UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EDUCAR PELA RELIGIÃO: OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA DOUTRINA ESPÍRITA Por : Waldemar Petri Orientador: Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de janeiro 2001 I UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EDUCAR PELA RELIGIÃO: OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA DOUTRINA ESPÍRITA Apresentação da Monografia ao Conjunto Universitário Cândido Mendes condição prévia para a conclusão como do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”. em Docência Superior. Por: Waldemar Petri. II AGRADECIMENTOS “Senhor, nós desejamos agradecer, Agradecer tudo o que nos deste, Tudo o que nos dás: o ar, o pão, a paz.(...)”1 “A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para Ele. É a prece um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar nEle, aproximar-se dEle, pôr-se em comunicação com Ele. Pela prece podemos fazer três coisas: Louvar, pedir e agradecer.”2 A Deus, a Jesus, aos Amigos Espirituais que nos acompanharam, temos plena certeza, durante todo o curso, dando-nos ânimo, coragem para não esmorecermos. Desta forma, as tardes de sábado foram cansativas, é verdade, mas a alegria, o prazer, nos levaram a vencer os percalços, e assim, no final da jornada poderemos dizer: Foi prazeroso o breve período de convivência com pessoas tão seletas. Aos professores: Doutorando Marco Larosa pela paciência, dedicação, competência e amizade com que nos orientou na Monografia. Estamos gratos e honrados por tê-lo como orientador, professor e amigo. À mestra Sheila, que nos cativou a todos com o seu carinho e simpatia, apresentando sempre seu sorriso e erudição, os quais contribuíram para que sua disciplina, já agradável, se tornasse ainda melhor, levando-nos inclusive, a leitura de vários livros, 1 FRANCO, Divaldo Pereira, Elucidações Espíritas, 1º ed. – São Gonçalo: Sociedade Espírita Joanna de Angelis, 1991. Cap.2: Poema da gratidão. p.47 2 KARDEC, Allan, Livro dos Espíritos, 38ºed.- Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira – FEB, 1978, Questões 658 e 659.p.280. III quais sejam: Pedagogia da Autonomia (Paulo Freire), O que é Educação (Carlos Rodrigues Brandão), O que é Pedagogia (Paulo Ghiraldelli Jr.) e outros mais. À mestra Neila Tomé, podemos dizer: Foi um prazer. Obrigados pelo incentivo, pelo apoio, pela sugestão e apresentação de inúmeras fontes oferecidas, facilitando-nos assim, a pesquisa e aumentando-nos a disposição, o ânimo para a elaboração da Monografia. À mestranda Cristie, mostrando-nos a necessidade da presença da alegria na realização do aprendizado, e, mais ainda, que educandos e educadores são parceiros na arte de ensinar. Ao mestre Celso Sanches, que nos trouxe a biologia como ferramenta na educação apresentando-nos uma gama imensa de livros desconhecidos , que nos serão, temos certeza, úteis no exercício do magistério. À mestra Ângela Venturini, apresentando-nos os fundamentos filosóficos da educação, ressaltando a importância e a beleza que a educação encerra. Ao amigo e professor Wagner Menezes e família, nossa gratidão sincera pelo auxílio imenso prestado nas manhãs de domingo, facilitando-nos a compreensão da monografia, apresentando-nos regras as quais, muito nos ajudaram . Aos companheiros dos grupos dos quais participamos para os trabalhos elaborados, nossos agradecimentos pela união, amizade e companheirismo. Aos demais grupos do corpo discente que conosco estiveram durante o curso, nossa gratidão e reconhecimento. Ao companheiro, amigo particular e colega do curso de Docência Superior Paulo Roberto Rigoto Ferreira, que sempre me incentivou a perseverar, meu reconhecimento, rogando a Deus o recompense amplamente. IV Ao pessoal da xerox, do pagamento e demais funcionários da Cândido Mendes, a partir do cargo mais significativo até o mais singelo, diremos: A Universidade Cândido Mendes está muito bem representada. Parabéns e nossa imensa gratidão. Aos nossos familiares: Esposa e filhos que renunciaram a nossa presença aos sábados, pelo amparo que sempre nos deram, estamos reconhecidos. Que Deus, o Pai Nosso, que Jesus, nosso Mestre incomparável, a todos nos abençoem. Que a felicidade e a paz a todos nos inundem, agora, hoje e sempre. V DEDICATÓRIA À Marli, a esposa cara, amiga e compreensiva que me apoiou e incentivou a fazer o curso, as palavras são insuficientes para expressar a gratidão que sinto. À filha Priscila, que cooperou imensamente para que a monografia pudesse sair do rascunho e viesse à tona em aspecto agradável. A gratidão é imensa também, por fim, ao filho, amigo solidário e companheiro que esteve horas a fio em minha companhia junto ao computador pacientemente, eu ditando e ele digitando, organizando, opinando na distribuição dos textos, para que o visual se tornasse bom e agradável de se ver, que dizer, senão: Que Deus os abençoem e recompensem abundantemente. VI RESUMO O presente trabalho analisa a educação e seus problemas. Busca mostrar que Espiritismo é educação, e esta, é amor. Que aos recursos hoje usados nos educandários e amplamente divulgados pelos mais renomados educadores como Divaldo Pereira Franco, Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão, Dr. Haim Ginott, Maria Montessori e tantos mais, deveríamos adicionar o amor recomendado por pedagogos como Rousseau, Pestalozzi, Allan Kardec e muitos outros. Também apresenta, como recurso educativo, o uso do conhecimento da reencarnação recomendado pela Doutrina Espírita, a qual mostra ao educador que a educação não se interrompe por ocasião da morte, mas que é contínua. Que nunca é tarde para aprender. Leva-nos, a presente monografia, a ver que a educação abrange a instrução, sendo, a educação de amplidão incomensurável. Possibilita-nos ver a atualidade de ensinamentos do educador, por excelência, que foi Jesus, o qual dentre tantos títulos recebidos apenas aceitou os de Mestre e Senhor: “Vós me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem porque Eu o sou.” ( Jo,13:13). Leva-nos a ver, a monografia em apreço ainda mais: Que o saber amplia os horizontes do conhecimento a nosso alcance, através do amor que é a luz a ser alcançada, o rio onde se afogam os sofrimentos pelas fortes correntezas de seus impulsos benéficos. Auxilia-nos a ver a verdade do pensamento: O saber, no seu verdadeiro e reto uso, é a mais nobre e mais poderosa aquisição dos homens. Mas toda e qualquer ciência é perigosa àquele que não tem a