Produção de Imunobiológicos no Brasil Instituto de Química/Hemocentro UNICAMP 20 maio 2004 Dr. Akira Homma, Bio-Manguinhos/Fiocruz IMUNOBIOLÓGICOS ESTRATÉGICOS VACINAS KITS PARA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL BIO-FÁRMACOS POLÍTICA DE SAÚDE - SUS NECESSIDADE DE GARANTIA DE SUPRIMENTO DE GRANDES VOLUMES DE INSUMOS DE FORMA OPORTUNA •ATENDIMENTO ÀS DOENÇAS ÓRFÃS E EMERGENTES •ESPECIFICIDADES EPIDEMIOLÓGICAS HEMODERIVADOS PRODUTOS DE BAIXO CUSTO SOROS ANTI-OFIDICOS; ANTI-TÓXICOS BIO-INSETICIDAS VACINAS E SOROS CONTRA BIOTERRORISMO CRESCENTE DEMANDA POR NOVOS PRODUTOS As dez principais biotecnologias para melhoria da saúde nos países em desenvolvimento (Nature, 2002) Ranki ng Biotecnologia Score Final 1 Tecnologias de modificação molecular para diagnóstico simples de baixo custo das doenças infecciosas 288 2 Tecnologias recombinantes para desenvolvimento de vacinas contra agentes infecciosos 262 3 Tecnologias para “delivery systems” mais eficientes de drogas e vacinas 245 4 Tecnologias para melhoria ambiental 193 5 Sequenciamento de genomas de patógenos para entendimento da biologia e identificação de antimicrobianos 180 6 Proteção e controle de doenças sexualmente transmissíveis para mulheres 171 7 Bioinformática para identificação de drogas-alvo e exame de interações patógeno-hospedeiro 168 8 Culturas geneticamente modificadas com nutrientes para deficiências específicas 159 9 Tecnologia recombinante para fabricar produtos terapêuticos de baixo custo(ex: insulina, interferon) 155 10 Química combinatória para descobrimento de drogas 129 Mercado Nacional de Imunobiológicos -Vacinas, soros, hemoderivados, reativos para diagnóstico (US$ 600 milhões) Aquisição pelo setor público - Secretária Vigilância em Saúde Programa Nacional de Imunizações Coordenação dos Laboratórios de Saúde Publica CN DST AIDS Programa de Sangue e Hemoderivados Outros programas – insumos para saúde Preços públicos controlados Pressão por novos produtos: bio-fármacos e vacinas Mercado privado de vacinas e reativos para diagnóstico em crescimento COBERTURAS DAS CAMPANHAS CONTRA PÓLIO E TAXA DE INCIDÊNCIA DE POLIOMIELITE BRASIL - 1968 a 2001 4 TAXA DE INCIDÊNCIA POR 100.000 HAB. Cobertura Vacinal (%) 100 80 3 60 2 40 1 20 0 0 68 70 72 74 76 78 80 TAXA DE INCIDÊNCIA 82 84 86 88 90 1ª CAMPANHA FONTE:COVEPI e CGPNI/CENEPI/FUNASA-MS Último isolamento de polívirus selvagem no Brasil, ocorreu em 1989 no município de Souza/PB. 92 94 96 98 99 00 01 2ª CAMPANHA Nenhum laboratório privado produz vacinas no Brasil – Sintex do Brasil, encerrou suas atividades no início da década de 80- 1983 - PASNI >10 anos, US$ 120 milhões, na modernização dos laboratórios públicos produtores de soros e vacinas; • Racional da produção reduziu 17 produtores em 1980, para apenas 4 produtores; • Política do MS: garantia de compra de laboratórios públicos – preço referência Fundo Rotatório OPAS; • Participação Laboratórios Públicos vem aumentando e atende >90% demanda PNI. Características do Setor • • • • • • • • Intensa base científica e tecnológica Atividade de alto custo fixo - economia de escala Longo ciclo de produção – > 6 meses Crescentes exigências regulatórias – BPL, BPF, ISO 9000 (produção, desenvolvimento, controle, estudos clínicos e registro e pós-marketing) Número de produtos e produtores limitado Mercado essencialmente público Pressão por novos produtos + complexos tecnolog. Inovação tecnológica demanda altos investimentos, de risco, de longa duração (10- 20 anos) Mercado Público Nacional de Vacinas - 2003 Vacina Aquisição total PNI (doses) BCG 17.000.000 DTP+Hib 16.000.000 Dupla Adulto (dT) 40.000.000 Dupla Infantil (DT) 20.000 Febre Amarela 30.000.000 Hepatite B 32.000.000 Influenza 16.400.000 MMR 20.000.000 