JULLIANA DA SILVA NASCIMENTO
Projeto Lixo Eletrônico e Sustentabilidade na Educação
Disciplina: Informática Educativa
Turma: 2º Ano do Ensino Fundamental I
Brinquedo Cai não Cai
JUIZ DE FORA
DEZEMBRO/2013
É BRINCANDO QUE SE APRENDE
(Rubem Alves)
No meu tempo, parte da alegria de brincar estava na alegria de construir o brinquedo. Fiz
caminhõezinhos, carros de rolemã, caleidoscópios, periscópios, aviões, canhões de bambu,
corrupios, arcos e flechas, cataventos, instrumentos musicais, um telégrafo, telefones, um
projetor de cinema com caixa de sapato e lente feita com lâmpada cheia d'água, pernas de
pau, balanços, gangorras, matracas de caixas de fósforo, papagaios, artefatos detonadores de
cabeças de pau de fósforo, estilingues.
Fazendo estilingues desenvolvi as virtudes necessárias à pesquisa: só se conseguia uma
forquilha perfeita de jaboticabeira depois de longa pesquisa. Pesquisava forquilhas - as
mesmas que inspiraram Salvador Dali - exercendo minhas funções de ´controle de qualidade´ arte que alguns anunciam como nova mas que existiu desde a criação do mundo: Deus ia
fazendo, testando e dizendo, alegre, que tinha ficado muito bom. Eu ia comparando a
infinidade de ganchos que se encontravam nas jaboticabeiras com o gancho ideal, perfeito,
simétrico, que existia em minha cabeça. Pois ´controle de qualidade´ é isso: comparar o
´produto´ real com o modelo ideal. As crianças já nascem sabendo o essencial. Na escola,
esquecem.
Os grandes, morrendo de inveja mas sem coragem para brincar, brincavam fazendo
brinquedos.
As
mães
faziam
bonecas
de
pano,
arte
maravilhosa
hoje só cultivada por poucas artistas. As mães modernas são de outro tipo, sempre muito
ocupadas, correndo prá lá e prá cá, motoristas, levando as crianças para aula de balê, aula de
judô, aula de inglês, aula de equitação, aula de computação - não lhes sobra tempo para fazer
brinquedos para os filhos. ( Será que as crianças de hoje sabem que os brinquedos podem ser
fabricados por eles?). Hoje, quando a menina quer boneca, a mãe não faz a boneca: compra
uma boneca pronta que faz xixi, engatinha, chora, fala quando a gente aperta um botão, e é
logo esquecida no armário dos brinquedos. Pobres brinquedos prontos! Vindo já prontos, eles
nos roubam a alegria de fazê-los. Brinquedo que se faz é arte, tem a cara da gente. Brinquedo
pronto não tem a cara de ninguém. São todos iguais. Só servem para o tráfico de inveja que
move pais e filhos, como esse tal ´bichinho virtual...´
Fiquei com vontade de fazer um sinuquinha. Naquele tempo não havia para se comprar.
Mesmo que houvesse não adiantava: a gente era pobre. Como tudo o que vale a pena nesse
mundo, a fabricação começava com um ato intelectual: pensamento: quem deseja pensa. O
pensamento nasce no desejo. Era preciso, antes de construir o sinuquinha de verdade,
construir o sinuquinha de mentira, na cabeça. Essa é a função da imaginação. Antes de Piaget
eu já sabia os essenciais do construtivismo: meu conhecimento começava com uma
construção mental do objeto. Diga-se, de passagem, que o homem vem praticando o
construtivismo desde o período da pedra lascada. Piaget não descobriu nada: ele só descreveu
aquilo que os homens (e mesmo alguns animais) sempre souberam.
Era preciso uma tábua larga e plana, flanela, madeiras e borracha de pneu de bicicleta para as
tabelas; as caçapas seriam feitas de meias velhas. As bolas, de gude. Os tacos, cabos de
vassoura. Preparei-me para fabricar o objeto dos meus sonhos. Meu pai, que era viajante,
estava em casa naquele fim de semana. Ofereceu-se para me ajudar, contra a minha vontade.
Valendo-se de sua autoridade, tomou a iniciativa. Pegou do serrote e pôs-se a serrar os cantos
da tábua, no lugar das caçapas. Meu pai operou com uma lógica simples: se um buraquinho
pequeno, que mal dá para passar uma bolinha, dá um ´x´ de prazer a uma criança, um buraco
dez vezes maior dará à criança dez vezes mais prazer. E assim pôs-se a serrar buracos
enormes nos ângulos da tábua. Eu protestava, desesperado: ´ - Pai, não faz isso não!´
Inutilmente. Confiante no seu saber ele levou a sua lógica até as últimas conseqüências. Fez o
sinuquinha. Só que nunca joguei uma única partida com os meus amigos. Por uma simples
razão: quem começava o jogo encaçapava todas as bolinhas. Com buracos daquele tamanho,
não tinha graça. Era fácil demais. A facilidade destruiu a alegria do brinquedo. A alegria de um
brinquedo está, precisamente, na sua dificuldade, isto é, no desafio que ele apresenta.