ciência da bondade. Faz-nos ver que educar é amar e que a aprendizagem se fará, se o educador apresentar, ao ministrar suas aulas, amor, conhecimento e disciplina. Procura mostrar que todo o poder da alma se resume em três palavras: Querer, saber, amar. Empenha-se, o presente trabalho, em nos levar a conclusão que a grande arte do mestre é despertar e manter o interesse dos seus educandos, pois que o interesse é o móvel da educação. É preciso motivar o educando para que a aprendizagem aconteça. VII METODOLOGIA Na elaboração do presente trabalho, os métodos que nos levaram às respostas desejadas foram os fichamentos e as resenhas de obras que, em síntese, são formas de resumir algum escrito, caracterizando-se todas como tipos de resumo, e, daí, escrevemos de forma sucinta aquilo que o autor escreveu. Os resumos permitem um rápido acesso ao texto lido, evitando que, no futuro, seja necessário ler a obra novamente; além disso, possibilita a organização dos estudos conforme as necessidades do momento, podendo ser retomados em outras oportunidades. No fichamento, resumimos somente os aspectos relacionados diretamente com as dúvidas, problemas e soluções intimamente ligados ao nosso objeto de pesquisa ou estudo, ou parte dele. Assim, ao ler uma obra para ser fichada, fichamos apenas aquilo que nos interessa, mas nunca sem esquecer de escrever, pelo menos, um parágrafo __ normalmente, o primeiro da ficha__ com uma visão geral da obra. Na resenha, resumimos toda a obra ou todo um capítulo. O fichamento pode ser escrito na terceira pessoa ou na forma impessoal. A primeira maneira é mais usada quando se discorre sobre o assunto em forma de parágrafo. A segunda forma é mais usada quando se ficha o texto abordado em forma de frases sintéticas. As resenhas são divididas em dois tipos: Simples e críticas. Escritas em um texto corrente sempre na terceira pessoa, nunca em forma de tópicos; sua característica fundamental é a descrição resumida das partes primárias e secundárias da obra (resenha simples) com as palavras do leitor, se houver a necessidade de se formular textualmente na resenha, pareceres críticos sobre determinadas passagens da obra lida, ou mesmo a formulação de um novo conceito de valor, este deverá ser expresso na primeira pessoa e a resenha será denominada crítica. Seja de que tipo for, todas devem ser o mais fiel possível àquilo que o autor escreveu e trazer no início, em forma de cabeçalho, a referência bibliográfica mais completa possível da obra em pauta. VIII Nossas pesquisas foram realizadas: 1- Em livrarias; 2- Em bibliotecas públicas; 3- Em bibliotecas particulares. No primeiro caso (em livrarias), buscamos em várias livrarias, livros que nos pudessem atender às necessidades pré-estabelecidas. No segundo caso (em bibliotecas públicas), visitamos a biblioteca da prefeitura de Niterói, da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro (FEERJ), o Colégio Estadual Conselheiro Macedo Soares (CECMS), o Grupo Espírita Estudantes da Verdade (GEEV), o Grupo Espírita Obreiros do Bem (GEOB), a internet. No terceiro caso (em bibliotecas particulares), visitamos a biblioteca das Faculdades Integradas Silva e Sousa (FISS). Bibliotecas de amigos particulares, que nos emprestaram diversos livros, os quais muito nos ajudaram, assim como diversos livros de nossa própria biblioteca. Os livros listados nas bibliotecas foram abordados na forma de fichamento e ou resenhas. Os fichamentos foram úteis para trabalhar aquelas obras que não tínhamos acesso constante possibilitando-nos pinçar somente as palavras ou frases diretamente relacionadas com o assunto em pauta. Dentre os livros lidos gostaríamos de destacar: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Breve História de Pestalozzi, Allan Kardec (pesquisa biobibliográfica e Ensaios de Interpretação), em três volumes, e mais os livros: O que é Pedagogia, O que é Educação e Pedagogia da Autonomia. IX Quanto a escolha do tema, tivemos por motivo falar sobre assuntos que amamos e por isto,estudamos com prazer (Educação e Religião) porque sempre encaramos a religião,bem como também a educação, com o objetivo de despertar no homem o amor a Deus, ao próximo, a si mesmo. Daí o tema: Educar pela Religião. Como somos Espíritas, abordamos a Doutrina Espírita, ou o Espiritismo que é a mesma coisa. O autor apresenta o resumo dos seguintes capítulos : Capítulo I - Neste capítulo o autor tem como objetivo definir o espiritismo, mostrando-o como doutrina educativa, apresentando, ainda, dois vultos que muito se destacaram na educação. Capítulo II - O autor objetiva apresentar o método educacional de Allan Kardec. Capítulo III - O autor resume neste capítulo a metodologia educacional utilizada por Pestalozzi. X Carta aos Mestres “Persiste em ler, exortar e ensinar.”__ Paulo ( I Timóteo, 4:13) “Meu amigo, tu que vives No santo esforço do ensino, Estás a criar um mundo Num cérebro pequenino. Muita vez, és responsável, Ante a justiça do Além, Se deixaste de ensinar As puras noções do Bem. Guarda, em tudo, por modelo Aquele Mestre dos mestres, Que é o amor de todo o amor Na luz das luzes terrestres. Se te desvias no mundo, Na estrada das tentações, Podes cair, arruinando Centenas de corações. Se existem pais na matéria Do organismo terrenal, Tu formas os pais do mundo Na senda espiritual. Mas, se te elevas, criando Luzes novas da Verdade, Caminharás para Deus, Em santa felicidade. Prepara-te na tarefa Com o auxilio de Jesus, Que faças em teus ensinos Cada vez mais vida e luz. Depois das mães devotadas É a ti que o Cristo confia A missão da caridade Que instrui, remodela e guia. Não te lembras do Evangelho? Seu roteiro ainda é o nosso. Um cego guiando cegos Cai sempre dentro do fosso. Cada lição de teus lábios, Seguida do bom exemplo É uma coluna divina, Sustentáculo de um templo. Tem zelo contigo próprio, Embora as pedras, o espinho... Há muitos irmãos na Terra Com os olhos no teu caminho. Nas lições de cada dia, Busca ensinar, com perdão, Guarda acima dos compêndios O livro do coração. Acolhe a todos. A idade Não representa saber, Ampara o velhinho rude Desejoso de aprender. Meu amigo, Deus te ajude A entender o Bom Pastor. Que sejas sobre este mundo O Mensageiro do Amor.” XI As Bem – Aventuranças dos Educadores. Geraldo Lemos Bem - aventurados sejam os educadores. Que fazem a Educação pela Educação e que procuram manter bem acesa a chama do ideal de dar de si em favor do próximo. Bem - aventurados sejam os educadores Que