R. de Econometria Rio de Janeiro v. VI n9 2 p. 47 - 68 nov 1986 ESTIMAÇÃO DO HIATO DO PRODUTO VIA COMPONENTES NÃO OBSERVADOS Pedro Luiz Valls pereira* RESUMO o Hiato do Produto é usualmente definido pela diferença entre o logaritmo do produto potencial e o logaritmo do produto efetivo, onde o produto potencial é definido pela estimativa do nível que o produto real atingiria se houvesse pleno emprego. Está implicito na definição de produto potencial um crescimen to continuado. Alguns autores criticam esta formulação (veja por � xemplo Moreira (1985)) e supõem que, considerando-se o produto in dustrial, empresários prevêem o crescimento do ano I como a média das taxas verificadas nos dois últimos anos. E investimentos são realizados de forma a manter o grau de utilização do parque indus trial constante. Apresenta-se neste artigo uma forma alternativa de definir o produto potencial que está associada à formulação tradicional. Ne� ta formulação o produto potencial é definido pela componente de� dência da série do produto efetivo, podendo estar presente outros componentes tais como as de ciclo e sazonalidade. Portanto o produto efetivo pode ser interpretado como uma sé rie temporal que pode ser decomposta em componentes não observados, i.e., um modelo estrutural na terminologia de Harvey (1985 ) . * INSTITUTO DE PESQUISAS DO IPEA 48 REVISTA DE ECONOMETRIA A estimativa dos componentes não observados é feita pelo Fil tro de Kalman e como subproduto tem- se a estimativa do hiato do produto como a diferença entre o produto efetivo e a componente de tendência. Também como subproduto é possível obter uma série do produto efetivo e do potencial num nivel diferente do o�acional. A BSTRACT The Product Gap 1s usually defined by the difference between the logarithm of potential product and that of effective product, the former being defined by the estimate of the level that the real product would reach if there were full employment. Sustained growth 1s implicit in the definition of product. Some authors (5uch as Moreira (1985» have potential criticized consider this forrnu!ation, and suppose that when entrepreneurs the industrial product, they make a provision for the year' s � using the average rate of the two previous years. AIso, are realized so as to maintain the utilization of the invesbrents industrial complex at a constant leveI. This article presents an alternatlve way of defining poten tial product, one associated with the traditional formula. This new formulation defines potential product by the trend componentof the effective product series, with the possible presence of other components such as cyclical and seasonal. Effective product may therefore be interpreted as a temporal series that can be broken up into non-observed components, i.e., a structural model in the terminology of Harvey (198S}. The estimate of the non- observed components is made by Ka�'s Filter; as a by-product we have the estimate of the product gap as the difference between effective product and the trend Another by-product that may be obtained is a series of component. effective and potential product on a different leveI from the observational. NOVEMBRO DE 1986 I. 49 INTRODUÇM o Produto Potencial é usualmente definido pela estimativa nível que o do produto real atingiria se houvesse pleno emprego. malmente, denotando- se o produto por Y e assumindo-se um t mento exponencial , estima-se a