Universidade Federal de Minas Gerais
Curso de Especialização em Terapia Ocupacional
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
DO
ENVELHECIMENTO
Prof. Edgar Nunes de Moraes, MD, PhD
Professor Adjunto do Departamento de Clínica Médica da UFMG
Coordenador do Centro de Referência do Idoso Prof. Caio Benjamin Dias/ HC-UFMG
Coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA:
Idosos representam 9% da população
brasileira e 30-40% da demanda dos
serviços de saúde.
TRANSIÇÃO
EPIDEMIOLÓGICA
A transição demográfica modifica os padrões de
morbi-mortalidade da população
INCAPACIDADE - MORTE
1. Redução do impacto das doenças transmissíveis;
2. Aumento do impacto das doenças não-transmissíveis e
causas externas
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL
1. SUPERPOSIÇÃO:
Doenças transmissíveis + doenças não-transmissíveis
2. RECRUSDESCIMENTO DE DOENÇAS
CONTROLADAS (contra-transição):
Dengue, cólera, malária, hanseníase, leishmaniose
3. TRANSIÇÃO PROLONGADA
4. REGIONALIZAÇÃO
O Brasil
ENVELHECEU MAS NÃO ENRIQUECEU,
impossibilitando o planejamento e a
implementação de políticas públicas
específicas para a população idosa
emergente.
ASPECTOS BIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO
Conceito e Classificação
Teorias do Envelhecimento
Envelhecimento dos Sistemas Fisiológicos Principais
Composição corporal / Nutrição / Antropometria
Metabolismo hidroeletrolítico
Imunossenescência
Termorregulação
Pele e anexos
Órgãos dos sentidos (visão e audição)
Estruturas envolvidas na voz, fala, motricidade oral e cavidade oral
Sistema cardiosvascular
Sistema respiratório
Sistema gênito-urinário
Sistema gastrointestinal
Sistema nervoso
O que é envelhecimento?
EFEITOS DA PASSAGEM DO TEMPO
Tipos de envelhecimento?
Envelhecimento do organismo:
Envelhecimento do psiquismo:
ENVELHECIMENTO
BIOLÓGICO
ENVELHECIMENTO
PSÍQUICO
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
Infância e
adolescência
Velhice
Adultez
Envelhecimento fisiológico:
 VULNERABILIDADE
 REDUÇÃO DA RESERVA HOMEOSTÁTICA
HEREDITARIEDADE
FATORES AMBIENTAIS:
Hábitos de vida – Fatores de risco
Envelhecimento
Patológico
Limiar de Incapacidade
Idade
TEORIAS DO ENVELHECIMENTO
Sabemos que o processo de envelhecimento ocorre universalmente nos
seres vivos e que as mudanças que ocorrem ao longo do tempo,
independentemente de serem deletérias ou não sobre a vitalidade e a
longevidade, são inevitáveis. Essas mudanças apresentam quatro condições
para que sejam relacionadas com o aumento da idade:
-
Devem ser deletérias: reduzir a funcionalidade
-
Devem ser progressivas: estabelecer gradualmente
-
Devem ser intrínsecas: o ambiente tem forte influência sobre o aparecimento e
velocidade dessas mudanças, apesar de não ser a sua causa.
-
Devem ser universais: dentro de uma mesma espécie
Diante disso surgiram muitas teorias que tentam explicar o envelhecimento,
seu início e evolução ao longo dos anos, porém, nenhuma delas ainda
conseguiu explicar integralmente o processo de envelhecimento.
TEORIAS ESTOCÁSTICAS
Os efeitos postulados por cada teoria ocorre acidentalmente
 Teoria de uso e desgaste
 Defeito na produção das unidades funcionais básicas
(proteínas)
 Mutações somáticas:
 Erro catastrófico (processos incorretos de síntese
protêica: transcrição/tradução)
 Dano oxidativo e radicais livres
 Lipofuscina e acúmulo de detritos
TEORIAS SISTÊMICAS
Resultado das cascatas de retroalimentação hierárquicas características das espécies (programação)

Teorias metabólicas: A longevidade é inversamente proporcional à taxa metabólica
(radicais livres  dano mitocondrial);

Teorias genéticas: mudanças na expressão gênica causariam modificações
senescentes nas células (instabilidade genômica);

Apoptose: falha em reprimir ou induzir apoptose (morte programada) induzida por
sinais extracelulares é responsável por diversas doenças.

