UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O ENSINO SUPERIOR E O ESTADO NACIONAL: A CONSTRUÇÃO DO INTELECTUAL BRASILEIRO (1900-1970) Por: Adriana Caetano Ramos Orientador Profª. Mônica Melo Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O ENSINO SUPERIOR E O ESTADO NACIONAL: A CONSTRUÇÃO DO INTELECTUAL BRASILEIRO (1900-1970) Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior Por: Adriana Caetano Ramos 3 AGRADECIMENTOS ....aos amigos de jornada que tive a alegria de conhecer nesse curso..... 4 DEDICATÓRIA .....dedicado ao eterno grupo de docência: Márcio, Janine, Tânia e Ph,....... 5 RESUMO O presente trabalho tem como finalidade mostrar que a universidade como instituição do Estado foi usada para formar a intelectualidade nacional. Como instrumento de poder, a universidade foi utilizada para criar o grupo intelectual que auxiliasse o próprio país nas demandas do Estado, como a construção da nacionalidade do Brasil. Os intelectuais são um grupo que se desenvolvem dentro de um determinado grupo social, um grupo a parte da própria sociedade nacional. Nos anos 20 do século passado eles se tornam o grupo responsável pela construção de um símbolo nacional. É através de um representante deste grupo que tentaremos mostrar que a educação sempre foi e continua sendo, principalmente a universitária, o reflexo das demandas nacionais e internacionais. 6 METODOLOGIA Este trabalho será basicamente feito através de discussão bibliográfica, passando pela história da educação a conceitualização do termo intelectuais. Utilizaremos da análise histórica para compreender as continuidades e possíveis transformações ocorridas, mudanças essas ocorridas pelas transformações no grupo do poder. Fontes históricas também são utilizadas para comprovar as relações entre os intelectuais e o poder estatal. Como discussão teórica, utilizamos diversos autores que elucidaram a trajetória dessa dissertação para balizar as ideias com relação à construção do intelectual brasileiro e as universidades para este fim.. Nelson e Claudino Piletti nos ofereceu em História da Educação o arcabouço histórico do ensino no Brasil em conjunto com Arnaldo Niskier, escritor do livro Educação Brasileira: 500 anos de História 1500-2000. Este autor apresenta todo o desenvolvimento da educação, indo desde a colônia até o início do nosso século. Vale também pela apresentação detalhada do desenvolvimento do ensino superior no Brasil. Antonio Gramsci nos elucida o conceito de intelectual e Ângela de Castro Gomes nos mostra que foi no Rio de Janeiro que essa classe intelectual surge como um grupo a parte da sociedade, mas responsável pela formação de um nacionalismo que atendia aos anseios do poder. Todos esses autores como outros utilizados ao decorrer do trabalho tem como finalidade balizar a proposta aqui apresentada: de reconstruir a trajetória das universidades como a instituição responsável pela formação da classe intelectual de onde Armando Magalhães Corrêa emerge como objeto de pesquisa. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I – O ENSINO NA HISTÓRIA DO BRASIL 10 CAPÍTULO II - A UNIVERSIDADE BRASILEIRA 22 CAPÍTULO III – A TRAJETÓRIA E A CONSTRUÇÃO DE UM INTELECTUAL BRASILEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX – ARMANDO MAGALHÃES CORRÊA. 33 CONCLUSÃO 40 ANEXOS 42 BIBLIOGRAFIA 48 ÍNDICE 51 8 INTRODUÇÃO O trabalho apresentado pretende fazer uma análise do ensino superior e a formação do grupo social dos intelectuais nacionais. As universidades são as instituições fundadas com o claro intuito de fomentar intelectuais que estivessem à disposição do Estado e das suas ideologias, legitimando, seja cientificamente ou artisticamente as vontades dos integrantes do mundo do governo. Esta monografia é dividida em três capítulos. Cada um elucida uma parte da criação das universidades, bem como da criação do grupo intelectual burguês. No capítulo 1 fazemos um pequeno resumo da história da educação nacional, iniciada com os jesuítas na época da colonização até os anos iniciais da década de 70, nosso recorte cronológico. Nele perceberemos as práticas educacionais na época colonial que basearam as práticas educativas universitárias no Brasil e o desenvolvimento de políticas públicas educacionais que visassem manutenção de toda estrutura social, demarcada pelo grande abismo entre dois mundos considerados antagônicos: o mundo do governo e o mundo da desordem. Uma permitia a existência da outra e acabou influenciado na prática educativa e na formação das universidades nacionais. O capítulo 2 trata precisamente da criação das universidades no Brasil. Fazemos uma análise de sua função, bem como das leis envolvidas que permitiram o surgimento dessas instituições. Este capítulo é a continuação do primeiro, sendo ele todo voltado para o ensino superior. Enquanto o primeiro trata da história do ensino no Brasil, este trata exclusivamente do ensino superior, desde o seu surgimento até o governo. 9 O terceiro capítulo trata de um representante deste pequeno grupo social a serviço das demandas do Estado brasileiro. Apresentamos Armando Magalhães Corrêa e tentamos, com seu exemplo, reconstruir a construção de um intelectual brasileiro. Vimos nos dois primeiros capítulos a intenção institucional da prática docente na formação da elite intelectual brasileira e, através do estudo da trajetória deste intelectual, temos um panorama da criação do indivíduo intelectual que será um dos legitimadores dos governos nacionais. 10 CAPITULO I O ENSINO NA HISTÓRIA DO BRASIL. O ensino no Brasil deve ser compreendido através do contexto histórico no qual foi ele edificado. Se entendermos a educação como prática política, criada e ministrada pelo Estado, deverá ela ser voltada a satisfação dos planos e anseios de desenvolvimento do país de acordo com as necessidades imediatas de cada época da história nacional. Com o ensino superior foi a mesma realidade. A educação no Brasil sempre foi vítima de descaso e recebeu pouca importância das esferas políticas. Isso pode ser compreendido na própria criação do país. A característica de colônia acabou por colocar a educação em segundo plano em uma região no qual o que interessava era a riqueza fácil e a exploração de nativos. Os movimentos educacionais foram acompanhadas das catequizações dos nativos por parte dos religiosos que viajaram as novas terras em busca de novas almas para serem convertidas ao cristianismo. No momento da colonização, a educação que não existia no país foi promovida por algumas resoluções da metrópole, inclusive no momento da chegada de Marquês de Pombal ao ministério de Portugal, que reformulou o ensino da colônia. Houve alguma movimentação em prol da educação nacional no momento do império. Neste momento temos como exemplo a criação do Colégio Pedro II e de outras instituições de ensino que atendessem a uma pequena parcela da população, designada como o “mundo do governo” (MATTOS, 2004). Era essa camada da sociedade imperial que tinha acesso as letras, algo que estava sendo solicitada por parte desse mesmo nicho social. 11 Com o surgimento da república e com o conceito de Res pública, o ensino passa a ser progressivamente dever do estado e direito de todos. Na República tentaram-se várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo. (PILETTI & PILETTI, 1995). Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é a de manter o "status quo" para aqueles que freqüentam os bancos escolares. E no caso brasileiro, formar um grupo de intelectuais que estivessem em consonância aos anseios das políticas do estado brasileiro. Este capítulo tem como objetivo fazer um pequeno resumo da educação no Brasil até o surgimento do ensino superior e sua atuação na sociedade brasileira, apontando também quem eram os indivíduos q formaram a classe intelectual em diferentes contextos históricos. É através da análise do passado da nossa educação que iremos compreender as mudanças vinda de cima que se desenvolveram no âmbito da educação. 1.1 – Ensino na colônia A educação indígena foi o primeiro foco dada a educação nacional com a chegada dos jesuítas. Os primeiros chegaram ao território brasileiro em março de 1549. Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus, em terras brasileiras, e durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé religiosa. 