MR 25.000.000 Polio Oral 83.000.000 Raiva uso canino 29.000.000 Raiva em Cultivo Vero 1.200.000 Tríplice (DPT) 10.000.000 Total 319.620.000 Produção Nacional 17.000.000 (FAP) 16.000.000 (BIO+IB) 40.000.000 (IB) 20.000 (IB) 30.000.0000 (BIO) 28.000.000 (IB) 16.400.000 (IB) 0 ----0 ----30.000.000 (BIO) 29.000.000 (Tecpar) 1.200.000 (IB) 10.000.000 0 (IB) 217.620.000 Importação 0 0 0 0 0 4.000.000 0 20.000.000 25.000.000 53.000.000 0 0 (*) 0 102.000.000 Produção Nacional – 100% 68% 32% Fonte: PNI Mercado Público Nacional de Vacinas - 2004 Vacina BCG DTP+Hib Dupla Adulto (dT) Febre Amarela Haemoph. Influenzae b Hepatite B Influenza MMR (TVV) Raiva p/ uso canino Polio Oral Raiva em Cultivo Vero Tríplice (DPT) Total Fonte: PNI Aquisição total PNI (doses) 19.000.000 16.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000 32.000.000 16.400.000 20.000.000 29.000.000 42.000.000 1.600.000 9.000.000 255.020.000 Produção Importação Nacional % 19.000.000 FAP 0 16.000.000 IB+BIO 0 40.000.000 IB 0 30.000.000 BIO 0 20.000 BIO 0 (*) 27.400.000 IB 15 16.400.000 IB 0 (*) 20.000.000 BIO 0 (*) 29.000.000 Tecpar 0 42.000.000 BIO 0 1.600.000 IB 0 (*) 4.000.000 IB 56 245.420.000 96% 4% Inovação tecnológica em vacinas • • • • Elevado custo – US$ 100-300 milhões Investimento de alto risco Tempo longo de maturação – 10-20 anos No mundo desenvolvido - > US$ 2 bilhões em DT&I de vacinas • A dependência de importação deverá aumentar • Necessidade de criar um Programa de DT&I de vacinas ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE VACINAS ~= 10-20 anos Descoberta Estudos Experimentais Estudos Clínicos Scale-up Estudos Clínicos Fase I Estudos Clínicos Fase II Estudos Clínicos Fase III -1- -2- -3- -4- -5- -6- -7- Registro Produto -8- -9- Fase IV Características: multidisciplinar; longo período de maturação; alto risco de investimento. Cumprimento de BPL; BPF; BPC. - 10 - - VACINAS PRIORITÁRIAS PARA INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – PROJETO INOVAÇÃO EM SAÚDE Critérios, por relevância, para a seleção de prioridades: (1) Impacto epidemiológico (considerar a existência ou não, de tecnologia alternativa para controle e prevenção); (2) Necessário ao PNI. Se necessário importar, estudo do impacto do custo; (3) Existência de base tecnológica e o domínio tecnológico do processo no país e no exterior; (4) Estágio de desenvolvimento do produto no país; (5) Existência de grupos de PD&I no país; (6) Estudo da viabilidade técnica e econômica; (7) Existência de tecnologia alternativa para controle e prevenção da doença (p. ex. controle e/ou erradicação de vetores). Vacinas requeridas pelo PNI que não existam grupos envolvidos no país, deve-se levar em consideração: – a premência da necessidade do produto; – o custo-benefício da vacina; – avaliação tecnológica e econômica e definição das bases para transferência tecnológica. Vacinas prioritárias para InovaçãoTecnológica autóctone a) curto prazo – até 3 anos: - Pentabrasil – DTP/HBV+Hib; - Vacina contra Raiva, CT, purificada; - Meningite meningocócica, sorogrupo B; - Men meningocócica, sg C, conjugada; - Leishmaniose canina; - DTP, pertussis sem LPS; - Vacina DNA para uso terapêutico; >>>Transferência de Tecnologia: Hepatite A; Rotavirus; HPV; Varicela; Influenza pandêmica Vacinas prioritárias para InovaçãoTecnológica autóctone b) Médio prazo – até 5 anos - Strep. Pneumoniae 7 valente + proteina; - Men meningocócica, B+C, conjugada; - Febre Amarela inativada; - Tríplice viral + varicela; - Hepatite A; - Poliomielite inativada. - Bio-terrorismo: varíola; antrax; Vacinas prioritárias para InovaçãoTecnológica autóctone c) médio prazo – 10 anos • Rotavírus; • HBV+HAV; • Leishmaniose humana; • Men menigocócica, sg C + Str.pneumoniae + Hib; • Leptospirose Vacinas prioritárias para InovaçãoTecnológica autóctone • • • • • • • d) longo prazo >15-20 anos Dengue; Malária; HIV/Aids; Hepatite C; Tuberculose; Diarréias bacterianas: E. coli; Shiguelas; Salmonelas; LABORATÓRIOS NACIONAIS PRODUTORES DE VACINAS •Biomanguinhos/Fiocruz - Rio de Janeiro •Instituto Butantan - São Paulo •Tecpar – Curitiba • Fundação Ataulpho de Paiva - RJ Autoridade Nacional de Regulação Sanitária: ANVISA Laboratório Nacional de Controle de Qualidade: INCQS/Fiocruz - Rio de Janeiro CONSUMO NACIONAL PRODUTO TRATAMENTO Fator IX (base de preço Benefix) Fator VIII - plasma - (base de preço Octavi®SDO e Monarc-M) Hemofilias A e B e outras coagulopatias Fator I - Fibrinogenio - plasma sub-total Anticorpo Monoclonal Humanizado anti-Receptor do Fator de crescimento epidérmico/EGF-R Anticorpo Monoclonal Humanizado anti-CD20 - 100mg (10ml) Anticorpo Monoclonal Humanizado anti-CD20 - 500mg (50ml) sub-total Interferon alfa 2a/2b - 3.000.000UI - Injetável Câncer Cabeça e pescoço Linfoma Não-Hodgkin Infecções virais Câncer Interferon alfa 2a/2b - 4.500.000/5.000.000UI - Injetável Interferon alfa 2a/2b - 9.000.000/10.000.000UI - Injetável (contigenciado) VALOR DA UI ou Frasco (R$) 3,00 Unidades ou Frascos FREQÜÊNCIA PACIENTES 27.000.000 UI 1.000 0,54 110.362.424 UI 5.355 59.595.708,96 0,20 5.987.500 UI 202 1.197.500,00 141.793.208,96 1.580,02 3.880,00 2.963 fcs 3.880 fcs 13,60 509.134 fcs 27,87 24.274 fcs 99 55,90 9.370 fcs 60 2.438 VALOR Anual (R$) 81.000.000,00 4.681.599,26 15.253.405,20 19.935.004,46 6.924.226,29 676.524,34 1.600,00 46.305 fcs 797 sub-total Interferon beta 1a recomb. - 3.000.000 UI (11µg)-Injetável 139,89 13.776 fcs 50 523.798,97 8.124.549,60 74.087.314,29 74.087.314,29 1.927.124,64 Interferon beta 1 recomb. - 6.000.000UI (22µg)-Injetável 224,90 116.124 fcs 210 26.116.287,60 446,80 20.724 fcs 70 9.259.483,20 Interferon beta 1a recomb.- 12.000.000UI (44µg)-Injetável 255,93 42.102 fcs 60 10.775.164,86 Interferon beta 1b recomb. - 9.600.000UI (0,3mg)-Injetável sub-total Eritropoetina recombinante - 1.000UI - Injetável 121,01 115.234 fcs 110 6,86 46.108 fcs 306 13.944.466,34 62.022.526,64 316.300,88 6,38 809.164 fcs 3.994 5.162.466,32 10,22 530.313 fcs 4.147 5.419.794,48 10,22 2.968.877 fcs 173 30.341.924,40 65,22 7.104 fcs 39 463.322,88 41.703.808,96 347.666.412,91 sub-total Interferon alfa Peguilado - Injetável Hepatite C Interferon beta 1 recomb. - 6.000.000UI (30µg)-Amp.Intram.Di. Esclerose Múltipla Eritropoetina recombinante - 2.000UI - Injetável Anemias Insuficiência renal transplantes Eritropoetina recombinante - 3.000UI - Injetável Eritropoetina recombinante - 4.000UI - Injetável Eritropoetina recombinante - 10.000UI - Injetável sub-total Total Fonte: Relatório Estatístico do Cadastro de Coagulopatias Hereditárias de 1997-1999 - publicado em Janeiro/2002 - ANVISA; Coordenação Geral de Articulação e Gestão de Programas/Programa de Medicamentos Excepcionais/MS - dados de 2002 e 2003; Instituto Nacional do Câncer - INCA - dados de 2002 e 2003. Dados atualizados Nov/2003. Hemope – apresentação BNDES Sangue e hemoderivados • Empresa Brasileira para Fracionamento do Plasma – Albumina; imunoglobulina; complexo protombinico; fator VIII; fator IX • Instituto Butantan – Albumina; imunoglobulina; complexo protombinico; fator VIII; fator IX • Rede Bras.Clonagem Expressão Fatores de Coagulação Hemocentro Ribeirão Preto; Biologia Celular & Molec. IQ USP; Biol Mol UnB; Bioq e Biol Mol UFRGS – Clones celulares Fator VIII; fator IX Tecnologias alternativas: animais transgênicos; enxertos de pele genéticamente modificada; produtos sintéticos; Reativos para diagnóstico laboratorial de doenças importantes em Saúde Pública – Fundamental p/ Vigilância epidem. e