são partidários da melhoria do ensino, das idéias pedagógicas novas e producentes; que não se amesquinham e jamais deixam de batalhar ou se anulam. Bem – aventurados sejam os educadores Que sabem fazer de suas salas de aula lugar, onde só se respira oxigênio do Amor, Compreensão, Carinho, Harmonia e Camaradagem. Bem – aventurados sejam os educadores Que fazem da correção de atitudes, da inteireza de caráter, da dignidade, do ânimo forte e da elevação de princípios suas únicas normas de conduta, sendo exemplo maiúsculo para os educandos. Bem – aventurados sejam os educadores Que não impedem os alunos de terem suas opiniões próprias, com suas idéias, e que os exercitam na comunicação criadora, ampliando horizontes de vida e fortalecendo o processo educativo. Bem – aventurados sejam os educadores Que dominando perfeitamente o conteúdo de suas disciplinas dão aulas, não para si próprios; mas para todos os seus discípulos, levando-os a se apropriarem do saber como instrumento de melhoria social e afirmação da sua dignidade. Bem – aventurados sejam os educadores Que jamais se mostram omissos e acomodados e que perseveram na semeadura; pouco importando se a terra se mostre árida, se chove torrencialmente ou se o sol é inclemente e se a colheita valerá o valor monetário recebido. Bem – aventurados sejam os educadores XII Que iluminam seu sacerdócio com o sonho de um futuro melhor, contribuindo para a Escola digna e responsável, esquecidos das canseiras e sacrifícios ou do não reconhecimento dos seus próprios méritos. Bem – aventurados sejam os educadores Que ao final de suas jornadas olhem para o passado e vejam que deixaram rastros bem marcantes e positivos pelos caminhos percorridos. XIII SUMÁRIO INTRODUÇÃO 15 CAPÍTULO I 19 CAPÍTULO II 45 CAPÍTULO III 57 CONCLUSÃO 71 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 77 BIBLIOGRAFIA CITADA 80 ANEXOS 83 INDICE 92 FOLHA DE AVALIAÇÃO 93 XIV INTRODUÇÃO “Ide, fazei discípulos de todas as nações. Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenham mandado”. Jesus. (Mt, 28:19 e 20.) Provavelmente todos já tenhamos visto, ouvido ou lido a frase: educar é amar, que talvez tenha sido a maneira mais econômica de expressar o que pensamos sobre educação. O Problema está em entendermos o significado do verbo amar, muitíssimo abrangente. O amor é assim recomendado por Jesus, o Educador dos educadores de todos os tempos, em todos os setores da vida: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a nós mesmos. O lar é a primeira escola, os pais são os primeiros professores. Assim, em casa, a criança tem pais e professores, na escola, professores e pais, ambos com a incumbência de ministrar-lhes conteúdos para lhes aperfeiçoar e desenvolver as qualidades físicas, intelectuais e morais inatas a todos nós; nascemos com elas, foram dadas pelo Pai Maior. Deus é amor, é preciso interiorizar isto. Trazemos em germe tudo que é preciso para atingirmos a angelitude. Para chegarmos lá uma só senha há: Amar, amar sempre, ao Criador, ao próximo, a nós mesmos. Narra-nos o autor: Sou de família interiorana, minha mãe analfabeta, o amor era-lhe virtude predominante, atingia os corações com sua simpatia e simplicidade; meu pai autodidata, poliglota, de conhecimentos gerais vastíssimos, exercia a autoridade como elemento educativo dominante. 15 Continua a narrativa do autor:Os filhos, éramos cinco casais, nosso genitor educava-nos a sua maneira, muito eficaz por sinal. Disse-me ele certa feita, sendo eu adolescente: filho, você tem cinco irmãs, não faça às filhas dos outros aquilo que você não gostaria que fosse feito às minhas. Por amar minha família, aprendi a respeitar às e mais.Ensinou-me ele em outra ocasião: Waldemar, se eu tiver subido em uma árvore e alguém me indagar sobre algo de meu conhecimento, respondo lá de cima, não desço para depois responder. Deste modo compreendi que o tempo é precioso, que a educação não pode esperar, é urgente, que quem aprende pode, deve e necessita ensinar, aperfeiçoando desta forma, aquilo que aprendeu. Por fim, lembro-me dele ter dito: Para que o homem se realize é preciso três coisas: Escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Mostroume com a tríade acima exposta muitos pontos para meditação, dentre eles a necessidade de estudar, preservar a natureza, respeitando-a e possibilitar a continuidade da espécie, evitando-lhe a extinção. A escola é uma continuação do lar, os pais entregam os filhos ao educandário e este, através de seus professores, dá continuidade à educação iniciada pelos pais, ajudando-os na ampliação dos conhecimentos de seus filhos. Portanto, a união lar e escola, pais e professores é indispensável para que o aprendizado aconteça em totalidade, mas “para esse formoso mister são indispensáveis o amor, o conhecimento e a disciplina, de maneira que se lhe insculpam no imo as lições que o acompanharão para sempre”3. São estas, condições indispensáveis para que o aprendizado seja global, além dos compêndios escolares direcionando-se à família, à sociedade e à religião. Religião com fundamentos amplos estribados na moral vivida e ensinada por Jesus, o Educador por excelência, que disse: “Vós Me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem porque Eu O sou”.(Jo,13:13) O Espiritismo reconhece como verdadeiro o Ensino Paulino: “ O saber ensoberbece, mas o amor edifica”, em sua primeira epístola aos coríntios capítulo 08 versículo 01 ( I co, 8:1). Ratificando o ensinamento acima, o Espiritismo se utiliza das palavras do doutor Bezerra de Menezes e assim diz: “A sabedoria é valiosa, mas necessita ajustar-se ao sentimento enobrecido para erguer-se em serviço e auxílio, sustento e 16 equilíbrio, vida e luz.”4. A Doutrina Espírita usa Também as palavras do Espírito de Verdade e desta forma se pronuncia: “Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”5 Na visão Espírita, a educação é muito ampla e profunda, o alvo é o Espírito, assim o objetivo é educar em profundidade, ajudando-o a vencer seus maus pendores contribuindo para a correção de seus defeitos auxiliando-o a adquirir bons hábitos. Desta forma podemos dizer: falta-nos educação, em outras palavras falta-nos amor. Lembremos: educar, em essência, é amar, e ainda mais, poderemos dizer: “A educação da alma é a alma da educação.” Concluímos que a educação é responsabilidade de todos, pois que a Terra, além de Lar bendito, Oficina de trabalho libertador é também Educandário sagrado, e assim, no futuro, “haverá