ANÁLISE DENDROMÉTRICA DA ESPÉCIE Mora paraensis (DUCKE) EM FLORESTA DE VÁRZEA ESTUARINA AMAPAENSE COMO SUBSÍDIO PARA O MANEJO FLORESTAL Robson Borges de Lima 1 Perseu da Silva Aparício 2 Wegliane Campelo da Silva Aparício3 Marcelino Carneiro Guedes 4 Cinthia Pereira de Oliveira 5 Resumo Objetivou-se neste trabalho avaliar as distribuições diamétrica, volumétrica e de área basal por classe de diâmetro para a espécie M. paraensis como subsídio para o manejo em floresta de várzea estuarina no Estado do Amapá. O estudo foi desenvolvido em floresta de várzea localizada na região de Maracá, município de Mazagão, estado do Amapá. Nessa região foi realizado um inventário 100% de espécies com potencial madeireiro, dentre estas a espécie Mora paraensis. Foram mensurados todos os indivíduos de M. paraensis com DAP ≥ 40 cm e com esses dados foram construídos histogramas de distribuição de número de indivíduos, volume e área basal por classe de DAP. O comportamento da curva de distribuição diamétrica seguiu características de florestas nativas com forma de “J” invertido, seguindo este mesmo padrão para os parâmetros analisados, apresentando características favoráveis para aplicação de planos de manejo florestal sustentável respeitando as leis e normas locais e federais vigentes. Estudos mais detalhados desses parâmetros, como a determinação da intensidade de corte por classe diamétrica e agrupamento das unidades de trabalhos em termos de produtividade volumétrica, associados a estudos de regeneração natural irão contribuir significativamente para realização e estabelecimento de um modelo de regulação florestal para a espécie. Palavras chave: Inventário florestal. Distribuição diamétrica. Sustentabilidade Abstract DENDROMETRIC ANALYSIS OF THE SPECIES Mora paraensis (DUCKE) IN LOWLAND FOREST ESTUARINE AMAPAENSE AS SUBSIDY FOR FOREST MANAGEMENT The purpose of this paper to evaluate the volume and diameter distributions, basal area per diameter class to the species M. paraensis as subsidy for the floodplain forest estuarine management in the State of Amapá in Brazil. The study was developed in floodplain forest region, municipality of Maracá, Mazagão, Amapá. There was held a 100% inventory with the potential timber species, among these the species Mora paraensis. Were measured all individuals of M. paraensis with DAP ≥ 40 cm and with this data distribution histograms were built by volume and basal area per class of DAP. The behavior of diameter distribution curve followed native forest features shaped inverted "J" by following this same pattern for the parameters analyzed, showing favorable characteristics for applying sustainable forest management plans in accordance with the local and federal laws and regulations in force. More detailed studies of these parameters, such as the determination of cutting intensity and diameter class of units work in terms of volumetric productivity, associated with natural regeneration studies will contribute significantly to achieving and establishing a regulatory model for forest species. 1 Engenheiro (a) Florestal, Mestrando (a) em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros, CEP 52171-130 (PE). [email protected] 2 Engenheiro Florestal, Msc, Doutorando em Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Amapá, Professor do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado do Amapá. 1ª. Avenida da universidade, 1523, CEP: 68900-000, Macapá (AP). [email protected] 3 Engenheira Florestal, Dr., Professora do Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amapá. 1ª. Avenida da universidade, 1523, CEP: 68900-000, Macapá (AP). wellaparí[email protected] 4 Engenheiro Florestal, Dr., Pesquisador (a) da Embrapa/AP, Professor do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Amapá. Rodovia JK quilômetro 5, CEP: 68900-000, Macapá (AP). [email protected] 5 Acadêmica do Curso de Engenharia Florestal, Universidade do Estado do Amapá. avenida Carlos Lins Cortes, 164, CEP 68908-074 (AP). [email protected] Keywords: Forest inventory. Diameter distribution. Sustainability INTRODUÇÃO A Amazônia brasileira é a maior extensão de floresta tropical do mundo. A variedade dos recursos naturais existentes só ocorre