PROPOSTA DE MODELO DE MENOR TARIFA COM MAIOR MOVIMENTAÇÃO PARA ARRENDAMENTO PORTUÁRIO João Carlos Félix Souza Núcleo de Engenharia de Produção Universidade de Brasília João Gabriel de Moraes Souza Alexandre Borges Santos CEFTRU Universidade de Brasília RESUMO Este artigo apresenta um modelo matemático de escolha do melhor licitante para arrendamento de áreas portuárias. O modelo visa atender a solicitação feita por uma Medida Provisória e Lei derivada que trata sobre o assunto. Elas determinam que a nova metodologia considera a menor tarifa combinada com a maior movimentação. Propõe-se uma formalização matemática adequada aos interesses descritos. A formalização utilizada foi um PPL (Problema de Programação Linear) para calcular, mediante introdução de custos originários de demandas previsíveis e dos investimentos necessários para atender esta demanda, a menor tarifa cobrada do usuário e a movimentação mínima necessária para a demanda estimada. Posteriormente, aplica-se um modelo DEA (Análise Envoltória de Dados) para classificar as melhores propostas considerando a tarifa mínima calculada no PPL, como input, a demanda (output) e o investimento aplicado (output). O resultado se mostrou satisfatório classificando, no caso do DEA, as melhores propostas dentro das exigências legais. ABSTRACT This paper presents a mathematical model of choosing the best bidder for the lease of port areas. The model aims to meet the request made by a Provisional Law and derivative dealing on the subject. They determine that the new methodology considers the lowest rate combined with the greater movement. We propose a mathematical formalization tailored to the interests described. The formalization used was a PPL (Linear Programming Problem) to calculate, by introducing costs of originating predictable demands and the investments needed to meet this demand, the lowest rate charged to the user and the minimum movement required for the estimated demand. Afterwards, apply a model DEA (Data Envelopment Analysis) to sort the best proposals considering the minimum rate calculated in PPL, as input, the demand (output) and the investment made (output). The results were satisfactory grading in the case of DEA, the best proposals within the legal requirements. 1. INTRODUÇÃO O Brasil enfrenta desgastes constantes na capacidade de desenvolvimento de sua estrutura Logística de Transportes urbanos, interestaduais e internacionais. A estrutura portuária em qualquer país provoca o desenvolvimento e crescimento de uma nação. A otimização na troca de mercadorias, portanto traz cada vez mais divisas, empregos e, por outro lado, produz competição e integra novas tecnologias com enriquecimento, no caso brasileiro, da formação bruta de capital. Os Portos, portanto, são vitais para uma saudável concorrência desse processo. Em vista disso, o governo, preocupado com a inoperância e baixa produtividade dos nossos Portos, propõe ações efetivas para dar maior transparência e competitividade em nível internacional aos seus processos. Uma das propostas foi a Medida Provisória (MP) 595 de 06 de dezembro de 2012 e posterior Lei aprovada pelo Congresso Nacional número 12815/2013. Desta maneira, o objeto deste artigo consiste na elaboração de um modelo que atenda a demanda imposta pela medida provisória MP 595/2012 e, mais especificamente, a Lei 12815/2013 que estabelece parâmetros para licitação dos terminais portuários. Denominada como Medida Provisória dos Portos e, em sequência, Lei dos Portos, esta Lei estabelece a necessidade de um novo modelo na escolha do licitante o qual deve considerar a combinação da menor tarifa cobrada pelo arrendatário ao usuário, combinada com maior movimentação (de carga e passageiros) e, consequentemente, maior aplicação de investimento. Em comparações com outros portos internacionais, quando não estatais ou explorados pelo próprio estado, o que se aplica são contratos de utilização ou arrendamento com cláusulas simplificadas de exploração mediante pagamentos de serviços e/ou tarifas de arrendamento. Portanto, metodologia simples e trivial de maior preço. Há de se considerar que nosso antigo