Parte 1 Sistemas de Hilbert Neste capı́tulo definiremos uma linguagem adequada ao estabelecimento do Cálculo Proposicional Clássico como uma lógica de primeira espécie. Faremos isso baseado em um Sistema de Hilbert com apenas dois conectivos (negação ¬ e implicação →) a definição do que sejam fórmulas e um conjunto de cinco axiomas. 1.1 Lógica de Predicados: Axiomas da Lógica Vamos então definir uma linguagem L para o Cálculo Proposicional Clássico. Definição 1.1. Definimos a linguagem L para o Cálculo Proposicional Clássico por: 1. Um conjunto de elementos α, βγ, . . . possivelmente indexados representado por letras gregas minúsculas denominados de fórmulas atômicas ou átomos ou simplesmente proposições. 2. Dois conectivos lógicos negação ¬ e implicação →. Em seguida definiremos o conceito de uma fórmula ou fórmula molecular em L (é o equivalente a palavras em uma linguagem natural). 2 Lógica Matemática Definição 1.2. Definimos uma fórmula em L por: 1. Se α é uma proposição então α é uma fórmula. 2. Se α e β são fórmulas então ¬α e α → β são fórmulas. 3. Nada mais é fórmula. Jan Lukasiewicz nasceu em 21 de Dezembro de 1878 em Lviv na Ucrânia Já de posse da linguagem L para o cálculo proposicional clássico podemos complementar com uma estrutura que possa gerar fórmulas válidas. Para e morreu em 13 de Fevereiro de 1956 em Dublin na Irlanda. Foi isto usaremos cinco axiomas. A saber: Dois axiomas ligados a igualdade: A1 x = x Axioma da identidade. um lógico polonês notável pelo seu desenvolvimento A2 (x = y), P (x) ` P (y) Axioma da substituição. da lógica multivalente (e E três esquemas de axiomas, propostos inicialmente por Jan Lukasiewicz lógica fuzzy) e seus estudos sobre a história : da lógica, particularmente sua interpretação da lógica aristotélica. Conhecido também, pela introdução na lógica da notação polonesa que dispensa o uso de parenteses. A3 α → (β → α) A4 (α → (β → γ)) → ((α → β) → (α → γ)) A5 (¬α → ¬β) → (β → α) OBS 1.1. O uso do termo “Esquema de Axiomas” no lugar de apenas “Axiomas” quer dizer que no lugar de das fórmulas α, β e γ em A3, A4 e A5 podem ser colocadas quaisquer fórmulas. Completando os esquemas de axiomas temos uma regra de inferência (modus pones). MP α, α → β ` β OBS 1.2. Uma crı́tica que se faz deste conjunto de axiomas é o fato de ser muito artificial. Não tem um significado claro. Mais estranho ainda é desenvolver toda a lógica das proposições com um sistema axiomático de dois conectivos ¬ e → e apenas um axioma . A saber: Fundamentos de Matemática h 3 i (a → b) → (¬c → ¬d) → c → e → (e → a) → (d → a) , de Carew Arthur Meredith. Os demais conectivos mais conhecidos do cálculo proposicional clássico, conjunção ∧, disjunção ∨ e dupla implicação ↔, são definidos por: def Def1 α ∨ β = ¬α → β def Def2 α ∧ β = ¬(¬α ∨ ¬β) def Def3 α ↔ β = (α → β) ∧ (β → α) Definiremos também, o que é uma prova na linguagem L de primeira ordem definida pelos cinco axiomas acima. Definição 1.3. Uma prova em L de uma conclusão α a partir de uma conjunto de premissas Γ, é uma seqüência finita de fórmulas bem formadas β1 , β2 , . . . , βn tais que βn = α e para cada membro da seqüência βk , 1 ≤ k ≤ n temos: 1. βk é uma premissa 2. βk é um axioma de L 3. βk é derivada das fórmulas anteriores por modus ponnes Se de um conjunto de fórmulas (premissas) Γ podemos construir uma prova de α denotaremos Γ ` α. OBS 1.3. Se podemos construir uma prova da fórmula α (conclusão) sem necessidade de premissas podemos denotar ∅ ` α ou simplesmente ` α ao que denominamos de “Teorema”. Em particular os axiomas de L são teoremas de L. OBS 1.4. Observamos que o sistema axiomático que dá suporte às demonstrações na linguagem L admite somente demonstrações diretas. Não 4 Lógica Matemática são permitidas demonstrações indiretas por contra-positiva nem por redução ao absurdo. Também não é permitido o uso de hipóteses como apoio às demonstrações. 