SALA DE LEITURA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: EXPERIÊNCIA DE UMA PARCERIA ENTRE A ENFERMAGEM E O TERCEIRO SETOR ∗ Chirlaine Cristine Gonçalves 1 Celênia Souto Macêdo 2 Isabella Maria Filgueira Guedes Piancó 3 Isabella Barros Almeida 4 RESUMO O crescimento da cidade de Campina Grande de uma forma geral se deu de forma desorganizada ao longo da história. Dentro desse cenário de crescimento desordenado, uma faixa etária bastante vulnerável e que se encontra em risco social, são as crianças e adolescentes, torna-se necessário que a enfermagem comece a pensar em estratégias que colaborem, com a formação desses adolescentes, dessa forma traçamos o seguinte objetivo, construir um espaço de inclusão e conscientização para crianças e adolescentes em idade de risco social desatinado a atividades que venham contribuir com o desenvolvimento sustentável e sócio-cultural através de leituras e experiências práticas de pesquisa realizando palestras educativas. Trata-se de um projeto de extensão, sendo um estudo exploratório e descritivo, desenvolvido na comunidade localizada no bairro do Itararé, no município de Campina Grande – PB, realizado com crianças e adolescentes do bairro, inicialmente com o intuito de conhecer o perfil da comunidade foi aplicado um questionário, foi também construído um espaço destinado a o projeto sala de leitura, através do apoio do Ministério da Saúde e do terceiro setor que foi representado pela Fundação Pedro Américo. Para elucidar os dados sócio-demográficos relacionados à pesquisa, foi feita uma estatística simples, também foram realizadas palestras educativas. O desenvolvimento do estudo seguiu as diretrizes emanadas da Resolução 196/96. No que diz respeito aos resultados encontramos que a população da comunidade esta estimada em 664 habitantes, onde 327 são mulheres (49%) e 337 homens (51%), do total de moradores 210 correspondem a crianças ou ∗ Parte inédita integrante, do projeto intitulado Sala de Leitura e de responsabilidade ambiental para crianças e adolescentes: uma construção coletiva. Projeto encaminhado a Fundação Pedro Américo, onde existe hoje o espaço Sala de Leitura, criado através do apoio do Ministério da Saúde, que premiou o projeto no prêmio Machado de Assis (o projeto ganhou 1300 livros, dois computadores, todo mobiliário), a Fundação Pedro Américo, fundação sem fins lucrativos, cedeu o local para criação do espaço 1 Enfermeira, doutoranda em ciência e tecnologia, mestre em saúde coletiva. Professora da FCM, coordenadora do CEP/CESED. 2 Licenciada em Geografia, mestre em ciências sociais, Coordenadora de Projetos Sociais na Fundação Pedro Américo – [email protected] 3 Estudante de enfermagem do quarto período da FCM. Email: [email protected] 4 Estudante do quarto período do curso de enfermagem da FCM. Email:[email protected] adolescentes na faixa etária de 2 a 17 anos, o que representa aproximadamente 32% da população total do bairro. O bairro esta delimitado em dez ruas, composto por 182 casas, sendo 151 próprias. A coleta de lixo é realizada em 99,5%. Em relação ao abastecimento de água pela rede geral 179 possuem esse beneficio (98%). A rede de esgoto do bairro é subdividida em quatro categorias: geral (60%), fossa (10%), vala (4%) e outros (26%). Através dos depoimentos de crianças observamos a necessidade de criação de alternativas que visassem diminuir o risco social, dessa forma foi criado o espaço sala de Leitura, foram realizadas palestras educativas baseadas nas solicitações da comunidade. Constatamos que o conhecimento das experiências vividas na comunidade, teve um desempenho satisfatório em relação ao desenvolvimento geral do projeto. Palavras-chves: Parceria. Enfermagem .Terceiro Setor INTRODUÇÃO O rápido crescimento e o porte do processo de urbanização brasileiro foram marcados, desde seu início há cerca de 50 anos até os dias atuais, por uma acentuada segregação social que se reflete especialmente no contraste entre as áreas reguladas, infra-estruturadas e, por vezes, subutilizadas, ocupadas pelos segmentos de rendas média e alta, por um lado, e nos inúmeros assentamentos irregulares e invasões de áreas públicas e privadas, habitadas pela população de baixa renda, que passaram a compor as periferias da maioria das cidades do país. Campina Grande é um dos exemplos deste padrão de urbanização, no qual se apresentam aos poderes públicos os desafios de controlar o ordenamento