modelo de licitação é único e ultrapassado. Este sistema de licitação de terminais portuários premiava o concorrente que oferecia o maior valor de outorga, ou seja, na prática era considerado o maior valor de arrendamento para área licitada. O novo sistema prioriza o licitante que apresentar a estrutura mais eficiente de capital. Para atender o objetivo da nova estrutura portuária, construiu-se um modelo com a utilização do método de Pesquisa Operacional. Segundo Silva et. all (1998), o método cientifico ideal para tomada de decisões deve ser simples, isto é: “ um bom modelo é aquele que tem desempenho suficientemente próximo da realidade e é de fácil experimentação.” (Silva et. all. 1998). Especificamente utilizamos um modelo de Programação Linear para aproximar as propostas licitatórias de resultados em que privilegie as menores tarifas de serviço portuário com os maiores investimentos para crescimento nas movimentações de carga. Os concorrentes desenvolvem e apresentam seus EVTEA (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) dos quais seus valores resultantes são submetidos aos modelos de programação linear. Posteriormente, devido às diferenças de escala e unidades (tarifas e investimentos em valores monetários e toneladas de cargas para movimentação) aplica-se o modelo DEA (Data Envelopment Analysis), modelo conhecido como Análise Envoltória de Dados para a classificação e rankeamento dos resultados obtidos no DEA através de técnica de ordenamento de eficiência. Portanto, procura-se o modelo de maior eficiência na relação de cobrança de menor tarifa com maiores movimentações e investimentos nos Portos por parte dos investidores interessados. Charnes, Cooper e Rhodes (1978), Banker Charnes e Cooper (1984), precursores do modelo destacam-se entre os estudiosos mais proeminentes na literatura a respeito de mensuração da eficiência. A eles se seguiram diversos outros autores e trabalhos sobre o assunto. De posse destes dois resultados fazemos análise comparativa na ordem decrescente do DEA com os resultados da Função Objetivo da Programação Linear e os investimentos aplicados. Este artigo, portanto, divide-se em 6 seções. A seção 2 introduz os conceitos necessários para entendimento do modelo utilizado em Pesquisa Operacional (PO) e Programação Linear (PL). A seção 3 explica o DEA e sua utilização para técnicas de rankeamento que, em resumo, também se utiliza da programação linear para este ordenamento. A seção 4 versa sobre a forma prática de aplicação dos modelos. A seção 5 faz análises e simulações e, finalmente, na última seção conclusões e sugestões. 2. PESQUISA OPERACIONAL A Pesquisa Operacional como conhecemos foi criada durante a Segunda Guerra em resposta às necessidades de otimização e eficiência do processo produtivo, em particular para produção de armamentos e artefatos de guerra. Houve, portanto, a necessidade de estudos realizados por equipes interdisciplinares, tais como engenheiros, matemáticos, estatísticos e economistas (Silva et. all, 1998). Conforme o modelo de Pesquisa Operacional sugere, existem algumas etapas a serem cumpridas na elaboração dessa técnica. Entre elas estão: A formulação do problema; A construção do modelo; Cálculo da solução através do modelo; Estabelecimento de controles da solução e, Implantação e acompanhamento O objetivo dessa técnica, usada no projeto, é o de maximizar uma função principal, chamada de Função Objetivo ou Função Eficiência, sujeita as demais equações que são restrições ao modelo. O problema aqui estudado é o mais geral de otimização (maximizar ou minimizar) no qual o objetivo e as restrições são expressos como funções matemáticas e relações funcionais da seguinte forma: Otimizar: z = f(x1, x2, x3, ..., xn) Sujeito a: g1(x1, x2, x3, ..., xn) ≤ b1 g2(x1, x2, x3, ..., xn) ≤ b2 ... (1) ... gn(x1, x2, x3, ..., xn) ≤ bn Cada uma das m relações de restrição da equação (1) envolve um dos três sinais ≤, = ou ≥ . Como, nas nossas aplicações, tratam-se de maximização da função objetivo z os sinais utilizados na restrição são de ≤ . Isto é, maximizam-se a movimentação e o inverso da tarifa (a menor possível). Desta