A vocação do diácono Vocação costuma identificar-se com chamado; seria melhor dizer que é o resultado do chamamento e da resposta. Nesse contexto, é preciso analisar o processo que envolve a vocação. Para o cristão, está claro que quem chama é Deus; sua ação é, ao mesmo tempo, imanente e transcendente. Voz e vocação têm a mesma raiz e ambas se unem em Deus que chama, levando em conta a tendência íntima, o desejo sincero de auto-realização. No discernimento da vocação, deve-se levar em conta o ambiente (família, escola, sociedade, profissão) e o fator histórico. Dado que o diácono permanente é simultaneamente pai e esposo, exerce uma profissão civil e se consagra à comunidade eclesial, mediante o sacramento do Batismo e da Ordem, sua vocação abrange vários aspectos, particularmente em três dimensões: familiar, profissional e eclesial. Embora com desafios próprios, tais dimensões contribuem para a realização vocacional; harmonizar tais desafios e colocá-los a serviço da missão constitui tarefa diária em busca do necessário equilíbrio. Uma vez que a vocação inclui aspectos naturais e sobrenaturais – é Deus quem chama – é necessário aplicar à vocação as características bíblicas do chamado. Vocação é, antes de tudo, um dom: “Antes de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei, eu te constituí profeta para as nações (Jr 1,4-5). Vocação é igualmente um dom para a Igreja, para o próprio vocacionado. Na avaliação da autenticidade de uma vocação, devem ser levadas em consideração as aptidões e os objetivos do candidato, a livre determinação da vontade e a confirmação do chamado pela Igreja. A Sagrada Escritura revela ainda que o chamado acontece em vista de uma missão específica; por isso, exige adesão consciente da fé e da vida do vacacionado. Toda vocação constitui um serviço; quem é chamado ao diaconato o é de forma especial por ser o diácono um sinal sacramental de Cristo-Servo. O serviço que é comum a todos os cristãos, o diácono o assume como função própria, da qual dá testemunho personalizado. “O diácono empenha-se no seguimento de Jesus, nesta atitude de serviço humilde que não só se exprime nas obras de caridade, mas investe e forja o modo de pensar e de agir” (L’Osservatore Romano, ed, portuguesa, n. 43 (24/10/93), p. 12). O carisma do diácono é ser sinal sacramental de Cristo-Servo (Puebla, 607-698). Embora a vocação surja de um chamado de Deus, ele o faz normalmente através de caminhos ligados à realidade em que se vive. O chamado é colhido por pessoas concretas, cada qual com sua história, suas limitações e suas qualidades. Por isso, o discernimento vocacional deve levar em consideração não só critérios objetivos, mas também requisitos pessoais, espirituais, familiares e comunitários (Diretrizes para o Diaconato Permanente, 121-133). A vocação está sujeita aos percalços e às diversas situações de vida; por conseguinte, não deve faltar permanente acompanhamento. Os candidatos ao diaconato devem se firmar em um “ideal preciso e a servir com profundo espírito de desinteresse, tratando de ser fraternais, simples, humildes e discretos. Devem ter dado provas de um cristianismo autêntico, pela sua conduta, pela sua firmeza de caráter, pela sua natureza, pela sua lealdade e pela regularidade de sua prática religiosa” (A renovação do diaconato. In: REB 2(1963), junho, p. 416-420). Escola Diaconal São Lourenço Arquidiocese de Ribeirão Preto