do uso e da ocupação do solo e de assegurar a prestação de serviços públicos a um conjunto considerável de seus habitantes¹. A humanidade contemporânea dispõe de uma vasta, progressiva e infinita rede de trocas de vivências e experiências nas mais diversas áreas científicas e campos de atuação profissional, bem como no seu cotidiano, transformando esta rede de conhecimento em benefício para a sociedade. Esta é uma função praticada principalmente pelas universidades e esta vivência acaba por complementar a educação dos universitários. A responsabilidade social é um dever de todos, e mediante a quantidade de crianças e adolescentes que residem nas proximidades das IES mantidas pelo CESED precisamente na Vila Itararé foi idealizado a construção de um projeto de sustentabilidade ambiental e inclusão social, tendo como meta a educação em saúde despertando para consciência ambiental e a inclusão dessas crianças e jovens através do universo da leitura de temas relacionados à qualidade de vida no ambiente urbano, bem como temas relacionados com o desenvolvimento sustentável, complementado com palestras que de alguma forma despertem e auxiliem na melhoria da qualidade de vida. A proposta não se restringiu a criar unicamente uma sala de leitura, mas transformar a sala de leitura em um lugar que possibilite a construção da história da comunidade para ser lida por gerações futuras e complementada sempre que um novo jovem ou criança começar a participar, então é ler, escrever, e utilizar também como fonte de pesquisa os idosos, promovendo uma relação de respeito e ao mesmo tempo construindo uma história de valorização da comunidade, do meio ambiente e o encantamento para com o mundo literário e sócio-cultural. É importante destacar que foram escolhidos crianças e adolescentes, pelo fato de que a adolescência demarca a transição da infância à idade adulta, e é caracterizada por um período de profundas modificações e transformações: psicológicas, culturais, sociais, anatômicas e fisiológicas, é quando se deixa de ser criança e passa a ser um adulto². Nesse período da puberdade, a perda do papel infantil gera inquietação, ansiedade e insegurança, pois está iminente a descobrir um novo mundo cheio de dúvidas, responsabilidades, conflitos e cobranças. Por isso a adolescência se diferencia de todas as outras fases de transformação da vida, por ter tais características próprias. Portanto tornou-se fundamental, a construção de alternativas que atendessem às diferentes condições biológicas, psicológicas e sociais das crianças e adolescentes, valorizando a promoção da saúde, nesse sentido grupos de convivência tornam-se ideais, pois nestes lugares, os jovens encontram uma oportunidade de expressar suas preocupações e considerar modos alternativos para modificarem seus estilos de vida, consistindo em apoio social extra familiar. Diante dessa realidade, este estudo teve por objetivo: Construir um espaço de inclusão e conscientização para crianças e adolescentes em idade de risco social desatinado a atividades que venham contribuir com o desenvolvimento sustentável e sócio-cultural através de leituras e experiências práticas de pesquisa e construção de uma história local voltada para valorização do pertencer à comunidade chamada Vila Itararé, tecendo uma rede de trocas simbólicas entre crianças e adolescentes da comunidade e alunas do curso de enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande. CAMINHO METODOLÓGICO Trata-se de um estudo exploratório descritivo, de abordagem quantitativa. Foi desenvolvido na comunidade localizada no bairro do Itararé, no bairro do Itararé, localizado na zona sul da cidade de Campina Grande - PB, pertencente ao interior do estado da Paraíba no agreste paraibano, na parte oriental do Planalto da Borborema. Inicialmente foi feito um levantamento da população da Vila Itararé, destacando a quantidade de crianças e adolescentes, tendo como critérios de inclusão e exclusão nas atividades que são desenvolvidas durante o projeto: ser morador da Vila Itararé , todos os gêneros, As crianças e adolescentes que fazem parte da pesquisa são regularmente matriculados/as na escola, publicas ou privadas, ficando excluídos quem não encaixe, no perfil acima citado. A coleta foi realizada na comunidade do Itararé, sendo aplicado um questionário previamente elaborado, contendo questões objetivas e subjetivas. Os dados quantitativos foram expostos em porcentagens, e os qualitativo analisados segundo Bardin4. O desenvolvimento do estudo seguiu as normas da Declaração de Helsinki, de 1964, na versão 20005, e as diretrizes emanadas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde 6. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento. ANALISE E DISCUSSÃO MAPEAMENTO DO BAIRRO ITARARÉ A Vila Itararé por muito tempo foi chamada pelos de fora de Vila do Lixo. As taperas eram feitas em taipa e em parte do local ficava em uma lagoa. Nesse espaço se depositava os resíduos da população do bairro do Catolé e outros no entorno moravam varias famílias. “O conjunto Itararé, antiga “Comunidade dos Brotos” foi constituída inicialmente por famílias sem teto que se estalaram no local e construíram seu espaço de moradia”7. A ausência de saneamento básico, foi de certa forma suprida ao longo da implantação das faculdades mantidas pelo CESED e adequação por parte do poder público municipal de alguns serviços como a Unidade Básica de Saúde. O prêmio Ponto de Leitura Edição Machado de Assis foi a primeira parceria da entidade que desde 2006 construiu atividades para tentar suprir as lacunas de ausência do estado no âmbito da Vila. Ao longo da vida crianças, mulheres e idosos eram privados dos seus direitos básicos garantidos constitucionalmente e por muito tempo essa situação pendurou. Em dias de chuva era comum se levar na bolsa um calçado para substituir o que estava no pé após a lavagem do mesmo pois a lama era certa e a vergonha também. Durante muitos anos a vida na Vila não parecia mudar, as pessoas que ocupavam os terrenos e as que tinham a posse legal enfrentavam em parte os mesmos problemas com a falta de saneamento, o alagamento e o esquecimento daquele recanto da cidade tão especial, mas ao mesmo tempo tão abandonado. O sonho de melhorias ficava guardado e sobressaia a luta pela permanência no espaço conquistado. As poucas visitas e promessas que recebiam eram suficientes para manutenção da chama acessa por liberdade, igualdade e fraternidade local (bem à moda da Revolução Francesa). O local que sempre foi marcado pelas ausências é surpreendido com a possibilidade de ser inserido no progresso educacional e começa outra capitulo do que viria se constituir como Vila dos Sonhos. De acordo com moradores do bairro, o terreno onde hoje é constituído o bairro do Itararé, pertencia ao ex-governador da Paraíba Argemiro de Figueiredo (in memorian), cujo nome foi dado à avenida localizada as margens do bairro. Com o seu falecimento os herdeiros deram início ao processo de loteamento do terreno para ser posto a venda e a partir daí, a Caixa Econômica Federal desta cidade iniciou a construção de diversas casas e as colocou a venda. Imobiliárias também fizeram parte das vendas de lotes dos terrenos e assim gradativamente o bairro foi sendo formado. Figura 1: Mostra a Avenida denominada Argemiro de Figueiredo, homenagem ao antigo propietário do loteamento. Fonte: ASCOM Na região existia uma lagoa onde as pessoas jogavam lixo que em pouco tempo foi se tornando um grande foco de contaminação para a população residente. Diariamente o volume de lixo depositado foi crescendo e a existência de um matadouro clandestino na vila contribuiu consideravelmente aumentando o odor refletindo um ar poluído, atraindo vetores transmissores de doenças. As crianças brincavam nos entulhos do bairro e a maioria das casas eram de taipa, como mostra as imagens a seguir. O município de Campina Grande está localizado na Zona Central – Oriental da Paraíba, a cerca de 120 km da capital. Nesta esta inserida a comunidade do Itararé, antes conhecida como o “lixão”. A realidade atual é o inverso da situação anterior em termos de infra-estrutura, valorização, melhor moradia, qualidade de vida, educação e saúde. A população da comunidade esta estimada em 664 habitantes, onde 327 são mulheres (49%) e 337 homens (51%), dentre do total 210 correspondem a crianças ou adolescentes na faixa etária de 2 a 17 anos, o que representa aproximadamente 32% da população total do bairro. O bairro esta delimitado em dez ruas, composto por 182 casas, sendo 151 próprias o que corresponde a aproximadamente 83%, 29 casas não-próprias o que corresponde a aproximadamente 17%. A coleta de lixo é realizada em 99,5%, o que totaliza uma casa sem a coleta de lixo. Em relação ao abastecimento de água pela rede geral 179 possuem esse beneficio (98%) e outras 3 casas possuem