em consequência das diferentes associações vegetais que crescem sob a influência de fatores ambientais intrínsecos a cada ecossistema que forma esse bioma. Entre os ecossistemas que compõem a floresta equatorial amazônica, estão as florestas de várzea, que são planícies aluviais, onde há inundações anuais de água barrenta, rica em nutrientes, cobrindo extensas áreas de solo (QUEIROZ; MACHADO, 2008). O Estado do Amapá possui uma área de 14,3 milhões de hectares, dos quais mais de 3% são compostos por florestas de várzea estuarina, rica em espécies madeiráveis e não madeiráveis (QUEIROZ e MACHADO, 2007). As florestas de várzea constituem o segundo maior ambiente florestado da região, considerando estrutura, diversidade e representatividade espacial (ZEE, 2008). Segundo Lima (2011), esses ambientes apresentam ampla diversidade florística, na qual desempenham um papel importante no equilíbrio do ecossistema e manutenção da biodiversidade. As características desses ambientes assemelham-se ao da terra firme pela ocorrência, em sua maioria, de espécies perenifólias de grande porte, com sub-bosque composto por espécies tolerantes e intolerantes que irão compor o dossel da floresta. Neste sentido, estudos que demonstram a caracterização dendrométrica por meio do Inventário Florestal são de relevância fundamental. Segundo Araújo (2006), os inventários florestais fornecem os subsídios necessários para o planejamento das atividades de exploração e do manejo propriamente dito, tais como: espécies a explorar, intensidades e ciclos de corte, tratamentos silviculturais a serem conduzidos, necessidade de plantios de enriquecimento, etc. Por meio de informações obtidas no inventário, o desenvolvimento e aplicação de métodos quantitativos e conhecimentos ecofisiológicos para a comunidade florestal ou para espécies com interesses econômicos são as principais ferramentas para estabelecer critérios de regulação florestal visando à sustentabilidade, considerando a legislação vigente. Dentre as espécies de potencial madeireiro das várzeas do estado do Amapá, destaca-se Mora paraensis (Ducke), conhecida popularmente como pracuúba, que vem sendo atingida pela exploração desordenada sem o devido conhecimento de seus estoques remanescentes, e relacionado a isso, poucas pesquisas são desenvolvidas para esta espécie, no que tange a obtenção de informações qualitativas e quantitativas confiáveis e resultados precisos para nortear uma exploração sustentável e consequentemente elaborar de forma criteriosa, planos de ação para a espécie (LIMA, 2011). Desta maneira, vale ressaltar a importância de se conhecer as variáveis dendrométricas que fornecem as informações confiáveis para auxiliar na tomada de decisão na aplicação de planos de manejo. A espécie M. paraensis, alvo de fortes explorações nas florestas estuarinas amapaenses para a obtenção de toras de madeira para exportação, como constatado por Veríssimo et al. (1999), apresenta-se com características dendrométricas favoráveis a exploração. Conhecer a distribuição diamétrica, volumétrica e da área basal por meio do inventário 100% desta espécie pode proporcionar informações precisas para nortear ações criteriosas que buscam a sustentabilidade visando à continuidade desta espécie nas florestas de várzea estuarinas amazônicas e especificamente amapaenses. A distribuição desses parâmetros dendrométricos por classe de diâmetro permite inferir no comportamento estrutural e dinâmico da comunidade florestal ou da espécie em estudo. Pois, segundo Silva et al. (2010), dificuldade das avaliações biológicas tem impulsionado estudos sobre a estrutura de comunidades da flora de várzeas, onde a distribuição diamétrica gera informações fundamentais para sua conservação. Com base nessas premissas, o objetivo deste trabalho foi avaliar as distribuições diamétrica, volumétrica e de área basal por classe de diâmetro para a espécie M. paraensis como subsídio para o manejo em floresta de várzea estuarina no Estado do Amapá. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área Os dados de campo utilizados no presente estudo foram cedidos, mediante convênio, pela Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa/AP) e o Instituto Estadual de Florestas do Amapá (IEF/AP), que é juntamente com a AAFLOMARA responsável pela elaboração do plano de manejo de 144 hectares, distribuídos em 36 unidades de trabalho (UTs) em floresta de várzea no município de Mazagão, Estado do Amapá. O estudo foi desenvolvido numa área do Projeto de Assentamento Extrativista do Maracá localizada no município de Mazagão, mais precisamente na região do baixo rio maracá. A região é banhada pelo canal norte do rio Amazonas e rio Maracá (Figura 1). Figura 1: Localização da área de estudo da espécie M. paraensis em floresta de várzea no Projeto de Assentamento extrativista Maracá, estuário amapaense. Figure 1: location of the study area of the species M. paraensis in lowland forest in extractive settlement project, Maracá amapaense estuary. A vegetação predominante nessa região é do tipo floresta ombrófila densa aluvial, ou seja, floresta de várzea de alto porte com grande frequência de palmeiras e com influência diária de marés dos rios circundantes (IEF, 2008). O clima na região é da categoria Amw, segundo a classificação de Köppen, tropical chuvoso. O período chuvoso vai de janeiro a julho com precipitação média anual de 2.300 mm, temperatura máxima de 38ºC e a mínima de 22ºC. A área apresenta uma topografia plana com solos tipo glei húmico pouco úmico eutrófico (IEF, 2008). Dados coletados Na área de floresta de várzea da região do maracá que compreende uma unidade de produção anual (UPA), foram demarcadas 36 unidades de trabalho (UTs) pertencentes à 36 famílias da comunidade. Cada unidade de trabalho compreende uma área de 4 hectares (200 x 200 m) de um total de 144 hectares, onde foi realizado um inventário 100% para o levantamento de espécies com potencial madeireiro. Foram mesurados todos os indivíduos da espécie M. paraensis com DAP ≥ 40 cm e suas respectivas alturas comercias além de serem anotadas características qualitativas como qualidade do fuste, presença de cipós e presença de cupim. Análise dos dados Para análise dos parâmetros dendrométricos foram estimados o número de indivíduos, o volume e a área basal, ambos por classe de diâmetro por hectare, para demonstrar uma representação visual do comportamento desses parâmetros de acordo com a variação de tamanho de DAP. As classes dos histogramas de frequência do número de indivíduos, área basal e volume por classe de diâmetro foram feitas com auxílio do Microsoft Excel 2007 adotando a metodologia descrita abaixo por Sturges adaptado por Spiegel, (2006) para a definição do número do classes e amplitudes diamétricas. IC = K / H K = 1 + 3,33 log N H = d max − dmín. Em que: K= número de classes; N= número total de indivíduos; H= amplitude entre o maior e menor diâmetro; IC= intervalo entre as classes. O volume individual de todos os indivíduos de M. paraensis foi estimado adotando o modelo de Schumacher-Hall, em que os parâmetros foram calculados por Lima (2011) resultando na seguinte equação: LnVol = −9,6722 + 2,1916.(LnDap ) + 0,6754.(LnHc ) (R² = 0,91; Syx = 0,4089). O potencial madeireiro analisado foi o quanto se pode fornecer em madeira (m³/ha) para a espécie M. paraensis, seguindo a Instrução Normativa n° 04 de 2009 da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA, 2009) para as florestas de várzea do Estado do Amapá, em que é permissível a exploração de até 10 m³/ha. RESULTADOS E DISCUSSÃO Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro No censo realizado nas 36 unidades de trabalho na região do Maracá, município de Mazagão, foram amostrados 1.817 indivíduos da espécie M. paraensis com DAP ≥ 40 cm, distribuídos nas 12 classes de diâmetro obtidas pela fórmula de Sturges e ajustados a uma amplitude de 10 cm. Como a abordagem será para avaliação de potencial madeireiro para aplicação de plano de manejo, a frequência do número de indivíduos foi observada por hectare, havendo interpolação dos resultados dos 144 hectares. Desta forma, o erro padrão da média obtido foi de 0,52 indivíduos, um coeficiente de variação de 49,56% com intervalo de confiança de ± 1,04 indivíduos em torno da média de 1,05 indivíduos por classe de DAP (Figura 1). Número de Indivíduos/ha 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 Centro