A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS COMO SUBSÍDIO PARA INTERDISCIPLINARIDADE NOS PLANEJAMENTOS DO ENSINO FUNDAMENTAL JUSTINO*, Marinice N. – PUCPR [email protected] BARNI**, Edí Marise – PUCPR [email protected] ALCANTARA***, Paulo R. – PUCPR [email protected] Resumo Os recursos tecnológicos tornam-se cada vez mais presentes e relevantes no cenário educacional. Esses recursos podem ser utilizados como ferramentas de apoio para o processo ensino-aprendizagem. A adoção dessa prática passa necessariamente pelo interesse do professor em buscar formas de agregar a tecnologia às praticas pedagógicas. Tal interesse pode ser viabilizado por meio da preparação do professor para essa prática. Essa preparação permitira a inovação das atividades educativas, integrando novos saberes e buscando promover a interdisciplinaridade. A correta utilização de tais recursos depende da elaboração do planejamento de ensino. O planejamento é uma reflexão sobre os limites e possibilidades da prática pedagógica. Quando professor elabora seu planejamento, tem a oportunidade de repensar sua prática, avaliar a metodologia, conscientizando-se do processo de ensinoaprendizagem que ocorrerá. O professor precisa estar atento à integração das atividades educacionais com os recursos tecnológicos. Esses recursos devem ser adequados ao conteúdo e às atividades, para o cumprimento dos objetivos propostos e a prática interdisciplinar. Dada a relevância do tema, este artigo tem por objetivo apresentar o resultado de uma análise parcial, dos planejamentos elaborados pelos professores do ensino fundamental da rede municipal de ensino. Os dados obtidos para a realização desse estudo, foram coletados de 107 planejamentos elaborados por estes professores. O foco da análise é a investigação da utilização dos recursos tecnológicos como subsídio para interdisciplinaridade nos planejamentos do ensino fundamental. Os resultados demonstram que os planejamentos de ensino avaliados, necessitam da presença dos requisitos básicos, para que viabilizem uma prática pedagógica compatível com os objetivos estabelecidos inicialmente neste estudo. Palavras-chave: Planejamento de Ensino; Recursos Tecnológicos; Atividades Educativas; Interdisciplinaridade. * Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação - PUCPR Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação - PUCPR *** Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Educação - PUCPR ** 3219 Introdução O avanço acelerado das tecnologias vem provocando uma revolução no processo ensino-aprendizagem. Tal constatação leva à necessidade de incorporar o uso dos recursos tecnológicos à prática pedagógica, inserindo-os nas atividades educacionais. O sucesso da utilização desses recursos no contexto educacional depende da forma como serão empregados. Assim, para que esses recursos possam ser utilizados como ferramentas de ensino aprendizagem, é necessário que os professores busquem agregar a tecnologia, a fim de incorporar, nas praticas pedagógicas, ferramental compatíveis com as necessidades da sociedade moderna. Os recursos tecnológicos precisam estar condizentes ao conteúdo proposto, e isto implica na preparação de um planejamento que propicie o desenvolvimento de atividades e a interdisciplinaridade. O planejamento de ensino, por ser um dos elementos relevante para a prática pedagógica, tem sido objeto de estudo e análises, Vasconcelos (2000). Tem por objetivo, direcionar a prática pedagógica, promovendo a mediação entre teoria e prática, avaliando pontos fortes e fracos, Luckesi (1992). Este artigo tem por objetivo apresentar o resultado de uma análise parcial, dos planejamentos elaborados pelos professores do ensino fundamental da rede municipal de ensino. O foco da análise é a investigação da utilização dos recursos tecnológicos como subsídio para interdisciplinaridade nos planejamentos do ensino fundamental. Recursos Tecnológicos No Ensino Fundamental: Informações Contextuais O rápido desenvolvimento tecnológico influencia todas as áreas do conhecimento, e esta cada vez mais relevante no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vêm aumentando de forma rápida, proporcionando mudanças na qualidade de ensino, Valente (1999). Nesse sentido, percebe-se a necessidade da integração dos recursos tecnológicos nas atividades educacionais. É importante a preparação dos professores do ensino fundamental para as novas relações que surgem na sociedade tecnológica. Para Pablos (2006, p.75): Buscar a integração das TIC’s em processos formativos pode permitir uma maior flexibilização, mediante o desenvolvimento de opções como: oferecer aos estudantes o controle de sua própria de aprendizagem; favorecer o domínio de capacidades no uso das TIC [..]