sanitária – Inexistência de kits para diagnóstico laboratorial de importantes doenças; – Doenças órfãs, não despertam interesse de laboratórios privados; – Especificidade de antígenos segundo região geográfica; – Necessidade de dar resposta rápida à vigilância; – Tecnologia de ponta; – Existência de capacidade científica e tecnológica Características básicas do produto Alta Sensibilidade <<< falso negativo Alta Especificidade <<< falso positivo Alta Reprodutibilidade e repetitividade Estabilidade – prazo de validade Utilização simples >>> facilidade p/ usuário Resultados rápidos Conservação compatível com sistema Tecnologia em rápida e constante evolução •Reativos em produção rotineira Diagnóstico de Dengue - kit imunoenzimático para tipos 1,2 e 3. Diagnóstico de diarréias virais por Rotavírus e Adenovírus: - kit imunoenzimático para triagem e diferenciação. Diagnóstico de Doença de Chagas: - kit imunoenzimático - ags naturais; - kit imunoenzimático recombinante; - kit de imunofluorescência. Diagnóstico de Hepatite B: - kit imunoenzimático para HBsAg. •Diagnóstico de Leishmaniose: - antígeno de Montenegro para teste intradérmico; •- kit imunoenzimático canino; - kit de imunofluorescência canina; - kit de imunofluorescência humana. -Diagnóstico de Leptospirose: - kit imunoenzimático – Ags naturais; - kit de macroaglutinação (teste rápido). -Insumos para diagnóstico sorológico: - conjugado Anti-Ig Humano; - conjugado Anti-Rábico. - Painéis para controle de qualidade Tecnologias de diagnóstico laboratorial • • • • • • Testes Sorológicos Fixação de complemento, Reação de precipitação Aglutinação, Floculação Imunofluorescência Elisa (Enzyme Linked Immuno Assay) Western Blot, Dot Blot Automação Testes moleculares –PCR (Polimerase Chain Reaction) –Real Time PCR Ambulatorial “on the spot” Testes rápidos e simples -Colorimétricos -Imunocromatografia (Lateral flow, dipstick) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL (Sindrome febril aguda, Sindrome hemorrágica, etc.) MULTI-DIAGNÓSTICO EM UM ÚNICO ENSAIO !!! Etapas de desenvolvimento 2 – 3 anos DescobertaDesenvolvimento Validação Produção “Proof of concept” Leasing de equipamentos Distribuição de reagentes Treinamento de usuários Validação pós distribuição Assistência técnica permanente Prioridades diag doenças impacto Saúde Pública Testes rápidos baseados em detecção sorológica e captura de antígenos: Leptospirose; Dengue; Leishamaniose; Malária; Constr vetores expressão proteinas recomb. interesse: Leishaminiose; Leptospirose; Dengue; Malária; TBc; Hepatites; Hanseníase; HIV/AIDS, HTLV I e II, outros Testes moleculares –NAT- para SUS: Malária; Tbc; Hepatites; Hanseníase; outros Bancos de Sangue – Hepatite C; HIV/Aids, outros Reativos para doenças emergentes e re-emergentes – Hantavirus, Oeste do Nilo, Herpes 6 e B19; Influenza pandêmica, etc Aperfeiçoamento conjugados enzimáticos, fluoresceinados e corados para citometria de fluxo; proteinas A, G, coradas, com ouro coloidal, etc Equipamenos e software para automação de ensaios imunoenzimáticos em microplacas Testes de gravidez, diabetes, e outros a baixo custo para SUS Financiamento do setor • Compléxo Industrial da Saúde – estudos da Cadeia Produtiva – Prof. Luciano Coutinho; BNDES; • Fórum Competitividade da Cadeia Farmacêutica; • Fundo Tecnológico – FUNTEC – BNDES; • Programa Apoio ao Desenvolvimento Cadeia Produtiva Farmacêutica (Profarma) – BNDES; • Politica Industrial, Tecnológica e Comércio Exterior (PITCE) – Finep/BNDES; • Fundos setoriais - MCT; • Departamento Ciência e Tecnologia – MS; Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Insumos para Saúde (PDTIS) – Fiocruz Projeto de Lei 3476/2004 – incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica