Definição analı́tica para o Limiar de Potencial e para os Perı́odos Refratários Absoluto e Relativo do modelo de Hodgkin-Huxley. Peterson Taylor C. Barbosa, Depto. de Matemática Aplicada, IMECC, UNICAMP, 13083-970, Campinas, SP E-mail: [email protected] 1 Introdução V +55 100 As equações de Hodgkin-Huxley são amplah i, αn (V ) = (2) 1 − Exp −(V10+55) mente conhecidas por definirem o paradigma mais aceito a respeito da eletrofisiologia do −(V + 65) 1 , (3) βn (V ) = Exp neurônio, e como o modelo que previu a 8 80 existência dos canais de ı́ons na célula a partir (V +40) do estudo das condutâncias celulares. E após h10 i, αm (V ) = (4) um extenso número de trabalhos, desde a in1 − Exp −(V10+40) trodução deste modelo nos anos 50, inúmeros −(V + 65) conceitos fisiológicos foram constatados a par, (5) βm (V ) = 4 Exp 18 tir deste paradigma. Dentre eles o Limiar de 7 −(V + 65) Disparos ou Limiar de Potencial, e os Perı́odos αh (V ) = Exp e (6) Refratários Absoluto e Relativo [6, 3, 5, 4, 1]. 100 20 −1 O presente trabalho apresenta uma definição −(V + 35) βh (V ) = 1 + Exp , (7) analı́tica para o sistema de Hodgkin-Huxley ob10 tendo para cada um daqueles conceitos argumentos para sustentar nossa abordagem a par- e as demais expressões são parâmetros constantes do modelo associados às caracterı́sticas tir de simulações numéricas. elétricas especı́ficas da membrana celular neuronial, ḡK , ḡNa , ḡL são as condutâncias, EK , 2 Modelo de Hodgkin-Huxley ENa , EL são os potenciais, e cm a capacitância. Os ı́ndices K, N a, L referem-se aos ı́ons As equações de Hodgkin-Huxley são dadas pelo potássio, sódio e de “escape” (especialmente o seguinte sistema [2, 9, 8] cloro Cl− ) respectivamente. A Tabela 1 mostra os valores usados neste trabalho. dV cm = ḡK n4 (EK − V )+ dt Íon EX (mV) ḡX (mS/mm2 ) ḡNa m3 h(ENa − V ) + ḡL (EL − V ) + Ie (t), Na+ 50,0 12,00 dn + = αn (V ) (1 − n) − βn (V ) n, K -77,0 3,60 (1) dt L -54,402 0,03 dm = αm (V ) (1 − m) − βm (V ) m, dt Tabela 1: Valores dos parâmetros. dh = αh (V ) (1 − h) − βh (V ) h, dt onde Ie : R → R é a função de Injeção de 3 Geração de Disparos Corrente, αx : R → R e βx : R → R, com x = n, m, h, são as funções de Taxa de Abertura Uma caracterı́stica capital esperada do moe Fechamento de Canais de Membrana respec- delo de Hodgkin-Huxley é a geração de disparos, ou a ativação de potenciais de ação. tivamente, Essa particularidade do modelo é determinada pela ação da corrente de entrada Ie (t) que descreve uma fonte de pulsos elétricos, e.g., um eletrodo introduzido na célula. As influências desse termo podem ser analisadas classicamente de forma numérica como uma seqüência de funções do tipo Heaviside H(t) (funções degrau), mais especificamente pode ser vista como uma seqüência de pulsos retangulares e uma amplitude ∆Ii = Ii − I0 com Figura 1: Exemplo do efeito de uma função de Ie (t) = N/2 X ∆Ii Ht2i−2 (t) − Ht2i−1 (t) (8) i=1 onde {t0 , t1 , . . . , tN −1 } é uma seqüência de pontos que determina o inı́cio e o fim de cada pulso respectivamente (ou seja, N é Par), {∆I1 , . . . , ∆IN/2 } suas respectivas amplitudes fonte de corrente Ie (t) na solução da variável de tensão V do sistema (1). Os pontos que determinam os pulsos são mostrados como linhas verticais pontilhadas. Note que apesar de o primeiro pulso iniciar um PA com sucesso, o segundo pulso chega a um patamar quase insuficiente de potencial, enquanto que o terceiro não dispara. def de corrente, e Ha (t) = H(t − a). A função de tencial no qual um número suficiente de canais de sódio tensão-dependentes abrem-se de Heaviside é definida como forma que a permeabilidade iônica relativa da 1, se t > 0 1 membrana favorece o sódio sobre o potássio. , se t = 0 H(t) = 2 Contudo, podemos redefini-lo em termos ma0, se t < 0 temáticos como o valor constante de potencial Definindo Ie (t) dessa maneira temos a vanta- tal que, a partir deste, um Potencial de Ação gem de podermos trabalhar tanto com valores possa ser disparado. Na realidade, esse vade corrente constante como com pulsos de cor- lor não é exatamente uma constante, mas uma rente e podemos destacar alguns fenômenos im- função dos parâmetros do modelo e dos valores portantes associados ao potencial de ação que de ∆I, f e d, e portanto dependente também do o modelo prevê. A fim de facilitar o estudo, tempo. Conseqüentemente, para cada conjunto def fazemos ∆Ii = ∆I como um valor constante de parâmetros do modelo e para cada função Ie único, e também dada temos um valor de limiar associado. Po demos, ainda, estender este conceito inclusive d, se i é Par def (9) para funções I com outras formas além da já ∆ti = ti+1 − ti = e f, se i é Impar definida, contanto que estas sejam limitadas e onde i = 0, 1, . . . , N − 1; e d é um valor consfaçam algum sentido do ponto de vista da motante representando o perı́odo do pulso; e f , delagem, e.g., também constante, o intervalo entre os pulsos — note que se N → ∞ essa função tem perio1 Ie (t) = ∆I Sen t + f + I0 . dicidade T = d + f . Doravante, consideramos d V : R+ → R uma solução do sistema (1), associada à dependência da amplitude s, fase r e Apesar dessa abundância de possibilidades, duração do pulso q como V : R+ × R3+ → R, assumiremos aqui neste trabalho limiares que (t; s, r, q) 7→ V (t; s, r, q). Um exemplo de dis- se associem apenas com funções Ie (t) do tipo paro de um PA é mostrado na Figura 1, onde descrito anteriormente pelas Equações (8) e (9), a função de injeção de corrente é dada pela i.e., dependentes de um tempo t0 inicial, de equação (8) com N = 6, ∆I = 7, t0 = 5, d = 3 uma amplitude de corrente ∆I, de um perı́odo e f = 10. de atividade d, de um perı́odo de inatividade f , e de um determinado número de pulsos N . Note ainda que, como estamos lidando essen4 Limiar de Potencial cialmente com perturbações do regime estaO Limiar de Disparos ou de Potencial é defi- cionário, não importa o quão grande seja N , o nido do ponto de vista fisiológico como o po- sistema sempre se estabilizará se nem d ou ∆I injeção de corrente Ie (t). Definimos, assim, o Limiar de Disparos para uma seqüência de tempos 0 6 t0 < t1 < . . . < ti < . . . < t2N −1 < ∞, onde ∆ti = d = 1ms, ∀i par, e J1 = [t1 , t2 ], como ∂ ∗ ∆I ∈ ∆I > 0 : ΦJ (s) é máximo , ∂s 1 s=∆I (12) Figura 2: Gráficos da relação entre a amplitude do pulso s e a função auxiliar (10b) com J = J1 , na tentativa de um disparo de PA para um perı́odo d = 1ms de atividade. Os pontos foram distribuı́dos com uma discretização de passo constante no intervalo das amplitudes com 1000 pontos de amostra. Intervalo de amplitude [∆I ∗ − ε, ∆I ∗ + ε]µA/mm2 com ε = 0, 1µA/mm2 . tiverem módulo suficiente para que o oposto ocorra. Indo mais além, vamos definir uma função auxiliar Φ : R3+ → R, que chamaremos de Função de Pico de Disparo ou Amplitude Máxima de Disparo, como def Φ(s, r, q) = sup V (t; s, r, q), (10a) t>0 