outras formas de abastecimento (2%). A rede de esgoto do bairro é sub dividida em quatro categorias: geral (60%), fossa (10%), vala (4%) e outros (26%). ANALISE QUALITATIVA No intuito de descobrir a opinião das crianças e adolescentes a respeito do que faltava no bairro, realizamos uma entrevista onde os mesmos foram questionados acerca do que faziam nos momentos livres em que não freqüentavam a escola, nesse sentido encontramos as seguintes categorias: categoria I - fica ansioso, categoria II - trabalha CATEGORIA I: Fica ocioso: Na fase da adolescência a grande maioria destes jovens apresenta um comportamento conturbado, como a agressividade, rebeldia, desvio de conduta, comportamentos anti-sociais, envolvimentos com acidentes, envolvimento com drogas e a descoberta da sexualidade. O adolescente quer ser ele mesmo, recusando toda lei imposta de fora. É a fase da contestação onde ele gosta de viver em grupos e sente a necessidade de se auto-afirmar, de amar e ser amado. É inconstante nas atitudes e emoções. A falta do que fazer, ou seja, a ociosidade é demonstrada por muitos das crianças e adolescentes da comunidade, deixando-os ainda mais expostos a esses tipos de comportamentos e aos riscos sociais que a sociedade proporciona. “Como não tem nada pra fazer, fica em casa assistindo televisão e brincando” [96] CATEGORIA II: Trabalha: O trabalho infantil aqui no Brasil não é crime, não é uma violação a lei penal crime, exceto quando envolve tráfico de crianças e adolescentes, exploração sexual, venda de drogas e trabalho escravo, porém, existem sanções previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente para as famílias que inserem a criança no trabalho, como encaminhamento ao programa oficial de proteção à família, obrigação de matricular o filho(a) na escola e acompanhar sua freqüência, advertência, podendo chegar até a perda da guarda e destituição do pátrio poder. Uma criança relata em seu depoimento que ele “Brinca, conversa e quando aparece um trabalho(bico) o mesmo realiza”.[ 98] Ao serem questionados acerca do que eles mudariam na sua comunidade, encontramos as seguintes categorias: categoria I - implantação de lazer, categoria II educação. CATEGORIA I: Implantação de lazer: Torna-se fundamental, a construção de alternativas que atendam às diferentes condições biológicas, psicológicas e sociais dos adolescentes, valorizando a promoção da saúde, nesse sentido grupos de convivência tornam-se ideais, pois nestes lugares, os jovens encontram uma oportunidade de expressar suas preocupações e considerar modos alternativos para modificarem seus estilos de vida, consistindo em apoio social extra familiar. “Colocaria uma quadra para praticar esportes” [34] “A implantação de um clube esportivo, um posto policial e um campo de futebol” [41] CATEGORIA II: Educação: É de extrema importância e dever das autoridades oferecer uma educação de qualidade para todos, independente de sua classe social. Porem sabemos que infelizmente essa não é a realidade do nosso País, pensando nisso o projeto Sala de Leitura se preocupou com as crianças e adolescentes e estudou em uma possibilidade, que em seguida resultou em uma biblioteca que conta com materiais literários riquíssimos para uma melhoria da educação e da cultura dos mesmo,visando o futuro melhor para eles e consequentemente para o nosso país. “Tiraria os motéis, e colocaria pontos de estudo para criança, adolescente e adultos” [98] “Colocaria biblioteca, escolas de ensino fundamental e médio e parque” [112] Ao serem questionados acerca do que representa a criação de uma sala de leitura e de responsabilidade social para eles na comunidade, encontramos as seguintes categorias, categoria I - esperança de um futuro melhor, categoria II - melhoria de vida através da educação. CATEGORIA I: Esperança de um futuro melhor: Os entrevistados revelam que o projeto de enfermagem presente na comunidade do Itararé representa um “futuro garantido”, já que hoje em dia tudo depende do estudo. A sala de leitura vem para oferecer as crianças e adolescentes uma oportunidade de educação, além do que eles recebem na escola. “A faculdade é o futuro das pessoas, queria muito estudar na faculdade mas diz não tinha condição, porém com o sala de leitura a gente pode ler livros que não tínhamos, estudar o meio ambiente, aprender coisas” (65). CATEGORIA II: Melhoria de vida através da educação Relataram também que o projeto