Fagocitose: células senescentes apresentariam proteínas de membranas típicas, que
a identificariam e as marcariam como alvo para a destruição por outras células, como
por exemplo, os macrófagos;

Teorias neuro-endócrinas: falência progressiva de células com funções integradoras
levaria ao colapso da homeostasia corporal, à senescência e à morte (“hormônio da
morte”);

Teorias imunológicas: a longevidade seria dependente das variantes de certos genes
para o sistema imune (imuno-vigilância).
Envelhecimento
VULNERABILIDADE
Variabilidade
Irreversibilidade
ENVELHECIMENTO FISIOLÓGICO (Senescência)
Refere-se aos processos biológicos inerentes aos organismos e são
inevitavelmente involutivos. Provavelmente, essas transformações sofrem
influência do ambiente físico e social. Entretanto, ainda não se sabe a
extensão do impacto ambiental, principalmente devido à dificuldade de
desenvolvimento de um método que separasse a fração de declínio
fisiológico inerente ao organismo daquelas advindas dos estresses
ambientais anteriores ao envelhecimento. O envelhecimento fisiológico é
dividido em:

Envelhecimento usual: apresenta prejuízos significativos, mas não são
qualificados como doentes;

Envelhecimento Bem Sucedido: perda fisiológica mínima, com
preservação da função robusta em uma idade avançada. O processo de
envelhecimento é “puro”, isento de danos causados por hábitos de vida
inadequados, ambientes inapropriados e doenças.
ENVELHECIMENTO PATOLÓGICO (Senilidade)
Refere-se às alterações resultantes de traumas e doenças que ocorrem no
ciclo vital. Como, por exemplo, a osteoartrite dos joelhos secundária à
obesidade.
Ainda é o que predomina.
Envelhecimento e Doença
Relação epidemiologicamente demonstrada entre
doença e envelhecimento, entretanto, não quer
dizer que todas as doenças aumentam em função
da idade.
Doenças que se relacionam com a idade, as quais se associam
com mais freqüência com determinada idade
(OSTEOPOROSE E FRATURA DE FÊMUR, DOENÇA DE
PARKINSON, DEMÊNCIA DE ALZHEIMER, etc;
Doenças que ocorrem somente nos idosos
POLIMIALGIA REUMÁTICA
ARTERITE TEMPORAL
Há certas desordens associadas com mudanças específicas
que acompanham o processo de envelhecimento, as quais o
idoso é particularmente vulnerável, como por exemplo:
TRANSTORNOS MOTORES DO ESÔFAGICA
CATARATA
OSTEOARTRITE
Algumas complicações de doenças ocorrem somente décadas após o
início de determinadas patologias e, portanto, mais observadas no
idoso, como as lesões de órgãos-alvo na
HIPERTENSÃO ARTERIAL: AVC, IAM, ICC, IRC
DIABETES MELLITUS: amputação, uremia, amaurose, cegueira,...
DISLIPIDEMIA: Insuficiência coronariana
OSTEOPOROSE: Fratura
Disfunção de bomba
INSUFICIÊNCIA
CARDIOVASCULAR
INSUFICIÊNCIA
OSTEOMUSCULAR
MOBILIDADE
COMUNICAÇÃO
ICC

Insuficiência coronariana
Disfunção perfusional 
Insuficiência vascular periférica