12 No Brasil os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loiola, o Ratio Studiorum. Eles não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar mantinham cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 136). Este modelo funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se existia algo muito bem estruturado, em termos de educação, o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional. (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 135). 13 Desta ruptura, pouca coisa restou de prática educativa no Brasil. Continuaram a funcionar o Seminário Episcospal, no Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que não se encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e Edificações Militares, na Bahia, e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro. Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de radicais diferenças de objetivos com os dos interesses da Corte. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras potências européias da época. Além disso, Lisboa passou por um terremoto que destruiu parte significativa da cidade e precisava ser reerguida. A educação jesuítica não convinha aos interesses comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado. (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 137). Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, Pombal criava as aulas régias de Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que só passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras. Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso instituiu o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e médio. Criado em 1772 o “subsídio” era uma taxação, ou um imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi cobrado com regularidade e os professores ficavam longos períodos sem receber vencimentos à espera de uma solução vinda de Portugal. 14 Os professores geralmente não tinham preparação para a função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias. (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 138.). O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX, a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado para dar continuidade a um trabalho de educação. Pombal, a nosso ver, foi o carrasco de uma educação que poderia ter sido efetiva e de qualidade, caso os jesuítas não tivessem sido expulsos. O Brasil só viu efetivamente educação, com alguma qualidade, com os jesuítas. Não entrarei aqui nesse debate, mas hoje grande número de colégios administrados pelas igrejas, que se firmaram em solo tupiniquim são considerados de alto padrão atualmente. 1.2 - A chegada da Família Real e o período imperial brasileiro. A vinda da Família Real em 1808 permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para atender as necessidades de sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. O surgimento da imprensa permitiu que os fatos e as idéias fossem divulgados e discutidos no meio da população letrada, preparando terreno propício para as questões políticas que permearam o período seguinte da História do Brasil. Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores institui-se o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. 15 Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para meninas. Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Se houve intenção de bons resultados não foi o que aconteceu, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-se mais uma vez, obtendo resultados pífios. Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se fez de concreto pela educação brasileira. O Imperador D. Pedro II, quando perguntado que profissão escolheria não fosse Imperador, afirmou que gostaria de ser "mestre-escola". Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi feito, em sua gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema educacional. 1.3 – As Repúblicas A República proclamada adotou o modelo político americano baseado no sistema presidencialista. Na organização escolar percebe-se influência da filosofia positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira. (NISKIER, 1995, p. 266). 16 Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 162) Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava os princípios pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária, já que o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando o ensino enciclopédico. O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as matérias e retira a biologia, a sociologia e a moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da científica. A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se tornasse formador do cidadão e não como simples promotor a um nível seguinte. Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais, e de freqüência. Além disso, prega ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao ensino superior para as faculdades. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para a educação brasileira. Num período complexo da História do Brasil surge a Reforma João Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes. No que se refere à educação, foram realizadas diversas reformas de abrangência estadual, como as de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas, em 1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito 17 Federal (atual Rio de Janeiro), em 1928 e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928. A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo capitalista de produção. A acumulação de capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil pudesse investir no mercado interno e na produção industrial. A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona decretos organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos". Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores da época. Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, no atual município do Rio de Janeiro, com uma Faculdade de Educação na qual se situava o Instituto de Educação. Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são compostas por Decretos-lei que criam o Serviço 18 Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e valoriza o ensino profissionalizante. O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de curso primário, quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser na modalidade clássico ou científico. O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para o ensino superior, e passou a se preocupar mais com a formação geral. Apesar dessa divisão do ensino secundário, entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre o científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial. O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma nova Constituição de cunho liberal e democrático. Esta nova Constituição, na área da Educação, determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá competência à União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Além disso, a nova Constituição fez voltar o preceito de que a educação é direito de todos, inspirada nos princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 30. Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de 1946, o Ministro Clemente Mariani, cria uma comissão com o objetivo de elaborar um anteprojeto de reforma geral da educação nacional. Esta comissão, presidida pelo educador Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: uma para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino Superior. Em novembro de 1948 este anteprojeto foi encaminhado à Câmara Federal, dando início a uma luta ideológica em torno das propostas apresentadas. Num primeiro momento as discussões estavam voltadas às interpretações contraditórias das propostas constitucionais. Num momento posterior, após a apresentação de um substitutivo do Deputado Carlos Lacerda, as discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da 19 responsabilidade do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha geração de 1930, e a participação das instituições privadas de ensino. Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da educação aos brasileiros. 1.4 – O governo militar Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram "comunizantes e subversivas". O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti-democrático de sua proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram presos e feridos, nos confronto com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores. Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. Para acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 203). Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em sua didática, do Método Paulo Freire. O MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil, mas não conseguiu. E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e no seu lugar criou-se a Fundação Educar. 20 É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante. 1.5 – A volta da democracia. No fim do Regime Militar a discussão sobre as questões educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que as questões pertinentes à escola, à sala de aula, à didática, à relação direta entre professor e estudante e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, profissionais de outras áreas, distantes do conhecimento pedagógico, passaram a assumir postos na área da educação e a concretizar discursos em nome do saber pedagógico. No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado Octávio Elísio, em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge Hage enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que acabou por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos após o encaminhamento do Deputado Octávio Elísio. Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase politicamente marcante na educação, foi o trabalho do economista e Ministro da Educação Paulo Renato de Souza. Logo no início de sua gestão, através de uma Medida Provisória extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o Conselho menos burocrático e mais político. 21 Mesmo que possamos não concordar com a forma como foram executados alguns programas, temos que reconhecer que, em toda a História da Educação no Brasil, contada a partir do descobrimento, jamais houve execução de tantos projetos na área da educação numa só administração. 22 CAPITULO II A UNIVERSIDADE BRASILEIRA A ideia de estabelecer universidades no Brasil tornara a ser objeto de debates na Assembléia Constituinte de 1823, continuou a se manifestar durante o Segundo Reinado através de vários projetos até chegar ao de 1881, patrocinado pelo Barão Homem de Melo. Contra a ideia, os positivistas iniciaram na imprensa uma violenta campanha através de artigos publicados por Teixeira Mendes, que contava com o apoio de Miguel Lemos, defensor do Positivismo no Brasil (NISKIER, 1995, p. 162). Este capítulo terá como objetivo mostrar as discussões sobre o ensino superior no Brasil e as reformas que alteraram sua característica através das reformas educacionais. É um dos mais elucidativos capítulos da historia da educação nacional. 2.1 – A criação das universidades brasileiras: Império e República Velha. A história da criação de universidade no Brasil revela, inicialmente, considerável resistência, seja de Portugal, como reflexo de sua política de colonização, seja da parte de brasileiros, que não viam justificativa para a criação de uma instituição desse gênero na Colônia, considerando mais adequado que as elites da época procurassem a Europa para realizar seus estudos superiores (MOACYR, 1937, p. 580-581). Desde logo, negou-a a Coroa portuguesa aos jesuítas que, ainda no século XVI, tentaram criá-la na Colônia. Em decorrência, os alunos graduados nos colégios jesuítas iam para a Universidade de Coimbra ou para outras universidades européias, a fim de completar seus estudos. Entre as tentativas de criação de universidade no Brasil, ao longo dos anos, registra-se, no nível das intenções, a que constava da agenda da Inconfidência Mineira. Tentativas, sem êxito, continuam por mais de um século. Uma delas coincide com a transferência da sede da Monarquia para o Brasil. 23 Portanto, não seria exagero inferir que Portugal exerceu, até o final do Primeiro Reinado, grande influência na formação de nossas elites. Todos os esforços de criação de universidades, nos períodos colonial e monárquico, foram malogrados, o que denota uma política de controle por parte da Metrópole de qualquer iniciativa que vislumbrasse sinais de independência cultural e política da Colônia (FÁVERO, 2000, p. 18-19). Importa lembrar ainda que, mesmo como sede da Monarquia, o Brasil consegue apenas o funcionamento de algumas escolas superiores de caráter profissionalizante. Ou seja, “o novo ensino superior nasceu sob o signo Don Estado Nacional” (CUNHA, 1980, p. 62). A partir de 1808, são criados cursos e academias destinados a formar, sobretudo, profissionais para o Estado, assim como especialistas na produção de bens simbólicos, e num plano, talvez, secundário, profissionais de nível médio (CUNHA, 1980). Nesse contexto, no ano da transmigração da Família Real para o Brasil é criado, por Decreto de 18 de fevereiro de 1808, o Curso Médico de Cirurgia na Bahia e, em 5 de novembro do mesmo ano, é instituída, no Hospital Militar do Rio de Janeiro, uma Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica. Outros atos são sancionados e contribuem para a instalação, no Rio de Janeiro e na Bahia, de dois centros médico-cirúrgicos, matrizes das atuais Faculdades de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) (VILLANOVA, 1948, p. 8). Em 1810, por meio da Carta Régia de 4 de dezembro, é instituída a Academia Real Militar, inaugurada em abril do ano seguinte. Foi nessa Academia que se implantou o núcleo inicial da atual Escola de Engenharia da UFRJ (VILLANOVA, 1948). Algumas modificações mais significativas parecem ocorrer com a criação dos cursos jurídicos, em 1827, instalados no ano seguinte: um em 1º de março de 1828, no Convento de São Francisco, em São Paulo, e outro no Mosteiro de São Bento, em Olinda, em 15 de maio daquele ano. Segundo João Roberto Moreira, esses dois cursos passam a ter grande influência na formação de elites e na mentalidade política do Império. Constituem, sem dúvida, centros de irradiação de novas idéias filosóficas, de movimentos literários, de debates e discussões culturais que interessavam à 24 mentalidade da época. E mais, tornam-se provedores de quadros para as assembléias, para o governo das províncias e também para o governo central (MOREIRA, 1960, p.53). No Império, outras tentativas de criação de universidades se fizeram sem êxito; uma delas foi apresentada pelo próprio Imperador, em sua última Fala do Trono (1889), propondo a criação de duas universidades, uma no Norte e outra no Sul do país, que poderiam constituir-se centros de alta organização científica e literária. Proclamada a República, outras tentativas são feitas. Cabe lembrar que, na Constituição de 1891, o ensino superior é mantido como atribuição do Poder Central, mas não exclusivamente. De 1889 até a Revolução de 1930, o ensino superior no país sofreu várias alterações em decorrência da promulgação de diferentes dispositivos legais. “Seu início coincide com a influência positivista na política educacional, marcada pela atuação de Benjamin Constant, de 1890-1891” (CUNHA, 1980, p. 132). Tal orientação é ainda mais acentuada com a Reforma Rivadávia Corrêa, em 1911, que institui também o ensino livre. Embora o surgimento da universidade, apoiado em ato do Governo Federal, continuasse sendo postergado, o regime de “desoficialização” do ensino acabou por gerar condições para o surgimento de universidades, tendendo o movimento a deslocar-se provisoriamente da órbita do Governo Federal para a dos Estados. Nesse contexto surge, em 1909, a Universidade de Manaus; em 1911 é instituída a de São Paulo e, em 1912, a do Paraná (MICHELOTTO, 2006) como instituições livres. Será oportuno observar, no entanto, que somente em 1915 a Reforma Carlos Maximiliano, por meio do Decreto nº 11.530 (NISKIER, 1995, p. 205) dispõe a respeito da instituição de uma universidade, determinando em seu art. 6º: “O Governo Federal, quando achar oportuno, reunirá em universidade as Escolas Politécnica e de Medicina do Rio de Janeiro, incorporando a elas uma das Faculdades Livres de Direito, dispensando-a da taxa de fiscalização e dando- lhe gratuitamente edifício para funcionar”. 