regressão: For cresci a + bt + u t (1 • 1 ) e o produto potencial (denotado por P ) é definido por: t â + :6t (1 .2) Está implícito nesta formulação um crescimento continuado/que é pouco razoável para uma economia como a brasileira. Além disto a suposição de uma tendência global é pouco satisfatória do ponto de vista estatístico e econômico, pois há várias mudanças que tornam esta hipótese improvável. Urna formulação alternativa proposta por Moreira definir o Produto Potencial Industrial , supõe que os (1985) para industriais sejam conservadores tanto quanto às expectativas de crescimento e ao nível de investimento. Moreira (1985) assume que este conservadorismo pode ser ex presso, pelo lado das expectativas de crescimento, pela hipótese de 50 REVISTA DE ECONOMETRIA que a taxa de crescimento do setor industrial num ano é uma das taxas verificadas nos dois últimos anos. E pelo lado média do nível de investimento , os empresários investiriam de acordo com as expeE tativas de crescimento de forma a manter constante o grau de uti!i zação do parque industrial. Formalmente, e utilizando-se a notação é a taxa de crescimento do setor indus t trial e u o grau de utilização, �stas duas hipóteses podem ser t expressas por: de Moreira (1985 ) , se g g * t * u t g t-l + g 2 t-2 (1. 3) u t_1 onde por definição g t � = y t-l - 1 e u t = Utilizando-se a hipótese de que o esperado é igual ao realiza do, por (1.4) obtém-se que: (1 . 5) 1 + que: a Mas pela definição de 9 tem-se que (1.5) é equivalente t g " Novamente utilizando- se a hipótese de que gt g ' tem-se t t = (1.6) 2 observe que (1.6) pode ser reescrito da seguinte forma: (1. 7) onde , por definição, A t da variável A . t - 1, i.e. , a taxa de crescimento 51 NOVEMBRO DE 1986 Como P 6P tem-se que enquanto em ( 1.2) a taxa de cresci t t mento do Produto Potencial é constante e igual a b, nesta outra for = mulação ela é uma média móvel, de segunda ordem, da taxa de cresci menta do Produto Efetivo defasada num período. Embora a formulação de Moreira (1985) seja menos problemáti ca do que a usual, ambas não utilizam informações importantes série de produto, já que é difícil acreditar que não exista, da pelo menos, urna componente cíclica associada à série de Produto Efetiv� Nestas duas formulações esta possível componente é ignorada. Propõem-se que a série de Produto Efetivo possa ser escrita como um modelo estrutural de série temporal, i.e.: (1.8) onde � é a componente de tendência, Y a de sazonalidade, � a de t t t ciclo e E o componente irregular. O Produto Potencial será então t definido pela componente � em (1. 8) e o hiato do Produto por: t Este artigo está organizado da seguinte maneira: na Seção apresenta- se a formulação de modelos estruturais de séries 2 tempo rais. Na Seção 3 é apresentada a estimação destes modelos por Máx! ma Verossimilhança através do Filtro de Kalman. Também se aprese� ta um método para estimar as componentes não observadas de (1.8) . Na Seção 4 aplica-se esta técnica nas estimativas do Potencial da Economia e do Potencial para a Indústria. Produto 52 REVISTA DE ECDNDMETRIA 2. MDDELDS ESTRUTURAIS DE SeRIES TEMPDRAIS 2.1 Introdução Historicamente Séries Temporais eram decompostas em componen tes de tendênci a , ciclo , sazonal idade e irregular, i.e.: (2.1) Este procedimento foi relegado a segundo plano com a introdu ção dos modelos ARIMA, que está intimamente ligada ao aparecimento do