no Globo uma só Pátria, a da Luz, uma só Bandeira, a da paz e um só Pastor que é Jesus.” O maior bem que podemos doar ao homem é a educação, pois quem é educado pode, é livre, é detentor de bem inalcançável, o ladrão não rouba, a traça não rói, a ferrugem não consome, a morte não arrebata. É um bem intransferível, é conquista nossa, é resultado de trabalho árduo. Não o perderemos jamais, ao contrário, será ampliado através das vidas múltiplas e pela sucessão dos séculos, porque a educação está intimamente ligada ao progresso que é sem fim, eterno portanto. O Espiritismo visto como Ciência de pesquisa, Filosofia de comportamento e Religião de vivência, nos conduz a uma visão profunda do que vem a ser educar, levando-nos a compreender que a educação é espiritual, é humildade. Sem ela não há salvação. Como a salvação é desejo de todos, dizemos em alto e bom som: É preciso instruir-se para bem instruir, preparando-se assim para a vida, é necessário educar-se para eficazmente educar, atingindo a possibilidade de dar vida e, em abundância, é imprescindível evangelizar-se para eficientemente evangelizar salvando 3 FRANCO, Divaldo Pereira. Adolescência e Vida. 4ºed.- Salvador-BA: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 1998. Introdução. Adolescência e Vida. P.12. 4 SILVA, Maria de Lurdes Cordeiro. Jornada de amor ( Antologia mediúnica de Espíritos diversos). 2ºed.Espírito Santo: Departamento editorial Casa Espírita Cristã, 1983. cap.21: Fé, Conhecimento e Moral p.97. 5 KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 98ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988 cap. 6: O 17 vidas por meio do pensamento puro e operante, realizador; da palavra que esclarece, alegra, conforta, ergue; do exemplo que arrebata possibilitando aos que estão no caminho reto continuarem nele, aos desviados do verdadeiro aprisco, retornarem ao seio do Divino Pastor. O bom livro é fonte de luz e alegria, esclarece e ilumina, é benção de amor e luz. Mas para que ele alcance o seu objetivo é preciso sair das prateleiras, e, assim, estando aberto será cérebro a falar sobre as Verdades que nos farão livres, porém responsáveis; fechado estará como amigo lamentando-nos por permitir-lhe a inutilidade, enquanto, não longe, há imensa fome de saber; esquecido será uma alma com necessidade de nos perdoar pela insensatez de nos deixar ociosos; destruído será um coração a verter lágrimas, lamentando-nos o gesto de incúria. A humanidade está faminta de livros de qualidade, carente de leituras salutares, sedenta de educação. Uma nação só será forte, livre e independente se seus integrantes forem educados através de livros de boa qualidade, que os levem a ser disciplinados, moralizados, despertando-lhes o amor, a Jesus, a Deus. Vamos, assim, meditar no que disse Jesus (Mt, 28:19 e 20), legando-nos a todos a função de educadores. Todos, sem exceção, temos necessidade de aprender e possibilidade de ensinar. O progresso é sem fim, é ele que nos conduz a conquista da paz, mas para isto precisamos nos alimentar de Evangelho. “Ai de mim, se não ensinar o evangelho”, dizia Paulo, o apóstolo. 18 CAPÍTULO I NOÇÕES BÁSICAS E FUNDAMENTAIS DE: O QUE É O ESPIRITISMO 19 DEFINIÇÃO “Espiritismo é uma doutrina definida por Allan Kardec como sendo a Ciência que trata da origem, natureza e destino dos Espíritos bem como das relações que existem entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Ensina-nos ainda a crença em Deus, na comunicabilidade dos Espíritos, na imortalidade da alma, na pluralidade dos mundos habitados e na reencarnação.”6 Crença em Deus: Para o Espírita, “Deus é a inteligência suprema, a causa primária, ou primeira de todas as coisas.”7 A prova da Sua existência está em um axioma que aplicamos as nossas Ciências: Não há efeito sem causa. Procuremos a causa de tudo o que não é obra do homem, e nossa razão responderá. O Universo existe; ele tem uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo o efeito tem uma causa, e dizer que o nada pode fazer alguma coisa. Não podemos compreender a natureza íntima de Deus, falta-nos para isto recursos. No entanto, por hora e no mundo em que vivemos os atributos do Criador são: Deus é Eterno, ou seja, sempre existiu e existirá; Deus é imutável, não está sujeito a mudanças; Deu é imaterial, Sua natureza difere de tudo o que entendemos por matéria; Deus é único, havendo Deuses não haveria unidade de vistas; 6 FRANCO, Divaldo Pereira. Elucidações Espíritas, 1ºed.- São Gonçalo: Editora Sociedade Espírita Joanna de Angelis,1991. passim 7 KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos, 38ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1978. passim 20 Deus é Todo-Poderoso, porque é único; Deus é soberanamente Justo e Bom, a sabedoria Divina não nos permite duvidar da Sua Justiça e Bondade. Podemos ainda dizer que Deus é: Onipresente, ou seja, está em todo lugar ao mesmo tempo; Onisciente, pois que tudo sabe; Onipotente, porque tudo pode; Oniparente, porque tudo cria, tudo produz. Comunicabilidade dos Espíritos: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e atos muito mais do que supomos, influem a tal ponto que de ordinário são eles que nos dirigem, respondem os Espíritos a Allan Kardec a uma pergunta que lhes fora dirigida n’O Livro dos Espíritos de número 459. Se não houvesse homens maus na terra não haveria Espíritos maus em seu derredor, diz-nos Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo. “São as nossas imperfeições que os atraem. Assim, o melhor meio de expulsar os maus Espíritos é atrair os bons Espíritos. Sede sempre bons e só tereis Espíritos bons ao vosso lado.”8 O filósofo grego Tales de Mileto dizia: O mundo é cheio de deuses. Os deuses antigos eram Espíritos, segundo nos explica o Espiritismo. Há espíritos por toda a parte; há uma nuvem de Espíritos a nossa volta, dizia Paulo, o apóstolo. Imortalidade da alma: 8 KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns, 4ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1975. Questão 132 p.155 21 A terapia de vidas passadas (TVP) feitas pelos psiquiatras demonstra a pluralidade de existências passadas, ou seja, que já vivemos em outras épocas. Aceitarmos a possibilidade de vidas anteriores à atual nos leva a concluir que teremos outras vidas futuras.9 Pluralidade dos mundos habitados: Espírita confesso, o escritor e astrônomo francês Camille Flammarion (1842 1925), em 1860 lançou o livro Pluralidade dos Mundos Habitados, há cerca de