25 Em decorrência, a 7 de setembro de 1920, por meio do Decreto nº 14.343, o Presidente Epitácio Pessoa institui a Universidade do Rio de Janeiro (URJ) (NISKIER, 1995, p. 223), considerando oportuno dar execução ao disposto no decreto de 1915. Reunidas aquelas três unidades de caráter profissional, foi-lhes assegurada autonomia didática e administrativa. Desse modo, a primeira universidade oficial é criada, resultando da justaposição de três escolas tradicionais, sem maior integração entre elas e cada uma conservando suas características. E mais, comparando a Exposição de Motivos do Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Alfredo Pinto Vieira de Mello, com a forma simplificada e modesta, em termos de estrutura acadêmico-administrativa da primeira universidade oficial no país, resultaram desse cotejo sérias críticas. “O Decreto de 7 de setembro findo, com o qual o governo da República instituiu a Universidade do Rio de Janeiro, por julgar oportuno dar execução ao disposto no art. 6º do Decreto nº 11.530, de 18 de março de 1915, contém poucos artigos e trata a matéria da forma mais geral e vaga, de modo a não deixar no espírito de quem lê a noção exata e segura da verdadeira orientação a ser seguida pelo nosso Instituto Universitário”. (FÁVERO, 2006, p. 22). Todavia, apesar das restrições feitas à criação dessa Universidade, cabe assinalar que, na história da educação superior brasileira, a Universidade do Rio de Janeiro é a primeira instituição universitária criada legalmente pelo Governo Federal. Não obstante todos os problemas e incongruências existentes em torno de sua criação, um aspecto não poderá ser subestimado: sua instituição teve o mérito de reavivar e intensificar o debate em torno do problema universitário no país. Esse debate, nos anos 20 do século passado, adquire expressão graças, sobretudo, à atuação da Associação Brasileira de Educação (ABE) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Entre as questões recorrentes destacam-se: concepção de universidade; funções que deverão caber às universidades brasileiras; autonomia universitária e modelo de universidade a ser adotado no Brasil (NISKIER, 1995). 26 No que diz respeito às funções e ao papel da universidade, há duas posições: os que defendem como suas funções básicas a de desenvolver a pesquisa científica, além de formar profissionais, e os que consideram ser prioridade a formação profissional. Há, ainda, uma posição que poderia talvez vir a constituir-se em desdobramento da primeira. De acordo com essa visão, a universidade, para ser digna dessa denominação, deveria tornar- se um foco de cultura, de disseminação de ciência adquirida e de criação da ciência nova (ABE, 1929). Tais questões são também objeto de discussão na 1ª Conferência Nacional de Educação, realizada em Curitiba, em 1927, a partir da tese As Universidades e a Pesquisa Científica, apresentada por Amoroso Costa. A propósito, pode-se observar que, embora existissem posições divergentes, a tese defendida por Amoroso Costa, juntamente com o movimento liderado pela ABE, ainda que não houvesse dentro da Associação um conceito unívoco de ciência, era introduzir a pesquisa como núcleo da instituição universitária (PAIM, 1982, p. 18). No entanto, essa visão de universidade não chega a ser concretizada nos anos de 1920, nem na esfera federal, com a Universidade do Rio de Janeiro, nem na estadual, com a criação, em 1927, da Universidade de Minas Gerais, instituída, também, segundo o modelo da primeira. 2.2 – As universidades brasileiras – 1930 a 1970. Se a Primeira República é caracterizada pela descentralização política, a partir dos anos 20 e, sobretudo, após 1930, essa tendência se reverte, começando a se incrementar uma acentuada e crescente centralização nos mais diferentes setores da sociedade. Nesse contexto, o Governo Provisório cria o Ministério da Educação e Saúde Pública (14/11/1930), tendo como seu primeiro titular Francisco Campos, que, a partir de 1931, elabora e implementa reformas de ensino – secundário, superior e comercial – com acentuada tônica centralizadora. Trata-se, sem dúvida, de adaptar a educação escolar a diretrizes que vão assumir formas bem definidas, tanto no campo político quanto no educacional, tendo como preocupação desenvolver um ensino mais 27 adequado à modernização do país, com ênfase na formação de elite e na capacitação para o trabalho. Nessa linha, o Governo Federal elabora seu projeto universitário, articulando medidas que se estendem desde a promulgação do Estatuto das Universidades Brasileiras (Decreto-lei nº 19.851/31) (PILETTI, 1995, p. 180) à organização da Universidade do Rio de Janeiro (Decreto-lei nº 19.852/31) e à criação do Conselho Nacional de Educação (Decreto-lei nº 19.850/31) (PILETTI & PILETTI, 1995). Referindo-se às finalidades da Universidade, Campos insiste em não reduzi-las apenas à sua função didática. Para o Ministro, “sua finalidade transcende o exclusivo propósito do ensino, envolvendo preocupações de pura ciência e de cultura desinteressada” (CAMPOS, 1931, p. 4). No plano do discurso, caberia à Faculdade de Educação, Ciências e Letras imprimir à universidade seu “caráter propriamente universitário”, o que na prática não irá ocorrer. Analisando o Decreto nº 19.852/31, que dá nova organização à Universidade do Rio de Janeiro, observa-se que esse dispositivo é rico em pormenores sobre a citada Faculdade; contudo, não chega a ser imediatamente instalada pelo Governo Federal. Examinando-se o art. 196, verifica-se ainda que não se atribui a essa faculdade o caráter de unidade integradora dos diferentes institutos universitários, desde que sua existência não é obrigatória. Analisando-se o Estatuto das Universidades Brasileiras, outras questões merecem registro. A primeira refere-se à integração das escolas ou faculdades na nova estrutura universitária. Pelo Estatuto, elas se apresentam como verdadeiras “ilhas” dependentes da administração superior. Outra questão relaciona-se à cátedra, unidade operativa de ensino e pesquisa docente, entregue a um professor. No Brasil, os privilégios do professor catedrático adquiriram uma feição histórica, apresentando-se o regime de cátedra como núcleo ou alma mater das instituições de ensino superior. E mais, a idéia de cátedra contida nesse Estatuto ganha força com as Constituições de 1934 e 1946, subsistindo até 1968, quando é extinta na organização do ensino superior, mediante a Lei nº 5.540/68. Na Reforma Campos, uma questão, ainda hoje desafiadora, diz respeito à concessão da relativa autonomia universitária como preparação gradual para a autonomia plena. Embora ressalte, na Exposição de Motivos 28 sobre a reforma do ensino superior, não ser possível, naquele momento, conceder-se autonomia plena às universidades, a questão fica, a rigor, em aberto. Apesar da tendência a uma centralização cada vez maior, reflexo da política autoritária adotada desde o início do Governo Provisório, houve iniciativas em matéria de educação superior, nesse período, que expressam posições contrastantes. Entre outras, podemos destacar: a criação da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, e a da Universidade do Distrito Federal (UDF), em 1935. Com a promulgação da segunda Constituição Republicana (1934) e a eleição do presidente Getúlio Vargas pelo Congresso, havia a expectativa de que a democracia liberal fosse instituída no país. Mas, logo a seguir, as tendências centralizadoras e autoritárias recuperam a hegemonia. A abertura, proporcionada pela Revolução de 1930, passou a ser vista como um erro a ser corrigido. A partir de 1935, ampliam-se tendências centralizadoras e autoritárias, assegurando um clima propício à implantação do Estado Novo. Nos agitados meses desse ano, durante a gestão do prefeito Pedro Ernesto, foi instituída a Universidade do Distrito Federal (UDF), graças ao esforço, tenacidade e iniciativa de Anísio Teixeira. A UDF surge com uma vocação científica e estrutura totalmente diferente das universidades existentes no país, inclusive da USP, caracterizando-se como um empreendimento que procura materializar “as concepções e propostas da intelectualidade que, ligada à ABE e à ABC, empunhara, na década anterior, a bandeira de criação da universidade como lugar da atividade científica livre e da produção cultural desinteressada” (ALMEIDA, 1989, p. 195). Fundada no Rio de Janeiro, capital da República, pelo Decreto Municipal nº 5.513/35, apesar de ter existido por período inferior a quatro anos essa instituição marcou significativamente a história da universidade no país, pela forma criadora e inovações com que a experiência se desenvolveu. Vale lembrar que, desde o início, apesar de grandes obstáculos, ela se apresenta não somente com uma definição precisa 29 e original do sentido e das funções da universidade, mas também prevê os mecanismos que se fazem necessários, em termos de recursos humanos e materiais, para a consecução de seus objetivos. Será oportuno lembrar que, em 1935, o Poder Executivo elabora