livro de Box & Jenkins (1976) cuja primeira edição foi publica da em 1970. A metodologia de Box & Jenkins pode ser interpretada como a forma reduzida de um modelo da forma (2.1) , como veremos a seguir. Por outro lado, devido à facilidade de utilização desta metodolo gia , os modelos da forma (2.1) foram considerados "ad- hoc" e com pouco embasamento teórico. Nesta mesma década Harrison & Stevens (1976) apresentaram o Procedimento Bayesiano de Previsão que está relacionado à especif! cação de uma série de tempo em componentes como a descrita (2.1) por • Este procedimento permitiu dar uma " teoria" para a modelagem de uma série por componentes não observados, como (2.1) . Mas al- guns pontos fundamentais desta modelagem ainda permaneceram basta� te " ad-hoc", Somente na década dos 80 com os trabalhos de Harrison e seus associados , foi possível justificar a "estimativa" seqüên cial das variâncias dos componentes [veja por exemplo West et ali i (1985) 1 • Com a introdução do Filtro de Kalman para a estimação de ries temporais [Akaike (1974) ou Harvey (1981) sé para uma sistemati- 53 NOVEMBRO DE 1986 zação deste procedimento) I foi possível dar uma interpretação clá� sica ao Procedimento Bayesiano de previsão, pois este procedimento de "estimacão", está relacionado com o Filtro de Kalman que é um método para se obter a verossimilhança de modelos. A principal vantagem do Procedimento Bayesiano de Previsão é o custo computacional, já que a estimação por Máxima Verossirnilha� ça de modelos da forma (2.1) consome bastante tempo de máquina. Engle (1978) introduziu o conceito de modelo estrutural em sé ries Temporais que é uma volta à formulação de uma série via comp� nentes não observados do tipo (2.1). Posteriormente Harvey & Todd (1983) especificam cada um componentes de (2.1) de uma forma bastante semelhante à de dos Harri son & Stevens (1976) . 2.2 Componente de Tendência Para a componente de tendência, em vez de assumirmos uma ten dência global, adotaremos a formulação que aproxima localmente es ta tendência. Por exemplo, se a tendência puder ser representada por função linear no tempo, em vez de assumirmos a tendência uma global, Le.: (2 2) .• assumiremos que esta formulação é válida localmente, isto é, tanto o nível desta tendência [i.e., a em (2.2)] quanto a taxa crescimento [i.e., b em (2.2)], evoluem suavemente ao longo tempo. Denotando o nivel por � t e a tendência por 6 , tem-se que: t que de do 54 REVISTA DE ECONOMETRIA (2.3) (2.4) onde n e � são ruídos brancos não correlacionados com médias ze t t ro e variâncias o e o respectivamente. � � Se o processo de geração dos dados for uma tendência mais er ro, i. e.: (2.5) \lt + E:t onde E: é ruído branco independente de n e S ' com média zero e t t t variância de o�, tem-se que o modelo é dado pelas equações (2.5), (2.4) e (2.3), que representa a forma estrutural de um modelo ARI MA. A forma reduzida para as observações é obtida observando-se que a equação (2.3) pode ser escrita da seguinte forma: (2.6) (1 - L) substituindo- se (2.6) em 2.4), obtém- se: + (1 - L) (1 - L) � (1 - L) (2.7) e substituindo-se (2.7) em (2.5), obtém-se: (1 - L) 'Y t (2.8) 55 NOVEMBRO OE 19B6 que corresponde a um ARlMA (0,2,2) com restrições nos parâmetros do MA. 2.3 Componente de Ciclo A segunda componente que pode estar presente em séries econô micas é a do ciclo. POderíamos modelar a componente de ciclo por um ARMA (p,q). Na