e sua restrição num dado intervalo J = [a, b], 0 6 a < b, def ΦJ (s, r, q) = sup V (t; s, r, q), (10b) t∈J a fim de definirmos, a seguir, duas relações bastante úteis para nossa análise. E assim, para q > 0 constante ∂ ΦJ (s + ε, r, q) − ΦJ (s, r, q) def ΦJ = lim ε→0 ∂s ε (11a) ∂ ΦJ (s, r + ε, q) − ΦJ (s, r, q) def ΦJ = lim ε→0 ∂r ε (11b) onde J pode ser definido como J1 = [t1 , t2 ] para (11a) e J2 = [t3 , ∞) para (11b), para N = 2; ou J2 = [t3 , t4 ] para N > 3. A definição de ΦJ (∆I, f, d), em (10b), no contexto de nosso sistema, nos fornece o patamar de cada Pico de Ultrapassagem para todos ∆I > 0, f > 0, d > 0. E as definições anteriores em (11a) e (11b) nos fornecem um meio de estudar o comportamento das soluções do sistema quando variamos os parâmetros associados à função de ∂ ∂ onde ∂s ΦJ1 (s) = ∂s ΦJ1 (s, f, d). O valor do Limiar de Potencial encontrado para nosso exemplo da Figura 1, e associado aos gráficos da Figura 2, é de ∆I ∗ ≈ 9, 277µA/mm2 . Esse valor, todavia, não deve ser interpretado como uma espécie de “barreira pontual” na qual qualquer pequena perturbação à direita ou à esquerda desse valor signifique que o Potencial de Ação será ou não disparado, respectivamente. Como, na prática, a Constante de Tempo do sistema τm = rm cm nos fornece a ordem de grandeza para trabalharmos com um experimento real dessa natureza [2], então esse limiar é melhor interpretado na prática como um intervalo [∆I ∗ − a τm , ∆I ∗ + a τm ] — onde a seria um coeficiente relacionado à sensibilidade do sistema e à influência da precisão da medida nos resultados — e todos os valores abaixo dele são chamados sublimiares e os acima, superlimiares. O intervalo em si é considerado como sendo de profunda incerteza a respeito do comportamento esperado de um PA. A Figura 2 nos confirma isso, já que a vizinhança próxima ao limiar se revela como uma região bastante instável, onde as caracterı́sticas qualitativas mudam rapidamente entre disparado e não-disparado, de forma muito similar a uma descontinuidade. O patamar máximo nessa fi∂ gura, ∂s ΦJ1 (∆I ∗ , f, d) ≈ 482A, nos diz que ∂ θ∗ = ArcTan ∂s ΦJ1 (∆I ∗ , f, d) ≈ 0, 4993π, i.e., nesse ponto a inclinação da reta tangente é quase perpendicular. Alguns autores se referem a essa particularidade como Efeito ou Comportamento Tudo-ou-Nada. Como podemos observar na Figura 1, apesar de nossa função fonte de corrente ser razoavelmente “bem comportada”, os efeitos resultantes de uma seqüência de pulsos parecem não obedecer a uma certa regularidade. Podemos ver que os Potenciais de Ação não disparam a qualquer momento e por qualquer motivo. As variáveis de portão m, n, h fazem seu papel de ativadoras do potencial quando isso convém, Perı́odo Refratário Relativo é o perı́odo após o perı́odo refratário absoluto no qual mas também respondem de forma inibitória em se é mais difı́cil iniciar outro potencial de outras situações. ação com as mesmas caracterı́sticas do primeiro, e portanto, é o intervalo onde pre5 Perı́odos Refratários cisamos de um ∆I1 maior que o ∆I inicial para que o PA seja repetido. Assim, dados Os Perı́odos Refratários são divididos em dois: ∆I > ∆I ∗ e ∆t0 > 0 constantes o Absoluto, definido como o perı́odo de tempo no qual não há a possibilidade de se iniciar um potencial de ação a partir do regime estacionário do sistema; e o Relativo, como o perı́odo após o perı́odo refratário absoluto que é mais difı́cil para