representa melhoria de vida para os jovens e toda a comunidade, desde a infra-estrutura até a importância com o ser humano. O projeto torna-se sendo mais uma oportunidade para a comunidade, que agrega o lazer e a educação. “O projeto melhorou a vida dos moradores do Itararé, porque pobre nunca tem vez e o projeto vem proporcionando coisas maravilhosas para os jovens e toda a comunidade” (34) Diante do exposto, nos discursos, observamos a urgência da criação de um espaço direcionado as crianças e adolescentes, e que visasse estabelecer um atendimento a essas crianças e adolescentes que residem na Vila do Itararé, promovendo assim a inclusão social através do envolvimento deles no universo da leitura, e dos cuidados ao meio ambiente visando uma melhoria da qualidade de vida e desenvolvendo dessa forma momentos agradáveis de lazer. DESPERTAR DE UM SONHO: CONSTRUÇÃO DO PONTO DE LEITURA Um lugar que já foi considerado um não lugar desabrocha quando as vozes antes caladas pelas ausências ressurgem em gritos de esperança por dias sem lama e sem abandono. Os de fora confortam e trazem planos, mas os de dentro necessitam construir a possibilidade da aprendizagem, de matar a fome de leitura, de música, arte. Essa fome toma novos rumos quando os setores se unem para ouvir e não para calar. Essa sede de conhecimento iniciou sua trajetória em um Ponto de Leitura, homenageando Machado de Assis, em 2008. Seguindo seu percurso, a fome e a sede transformaram-se em num impulso para a busca de melhorias, devido à necessidade, mesmo enfrentando as dificuldades e obstáculos. A dificuldade de acesso a leitura por parte das crianças pertencentes aos grupos menos favorecidos vem sendo demonstrado no rendimento escolar e na dificuldade de inserção dessas crianças no que tange as oportunidades no contexto social de vida digna, e acesso aos meios possíveis através de ações e políticas públicas voltadas para essa finalidade. Por isto, conforme índices apontados pelo próprio poder público, há a necessidade de despertar as crianças para a leitura como forma de ampliação do conhecimento e interação sobre as temáticas diversas. Há uma grande situação de desigualdade econômica e de injustiça social de nossas populações, inclusive nas infantis. Nestas classes, há uma grande heterogeneidade cultural, o que também acarreta consequências para a formação dos profissionais da educação infantil. Por isso é que é importante mostrar a leitura como necessidade vem sendo a arma usada para atrair olhares, quantos autores, quanta coisa para ler e transformar realidades8. O ponto de leitura e de Cultura da Fundação Pedro Américo, em parceria com o CESED, o Ministério da Cultura e educação, abriu o Sala de Leitura, um espaço sem fins lucrativos, que foi criado pois diante dos discursos dos adolescentes, observamos a urgência da criação de um espaço direcionado as crianças e adolescentes, e que visasse estabelecer um atendimento a essas crianças e adolescentes que residem na Vila do Itararé, promovendo assim a inclusão social através do envolvimento deles no universo da leitura, e dos cuidados ao meio ambiente visando uma melhoria da qualidade de vida e desenvolvendo dessa forma momentos agradáveis de lazer. O projeto sala de leitura, era um sonho distante, pois mesmo com todo apoio dos voluntários, precisávamos de um local e de materiais que pudessem nos auxiliar nessa etapa, o que demandava custos financeiros, porém em 2008 surgiu o concurso pontos de leitura do ministério da cultura, e nos debruçamos no projeto a fim de adquirirmos o material que faltava para construção desse sonho, ganhamos a premiação e hoje contamos com um acervo que tem grande beneficio para os usuários, que totaliza 1.300 obras sendo 50% ficção, 25% não-ficção e quadrinhos, e 25% de referência passando por literatura brasileira, africana e indígena, além de história e ciência. Um acervo diversificado somado ainda a alguns volumes de vídeo, contamos com computadores e um espaço destinado as palestras, cursos, aulas, e recreação. Figura 2: Montagem da Sede do Projeto Sala de Leitura O projeto já vem realizando palestras educativas, em parcerias com alunos da IES inserida no bairro, com alunos do curso de enfermagem, como por exemplo, a primeira atividade exercida com os adolescentes que foi um work shop sobre dengue, DST’s, destacando que o tema foi escolhido pelo clube de mães, oficinas sobre higiene com crianças, podemos