REDUÇÃO NO CUSTO DE ESTOQUE DE SOLO NO ANO DE 2009 Laércio Silva Rocha, Supervisor de Planejamento de Lavra, [email protected] Júnior César Ferreira de Araújo, Geólogo Júnior Leida Ferreira da Silva, Técnica em Mineração Welkerson Pimenta de Oliveira, Técnico em Mineração Wemerson Rezende Ferreira, Supervisor de Planejamento de Lavra Eleyde Marques de Aguiar Cardoso, Auxiliar Administrativo RESUMO Afim de manter o controle e a recuperação ambiental na mina de Cana Brava, a SAMA realiza o acompanhamento do avanço de suas pilhas de deposição bem como planeja sua recuperação. Neste projeto foram realizados levantamentos objetivando a liberação de área de deposição de estéril em um piso na Pilha B, também com a quantificação do solo que temos, para usá-lo na recuperação final dos taludes e praças de deposição. O levantamento mostra que temos um valor excedente de solo e que o piso pode ser usado para deposição de estéril. Foi revisado o plano de deposição de 2009, utilizando estas áreas e mantendo a mesma distância média de transporte do plano anterior, diminuindo assim o custo da tonelada movimentada de solo. O ganho financeiro do projeto ficou em R$ 324.263,00 no último semestre do ano passado, reduzindo em 57% a movimentação. Palavras-chave: recuperação; deposição; solo. Abstract In order to maintain control and environmental rehabilitation at Cana Brava mine, SAMA’s does a monitoring performance of the progress of their pile of deposition as well as its restoration plan. In this project a survey were carried out aiming to release the waste deposition area from the one floor of waste dump B to be used at the end of the recovery of slopes and depositions places. The survey shows that we have a surplus quantity of soil and that the floor can be used for disposal of waste. The deposition plan was revised in 2009, using these areas and maintaining the same average distance of transport as the previous plan, thus reducing the cost per ton of soil moved. The financial profit of this project was R$ 324,263.00 (Brazilian currency) in the second semester of last year and it reduced in 57% the soil transport. Keywords: rehabilitation; deposition; soil. INTRODUÇÃO A SAMA trabalha de forma proativa e já recupera as pilhas de deposição de rejeito e estéril à medida que os bancos de avanço chegam à situação final. Estes bancos são monitorados sistematicamente e as imperfeições são corrigidas, se necessário. Neste projeto foram realizados levantamentos objetivando a liberação de área de deposição de estéril em um piso na pilha de deposição B e a quantificação do solo que temos em área de decapeamento, para usá-lo na recuperação final dos taludes e praças de deposição. Para estes levantamentos foram considerados os padrões construtivos das pilhas para disposição de rejeito e estéril, segundo estabelecido no Boletim de número 66 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (BOLETIM 66 - IPT, 1992). O levantamento mostra que temos um valor excedente de solo e que o piso pode ser usado para deposição de estéril. Foi revisado o plano de deposição de 2009, utilizando estas áreas e mantendo a mesma distância média de transporte do plano anterior, diminuindo assim o custo da tonelada movimentada de solo, evitando a estocagem deste na pilha de solo. O ganho financeiro do projeto ficou em R$ 324.263,00 no último semestre do ano passado, reduzindo em 57% a movimentação. DESENVOLVIMENTO Foi realizado o levantamento e identificação das atividades realizadas que influenciava na deposição de solo nas bancas para revegetação, por grau de relevância, a ferramenta utilizada foi o diagrama de espinha de peixe, instrumento gráfico para identificação, organização e apresentação de modo estruturado das causas de problemas do processo, esta metodologia é frequentemente designada por diagrama de causa-efeito ou diagrama de Ishikawa. Os pontos levantados foram lançados no gráfico de Pareto, metodologia utilizada sempre que temos que estabelecer prioridades a partir de um número variado de informações e dados. Ajuda a dirigir nossa atenção e esforços para