. Este preparo permitirá a criação e inovação da prática pedagógica, buscando utilizar os recursos tecnológicos para subsidiar a interdisciplinaridade. O que determinará esta qualidade 3220 de ensino, não está apenas na preparação do professor, mas na compreensão de que é necessário diversificar os recursos utilizados em sala de aula (NISKIER , 1993). A interdisciplinaridade para o mesmo autor surgiu para proporcionar o trânsito entre os diferentes compartimentos do saber contemporâneo, possibilitando um conhecimento mais abrangente, por ser mais interativo. Segundo Pablos (2006, p.71): [...] a interdisciplinaridade está apoiada, sobretudo em interações sociais externas, pois é pensada em termos de busca de respostas operacionais a perguntas feitas pela sociedade. Centrada na resolução de problemas sociais, pode-se falar então de uma interdisciplinaridade de projetos em que é útil o saber. Torna-se cada vez mais necessária a reflexão dos envolvidos em relação à introdução e utilização da tecnologia no processo ensino-aprendizagem. É muito importante que exista uma visão crítica dos recursos de ensino utilizados e a presença da tecnologia nesse contexto. Para Lück (2002, p. 54) Sua prática, no contexto da sala de aula, implica na vivência do espírito de parceria, de integração entre teoria e prática, conteúdo e realidade, objetividade e subjetividade, ensino e avaliação, meios e fins, tempo e espaço, professor e aluno, reflexão e fins, tempo e espaço, professor e aluno, reflexão e ação, dentre muitos dos múltiplos fatores interagentes do processo pedagógico. Assim, é fundamental que os educadores tenham acesso e subsídios para fundamentarem esta reflexão, Chaves (1988, p.58). O presente trabalho partiu de um Projeto, que contempla o estudo de uma nova proposta de formação para professores, os quais atuam nos laboratórios de informática das escolas municipais. O trabalho realizado junto aos participantes do curso possibilitou a coleta de dados fundamentais para sua realização. De posse do contexto descrito, este estudo apresenta a análise da integração dos recursos tecnológicos, nas atividades educativas, propostas nos planejamentos apresentados pelos professores do ensino fundamental de uma Rede Municipal de Ensino. Referencial Teórico Para que se possa compreender o estudo realizado, serão apresentados os referenciais teóricos sobre: papel do planejamento, atividades educativas, procedimento metodológico e interdisciplinaridade. 3221 Papel do Planejamento O Planejamento tem por objetivo direcionar a prática pedagógica, avaliando os pontos fracos e fortes do que ficou definido dentro do mesmo e desta forma, produzir os resultados esperados. Essa postura permitirá assim, a conscientização para uma possível e necessária modificação, no intuito de atingir determinado objetivo. Libâneo (1994, p. 222) afirma: [...] o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade. A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas e tendo como referência permanente às situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino). Compreende-se que o conhecimento não é “transferido” ou “depositado” pelo outro, nem é “inventado” pelo sujeito, mas construído na sua relação com os outros e com o mundo. O conteúdo que o professor apresenta precisa ser trabalhado, refletido, re-elaborado pelo aluno, para construir seu conhecimento, Vasconcelos (1995). Para que ocorra a construção do conhecimento, Vasconcelos (1995) aponta três momentos importantes no papel do professor, em relação ao planejamento ideal: • • • a sincrise, que é o provocar, onde o pensamento do educando é colocado em movimento na direção do objeto de estudo; a análise, onde se criam condições para que o educando possa acessar novos elementos, possibilitando a elaboração de respostas; a síntese, que é interagir, onde o objetivo é acompanhar o caminho da construção. É preciso uma mobilização para o conhecimento, tendo-se em vista que esse processo, por parte dos educandos, é dirigido pelo educador. Esse procura apresentar os elementos a serem conhecidos, despertar e acompanhar o interesse pelo conhecimento e a partir disso, o educando deve construir propriamente o conhecimento, até chegar a elaborar e expressar uma síntese do mesmo. O planejamento orienta o professor no decorrer das atividades aplicadas em sala de aula, devendo apresentar uma seqüência progressiva para que as metas definidas sejam alcançadas. Para que isto ocorra, é preciso considerar os objetivos pertencentes aos conteúdos que foram planejados, para que sejam aplicados. (LIBÂNEO, 1994, p. 222). Quando o professor elabora o planejamento, tem a oportunidade de refletir sobre sua prática, avaliar a metodologia, conscientizando-se do processo de ensino-aprendizagem que ocorrerá. 