literatura [veja por exemplo 'Priestey (1981)] o modelo mais usado é o AR(2), já que este modelo pode gerar movime� tos senoidais amortecidos. Na formulação alternativa, proposta por Harvey (1985), denot� -se a componente cíclica por �t' e assume-se um modelo estacioná rio centrado na freqüência À que pertence ao intervalo [O, TI]. A c formulação estatística é dada por: p ( C OSÀ C (2.9) -sinÀc Kt e Kt são ruídos brancos não correlacionados com média ze ro, variância comum a� e O, que pertence ao intervalo [0,1), é o onde coeficiente de amortecimento. t fácil mostrar que a forma reduzida de (2.9) é dada por: K** t onde Kf* pode ser escrito como um MA(1) com parâmetros e e estes parâmetros são as soluções das equações: (2.10) cr�** e (2.11) (2.12 ) 56 REVISTA DE ECONOMETRIA g também fácil mostrar que a é a solução real, que satisfaz a condição de invertibilidade, de uma equação de 29 grau. Observe que (2.10) implica num modelo ARMA (2,1l onde as raí zes do polinômio da componente autoregressiva são os complexos eon jugados p (cosÀ ± i sinÀ )' cujo módulo é menor do que um, já c c p E [0, 1). que Observe também que existe uma relação não linear entre os pa râmetros do componente autoregressivo e os do componente média -mó vel de (2.10). Defina � e � como os coeficientes de L e L2 no p� 2 1 linômio do lado esquerdo de (2.10). Tem-se que o lado direito de (2.11) é dado por (1 - q, )a � e o de (2.12) por 2 (- .Pi )o�. .. 2.4 Componente de Sazonal idade A componente sazonal, denotada por Y é definida corno a soma t cada um deles tendo uma especificaçãodo de s fatores sazonais Y j,t tipo (2.9) com p igual a um e a freqüência À igual a uma dada fre c i.e., qüência sazonal, denotada por À j �, = s/2 E (2.13) j 1 = onde se j=l, ... )( ) ( ) ,(�)-l SinÀ j y cosÀ. J Y� J, t- 1 j,t-1 + Wj't (2.14 ) w J, . t e (coSÀ.)y. J J, t-1 + w . J, t (2.15 ) NOVEMBRO DE 1986 57 5 2 e var(w se j j,t ) = var(w j, t) cr� = para todo j. t fácil mostrar que a forma reduzida de (2.14) é dada por: (1 - 2cosÀ.L + L2)y. J J ,t para j=l, . . • , � { ) - l com 9 j (2.16) j�t = -secÀ T tanÀ e w j j ' cr cos independentes com var(w�* ) = J ,t _ são ruídos bran- w � (l±SinÀ ) j ______ __ E a forma reduzida de (2.15) é dada por: (2.17) Portanto (2.13) é equivalente a: � ( -1) Y t r j=1 + (1 e .L) w1:'*. ] J ,t 1 - 2cOSÀ L + L' j + Ws 2 ,t 1+L (2.18) � fácil mostrar que (2.19) e que (l+L)w1:* :: w-,;** = MA{S - 2) )rt ],t para J= . 1" " s . '2 - I e que (2.20) 58 w*** s 2 ,t e o numerador de (2.18) sendo a soma de � REVISTA DE E CONOMETRIA MA(s - 2) (2.21) MA(s-2) independentes também um MA(s-2). Portanto tem-se que S(L) Y t � é MA(s-2). 2.5 Componente Irregular o componente irregul�r, denotado por � ' é geralmente assumi do ser um ruído branco com variância o�, t exceto quando tem-se algE ma informação lia priori" sobre este componente para se modelar por um processo estacionário do tipo ARMA(p , q). Se o processo de geração dos dados puder ser representado por urna série temporal que possa ser decomposta em componentes dos ti pos descritos acimar e estes componentes entram de forma aditiva , tem- se que este processo pode ser caracterizado por: (2.22) � fácil ver que a forma reduzida do modelo estrutural geral é dada por: ââ <1 - 2pcoSÀ L + P2L2)Yt=âs<1-2pcoSÀcL+p2L2)nt c S +S(L)(1 -2pcoSÀ L+p2L2) l;:t_1 c + (1 - eL)t:.t:. K�* s J,t +MA(s"- 2)t:.2W�** ] ,t +l::.l::. {1 - 2pcoSÀ L+p2L2)E t s c (2.23) 59 NOVEMBRO OE 1986 3. FORMULAÇ�O DE MODELOS E M ESPAÇO DE ESTADO Dada uma série temporal Y a representação desta série em es t paço de estado é dada pelas equações de medida , i.e.: (3.1> com var(� ) t do a , i.e.: t = a� e de transição, que dá a evolução do vetor de est� (3.2) com Var(S ) t = Q. � fácil ver que a representação dos modelos estruturais em e� paço de estado é dada pelas equações (3.1-2) onde o vetor de esta do é dado por: (3.3) e o vetor z na equação de medida é dado por: z = [1,0; l,Oi 1,0, • • • ,1,0] (3.4) A matriz de transição T é facilmente obtida pelas equações que definem cada um dos componentes. o erro da equação de transição é definido por: (3.5) REVISTA D E ECONOMETRIA 60 e a matriz R é definida por: 1 O O R O O O O O O O O O O O O O O O O 1 O O O O O O 1 O O O O O 0 O O 0 O 0 0 O O 1 O 0 e a matriz de variância e covariância de S é definida por: t Q 3.1 Estimação dos Parâmetros no Dominio do Tempo Se os erros em (3.1) e (3.2) têm distribuições normais, a fun cão de verossimilhança para o processo de geração dos dados ser obtida pelo Filtro de Kalman utilizando-se a decomposição pode do erro de predição {veja Harvey (1981)]. A estimativa dos parâmetros pode ser obtida por urna rotina numérica que maximizará a verossim� lhança, i.e. : 10g L T 1 - (2 )109 (2"1 - 2 T E 109f t 1 t (3.6) = onde v é o erro de predição um passo à frente e 02 f é a variância t t ' do e rro de predição, e estas quantidades são obtidas pelo Filtro de Kalman. Para se iniciar as recursões do Filtro de Kalman, necessita - se de valores iniciais para a média e variância do vetor de esta do, denotados por a O e a2Po' NOVEMBRO DE 1986 61 No caso d e modelos estruturais existem várias formas d e ini ciar estes dois valores , mas adotaremos a forma mais simples que é assumir a O = O e P'o = K 1, onde K é um número grande. Este procedimento corresponde a assumirmos que o vetor de esdifusa tado no instante inicial tem uma distribuição "a priori" [para maiores detalhes veja Harvey & Peters (1984)]. 3.2 Estimação de Modelos Estr uturais com Falta de Observação Suponha que as observações são feitas a cada ô período de te� pc, onde ó é um inteiro positivo. Para variáveis de estoque isto quer dizer que: 1, • T e para t � 0" • • (3.7) ,T Yt é não observado. Para variáveis de fluxo tem-se: 6-1 í: r=O YÓ,_r para T 1,• • • ,T (3.8) Algumas vezes as variáveis de estoque são medidas pela no período de observação. Neste caso deve-se tratar esta média variável como do tipo fluxo já que as observações são dadas por: 6-1 1 "6 E r=O yó T-r para T 1,... ,T (3.9) A estimação dos parâmetros é feita utilizando-se o Filtro Kalman. A representação em Espaço de Estado , dada pelas (3.1-2), t = 1, • • . é válida para o intervalo de tempo unitário, i.e. , ,õT. de equações para 62 REVISTA DE ECONOMETRIA Para o caso de variável de estoque não é necessário fazer ne nhuma modificação nas equações (3.1-2). Mas como o período de servação é dado por t o,2ô, ... ,6T, as equações de são puladas para todo t � 6,26,...,OT. ob - atualização Para o caso de variáveis de fluxo, é necessário aumentar o ve tor de estado. Neste caso o novo vetor de estado é definido por: (3.10) f on de Y e" t efinido por: (3.11) onde � é definido por: t � o t para t = + 6(1:-1) 1 , 1" 1, • • • ,T (3.12 ) caso contrário � fácil ver que a nova equação de transição para o vetor de estado é dada por: ( ) ( I{I�\( \) (R ) ( \) T