problemas verdadeiramente importantes, aumentando nossas chances de obtenção de bons resultados. O ponto de corte do gráfico de Pareto (Gráfico 1) foi de 60,6%. Gráfico 1 – Gráfico de Pareto No gráfico estes itens estão representados por X’s potenciais que são melhores detalhados a seguir: X1 - Áreas adequadas para deposição de estéril. X2 - Distâncias menores. X3 - Profissional capacitado (planejamento). X4 - Levantamento topográfico. X5 - Software para planejamento de lavra. X8 - Cálculo da quantidade de solo a ser estocada. X7 - Capital (R$) para retirada do solo. X9 - Equipamentos adequados (caminhão e escavadeira). X10 - Disponibilidade (caminhão e escavadeira). X11 - Profissional capacitado (op. máquina). X12 - Clima. X18 - Áreas adequadas para deposição do solo. A separação pela regra de Pareto conduziu a aplicação da matriz de esforço x impacto (Tabela 1), onde os X’s são pontuadas de acordo com o impacto que ela causado no projeto e o esforço necessário para realizá-lo. Atacamos inicialmente as idéias que causaram maior impacto com o menor esforço. A metodologia possibilitou a distinção de 4 X’s de maior impacto ou fatores mais relevantes. Destes fatores, um foi classificado com variável de entrada com alto esforço, ficando como área foco do estudo três X’s, que foram classificados como alto impacto e baixo esforço. Tabela 1 – Matriz Esforço x Impacto Após estas avaliações foi realizada a identificação de soluções, priorização e o plano de ação para as causas definidas como principais. Na Pilha chamada W a deposição foi vetada até a definição dos limites do corpo mineralizado que passa nesta região, com a realização de estudo para verificar a viabilidade de deposição no local, a utilização ou descarte da área, custos e prazo. A finalidade era a criação de áreas de deposição na curta distância na Pilha B e a deposição também foi vetada até o lançamento do solo para recuperação dos taludes e resultado das avaliações. Liberação da deposição de estéril na Pilha B próximo a rampa principal de acesso. Outra situação levantada seria a verificação da possibilidade de substituir a recuperação da região denominada “matinha” por outra área de deposição de estéril na curta distância que não necessitasse de retirada de solo Um dos pontos identificados foi a região próximo a rampa principal de acesso da pilha B. A deposição de estéril nesta região foi iniciada em 2007, não sendo concluída devido ao não lançamento de solo e recuperação dos taludes inferiores, obrigando manter nos pisos superiores bermas mais largas para o transito e o basculamento dos caminhões. Esta deposição não foi realizada por alguns motivos: - Prioridade de recuperação dos taludes com a face voltada para a área da comunidade da cidade de Minaçu, nesta região a face está voltada para a cava B; - Falta de solo próximo para a recuperação; - Redução de custo de recuperação. Com o decorrer do projeto, vimos ganhos consideráveis com a recuperação desta região: - Parte do solo retirado para liberar área de deposição na banca da matinha, seria destinado para cobrir os taludes em situação final e liberado área de deposição de estéril nos pisos superiores. - A distância de transporte do solo seria na curta distância, pois a área de retirada fica próxima da área de deposição. - Liberação de áreas de deposição de estéril na curta distância. - Melhoria no aspecto visual da pilha B na face voltada para a cava B, totalmente recuperada com vegetação. Liberação do Piso 440 da Pilha B para deposição de estéril O levantamento realizado teve como objetivo liberar a área de deposição de estéril na Pilha B (Piso 440 oeste), que estava vetada, devido à banca de estoque de solo, saprolito, que impedia o seu avanço. Foi realizado levantamento para quantificar o solo que teremos disponível, para usá-lo na recuperação final dos taludes e recuperação das praças finais de deposição. Após levantamento das áreas, ficou definido que o volume de solo que será disponibilizado é maior do que o necessário para recuperação final das bancas de rejeito, estéril e das praças superiores das pilhas (Figura 1). Na figura 2 tem-se uma visão em planta do solo a ser retirado para avanços de lavra e deposição. Na figura 3 temos os locais onde se tem solo estocado que será reutilizado no futuro para recuperação do site. O levantamento mostrou que temos um excedente de solo, portanto, foi definido que o piso 440 da pilha B pode ser usado para deposição de estéril. Figura 1 – Pilhas de deposição a serem recuperadas (taludes e parte superior) Figura 2 – Remoção da cobertura vegetal para avanços de lavra e deposição Figura 3 – Banca de estoque de solo PLANO DE DEPOSIÇÃO 2009 Após conclusão dos estudos mostrados acima, que liberou áreas de deposição na pilha B, foi revisado o plano de deposição de estéril de 2009, utilizando estas áreas e tendo como objetivo principal manter a mesma distância média de transporte do plano anterior (Figura 4, Tabela 2). O plano de 2009 ficou com distância média de transporte de 1.786m, com isso a estimativa de custo da tonelada transportada ficou em R$ 0,977. Distância do plano de deposição 2009 Local Massa Distância 360_matinha 202475 1672 370_matinha 283420 1648 380_matinha 1323731 1516 390_matinha 1407261 1444 400_matinha 1751619 1345 410_matinha 353436 1322 400_afloramento 417772 1325 410_afloramento 387538 1490 420_afloramento 304057 1667 430_afloramento 235689 1869 440_pb 3246758 2451 Dist. Média 9913755 1786 Figura 4 – Visualização do plano de deposição no ano de 2009 antes da revisão Tabela 2 – Distância do plano de deposição 2009 Local 360_matinha 370_matinha 380_matinha 390_matinha 400_matinha 410_matinha 400_afloramento 410_afloramento 420_afloramento 430_afloramento 440_pb Distribuição Média Massa 202475 283420 1323731 1407261 1751619 353436 417772 387538 304057 235689 3246758 9913755 Distância 1672 1648 1516 1444 1345 1322 1325 1490 1667 1869 2451 1786 A revisão do plano de 2009 ficou com distância média de 1.798m, com isso a estimativa de custo da tonelada transportada ficou em R$ 0,983, valor muito próximo do apresentado no plano original (Figura 5, Tabela 3). Figura 5 – Visualização do plano de deposição no ano de 2009 após a revisão Tabela 3 – Distância do plano de deposição 2009 – Revisão Local 380_matinha 390_matinha 400_matinha 410_matinha 420_matinha 420s_matinha 430s_matinha 400_afloramento 440_pb 450s_pb 450_pb 460_pb Realizado jan/ago Distribuição Média Massa 510380 381893 583687 383481 183535 15979 12138 84860 123832 1174212 254833 497819 5897973 10104622 Distância 1602 1578 1446 1374 1275 1252 1255 1420 1597 1799 2381 2324 1850 1798 GANHO FINANCEIRO – FECHAMENTO DO PROJETO Foram recalculados os custos de carregamento e transporte de solo, usando valores atualizados, onde o custo da tonelada de solo movimentado ficou em R$ 1,77, conforme os cálculos descritos na Tabela 4. O ganho financeiro do projeto com a contribuição no custo real de produção ficou em R$ 324.263,00, reduzindo em 57% a movimentação, conforme Tabela 5. Tabela 4 – Estimativa do custo de carregamento e transporte Tabela 5 – Contribuição do projeto no custo de produção - Real Além do ganho financeiro, tivemos ganhos ambientais com a utilização de espécimes nativas para a revegetação destas áreas e, com a diminuição das distâncias de transporte também se alcançou a diminuição de emissão de gases para a atmosfera, reafirmando assim o compromisso da SAMA para com preservação do ambiente em que está inserida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, A.S.; Filho, N.F.; Braga, T.O.; Silva, W.S.; Pamplona, R.I. (2006), Controle e recuperação ambiental na mina de cana brava - Goiás, Boletim 66, Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, 19–47. Werkema, C. (2004), Criando a Cultura Seis Sigma, 2a. ed.. Nova Lima: Werkema Editora, 253 p. Triola, M. F. (2005), Introdução a Estatística. Editora LTC, 682 p. Minitab Inc. Meet MINITAB, EUA, 2004, 144 p. (em português, disponível em http://www.minitab.com/en-BR/support/documentation/minitab/getting-started.aspx). MO-0060 - Manual de recuperação de áreas degradadas, SAMA SA - Minerações Associadas, Versão 4, 28/08/2009, 9 p (documento interno da empresa).