Guia para o professor Projeto de leitura EU VI! AUTOR: JONAS RIBEIRO ILUSTRADORA: GISELLE REZENDE A OBRA Indicação de leitura: pré-leitor (até 6 anos) Resumo: Você já viu uma avalanche parar para o lanche? E um morango dançar tango? Com imagens inusitadas e brincadeiras com os sons das palavras, Eu vi! desperta a criatividade e a imaginação do pequeno leitor. Eixos temáticos: alfabetização, imaginação, brincadeiras, prazer da leitura Disciplinas: Língua Portuguesa, Arte, Ciências POR QUE LER Principais conceitos Por meio de versos e imagens inusitadas, a criança pode experimentar as possibilidades criativas da linguagem. Segundo Maria da Glória Bordini, o contato com o poético pode fazer com que a criança “(...) se abra para o diverso, que jogue com sons, conceitos e vivências fantásticas, que investigue e indague a natureza das coisas nessa brincadeira, que busque os lados não vistos, que pressinta, que não se contente com as versões recebidas, que mantenha viva a capacidade de maravilhar-se”. O autor diz “eu vi” como testemunha ocular e irrefutável, mas nos presenteia com quebras de pressupostos e expectativas. Esse jogo de sons, palavras e sentidos estimulam a sensibilidade e a criatividade da criança. Formato: 22x20 32 páginas ISBN: 978-85-617-3012-3 •arte • diversidade cultural •sonoridade • expressão oral •ritmo •rima ESTRUTURA DA OBRA Pequenas poesias rimadas começam sempre com “eu vi”, abordando situações absurdas e engraçadas. ANTES DE LER Desperte nos alunos a curiosidade sobre as palavras e a sensibilidade para a riqueza das formas de expressão que a linguagem pode proporcionar. Converse com eles sobre algumas expressões populares que citam o corpo humano, como por exemplo: chorar de barriga cheia, falar pelos cotovelos, custar os olhos da cara, estar com a cabeça nas nuvens, ficar de queixo caído, meter o nariz onde não é chamado, abraçar o mundo com as pernas. Explique que há o significado real e o sentido figurado, por exemplo: não é possível falar pelo cotovelo, a expressão refere-se na verdade a uma pessoa que fala muito. Depois, mostre a capa do livro Eu vi! e pergunte qual das expressões acima tem a ver com a ilustração (explique, depois que todos se manifestarem, que a expressão que mais se aplica à capa é “abraçar o mundo com as pernas”, ou seja, “querer tudo ao mesmo tempo”). Pergunte sobre o que tratará o livro. Deixe que seus alunos levantem hipóteses. DURANTE A LEITURA Os poemas tocam as crianças porque há um encontro com a forma particular com a qual elas têm de ver e sentir o mundo: a surpresa, o prazer gratuito, a subversão às normas e ao esperado. Permita que elas se levem pela imaginação por meio da linguagem poética e incentive a reflexão, a associação com ideias, fatos e sentimentos despertados pelos poemas. Leia as poesias mostrando as ilustrações. Crie um clima leve, permitindo que os alunos expressem livremente suas reações, que podem ser de estranhamento, de riso, de dúvida etc. Lembranças e relações também podem ser despertadas, por isso não tenha pressa em passar para o poema seguinte. Incentive a criatividade e a formação de imagens poéticas perguntando, por exemplo: como um dicionário esparrama vocabulário? Como uma criança empina esperança? O que o abacaxi falou para o caqui? COMO LER AS ILUSTRAÇÕES As ilustrações dialogam com o texto, são leves e bastante coloridas. Sugerem fluidez e liberdade, combinando com o texto poético. Observe que os personagens parecem dançar em alguns momentos. Na página 11, é tanta leveza que um menino se pendura no varal de roupas! As páginas são “limpas”, com fundo branco, e as ilustrações possuem elementos precisos, da mesma forma que o texto: poucas palavras que dizem muito! Todos os personagens estão sorrindo, tranquilos, nos observando, como a nos convidar a entrar no livro e a compartilhar de toda essa paz. DEPOIS DE LER Seus alunos devem estar sensibilizados com a descoberta de novas possibilidades de texto, a brincadeira com os sons, a harmonia das palavras, a musicalidade, a criação de imagens inesperadas. •Os • Brinque de criar poemas. Use a estrutura das poemas começam sempre com “eu vi”. Dentro da proposta dos poemas, pergunte aos seus alunos o que eles viram. As respostas devem ser criativas, engraçadas e inusitadas. poesias