Deliciei-me com uma estória do Pato Donald. O professor Pardal, cientista, resolveu dar como
presente de aniversário ao Huguinho, Zezinho e Luizinho, brinquedos perfeitos. Fabricou uma
pipa que voava sempre, mesmo sem vento. Um pião que rodava sempre, mesmo que fosse
lançado do jeito errado. E um taco de beisebol que sempre acertava na bola, mesmo que o
jogador não estivesse olhando para ela. Mas a alegria foi de curta duração. Que graça há em
se empinar uma pipa, se não existe a luta com o vento? Que graça há em fazer rodar um pião
se qualquer pessoa, mesmo uma que nunca tenha visto um pião, o faz rodar? Que graça há
em ter um taco que joga sozinho? Os brinquedos perfeitos foram logo para o monte lixo e os
meninos voltaram aos desafios e alegrias dos brinquedos antigos. Todo brinquedo bom
apresenta um desafio. A gente olha para ele e ele nos convida para medir forças. Aconteceu
comigo, faz pouco tempo: abri uma gaveta e um pião que estava lá, largado, fazia tempo, me
desafiou: ´ - Veja se você pode comigo!´ Foi o início de um longo processo de medição de
forças, no qual fui derrotado muitas vezes. É preciso que haja a possibilidade de ser derrotado
pelo brinquedo para que haja desafio e alegria. A alegria vem quando a gente ganha. No
brinquedo a gente exercita o que Nietzsche denominou ´vontade de poder´.
Brinquedo é qualquer desafio que a gente aceita pelo simples prazer do desafio - sem
nenhuma utilidade. São muitos os desafios. Alguns são desafios que têm a ver com a
habilidade e a força física: salto com vara, encaçapar a bola de sinuca; enfiar o pino do
bilboquê no buraco da bola de madeira. Outros têm a ver com nossa capacidade para resolver
problemas lógicos, como o xadrez, a dama, a quina. Já os quebra-cabeças são desafios à
nossa paciência e à nossa capacidade de reconhecer padrões.
É brincando que a gente se educa e aprende. Cada professor deve ser um ´magister ludi´¸
como no livro do Hermann Hesse. Alguns, ao ouvir isso, me acusam de querer tornar a
educação uma coisa fácil. Essas são pessoas que nunca brincaram e não sabem o que é o
brinquedo. Quem brinca sabe que a alegria se encontra precisamente no desafio e na
dificuldade. Letras, palavras, números, formas, bichos, plantas, objetos (ah! o fascínio dos
objetos!), estrelas, rios, mares, máquinas, ferramentas, comidas, músicas - todos são desafios
que olham para nós e nos dizem: ´Veja se você pode comigo!´ Professor bom não é aquele
que dá uma aula perfeita, explicando a matéria. Professor bom é aquele que transforma a
matéria em brinquedo e seduz o aluno a brincar. Depois de seduzido o aluno, não há quem o
segure.
Projeto: Lixo Eletrônico e Sustentabilidade na Educação
Professor(a): Julliana da Silva Nascimento
Disciplina: Informática Educativa
1)Tema:
Sustentabilidade
2) Justificativa:
Através de parceria com o professor Victor Condé, da Faculdade Estácio
de Sá Juiz de Fora e idealizador do Projeto de Reaproveitamento,
Reciclagem e Descarte de Lixo Eletrônico (e-Lixo JF), com a professora
Julliana da Silva Nascimento, idealizadora do Projeto Lixo Eletrônico e
Sustentabilidade na Educação, espera-se que os alunos do Maternal I e II, 1º
e 2º Período da Educação Infantil e os alunos de Ensino Fundamental I (1º ao
5º ano) do Colégio Planeta tomem contato com o processo de reutilização de
materiais na produção de objetos de uso diários. A proposta se encaixa na área
da Informática Educativa, dialogando com a disciplina de Ciências, em um
movimento multidisciplinar na construção de consciência de uso e reuso dos
materiais cotidianos. Dessa forma, além de estimular a criatividade do aluno,
exploramos sua capacidade de conscientização e postura diante dos detritos
possivelmente recicláveis que são descartados diariamente de maneira
desnecessária e errônea. À medida que o trabalho for sendo desenvolvido,
espera-se que o produto final seja exposto às famílias em dia a ser
determinado pela escola, integrando comunidade discente, docente e familiares
em geral, aproximando esses atores sociais e vinculando-os à ideologia do
projeto.