1.1.1 Algumas Demonstrações Vejamos como utilizar os axiomas acima e demonstrar alguns teoremas e construir algumas provas. A primeira das demonstrações é a auto-implicação, que diz que toda proposição é uma conseqüência de si mesma. Exemplo 1.1. Auto-implicação (A-imp) ` α → α. PROVA: 1 α → ((α → α) → α) A3 β = α → α 2 (α → ((α → α) → α)) → ((α → A4 α = α, β = α → α e γ = α (α → α)) → (α → α)) 3 (α → (α → α)) → (α → α) 1+2 MP 4 α → (α → α) A3 α = α e β = α 5 α→α 4+3 MP OBS 1.5. O teorema da auto-implicação pode ser visto como um esquema de teorema onde a fórmula α pode ser substituı́da por qualquer fórmula da linguagem L. Como exemplos podemos substituir α na auto-implicação por ¬α e obter ¬α → ¬α ou substituir por α → β e obter (α → β) → (α → β). Como próxima demonstração veremos o “Silogismo Hipotético”, uma espécie de propriedade transitiva para o conectivo de implicação. Exemplo 1.2. Silogismo hipotético (S-Hip) α → β, β → γ ` α → γ. PROVA: Fundamentos de Matemática 5 1 α→β Premissa 2 β→γ Premissa 3 (β → γ) → (α → (β → γ)) A3 α = β → γ e β = α 4 α → (β → γ) 2+3 MP 5 (α → (β → γ)) → ((α → β) → A4 (α → γ)) 6 (α → β) → (α → γ) 4+5 MP 7 α→γ 1+6 MP A seguir apresentaremos a demonstração de uma de duas regra da dupla negação. Mais precisamente a regra diz que a negação da negação de uma proposição implica na própria proposição. Esta regra é aceita pelo “Cálculo Proposicional Clássico” porém, não é aceito pela “Lógica Intuicionista”. Exemplo 1.3. A regra da dupla negação (DN1) primeira parte ` ¬¬α → α. PROVA: 1 ¬¬α → (¬¬¬¬α → ¬¬α) A3 α = ¬¬α e β = ¬¬¬¬α 2 (¬¬¬¬α → ¬¬α) → (¬α → ¬¬¬α) A5 α = ¬¬¬α e β = ¬α 3 (¬α → ¬¬¬α) → (¬¬α → α) A5 α = α e β = ¬¬α 4 ¬¬α → (¬α → ¬¬¬α) 1+2 S-Hip 5 ¬¬α → (¬¬α → α) 4+3 S-Hip 6 (¬¬α → ¬¬α) A-imp α = ¬¬α 7 (¬¬α → (¬¬α → α)) → ((¬¬α → A4 α = ¬¬α, β = ¬¬α e γ = α ¬¬α) → (¬¬α → α)) 8 (¬¬α → ¬¬α) → (¬¬α → α) 5+7 MP 9 ¬¬α → α 6+8 MP OBS 1.6. Do ponto de vista da definição formal de prova, a demonstração 6 Lógica Matemática acima não é uma prova. Tecnicamente falando, a linha 6 onde usamos o teorema da auto-implicação teria que ser substituı́da pela demonstração da auto-implicação onde toda ocorrência de α seria substituı́da por ¬¬α. A substituição da linha 6 pela demonstração do teorema da auto-implicação faria a prova da dupla negação satisfazer a definição de prova. No entanto, a prova seria muito mais extensa. Além do que, isto seria bastante tedioso e a ideia é poupar esforços não provando novamente um resultado já provado anteriormente e assim justificamos na linha 6 apenas a menção do teorema da auto-implicação onde o α foi substituı́do por ¬¬α. Isto é equivalente a encarar o teorema da auto-implicação como um axioma e estaremos preservando a definição original de prova sem a necessidade de uma redefinição para enquadrar a nova situação. OBS 1.7. Observamos também, que nas linhas 4 e 5 são feitas menções à prova do silogismo hipotético S-Hip o que também não constitui uma prova na essência de sua definição. Tecnicamente falando as linhas 4 e 5 teriam que ser substituı́das pela demonstração do silogismo hipotético a exemplo na linha 4 a fórmula α seria substituı́da pela fórmula ¬¬α , β por ¬¬¬¬α → ¬¬α e γ por ¬α → ¬¬¬α. Bastante complicado convenhamos e também seria bastante tedioso e como a ideia continua sendo poupar esforços não provando