também destacar como exemplo a oficina de materiais reciclados em parceria com alunos do curso de arquitetura, que proporcionou uma tarde de lazer e de conscientização da preservação ambiental, tivemos também uma caminhada ecológica no bairro mostrando os pontos positivos no bairro, e o que já havia sido mudado no bairro, realizamos em parceria com o curso de enfermagem uma semana de saúde, realizamos em parceria com o grupo da terceira idade do Itararé um encontro de interação do passado com o presente, tentando valorizar a história de vida de cada um, entre outras ações, o projeto é coordenado e desenvolvido por uma professora de enfermagem e por graduandos de enfermagem. Realizamos em parceria com a prefeitura de Campina Grande, uma semana de incentivo a leitura e aos cuidados com a saúde, em um parque da cidade, dentre outras atividades. Figura 3: Atividades educativas: Dengue e os caras pintadas I WORKSHOP SOBRE DST COM FOCO EM HIV: "QUANDO O MAIOR REMÉDIO É A ORIENTAÇÃO” A responsabilidade social está presente em ações de intervenção social do Projeto Sala de Leitura e responsabilidade ambiental para crianças e adolescentes: Uma construção coletiva, buscando passar de forma interativa e dinâmica problemáticas relacionados à sua faixa etária correspondente, sendo abordada de acordo com a necessidade local que sentimos sobre a temática, que é construída levando em conta pré-supostos teóricos metodológicos e de cunho social. Os jovens são um segmento vulnerável em todas as sociedades no mundo globalizado. A cada 14 segundos um jovem entre 15 e 24 anos é infectado pelo HIV, e de todas as novas infecções, cerca da metade ocorre nessa faixa etária. Daí se deu a importância de um trabalho voltado a educação em saúde e a implementação de programas de prevenção e informação voltados para os jovens, antes que eles iniciem práticas comportamentais que possam aumentar o risco de transmissão do HIV. Os adolescentes constituem um contingente populacional prioritário das ações de prevenção para controle das DST, HIV e AIDS, diante disto surgiu à necessidade de realizar atividades de educação em saúde, buscando atingir e promover um maior conhecimento e entendimento à cerca da importância que se tem o tema proposto para a determinada faixa etária facilitando assim uma melhoria de qualidade de vida desses jovens,considerando assim que o melhor remédio é a orientação. A palestra educativa em saúde proporcionou aos adolescestes da Vila do Itararé uma tarde de aprendizado por meio da apresentação oral e visual do assunto abordado – HIV/AIDS proporcionando um debate esclarecedor das suas supostas dúvidas á cerca da sexualidade, frisando sempre que o melhor remédio é a orientação e a prevenção. Figura 3: Palestra DST/AIDS DENGUE: A PREVENÇÃO É O MELHOR COMBATE Uma grande problemática que vem atingindo a população Brasileira há décadas é o Dengue transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e que já fez milhares de vitimas ao longo dos anos. Diante desta problemática o Projeto Sala de Leitura e responsabilidade ambiental para crianças e adolescentes: Uma construção coletiva de responsabilidade está presente social em ações de intervenção social, discutindo temas da atualidade de acordo com a necessidade sentida. O dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é um grave e crescente problema de saúde pública no mundo, e que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 80 milhões de pessoas se infectam anualmente, com cerca de 550 mil hospitalizações e 20 mil óbitos em conseqüência da dengue. Diante dos dados obtidos percebe-se a realidade mundial a cerca da doença, pensando nisso propomos atividades que contribuam com a diminuição desse número de infectados e óbitos, fazendo isso de forma dinâmica, atingindo uma faixa etária crescente crianças de 5 à 8 anos passando o conteúdo de forma interativa, contribuindo e facilitando o aprendizado dos mesmos diante do assunto exposto7. Diante do problema que a saúde pública mundial não só brasileira enfrenta com a gravidade da doença, o Projeto Sala de Leitura e de Responsabilidade ambiental para crianças e adolescentes: Uma construção coletiva notou que é de grande valia a execução de um workshop para as crianças da comunidade do Itararé – Campina Grande/PB. Com uma palestra educativa com o objetivo de promover a melhoria de qualidade de vida, mostrando os riscos que a doença proporciona, quais os