at Y � = O z' T at _ 1 :�-1 + z' R O St 1 E: t (3.13) e a nova equação de medida é dada por: Y, (O' l)C;} t ô, , O filtro é iniciado como a f O , 1, ... ,T (Õ,O) f e p O (3.14 ) d. NOVEMBRO OE 63 1986 3.3 Interpolação e Distribuição das Observações Intermediárias Interpolação de observações faltando é facilmente obtida usan do- se um algoritmo de suavizamento de ponto fixo [veja Anderson Moore (1979), Capítulo 7]. O estimador das observações & intermediá rias é dado por: 1, • • . (3.15 ) ,T denota o estimador de suavizamento do vetor de estado � onde a t/ÔT sando a informação até o tempo t óT. = Distribuição de variáveis agregadas temporalmente também po dem ser obtidas através de um algoritmo de suavizamento. Neste ca so deve-se adicionar mais um componente ao vetor de estado de for� ma a obter as observações intermediárias. Neste caso o novo vetor de estado é definido por: (3.16) e adiciona-se uma linha na matriz de transição que cor responde decomposição da série nos componentes não observados , i.e., à equa cão (3.1). 4. APLl CACOES Esta seção apresenta os resultados obtidos com TEMPAGG.SMS que estima modelos estruturais de séries o programa temporais com falta de observação ou agregação temporal. Este programa obtém os estimadores de máxima verossimilhança para as variâncias dos diversos componentes, maximizando a função de verossimilhança no domínio do tempo, utilizando a rotina E04JBF da biblioteca de programas da NAG. Esta rotina é da classe Newton e permite a maximização com restrições. Quasi REVISTA DE ECONOMETRIA 64 Este programa também permite obter as estimativas das observa côes entre pontos intermediários, i.e., as interpolações se a sé rie sob consideração é do tipo estoque e as distribuições das ob- veja servações se do tipo fluxo. Para alguns exemplos Pereira (1986). Utilizou-se o Produto Industrial e uma série do PIB real cruzeiros de 1970) construída a partir do índice do Produto (em Real Total. As fontes para os indices de Produto são Zerkowiski & Velo50 (1982) para os anos de 1920 a 1980 e Contas Nacionais / Conjun tura Econômica para os anos de 1981 a 1984. o modelo especificado foi do tipo Tendência + Ciclo + Irreg� lar. Devido à definição de hiato foi necessário utilizar a transfor mação logarítmica nos dados. Desta forma a componente de tendênci� que representará o produto potencial, é dada pelas equações (2.3-4l Para a série do PIB Real as estimativas dos parâmetros obti das pelo programa TEMPAGG.SMS foram: o'E 0.0000 o'n 0.0000 a' < ' a K À c p .1212*10 .1103*10 -4 -4 (.1010*10 ) -2 -3 (.2217*10 ) 1 .3826(.6180*10 - ) -1 .9012(.4186*10 ) onde os valores entre os parênteses são os desvios das estimativas. Pelas estimativas dos parâmetros observa-se que: i) a forma reduzida correspondente a um modelo ARlMA(2,2,3) com restrições não lineares entre os coeficientes do componente AR e do MA; ii) embora a variância do nível da tendência seja não nula, a um nível de significância de cinco por cento, não se pode reje! tar a hipótese de que esta variância não é significantemente dife rente de zero. Tem-se, portanto , que as variâncias da taxa de cres cimento e do nível da tendência são nulas implicando numa cia determinística; tendên NOVEflBRO DE 1986 65 iii) tem-se , portanto, que o modelo que descreve a série PIB Real do é do tipo tendência determinística mais ciclo; iv) pela estimativa da amplitude, tem-se que o período do ci cIo, definido por �-±, é de 16 anos e 5 meses. c A estimativa do hiato do PIB Real é apresentada no Gráfico 1. GRÁ1'l(:O 1 0,12 o. , HIATO DO PRODUTO REM. TOTAl. -r------------------------------------------------------..