A EDUCAÇÃO FÍSICA E A MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Talita Vanin Fontoura 1 Ana Eleonora Sebrão Assis 2 RESUMO O objetivo do presente artigo é apresentar uma reflexão sobre a atividade física nas aulas de Educação Física como uma opção de melhora nas vidas dos adolescentes, tendo como base o estágio supervisionado em Educação Física III realizado com alunos de 8ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Miguel Nunes Rebello, na cidade de Tapes – RS. A diversidade de atividades propostas nesse estágio foi a fonte para seu desenvolvimento e o desejo de pleno sucesso, procurando desenvolver diversas valências, e o cuidado de estar de acordo com a faixa etária e não ser rotineira. O estágio se baseou principalmente no desporto Handebol, onde foram desenvolvidos trabalhos aeróbios e anaeróbios, fundamentos e atividades recreativas, bem como a dança e a ginástica aeróbia. Palavras-chave: Educação Física, Ensino Fundamental (séries finais), Motivação INTRODUÇÃO A diversidade como elemento propagador da cultura e incentivo a atividades físicas, faz com que se tivéssemos uma visão diferenciada da atual Educação Física que propagamos a nossos alunos, que sofrem de uma carência motora e esportiva. O enfoque de uma Educação Física visando o bem estar é recente em nossos ambientes educacionais. Estávamos acostumados com aulas rígidas, militares, e até mesmo aulas sem linha alguma. Hoje na geração saúde em que vivemos, é extremamente saudável propiciar a visão correta da prática de esportes, ginástica, entre outros recursos existentes, aos alunos. “Quaisquer que sejam suas funções, corresponde a uma atividade muscular controlada, regida por normas, princípios, métodos, e objetivos bem definidos, que vão desde o movimento morfofuncional do organismo infanto-infantil até a manutenção do equilíbrio homeostático do individuo adulto e a readaptação orgânico funcional do individuo doente ou deficiente físico (...) serve de maneira decisiva e vital para a educação do individuo”.(Hurtado,1987) Jamais podemos esquecer que a recreação nos oferece em sua essência as ricas diversões em proporções socializadoras, tornando-os seres capazes de se habituarem a diversos ambientes e ocasiões. Preocupar-se com o quesito da ludicidade é fundamental para 1 2 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Luterana do Brasil. Professora da Universidade Luterana do Brasil – Campus Guaíba e orientadora deste trabalho. um trabalho diversificado e dinâmico, bem como atrativo, a fim de ser uma aula que dê prazer e satisfação, despertando no jovem o gosto pela prática esportiva e recreativa. A metodologia de recreação muito utilizada em momentos esporádicos em treinamento de alto rendimento é a metodologia de iniciação utilizada por professores de Educação Física a fim de se pensar em nosso educando, apenas como um individuo em fase de desenvolvimento e não como um atleta. A recreação mesmo com adolescentes é fundamental, pois proporciona um momento de descontração em função que são extremamente competitivos e em alguns momentos agressivos. A recreação é a atividade física ou mental na qual o individuo é naturalmente impedido a satisfazer necessidades de ordem psíquica, física ou social, de cuja realização lhe advém prazer. Ela utiliza Atividades de Educação Física em geral, e serve para estimular a prática de outras atividades mais elaboradas e complexas. (apud Le Boulch, 1977). Nada mais contraditório que um profissional de Educação Física esquecer do momento de aprendizado, tanto motor e físico, é deixar escapar o aprendizado social que nos segue, afinal trabalhamos com seres humanos, seres sociais homólogos, que precisam de outros para viver. É nessa fase da vida em que se encontram esses alunos, que o principal é ter bons hábitos e atitudes, bons espelhos, pessoas com que gostem de conversar para que possam formar sua identidade e usufruírem hábitos positivos, a fim de participarem de uma sociedade que nos demonstra uma realidade cruel não tanto saudável, mas que possam a fazer a diferença e que se tornem seres de luz própria, e que possam encaminhar a humanidade e a juventude para o caminho do bem. A atividade física é tão importante quanto aprender a escrever, a vida de um adolescente é uma eterna combustão que se propaga de forma negativa. Não