forma, para não “explodir” a função, as restrições ficam limitadas a um valor bi para (i = 1, 2, 3, ..., n), exceto para as restrições de nulidade, visto que nenhuma variável deve ser menor ou igual a zero, caso contrário existiria erro no modelo (Bronson, 1985). Percebem-se algumas vantagens ao se utilizar essa metodologia: 1. Possível comparação entre variáveis com unidades de medida diferentes; 2. Formalização matemática com cálculos aproximados considerando as necessidades reais de uma situação problema; 3. Flexibilidade limitada à definição de restrições; 4. Simplicidade na formulação e, 5. Modelo amplamente conhecido 3. ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS Berger e Humphrey (1997) pesquisaram modelos paramétricos e não paramétricos para medição de eficiência. Um dos problemas das técnicas paramétricas é a necessidade de se conhecer a função de produção, bem como a distribuição da estatística dos desvios (resíduos) entre os valores esperados e observados. Por outro lado a técnica não paramétrica não necessita de suposição no que diz respeito ao formato da fronteira de produção. A grande popularidade das medidas técnicas de eficiência não paramétricas, tais como DEA (Data Envelopment Analysis), vem de sua flexibilidade operacional. A exceção se faz pela propriedade de suposição de convexidade, no caso DEA original, e a exigência de correta definição dos outputs e inputs. O conceito básico trata de fronteira de produção ou função de fronteira de produção que por definição é a máxima quantidade de outputs (ou produtos) que pode ser obtido dado uma série de inputs (insumos) ou recursos utilizados. Conforme definição de Sousa e Stosic (2005): “A fronteira de possibilidade de produção mostra as quantidades máximas de produção que podem ser obtidas por uma economia ou firma, dado o seu conhecimento tecnológico e a quantidade de insumos disponíveis.” Neste contexto são definidas DMU - Decision Making Unit - como uma firma, um departamento, uma divisão administrativa e, no caso da aplicação empírica deste trabalho, as propostas de licitação dos concorrentes para avaliação. O conjunto de DMU’s adotado para análise DEA deve ter em comum a utilização dos mesmos inputs e outputs, bem como serem homogêneos e ter autonomia na tomada de decisão. As unidades de medidas das variáveis iguais devem ser as mesmas, no entanto podem ser diferentes entre as demais. Muitos métodos surgiram que incluem DEA, ou baseados em DEA, para determinar eficiência: método para avaliação de desempenho, para seleção de unidades eficientes, para determinação de preços, para avaliação de risco e seleção de outliers entre outras aplicações (Wheelock e Wilson, 2003; Rosa e Mazzon, 2003; Silva e Azevedo 2004, só para citar alguns trabalhos e autores). Atualmente, conta com uma ampla base teórica e variedade de aplicações práticas (Banker, Charnes e Cooper, 1984; Berger e Humphrey, 1997; Kantor e Maital, 1999; Thanassoulis, 1999 e Zenios et al., 1999). Banker Charnes e Cooper (1984) destacam-se entre os estudiosos mais proeminentes na literatura a respeito de mensuração da eficiência. A eles se seguiram diversos outros autores e trabalhos sobre o assunto. Posteriormente, Berger e Humphrey (1997) consolidaram e avaliaram estudos sobre eficiência técnica em processos produtivos e logísticos. Normalmente DEA apresenta nos resultados, principalmente em situações onde as unidades de decisão são bem comportadas e as variáveis de input e output são equilibradas, variáveis sem grandes dispersões. No entanto, se alguma ou algumas unidades têm um ótimo desempenho há alteração no resultado das demais unidades indicando que elas têm baixa eficiência. A distribuição de freqüência da eficiência torna-se altamente assimétrica e com escala não linear. Muito se tem trabalhado para dirimir este efeito. Entretanto, quase sempre isto depende de uma inspeção visual dos dados o que é virtualmente impossível para grandes bases ou conjunto de dados (Sousa e Stosic, 2005), o que não é o caso em questão. 