------ o,os t\. ." O,Oh I , 0,04 -0,02 -o, \\ O� t ',I t':{ \ \ i f � �----_+------� " I �� o ++, � , H__t_,��+_ 0,02 \ .� " \ .; I I I i -0,06 -0,08 \1 -O. 1 -o, I +. 12 - O. lf. -O·'" , f,TTrrnn<nnnnnTTnrnnTrnnTTrnornrrrl 1920 1930 1940 H IATO 19S0 DO 19bO 1970 1')80 PRODUTO R E A L 1920 1930 1940 1950 1960 1970 \980 -0.0113 -0.0195 0.0356 -0.0008 0.0766 -0.0596 0.1049 -0.0388 -0.0951 -0.0714 0.0035 0.0705 -0.0162 0.0181 0.0229 -0.1179 -0.0448 -0.0035 0.0097 0.0196 -0.0208 -0.0069 -0.0345 0.0814 -0.1255 0.0235 -0.0834 0.1036 -0.1416 0.0746 -·).0429 -0.0534 0.0314 -0.0025 -0.082 0.0011 0.0683 -0.0266 -0.0217 -0.1017 0.0917 -0.0295 0.0564 -0.041 -0.0107 -0.1279 0.1182 0.0232 0.0573 -0,0125 0.0207 -0.0955 0.1062 0.1084 0.0486 0.0128 0.0441 -0.0687 0.0891 0.0649 0.0115 O. 0195 0.073 -0.0687 0.0907 66 REVISTA DE ECONOMETRIA Para a série do índice do Produto Industrial as estimativas dos parâmetros obtidas pelo programa TEMPAGG.SMS foram: -3(.4158*10 -3 ) o' E .1374*10 a' 2 7 .3853*10- (.2443*10- ) a' 4 4 .2018*10 - (.2371*10 - ) ' a K .1826*10 À c .3737(.6153*10 n ;; P -2 -2 (.1661*10 ) -1 ) 1 .9191 (.5486 *10 - ) Pelas estimativas dos parâmetros observa-se que: i) embora as variâncias do nivel e da taxa de crescimento da tendência sejam não nulas, a um nivel de significância de cincopor cento, não se pode rejeitar a hipótese de que estas variâncias não são significativamente diferentes de zero. Tem-se, portanto, as variâncias da taxa de crescimento e do nível da tendência que são nulas implicando numa tendência determinística; ii) embora não se possa rejeitar a hipótese de que a variân eia do ciclo seja nula, optou-se por manter este componente já que ao se comparar o modelo estimado com um somente componente de ten dência, o modelo menos parcimonioso foi aquele que apresentou me nor A.I.C.; iii) tem-se, portanto, que o modelo que descreve a série do Pr9duto Industrial é do tipo tendência determinística mais ciclo; iv) pela estimativa da amplitude tem-se que o período do ci clo, definido por i$, c é de 16 anos e 10 meses. A estimativa do hiato do Produto Industrial é apresentada Gráfico 2 a seguir. no 67 NOVE MBRO DE 1986 0,25 GRÁFICO ,___________________________-----, 0,2 ,� ; 0,15· I I, -0,05 I , : 0,05 o I T, . O,, "\'- H • ;li \1\ " -0,15 -0,2 \t.! i\i r / II I \1 ') -0,1 -O.25 2 HIATO DO PRODUTO INDUSTRIAL ;. .. ,\ I l 'li \ ; \ \1 i :t �'\ T/ , , , , I , r \, l '" 'l. r 'J , .. �rnrrrrrnrn"""TTTTrrnnrnrn""<TTTrrnrrnrnnn_n4 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 H I A T O DO PRODUTO INDUSTRIAL 1920 1930 1940 1950 1960 1970 0.02019 -0.13041 0.0702 0.0281 0.0759 -0.0537 0.1286 -0.03315 -0.18839 0.0822 0.0184 0.0886 -0.0168 0.0075 1980 0.15369 -0.2251 -0.0198 -0.0005 0.0836 0.0294 -0.0509 0.20553 -0.159 -0.041 0.0221 0.0104 0.1052 -0.1843 0.07664 -0.074 -0.0581 0.0034 -0.0166 0.1208 -0.1905 0.1067 -0.0797 0.0161 -0.1237 -0.00468 Q.0519 -0.0198 0.0001 -0.1096 0.1531 0.03787 0.0735 -0.0597 -0.0313 -0.158 0.1224 0.07106 0.0636 -0.1071 0.0311 -0.1133 0.1241 0.01504 0.1018 0.0111 0.0492 -0.076 0.1188 0.04931 -0.0097 68 REVISTA DE ECONOMETRIA REFE RtNCIA S BIBLIOGRAFICA S AKAlKE, H. 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