de Classe de DAP (cm) Figura 2: Distribuição do número de indivíduos por hectare por classe de diâmetro para a espécie M. paraensis em floresta de várzea estuarina amapaense. Figure 2: distribution of the number of individuals per hectare per diameter class to the species M. paraensis in lowland forest estuarine amapaense. Na Figura 2, pode-se observar que mesmo que o critério de inclusão no inventário tenha sido de no mínimo 40 cm de DAP, o padrão característico de florestas nativas permanece com a forma de “J” invertido em que a maioria dos indivíduos concentra-se nas classes de menor diâmetro e à medida que o mesmo aumenta a frequência diminuiu exponencialmente. Nos centros de classes de DAP 1, 2 e 3 (52.75; 62.75; e 72.75 respectivamente) foram amostrados cerca de 90% indivíduos. Considerando os critérios e normas de manejo, conforme consta na Instrução Normativa 05 de 2006 do IBAMA (BRASIL, 2006), pode-se afirmar que a espécie apresenta bom padrão diamétrico (diâmetro médio de 63 cm) para aplicação e/ou determinação de taxa de corte visando à obtenção de matéria prima em madeira roliça para indústrias de transformação legalizadas no Estado do Amapá. Neste sentido, considerando a taxa de corte em regime sustentado, Liocourt (1893), afirma que para manter o equilíbrio dessa estrutura diamétrica, seria necessário manejar a floresta tentando conduzi-la para uma distribuição balanceada, capaz de induzir a floresta a um nível de produção sustentada. Cabe ainda ressaltar que a espécie M. paraensis é amplamente distribuída em florestas de várzea sendo abundante em inventários realizados nas regiões estuarinas amapaenses e também em florestas de várzea localizadas em regiões mais próximas a centros urbanos, conforme demonstrado por Rabelo (1999), Queiroz et al. (2005), Queiroz et al. (2007), Queiroz e Machado (2008), Carim et al. (2008), Lima et al. (2010) e Silva et al. (2010). Distribuição volumétrica por classe de diâmetro Para a análise do volume, foi observado que no inventário, o total para as 36 UTs foi de 5186,21 m³, convertendo para hectare o volume total foi de 36,01m³ distribuídos nas 12 classes de DAP com amplitude de 10 cm. O erro padrão da média foi 1,1217 m³, um coeficiente de variação de 37,37% e um intervalo de confiança de ± 2,2435 m3 em torno da média de 3,0012 m³ por classe de DAP. A Figura 3 mostra o comportamento volumétrico por classe de diâmetro para a espécie M. paraensis. 12 Volume/ ha 10 8 6 4 2 0 Centro de Classe de DAP (cm) Figura 3: Distribuição do volume por hectare por classe de diâmetro para a espécie M. paraensis em floresta de várzea estuarina amapaense. Figure 3: Distribution of volume per hectare per diameter class to the species M. paraensis in lowland forest estuarine amapaense. Observa-se que o comportamento volumétrico por hectare foi semelhante à distribuição do número de indivíduos por hectare, ou seja, a maior concentração ocorre nas classes de menores DAPs (52.75; 62.75; e 72.75, com cerca de 75% do volume total). Esta característica evidencia que a espécie apresenta potencial madeireiro significativo para a exploração em regime de manejo sustentado. Considerando a Instrução Normativa n° 04 de 2009 da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA, 2009) em que é permissível apenas a extração de 10 m³.ha-1, pode-se dizer que a espécie atenderia as legalidades suprindo de forma considerável o comércio de madeiras nas regiões estuarinas do Estado do Amapá. Entretanto, vale ressaltar que a exploração madeireira não deve estar concentrada em apenas uma classe de diâmetro e sim nas várias classes de DAP considerando a densidade por hectare. Ainda que a espécie apresente características permissíveis à corte, seria interessante validar a forma de manejo agrupando as unidades de trabalho de acordo com sua produtividade volumétrica, assim, seriam definidas classes de estoque volumétricas com máximo e mínimo volumes a serem explorados, o que de fato garantiria uma visualização mais detalhada do comportamento volumétrico da espécie M. paraensis. Distribuição da área basal por classe de diâmetro Considerando os valores de área basal da espécie M. paraensis, foi estimado para os 144 hectares inventariados