Estenose carotídea

Aneurisma abdominal

Bloqueio de condução

Fibrilação atrial e arritmias ventriculares
Osso

Fratura (osteoporose)
Articulação

Osteoartrose
Músculo

Polimialgia reumática (arterite temporal)
Disfunção elétrica
COGNIÇAO / HUMOR


DPOC

Pneumonia

Incontinência urinária

Insuficiência renal

Infecção urinária

Diabetes mellitus

Hipotireoidismo

Catarata

Glaucoma

Degeneração senil
INSUFICIÊNCIA

Surdez de condução (rolha de cerumen)
AUDITIVA

Perda neurosensorial
INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA
INSUFICIÊNCIA
GÊNITO-URINÁRIA
INSUFICIÊNCIA
ENDÓCRINA
INSUFICIÊNCIA
VISUAL
 Constipação intestinal, diverticulose, diarréia, colelitíase
Outras
co-morbidades
freqüentes no idoso
 Neoplasias: mama, cólon, pulmão, próstata, estômago, pele, neoplasias
linfo ou mieloproliferativas,
 Hipertensão arterial, hipotensão ortostática, dislipidemia, tromboembolismo
pulmonar
 Infecções: pneumonia, infecção urinária, erisipela, tuberculose,influenza, ...
 Hiperplasia prostática benigna, disfunção sexual
 Insônia, xerodermia, úlceras de pressão
 Hipertireoidismo e hiperparatireoidismo
 Anemia, hiponatremia (SIHAD), deficiência de B12
CID (Código Internacional de Doenças)
Mostra apenas um lado da questão: o da doença ou a situação que causou a seqüela, mas não
apresenta outros fatores como a capacidade do indivíduo em se relacionar com seu ambiente de vida
Classificação Internacional de Limitação, Incapacidade e
Deficiência - ICIDH) - 1992
HEREDIT ARIEDADE
FATORES AMBIENTAIS
ENVELHECIMENT O
DISFUNÇÃO
Doença
INCAPACIDADE
Conseqüências
Funcionais
DEFICIÊNCIA
Desvantagem social
DISFUNÇÃO: Qualquer anormalidade da estrutura e da aparência do corpo e da função de um
órgão ou sistema, resultante de qualquer causa. Distúrbio no âmbito do órgão.
INCAPACIDADE: Conseqüência de uma limitação para o desempenho de atividades
(FUNCIONALIDADE DO INDIVÍDUO)
DEFICIÊNCIA: É a experiência que o indivíduo tem das suas desvantagens, resultantes das
limitações e incapacidades.Interação do indivíduo com o meio, isto é, a sua adaptação em função
das oporturnidades e restrições de que dispõe (ICIDH-2 WHO, 2000)
FUNCIONALIDADE
É um termo que abrange todas as funções do corpo,
atividades e participação.
INCAPACIDADE
É um termo que abrange deficiências, limitação de
atividades ou restrição na participação.
Código Internacional de Classificação
de Funcionalidade (OMS - 2001)
Health Condition
(disorder/disease)
FUNCIONALIDADE
Estruturas e Funções do
Corpo
(Disfunção/doença)
Atividades
(Limitação)
Fatores Ambientais
Participação
(Restrição)
INCAPACIDADE
Fatores
Pessoais
ATIVIDADES E PARTICIPAÇÃO
FUNÇÕES E ESTRUTURAS DO CORPO

Função mental (consciência,

memória, linguagem,...)
AVD´s Básicas e
COGNIÇÃO/HUMOR
Instrumentais

Função sensorial (visão, audição,
Integração e participação

familiar, comunitária e
COMUNICAÇÃO
social , de forma

Metabolismo hidroeletrolítico
Produção de sons e fala

Imunossenescência
Circulação, respiração, tolerância

Termorregulação
ao esforço.

Pele e anexos
Produção de sangue, circulação,

Órgãos dos sentidos (visão e
imunidade

Ingestão, digestão e eliminação.

contextualizada e

Metabolização e excreção
audição)



Movimentação, deslocamento
Função cutâna: defesa, calor, ...
Estruturas envolvidas na voz,
fala, motricidade oral e cavidade
Micção, reprodução, função
sexual
socialmente apropriada
Educação, trabalho e lazer
Antropometria

tato, dor...)