cento e quarenta anos, contribuiu com Allan Kardec na construção do seu edifício doutrinário e, desta forma, o título do mencionado livro foi um dos cinco pilares que serviram de sustentação da Doutrina Espírita. Todos os globos que circulam pelo espaço são habitados, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno Globo (planeta Terra) tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Crêem que Deus criou o Universo somente para eles, dizem os Espíritos a Kardec. Comenta Kardec: “Deus povoou os Mundos de seres vivos, e todos concorrem para o objetivo final da providência”. Fala-nos o salmista David no Salmo 19-01: “Os céus proclamam a glória de Deus e o Universo anuncia as obras de Suas mãos”. O educador e orador Espírita Divaldo Pereira Franco pronuncia-se, dizendonos afirmar a Astronomia: “ A olho nu vemos duas mil e quinhentas estrelas; Com o uso de binóculo comum, cento e vinte mil; Com o uso de telescópio regular, trezentas mil; 9 MENEZES, Milton. Terapia de vidas passadas e espiritismo: distância e aproximações. 22 2ª Rio de Com o uso do telescópio do Monte Palomar (Califórnia - EUA), trinta bilhões. “A ciência, através dos radiotelescópios (aparelho receptor que permite observações astronômicas em faixa de comprimento de onda, possibilitando grande alcance) detectam estrelas a quinze bilhões de anos luz. Nossa galáxia possui mais de duzentos milhões de sóis. Há aproximadamente quinhentas mil galáxias. A luz (velocidade igual a trezentos mil quilômetros por segundo) leva cem mil anos para atravessar nossa galáxia”. O número de estrelas da Via Láctea é superior a cem bilhões. Uma pessoa contando uma estrela por segundo levaria mais de trezentos anos para contar todas as estrelas de nossa galáxia”. “Nossa Galáxia, a Via-láctea, é plana, semelhante a um ovo frito, a uma panqueca levemente espessa na parte central. Gira em torno de seu centro da mesma forma que os planetas giram em torno do sol (Heliocentrismo). Este movimento é periódico e seu período é de duzentos milhões de anos. Como a Terra está situada entre o centro e o bordo da Galáxia, nossa velocidade é naturalmente muito menor que a velocidade do bordo. Viajamos a quinhentos quilômetros por hora. Fala-nos Ronaldo Rogério de Freitas Mourão no livro Astronomia Popular”. A Ciência, através da Física demonstra: Nosso planeta, a Terra, com seis mil e quatrocentos quilômetros de raio gira no seu movimento de rotação com uma velocidade aproximada de mil e seiscentos Janeiro: Leymarie, 2000. 23 quilômetros por hora e no seu movimento de translação a cento e oito mil quilômetros por hora. Após o exposto, chegaremos a seguinte conclusão: Nada é estático, tudo é dinâmico, tudo é movimento. Por fim, diremos de maneira conclusiva: Deus é Poder, é Sabedoria, está presente em tudo, é o Criador de todas as coisas. Em resumo: Indiscutivelmente Deus é Amor. Nosso Planeta em relação ao Universo, como vemos, é uma gota d’água em relação ao maior dos oceanos, e para que? Será somente para extasiar a uns poucos? Pois a grande maioria não conhece quase nada da Terra em que vivemos, e ainda muito menos do Universo, como um todo. Terá Deus criado tudo isto inutilmente? O Espírita acredita que tudo que o Pai faz é grande, nobre, bom e útil. Crença na reencarnação: A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea acaba de depurar-se submetendo-se a uma nova existência, tendo o homem muitas existências corpóreas. Todos nós temos necessidades, para nos depurarmos, de múltiplas vidas corpóreas. Resulta desse princípio que após ter deixado o corpo a alma toma outro, em outras palavras, ela reencarna utilizando-se de um novo invólucro carnal. A reencarnação tem por finalidade: Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça de Deus? Fala-nos, Castro Alves, sobre a rencarnação: Castro Alves (14 de março de 1847 de julho de 1871) , poeta baiano “Há mistérios peregrinos É a luta eternaa e06 bendita, No mistério dos destinos assim se pronuncia em relação a encarnação, através de Chico Xavier em seu poema Em que o Espírito se agita Que nos mandam renascer: Marchemos: Da luz do Criador nascemos, Na trama da evolução; Múltiplas vidas vivemos, Oficina onde a alma presa Para a mesma luz volver. Forja 24 a luz, forja a grandeza Posteriormente, o Espiritismo passou a ser visto no tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião. Diz-nos Divaldo Pereira Franco: O válido para nós Espíritas, é o que Kardec propôs, os Espíritos assentiram e a Doutrina Espírita preservou. O Espiritismo, pela sua origem, é uma Ciência de pesquisa, uma Filosofia de comportamento e uma Religião de vivência. Em nossa Doutrina, há mais religiosidade do que religiosismo. A religiosidade é um estado de crença interior, o religiosismo é um aparato. Emmanuel (Espírito) através do médium Francisco Cândido Xavier nos diz: “Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado como um triângulo de forças espirituais. A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto cientifico e filosófico, a Doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza de seu imenso futuro espiritual.”10 O Espiritismo proclama: “Fora da caridade não há salvação, salvação no sentido de reparação, restauração, refazimento, mas admite: Fora da igreja e fora da verdade há salvação. Paulo, o apóstolo, assim se pronuncia no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo15: “Meus filhos, na sentença: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no Céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Não poderia o 10 XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador, 13ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1986 p.19 e 20. 25 Espiritismo provar melhor a sua origem do que a apresentando como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia nunca o homem se transviará. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fareis que pratiqueis o bem”. Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudesses gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente as que a possuem é que hajam de ser salvos; é que, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos para que vossos irmãos, observando-vos sejam induzidos a reconhecer que o verdadeiro Espírita e o verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam.”11 Enquanto a máxima “fora da caridade não há salvação” se apóia num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso a suprema felicidade, o dogma fora da igreja não há salvação se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém, numa fé especial em dogmas particulares; é separatista e incontestável. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os, em lugar de estimulá-los ao amor fraterno mantém e deixa evidente o rancor entre os seguidores de cultos diferentes. Fora da verdade é igualmente exclusivo, porque nenhuma seita há que não pretenda ter o privilégio da verdade. O Espiritismo, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz, Fora da verdade não há salvação, pois que esta máxima separa em lugar de unir e perpetua os antagonismos, isto é, as rivalidades. O Espiritismo considera que instruir, educar e evangelizar são verbos com significados diferentes e assim se pronuncia: Quem instrui prepara para a vida; quem educa 11 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 98ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988 p.261 e 26 dá vida; quem evangeliza salva vidas. Que seja nossa a tarefa da educação pela instrução e pelos hábitos ou à luz do Evangelho, para que a vida seja fomentada e se torne vida. A Doutrina Espirita vê Jesus como autoridade máxima, foi o Guia, o Modelo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem. Inspirado sempre pelo Pai Maior foi verdadeiramente o Médium de Deus. É o Mestre Nazareno o tipo de perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. O Criador no-lo oferece como o mais perfeito Modelo, e a Doutrina que Ele ensinou é a mais pura expressão de Sua lei. Foi o ser mais puro que já apareceu no Orbe. Portanto, Jesus é visto pela Doutrina Espírita como o Excelente Filho de Deus, o Supremo Governador Espiritual do nosso planeta. Também na educação, é Ele considerado o Educador dos educadores e assim se expressa o poeta vassourense Casimiro Cunha (1880 - 1914), através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, no seu poema Espiritismo: Gloriosa, divina e forte, Que clareia toda vida E ilumina além da morte. É árvore verde e farta Nos caminhos da esperança, Toda aberta em flor e fruto De verdade e de bonança. É uma fonte generosa De compreensão compassiva, Derramando em toda parte O conforto d’Água Viva. É a claridade bendita Do bem que aniquila o mal, O chamamento sublime Da vida Espiritual. É o templo da Caridade Em que a Virtude oficia, E onde a bênção da Bondade É flor de eterna alegria. Se buscas o Espiritismo, Norteia-te em sua luz: Espiritismo é uma escola, E o Mestre Amado é Jesus”. “Espiritismo é uma luz O Espiritismo nos ensina que a educação não começa com a vida carnal, no berço ou junto das mães, ela continua, prossegue , avança para um novo ciclo de experiência na carne, mesmo porque também no intervalo entre um vida e outra (erraticidade) o Espírito (desencarnado) aprende e, portanto, educa-se . “A educação do ser humano é de vital importância, de vez que é através dela que se viabiliza o processo educativo. A educação Espírita contudo, não preconiza 27 esta ou aquela forma, este ou aquele modelo, mesmo porque fórmulas e modelos são transitórios e precisam ser flexíveis, não apenas para atendimento de condições locais e temporais específicas, como porque também a metodologia é categoria evolutiva como o próprio ser humano. Haverá sempre espaço adiante e acima para conceber, testar e melhorar qualquer metodologia educacional. A Doutrina prefere mostrar os valores permanentes da vida para que no âmbito deles, se movimentem com liberdade e criatividade responsáveis os educadores. Uma advertência contudo, impõe-se aqui: A de que continua fazendo falta ao correto equacionamento dos problemas educacionais o conceito de rencarnação. Esta é a opinião de Hermínio Miranda, escritor e orador Espírita expressa no livro “O Espiritismo e os Problemas Humanos”.12 A educação é permanente, não cessa, continua sempre. Willian Kilpatrick, nessas palavras definiu a educação: “É preparação da criança para uma civilização em mudança. É preparação para a vida. Nas palavras de John Dewey ( 1859-1952), temos: Educação é vida. Paulo Freire, nos diz: Não há docência sem discência, e continua, ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar inexiste sem aprender.”13 Graças às “ Ciências da Alma” sabemos que a educação é fundamental à vida. Sendo o Espiritismo a Doutrina que desvelo o passado do Homem, apresentando a anterioridade da vida e as suas conseqüências no contexto da atualidade, oferece aos educadores os meios hábeis para ver, na criança, não o homem miniatura da conceituação escolástica, mas o espírito em aprendizagem ou em reeducação, dando-lhe os recursos 12 AMORIM, Delindo e MIRANDA, Hermínio C. O Espiritismo e os Problemas Humanos, 2ºed.- São Paulo; editora: União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (U.S.E) p.141. 13 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia ( Saberes necessários à prática Educativa), 15ºed.- São Paulo: Editora: Paz e Terra ( coleção Leitura), 1996 p. 23 a 26. 28 valiosos afim de que adestrado pela cultura moderna, possa, com os meios de natureza psíquica, psicossomática, armar-se para vencer os impedimentos, os limites e as dificuldades que terá para frente. “Tudo que se faz com amor dá certo. Educar é principalmente tirar da escuridão. É como ensinar o mundo. Você está dando uma luz e isso é muito gratificante”14, diz a professora Maria do Amparo.15 Em seu livro Muitas Vidas, Muitos Mestres, o professor Weiss (doutor Brian L. Weiss), psiquiatra e neurologista de renome, prova de modo inquestionável através da Terapia de Vidas Passadas (TVP) que já tivemos muitas vidas. Assim, a reencarnação é cientificamente provada. O Espiritismo a toma como um de seus postulados, bem como a imortalidade da alma. Daí dizer-nos a Doutrina Espírita, somos imortais, eternos fadados a perfeição, em outras palavras, não somos perfeitos, mas somos perfectíveis. Allan Kardec acreditou de tal maneira nesta realidade que mandou escrever em seu túmulo: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, esta é a lei. Definiu o sábio lionês, Allan Kardec o verdadeiro Espírita nestas palavras: Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto o Espírita imperfeito se contenta com o seu horizonte limitado, o Espírita verdadeiro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e quase sempre o consegue, se tem firme a vontade. Diz-nos Divaldo: Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, não teve a pretensão de dizer mais ou mesmo tanto quanto Jesus, procurou sim, atualizar em linguagem compatível com a Ciência o que Jesus havia dito em forma de parábolas. Não disse, Kardec, a primeira nem a última palavra, reconheceu sua condição de inferioridade em relação a Jesus, e foi taxativo quando asseverou que o Espiritismo acompanha o que a Ciência informa: Se a 14 MOYSÉS, Lucia Maria Moraes. O Desafio de Saber Ensinar, 5ºed.