e encaminha ao Legislativo o Plano de Reorganização do Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP). Na exposição de motivos que acompanha o projeto de lei, no item “Serviços relativos à educação”, o Ministro Capanema assinala: “É à luz do critério de que a União não deve criar, manter e dirigir senão os serviços de significação nacional, que vamos enumerar quais hão de ser os serviços federais de educação” (BRASIL. MESP, 1935, p. 26). Entre outros, o primeiro mencionado é a Universidade do Brasil. A respeito dessa instituição frisa: “À universidade, instituída, mantida e dirigida pela União, há de caber, sob todos os pontos de vista, uma função de caráter nacional” (BRASIL. MESP, 1935), ressaltando que, em primeiro lugar, ela deve tornar-se padrão, não querendo afirmar com isso “que todas as universidades do Brasil devam ser iguais à universidade federal” (BRASIL. MESP, 1935, p. 29). Vale observar ainda que, ao instituir a Universidade do Brasil, a Lei nº 452/37, que a criou, não faz referência ao princípio de autonomia em suas disposições gerais. Essa inferência procede quando se analisa o art. 27, o qual dispõe que tanto o reitor como os diretores dos estabelecimentos de ensino seriam escolhidos pelo presidente da República, dentre os respectivos catedráticos e nomeados em comissão. Por outro lado, torna-se expressamente proibida, aos professores e alunos da universidade, qualquer atitude de caráter político-partidário ou comparecer às atividades universitárias com uniforme ou emblema de partidos políticos. Essas determinações não seriam de estranhar, considerando-se o contexto em que elas são elaboradas. Com a deposição do presidente Vargas, em outubro de 1945, e o fim do Estado Novo, o país entra em nova fase de sua história. Inicia-se um movimento para repensar o que estava identificado com o regime autoritário até então vigente. A chamada “redemocratização do país” consubstanciada na 30 promulgação de uma nova Constituição, em 16 de setembro de 1946, que se caracterizou, de modo geral, pelo caráter liberal de seus enunciados, como se pode observar no capítulo “Da declaração de direitos” e especialmente no que trata “dos direitos e das garantias individuais”. No final dos anos 1940, como no início dos anos 50, começam a esboçar-se nas universidades algumas tentativas de luta por uma autonomia universitária, tanto externa como interna. Todavia, a situação é complexa. A propósito, Raul Bittencourt observa: “mesmo depois do Estado Novo, quando essa Universidade se torna autônoma por decreto, a situação não muda muito”, acrescentando: é suficiente pensar no “DASP a intervir, dia a mais dia, na vida das universidades federais, com aspereza e inciência” (1946, p. 562). Quanto à institucionalização da pesquisa científica, Antônio Paim, fazendo um balanço das instituições universitárias nos anos 80, observa: “(...) o impulso original que a pesquisa científica veio alcançar entre 1935 e 1945 leva a uma grande frustração na década de 50. Tornada instrumento de consolidação da universidade, que fora recusada sistematicamente ao longo de mais de um século, a pesquisa científica não chega contudo a assumir igualmente feição acabada”. (PAIM, 1982, p. 80). A partir da década de 50, acelera-se o ritmo de desenvolvimento no país, provocado pela industrialização e pelo crescimento econômico. Simultaneamente às várias transformações que ocorrem, tanto no campo econômico quanto no sociocultural, surge, de forma mais ou menos explícita, a tomada de consciência, por vários setores da sociedade, da situação precária em que se encontravam as universidades no Brasil. Essa luta começa a tomar consistência por ocasião da tramitação do projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sobretudo na segunda metade dos anos 1950, com a discussão em torno da questão escola pública versus escola privada. Limitados inicialmente ao meio acadêmico, os debates e reivindicações deixam de ser obra exclusiva de professores e estudantes para incorporarem vozes novas em uma análise crítica e sistemática da universidade no país. 31 O movimento pela modernização do ensino superior no Brasil, embora se faça sentir a partir de então, vai atingir seu ápice com a criação da Universidade de Brasília (UnB). Instituída por meio da Lei nº 3.998, de 15 de dezembro de 1961, a UnB surge não apenas como a mais moderna universidade do país naquele período, mas como um divisor de águas na história das instituições universitárias, quer por suas finalidades, quer por sua organização institucional, como o foram a USP e a UDF nos anos 30. Ainda no início dos anos 60, algumas universidades, entre elas a Universidade do Brasil, elaboram planos de reformulação estrutural. No caso da UB, o Conselho Universitário designa, em fevereiro de 1962, uma comissão especial para tratar da questão. De seus trabalhos resulta o documento Diretrizes para a Reforma da Universidade do Brasil. Em junho de 1963, essas diretrizes são aprovadas pelo Conselho Universitário, mas, com o golpe militar de 1964, sua implantação é sustada. Com base em estudos realizados na Universidade do Brasil, o Ministro da Educação, Raymundo Moniz Aragão – que havia sido um dos membros da referida comissão – dirige, em 1966, Aviso ao Conselho Federal de Educação (CFE), solicitando uma assessoria no sentido de formulação de dispositivo legal que corporificaria recomendações contidas no documento da UB. O anteprojeto emanado do CFE, com pequenas modificações, é transformado no Decreto-lei nº 53/66. Logo a seguir, ainda com a participação do CFE, é formulado e expedido o Decreto-lei nº 252 que, segundo o Ministro, tratava-se de “explicativa de pontos menos claros no diploma anterior e revogativo de algumas disposições do Estatuto do Magistério (Lei nº 4.881-A/65) que davam grande ênfase à cátedra” (ARAGÃO, 1968, p. 10). No mesmo período, outras medidas oficiais são adotadas em relação à universidade. Três delas merecem destaque: o plano de assistência técnica estrangeira, consubstanciado pelos acordos MEC/USAID; o Plano Atcon (1966) e o Relatório Meira Mattos (1968). Concebida como estratégia de hegemonia, a intervenção da USAID na América Latina se processa de modo integrado, nos anos 60, em várias áreas e sob três linhas de atuação: assistência técnica; assistência financeira, traduzida em recursos para financiamento de projetos e compra de 32 equipamentos nos EUA, além da assistência militar, concretizada pela vinda de consultores militares norteamericanos ao Brasil e do treinamento de militares brasileiros nos Estados Unidos, assim como do fornecimento de equipamentos militares (FÁVERO, 2000, p. 152-153). Com este pequeno resumo da história da universidade brasileira vimos que ela só existiu graças às mudanças capitalistas e governamentais ocorridas na história nacional. Uma das coisas que não podemos dizer é que ela não foi isenta de ideologias. As propostas educacionais apresentadas para o desenvolvimento da educação superior no Brasil são todas elas produtos de uma ideologia que até hoje são vistas nas políticas educacionais brasileiras. 33 CAPITULO III A TRAJETÓRIA E A CONSTRUÇÃO DE UM INTELECTUAL BRASILEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX: ARMANDO MAGALHÃES CORRÊA. O presente capítulo deste trabalho mostrará um exemplo de formação de um intelectual no inicio do século passado. Armando Magalhães Corrêa foi escolhido por nós devido a pesquisa desenvolvida no mestrado da UNIRIO com relação a construção da intelectualidade brasileira nos primeiros anos do século XX. Esse personagem irá de encontro ao nosso trabalho no intuito de mostrar que a educação superior no Brasil, principalmente no século passado, era pautado na preocupação de uma formação de uma elite intelectual que se ajustava a realidade social e econômica de então. Em outras palavras, copilando as ideias de Nelson Piletti, a educação superior nacional era voltada para a elite do país. E foi essa elite intelectual formada que hoje acaba orientando toda cultura brasileira e o modo como nos vemos. Um exemplo disso está na ideia do Brasil ser visto como um país de potencial agrário. A elite intelectual brasileira cristalizou isso nos debates com relação a construção do símbolo nacional e ao próprio nacionalismo. Hoje o que simboliza o Brasil, tanto no exterior como no próprio país é a imagem do sertanejo do livro Os Sertões; o herói nacional na pele do bandido Lampião; a riqueza nacional