3222 O Planejamento pedagógico de ensino compreende a possibilidade da construção de uma prática pedagógica. O mesmo pode ser composto pelos seguintes elementos, Passos (2006, p.2): a) Objetivos - podem ser subdivididos em duas classes, gerais e específicos. O objetivo geral define as finalidades do trabalho pedagógico a ser executado pelo professor da disciplina. Os objetivos específicos determinam os passos a serem executados com o intuito de alcançar as finalidades do objetivo geral; b) Conteúdos de ensino - são conhecimentos cujo teor são definidos a fim de atingir os objetivos gerais e específicos; c) Procedimento Metodológico - especifica como desenvolver a ação pedagógica, definindo o por quê e para quê dessa ação; d) Avaliação – instrumento para qualificar o processo de ensino aprendizagem. Possui a função de diagnosticar o conhecimento e experiências do aluno, como pré-requisito para a aquisição de novos conhecimentos. Assim, pode-se dizer que o planejamento é uma forma de direcionar as intenções, de forma flexível, procurando melhorias para a aplicação e desempenho da prática pedagógica que serão fundamentais para o desenvolvimento das atividades educativas. O planejamento pedagógico, mais do que uma previsão técnica, trata-se de uma reflexão sobre os limites e possibilidades da prática pedagógica, tendo em mente a dinâmica ou a constante mudança durante sua execução. No entanto, a não observância de um ou mais elementos que o compõem, podem levar à análises inadequadas dos resultados almejados. Atividades Educativas Ao utilizar o computador, como ferramenta para atividades educacionais, o aprendizado ocorre através de tarefas significativas mediadas pelo computador. São várias as tarefas que podem ser desenvolvidas, desde a elaboração de textos até a simulação de diferentes situações ou experimentos de laboratório Valente (1999). Os recursos tecnológicos devem ser adequados ao conteúdo, isto é, implica na preparação de um planejamento para o desenvolvimento de atividades com tais recursos. Leontiev (1992, p. 107-108) afirma: A primeira condição de toda a atividade é uma necessidade. Todavia, em si, a necessidade não pode determinar a orientação concreta de uma atividade, pois é apenas no objeto da atividade que ela encontra sua determinação: deve, por assim dizer, encontrar-se nele. Uma vez que a necessidade encontra a sua determinação no objeto (se “objetiva” nele), o dito objeto torna-se motivo da atividade, aquilo que o estimula. O processo de ensino tem como apoio alguma forma de atividade física ou mental, individual ou coletiva que necessita de um planejamento, que apresente um encaminhamento, 3223 procedimento metodológico bem definido, Leontiev (1992, p.83). Este procedimento permite realizar uma previsão do plano de ação a ser seguido, para desenvolvimento das atividades. Essas, por sua vez, permitem estudar como um todo à relação do indivíduo com o seu meio ambiente, a interação do ser humano entre si e com seu meio social e cultural. Leontiev (1992, 84 ) afirma: [...] o objeto da atividade é seu motivo real, uma necessidade só pode ser satisfeita quando encontra um objeto; a isso chamamos de motivo. O motivo é o que impulsiona uma atividade, pois articula uma necessidade a um objeto. Objetos e necessidades isolados não produzem atividades, a atividade só existe se há um motivo. A atividade para o mesmo autor é um sistema com estruturas próprias que levará as transformações internas e ao desenvolvimento do sujeito. A estrutura de desenvolvimento do sistema de atividade, não deve considerar apenas a utilização dos recursos tecnológicos, mas a freqüência com que acontece, decisão que precisa estar bem definida quando da elaboração dos procedimentos metodológicos. Procedimento Metodológico O procedimento metodológico é um dos itens fundamentais dentro do planejamento, pois representa a organização das idéias adequadas. O mesmo conduzira à reflexão e experimentação e desta forma, alcançar os objetivos preestabelecidos. Os procedimentos são: das ações e comportamentos, planejados pelo professor, com a intenção de proporcionar ao aluno atividades que possibilitem o aprendizado e assim, atingir os objetivos propostos. (TURRA, 1996, p.116). Propicia a criação de situações de ensino mais dinâmicos, criativos e flexíveis. Desta forma os recursos tecnológicos serão eficazmente explorados. Os