novamente um resultado já provado anteriormente, assim justificamos na linhas 4 e 5 apenas a menção do silogismo hipotético com as substituições adequadas. Como o silogismo hipotético S-Hip depende de premissas, pode ser encarado como uma regra de inferência adicional passando ao estatus do modus ponnes. Assim, não precisaremos redefinir o conceito de prova. Como quarta demonstração veremos o “Teorema da Dedução”. Na verdade trata-se de um meta-teorema i.e. não um teorema da linguagem e sim um teorema sobre a linguagem. O Teorema da Dedução nos diz que se nos podemos construir a demonstração de um resultado β partindo de um conjunto de premissas Γ e mais uma premissa adicional α então podemos Fundamentos de Matemática 7 construir uma demonstração da proposição condicional, α → β, partindo apenas do conjunto original de premissas Γ. Na demonstração do Teorema da Demonstração usaremos duas técnicas de demonstração a primeira conhecida como “Estudo de Casos” a segunda é a “Demonstração por Indução”. Vamos em frente. Exemplo 1.4. Se Γ ∪ {α} ` β então Γ ` α → β (Teorema da Dedução) PROVA: Suponhamos que Γ ∪ {α} ` β. Portanto, existe uma seqüência de fórmulas β1 , β2 , . . . , βn , que satisfaz a definição de prova de β. Em outras palavras temos que βn = β e para cada 1 ≤ k < n temos um dos três casos: 1. βk é uma premissa. 2. βk é um axioma de L. 3. βk é deduzida das proposições anteriores por modus ponnes. Usaremos uma demostração por indução, mostrando que para cada etapa βk , 1 ≤ k ≤ n da demonstração teremos que: Γ ` α → βk . Seja γk uma etapa arbitrária. Por indução supomos que Γ ` α → βj , ∀j = 1, . . . , k − 1. Temos então os seguintes casos: Caso 1: βk é uma premissa, o que pode ser subdividido em dois casos: Caso 1.1: βk = α. Neste caso usando a auto-implicação temos: α → α. Como βk = α usamos o axioma A2 e substituı́mos a segunda instancia de α por βk e teremos: α → βk . Portanto, Γ ` α → βk . Caso 1.2: βk 6= α (βk ∈ Γ). Neste caso usando o axioma A3 com α = βk e β = α teremos: βk → (α → βk ). Como βk é uma premissa (assumida como válida) usando modus ponnes teremos: α → βk . Portanto, Γ ` α → βk . Caso 2: βk é um axioma de L (portanto uma fórmula válida) e pode ser 8 Lógica Matemática introduzido na prova a qualquer momento. Por outro lado, o axioma A3 com α = βk e β = α pode ser introduzido a qualquer momento na prova: Como temos βk (axioma) aplicando modus ponnes temos: α → βk . Portanto, Γ ` α → βk . Caso 3: βk vem de passos anteriores por aplicação de modus ponnes. Suponhamos que no passo i < k tenhamos βi e no passo j < k tenhamos βj = βi → βk e o no passo k pela aplicação de modus ponnes obviamente teremos βk . Aqui é onde necessitaremos a hipótese de indução que ∀m ≤ l ≤ k − 1, Γ ` α → βm . Portanto temos: Passo m = i < k temos: Γ ` α → βi . Passo m = j < k temos: Γ ` α → βj . Como βj = βi → βk temos: Γ ` α → (βi → βk ). Por outro lado do axioma A4 com α = α, β = βi e γ = βk temos: (α → (βi → βk )) → ((α → βi ) → (α → βk )) Aplicando it modus ponnes com (α → (βi → βk ) temos: (α → βi ) → (α → βk ). Finalmente aplicando modus ponnes com α → βi temos: α → βk . Portanto, Γ ` α → βk . Como em qualquer dos casos temos e em qualquer passo k Γ ` α → βk , em particular para k = n como βn = β temos: Γ ` α → β, O Teorema da dedução pode ser usado para derivar novas provas, diminuindo por aplicações sucessivas, do mesmo. Podem ser derivados também, teoremas na linguagem L. Como exemplo podemos obter, por duas aplicações do teorema da dedução aplicada à regra de inferência modus ponnes o seguinte teorema: Fundamentos de Matemática 9 Exemplo 1.5. Teorema ` ¬α → ((¬α → β) → β). PROVA: 1 ¬α, ¬α → β ` β MP α ← ¬α 2 ¬α ` (¬α → β) → β TD 3 ` ¬α → (¬α → β) → β TD A segunda regra da dupla negação diz que uma proposição implica na negação de sua negação. Esta regra em particular é aceita também pela “Lógica Intuicionista”. Exemplo 1.6. A regra da dupla negação (DN2) segunda parte ` α → ¬¬α. PROVA: 1 (¬¬¬α → ¬α) → (α → ¬¬α) A5 α = ¬¬α e β = α 2 (¬¬¬α → (¬¬¬α → ¬α)) → A4 α = ¬¬¬α, β = ¬¬¬α e ((¬¬¬α → ¬¬¬α) → (¬¬¬α → γ = ¬α ¬α)) 3 ¬¬¬α → ¬¬¬α A-imp α = ¬¬¬α 4 ¬α → (¬¬¬α → ¬α) A3 α = ¬α e β = ¬¬¬α 5 ¬¬¬α → ¬α DN1 α = ¬α 6 ¬¬¬α → (¬¬¬α → ¬α) 5+4 S-Hip 7 (¬¬¬α → ¬¬¬α) → (¬¬¬ → ¬α) 6+2 MP 8 ¬¬¬α → ¬α 3+7 MP 9 α → ¬¬α 8+1 MP Nossa próxima demonstração é a contra-positiva. Em linguagem coloquial: “Se aqui tem fogo então aqui tem oxigênio” pode ser substituı́da por “Se aqui não tem oxigênio então aqui não tem fogo” é um exemplo do uso 10 Lógica Matemática da contra-positiva. Exemplo 1.7. Contra-positiva (C-Pos) α → β ` ¬β → ¬α. PROVA: 1 α→β Premissa 2 ¬¬α → α) DN1 3 ¬¬α → β 2+1 S-Hip 4 β → ¬¬β 2+1 DN2 α = β 5 ¬¬α → ¬¬β 3+4 S-Hip 6 (¬¬α → ¬¬β) → (¬β → ¬αA5 α = ¬α, β = ¬β 7 ¬β → ¬α 5+6 MP OBS 1.8. Podemos, utilizando o Teorema da dedução, reescrever o propriedade Contra-positiva C-Pos na forma: ` (¬α → ¬β) → (β → α). Mais uma outra dedução onde o teorema da dedução pode ser aplicado é na derivação de um teorema que pode substituir o axioma A5 em nossa linguagem L. A rigor a substituição de um axioma no sistema dedutivo de uma linguagem gera uma nova linguagem que pode ou não ser equivalente à primeira. Vamos demonstrar o seguinte teorema: ` (¬α → ¬β) → ((¬α → β) → α) Exemplo 1.8. Teorema ` (¬α → ¬β) → ((¬α → β) → α) PROVA: 1 ¬α, ¬α → β ` β MP α ← ¬α 2 ¬α ` (¬α → β) → β TD 3 ` ¬α → ((¬α → β) → β) TD Fundamentos de Matemática 4 ((¬α → β) → β) → (¬β → 11 C-Pos α ← (¬α → β) ¬(¬α → β)) 5 ` ¬α → (¬β → ¬(¬α → β)) 3+4 S-Hip 6 (¬α → (¬β → ¬(¬α → β))) → 3+4 A4 α ← ¬α, β ← ¬β, ((¬α → ¬β) → (¬α → ¬(¬α → γ ← ¬(¬α → β) β))) 7 (¬α → β) → (¬α → ¬(¬α → β)) 5+6 S-Hip 8 (¬α → ¬(¬α → β)) → ((¬α → A5 β ← (¬α → β) β) → α) 9 (¬α → ¬β) → ((¬α → β) → α) 7+8 S-Hip A regra da simplificação, a próxima a ser demonstrada, corresponde à regra da eliminação da conjunção em “Dedução Natural” e simbolizada por E∧. Exemplo 1.9. A regra da simplificação (Simp) α ∧ β ` β. PROVA: 1 α∧β Premissa 2 α ∧ β = ¬(¬α ∨ ¬β) Def-1 3 ¬α ∨ ¬β = ¬¬α → ¬β Def2 α = ¬α e β = ¬β 4 α ∧ β = ¬(¬¬α → ¬β) A2 3, 2 5 ¬(¬¬α → ¬β) A2 4,1 6 ¬β → (¬¬α → ¬β) A3 α = ¬β e β = ¬¬α 7 ¬(¬¬α → ¬β) → ¬¬β C-pos α = ¬β, β = ¬¬α → ¬β 8 ¬¬β → β) DN1 9 ¬(¬¬α → ¬β) → β 7+8 S-Hip 10 β 5+9 MP Abriremos espaço, agora, para demonstrar uma das velhas e conheci- 12 Lógica Matemática das propriedades da igualdade. A propriedade simétrica. O axioma A1 representa a propriedade reflexiva. A propriedades simétrica, pode ser demonstrada usando-se os axiomas A1 e A2. Vamos ao trabalho de demonstrar a propriedade simétrica. Quanto a propriedade transitiva necessita de mais propriedade que ainda não foram demonstradas, deixaremos para mais adiante. Exemplo 1.10. Propriedade simétrica da igualdade (S-igual) x = y ` y = x. PROVA: 1 x=y Premissa 2 (x = x) → (x = x) A1+A-imp 3 (x = y) → (y = x) 1+2 A1 4 y=x 1+3 MP O princı́pio do terceiro excluı́do nos diz que uma proposição ou sua negação é válida. A primeira referência ao princı́pio do terceiro excluı́do deve-se a Aristóteles quando disse que “de duas proposições contraditórias, uma deve ser verdade e a outra deve ser falsa”. O princı́pio do terceiro excluı́do é conhecido como Tertium non datur. Exemplo 1.11. Princı́pio do terceiro excluı́do (TE) ` α ∨ ¬α. PROVA: 