MOBILIDADE
Composição corporal / Nutrição /
oral

Sistema endócrino

Sistema cardiosvascular

Sistema respiratório

Sistema gênito-urinário

Sistema gastrointestinal

Sistema nervoso

INTERDISCIPLINARIDADE
Código Internacional de Classificação
de Funcionalidade (OMS - 2001)
Health Condition
(disorder/disease)
Estruturas e Funções do
Corpo
(Deficiências)
Fatores Ambientais
Atividades
(Limitação)
Participação
(Restrição)
Fatores
Pessoais
ENVELHECIMENTO PSÍQUICO
Indivíduo
PESSOA
Humanização ou Conscientização (Para quê?)
“Conhece-te a ti mesmo”
ESFORÇO PESSOAL
 VULNERABILIDADE
 Reserva homeostática
Liberdade Plena
Aceitação da realidade e maior
tolerância à dor
“Entrega-se à existência com a pureza das
crianças, mas sem a ingenuidade, com o vigor
do adolescente, mas sem a sua pugnacidade,
com a sensatez do homem maduro, mas sem o
seu orgulho”.
Idade cronológica
VELHICE MAL-SUCEDIDA
Infância e
adolescência
Velhice
Adultez
Envelhecimento patológico
do organismo
Limiar de Incapacidade
Psiquismo infantil
Idade
VELHICE BEM SUCEDIDA
Infância e
adolescência
VELHICE
Adultez
PSIQUISMO
ORGANISMO
Limiar de Incapacidade
Idade
VELHICE BEM SUCEDIDA
QUALIDADE DE VIDA:
•AUTONOMIA
•INDEPENDÊNCIA
•SABEDORIA
FELICIDADE
Bem estar geral
Infelizmente, a minoria das pessoas atinge a velhice na sua
plenitude, usufruindo dos ganhos advindos do passar dos anos. Grande
parte deste insucesso resulta da falta de preparação ou investimento
pessoal na prevenção das grandes síndromes geriátricas/gerontológicas,
a saber:
Grandes Síndromes Bio-Psico-Sociais
Incapacidade Cognitiva
Insuficiência Familiar
Imobilidade
Indiferença
Instabilidade Postural
Isolamento Social
Incontinência Urinária
Institucionalização
Iatrogenia
Alterações
Fisiológicas
do
Envelhecimento
ENVELHECIMENTO DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS PRINCIPAIS
Composição corporal / Nutrição / Antropometria
Metabolismo hidroeletrolítico
Imunossenescência
Termorregulação
Pele e anexos
Órgãos dos sentidos (visão e audição)
Estruturas envolvidas na voz, fala, motricidade oral e cavidade oral
Sistema endócrino
Sistema cardiosvascular
Sistema respiratório
Sistema gênito-urinário
Sistema gastrointestinal
Sistema nervoso
Função
Infância e
adolescência
Velhice
Adultez
Envelhecimento Fisiológico
vulnerabilidade
variabilidade
Envelhecimento
Patológico
Fatores Externos
Co-morbidades
Limiar de Incapacidade
Idade
COMPOSIÇÃO CORPORAL / NUTRIÇÃO / ANTROPOMETRIA
ÁGUA
ANTROPOMETRIA
MÚSCULO
Estatura:  1 a 1,5 cm/década
Peso:  até 70 anos
OSSOS
IMC (kg/m2): 22 a 27
GORDURA
NUTRIÇÃO
As alterações fisiológicas do envelhecimento que comprometem as
necessidades nutricionais ou ingestão alimentar são:
Redução do olfato e paladar:
Redução do metabolismo basal: redução de 100 Kcal por década ( massa
magra e da atividade física);
Aumento da necessidade protêica:  síntese e ingestão
Redução da biodisponibilidade da vitamina D:  absorção intestinal de cálcio;
Deficiência da utilização da vitamina B6;
Redução da acidez gástrica:  B12, Fe, cálcio, ácido fólico e zinco
Insuficiência do mecanismos reguladores da sede, fome e saciedade;
Aumento da toxicidade de vitamina lipossolúveis: vitamina A, D, E, K
Maior dificuldade na obtenção, preparo e ingestão de alimentos;
Xerostomia
Metabolismo Hidroeletrolítico
1. Hormônio Antidiurético (ADH)

Níveis séricos basais


Liberação do ADH após estimulação dos osmorreceptores

(Redução de 20% da

Liberação do ADH após estimulação dos barorreceptores

água corporal total e 8 -

Responsividade renal ao ADH

10% do volume
2. Aldosterona (hipoaldosteronismo
DESIDRATAÇÃO
plasmático)
hiporreninêmico)

Níveis basais


Liberação de aldosterona após depleção do sódio

HIPOTENSÃO

Liberação de aldosterona após mudanças posturais

ORTOSTÁTICA
3. Hormônio Natriurético Atrial

Níveis basais


Liberação após estimulação

4. Sensação de Sede
5. Outros: diuréticos, sudorese excessiva, restrição
física, confusão mental, demência, diarréia, etc...
HIPONATREMIA

HIPERPOTASSEMIA
(IRC, diabetes, AINE)
ÓRGÃOS DOS SENTIDOS:
VISÃO
AUDIÇÃO
VISÃO
Alterações anatômicas
Alterações funcionais
Enoftalmia
Presbiopia
Edema de pálpebra inferior (com ou
Catarata
sem hiperpigmentação)
Glaucoma
Ptose
Rigidez Pupilar (miose senil)
Entrópio (inversão da pálpebra e
 visão periférica e central, 
cílios) Ectrópio (eversão da pálpebra)
visão espacial, modificação da
Epífora (lacrimejamento excessivo)
percepção de cores;
Halo senil
Degeneração macular:
Esclera mais amarelada
dificuldade de individualizar e
Pterígio
distinguir detalhes e cores ?
Conjuntiva mais fina e friável
perda da visão central;
(“sensação de areia nos olhos”).
Maior risco de descolamento de
retina
AUDIÇÃO
OUVIDO EXTERNO
OUVIDO MÉDIO
OUVIDO INTERNO
Pêlos do trago
Estreitamento do espaço Degeneração das células do
(característica sexual
articular dos ossículos +
órgão de Corti (equilíbrio) e
secundária) se tornam
calcificação cartilagem
da cóclea (audição):
mais grossos, maiores e
articular  degeneração 
Redução da sensibilidade
proeminentes.
articular
vestibular
Glândulas da cera se
atrofiam  cera mais
seca
Atrofia e ressecamento
da pele  prurido