simbolizada pela exuberância das suas florestas. Não iremos aqui nos aprofundar nesta temática, mas apresentamos para que possamos construir o pensamento sobre o que é realmente o Brasil: uma construção de uma elite intelectual formada pelas universidades que aceitavam os mais abastados em detrimento ao homem comum, aquele que deveria ser útil nas lavouras do nosso país. 34 3.1 – Os intelectuais: conceituação Para falarmos sobre intelectuais devemos antes de tudo conceituar o que seria um intelectual. Usaremos as ideias de Gramsci que vai ao encontro do que pretendemos aqui: vincular a intelectualidade, o grupo social construído para atender às demandas do poder. A universidade, como defende Piletti, era o veículo legal do estado para formar os intelectuais necessários para a formação da classe dominante do país. Durante toda a primeira república manteve-se no Brasil a dualidade de sistemas e de competências em matéria educacional: de um lado, “o sistema federal, cuja principal preocupação era a formação das elites, através dos cursos secundário e superior; de outro lado, os sistemas estaduais (...) limitavam-se a organizar e manter a educação das camadas populares” (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 161) A cultura predominante na sociedade é a cultura burguesa. As escolas tradicionais (a universidade é também uma escola) transmitem um conhecimento que deriva da classe dominante, caracterizando-se assim, como elitista. Este tipo de escola foi criado como meio de propagar a cultura burguesa e enquadrar todos os indivíduos nos moldes desta cultura. Os intelectuais são formados no interior de sua classe. Todo grupo social possui um intelectual que assume a função de representar sua classe e de conscientizá-la. A escola é o instrumento para elaborar os intelectuais de diversos níveis. A complexidade da função intelectual nos vários Estados pode ser objetivamente medida pela quantidade de escolas especializadas e pela sua hierarquização: quanto mais extensa for a “área” escolar e quanto mais numerosos forem os “graus verticais” da escola, tão mais complexo será o mundo cultural, a civilização, de um determinado Estado (GRAMSCI, 2001 p. 19). A república, por sua vez, era defendida pelos intelectuais no contexto de uma reforma das instituições políticas e sociais. De fato, a instituição da república era geralmente percebida como a panacéia contra todos os males que distanciavam o país desse "mundo civilizado" cujos produtos culturais 35 constituíam o alimento e o espelho da maior parte dos intelectuais da época. Estes propagandistas republicanos, entretanto, eram bastante valorizados nessa monarquia que queriam ver desaparecer. O próprio imperador era um homem simples, culto e pacífico, protetor das artes e das letras, fundador de vários estabelecimentos de ensino profissional, pintor modesto, poeta de ocasião, em suma, mais propriamente o protótipo de um candidato a uma Academia de Letras qualquer do que o exemplo de um autocrata. Mas a república era concebida como a chave capaz de abrir o sistema político a novos atores e às desejadas reformas, ainda que estas fossem muito vagamente definidas. E a construção de um grupo intelectual era muito importante para a própria vida da república. A participação dos intelectuais na vida nacional respaldava-se na crença de que eles eram uma elite capaz de "salvar" o país, pois estavam sintonizados com as novas tendências do mundo e atentos às diversas manifestações da cultura popular. Os artistas e intelectuais tratavam em suas obras das questões sociais que estavam na ordem do dia e participavam do debate político-ideológico entre a direita e a esquerda que mobilizava o mundo. Nos livros publicados por uma indústria editorial em expansão, aprofundava-se a temática da cultura negra, indígena e caipira. Através da literatura proletária e do romance regionalista fazia-se a crítica dos valores da sociedade patriarcal e oligárquica identificados com o tempo passado. Interessava agora retratar a vida do homem comum das cidades e dos sertões. 3.2 - A Intelectualidade Nacional se sedimenta no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro representava, nas primeiras décadas do século XX, o resumo de toda movimentação cultural do país, “o centro do pensamento nacional” (Jornal O XICOTE, 09/01/1926, p. 2). A capital federal do Brasil recebeu já na chegada de D. João VI, todos os ares europeus de urbanização 36 e de modo de vida, bem como toda gama de intelectuais, professores e artistas que aqui fizeram seu novo lar. Todas as profissões eram vistas aqui: do simples sapateiro e modistas, até professores de etiquetas, além dos musicistas e estrangeiros que aqui se tornavam professores de línguas. A formação de uma intelectualidade é percebida. Com a abertura da Impressão Régia (todas as instituições portuguesas foram transferidas junto com a família real), a ex colônia teve a possibilidade de adentrar em um universo já conhecido desde o século XVI no Velho Mundo e na América Espanhola. Segundo Juliana Meirelles (2008) um dos principais produtos da Impressão Régia foi a edição e a circulação da Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal institucional vigente em nossas terras. Esse jornal, de acordo com Meirelles era “produzido e editado por homens de estrita confiança do rei” (2008, p. 23). Sabemos que Portugal era uma monarquia esclarecida e pouca diferença foi sentida com relação às divisões de grupos vistos na Idade Média. De acordo com a sociedade estamental do período, os nobres eram os que estavam mais próximos do rei. Dessa forma, podemos pensar que o jornal aqui editado era um produto da elite monárquica para a elite nacional, essa que podia bancar os estudos dos seus filhos no exterior ou em outro estado do país. Nelson e Claudino Piletti são taxativos a esse respeito: “a principal preocupação do governo, no que diz respeito à educação, era a formação da elite dirigente, objetivo que o levou a concentrar seus esforços no ensino secundário e superior” (PILETTI & PILETTI, 1995, p. 147). Quem podia estudar eram os filhos dos senhores detentores de engenhos e escravos, principais figuras da manutenção do próprio estado monárquico. As faculdades tinham caráter formativo, profissionalizante, mas também serviu para criar a elite dirigente do país. Era o mundo do governo (MATTOS, 2004) que tinha que ser criado para manter as rédeas do mundo do trabalho e do mundo da desordem. 37 O Rio de Janeiro como capital da república velha mantêm o seu caráter cultural e político de todo o país. De acordo com Angela de Castro Gomes “como capital, a cidade cumpria a missão de representar e civilizar o país, o que sem duvida de ser considerado um fator que impunha à sua intelectualidade uma participação ativa em todas as polêmicas culturais que alcançassem repercussão nacional” (GOMES, 2004, p. 83). A autora nos fala sobre a existência e a articulação de um pequeno mundo intelectual (GOMES, 2004, p. 84) na própria vida social carioca: “salões, boemia, academias e catolicidade seriam eixos poderosos para a compreensão e articulação do pequeno mundo intelectual carioca” (GOMES, 2004, p. 84). Dentro deste contexto social carioca dos primeiros anos do século XX surge um representante que, analisando sua trajetória intelectual, poderemos reconstruir a formação do intelectual e a atuação das faculdades na criação deste indivíduo: Armando Magalhães Corrêa. Magalhães Corrêa foi professor do Museu Nacional, integrante do Conselho Nacional de Belas Artes e um dos fundadores da Associação dos Amigos de Alberto Torres, caracterizado pelo jornal Correio da Manhã como um “circuito muito limitado de homem de ‘ellite’ (que) fazia-se o culto das suas idéas e das suas doutrinas” (CORREIO DA MANHÃ, Anno XXXII, nº 11733, 05 de Março de 1933, p. 5). O próprio jornal classifica seus integrantes como pertencentes ao grupo da elite nacional. Isso confirma as ideias de Piletti quanto ao caráter dos grupos dominantes no país. Pelo mesmo jornal, foi Armando Magalhães Corrêa comparada ao Marechal Rondon no momento do lançamento de sua coletânea de artigos descrevendo Jacarepaguá dos anos 30 que se intitulou Sertão Carioca (IHGB, 1936). Livro hoje raro, quem tem a chance de ler suas crônicas irá ser transportado a um Jacarepaguá do início do século XX, sendo o carro chefe desta publicação seus desenhos a bico de pena para retratar o que via. Sim, Magalhães Correa era também