3.1. Modelos - CRS e VRS O modelo original CCR também conhecido como CRS (Constant Returns to Scale) trabalha com retornos constantes de escala (Charnes et al., 1996), na ótica dos multiplicadores e do input. A técnica DEA sugere dois modelos: orientado para o Input ou orientado para Output. No primeiro caso deseja-se minimizar a utilização dos recursos tal que o nível dos outputs ou produtos se mantenha o mesmo. Isto é, pergunta-se quanto posso reduzir meus inputs sem afetar as quantidades de outputs produzidos? No caso de orientação output o objetivo é maximizar os produtos obtidos sem alterar o nível atual dos inputs (Esttellita Lins e Meza, 2000). O modelo utilizado na orientação desse trabalho é o CRS orientado ao input. Considera-se que cada DMU k é uma unidade de produção que utiliza n inputs xik, i=1,..., n, para produzir m outputs yjk, j=1,...,m. Este modelo maximiza o quociente entre a combinação linear dos outputs e a combinação linear dos inputs, com a restrição de que para qualquer DMU este quociente não pode ser maior que 1. Este problema de programação linear assume rendimentos constantes de escala (CRS) a partir de multiplicadores aplicados aos inputs e outputs. O modelo pode ser representado pelo: O valor mínimo de θ tal que: x k xk y k yk onde: k 0 k e; θ≥0 (2) em que: θ será interpretado como o indicador de eficiência da DMU analisada, baseado na possibilidade de redução de insumos para obter a eficiência máxima. Esta é a ótica do input com rendimento constante de escala quando o conjunto de pontos, tais que θ=1, é definido como a fronteira de eficiência, embora não seja sempre Pareto-eficiente (Charnes, Cooper, Lewin and Seiford, 1996 2ª. Edição). Na eliminação da propriedade de raio ilimitado (rendimento constante de escala) o modelo DEA torna-se BCC ≡ VRS (rendimento variável de escala), passando a considerar a possibilidade de rendimentos crescentes ou decrescentes de escala na fronteira eficiente. Os coeficientes µi são substituídos pelos λk , que definem uma combinação linear convexa. O PPL e a fronteira que envolve os pontos viáveis são definidos como: O mínimo de θ tal que: x k xk y k yk onde: k 0 k θ≥0 k xk = 1 e; (3) 4. OS MODELOS 4.1. Função Objetivo e suas Restrições A Função Objetivo (FO) foi construída levando-se em conta as duas variáveis elucidadas pela MP 595/2012, quais sejam: tarifa e movimentação. A função Objetiva é: VALOR_COEF. α(1 /tarifa) βLN(movimentação) (4) Onde: α e β são coeficientes determinados ou pelo modelo, ou discricionário pelas autoridades do governo. A fórmula tem como objetivo maximizar a variável VALOR_COEFICIENTE para determinar o melhor concorrente que participe da licitação. A estrutura das funções (1 /tarifa) e LN(movimentação) objetiva, nesse formato, encontrar os licitantes que apresentam valores mais condizentes com os reais. Também tem por fim afugentar os aventureiros que apresentam valores irreais e que após vencerem a licitação, pedem as autoridades governamentais o reequilíbrio econômico e financeiro. A função (1 /tarifa) é denominada uma função hipérbole retangular e segundo Chiang (2004), a hipérbole retangular é uma função decrescente e assintótica, que não permite o valor da tarifa igual a zero, bem como decresce o valor do coeficiente sempre que o valor da tarifa se eleve. Outra característica dessa função é o fato dela apresentar elasticidade unitária em qualquer ponto da curva. A variável premia os agentes que atuam no centro da curva, pois seus ganhos marginais são superiores aos dos usuários que atuam nos extremos. Figura 1: Função hipérbole retangular A função LN(movimentação) é uma função logarítimica que possui a característica de ganhos marginais decrescentes (Chiang, 2004), ou seja, seus ganhos diminuem em relação ao coeficiente com o aumento da movimentação. A mencionada peculiaridade da função é importante, pois, o ganho marginal tenderá a zero à medida que a quantidade movimentada se aproxime de sua capacidade máxima. Prestigiam-se, assim, os concorrentes da licitação que apresentam valores mais confiáveis de movimentação. Figura 2: Função logarítimica Uma das grandes contribuições do modelo de Pesquisa Operacional é o de possuir restrições ao modelo base (Função Objetivo), em que as restrições garantem que soluções estejam de acordo com as limitações técnicas impostas pelo sistema (Silva et. all, 1998). As restrições do modelo são: 1. A Receita Total é maior ou igual a zero A restrição assegura que a tarifa multiplicada pela quantidade movimentada será um número positivo. (5) tarifaXqua ntidade 0 . 