que a atividade seja a solução para o problema, mas pode ser um início, um meio para provarmos o quanto os princípios dessa, podem ser utilizados para formarmos pessoas com responsabilidade e que irão favorecer nossa comunidade. REFERENCIAL TEÓRICO O novo assusta, amedronta e nos faz criar barreiras para um novo aprendizado. O que ainda falta para Educação Física tornar-se, sentir-se e ser uma disciplina respeitada? Ao levantar essa questão, pretende-se questionar essa concepção tão atual e fracassada e que pode ser superada pelo novo, pela motivação e o que nos mais permitirem. Fazer a diferença, proporcionar o maior número de possibilidades de aprendizagem. Torná-los uma equipe, não uma equipe competitiva, mas um grupo de pessoas que convivem, se respeitam e tornam-se uma equipe com um único objetivo, de aprender experiências novas, com a mesma motivação de estar simplesmente jogando uma pelada com os amigos, essa deveria ser uma meta a ser seguida. O que foi redigido e aprovado pelo MEC na LDBEN não foi por acaso do destino, nem uma mera coincidência, a obrigatoriedade da Educação Física, deve ser cumprida como diz a Lei 9394/96. A relação legislação, aluno, professor e planejamento está em desequilíbrio, não em relação sócio - afetivo, e sim em relação à aprendizagem que deixa a desejar e a cada dia nos parece pregar peças com acontecimentos bizarros e fúteis. A diversificação e a constante necessidade de estar sempre atualizada podem se transformar em uma conseqüência um tanto grave, que já reflete em nossos ambientes educacionais. Segundo os PCN’s pg. 83: Deve-se, portanto, favorecer a troca de repertórios e os procedimentos de resolução de problemas de movimento, fazendo uso de variadas formas de organização das atividades. A preocupação do professor de letras com os alunos para aprenderem a redigir um texto coerente e ortograficamente correto, deve ser encarada pelo profissional de Educação Física com o mesmo olhar e até mais minuciosamente, pois não está tratando de apenas conhecimentos científicos, intelectuais e metódicos, mas com o corpo humano, valências e muito mais que tudo dor, calor, frio, resistência entre tantos outros fragmentos que constituem nosso corpo, mais a vontade, desejo, a reação, o presenciar um aluno em atividade em ver seu desenvolvimento, progresso e concluir que ainda pode-se fazer mais por esse. A faixa etária na qual se refere essa reflexão é muito mais complexa, significativa e cuidadosa, pois estamos falando de adolescentes 12, 13 anos, de idade é onde se manifestam alguns períodos de muita confusão e perturbação: adolescência, onde a necessidade de apoio e de boas imagens é fundamentalmente necessária para o encaminhamento desses “seres em mutação”. A imagem do profissional de Educação Física é sempre muito bem vista por adolescentes, justamente por trabalharem um tema que lhes despertam muita atenção e curiosidade: o corpo humano. Assuntos como obesidade, estética, anabolizantes, álcool, drogas entre outros, são tratados diariamente nas aulas, não como conteúdo em sua maioria das vezes e sim como assuntos que vem à tona em meio das aulas, com alguma pergunta ou até mesmo como comentários. Adolescentes estão mais presentes de corpo e alma quando há inovações e novas aprendizagens motivantes e empolgantes nas aulas. É nesta fase de suas vidas que formam sua identidade, não imitando ou copiando atitudes de outros semelhantes, mas se espelhando. Segundo Diana E. Papalia e Sally W. Olds: “Para formar uma identidade, os adolescentes devem afirmar e organizar suas habilidades, necessidades, interesses e desejos para que possam ser expressos em um contexto social.” À medida que algumas idéias como: profissão, valores, identidade sexual, família vão se encaixando e formando uma identidade, a forma de encarar o mundo se modifica. Resgatar a Educação Física, não como mais uma disciplina curricular obrigatória, mas como uma ferramenta para motivar esses jovens a praticarem esportes, atividades físicas, proporcionando o bem estar, a disciplina, regras e uma oportunidade de visualizarem nossos contextos para assimilarem e formarem a sua identidade, deve ser o objetivo da Escola. “A intensidade das amizades é maior na adolescência do que em qualquer época da vida. (Desenvolvimento Humano, pág. 361).” A convivência com pessoas