Pode-se definir conjunto finito não vazio como um conjunto que não é equipotente a um subconjunto próprio (1.1.7). Um conjunto é infinito se e só se é equipotente a algum subconjunto próprio. 1.1.8 Teorema. O conjunto é infinito. D. Prova-se por contradiçãoÞ Á g, pois, por A7, " − . Se fosse finito, existiria uma bijecção de 8 para . Poderíamos então escrever œ Ö3" ß 3# ß á ß 38 ×Þ Por A1, teríamos: = ³ 3" 3# á 38 − Þ Mas, então sería 3" ß 3# ß á ß 38 = o que implicaria, por A10, =  , contradição. O conjunto é equipotente a 8" œ Ï8 , para todo 8 − Þ De facto, a aplicação 0 À Ä 8" œ Ï8 œ Ö8 B À B − × tal que: B È 0 ÐBÑ œ 8 B é uma bijecção (provar). Logo, os conjuntos 8" œ Ï8 , 8 − são infinitos. Note-se que, para qualquer 7 − ß # 8 œ # Ð7 78 Ñ œ # Ö7ß 7 "ß á ß 7 8×Þ 1.1.9 Teorema. O conjunto T dos números primos é infinito.. D. Prova-se por contradição. Suponhamos que o conjunto T dos números primos é finito. Então, como T Á g, seria T œ Ö:" ß :# ß á ß :8 ×Þ Seja 7 ³ :" :# á :8 ". Tem-se 7 − , pelos axiomas para . Mas, como 7 ", 7 seria divisível por algum número primo :3 − T (pelo T. fundamental da aritmética)Þ Como um número primo divisor de 7 é necessariamente divisor de :" :# á :8 , por 1.3.3 da Parte I, :3 sería também divisor de "ß contradiçãoÞ 1.1.10 Teorema. Para qualquer conjunto infinito E, existe uma aplicação injectiva de para EÞ Nota. A cardinalidade de é denotada pelo símbolo i! (i letra do alfabeto hebraico que se lê "alef"). O conjunto ‘ dos números reais não tem cardinalidade i! . Embora exista uma aplicação injectiva ä ‘ (por 1.1.10), não existe nenhuma aplicação bijectiva entre estes conjuntos. A cardinalidade de ‘ é simbolizada por i" Þ 1.2 Cardinalidade da união finita de conjuntos finitos disjuntos e do produto cartesiano finito de conjuntos finitos Se E e F são conjuntos disjuntos tais que #E œ 7 e # F œ 8, podemos representá-los por E œ Ö+" ß á ß +7 × e F œ Ö," ß á ß ,8 ×. Seja 0 À 7 Ä E a bijecção tal que 0 Ð3Ñ œ +3 e seja 1 À 8 Ä F a bijecção tal que 1Ð4Ñ œ ,3 . Obtemos uma bijecção 2 À 78 Ä E F , definindo 2Ð3Ñ œ 0 Ð3Ñ, a 3 Ÿ 7; 2Ð7 4Ñ œ ,4 ß a4 Ÿ 8Þ Temos assim a seguinte proposição: 1.2.1 Proposição. Se E e F são conjuntos finitos disjuntos, tem-se: # ÐE † FÑ œ #E # FÞ Prova-se, por indução, a extensão desta proposição a um número 7 de conjuntos finitos disjuntos. 1.2.2 Proposição. Se E" ß E# ß á ß Em é uma família finita de conjuntos finitos disjuntos, então # ÐE" † E# † â † Em Ñ œ #E" # E# â #E7 Þ 1.2.3 Corolário. Se E" ß E# ß á ß Em é uma família finita de conjuntos finitos disjuntos, todos com cardinalidade 8, então # ÐE" † E# † â † Em Ñ œ 78Þ Vamos agora ver que o produto cartesiano de um conjunto finito E por um conjunto finito F E ‚ F œ ÖÐ+ß ,Ñ À + − Eß , − F× é união de uma família de conjuntos disjuntos, todos com a mesma cardinalidadeÞ Seja E œ Ö+" ß á ß +7 × e F œ Ö," ß á ß ,8 ×. Tem-se: E ‚ F œ ÖÐ+" ß ,3 Ñ À " Ÿ 3 Ÿ 8× † â † ÖÐ+7 ß ,3 Ñ À " Ÿ 3 Ÿ 8× œ ÖÐ+ ß , Ñ À " Ÿ 4 Ÿ 7× † â † ÖÐ+ ß , Ñ À " Ÿ 4 Ÿ 7×Þ 4 " 4 8 Assim E ‚ F é união de 7 conjuntos disjuntos, todos com cardinalidade 8 e é também a união de 8 conjuntos disjuntos com cardinalidade 7Þ Por 1.2.3, obtemos que # E ‚ F œ 78Þ 1.2.4 Proposição. Se E e F são conjuntos finitos, então # ÐE ‚ FÑ œ #E † # FÞ Prova-se, por indução, a generalização desta proposição a uma família finita de conjuntos finitos: 1.2.5 Proposição. Se E" ß E# ß á ß Em é uma família finita não vazia de conjuntos finitos não vazios, então # ÐE" ‚ E# ‚ â ‚ Em Ñ œ #E" ‚ # E# ‚ â ‚ #E7 Þ Como caso particular temos que: 1.2.6 Corolário. Se E" ß E# ß á ß Em é uma família finita