Hipoacusia
A DISFUNÇÃO AUDITIVA é o mais comum déficit sensorial associado ao
processo de envelhecimento. A diminuição da audição é a terceira causa
mais prevalente de incapacidade crônica na população com mais de 65
anos. A prevalência é de cerca de 24% na faixa etária de 65 a 74 anos e
aumenta para 39% na população com idade superior a 74 anos. Pacientes
institucionalizados apresentam a mais alta prevalência.
Caracteriza-se por uma PERDA BILATERAL LENTA E PROGRESSIVA da
audição para TONS DE ALTA FREQÜÊNCIA. Ocorre também uma redução no
discernimento das palavras. Torna-se mais difícil escutar quando tem mais de
uma pessoa falando ou quando existe barulho no fundo. O declínio da acuidade
auditiva implica na mudança gradativa de hábitos de vida do idoso levando a uma
incapacidade de comunicar-se com o entorno e conseqüentemente ao isolamento
social.
ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO COM IDOSOS

Ambiente tranquilo com redução do nível de ruídos indesejáveis e bem
iluminado;

Interlocutor bem posicionado ( 1 a 1,5 m de distância);

Chamar a atenção do idoso, pondo-lhe a mão ou até tossindo;

Falar distinta e pausadamente, sem exageros quanto a articulação;

Não gritar;

Evitar mudar de assunto sem avisar o interlocutor;

Evitar frases intermináveis ou prolixas. Utilizar sempre palavras simples, claras
e afirmativas;

Conhecer o vocabulário utilizado pelo idoso;

Ouvir o idoso com paciência, respeitando seu ritmo de resposta;

Ser amável, paciente e atencioso;

Permitir que o idoso participe do diálogo e das decisões tomadas em casa;

Usar gestos convenientes;

Quando houver necessidade de repetição, reformular a frase com palavras
mais simples;

Evitar expressões como “vô”, “vó”, “vozinha”, etc., que despersonalizam e
inferiorizam o idoso, procurando chamá-lo pelo nome;

Não infantilizar o idoso;

Evitar expressões do tipo “deve”, “não deve”, porque reflete um relacionamento
autoritário;
IMUNOSSENESCÊNCIA

IMUNIDADE CELULAR
Involução anatômica e funcional do timo;

Redução de 20 a 30% dos linfócitos T circulantes (maestro da

resposta imune);

Declínio na reação de hipersensibilidade tipo tardia

Declínio na citotoxicidade e na resposta proliferativa;

Redução na produção de citotoxinas IL-2 (essencial na proliferação e
diferenciação dos linfócitos T) e IL-10;
 INFECÇÃO
Não há redução quantitativa ou qualitativa na função dos leucócitos
polimorfonucleares
IMUNIDADE HUMORAL

 AUTOIMUNIDADE
Não há mudança no número de linfócitos B circulantes;Aumento na
produção de auto-anticorpos;Menor produção de anticorpos contra
antígenos específico (IgA e IgG, IgM   resposta vacinal contra
tétano, influenza e hepatite). Possivelmente quando a imunização
primária é feito na infância, a resposta secundária é mantida por toda
vida. Entretanto, quando a imunização primária ocorre tardiamente (>65
anos), parece haver declínio na resposta secundária;

Menor capacidade de neutralização dos anticorpos;

Maior latência na resposta anticórpica;
CO-MORBIDADES QUE PREJUDICAM A RESPOSTA IMUNE
Desnutrição, pobreza, poluição, depressão, tabagismo, drogas
(corticóides,...), doença mental, diabetes mellitus, álcool, fatores genéticos,
doenças consumptivas, ...
 NEOPLASIA
TERMORREGULAÇÃO
TERMORREGULAÇÃO
A homeostase da regulação temperatura corporal e a habilidade para
adaptação térmica são comprometidas com o envelhecimento, provavelmente
pela DISFUNÇÃO HIPOTALÂMICA, LENTIFICAÇÃO DA RESPOSTA AOS
PIROGÊNIOS,
CALOR
DIFICULDADE
DA
PRODUÇÃO
E
CONSERVAÇÃO
DO
(redução da gordura subcutânea, lentificação da vasoconstricção
periféricas,etc). Os idosos apresentam temperaturas basais menores que os
jovens
além
da
TEMPERATURA
febre
poder
AXILAR
estar
MAIOR
ausente
OU
nos
IGUAL
processos
A
37,2ºC
infecciosos.
(99ºF)
OU
ELEVAÇÕES DE 1,1ºC (2ºF) NA TEMPERATURA BASAL, INDEPENDENTE
DO LOCAL DA MEDIÇÃO, MERECEM INVESTIGAÇÃO. Por outro lado, não é
raro o desenvolvimento de hipotermia (temperatura axilar < 35o C) em resposta
à infecção. A hipotermia pode causar sonolência,confusão mental, disartria,
bradicinesia, hipertonia, bradipnéia, hipoxemia, dilatação gástrica, LAMGD,
coma, arritmia ventriculares e morte. A mensuração da temperatura axilar deve
ser mais prolongada (5 minutos).
A lentificação da vasodilatação periférica e do aumento do fluxo sanguíneo
cutâneo dificultam a adaptação a ambientes mais quentes. A sudorese também
é prejudicada.
ENVELHECIMENTO
CUTÂNEO
(PELE E ANEXOS)
LOCALIZAÇÃO
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS /
FUNCIONAIS