3) Objetivos:
• Estimular a criatividade, sensibilidade, curiosidade e imaginação;
• Promover a comunicação e principalmente a socialização;
• Desenvolver o pensamento crítico e reflexivo;
• Desenvolver o raciocínio lógico;
• Despertar o interesse pelo tema sustentabilidade;
• Criar uma atividade que possa ser continuada fora das aulas e da escola;
• Dar a oportunidade ao aluno de ampliar sua capacidade de autoconhecimento;
• Trazer a discussão de valores, da moral e da ética;
• Possibilitar o aluno a criar e ser crítico;
• Desenvolver junto aos professores atividades que envolvam o processo de
reciclagem e sustentabilidade;
• Fazer com que o Colégio Planeta se torne a primeira escola da rede privada a
ser ponto de coleta de Lixo Eletrônico na cidade de Juiz de Fora, em parceria
com o Projeto de Reaproveitamento, Reciclagem e Descarte de Lixo Eletrônico
(e-Lixo JF), idealizado pelo Prof. Victor Condé Guedes do Curso de Redes de
Computadores da Faculdade Estácio de Sá.
4) Fundamentação Teórica:
O Projeto Lixo Eletrônico e Sustentabilidade na Educação, se
complementa a ideologia construtivista de busca do conhecimento e autonomia
do indivíduo, sendo essa corrente a norteadora para esse projeto. O
construtivismo contribui de forma ativa no processo de ensino aprendizagem,
sendo o aluno sujeito agente desse. Na teoria construtivista a aprendizagem se
torna colaborativa. O aluno se torna construtor do conhecimento, buscando por
meio de pesquisas, soluções para os problemas propostos tornando assim o
professor um mediador entre o aluno e o processo de aprendizagem.
Sobre essa teoria, (FRANCO, BRAGA e RODRIGUES, 2010, p.130) nos
dizem:
“A teoria construtivista percebe o indivíduo nos aspectos
cognitivos, sociais e afetivos. Assim, nessa corrente, cada
pessoa não é um produto do ambiente nem um resultado de
suas disposições internas e sim, uma construção própria que
se produz dia a dia como resultado da interação entre ambiente
e indivíduo. Nessa visão, o conhecimento não é uma cópia da
realidade, mas uma construção do ser humano.”
A escolha dessa teoria como embasamento teórico para o projeto foi
feita pautada no princípio da colaboratividade, constante no construtivismo.
5) Público-alvo:
• Alunos do Maternal I e II;
• Alunos do 1º e 2º Período da Educação Infantil;
• Alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I;
• A família, a escola e a comunidade.
6) Materiais (para cada aluno):
2 garrafas pet de 2 litros vazias e limpas;
12 tampinhas de garrafa pet;
1 tesoura (A ser usada pela professora);
1 Estilete (A ser usada pela professora);
Tinta guache azul;
Tinta guache amarela;
Tinta guache vermelha;
Tinta guache verde;
12 palitos de churrasco;
1 Ferro de solda (A ser usada pela professora);
Pinceis.
7) Desenvolvimento:
7.1- Aula de apresentação:
• Introdução ao Conceito Sustentabilidade, Lixo Eletrônico e Reciclagem;
• Amostra de cases de sucesso para os alunos envolvidos no projeto.
7.2- Aula prática:
• Ensinar aos alunos a reciclar na prática;
• Ensinar aos alunos a técnica de artesanato e aproveitamento do material
reciclável;
• Ensinar cada aluno a criar brinquedos com garrafas pet;
• Criar e montar junto aos alunos o produto final.
7.3- Acompanhamento:
• Retirar dúvidas dos alunos sempre que necessário;
• Verificar a adequação dos alunos a proposta do projeto.
7.4- Encerramento:
• Fazer ao final do projeto, uma exposição com os brinquedos criados pelo 2º
ano;
• Todas as criações serão postadas na fanpage e no site da escola.
Referências:
FRANCO, Lucia Regina Horta Rodrigues; BRAGA, Dilma Bustamante;
RODRIGUES, Alessandra. EaD Virtual: entre a teoria e a prática.
Itajubá/UNIFEI: PREMIER, 2010. 254p.
Disponível em: <http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/4025/o-brincando-que-se-aprende.html.> Acesso em 01 de setembro de 2013.
Disponível em: < http://ciclovivo.com.br/noticia/aprenda-a-fazer-um-jogo-cainao-cai-de-garrafas-e-tampinhas-de-pet> Acesso em 01 de setembro de 2013.
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