de conjuntos finitos, todos com cardinalidade 8, então # ÐE" ‚ E# ‚ â ‚ Em Ñ œ 87 Þ Se E" œ E# œ â œ Em œ F , escreve-se F 7 em vez de E" ‚ E# ‚ â ‚ Em . O conjunto das aplicações de um conjunto E num conjunto F , é denotado por FE . Se E œ Ö+" ß á ß +7 ×ß o conjunto F E (ou o conjunto F 7 , abreviado F 7 Ñ pode ser identificado com o conjunto de todas as sequências de 7 elementos de F , i.e. existe uma bijecção entre esses conjuntos. Masß o conjunto de todas as sequências de 7 elementos de F pode ser interpretado como o conjunto de todas as escolhas ordenadas com repetição de 7 elementos do conjunto FÞ 1.2.7 Proposição. Se E é um conjunto com 7 elementos e F é um conjunto com 8 elementos, então o conjunto F E de todas as aplicações de E em F é equipotente ao conjunto de todas as escolhas ordenadas com repetição de 7 elementos do conjunto F e tem 87 elementos. Em particular, sendo E œ Ö+" ß á ß +7 × e F œ Ö!ß "×, cada aplicação 0 À E Ä F determina uma sequência Ð0 Ð+" Ñß á ß 0 Ð+7 ÑÑ constituída por de zeros e uns. Seja cÐEÑ o conjunto de todos os subconjuntos de E. Se a cada aplicação 0 À E œ Ö+" ß á ß +7 × Ä Ö!ß "× fazemos corresponder o subconjunto de E Ö+3 − E À 0 Ð+3 Ñ œ "×, obtemos uma bijecção Ä c ÐEÑ (provar). FE ä 1.2.8 Proposição. Se # E œ 7 e # F œ #, então F E é equipotente ao conjunto cÐEÑ de todos os subconjuntos de E. Tem-se # cÐEÑ œ #7 Þ 1.3 Injecções como escolhas ordenadas sem repetição Dado um conjunto F , o conjunto das escolhas ordenadas sem repetição de 7 elementos de F pode ser identificado com o conjunto das aplicações injectivas ou injecções de 7 em F . Há 8 escolhas possíveis da imagem de ". Para cada uma dessas escolhas há 8 " escolhas possíveis para a imagem de #Þ Para cada escolha da imagem de " e de # há e 8 # escolhas possíveis da imagem de $, e assim sucessivamente. A demonstração rigorosa faz-se por indução. 1.3.1 Proposição. O número de escolhas ordenadas sem repetição de 7 elementos de um conjunto F com 8 elementos é a cardinalidade do conjunto das injecções 7 para F e é dado por 8 † Ð8 "Ñ † Ð8 #Ñ † â † Ð8 7 "ÑÞ Exemplo O número de possiveis escolhas de 11 jogadores num conjunto de 23 é 23 ‚ ## ‚ #" ‚ â ‚ "$. Este é também o número de aplicações injectivas de qualquer conjunto com 11 elementos num conjunto com 23 elementos. 1.3.2 Corolário. O número de escolhas ordenadas sem repetição de 8 elementos de um conjunto F com 8 elementos é igual à cardinalidade do conjunto das bijecções de 8 para 8 e é dado por 8x ³ 8 † Ð8 "Ñ † Ð8 #Ñ † â † # † "Þ Cada bijecção de F œ Ö," ß á ß ,8 × em F é chamada uma permutação de F As escolhas ordenadas sem repetição de 8 elementos de um conjunto F com 8 correspondem às diferentes ordenações desses elementos. Exemplo Permutações de $ : id œ Œ "#$ "#$ "#$ , !" œ Œ , !# œ Œ " # $ 2 1 $ 2 $ " !$ œ Œ "#$ "#$ "#$ , !% œ Œ , !& œ Œ "$# $1# $ # " Seja F œ 8 = Ö"ß #ß á ß 8×. A permutação identidade, id œ Œ " # $á8 , deixa fixos todos os elementos " # $á8 " # $á8 "8 Uma permutação Œ diz-se um ciclo de comprimento 8, e é #$% á 8 " denotado por Ð" # $ % á 8 " 8Ñ, ou por Ð# $ % á 8 " 8 "Ñ, ou á Uma permutação que coincide com a identidade excepto para dois elementos é chamada transposição. A restrição de uma transposição aos dois elementos que não ficam fixos é um ciclo de comprimento #. Se 3 e 4 são os elementos que não ficam fixos, a transposição é denotada por Ð3 4ÑÞ Cada transposição coincide com a sua inversa. No exemplo dado acima, !# œ Ð" # $Ñß !% œ Ð$ # "Ñ são ciclos de comprimento 3 e são bijecções inversas uma da outra. !" œ Ð" #Ñß !$ œ Ð# $Ñß !& œ Ð" $Ñ são transposições.