 cm) com areia fina a média, moderadamente selecionada, contendo areia grossa até
grânulos, detritos vegetais e fragmentos de troncos, moldes de conchas, conchas ou fragmentos de
conchas e bioturbações. Correspondentes a dunas subaquosas (macro ondulações de crista curva)
formadas por correntes trativas.
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Estratos com estratificação cruzada acanalada, tabular e sigmoide de pequeno porte (5 a
8 cm) com areia fina a média, moderadamente selecionada, contendo areia grossa até grânulos,
detritos vegetais, conchas ou fragmentos de conchas. Correspondentes a micro ondulações de crista
reta e curva (Ê Ë Ì Ì?Í Î Ï ) formadas por correntes trativas.
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Estratos com laminação plano-paralela horizontal relacionada a processo de decantação,
formados
por
Ø!Ù?Ú Û Ü ÝÜ Þ Ù?Ú?ß areia fina a muito fina moderadamente a bem selecionada, até argila, com tubos lisos,
e bioturbações não figurativas.
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Estratos com areia fina a muito fina moderadamente a muito bem selecionadas sem
estratificação visível; com matéria orgânica, è!é?ê ë ì íì î é?ê?ï e bioturbações não figurativas.
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Estratos com laminação ondulada ( ÷)ø?ù ú ) (λ entre 6 e 12 cm, h ≅ 1 cm) formada por
alternância de lâminas de areia fina a muito fina, moderadamente selecionada e lâminas de lama, às
vezes com matéria orgânica e/ou detritos vegetais e bioturbações não figurativas.
Estratos com estratificação cruzada truncada por ondas de pequeno porte (λ ≅ 20 cm,
h ≅ 2 cm) ( ) formados por areia fina, com bioturbações não figurativas.
Estratos com laminações ondulada ( ), flaser e estratificação cruzada de pequeno
porte
formadas pela combinação de fluxos oscilatórios e trativos, com
!#"$ % & '(micro
& ( "$) eondulações),
bioturbações não figurativas.
A fácies foram interpretadas como descrito a seguir: * formada pelo espraiamento de ondas em
ambiente de face praial ( +, - . /10 - . , ) ou, quando intercalada com a fácies C em porções mais
inferiores do perfil, como formada por fluxos trativos em cristas de barras ( 23 4 5 ) na face litorânea
( 67 8 9 : ;< 9 7 ); = dunas subaquosas formadas em ambiente de face litorânea superior e média ( > ? ?@ A
B CDFEG D D H @JI KL A @ M B N @ ); O micro ondulações formadas por correntes trativas em ambientes entre a
base da face praial e o limite inferior da face litorânea inferior ( P QRS TU VQ T S W X Y S ); Z formada por
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VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro - BA 03-09 de Outubro de 1999
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decantação em ambientes de face litorânea média e inferior; formadas pela combinação de fluxos
oscilatórios e trativos em ambiente de face litorânea inferior. As fácies e são formada por ondas;
porém podem ser formadas tanto por ondas grandes em ambientes profundos como face litorânea
inferior ou por ondas pequenas em ambientes rasos protegidos.
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A interpretação dos ambientes é reforçada pelo conteúdo malacológico e de foraminíferos das fácies,
. 1999). A disposição das fácies nos perfis pode
que indicam ambientes marinhos rasos (Sousa
ser interpretada como uma seqüência regressiva, com fácies mais rasas sobrepostas a fácies mais
profundas.
c
de fg h
Na fácies
as paleocorrentes indicam fluxos bidirecionais, perpendiculares a linha de costa atual,
sugerindo a existência de uma desembocadura (
), isto poderia explicar a abundância de detritos
vegetais encontrados em diversas fácies.
Na porção mais interna da barreira foram encontradas fácies com estratificação cruzada de pequeno
a médio porte com abundantes conchas de moluscos e esqueletos de equinodermos, ás vezes
inteiros e outras fragmentados, em níveis inferiores as fácies de decantação. As direções de
paleocorrente medidas nestas fácies indicam fluxos com direção preferencial para oeste, sugerindo a
existência de um canal associado a uma desembocadura.
Esta hipótese é reforçada pelo resultado de duas datações. Uma de conchas de moluscos, coletadas
a uma profundidade entre –4,19 e –4,44 m nas fácies mais interna da barreira, que forneceu idade de
3.960 ± 80 anos A.P. (CENA 300), e outra de detritos vegetais a profundidade de –2,72 m em uma
área mais externa da barreira (2,5 km em direção à costa) que forneceu idade de 6.520 ± 90 anos
A.P. (CENA 301). Estes resultados associados a disposição dessas fácies sugerem que a
desembocadura seria funcional até pelo menos a data da primeira datação. Uma ampla
desembocadura, com largura média em torno de 2 km, localizada a apenas 600 m a sudoeste da
área de estudo, pode ser inferida a partir do mapeamento superficial.
i
j
A partir do nivelamento do limite entre as fácies (face praial) e (face litorânea) foi possível estimar
que o nível relativo do mar durante a construção da barreira estava a aproximadamente 1 a 2 m
acima do atual.
kal m m n o p n q r stl u v q
Os tubos atribuídos a
são considerados bons indicadores de ambiente deposicional,
pois os organismos que os constróem vivem na zona de marés baixas normais até o nível médio do
. 1984) os tubos podem
mar (Suguio & Martin 1976). Segundo trabalhos anteriores (Suguio
alcançar de 1 a 2 m de comprimento. Porém, nos perfis estudados foi possível identificar tubos de até
4 m de comprimento, sem atingir seu final. Deste modo, os tubos atravessam fácies depositadas a
vários metros de profundidade. Este comprimento deve ser considerado quando se interpretam
paleoprofundidades a partir dos tubos de
, principalmente quando apenas uma parte do
tubo está preservada.
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ANGULO, R. J. 1992. —˜ ™ š ™ › œ Jž  Ÿš  ¡¢ £ œ ˜J£ ™ ¤ ¥ ˜ œ ¦ Jž ™J§a¤ ¥  ž ™Jž ™¨a ¦  ¡© . São Paulo, Instituto de
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ÌaÍ Î ÏÐ ÑÒ Ó ÏˆÔÕ Í Ö Ïa×aؕÙ
SUGUIO, K.; MARTIN, L. 1976. Presença de tubos fósseis de "Callianassa" nas formações
quaternárias do litoral paulista e sua utilização na reconstrução paleoambiental.
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SOUSA, S. H. de M.; DISARÓ, S. T.; JAWORSKI, K. S.; ANGULO, R. J.; SOUZA, M. C. de. 1999.
Foraminíferos e moluscos de uma barreira regressiva holocênica na planície costeira de Praia de
VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro - BA 03-09 de Outubro de 1999
Leste,
Estado
do
Paraná,
Brasil.
(neste
volume).
Figura 1: Mapa geológico da área de estudo (modificado de Lessa et al. 1999). (1) barreira
holocênica; (2) barreira pleistocênica; (3) sedimentos paleoestuarinos; (4) sedimentos de planície de
maré; (5) embasamento cristalino e depósitos continentais; (6) área de estudo.
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