2. O Fluxo de Caixa Anualizado é maior ou igual a zero A Receita Total trazida a Valor Presente menos os Custos Totais a Valor Presente será maior ou igual a zero. Anuidade: tarifaX [ quantidade 1 g n custo 1 g n X( ) 1] [ X( ) 1] (i g ) 1 i (i g ) 1 i ou Re ceita _ Total _ Anualizada Custos _ Totais _ Anualizados (6) Onde: g é a taxa de crescimento, ou gradiente da quantidade movimentada. Caso não haja uma taxa de crescimento estimada constante o proponente preenche um fluxo de demanda estimada e, portanto, g = 0. No exemplo que se segue considerou-se g = 0. A taxa de desconto i é fornecida pela ANTAQ (Agência Nacional de Transporte Aquaviário). O modelo será testado com 11,0% ao ano nominal. A restrição de Fluxo de Caixa Anualizado maior ou igual a zero garante que o empreendimento seja viável, pois trazidos a Valor Presente os fluxos financeiros serão positivos. 3. O Fluxo de Investimento deve ser maior que o Investimento Mínimo. Essa restrição garante que o investimento realizado no projeto seja o mínimo exigido para a demanda projetada para a área. Tal Investimento Mínimo será calculado pela empresa que for elaborar o EVTEA da área arrendada. Pelas restrições, quanto maior o investimento maior será a ponderação no valor do coeficiente calculado pela função objetivo. Fluxo _ Investimento Investimento _ Mínimo (7) 4. A Tarifa bem como a Quantidade Movimentada deverão ser maiores ou iguais a zero. A restrição de positividade das variáveis assegura que não haja valores negativos nas variáveis principais do modelo. Ela é elucidada apenas para fins de modelagem, a variável Tarifa sempre será maior que zero devido à formulação da função objetivo. tarifa 0 e quantidade 0 (8) 5. Os parâmetros α e β do modelo estão entre zero e um. Garante que os pesos ponderem de forma a não extrapolar os valores reais das variáveis, atribuindo uma maior importância para uma devida variável, ou mantendo-as de forma igualitária caso em que α e β são iguais a 0,5. Para ignorar qualquer peso faz-se α = 0 e β = 0. 0 1 e 0 1 (9) 6. A movimentação não poderá ser maior que a capacidade efetiva. Assegura que a movimentação revelada pelo licitante não seja maior que a movimentação efetiva que o concorrente poderá realizar devido aos investimentos feitos na área arrendada. Essa capacidade efetiva será determinada pelos engenheiros vinculados a empresa que elaborará o EVTEA da área. movimentação capacidade _ efetiva (10) 4.2. Aplicação pela Análise Envoltória de Dados No modelo DEA é importante definir as variáveis de entrada (input), as variáveis de saída (output) e as DMUs: DMU: Definiram-se cinco propostas que foram submetidas pelo PPL (Programa de Programação Linear), cujo resultado gerou, para cada DMU (proposta) uma tarifa mínima, bem como uma movimentação mínima para cada proposta de concorrente. O resultado da planilha gera, também, o investimento necessário para sustentar a movimentação proposta, investimento esse indicado pelo proponente. Input: Tarifa encontrada pelo PPL para cada DMU. Esta tarifa é o quanto o proponente arrendatário cobrará pelos seus serviços portuários. Com a movimentação mínima estas variáveis compõem a receita do arrendatário. Output: Movimentação mínima calculada pelo PPL conforme a estimativa de demanda colocada pelo proponente, considerando seus investimentos, custos e receitas indicadas. 