desenhista que prestava seus serviços a ilustrar trabalhos de campo e descrição naturalistas para os trabalhos do 38 Museu Nacional. Dessa forma, Armando Magalhães Corrêa era mais que um intelectual, era também um artista renomado, premiado internacionalmente. Magalhães Corrêa trabalhou no Museu Nacional entre 1918 a 1942 e presenciou a posse de cinco presidentes, dentre eles Edgard Roquette-Pinto e Heloísa Alberto Torres, filha de Alberto Torres. O autor de o Sertão Carioca aparece ocupando o cargo de modelador em um livro de apontamentos de funcionários do Museu Nacional, tornando-se apenas mais um colaborador daquela instituição. Sua vida intelectual começa com a sua entrada para os estudos superiores da Escola Militar de Realengo, mas abandona para se dedicar a Arte. Matriculado na Escola de Belas Artes, foi agraciado com uma bolsa de estudos na França em 1912 para aperfeiçoar a sua escultura. Recebeu vários prêmios entre 1910 e 1930. Freqüentava as casas literárias do Rio de Janeiro após as aulas na Escola de Belas Artes e a recente Biblioteca Nacional (BROCA, 2004). De tanto brilhantismo foi Magalhães Corrêa um dos representantes da Escola Nacional de Belas Artes no enterro de Machado de Assis (Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 02 de outubro de 1908.) “Colocado o esquife sobre a carreta, dela se acercaram os estudantes das nossas faculdades que empunhando os cabos, se puseram em marcha, formando-se após (...);Sylvio Bevilacqua, Leoncio Corrêa, Armando Magalhães Corrêa, Argemiro Cintra, Augusto Bracet, Annibal P. Mattos, pela Escola Nacional de Belas Artes”. (Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 02 de outubro de 1908, p. 8). Em 1918 ele ingressa para o quadro de funcionários do Museu Nacional, lugar que desenvolveu sua curiosidade natural e o classificou como intelectual. Escrevia para o jornal aqui já mencionado Correio da Manhã, deixando de ser colaborador em 1942. 39 O contato com a fina flor intelectual e cientifica nacional motivou a busca de conhecimentos de Armando. Fez parte de trabalhos de campo em estados do Brasil, sempre ilustrando tudo que via através de seus desenhos. Além dessas viagens, Armando Magalhães Corrêa ilustrava também cursos ministrados pelos intelectuais do Museu Nacional como foi o caso do curso de Phytogeografia de Augusto Sampaio, colega de trabalho e amigo pessoal do intelectual editado no jornal que colaborava. Neste pequeno resumo sobre sua atuação intelectual podemos perceber que a sua formação como artista plástico modelador o levou a um patamar acima dos demais, sendo ele considerado pelos jornais um grande intelectual. Pena que hoje pouco se conheça deste personagem. De acordo com Miceli, “o estudo da vida intelectual brasileira em seu período de formação constitui uma ocasião privilegiada de compreender as modalidades com que a produção literária contribui para o trabalho de dominação” da elite sobre o povo. (MICELI, 2001, p. 17). Estudar a intelectualidade proveniente dos cursos superiores do Brasil é realmente algo de muita importância para sabermos como mecanismos de poder acabam interferindo na vida dos indivíduos. Para você ser considerado intelectual deveria ser antes de tudo formado nas faculdades, sejam as de Coimbra ou as do Brasil. A formação da elite pensante vêm ao encontro dos anseios das classes abastadas, detentoras do poder. O conhecimento não foi algo democrático e nunca será apesar de todas as transformações por qual passou a educação nacional. Por mais que tenham sido criados programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos) que aumentou a população mais carente nas salas universitárias, ainda não é algo realmente democrático. Democrático seria se todos tivessem direito a educação de qualidade, com igualdade de chances a todos e não programas assistencialistas que apenas maquiam índices para cumprir metas internacionais. 40 CONCLUSÃO A educação superior, ontem, era mais uma exigência de aprimoramento intelectual. Porém, hoje, é uma exigência de sobrevivência e desenvolvimento do país. A Educação Superior, até bem pouco, tinha caráter humanístico, era privilégio de poucos, quase todos provenientes de famílias dominantes no cenário político e econômico do país. Seus estudantes buscavam mais um “aprimoramento pessoal” do que uma profissão. Mas a importância que adquire, hoje, as questões da ciência, da tecnologia e da comunicação no mundo globalizado, provoca sensíveis transformações nas sociedades contemporâneas em todos os sentidos, sinalizando a construção de uma nova sociedade, uma nova realidade social, obrigando a educação escolar vincularse às práticas sociais e ao mundo do trabalho. Vimos neste trabalho que a intelectualidade nacional foi uma das façanhas mais importantes do governo brasileiro. Era este o grupo responsável pela legitimação de todas as demandas do Estado, inclusive a manutenção do mundo do governo sem alterações. A criação das universidades no Brasil foi seguramente uma criação estatal que pudessem manter todo um estado de coisas. Apesar de precária em sua história, a educação no Brasil serviu estritamente aos interesses de uma pequena classe detentora do poder. A educação não era para todos, inclusive os estudos superiores. Estes eram voltados para os que tinham condições econômicas de enviar seus filhos para a Europa ou para outros estados da federação para estudar. Dessa forma, a classe intelectual que se formava era ela também pertencente ao grupo do poder, confirmando as ideias sobre intelectuais e sua reivindicação 41 de poder por parte de Gramsci. Sendo eles parte de um pequeno grupo, serviam-se das características deste para se legitimar como intelectual em troca de legitimação do próprio poder nacional. Hoje a educação está se expandindo com a inclusão dos menos favorecidos nas universidades através de programas sociais, mas muito ainda precisa ser feito. O sistema nacional de educação superior ainda não está aberto às amplas camadas populacionais no Brasil. A universalização do acesso constitui-se tema emergente, complexo e de fundamental importância, sobretudo se levarmos em consideração o cenário de construção da chamada sociedade do conhecimento e, ainda, as mudanças do mundo do trabalho, o processo de mundialização do capital e as alterações que vêm ocorrendo o papel do Estado desde os anos 1980. Em compensação, o pequeno grupo intelectual continua com sua função: manter o status quo de uma pequena parcela da população detentora do poder, como também das vidas de todos da nação brasileira. 42 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 – Entrevista 'As universidades precisam formar sábios' 43 ANEXO 1 ENTREVISTA Educação 25 de Março de 2011 Entrevista: Drew Faust 'As universidades precisam formar sábios' A reitora de Harvard diz que instituições devem resolver questões práticas, mas não podem ignorar a marca do próprio DNA: produzir conhecimento Por Nathalia Goulart 44 Drew Gilpin Faust, reitora da Harvard University (Fernando Cavalcanti) Primeira mulher a ocupar o posto de reitora da Universidade Harvard, considerada a melhor do mundo em vários campos de pesquisa, a historiadora americana Drew Gilpin Faust é constantemente instada a fazer com que a instituição que dirige apresente soluções práticas para todos os males que afligem o planeta – do desemprego ao aquecimento global. Harvard não se furta a abordar esses problemas. Mas a reitora faz um alerta. A demanda por respostas instantâneas não pode afastar as instituições de ensino superior de uma missão mais elevada: a produção de conhecimento puro, aquele cuja aplicação muitas vezes não se faz de forma imediata. "A sociedade nos pede soluções. Mas a universidade não deve se preocupar apenas com o bem estar imediato dos seres humanos, precisa fazer também com que eles sejam sábios", diz. A acadêmica esteve no Brasil nesta semana para discutir parcerias com universidades locais. "As instituições brasileiras e americanas têm muito o que aprender umas com as outras", afirma. Na entrevista a seguir, ela explica como Harvard mantém a excelência em ensino e pesquisa, como seleciona seus talentos entre milhares de estudantes e conta como o cargo de reitora alterou sua vida pessoal. Esta é sua primeira visita ao Brasil e a universidades brasileiras, com as quais a senhora discute parcerias. O que Harvard, considerada a melhor universidade do mundo, pode fazer por nossas universidades? Vejo nossa relação como uma parceria. O Brasil é uma das economias mais dinâmicas do mundo, tem crescido muito rapidamente e, ao mesmo tempo, enfrenta desafios em áreas pelas quais nos interessamos, como meio ambiente. As instituições brasileiras e americanas têm muito o que aprender umas com as outras. Segundo João Grandino Rodas, reitor da Universidade de São Paulo, a mais prestigiada instituição do país, o ensino superior local se encontra na mesma situação que o americano há cem anos. O que as universidades brasileiras têm a oferecer a Harvard? O Brasil tem ótimos pesquisadores e estudantes com perspectivas diferentes daquelas a que estamos habituados. Temos muito o que aprender com essa diferença. 