se reiniciar outro potencial de ação. Nesse último perı́odo, o limiar de potencial é aumentado e decresce com o tempo até chegar ao seu valor original. Podemos ser conferidos nos Potenciais de Ação do gráfico inferior da Figura 1. Como é mostrado nesse gráfico, os 3 primeiros Picos de Ultrapassagem tem valores completamente distintos — o Pico de Ultrapassagem número 3, inclusive, nem pode ser considerado como tal pois nesse caso o potencial não é disparado — e podemos notar que o segundo Potencial de Ação sequer chegou a valores positivos. A seguir redefiniremos esses conceitos de forma matematicamente mais precisa para esse modelo. Entretanto, com o intuito de compreendermos melhor esses fenômenos, destacamos antecipadamente que as definições se passam nos intervalos de tempo compreendidos por 0 6 t0 < t1 < . . . < ti < . . . < t2N −1 < ∞, onde ∆ti = d = 1ms, ∀i par, e ∆ti = f > 0, ∀i ı́mpar; J1 = [t1 , t2 ] e J2 = [t3 , t4 ] para N > 3 — ou J2 = [t3 , ∞) para N=2. ∆t = min ∆t > 0 : ΦJ2 = ΦJ1 + r=∆t , r=∆t (14) onde ΦJ = ΦJ (∆I, r, ∆t0 ), J = J1 , J2 . Admitindo-se que ∆t− < ∆t+ , o Perı́odo Refratário Relativo compreende o intervalo (t1 + ∆t− , t1 + ∆t− + ∆t+ ) = (t2 − ∆t+ , t2 ). Figura 3: Gráfico da função auxiliar ΦJ2 (∆I, r, d) destacando-se os limiares dos perı́odos refratários. Este gráfico foi construı́do com uma discretização de passo constante com 3000 pontos no intervalo de [∆t+ − 10, ∆t+ + 30] ≈ [17, 58]ms. Os valores dos limiares de perı́odo encontrados são de Perı́odo Refratário Absoluto é o perı́odo ∆t− ≈ 27,4638ms e de ∆t+ ≈ 24,3875ms, aprede tempo no qual não há a possibilidade sentados na figura como as retas verticais pontide se iniciar um novo potencial de ação lhada e vermelha cheia, respectivamente. Mostramos a relação entre os picos alcançados pelo sea partir de um segundo pulso de corrente gundo pulso elétrico. Observe que ΦJ1 (∆I, r, d) é idêntico ao primeiro, i.e., dados ∆I > ∆I ∗ mostrado como uma reta horizontal, pois f não in— pois o primeiro PA deve ser ativado —, fluencia no comportamento do primeiro pulso. Note e ∆t0 > 0 constantes, definiremos com a também a curva pós-relativo que cresce e depois vai decrescendo lentamente até o patamar do pulso inirelação seguinte o valor deste limiar cial. ∂ΦJ2 (∆I, r) é máximo , Perceba que nas definições de ∆I ∗ , ∆t+ e ∂r r=∆t − (13) ∆t , tomamos o perı́odo de injeção de corrente do pulso ∆t0 > 0 constante, mas na verdade, ∂ ∂ onde ∂r ΦJ2 (∆I, r) = ∂r ΦJ2 (∆I, r, ∆t0 ). ele não tem uma participação direta nas deOu seja, o Perı́odo Refratário Absoluto, finições desses três limiares. Em verdade, para em si, compreende o intervalo (t1 , t1 + cada d = ∆t0 > 0 diferente, temos a mudança dos três limiares, ou seja, esse parâmetro deve ∆t− ). ∆t− ∈ ∆t > 0 : ser o mesmo para todas as três definições a fim de que façam sentido, e assim estejam interconectadas. Portanto, as definições são sensı́veis a esse parâmetro. Em geral, basta que os potenciais máximos sejam iguais para que o fim do perı́odo refratário relativo seja confirmado — inclusive por que, após esse perı́odo, podemos notar picos maiores que o pico inicial, ativados por um mesmo pulso idêntico (Figura 3). O Limiar de Potencial para o segundo pulso é aumentado nesse perı́odo para depois decrescer lentamente, ou seja, nesse perı́odo o PA pode ser disparado, mas somente se a amplitude da corrente injetada no segundo momento é maior que