CAPÍTULO V - ÂNGULOS 5.1 Ângulo entre duas retas O ângulo entre duas retas r e s, indicado por (r,s), é definido como o r r r r menor dos ângulos (v r , v s ) e (v r ,− v s ) . r vr r vs r − vs r s Se r e s são retas paralelas então (r, s ) = 0 . α Na figura ao lado, o ângulo (r, s ) = (vr r ,− vr s ) = θ . r vs r − vs s r vs α θ r vr r r θ vr α r r vs Na figura ao lado, as retas r e s r r são reversas e (r, s ) = (v r , v s ) = θ . s Assim, 0 ≤ (r, s ) ≤ Logo, π r r r r e cos (r, s ) =| cos (v r , v s ) |=| cos (v r ,− v s ) | . 2 r r | vr ⋅ vs | (r , s ) = arc cos r r | vr || vs | π , dizemos que r e s são ortogonais e escrevemos r ⊥ s. 2 Se r e s são ortogonais e concorrentes dizemos que as retas são r r perpendiculares. É claro que r ⊥ s ⇔ v r ⋅ v s = 0 . Quando (r, s ) = 22 Exemplos 1. Determine os ângulos formados pelas retas r e s, nos seguintes casos: a) r : X = λ(1,−1,1) ; λ ∈ IR x + 2 y − z = 0 b) r : x − y + z − 1 = 0 x = 1 − 2 t c) r : y = 2 + 2t ; t ∈ IR z = 3 x = 1 − t s : y = t ; t ∈ IR z = 2 − t e s: x +1= e e s: y−2 = z. 2 x −3 z +1 = y +1= 2 3 Solução: r r a) Como v r = (1,−1,1) e v s = (−1,1,−1) , as retas r e s são paralelas. Assim, (r, s ) = 0 . r r b) Temos v r = (1,2,−1) × (1,−1,1) = (1,−2,−3) e v s = (1,2,1) . Daí, (r, s ) = arc cos | 1 − 4 − 3 | | 14 | | 6 | = arc cos 21 . 7 r r c) Como v r = (−2,2,0) e v s = (2,1,3) , temos: (r, s ) = arc cos | −4 + 2 + 0 | = arc cos | 8 | | 14 | 1 2 7 . 2. Determine uma equação da reta r que passa pelo ponto P(1,1,−2) e é x = 1 + t perpendicular à reta s : y = 2t ; t ∈ IR . z = 2 − t 23 Solução: Como r e s são perpendiculares, temos que P estas retas são concorrentes e ortogonais. r vr Assim, se Po é o ponto de concorrência de r e s, existe to real, tal que s r vs Po = (1 + t o ,2 t o ,2 − t o ) . Podemos então Po → r considerar v r = PPo = ( t o ,2t o − 1,4 − t o ) . r Pela condição de ortogonalidade, temos: → r v s ⋅ PPo = 0 . Assim, t o + 2(2 t o − 1) − (4 − t o ) = 0 , daí, t o = 1 . Portanto uma equação da reta r é r : X = (1,1,−2) + λ(1,1,3) ; λ ∈ IR . 3. Substituindo, no exemplo anterior, a condição de perpendicularidade por ortogonalidade, o problema tem solução única? Solução: Neste caso, a direção de r poderia ser dada por qualquer vetor ortogonal a r v s , sem restrições e, portanto, existe uma infinidade de soluções: toda reta que passa por P e está contida no → r plano α : PX ⋅ v s = 0 . P r vr r vs Po s α 4. Determine uma equação da reta r que passa por P(1,0,0) é concorrente π com s : X = t (1,1,0) ; t ∈ IR e (r, s ) = . 4 Solução: Observemos inicialmente que ponto P não pertence à reta Assim, se Po é o ponto concorrência de r e s, existe real, tal que Po = ( t o , t o ,0) → r v r = PPo = ( t o − 1, t o ,0) . P o s. de to e Po r π 4 π 4 s r' 24 Então, cos (r, s ) = cos Daí, | (1,1,0) ⋅ ( t o − 1, t o ,0) | 2 ( t o − 1) 2 + t o 2 + 0 = 1 . 