5. SIMULAÇÃO E ANÁLISES Os primeiros testes do modelo foram realizados com os EVTEAs elaborados relativos aos arrendamentos das áreas: TMU 2/Vila do Conde - PA, Tecon II/Suape – PE, Teconbel/Belém – PA, Área do Meio/Itaguaí – RJ e Rodrimar/Santos – SP. Tabela 1: Simulação feita para a área TMU 2/ Vila do Conde – PA Função Objetivo Alfa: Beta: 0 0 Tarifa: Movimentação: 41,71 117.178.880 Coeficiente 18,60 Fonte: Elaborada pelos autores A tarifa é expressa em reais e a movimentação é expressa em toneladas (movimentação total, considerada a soma dos valores de todo o período de vigência do contrato). O investimento total durante os 25 anos de duração do projeto e que impacta a movimentação, neste exemplo, é dado por R$ 1.157.660.432,50. Digamos que a função acima elaborada pelo EVTEA para a área TMU 2 resulta em tarifa máxima cobrada e movimentação mínima. Apresentam-se, como exemplo, cinco licitantes que concorrem ao arrendamento, os concorrentes são denominados: A, B, C, D e E. A título de exemplo desprezam-se os valores de α e β na FO o que, no modelo de PO (pesquisa operacional), ignora a ponderação ou grau de importância para Tarifa em relação à Movimentação e vice-versa. Os concorrentes apresentam os seguintes resultados em programação linear: Tabela 2: Resultado da Função Objetivo com o Investimento por ordem de coeficiente. Concorrentes Tarifa R$ Movimentação (ton) Coeficiente Investimento R$ 41,71 117.178.880 18,60 1.157.660.432,50 A 40,25 122.560.000 18,65 1.195.073.817,43 B 41,67 126.560.000 18,68 1.408.311.159,95 C 29,25 160.800.000 18,71 1.047.301.501,65 D 31,09 117.040.000 18,61 1.081.929.263,08 E Fonte: Elaborada pelos autores Para obtenção dos valores da tarifa e da movimentação mínima os licitantes necessitaram de inserir o total proposto das despesas e custos condizentes com a estimativa da quantidade total movimentada, bem como o investimento mínimo proposto para a movimentação estimada. A PL maximiza seu coeficiente sujeito as restrições apresentadas. Os dados dos concorrentes são lançados no software MS_EXCEL© na ferramenta SOLVER, em planilha montada e disponibilizada pelas autoridades governamentais. Conforme se observa o licitante D apresenta a melhor proposta, pois seu coeficiente é o maior. Na ordem seguem D, C, B, E e A. Destaca-se que, neste exemplo de PPL, os investimentos são exigidos apenas para atender a restrição de valores mínimos que são sugeridos pelo próprio concorrente, dessa forma, pouco influenciando no resultado final da FO. Com a entrada da variável Investimento, que é utilizada na PPL apenas como o valor mínimo necessário para atender a demanda sugerida pelos proponentes, o modelo DEA se faz necessário para comparação relativa entre as propostas. Desta forma, o coeficiente não é necessário, pois se trata apenas de uma função da tarifa e movimentação. Tabela 3: Resultado do DEA por ordem de eficiência e tarifa, respectivamente. Concorrentes Tarifa R$ Movimentação (ton) Eficiência Investimento R$ 41,71 117.178.880 92,51% 1.157.660.432,50 A 40,25 122.560.000 94,31% 1.195.073.817,43 B 41,67 126.560.000 98,13% 1.408.311.159,95 C 29,25 160.800.000 100,00% 1.047.301.501,65 D 31,09 117.040.000 99,06% 1.081.929.263,08 E Fonte:Elaborada pelos autores Conforme a Tabela 2 acima a ordem de prioridade é D, E, C, B e A. A diferença apresentada pelo uso exclusivo do PPL resulta da inclusão no modelo comparativo e relativo DEA da variável investimento. Esta variável é necessária para viabilizar toda a movimentação portuária, como também para definir a tarifa necessária para o empreendimento. 6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES Uma sugestão para próximas pesquisas é simular o modelo PPL substituindo a variável Movimentação pela variável Investimento como proxy de quantidade movimentada, por se tratar de uma variável de melhor mensuração, devido ao fato de que sua realização ocorrer nos primeiros anos do empreendimento; já a quantidade é a soma do total do período de vinculação do contrato, possibilitando maior risco de mensuração. Os resultados podem alterar o valor da tarifa e, por conseguinte, interferir positivamente no valor final do coeficiente de seleção dos licitantes. Uma das indagações que pode ser feita é o porquê não se poderia utilizar apenas o modelo DEA para a classificação de eficiência entre os proponentes arrendatários, visto que, este último, a princípio, é originário de uma programação linear com restrições comparativas das DMUs. Porém, cabe esclarecer que tanto a tarifa, como a movimentação são calculadas pelo PPL e partiram de variáveis de demanda e investimentos