EPIDERME



Redução do potencial proliferativo
Redução do número de melanócitos
e células de Langerhans
Redução da adesão dermatoepidérmica
REPERCUSSÃO CLÍNICA
(ANAMNESE E EXAME FÍSICO)
FLACIDEZ
REDUÇÃO DO TURGOR
REDUÇÃO DA
ELASTICIDADE


Redução da espessura
Redução da celularidade e
vascularidade
Degeneração das fibras de elastina
Degeneração das fibras de colágeno
MAIOR MOBILIDADE
SUBCUTÂNEO 
Redução da gordura e redistribuição
PALIDEZ


Redução das glândulas sudoríparas
Redução do tamanho e função das
glândulas sebáceas
Redução do folículos piloso
Redução do rescimento das unhas
Redução da lúnula
DERME
ANEXOS



RUGAS
XEROSE (Pele seca)
PÚRPURA SENIL
LEUCODERMIA
PUNTIFORME
DISFUNÇÃO DA
TERMORREGULAÇÃO
HIPERPLASIA SEBÁCEA
UNHAS ESPESSAS
(“ranhuras”, onicogrifose,
onicomicose)
CAVIDADE ORAL
As funções da cavidade oral no idoso,
DEGLUTIÇÃO, DIGESTÃO, FONAÇÃO,
podem estar alteradas como conseqüência das alterações fisiológicas
que acontecem no envelhecimento das estruturas anatômicas:

DENTE

TECIDO PERIODONTAL ( gengiva, osso alveolar, ligamento periodontal)

ARTICULAÇÃO TÊMPORO-MANDIBULAR

LÍNGUA

GLÂNDULAS

MUCOSA  Temperatura - Tato - Textura - PALADAR
O envelhecimento, por si só, não causa perda dentária significativa, mas causa
alterações com conseqüências importantes e algumas vezes incapacitantes que
comprometem a higiene bucal que estão listadas abaixo:

