PROEJA: UM NOVO MARCO NO CAMPUS JI-PARANÁ
Sergio Francisco Loss Franzin
— É, já faz um bom tempo, e eu ainda me lembro. Minha mãe nunca estudou
porque seus pais acreditavam que os estudos pouco importavam para as mulheres,
elas deveriam apenas saber cuidar de seus maridos, filhos e afazeres domésticos;
meu pai estudou, mas após reprovações sucessivas, desistiu; tenho uma irmã que
engravidou na adolescência e um irmão que nem adolescência teve; eu entrei rápido
na escola, saí mais rápido ainda, mas agora sinto que tenho um novo momento, do
qual não quero e não posso me desprender.
É com essa fala fictícia, repleta de casos que vieram se repetindo ao longo da
história, que demonstramos a importância da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
no seio de qualquer sociedade — porque esta ou aquela é constituída de pessoas
que, em razão de políticas, culturas e práticas excludentes, não tiveram
oportunidades reais de entrar e permanecer na escola.
O recomeço ou o início tardio deve ser previsto. Todavia, não basta apenas a
oferta de cursos, vagas e outras motivações comuns a todos os alunos que se
encontram numa sequência regular de estudos. O público de EJA tem
peculiaridades que exigem culturas, políticas e práticas de inclusão verdadeira, de
inclusão transformadora; de outra forma, o que se têm são práticas de inserção
provisória ou a manutenção de barreiras de acessibilidade.
A relação entre idade e estudos gera uma perspectiva de necessidade
específica porque os jovens e adultos geralmente precisam dividir sua atenção à
escola com outras responsabilidades urgentes, necessárias à subsistência. O
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica
na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) consiste em políticas
de inclusão regidas pela perspectiva de que são necessárias estratégias e
metodologias diferenciadas de atendimento àqueles que não puderam estudar na
idade própria.
A Pós-Graduação em EJA, inaugurada no Campus Ji-Paraná do Instituto
Federal de Rondônia, em 23 de outubro, é um marco de cultura e prática de inclusão
com vistas a fortalecer a educação inclusiva. Os cursistas serão formados dentro de
uma concepção pedagógica que se justifica pela adequação estratégica da escola
ao seu alunado, e não o inverso. Trata-se, pois, de uma formação que exige de cada
agente formador a percepção do direito, respeito e valorização da diferença.
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