do livro, interrompendo a leitura para que os alunos deem sugestões. Veja o exemplo, utilizando o primeiro poema: Eu vi... um mosquito Na ponta de um... pirulito Eu vi... um espião Nas asas de um... gavião Obs.: a única regra é rimar o primeiro verso com o segundo; e o terceiro com o quarto. ASSUNTO PUXA ASSUNTO As lembranças, relações e reflexões despertadas pelo texto poético e pelas ilustrações podem levar a muitos outros temas. Explore essas possibilidades, ampliando a experiência literária dos alunos. • O livro termina com os versos: Eu vi você me abrindo, eu vi você sorrindo. Pergunte aos alunos quem estaria falando tais versos (explique depois que é o próprio livro). Numa roda de conversa, se possível numa biblioteca, fale com eles sobre a experiência da leitura: como eles escolhem um livro (pela capa, pelo tamanho do livro, pelas ilustrações, pela história etc). Pergunte sobre os livros que já viram, se gostaram ou não, que tipo de livros preferem, se já observaram outras pessoas lendo etc. Peça para trazerem, num outro dia, seu livro preferido. Neste dia faça outra roda e peça a cada integrante do círculo dizer por que gostaram dele. Se possível, incentive para que emprestem a algum colega que se interessou. Os alunos podem também criar uma história na qual o personagem principal é o livro, que conta sua experiência com os leitores. • Você pode aproveitar o interesse pelas frutas e mostrar como os artistas as retrataram em obras do gênero natureza-morta. A natureza-morta representa objetos inanimados, como frutas, flores, comidas, louças, livros etc. Eles aparecem na pintura desde a Idade Média, como fundo, ganhando importância principalmente a partir do século XVII, quando a Ciência procurava a representação da natureza tal como ela era. Alguns exemplos de artistas que retrataram a natureza-morta: Caravaggio, Paul Cézanne, Picasso, Vincent van Gogh, Matisse e Arcimboldo. Com frutas de verdade, os alunos podem criar suas próprias naturezas-mortas, que servirão de modelo para serem pintadas ou fotografadas por eles. Podem compor utilizando também flores, livros etc. Essas obras criadas pelos alunos podem se transformar numa bela exposição. • O livro também cita vários animais (canguru, jaburu, urso, besouro, elefante). Peça a seus alunos que façam uma pesquisa para saberem como são, onde vivem e o que comem. • Incentive seus alunos a fabricarem pipas (veja em Conecte-se). Que tal um concurso de pipas ou um passeio a um parque ou praia para empiná-las? • Ao longo do texto, são citadas várias frutas (morango, cereja, abacaxi e caqui). Converse com seus alunos sobre a importância de uma boa alimentação e verifique se eles conhecem as frutas citadas. Você pode pedir para que tragam à sala de aula essas e outras frutas, ou comprá-las numa visita com a turma à feira ou hortifrúti. Na sala de aula, oriente os alunos para a limpeza das mãos e do ambiente. Incentive-os a pesquisar sobre as frutas! Vale sentir os cheiros, as texturas e experimentar os sabores. Você pode ensiná-los a fazer sucos, picolés e salada de frutas. Os alunos podem eleger suas receitas favoritas para fazer um livro. do a cera e caindo no mar. Fale também sobre Santos Dumont e seu incrível 14 Bis. • Na página 21 há a ilustração de uma pipa. É um brinquedo muito antigo, surgido provavelmente na China cerca de 200 anos a.C. Possivelmente nascida da vontade do homem de voar, a pipa encantou gerações. Conte para seus alunos a lenda grega de Ícaro, que, ao tentar fugir de um labirinto, fez asas com penas de pássaro coladas com cera. Diz a lenda que Ícaro ficou tão maravilhado em conseguir voar que se aproximou muito do sol, derreten- • Apresente a capa do livro. Está dividida ao meio, como a mostrar o dia e a noite. Leve um globo terrestre para a sala de aula e mostre aos alunos como isso acontece. Depois, divida uma folha ao meio e peça para seus alunos desenharem ou escreverem tudo o que se faz durante o dia e o que se faz à noite. • Atente para as roupas dos personagens. Lem- bre-os sobre as estações do ano e pergunte qual roupa mais adequada para cada temperatura. Eu vi com a pele. Eu vi com o nariz. Eu vi com os ouvidos. Sim, eu juro que vi. Tudo isso e muito mais. (página 26) Pergunte aos seus alunos como é que se vê