preenchidas pelos concorrentes e submetidas às restrições apenas de valores mínimos de demanda e investimento. Portanto, deve-se aplicar o DEA no resultado destas variáveis. Assim, os modelos não são concorrentes, mas complementares. A utilização do DEA para rankeamento foi pertinente, pois classificou, em comparação relativa entre as DMUs, uma combinação ótima das variáveis tarifa, movimentação e investimento. Conforme a expectativa governamental o trabalho apresenta um modelo matemático de escolha do melhor licitante para arrendar as áreas fornecidas pela autoridade portuária para exploração. O modelo descrito visa atender a solicitação feita pela nova medida provisória e sua Lei derivada que tratam sobre o sistema portuário brasileiro. A MP 595/2012 e posteriormente a Lei 12815/2013 determina que a nova metodologia deva englobar a menor tarifa combinada com a maior movimentação. Desta maneira, propõe-se uma formalização matemática adequada aos interesses legais. Os cálculos iniciais realizados e os testes do modelo feitos para os arrendamentos aqui relatados mostraram-se satisfatórios. O modelo conseguiu maximizar o valor do coeficiente e classificá-los por ordem de eficiência das propostas na relação menor tarifa, demanda projetada e investimento aplicado, atingindo os objetivos esperados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANKER, R.D. (1993). Maximum likelihood, consistency and DEA: a statistical foundation. Management Science, vol 39, no.10, pp. 1265-1273. BANKER, R.D., CHARNES A., COOPER W. W., (1984). Some models for estimating technical and scale inefficiencies in data envelopment analisys. Management Science, vol.30, no.9, pp. 1370-1382. BERGER, Allen N.; HUMPHREY, David B. (1997). Efficiency of financial institutions: internacional survey and directions for future research. European Journal of Operational Research, v. 98, n. 2, p. 175-212. BRONSON, Richard. Pesquisa Operacional. McGraw-Hill do Brasil: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1985. CHARNES, A., COOPER W.W., GOLANY, B., SEIFORD, L.M., STUTZ, J. (1985). Foundation of Data Envelopment Analysis for Pareto-Koopmans efficient empirical production functions. Journal of Econometrics, vol.30, no. 1/2 , pp. 91-107. CHARNES, A., COOPER W.W., LEWIN, A Y. & SEIFORD, L.M. (1996). Data Envelopment Analysis, 1996, KAP, London. CHIANG, ALPHA C. Matemática para economistas. McGraw-Hill do Brasil: Ed. Da Universidade de São Paulo, 2004. ESTELLITA LINS, M., MEZA, L. A, (2000). Análise Envoltória de Dados e perspectivas de integração no ambiente de Apoio à Decisão. Editora da COPPE / UFRJ, Rio de Janeiro. KANTOR, J., MAITAL, S., (1999). Measuring Efficiency by Product Group: Integrating DEA with ActivityBased Accounting in a Large Mideast Bank, INTERFACES v.29, pp. 27-36. LEI 12.185, de 05 de junho de 2013. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 595, de 06 de dezembro de 2012. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. ROSA, Fernando, MAZZON, J.A., (2003). Análise de eficiência operacional, mercadológica e de resultados baseada no conceito de cadeia de serviços-lucro. In:ENANPAD, 27º. Atibaia. Rio de Janeiro. SILVA, ERMES M; SILVA, ELIO M; GOLÇALVES, VALTER; MUROLO, AFRÂNIO C. Pesquisa Operacional, Ed. Atlas, 1998. SILVA, Antonio C.M., AZEVEDO, Gustavo H.W. (2004). Eficiência e Sobrevivência: binômio fundamental para a previdência privada aberta. Revista Brasileira de Risco e Seguro v.1 n. 0. SOUSA, M.C.S and STOSIC, B. D. (2005). Technical Efficiency of the Brazilian Municipalities: Correcting Nonparametric Frontier Measurements for Outliers. Journal of Productivity Analysis. SpringerNetherlands, v. 24, p. 155-179. THANASSOULIS, E., (1999). Data Envelopment Analysis and Its Use in Banking, Interfaces v.29, pp.1-13. WHEELOCK, David C.; WILSON, Paul W. (2003). Robust Nonparametric Estimation of Efficiency and Technical Change in U.S. Commercial Banking. Working Paper Series. Fedral Reserve Bank of St. Louis. November. ZENIOS, C.V., ZENIOS, S.A, AGATHOCLEOUS, K., SOTERIOU, A C., (1999). Benchmarks of the Efficiency of Bank Branches, Interfaces v.29, pp. 37-51.