um valor total de 592,73 m², seu respectivo valor por hectare por classe de DAP foi de 4,11 m², com uma média 0,34 m², um erro padrão da média de 0,1339 m² com um intervalo de confiança de ± 0,2678 m² em torno da média. A Figura 4 mostra o comportamento dos valores de área basal por hectare por classe de DAP. Assim como na distribuição do número de indivíduos e na distribuição volumétrica por classe de diâmetro, foi observado o comportamento semelhante para os valores de área basal da espécie M. paraensis (52.75; 62.75; e 72.75 com maiores valores de área basal, com 77,49% do valor total), fortalecendo o fato de a mesma apresentar bons padrões dendrométricos para aplicação de taxa de corte em regime de manejo sustentável. Esse parâmetro dendrométrico é fundamental quando se leva em consideração a taxa de corte por hectare, pois, os valores das prescrições de desbaste sustentável por classe de DAP se baseia na definição de valores de área basal remanescente que se pretende obter na área após a intervenção silvicultural. Isto é, a taxa de corte por classe de DAP tem como parâmetro intrínseco o valor de área basal que é estimado em função da variável diâmetro, assim o valor de área basal remanescente pode ser definido de acordo com o comportamento da distribuição do número de indivíduos por classe diamétrica. 1.4 Área basal m²/ha 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 Centro de Classe de DAP (cm) Figura 4: Distribuição da área basal por hectare por classe de diâmetro para a espécie M. paraensis em floresta de várzea estuarina amapaense. Figure 4: distribution of basal area per hectare per diameter class to the species M. paraensis in várzea forest estuarine amapaense. Todas as ações de manejo levando em consideração os parâmetros dendrométricos estudados devem levar em consideração também estudos sobre a regeneração natural da espécie, o que de fato pode ou não evidenciar que a espécie não sofrerá ameaça de extinção e também permitirá inferir mais detalhadamente na dinâmica da mesma dentro de áreas com domínio de florestas de várzea. Entretanto, distribuições em forma de “J” invertido com DAP mínimo de 40 cm observados para os três parâmetros analisados, podem indicar ainda que a espécie apresenta-se em estágios avançados de sucessão, com indivíduos ocupando o estrato superior da floresta. O nível de degradação, para a espécie, pode ser observado também pela forma da curva de distribuição diamétrica, ou seja, curvas com decréscimo “suaves” no número de indivíduos nas classes de DAP não apresentam evidências visuais de explorações em sua estrutura diamétrica, ou seja, um decréscimo acentuado no número de indivíduos de uma classe para a seguinte. Para a espécie M. paraensis, alvo deste estudo, este fato é observado, pois nota-se pelas curvas de distribuição diamétrica para o número de indivíduos, volume e área basal uma diminuição suave ou até mesmo um pequeno aumento (como observado nas classes 52.75 e 62.75, para os valores de área basal) no valor do parâmetro estudado à medida que o diâmetro aumenta, indicando que a espécie apresenta características favoráveis para aplicação de planos de manejo florestal sustentável respeitando as leis e normas locais e federais vigentes. CONCLUSÕES Quanto aos parâmetros dendrométricos analisados para a espécie M. paraensis pode-se concluir que: As distribuições do número de indivíduos, do volume e da área basal ambos por classe de diâmetro favorecem a aplicação de planos de manejo com critérios sustentáveis respeitando as leis e normas vigentes; Estudos mais detalhados desses parâmetros, como a determinação da intensidade de corte por classe de diâmetro e agrupamento das unidades de trabalhos em termos de produtividade volumétrica, associados a estudos de regeneração natural irão contribuir significativamente para realização e estabelecimento de um modelo de regulação florestal para a espécie. REFERÊNCIAS ARAUJO, H. J. B. Inventário florestal a 100% em pequenas áreas sob manejo florestal madeireiro. Revista Acta Amazonica. Manaus: AM. VOL. 36(4): p. 447 – 464, 2006. BRASIL, 2006. Instrução Normativa, nº05, de 11 de dezembro de 2006. 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