- São Paulo: Editora Papirus, 2000. p.103 15 WEISS, Brian L., Muitas Vidas , Muitos Mestres. Círculo do Livro LTDA- caixa postal 7413. 29 Ciência provar que a Doutrina Espírita está errada em um ponto, nós abandonaremos este ponto e seguiremos a Ciência. Declara-nos que a Revelação é contínua e progressiva. Quando Kardec dividiu as Revelações humanas em três ciclos, ele o fez considerando os grandes empenhos dos Reveladores para a humanidade. O primeiro ciclo Moisés, porque o Decálogo foi a maior Revelação tendo a justiça como elemento central. O grande legislador Hebreu, desta forma, se expressa na Bíblia Sagrada em Êxodo 21-24e25: Olho por olho, dente por dente, mão por mão,pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe. O segundo ciclo Jesus, porque é a lei do amor, ou seja, era o amor o elemento principal e assim se expressou o Messias Nazareno, segundo a narração do apóstolo Mateus 5-38e39: Aprendestes que foi dito: Olho por olho e dente por dente.__ Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra. O terceiro ciclo o Espiritismo, porque situou a justiça e o amor em uma síntese primorosa: A caridade! E desta forma ensina: Fora da caridade não há salvação. Assim, a Doutrina Espírita além do amor pregado pelo Divino Pastor, aceita todos os ditos, todos os feitos e todo o Evangelho do Senhor. Não nos referimos aqui exclusivamente aos quatro Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, mas aos vinte e sete livros do Novo Testamento. Aceitamos o Evangelho integralmente, sem nenhuma presunção de superar o ensino de Jesus, senão explicar, desenvolver completar e atualizar sob inspiração do consolador prometido por Jesus, segundo a narrativa de João no Evangelho, capítulos 14, 15 e 16. Para o Espiritismo, todos fomos criados simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimentos. Os Espíritos evoluem passando pelas provas que lhes oferecem. Não há demônios, no sentido de eternidade, todos, por menores que sejamos, chegaremos a angelitude, de outra forma, partindo do átomo chegaremos ao arcanjo, do quase nada para o quase tudo. Os Anjos foram criados como nós e chegaram onde estão através da lei do progresso, em outras palavras, evoluíram partindo do átomo. Somos hoje o que os anjos ontem foram, seremos amanhã o que os anjos hoje são. 30 O Espiritismo é, desta forma, uma Doutrina de bom senso, procura conduzir-nos ao conhecimento da verdade para vivê-la com responsabilidade. Mostra a Doutrina que a sabedoria é valiosa, mas necessita ajustar-se ao sentimento enobrecido para erguer-se em serviço e auxílio, sustento e equilíbrio, vida e luz. Ou ainda poderíamos fazer de nossas, as palavras de Michel Eyquem de Montaigne ( 1533-1592): “O saber, no seu verdadeiro e reto uso é a mais nobre e mais poderosa aquisição dos homens. Mas toda e qualquer ciência é perigosa àquele que não tem a ciência da bondadse”16. Mostra-nos ainda que o Espiritista está no dever de “compreender e ajudar, amar e perdoar, educar e construir, distribuindo tarefas edificantes e bênçãos de luz renovadora onde estiver.”17 Kardec foi considerado por Camille Flammarion, o poeta dos céus, seu amigo pessoal e dedicado, como o bom senso encarnado por ter codificado a Doutrina dos Espíritos, que tem por sustentação o raciocínio e a reflexão e Casimiro Cunha, o poeta vassourense, em sua linguagem poética mostra a importância e a beleza do Livro Espírita na educação através da poesia: ANTE O LIVRO ESPÍRITA “Ampara a escola que ensina, Que alfabetiza educando; Mas, sustenta o livro espírita, Que esclarece iluminando. Cinema? Rádio? Tevê? Quantas fontes de emoção! Mas, somente o livro espírita Aclara tua razão. Conheça o noticiário Quanto aos sucessos do dia; Mas, consulta o livro espírita, Fonte de luz e alegria. Ampara o desalentado Ante as provas do momento; Oferta-lhe o livro espírita Que clareia o entendimento. Aconselha bons produtos Do asseio conveniente; Mas, divulga o livro espírita Como higiene da mente. Constrói teu próprio ambiente No direito a que faz jus, Mas, recorda: Livro espírita É bênção de amor e luz!” 16 WANTUIL, Zêus e THIESEN Francisco. Allan Kardec ( Meticulosa pesquisa Biobibliográfica), 4ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1984 .p. 92 e 93. 17 XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada Cristã, 2ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1948 .p. 103. 31 O título: Noções Básicas e Fundamentais de: O que é o Espiritismo é justificado por algumas poucas informações aqui apresentadas. O Espiritismo ainda diria como normas fundamentais para desfrutarmos da paz e da felicidade que nosso acanhado Planeta de provas e expiações (classificação esta dada pela Doutrina dos Espíritos conforme O Evangelho Segundo o Espiritismo 3-4) pode nos ofertar: - O sol brilha lá fora, ajude-o a brilhar dentro de você através dos seus feitos nobres. - Você nasceu para ser feliz, mas a felicidade é efeito, resultado da vivência do seu dia a dia. - Você nasceu para amar, é preciso lembrar o ensinamento de Francisco de Assis: É dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado... - Você não nasceu para ser servido, mas para servir, ajudar, ser útil, alegrar a vida do seu próximo. O pensamento básico é este: Quem não vive para servir não serve para viver. - o mal que me fazem não me faz mal, se eu não deixar, se eu viver no bem, fazendo o bem sem me importar a quem. O mal que mal me faz é o mal que faço. Este mal sempre mal me faz. - Você está fadado ao progresso, ele ocorrerá por dois caminhos: O amor e a dor. Quem vai escolher é você. Não esquecendo nunca disto: O bem que se faz anula o mal que se fez. 32 Biografia de Allan Kardec Allan Kardec, cujo verdadeiro nome é Hippolyte Léon Denizard Rivail, nasceu na cidade de Lion (França), a 3 de Outubro de 1804. 