profissionais envolvidos com educação devem estar conscientes e dispostos a se integrar com as inovações tecnológicas, buscando fundamentar suas prioridades no conhecimento da real capacidade da ferramenta computacional, a fim de avaliar e julgar a importância ou valor educacional. A presença dos recursos tecnológicos pode transformar a escola em um centro irradiador de conhecimento, onde o professor não tem mais o papel de transmissor, mas passa a ser o comunicador, o articulador das diversas fontes de informação. De acordo com os Parâmetros Curriculares de Ensino PCN’s (2000, p.104), “Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve ser utilizado com exclusividade. É importante haver diversidade de materiais para que os conteúdos possam ser tratados da maneira mais ampla possível.” 3224 A eficácia da utilização da tecnologia no processo de aprendizagem só será uma realidade, no momento em que o professor adquira conhecimentos, e se torne capaz de utilizar a tecnologia como um meio e não como um fim, Lima (2004, p.2). O procedimento metodológico, não se resume apenas nos passos dados pelo professor, no desenvolvimento das atividades em sala de aula. Nem apenas nas ferramentas utilizadas para desenvolvê-las. Mas sim, na forma como ele orienta e direciona as atividades e a utilização dos recursos tecnológicos, buscando assim utilizar esses recursos como subsídio para a interdisciplinaridade, sentido e coerência ao trabalho. Interdisciplinaridade Fazenda (1994, p. 23) relata que o eco das discussões sobre interdisciplinaridade no Brasil foi ao final da década de 1960 com sérias distorções, próprias daqueles que se aventuram ao novo sem reflexão, sem medir as conseqüências. A interdisciplinaridade no sistema educacional brasileiro ainda perdura até hoje, podemos dizer que se tornou um jargão no meio educacional, pois a interdisciplinaridade aparece com muita freqüência no discurso de professores, em projetos pedagógicos e planos de ensino. Lenoir (apud Fazenda, 1998), atribui à interdisciplinaridade o objetivo de constituir um quadro conceitual que poderia, numa ótica de integração, unificar todo o saber científico. Para ele, a interdisciplinaridade materializa a busca da unidade do saber e o estabelecimento de uma “super ciência”. Segundo Gadotti (2000, p. 222) em termos metodológicos, a prática pedagógica interdisciplinar implica em: a) integração de conteúdos; passar de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do conhecimento; b) superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências; c) ensino-aprendizagem centrado numa visão que aprendemos ao longo de toda a vida (educação permanente). Para que se efetive uma mediação pedagógica dentro de prerrogativas interdisciplinares, é necessário, antes de tudo, mudança de postura. Implica no abandono de práticas pedagógicas rígidas e referenciadas para tornar possível a caminhada rumo ao trabalho interdisciplinar fundado essencialmente no trabalho coletivo e na aprendizagem colaborativa. Para Behrens (2002, p. 76) “a abordagem pedagógica que valorize a 3225 aprendizagem colaborativa depende dos professores e dos gestores da educação, que deverão tornar-se sensíveis aos projetos criativos e desafiadores". A sala de aula pode ser considerada um espaço privilegiado de construção e reconstrução do saber na sociedade, onde a tecnologia domina o processo de formação e informação. Mesmo com toda esta tecnologia o aluno precisa da sala de aula para que possa aprender a pensar, elaborar e expressar as suas idéias e ressignificar suas concepções ao se deparar com o mundo do saber. Para Pablos (2006, p.74) A contribuição mais significativa das tecnologias da informação e comunicação, com um caráter geral, é a capacidade para intervir como mediadoras nos processos de aprendizagem e, inclusive, modificar a interatividade gerada, de tal maneira que, no campo educativo, a qualidade vinculada ao uso das tecnologias, na realidade une-se à qualidade da interatividade, como fator-chave nos processos ensinoaprendizagem. O processo de aprendizagem na sociedade do conhecimento e a globalização levam a uma reflexão e uma proposição sobre as ações docentes que venham atender às exigências deste novo paradigma. Segundo Behrens (2006, p.39) a integralização e a visão do todo precisam ser aliadas à necessidade de buscar um pensamento complexo que supere a fragmentação gerada nas áreas do conhecimento. Esta visão requer que a escola quebre a fragmentação do saber, derrubando o processo de disciplinas isoladas, atuando na interdisciplinaridade. A complexidade, o olhar macro para o conhecimento possibilita um avanço