de idéias, gostos, aceitações, e culturas parecidas são características que predominam na adolescência. A Educação Física como componente curricular permite proporcionar essa convivência com o ambiente desportivo e a interação com pessoas diferentes, com opiniões e essas podendo interferir positivamente ou negativamente. Segundo, Pedro Henrique Josué: “Desfrutando do privilégio de trabalhar essencialmente com área psicomotora, a atividade física facilita a observação do aluno como um todo. A Educação Física, muito provavelmente, será mais do que ver suas sementes virarem arbustos e estes transformarem-se em árvores. (apud Bernardinho, pág. 9)” A teoria é tão bonita quanto à prática, basta querer usá-la para transformá-la. A motivação deve estar presente no professor que deverá educar seus alunos com toda atenção, cuidado e responsabilidade, pois está trabalhando com seres humanos que merecem respeito e principalmente atenção. “Nós somos aquilo que fazemos repetidas vezes, repetidamente. A excelência, portanto não é um feito, mas um hábito. (apud, Aristóteles. Bernardinho, pág. 149).” A motivação também deve estar presente no ambiente pedagógico e ser incentivada nos alunos. Motivação essa que o professor de Educação Física poderá realizar, pois ele é o mediador do ensino, o transmissor das idéias que colocadas de forma simples e concretas possam vir a interferir na vida desses adolescentes que necessitam de uma injeção de ânimo para despertarem para uma vida saudável. CONCLUSÃO As atividades físicas proporcionadas aos alunos na adolescência têm uma vantagem absolutamente significativa, por estarem ligadas diretamente no corpo a corpo com o aluno, presenciamos a olhos nus os seus desenvolvimentos que tanto na área motora, afetiva, ou psicossocial se manifestam demonstrando ou não seu progresso. Acredito que se conseguirmos buscar esses adolescentes para o lado positivo da vida, estaremos mudando o foco de uma nação que diariamente está acostumada a presenciar esses jovens envolvidos com drogas, brigas e demais acontecimentos trágicos. Não que a Educação Física seja um reformatório de alunos que estão em crise, mas um meio de inseri-los na sociedade com valores, segmentos e metas que futuramente serão observadas. O correto não é recomendar e sim atribuir essas atividades como hábitos saudáveis. Acredito que o verdadeiro papel do professor de Educação Física é proporcionar atividades físicas na vida desses alunos a fim conscientizá-los a ter uma vida mais saudável. Mais um estágio concluí com a certeza do quero para mim. O estágio lll foi mais um desafio, talvez não o mais temido, mas causador de anseios, pela falta de afinidades com a faixa etária, mas tentei, e creio que consegui fazê-lo com sucesso, pois sorte, só na loteria. O medo causa angustias, mas a coragem é sucedida de sucessos. A faixa etária era a minha maior preocupação, por ter ouvido comentários sobre as turmas, que não eram flores, muito menos amores. Preconceitos ou pré-conceitos eram formados antecipadamente. O que aconteceu na verdade foi o inverso. Entrosei-me bem com as turmas. Em relação ao aprendizado nos aspectos quantitativos o crescimento foi visível em pouco tempo. A mudança do pensar em relação à disciplina, as atitudes, os conceitos e parâmetros que agora usam e discutem é notório. As conversas de corredores com os alunos de outras turmas também possibilitou um feedback positivo. E a conclusão de um trabalho assim? Penso que as palavras utilizadas foram as mais simples possíveis, porém está nítida a satisfação e o positivismo de um estágio que iniciou com anseios e terminou com glórias. Glórias essas reconhecidas por professores da escola, equipe diretiva e principalmente pelos alunos. BIBLIOGRAFIA Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1997. PAPALIA, Diane e OLDS, Sally. Desenvolvimento humano – 7ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. COSTA, L. P. Questões da Educação Física Permanente. Rio de Janeiro: EDUSRJ, 1989. IN PICCOLO, V. L. N. (org.), Educação Física Escolar: ser ou não ter? Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1993. MACHADO, A. A. Importância da Motivação para o Movimento Humano. In Perspectivas Interdisciplinares em Educação Física. S.B.D.E.F., 1995 MAGGIL, R. A. 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