DENTES: Gengivite + Osteoporose

ARTICULAÇÃO  Osteoartrose  DOR

PALATABILIDADE DOS ALIMENTOS  Desnutrição

DIFICULDADE DE DEGLUTIÇÃO  Disfagia  Aspiração

XEROSTOMIA

DIFICULDADE DE FALA: PRESBIFONIA

NEOPLASIA
SISTEMA
CARDIOVASCULAR
DOENÇA CARDIOVASCULAR
CARDIO = CORAÇÃO
VASCULAR = VASOS
Artérias
Veias
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Dispnéia
Varizes
ATEROSCLEROSE
(“Falta de ar” )
Isquemia: DOR
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS
Insuficiência Arterial
(Aterosclerose)
VASOS
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS
Insuficiência Coronariana
Insuficiência Vascular Cerebral
Estenose Carotídea
Insuficiência Vascular Periférica
Insuficiência Vascular Mesentérica
Estenose de Artéria Renal
Aneurisma de Aorta Abdominal
Pressão Arterial
Hipertensão Arterial
Hipotensão Ortostática
Insuficiência Venosa
(Varizes)
Insuficiência venosa profunda
MIOCÁRDIO
Hipertrofia
ventricular
Disfunção Diastólica
(Alteração do Relaxamento
ventricular)
ENDOCÁRDIO
Valvulopatia
Degenerativa
Degeneração Aórtica
Degeneração Mitral
SISTEMA
RESPIRATÓRIO
ENVELHECIMENTO DO SISTEMA
RESPIRATÓRIO
FEV1
Volume de ar expirado no primeiro segundo em uma expiração
forçada a partir da capacidade vital.
Ocorre uma redução do FEV1 de 30 mL/ano nos homens e 23
mL/ano nas mulheres a partir dos 20 anos.
Capacidade Vital
Forçada (CVF)
Volume total de ar expirado. A capacidade vital forçada diminui
em aproximadamente 14 a 30 mL/anos nos homens e 15 a
24 mL/ano nas mulheres.
FEV1/CF
Índice de Tiffeneau
A obstrução das vias aéreas é representada por uma relação
baixa. O valor normal é de 80%
Pico de fluxo
expiratório
(PFE)
É uma estitiva grosseira da função pulmonar onde se mede o
fluxo máximo epiratório.
 Útil no acompanhamento do paciente com asma
FEF25-75%
Fluxo expiratório forçado 25-75%
Reflete basicamente a função das pequenas vias aéreas.
 Está intensamente diminuído em paciente com DPOC
Complacência Pulmonar:
•
Enrijecimento da caixa torácica
•
Redução das forças musculares que promovem
expansão.
•
Maior colabamento das vias aéreas
•
Com envelhecimento o diafragma enfraquece até 25%.
Pressão parcial de oxigênio no plasma
•
Declínio linear da pressão PaO2 numa
taxa de aproximadamente 0,3%/ano.
– PaO2 = 109 - (0.43 × idade)
•
PaO2 permanece estável em 83 mmHg
a partir dos 75 anos. (ocorre em paralelo
com a redução da força elástica e o
aumento fisiológico do espaço morto).
Controle da Respiração
•
Diminuição da FC e FR em resposta a hipoxemia e
hipercapnia
–
hiporesponsividade dos quimioreceptores
periféricos e centrais.
Mecanismos de Defesa
•
Redução do transporte mucociliar,
•
Redução do reflexo da tosse,
•
Redução da resposta aguda aos
antígenos extrínsecos e da imunidade
celular (aumento da taxa de reativação
de tuberculose).
SISTEMA
GÊNITO-URINÁRIO
Função Renal
•
Fluxo sangüíneo renal:
–
•
redução de 10% por década a partir dos 30 anos.
Taxa de filtração glomerular:
–
declínio progressivo desta, caído 8 mL/minuto/1.73 m2/década após os
40 anos.
–
Aproximadamente 30% dos idosos não apresentam redução da taxa de
filtração glomerular.
–
há uma redução paralela da produção de creatinina devido à sarcopenia,
a creatinina plasmática pode permancer estável.
–
Para evitar erros recomenda-se a utilização da fórmula de CockcroftGault:
Clerance estimado = (140 – idade x peso)/ (72 * creatinina)
Mulheres multiplicar por 0,85
Glomeruloesclerose
Substituição da arquitetura normal por matriz e aderência a cápsula de
Bowman
Formação de
divertículos
 Capacidade
 Habilidade de adiar a miccção
 Contratilidade
 Resíduo pós-miccional
 Contrações involuntárias
 Celularidade
 Deposição de colágeno
 Resistência ao fluxo micional
 Pressão de fechamento
 Risco de infecção do trato urinário
 Risco de incontinência urinária
Irritação de receptores adrenérgicos
 Risco de infecção do trato urinário
 Risco de incontinência urinária
Retenção urinária
 Trabeculação
 Fibrose
 Inervação autonômica
BEXIGA
URETRA
PRÓSTATA
Hiperplasia
 Risco de infecção do trato urinário
 Risco de incontinência urinária
NOCTÚRIA
Mecanismos: Ingestão noturna de líquidos, redução da complacência
Despertar noturno: INSÔNIA – QUEDAS
vesical, redução da produção noturna de ADH (  na produção
noturna de urina – 35%) , ICC, insuficiência venosa, diabetes
mellitus e hiperplasia prostática.
VAGINA
ASSOALHO
PÉLVICO
 Celularidade . Atrofia do epitélio
Dispareunia Uretrite atrófica: polaciúria,
urgência miccional
 Deposição de colágeno  Tecido conjuntivo Fraqueza muscular
Incontinência urinária de esforço
A disfunção erétil não é uma conseqüência inevitável do envelhecimento normal. Ocorre em 15 a 25% dos idosos maiores