2 t o − 1 + t o = ( t o − 1) 2 + t o 2 . Logo, t o = 0 ou t o = 1 . Assim, este problema admite duas soluções: u t o = 0 ; r : X = (1,0,0) + t (−1,0,0) ; t ∈ IR u t o = 1 ; r ′ : X = (1,0,0) + h (0,1,0) ; h ∈ IR . 5.2 Ângulo entre dois planos v v nα nβ O ângulo entre dois planos α e β , indicado por (α , β), é definido como o menor r r dos ângulos n α , n β e r r n α ,−n β . ( ) ( Assim, 0 ≤ (α, β ) ≤ ) π e 2 β θ θ α r r | n α ⋅ nβ | (α , β ) = arc cos r r | n α | | nβ | π , dizemos que α e β são ortogonais e escrevemos 2 r v α ⊥ β . É claro que α ⊥ β ⇔ n α ⋅ n β = 0 . Quando (α, β ) = Chamamos reta normal a um plano α a toda reta que tem a direção de r n α . Assim, podemos dizer que o ângulo entre dois planos é o ângulo formado por duas retas normais a esses planos. 25 Exemplos 1. Determine o ângulo formado pelos planos α e β, nos seguintes casos: a) α : 2x + y − z + 1 = 0 e β : x + y + z + 2 = 0 . b) α : x + y − z + 5 = 0 e β : X = t (1,0,1) + h (1,−1,0) ; t, h ∈ IR. x = t + h c) α : y = t ; t, h ∈ IR e β : 2x + y + z − 1 = 0 z = 1 + h Solução: r v a) Das equações de α e β temos n α = (2,1,−1) e n β = (1,1,1) . Assim, | (2,1,−1) ⋅ (1,1,1) | 2 2 = = . 3 6 3 3 2 2 Logo, (α, β) = arc cos . 3 r v b) n α = (1,1,−1) e n β = (1,0,1) × (1,−1,0) = (1,1,−1) . cos (α, β) = | (1,1,−1) ⋅ (1,1,−1) | = 1 . Logo, (α, β) = 0 . 3 3 r r c) n α = (1,1,0) × (1,0,1) = (1,−1,−1) e n β = (2,1,1) . Daí, cos (α, β) = Assim, cos (α, β) = π | (1,−1,−1) ⋅ (2,1,1) | = 0 . Logo, (α, β) = . 2 3 6 2. Determine uma equação do plano α ortogonal ao plano β : 2x − y + z + 1 = 0 e que passa pelos pontos A = (1,0,2) e B = (2,1,3) . β r Solução: nβ → r Os vetores AB = (1,1,1) e n β = (2,−1,1) são B L.I. e possuem representantes em α. Assim, A α uma equação vetorial do plano α pode ser dado por: α : X = (1,0,2) + t (1,1,1) + h (2,−1,1) ; t, h ∈ IR . 26 5.3 Ângulo entre reta e plano n O ângulo entre uma reta r e um plano α, indicado por (r, α) , é definido como o complemento do ângulo formado pela reta r e por uma reta n normal ao plano α. Na figura, temos φ = (r, n ) e θ = (r, α) . r φ θ α π e pode ser calculado como: 2 r r | vr ⋅ nα | π π (r , α ) = − (r, n) = − arc cos r r 2 2 | v r || n α | Assim, 0 ≤ (r, α) ≤ ou, r r | vr ⋅ nα | (r , α ) = arc sen r r . | v r || n α | π , dizemos que a reta r e o plano α são 2 r r perpendiculares e escrevemos r ⊥ α . É claro que r ⊥ α ⇔ v r // n α . Quando (r, α) = Exemplo 1. Determine o ângulo entre r e α, nos seguintes casos: a) r : X = (1,0,1) + t (1,0,2) ; t ∈ IR α : X = t (1,0,1) + h (1,2,−3) ; t, h ∈ IR. x − y + 2 = 0 b) r : 2x + 2y − z + 1 = 0 e α : x − 2 y − 2z + 1 = 0 Solução: r r a) Como v r = (1,0,2) e n α = (1,0,1) × (1,2,−3) = (−2,4,2) , temos: | (1,0,2) ⋅ (−1,2,1) | 1 sen (r, α) = = . 5 6 30 1 Logo, (r, α) = arc sen . 30 27 r v b) Temos v r = (1,−1,0) × (2,2,−1) = (1,1,4) e n α = (1,−2,−2) , assim, | (1,1,4) ⋅ (1,−2,−2) | 2 sen (r, α) = = . 2 18 9 π Logo, (r, α) = . 4 28