com a pele, com o nariz ou com os ouvidos. Será possível também ver com a língua? Converse sobre os sentidos, pois temos muitas formas de sentir e perceber o mundo a nossa volta. Traga uma caixa de papelão fechada com uma abertura para que possa entrar a mão. Coloque alguns objetos de texturas, tamanhos, temperaturas e formas diferentes. Solicite aos alunos para que tentem adivinhar que objeto é sem vê-lo. Em outro dia, traga frascos contendo: grãos de café, folhas de hortelã, raspas de limão etc. Peça aos alunos para os cheirarem. Pergunte se eles sabem o que são, se já sentiram o cheiro antes etc. Você pode também ler ou contar uma história e perguntar aos alunos como eles acham que é o cheiro da floresta, o perfume da princesa, o cheiro da poção da bruxa etc. No dia seguinte, leve-os ao pátio. Deixe que relaxem por alguns minutos. Peça para, em silêncio, ouvirem os sons do ambiente. Depois coloque uma música clássica e peça que desenhem o que sentiram ao ouvi-la. Em outro momento, leve pedaços de frutas doces e ácidas para que os alunos as experimentem sem vê-las. Converse sobre a experiência de “ver” com os outros sentidos. CONECTE-SE Abaixo você tem sugestões de outras fontes para ampliar o trabalho em sala de aula: INTERNET Sites do Zoológico do Rio de Janeiro e de São Paulo para pesquisar sobre animais: www0.rio. rj.gov.br/riozoo/ e www.zoologico.com.br/ Sobre as pipas, você pode pesquisar a história delas e de outros brinquedos populares na página do Museu da Infância e do Brinquedo da UFC: www. mib.ufc.br/2012/08/a-historia-das-pipas.html MÚSICA CD Arca de Noé (1996, Universal) – São poemas musicados de Vinícius de Moraes. Além de conhecer a obra do “poetinha”, seus alunos poderão ouvir muitas poesias sobre animais. José Paulo de Paes para filhos – poemas musicados por Paulo Bi (2005, Sonopress) – Nas poesias de José Paulo Paes há muitas brincadeiras com os sons e sentidos das palavras. LITERATURA Cozinha animada, de Ana Claudia Cavalcante (Mundo Mirim, 2012). Histórias divertidas e receitas deliciosas ensinam as crianças a cozinhar brincando. São 12 histórias com 12 receitas de dar água na boca. Quando for falar sobre as frutas do livro Eu vi!, você pode se aprofundar no assunto culinário com este livro. Qual é a sua cor?, de Angela Leite de Souza (Mundo Mirim, 2012). Tem gente que diz que as emoções têm sabor, outros dizem que elas têm aroma... Nesta obra a autora garante que as emoções são coloridas! Descubra o azul-alegria, o cinza-tristeza, o verde-esperança e muitas outras cores-sentimentos. Assim, os alunos poderão ser sensibilizados para as sensações que as cores provocam e ainda com a brincadeira com as palavras. A festa animada da bicharada, de Maurício Veneza (Mundo Mirim, 2013). A bicharada foi convidada para uma festa superanimada, organizada por seu Noé. A festa, além de bicho, tinha também muitos ditados e trocadilhos: um mico a fazer macaquices; um chimpanzé pagando mico; um peixe com minhocas na cabeça; uma minhoca sem pé nem cabeça; um gato esperto pra cachorro; um cachorro que queria aprender o pulo do gato. Este livro também brinca com as palavras e os animais, assim como Eu vi! Poesia que rola no jogo de bola, de Fábio Sombra (Mundo Mirim, 2013). O autor e ilustrador, que também é violeiro, convida os leitores a jogar futebol de um jeito bem diferente: não mais chutando bola ou fazendo gol, mas criando poemas. Neste livro não faltam o goleiro, o atacante, o juiz e a torcida. Todos têm ginga, ritmo e rima. É mais uma oportunidade de sensibilizar os alunos para a beleza da poesia. SOBRE O ESCRITOR Jonas Ribeiro Escritor e contador de histórias, é formado em Língua e Literatura Portuguesas pela PUC-SP. Como ele próprio diz, formado também “pelos tantos livros que leu por prazer em bibliotecas públicas ou que garimpou em livrarias”. Vive inventando um jeito de aproximar as pessoas dos livros e da leitura, seja visitando escolas ou escrevendo livros. Site: www.jonasescritor.com.br. ELABORADO POR SIMONE BIBIAN – escritora, dramaturga, pedagoga. Especialista em psicopedagogia e em literatura infantojuvenil, foi professora de oficina de leitura para crianças e jovens. Atualmente é educadora do Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Blog: simonebibian.blogspot.com.br