de 65 anos e em 50% dos homens maiores de 80 anos. Causas emocionais, endócrinas, vasculares, neurológicas e drogas
devem ser investigadas.O sildenafil oral (Viagra) é droga eficaz e deve ser recomendada, exceto na presença de
insuficiência coronariana grave em uso de nitrato (efeito sinérgico venodilatação redução da pré-carga hipotensão
arterial).
SISTEMA
GASTRO-INTESTINAL
ALTERAÇÕES
ANATÔMICAS
ALTERAÇÕES
FUNCIONAIS
REPERCUSSÃO CLÍNICA
(ANAMNESE - EXAME
FÍSICO)
Presbiesôfago:
20-60% dos
neurônios do
plexo
mioentérico;
 Motilidade esofageana
Espasmo esofageano
Engasgos ocasionais
Maior prevalência de dor
esofageana, simulando
angina pectoris
Maior prevalência de
astrite atrófica
auto-imune e
secundária ao H.
pylori
 Acidez gástrica
Deficiência da absorção de
vitamina B12 e ferro
Redução na mucosa
gástrica dos
fatores
citoprotetores
Maior susceptibilidade a
gastrotoxicidade pelos
AINE
ALTERAÇÕES
ANATÔMICAS
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS
REPERCUSSÃO CLÍNICA
(ANAMNESE - EXAME FÍSICO)
Redução do tamanho
do fígado (35%)
Redução do conteúdo,
afinidade e
atividade das
enzimas hepáticas
 Fluxo Sangüíneo
Hepático (35%)
 Metabolismo das drogas,
principalmente do
metabolismo oxidativo
(Ex.: Fenitoína)
Maior meia-vida das drogas 
Iatrofarmacogenia
 Litíase biliar
Intolerância maior a
gordurosos
Maior prevalência de colelitíase
e suas complicações
 Neurônios do plexo
mioentérico
Trânsito Intestinal: idosos
saudáveis (até 5 dias)
Constipação intestinal
Maior hipotrofia da
parede colônica
Diverticulose
Maior risco de diverticulite
 Musculatura
abdominal
 Hérnias abdominais
SISTEMA
NERVOSO
Sistema Nervoso
• Redução do peso (10%), fluxo sanguíneo cerebral (1520%), dilatação dos ventrículos;
• Redução progressiva e irreversível do número de
neurônios cerebrais (particularmente no hipocampo) ,
cerebelares e medulares;
• Deposição neuronal de liposfuscina;
• Degeneração vascular amilóide;
• Aparecimento de placas senis e degeneração neurofibrilar;
• Comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e
colinérgica.
• Lentificação da velocidade da condução nervosa
Exame Neurológico
• Lentificação do reflexo pupilar
• Lentificação do olhar conjugado vertical superior > inferior
• Força muscular (simétrica)
• Discreto aumento do tônus muscular sem produzir “roda denteada”
• Preservação dos reflexos tendinosos, exceto o reflexo Aquileu, que
pode estava ausente.
• Sensibilidade vibratória abaixo dos joelhos ausentes.
• Ataxia: lentificação da marcha, com passos curtos e arrastados,
flexão do corpo, olhar para o chão.
Domínios da Cognição
– Inteligência
– Atenção
– Função Executiva
– Memória
– Linguagem
– Habilidades Visioespaciais
– Funções Psicomotoras
Funções
Preservadas
Inteligência
geral
Atenção
Testes medindo
habilidades
cristalisadas, e
habilidades
verbais estão
inalteradas
Funções que Declinam
Inteligência fluida que envolve
resolução de problemas,
inteligência não verbal e
velocidade de
processamento das
informações
Atenção
Atenção dividida, ou habilidade
sustentada,
de concentrar-se em mais
atenção em
de um tipo de informação no
uma tipo de
mesmo tempo
informação por
(possivelmente).
um período
Função
Executiva
Funções
Preservadas
Funções que Declinam
Funções executivas
necessárias para
realização das
tarefas do dia-adia
Diminuição das performance
nos testes
neuropsicológicos. Pode ser
devido em parte a redução
da velocidade de execução
dos testes (evitar testes
cronometrados). O
envelhecimento bem
sucedido parece não afetar
as funções executivas
necessárias para realização
das tarefas do dia-a-dia.
Funções
Preservadas
Funções que Declinam
Memória
Memória remota,
procedural e
memória
semântica.
Aumento da dificuldade de
aprender novas informações.
Menor curva de aprendizado e
menor quantidade de
informações aprendidas.
Entretanto, a memória do
paciente é suficiente para as
demandas e garantir a
independência funcional.
Linguagem
Compreensão,
vocabulário,
habilidades
sintáticas.
Recuperação de palavras
espontâneas, fluência verbal.
Habilidades viso-espaciais
Construção ou cópia
simples
Rotação mental de objetos, cópias
complexas, unir objetos e habilidades
espaciais abstratas.
Redução clara da velocidade de
performance nestes testes
Funções Psicomotoras
• Redução significativa do tempo de resposta
relacionado tanto no processamento
cognitivo quanto nas habilidades motoras.
• Testes que necessitam de velocidade e
respostas rápidas aos estímulos estarão
provavelmente reduzidas
• Avaliar o risco e a segurança do paciente
continuar dirigindo.
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Avaliação Físico-Ambiental das Instituições de Longa