a do primeiro momento, ∆I1 < ∆I2 . Portanto, as definições desses perı́odos são muito frágeis, apesar da grande versatilidade, e merecem muita atenção em sua aplicação em diversos contextos. Figura 4: Gráfico da função auxiliar destacando-se o limiar do Perı́odo Refratário Absoluto. Este foi construı́do com uma discretização de passo constante de 1000 pontos. O valor do limiar de perı́odo encontrado é de ∆t− ≈ 27,4638ms, apresentado na figura como a reta vertical pontilhada. O intervalo do gráfico é de [∆t− − ε, ∆t− + ε] ≈ [22, 26]ms, onde ε = 2,0ms. Note que o máximo destes gráficos é notadamente menor que o máximo ∂ da Figura 2, ∂r ΦJ2 (∆I, ∆t− , ∆t0 ) ≈ 300,0A (cerca de 38% a menos) apesar da grande semelhança entre ambos. ∂ Entretanto, θ− = ArcTan ∂r ΦJ2 (∆I, ∆t− , ∆t0 ) ≈ 0,4989π e o ângulo difere apenas de 4, 0 · 10−4 π e não representa grande diferença entre essas inclinações sendo, portanto, também bastante acentuada. ∂ ∂r ΦJ2 (∆I, r, ∆t0 ) 6 Discussão Até o momento definimos indiscriminadamente quantidades baseadas em conceitos reais sem qualquer justificativa matemática para tanto. O seguinte teorema nos garante que nossas definições de ∆I ∗ , ∆t− e ∆t+ são matematicamente factı́veis e, caso seja necessário, outros conceitos mais podem ser definidos a partir dos parâmetros do modelo. Teorema (Dependência dos Parâmetros). Seja U um conjunto aberto em R × Rn , e λ um parâmetro vetor em um subconjunto aberto Λ de Rm . Se f ∈ C k (Λ × U, Rn ), i.e., f é de classe C k no espaço todo, com k > 1, então a solução ϕ(λ, t, t0 , x0 ) do problema de valor inicial ẋ = f (λ, t, x), x(t0 ) = x0 (15) é uma função de classe C k sobre (λ, t, t0 , x0 ). [7, Appendix] Como o modelo de Hodgkin-Huxley se enquadra perfeitamente nas condições do teorema, e a função f do modelo é inclusive analı́tica, então os parâmetros são de classe C 1 no mı́nimo e as definições justificam-se. Resumindo, dentro do Perı́odo Refratário Relativo, os PAs disparados nunca alcançam os patamares do primeiro disparo utilizando-se o mesmo pulso, mas diferentemente do Perı́odo Absoluto, existe uma amplitude de corrente, maior que a amplitude inicial, com a qual podemos iniciar um Potencial de Ação com as mesmas caracterı́sticas do primeiro. Isto pode ser interpretado, também, como a ação fortemente inibitória das variáveis de portão no perı́odo Absoluto, fracamente inibitória no perı́odo relativo, e excitativa no perı́odo pósrelativo. A compreensão dessa caracterı́stica é muito importante para o estudo da interação entre neurônios via sinapses, pois fenômenos de acumulação de Potenciais de Ação consecutivos provenientes dessas sinapses são influenciados diretamente, não somente por esses dois limiares, mas também pelo Limiar de Disparo — pois todos os três representam caracterı́sticas similares do Potencial de Ação. Portanto, a partir de tudo que foi abordado neste trabalho, esperamos que as definições apresentadas sejam úteis tanto como forma de estudar o modelo de Hodgkin-Huxley analiticamente (assim como outros modelos que prevejam tais fenômenos) como também uma ferramenta para encontrar os valores esperados destes limiares para fins de experimentos empı́ricos. Referências [1] Mark F. Bear, Barry W. Connors, and Michael A. Paradiso. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. ArtMed, 2nd edition, 2002. [2] P. Dayan and L.F. Abbott. 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