sintomas, a melhor forma de diagnosticar a doença, o tratamento adequado para o tipo de dengue e a implementação de programas do combate da doença. Acredita-se que o melhor remédio para um bem-estar biológico, psicológico e social é a prevenção, por isso a iniciativa do projeto em aborda temas e problemáticas da atualidade. Visando proporcionar momentos de aprendizado de forma interativa e dinâmica para a faixa etária escolhida, pois é na educação em saúde que identificamos a forma mais eficaz de controle das doenças. CONSIDERAÇÕES FINAIS De modo geral o presente trabalho constatou que o conhecimento das experiências vividas pelas crianças e adolescentes da comunidade do Itararé, teve um desempenho satisfatório em relação às palestras educativas realizadas e oficina de conscientização da preservação ambiental. A adolescência é um período de transição para a vida adulta, onde este grupo particularmente esta ainda mais exposto aos riscos sociais que as ruas oferecem, tais como: violência, gravidez na adolescência, doenças venéreas, drogas, prostituição. Visto que estes precisam de uma atenção maior voltada para a educação, notoriamente esse projeto vem o intuito de preencher o tempo livre e oferecer lazer de uma maneira educativa. A importância da atividade é de ampliar seus conhecimentos literários auxiliando na vida escolar e despertar cada vez mais o hábito da leitura. A premiação do concurso do ministério da cultura proporcionou então o sonho da construção de uma sala de leitura, podendo proporcionar dessa forma a realização sucinta das atividades programadas. Para a enfermagem, que tem como lema “a arte do cuidar”, o projeto estabelece a relação do cuidar para com o outro, já que a adolescência necessita de um cuidado e atenção mais priorizada. Contudo devem-se estabelecer parcerias com os pais, realizando atividades em conjunto a nível de ambiente familiar para fortalecer esse elo de educação, estabelecendo assim uma forma dinâmica de conversação entre pais e filhos sobre temas variados que na maioria das vezes é de difícil diálogo. Então, o projeto visa uma promoção da saúde e educação de maneira integral para os mesmo. Portanto torna-se essencial o desenvolvimento de grupos de apoio, de espaços de leitura e lazer, de espaços que valorizem o meio ambiente e a diversidade cultural, ou seja locais que tentem minimizar as necessidades de crianças e adolescentes, visto que são nesses espaços onde se identificam questões que podem aumentar o grau de vulnerabilidade frente aos riscos, tais como: questões de gênero associadas com raça/etnia e classe social, condições de vida, condições de saúde, acesso ou não à informação, insuficiência de políticas públicas em saúde e educação ambiental, são nesses espaços que medidas certas para enfrentar os problemas da sociedade são desenvolvidas e encontradas, são nesses espaços onde são apresentadas medidas preventivas para evitar o uso da droga, onde são influenciados os esporte e trabalhados seus dotes. Esta atitude pode ser vista como proteção frente às situações de risco, às quais estão expostas crianças e adolescentes continuamente estão expostas. REFERÊNCIAS 1. Brasil. Lei n. 10.257, de 10 julho de 2001. Estatuto das Cidades. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/LEIS_2001/L10257.htm> Acessado em 12 out. 2007, 15:47:40 2. COLLI, A.S. Conceito de Adolescência. IN: MARCONDES, E. et al. Pediatria Básica, 9° ed. São Paulo: Sarvier. 2003. 3. MOREIRA, T.M.M. et al. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Revista Escola de Enfermagem da USP, 42(2) p. 312-320, junho, 2008. 4. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979 5. World Medical Association. 52ª General assembly of the World Medical Association. Declaration of Helsinki: Recommendation guiding physicians in biomedical research involving humans subjects, 1964. Edinburgo: World Medical Association; 2000. 6. Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP. Resolução 196/96, dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília; 1996. 7. GADELHA, G.B.N. Projeto Brotar. 1º Projeto Elaborado para Vila Itararé. Fundação Pedro Américo. Campina Grande, 2005 8.MACHADO, S. W. S.; MACHADO. M. S.; BARROS. A. M. A. Gabinete de crise: gerenciamento de epidemia no Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.defesacivil.uff.br/defencil_5/Artigo_Anais_Eletronicos_Defencil_17.pdf. Data de acesso: 20 de agosto de 2010.