45 Harvard recebeu mais de 30.000 inscrições de estudantes ano passado, para preencher cerca de 1.600 vagas. Como escolher os melhores? É preciso ir atrás deles? Sim. Nossos escritórios de admissão visitam escolas dentro e fora dos Estados Unidos para falar sobre Harvard e sobre nosso generoso programa de ajuda de custo. Esse esclarecimento é importante porque a tendência é que o estudante pense que Harvard jamais se interessará por ele ou que ele jamais conseguirá pagar integralmente seus estudos. Por isso, vamos aos estudantes mostrar quem somos, como selecionamos nossos alunos e que apoiamos aqueles oriundos de famílias modestas. No Brasil, a seleção de alunos é feita a partir de uma única prova. Ao contrário dos Estados Unidos, aqui, não são levados em conta o desempenho dos estudantes no ensino médio ou demais aptidões ou projetos. O sistema brasileiro de seleção prejudica a eficiência de nossas universidades? Eu não ousaria julgar o processo seletivo das universidades brasileiras, mas posso explicar como fazemos em Harvard. Nosso sistema de seleção também está baseado em exames de qualificação, como o SAT. Além disso, avaliamos ensaios que os candidatos nos enviam. Eles servem para avaliar a escrita e as ideias de cada jovem. Também estamos interessados no histórico escolar do aluno, em como ele evoluiu ao longo do ensino médio, e nas atividades extracurriculares. É importante mostrar liderança, caráter e diversidade de interesses. A convivência no campus é algo muito valorizado e saber que cada estudante vai contribuir de forma enriquecedora é uma força que nos motiva na hora de selecionar nossos estudantes. Uma pergunta simples: o que faz de Harvard a melhor universidade do mundo? Além de Harvard ter uma longa tradição de excelência, nos preocupamos em atrair os melhores talentos. E acredito que isso seja parte significativa do que leva Harvard ocupar e sustentar essa posição de liderança. As pessoas sabem que ali é um lugar que nutre talentos e excelência, e todos querem fazer parte disso. Também fomos, ao longo dos anos, recebendo a ajuda generosa de famílias, apoiadores e ex- alunos, pessoas que continuam a contribuir com Harvard mesmo depois de terem deixado a universidade. Essa ajuda é muito importante para nós. O caráter multinacional do campus, com pessoas de diversos países e culturas, contribui para a inovação e excelência? Certamente. Durante minha estadia aqui em São Paulo, conversei com brasileiros que estudaram em Harvard. Eles me falaram sobre esse caráter multinacional e sobre como isso torna animador o ambiente. Somados todos os níveis de graduação, Harvard conta hoje com de 20% de estrangeiros. Isso torna constante o processo de descoberta. Os estudantes vão buscar no mapa onde seus companheiros vivem, começam a se preocupar com o que está acontecendo no mundo e aguçam suas curiosidades por outras culturas. Também incentivamos nossos estudantes a embarcar em experiências fora dos Estados Unidos enquanto estão cursando a graduação. Continue a ler a entrevista Divulgação/Universidade de Harvard 46 Drew Faust (ao centro) encontra estudantes brasileiros durante sua passagem por São Paulo Em artigo recente para o jornal The New York Times, a senhora afirma que as universidades vivem uma crise de propósitos. Poderia explicar essa ideia? Um debate frequente de nossos dias é acerca de como as universidades podem contribuir com as necessidades mais imediatas da sociedade. Algumas delas são necessidades econômicas, e os estudantes vão às universidades de forma a serem treinados e qualificados para futuros empregos. Outras são descobertas e inovações e outros tipos de intervenções que podem ter um efeito imediato no mundo, como a cura de uma doença. Mas as universidades têm outros propósitos, que são de longo prazo e que são mais difíceis de mensurar, mas que são extremamente importantes para todos nós. No encontro que tive com os reitores brasileiros, ouvi uma frase que resume esse pensamento: a sociedade nos pede soluções para problemas práticos. Mas a universidade não deve se preocupar apenas com o bem estar imediato dos seres humanos, precisa fazer também com que eles sejam sábios. As universidades têm esse propósito humano, histórico, antropológico, que nos faz transcender o momento presente. Não nos preocupamos apenas se nossos alunos terão emprego amanhã. Precisamos garantir que eles tenham conhecimento. Os Estados Unidos e o mundo enfrentam grandes desafios, como superar a crise econômica, combater o aquecimento global, garantir o suprimento de energia, entre outros. Como as universidades, do Brasil e dos Estados Unidos, podem ajudar seus cidadãos? As respostas para esses problemas estão relacionadas ao conhecimento. Portanto, as pesquisas e a educação que as universidades oferecem têm um grande impacto. No ano passado, eu estava em Botsuana e um dos cientistas desenvolveu uma técnica para bloquear a transmissão do vírus da HIV da mãe para o bebê. Foi muito 47 comovente ver como o conhecimento e a pesquisa fizeram uma enorme diferença na vida daquelas crianças. Exemplos como esse mostram como as pesquisas realizadas nas universidades podem realmente fazer a diferença no combate a problemas mundiais. A crise econômica americana afetou as finanças de Harvard? O que foi feito para superar isso? Com a crise, uma das nossas maiores fontes de renda – as doações vindas de ex-alunos e outros doadores – foi severamente reduzida. Responsável pelo pagamento de 35% das nossas despesas operacionais, as doações sofreram uma queda de 27,5%. Diante desse cenário, tivemos que reduzir nossos gastos, cortando imediatamente custos que identificamos como desnecessários. Em um segundo momento, começamos a identificar mudanças de longo prazo. Fizemos uma análise sistemática da maneira como estamos organizados e buscamos formas de poupar despesas. Ao mesmo tempo, tomamos muito cuidado para identificar prioridades, cuja manutenção deveria ser assegurada. Uma delas é a ajuda financeira que damos aos nossos estudantes. Protegemos áreas como essas, que julgamos vitais para a universidade. A senhora é a primeira mulher reitora de Harvard. Quais os efeitos disso entre as mulheres, dentro e fora da universidade? Acredito que esse cargo tem uma simbologia muito forte. Quando fui nomeada, recebi muitas cartas e e-mails, particularmente de jovens mulheres, que me diziam que fazia diferença para elas saber que uma mulher podia ocupar o cargo. Lembro-me de ter recebido uma carta de um pai que dizia: "Agora, sei que minha filha pode fazer qualquer coisa." A senhora é uma pesquisadora, especialista na história da Guerra Civil americana, além de mãe de duas filhas. O cargo de reitora de uma das mais prestigiadas universidades do mundo certamente alterou sua rotina, não? Sim, mudou bastante. Ao menos não precisei contratar uma babá, porque minhas filhas já estão crescidas! Mas meu trabalho atualmente me ocupa integralmente. Vivo em uma casa dentro do campus e, a todo minuto, sinto que a universidade está presente na minha vida. Harvard está sempre no meu pensamento e também está nas minhas atividades. Então, minha vida é completamente diferente hoje. Leia também: O caminho rumo às melhores universidades do planeta 48 BIBLIOGRAFIA ABE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO. O Problema Universitário Brasileiro. Rio de Janeiro: A Encadernadora S.A., 1929; ALMEIDA, M. H. T. Dilemas da institucionalização das Ciências Sociais no Rio de janeiro. In: MICELLI, S. (Org.). História das Ciências Sociais no Brasil. São Paulo: Vértice, Ed. dos Tribunais: IDESP, 1989, p. 188-226; ARAGÃO, R. M. Introdução. A Reforma da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 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