à educação criando um instrumento de investigação no estilo epistemológico, onde o sujeito é ator e objeto da construção do processo histórico ao mesmo tempo. Caracterização e Análise dos Dados O presente trabalho partiu de um projeto que contempla o estudo de uma nova proposta de formação para professores, que atuam nos laboratórios de informática de escolas municipais. O perfil das disciplinas abordadas está associado ao ensino básico, como por exemplo, matemática, português, entre outras. A amostragem utilizada para a análise foi composta por 107 planejamentos de ensino, elaborados pelos respectivos professores. A metodologia utilizada foi estudo de caso, numa abordagem qualitativa. Esta abordagem possui cinco características: ser fonte direta de dados; ser descritiva; ser indutiva; ser analisável; e ser significativa, Bogdan (1994). Por meio da análise dos dados, foram 3226 verificados os seguintes itens do planejamento: a coerência dos objetivos com as atividades propostas; a forma com que os planejamentos são apresentados (contempla os elementos do que compõem o planejamento); o procedimento metodológico para o desenvolvimento das atividades, a utilização dos recursos tecnológicos para desenvolvimento das atividades (contempla o elemento de apoio como vertente) e a interdisciplinaridade. Na análise dos resultados observou-se não haver consenso na forma de apresentação, apenas 22% contemplaram todos os elementos que compõem o planejamento. Os demais não apresentaram os objetivos de forma completa, isto é, estavam ausentes os objetivos específicos. Em outros, observou-se a ausência dos procedimentos metodológicos, o qual deveria descrever as atividades que seriam desenvolvidas. Com a falta da descrição metodológica corre-se o risco da improvisação, o que é prejudicial para o processo ensinoaprendizagem. Este item estava presente em apenas 17% dos planejamentos, os demais, apresentavam apenas citação da realização de atividades, sem a necessária descrição metodológica. A existência de uma coerência entre objetivos e atividades, define o bom andamento da proposta de aprendizagem. Mas, apenas 36% apresentavam este item, os demais não os relacionavam, ou seja, as atividades propostas não condiziam com os objetivos. Referente a utilização dos recursos tecnológicos, 34% apresentavam sua integração com as atividades, a serem desenvolvidas e a interdisciplinaridade com as demais. Os demais citavam as atividades sem integrá-los ao conteúdo das disciplinas e não apresentando a interdisciplinaridade. Considerações Finais A abordagem da utilização dos recursos tecnológicos na educação tem como questão principal a formação e preparação do professor. A grande vantagem da integração dos recursos tecnológicos nas atividades escolares é a possibilidade de inovação da prática pedagógica. Ao planejar suas aulas, o professor deve pensar em quais habilidades e competências precisam ser desenvolvidas nos alunos, elaborando assim atividades que atendam essas necessidades, promovendo a interdisciplinaridade. Ao utilizar tais recursos, o professor propicia ao aluno a possibilidade de desenvolver a criatividade, suas habilidades de pensar e de interagir, assim como o desenvolvimento da autonomia da aprendizagem. Com os resultados obtidos, observou-se que os planejamentos de ensino analisados, ainda necessitam da presença dos requisitos básicos, para que viabilizem uma prática pedagógica que favoreça o processo ensino-aprendizagem no ensino fundamental. É recomendável uma reflexão dos professores referente utilização pedagógica dos recursos 3227 tecnológicos para tornar a escola um ambiente motivador para aprendizagem. Desta forma, torna-se necessário a formação e preparação do professor com bases teórico-prático, para favorecer a utilização dos recursos tecnológicos, como subsídio para interdisciplinaridade nos planejamentos do ensino fundamental. REFERÊNCIAS BEHRENS, Marilda Aparecida. Paradigma da complexidade. Metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. Petrópolis: Vozes, 2006. __________.O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis: Vozes. 2005. BOGDAN, R.; Biklen, S.A. Pesquisa qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. CHAVES, Eduardo O. C. Informática & Educação: O uso de Computadores em Escolas – Fundamentação e Críticas. São Paulo: Scipione, 1988. FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 4. ed. Campinas: Papirus, 1994. __________. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1996. __________. Didática e interdisciplinaridade. São Paulo: Papirus, 1998. 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