1 ¬α → ¬α A-imp α = ¬α 2 α ∨ ¬α = ¬α → ¬α Def1 β = ¬α 3 ¬α → ¬α = α ∨ ¬α S-Igual 4 α ∨ ¬α 3+1A2 Modus tollens (ou modus tollendo tollens) será nossa próxima demons- Fundamentos de Matemática 13 tração. Simplificando o modus tollens diz que se o conseqüênte de uma implicação for falso então o antecedente também o será. Exemplo 1.12. Modus Tollens (MT) ¬β, α → β ` ¬α. PROVA: 1 ¬β Premissa 2 α→β Premissa 3 ¬¬α → α DN1 4 ¬¬α → β 3+2 S-Hip 5 β → ¬¬β DN2 6 ¬¬α → ¬¬β 4+5 S-Hip 7 (¬¬α → ¬¬β) → (¬β → ¬α) A5 α = ¬α e β = ¬β 8 ¬β → ¬α 6+7 MP 9 ¬α 1+8 MP Nosso próximo passo será a demonstração da comutatividade da disjunção em sua primeira versão. Uma segunda forma de comutatividade da disjunção será demonstrada mais adiante. Exemplo 1.13. Comutatividade da disjunção parte 1 (C-Disj-1) α ∨ β ` β ∨ α. PROVA: 1 α∨β Premissa 2 α ∧ β = ¬α → β Def-1 3 ¬α → β 2+1 A2 4 β → ¬¬β DN2 α = β 5 ¬α → ¬¬β 3+4 S-Hip 6 (¬α → ¬¬β) → (¬β → α) A5 α = α e β = ¬β 7 ¬β → α 5+6 MP 14 Lógica Matemática 8 β ∨ α = ¬β → α Def-1 α = β e β = α 9 ¬β → α = β ∨ α S-igual 10 β∨α 9+7 A2 Neste ponto faremos uma pausa com pequenos teoremas que serão muito úteis nas próximas demonstrações. A saber: Exemplo 1.14. Teorema 1 (Theor.1) ` (α → ¬¬β) → (α → β). PROVA: 1 ¬¬β → β DN1 2 (¬¬β → β) → (α → (¬¬β → β)) A3 α = ¬¬β → β e β = α 3 α → (¬¬β → β) 1+2 MP 4 (α → (¬¬β → β)) → ((α → A4 α = α, β = ¬¬β e γ = β ¬¬β) → (α → β)) 5 (α → ¬¬β) → (α → β) 3+4 MP Exemplo 1.15. Teorema 2 (Theor.2) ` (α → β) → (α → ¬¬β). PROVA: 1 β → ¬¬β DN2 2 (β → ¬¬β) → (α → (β → ¬¬β)) A3 α = β → ¬¬β e β = α 3 α → (β → ¬¬β) 1+2 MP 4 (α → (β → ¬¬β)) → ((α → β) → A4 α = α, β = β e γ = ¬¬β (α → ¬¬β)) 5 (α → β) → (α → ¬¬β) 3+4 MP Exemplo 1.16. Teorema 3 (Theor.3) ` (¬α → β) → (¬β → α). PROVA: Fundamentos de Matemática 15 1 (¬α → β) → (¬α → ¬¬β) Teor.2 α = ¬α, β = β 2 (¬α → ¬¬β) → (¬β → α) A5 α = α e β = ¬β 3 (¬α → β) → (¬β → α) 1+2S-Hip Exemplo 1.17. Teorema 4 (Theor.4) ` ¬(¬α → β) → ¬(¬β → α). PROVA: 1 (¬β → α) → (¬α → β) Teor.3 α = β, β = α 2 ¬(¬α → β) → ¬(¬β → α) 1+ C-pos α = (¬β → α), β = (¬α → β) Provaremos agora um dos princı́pios básicos da Lógica Matemática que é o “Princı́pio da Não Contradição”. Basicamente o princı́pio da não contradição nos diz que na Lógica Matemática não é possı́vel provar ao mesmo tempo uma proposição e sua negação. Exemplo 1.18. A regra da não contradição(NC) α → (β ∧ ¬β) ` ¬α. PROVA: 1 α → (β ∧ ¬β) Premissa 2 β ∧ ¬β = ¬(¬β ∨ ¬¬β) Def-2 α = β e β = ¬β 3 ¬β ∨ ¬¬β = ¬¬β → ¬¬β Def1 α = ¬β e β = ¬¬β 4 β ∧ ¬β = ¬(¬¬β → ¬¬β) 4+3 A2 5 α → ¬(¬¬β → ¬¬β) 4+1 A2 6 ¬¬(¬¬β → ¬¬β) → ¬α C-Pos 5 7 ¬¬β → ¬¬β A-Imp α = ¬¬β 8 (¬¬β → ¬¬β) → ¬¬(¬¬β → ¬¬β) DN2 α = ¬¬β → ¬¬β 9 (¬¬β → ¬¬β) → ¬α 8+6 S-Hip 10 ¬α 7+9 MP Agora uma das regras de introdução da Dedução Natural chamada in- 16 Lógica Matemática trodução da disjunção, I∨ ou simplesmente adição. Exemplo 1.19. Adição (AD) β ` α ∨ β. PROVA: 1 β Premissa 2 β → (¬α → β) A3 α = β e β = ¬α 3 ¬α → β 1+2 MP 4 α ∨ β = ¬α → β Def 1 5 ¬α → β = α ∨ β C-igual 6 α∨β 3+5 A2 Provaremos agora uma segunda forma da comutatividade da disjunção. Exemplo 1.20. Comutatividade da disjunção parte 2 (C-Disj-2) ` α∨β → β ∨ α. PROVA: 1 (¬α → β) → (¬β → α) Theor.3 2 α ∨ β = ¬α → β Def-1 3 β ∨ α = ¬β → α Def-1 α = β, β = α 4 ¬α → β = α ∨ β 2 S-igual 5 ¬β → α = β ∨ α 3S-igual 6 (α ∨ β) → (¬β → α) 1+4 A2 7 (α ∨ β) → (β ∨ α) 5+6 A2 Continuando provaremos agora a comutatividade da conjunção. Para isto necessitaremos da comutatividade da disjunção na forma da parte 2. Exemplo 1.21. Comutatividade da conjunção 1 (C-conj-1) α ∧ β ` β ∧ α. Fundamentos de Matemática 17 PROVA: 1 α∧β Premissa 2 α ∧ β = ¬(¬α ∨ ¬β) Def-2 3 ¬α ∨ ¬β = ¬(¬¬α → ¬β) DN1 α = ¬α e eβ = ¬β 4 α ∧ β = ¬(¬¬α → ¬β) 3+2 A2 5 β ∧ α = ¬(¬¬β → ¬α) 4α=β eβ=α 6 (¬β ∨ ¬α) → (¬α ∨ ¬β) C-Disj α = β e β = α 7 ¬β ∨ ¬α = ¬¬β → ¬α Def-1 α = ¬β e β = ¬α 8 ¬α ∨ ¬β = ¬¬α → ¬β Def-1 α = ¬α e β = ¬β 9 (¬¬β → ¬α) → (¬α ∨ ¬β) 7+6 A2 10 (¬¬β → ¬α) → (¬¬α → ¬β) 8+9 A2 11 ¬(¬¬α → ¬β) → ¬(¬¬β → ¬α) C-Pos. 9 12 (α ∧ β) → ¬(¬¬β → ¬α) 4+11 A2 13 (α ∧ β) → (β ∧ α) 5+12 A2 14 β∧α 1+13 MP Provaremos agora uma segunda forma da comutatividade da conjunção. Exemplo 1.22. Comutatividade da conjunção parte 2 (C-Conj-2) ` α ∧ β → β ∧ α. PROVA: 1 ¬(¬¬α → ¬β) → ¬(¬¬β → ¬α) Theor.4 α = ¬α, β = ¬β 2 α ∧ β = ¬(¬¬α → ¬β) Def-2 3 β ∧ α = ¬(¬¬β → ¬α Def-2 α = β, β = α 4 ¬(¬¬α → ¬β) = α ∧ β 2 S-igual 5 ¬(¬¬β → ¬α) = β ∧ α 3S-igual 6 (α ∧ β) → (¬β → α) 1+4 A2 18 Lógica Matemática 7 (α ∧ β) → (β ∧ α) 5+6 A2 Neste ponto vamos nossa atenção novamente para mostrar as propriedades da igualdade, provando a propriedade transitiva. Para isto usaremos as propriedades comutativa da conjunção e a regra da simplificação. A saber Exemplo 1.23. ∀x∀y∀z, x = y ∧ y = z ` x = z Trans.. PROVA: 1 x=y∧y =z Premissa 2 y =z∧x=y C-Conj 1 3 y=z Simp. 1 4 x=y Simp. 2 5 x=z 3+4 A2 Completando nossa incursão no mundo da igualdade, podemos agora, definir a igualdade de proposições. Até agora, a igualdade era apenas um operador abstrato referenciada apenas nos axiomas A1 e A2 e em nossas demonstrações das propriedades simétrica e transitiva. Definição 1.4. Dada duas proposições α e β dizemos que α é igual a β, denotado α = β se, somente se: α ` β ∧ β ` α. Provaremos agora a propriedade associativa da disjunção parte 1 Exemplo 1.24. Associatividade da disjunção parte 1 (A-Disj.1) α ∨ (β ∨ γ) ` (α ∨ β) ∨ γ. PROVA: 1 α ∨ (β ∨ γ) Premissa 2 α ∨ (β ∨ γ) = ¬α → (β ∨ γ) Def-1 α = α e β = β ∨ γ 3 β ∨ γ = ¬β → γ Def-1 α = β e β = γ 4 α ∨ (β ∨ γ) = ¬α → (¬β → γ) A2 2, 3 Fundamentos de Matemática 19 5 ¬α → (¬β → γ) A2 4, 1 6 α → (¬β → α) A3 α = α e β = ¬β 7 (¬β → α) → (¬α → β) Theor-1 α = β e β = α 8 α → (¬α → β) S-Hip 6,7 9 ¬(¬α → β) → ¬α C-Pos. 8 10 ¬(¬α → β) → (¬β → γ) S-Hip 9, 5 11 (¬(¬α → β) → (¬β → γ)) → A4 α = ¬(¬α → β), β = ¬β e γ = γ ((¬(¬α → β) → ¬β) → (¬(¬α → β) → γ)) 12 β → (¬α → β) A3 α = β e β = ¬α 13 ¬(¬α → β) → ¬β C-Pos. 12 14 (¬(¬α → β) → ¬β) → (¬(¬α → MP 10, 11 β) → γ) 15 ¬(¬α → β) → γ MP 13, 14 16 α ∨ β = ¬α → β Def-1 17 ¬(α ∨ β) → γ A2 16, 15 18 (α ∨ β) ∨ γ = ¬(α ∨ β) → γ Def-1 α = α ∨ β e β = γ 19 (α ∨ β) ∨ γ A2 18, 17 Provaremos agora a propriedade associativa da disjunção parte 2 Exemplo 1.25. Associatividade da disjunção parte 2 (A-Disj.2) (α ∨ β) ∨ γ ` α ∨ (β ∨ γ). PROVA: 1 (α ∨ β) ∨ γ Premissa 2 (α ∨ β) ∨ γ = ¬(α ∨ β) → γ Def-1 α = (α ∨ β e β = γ 3 α ∨ β = ¬α → β Def-1 α = α e β = β 4 (α ∨ β) ∨ γ = ¬(¬α → β) → γ) 2+3 A2 5 ¬(¬α → β) → γ 4+1 A2 20 Lógica Matemática 6 ¬γ → (¬α → β) C-Pos 7 (¬γ → (¬α → β)) → ((¬γ → A4 α = ¬γ, β = ¬α, γ = β ¬α) → (¬γ → β)) 8 (¬γ → ¬α) → (¬γ → β) 6+7 MP 9 (¬γ → β) → (¬β → γ) Theor.3 α = γ, β = β 10 (¬γ → ¬α) → (¬β → γ) *+9 S-Hip 11 ¬α → (¬γ → ¬α) A3 α = ¬α, β = ¬γ 12 ¬α → (¬β → γ) 10+11 S-Hip 13 α ∨ (β ∨ γ = ¬α → (β ∨ γ) Def1 α = α, β = β ∨ γ 14 β ∨ γ = ¬β → γ Def-1 α = β, β = γ 15 α ∨ (β ∨ γ) = ¬α → (¬β → γ) 13+14 A2 16 α ∨ (β ∨ γ) 15+12 A2 Nossa próxima demonstração faz parte também, do elenco da regras da “Dedução Natura”.Trata-se da regra da introdução da conjunção, simbolizada por I∧. Exemplo 1.26. Introdução da conjunção (I-Conj) α, β ` α ∧ β. PROVA: 1 α Premissa 2 β Premissa 3 (¬α ∨ ¬β) ∨ ¬(¬α ∨ ¬β) TE α = ¬α ∨ ¬β 4 α ∧ β = ¬(¬α ∨ ¬β) 2+3 Def-2 5 (¬α ∨ ¬β) ∨ (α ∧ β) 4+3 A2 6 ¬α ∨ (¬β ∨ (α ∧ β)) A-Disj.2 α = ¬α, β = ¬β, γ =α∧β 7 8 ¬α ∨ (¬β ∨ (α ∧ β) = ¬¬α → (¬β ∨ Def-1 α = ¬α, β = ¬β ∨ (α ∧ (α ∧ β)) β) ¬¬α → (¬β ∨ (α ∧ β)) 6+7 A2 Fundamentos de Matemática 21 9 ¬β ∨ (α ∧ β) = ¬¬β → (α ∧ β) Def-1 α = ¬β, β = α ∧ β 10 ¬¬α → (¬¬β → (α ∧ β)) 8+9 A2 11 α → ¬¬α DN2 12 α → (¬¬β → (α ∧ β)) 10+11 S-Hip 13 ¬¬β → (α ∧ β) 1+12 MP 14 β → ¬¬β DN2 α = β 15 β → (α ∧ β) 13+14 S-Hip 16 α∧β 2+15 MP A seguir demonstraremos as regras de D’Morgan. Serão ao todo quatro demonstrações. Duas correspondendo a conjunção e duas correspondendo a disjunção. Antes porém, vamos demonstrar alguns teoremas que serão muito úteis. Exemplo 1.27. Teorema 5 (theor.5) ` (α ∨ ¬¬β) → (α ∨ β). PROVA: 1 (¬α → ¬¬β) → (¬α → β) Theor.1 α = ¬α 2 α ∨ ¬¬β = ¬α → ¬¬β Def-1 β = ¬¬β 3 ¬α → ¬¬β = α ∨ ¬¬β S-Igual 4 α ∨ β = ¬α → β Def-1 5 ¬α → β = α ∨ β S-Igual 6 (α ∨ ¬¬β) → (α ∨ β) 1+3+5 A2 Exemplo 1.28. Teorema 6 (theor.6) ` (¬¬α ∨ ¬¬β) → (α ∨ β). PROVA: 1 (¬¬α ∨ ¬¬β) → (¬¬α ∨ β) Theor.5 α = ¬¬α 2 (¬¬α ∨ β) → (β ∨ ¬¬α) C-Disj-2 3 (β ∨ ¬¬α) → (β ∨ α) Theor.5 α = β, β = α 22 Lógica Matemática 4 (β ∨ α) → (α ∨ β) C-Disj-2 5 (β ∨ ¬¬α) → (α ∨ β) 3+4 S-Hip 6 (¬¬α ∨ β) → (α ∨ β) 2+5 S-Hip 7 (¬¬α ∨ ¬¬β) → (α ∨ β) 1+6 S-Hip Exemplo 1.29. Teorema 7 (theor.7) ` (α ∨ β) → (α ∨ ¬¬β). PROVA: 1 (¬α → β) → (¬α → ¬¬β) Theor.2 α = ¬α 2 α ∨ ¬¬β = ¬α → ¬¬β Def-1 β = ¬¬β 3 ¬α → ¬¬β = α ∨ ¬¬β S-Igual 4 α ∨ β = ¬α → β Def-1 5 ¬α → β = α ∨ β S-Igual 6 (α ∨ β) → (α ∨ ¬¬β) 1+3+5 A2 Exemplo 1.30. Teorema 8 (theor.8) ` (α ∨ β) → (¬¬α ∨ ¬¬β). PROVA: 1 (¬¬α ∨ β) → (¬¬α ∨ ¬¬β) Theor.7 α = ¬¬α 2 (β ∨ ¬¬α) → (¬¬α ∨ β) C-Disj-2 3 (β ∨ ¬¬α) → (¬¬α ∨ ¬¬β) 1+2 S-Hip 4 (β ∨ α) → (β ∨ ¬¬α) Theor.7 α = β, β = α 5 (β ∨ α) → (¬¬α ∨ ¬¬β) 3+4 S-Hip 6 (α ∨ β) → (β ∨ α) C-Disj-2 7 (α ∨ β) → (¬¬α ∨ ¬¬β) 5+6 S-Hip Exemplo 1.31. Teorema 9 (theor.9) ` (α ∧ ¬¬β) → (α ∧ β). PROVA: Fundamentos de Matemática 23 1 (¬¬α → ¬β) → (¬¬α → ¬¬¬β) Theor.2 α = ¬¬α, β = ¬β 2 ¬(¬¬α → ¬¬¬β) → ¬(¬¬α → ¬β) C-Pos 3 α ∧ β = ¬(¬¬α → ¬β Def-2 4 ¬(¬¬α → ¬β) = α ∧ β S-Igual 5 α ∧ ¬¬β = ¬(¬¬α → ¬¬¬β Def-2 β = ¬¬β 6 ¬(¬¬α → ¬¬¬β) = α ∧ ¬¬β S-Igual 7 (α ∧ ¬¬β) → (α ∧ β) 1+4+6 A2 Exemplo 1.32. Teorema 10 (theor.10) ` (¬¬α ∧ ¬¬β) → (α ∧ β). PROVA: 1 (¬¬α ∧ ¬¬β) → (¬¬α ∧ β) Theor.9 α = ¬¬α 2 (¬¬α ∧ β) → (β ∧ ¬¬α) C-Conj-2 3 (β ∧ ¬¬α) → (β ∧ α) Theor.9 α = β, β = α 4 (β ∧ α) → (α ∧ β) C-Conj-2 5 (β ∧ ¬¬α) → (α ∧ β) 3+4 S-Hip 6 (¬¬α ∧ β) → (α ∧ β) 2+5 S-Hip 7 (¬¬α ∧ ¬¬β) → (α ∧ β) 1+6 S-Hip Exemplo 1.33. Teorema 11 (theor.11) ` (α ∧ β) → (α ∧ ¬¬β). PROVA: 1 (¬¬α → ¬¬¬β) → (¬¬α → ¬β) Theor.1 α = ¬¬α, β = ¬β 2 ¬(¬¬α → ¬β) → ¬(¬¬α → ¬¬¬β) C-Pos 3 α ∧ ¬¬β = ¬(¬¬α → ¬¬¬β) Def-2β = ¬¬β 4 ¬(¬¬α → ¬¬¬β) = α ∧ ¬¬β S-Igual 5 α ∧ β = ¬(¬¬α → ¬β) Def-2 6 ¬(¬¬α → ¬β) = α ∧ β S-Igual 7 (α ∧ β) → (α ∧ ¬¬β) 1+4+6 A2 24 Lógica Matemática Exemplo 1.34. Teorema 12 (theor.12) ` (α ∧ β) → (¬¬α ∧ ¬¬β). PROVA: 1 (¬¬α ∧ β) → (¬¬α ∧ ¬¬β) Theor.11 α = ¬¬α 2 (β ∧ ¬¬α) → (¬¬α ∧ β) C-Conj-2 3 (β ∨ ¬¬α) → (¬¬α ∨ ¬¬β) 1+2 S-Hip 4 (β ∧ α) → (β ∧ ¬¬α) Theor.11 α = β, β = α 5 (β ∧ α) → (¬¬α ∧ ¬¬β) 3+4 S-Hip 6 (α ∧ β) → (β ∧ α) C-Conj-2 7 (α ∧ β) → (¬¬α ∧ ¬¬β) 5+6 S-Hip Bom depois de todos estes teoremas vejamos como usa-los nas demonstrações das regras de D’Morgan. Começaremos pela regra de D’Morgan da disjunção parte 1. A saber. Exemplo 1.35. D’Morgan da disjunção parte 1 (DM-Disj-1) ` ¬(α∨β) → (¬α ∧ ¬β). PROVA: 1 (¬¬α ∨ ¬¬β) → (α ∨ β) Theor.6 2 ¬(α ∨ β) → ¬(¬¬α ∨ ¬¬β) Cpos 3 ¬α ∧ ¬β = ¬(¬α ∨ ¬β) Def-2 α = ¬α, β = ¬β 4 ¬(¬α ∨ ¬β) = ¬α ∧ ¬β S-Igual 5 ¬(α ∨ β) → (¬α ∧ ¬β) 2+4 A2 Continuando, agora demonstraremos a regra D’Morgan da disjunção parte 2 Exemplo 1.36. D’Morgan da disjunção parte 2 (DM-Disj-2) ` (¬α ∧ ¬β) → ¬(α ∨ β). PROVA: Fundamentos de Matemática 25 1 (α ∨ β) → (¬¬α ∨ ¬¬β) Theor.8 2 ¬(¬¬α ∨ ¬¬β) → ¬(α ∨ β) Cpos 3 ¬α ∧ ¬β = ¬(¬α ∨ ¬β) Def-2 α = ¬α, β = ¬β 4 ¬(¬α ∨ ¬β) = ¬α ∧ ¬β S-Igual 5 (¬α ∧ ¬β) → ¬(α ∨ β) 2+4 A2 E agora teremos a demonstração da regra de D’Morgan da conjunção parte 1. A saber. Exemplo 1.37. D’Morgan da conjunção parte 1 (DM-Conj-1) ` ¬(α ∧ β) → (¬α ∨ ¬β). PROVA: 1 (¬¬α ∧ ¬¬β) → (α ∧ β) Theor.10 2 ¬(α ∧ β) → ¬(¬¬α ∧ ¬¬β) Cpos 3 ¬¬α ∧ ¬¬β = ¬(¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) Def-2 α = ¬¬α, β = ¬¬β 4 ¬(α ∧ β) → ¬¬(¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) 2+3 A2 5 ¬¬(¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) → (¬¬¬α ∨ DN1 ¬¬¬β) 6 ¬(α ∧ β) → (¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) 4+5 S-Hip 7 (¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) → (¬α ∨ ¬β) 4+5 Theor.6 α = ¬α, β = ¬β 8 ¬(α ∧ β) → (¬α ∨ ¬β) 6+7 S-Hip E agora teremos a demonstração da regra de D’Morgan da conjunção parte 2. A saber. Exemplo 1.38. D’Morgan da conjunção parte 2 (DM-Conj-2) ` (¬α ∨ ¬β) → ¬(α ∧ β). PROVA: 26 Lógica Matemática 1 (α ∧ β) → (¬¬α ∧ ¬¬β) Theor.12 2 ¬(¬¬α ∧ ¬¬β) → ¬(α ∧ β) Cpos 3 ¬¬α ∧ ¬¬β = ¬(¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) Def-2 α = ¬¬α, β = ¬¬β 4 ¬¬(¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) → ¬(α ∧ β) 2+3 A2 5 (¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) → ¬¬(¬¬¬α ∨ DN2 ¬¬¬β) 6 (¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) → ¬(α ∧ β) 4+5 S-Hip 7 (¬α ∨ ¬β) → (¬¬¬α ∨ ¬¬¬β) 4+5 Theor.8 α = ¬α, β = ¬β 8 (¬α ∨ ¬β) → ¬(α ∧ β) 6+7 S-Hip Vamos agora demonstrar mais uma regra da “Dedução Natural” denominada de eliminação da disjunção, simbolizada por: E∨ e bem estranha por sinal. Exemplo 1.39. Eliminação da disjunção (E-Disj) α → γ,β → γ,α ∨ β ` γ. PROVA: 1 α→γ Premissa 2 β→γ Premissa 3 α∨β Premissa 4 α ∨ β = ¬α → β Def-1 5 ¬α → β 3+4 A2 6 ¬α → γ 2+5 S-Hip 7 ¬γ → ¬α 1 C-Pos β ← γ 8 ¬γ → ¬¬α 6 C-Pos α ← ¬α 9 ¬¬α → α DN1 10 ¬γ → α 8+9 S-Hip 11 (¬γ → ¬α) → ((¬γ → α) → γ) Teorema α ← γ, β ← α 12 (¬γ → α) → γ 7+11 S-Hip 13 γ 9+12 S-Hip Fundamentos de Matemática 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS MORTARI, Cezar Augusto., Introdução à Lógica, Editora UNESP. São Paulo. 2001. GASPAR, Marisa, Introdução à Lógica Matemática. Disponı́vel em: http:// mjgaspar.sites.uol.com.br/logica/logica. Acessado em 13/01/2007 ABAR, Celina, Noções de Lógica Matemática. Disponı́vel em: http://www. pucsp.br/∼logica/. Acessado em 13/01/2007 Índice Remissivo associatividade da disjunção, 18, 19 dedução natural, 26 disjunção, 3 auto-implicação, 4 dupla implicação, 3 axioma, 2 dupla negação, 5, 9 da identidade, 2 eliminação da substituição, 2 da disjunção, 26 de Jan Lukasiewicz, 2 axioma: esquema de, 2 fórmula, 2 molecular, 1 cálculo proposicional clássico, 1 fórmulas comutatividade atômicas, 1 da conjunção, 16, 17 da disjunção, 13, 16 conclusão, 3 conectivos, 1, 3 conjunção, 3 simplificação da, 11 inferência, 2 modus ponnes, 2 introdução da conjunção, 20 da disjunção, 16 contra-positiva, 10 Jan Lukasewicz, 2 D’MOrgan Jan Lukasiewicz, 2 da disjunção, 24 lógica aristotélica, 2 D’Morgan lógica intuicionı́sta, 5, 9 da conjunção, 25 da disjunção, 24 meta-teorema, 6 regras de, 21 modus ponnes, 6 Fundamentos de Matemática modus tollens, 13 não contradição, 15 premissa, 3 princı́pio do terceiro excluı́do, 12 proposição, 1 propriedade reflexiva, 12 simetrica da igualdade, 12 transitiva, 12 da igualdade, 18 proriedade simétrica, 12 prova, 3 por estudo de casos, 7 por indução, 7 silogismo hipotético, 4, 6 teorema da dedução, 6 tertium non datur, 12 29