33 Rivail, realizou seus primeiros estudos em Lion, completando-os em Yverdon (Suíça) no então famoso Instituto de educação Pestalozzi (1805-1825), aí ingressando com dez anos de idade, permanecendo até o final de 1822 presumivelmente, retornando a Paris em janeiro de 1823. Procurando seguir as pegadas do mestre Pestalozzi, cujo método permitia ao povo e às crianças em geral uma educação mais adequada, mais racional e mais prática, Rivail iniciou seu trabalho no magistério, e de 1824 a 1855 publica cerca de vinte livros sendo o primeiro: Curso Prático e Teórico de Aritmética, segundo o método pestalozziano. Entre outras matérias lecionou, por cerca de 30 anos como pedagogo de incontestável autoridade: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês. Conhecia o alemão, o inglês, o holandês, assim como o latim, o grego, o gaulês e algumas línguas neolatinas. Casa-se em 6 de fevereiro de 1832 com a professora de Letras e Belas-Artes e escritora Amélie Gabrielle Boudet (21 de novembro de 1795 a 21 de janeiro de 1883) – a Gaby –,que havia publicado três livros: Contos Primaveris (1825), Noções de Desenho (1826) e o Essencial em Belas Artes (1828). Mostrando-nos seu imenso desprendimento no que se refere às coisas materiais, fundou em sua própria casa cursos gratuitos das disciplinas que lecionava, quais sejam: Matemática, Química, Física, etc, para sanar as dificuldades de estudantes carentes e, deste modo lecionou de 1835 a 1840. Em 1855, as manifestações consideradas novas das mesas girantes ou falantes atraíram a atenção pública. Allan Kardec com imensa paciência acompanha essas ocorrências levadas a efeito em Paris como em diversas outras cidades da França e de outros países. 34 A partir de meados de 1855 é que o professor Allan Kardec iniciou seus estudos sérios de Espiritismo, nele encontrando, afinal, o elemento com o qual é possível eliminar algumas das dificuldades impeditivas, facilitando entendimento entre as religiões Allan Kardec recebe de um grupo de amigos que freqüentava, há cerca de cinco anos, reuniões onde ocorriam os fenômenos das mesas girantes, o estudo dos fenômenos reunidos em cinqüenta cadernos com comunicações diversas que não conseguiram ordenar. Segundo comunicação espiritual recebida em 11 de setembro de 1856, a tarefa árdua de compilar, separar, comparar, resumir e coordenar as mensagens espirituais contidas nos referidos cadernos foi a primeira tarefa do sábio educador. Assim, em 18 de abril de 1857, ou seja, sete meses após a anúncio dos Espíritos é publicada a primeira edição de O Livro dos Espíritos contendo 501 perguntas de Kardec e respectivas respostas de Espíritos Superiores, acrescida de notas e comentários do Codificador, sendo posteriormente ( 18 de março de 1860 ) ampliado para 1019 questões que é a segunda edição, aquela que se tornou definitiva, passando a ser adotada e seguida em todo o mundo espiritista. No banquete que os espíritas lioneses ofereceram a Allan Kardec, em 19 de setembro de 1860, o homenageado, ao agradecer as palavras carinhosas dirigidas a ele e à obra “O Livro dos Espíritos”, assim ressaltava quase ao começo do seu discurso, provavelmente se referindo à segunda edição, já lançada havia seis meses (18 de março de 1860): “O Livro dos Espíritos teve o objetivo de mostrar o alcance filosófico (do Espiritismo); se este livro tem algum mérito, presunçoso seria eu se disso me glorificasse, pois a Doutrina que ele encerra de maneira alguma é minha; todo o mérito do bem que ele tem produzido pertence aos Espíritos Sábios que o ditaram e que se dignaram servir-se de 35 mim. Posso, assim, ouvir o elogio a eles sem que minha modéstia se melindre e sem que meu amor próprio se exalte” Em seguida, na ordem cronológica são publicadas as demais obras que compõem o Pentateuco Espírita: Livro dos Médiuns em 15 de janeiro de 1861; Evangelho Segundo o Espiritismo em 15 de abril de 1864; Céu e Inferno em 1º de setembro de 1865; A Gênese em 6 de janeiro de 1868. Allan Kardec, verdadeiramente demonstrou sobejamente sua preocupação com a educação durante toda sua vida de educador. Vejamos como se dirige ele aos Espíritos, já como codificador da Doutrina Espírita: “A severidade das leis penais não é uma necessidade no estado atual da sociedade? Pergunta. “Uma sociedade depravada tem certamente necessidade de leis mais severas. Infelizmente essas leis se destinam antes a punir o mal praticado do que cortar a raiz do mal. Somente a educação pode reformar os homens, que assim não terão mais necessidade de leis tão rigorosas.”18. Resposta. Outros feitos notáveis foram realizados pelo insigne educador: Revista Espírita em 12 volumes, cujo 1º volume veio a lume em primeiro de janeiro de 1858; fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em primeiro de abril de 1858; lançou O que é o Espiritismo em julho de 1859; anotações doutrinárias que deram origem ao livro Obras Póstumas publicado em 1890. 18 KARDEC, Allan. O Livros dos Espíritos. 38ºed.- Rio de Janeiro; Editora FEB, 1978. Questao 796.p.324. 36 No momento da publicação do Pentateuco surge um problema embaraçoso no que se refere ao nome a ser adotado. Cumpridor fiel de sua missão patriota e humanitária, tornava-se famoso e de autoridade imensa bastando dizer que seu 1º livro até 1876 teve várias edições sendo o 2º no ano de seu lançamento (1824). Sendo seu nome muito conhecido no mundo científico e podendo originar confusão, adotou o nome de Allan Kardec, nome que, segundo lhe fora revelado, tivera em outra encarnação ao tempo dos druidas. Realizou Kardec, uma série de viagens (em 1860, 1861, 1862, 1864, etc) percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas elas semeando as idéias Espíritas. Allan Kardec tinha por lema a tríade: Trabalho, solidariedade e tolerância, considerando a educação como se segue: É conjunto de hábitos adquiridos. É pela educação mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade. A respeito desses dois vocábulos (Educação e Instrução) eis como se expressou o deputado, escritor, publicista e administrador francês Augustin Cochin ( Paris 1823- Versalhes 1872) biógrafo de Pestalozzi: A instrução é mais especialmente a aprendizagem da ciência. A educação é a aprendizagem da vida A instrução desenvolve e enriquece a inteligência A educação dirige e fortifica o coração A instrução forma talento, A educação, o caráter. A missão da educação é mais elevada, mais difícil a sua arte. 37 Desencarna Kardec aos 65 anos em 31 de março de 1869, fulminado pela ruptura de um aneurisma. Sepultado a dois de abril de 1869 no cemitério de Montemartre em Paris, no ano seguinte transferido para o cemitério Père-Lachaise. Na pedra tabular, foi insculpida a seguinte inscrição: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, esta é a lei. Eis, em linguagem pálida e poética a biografia do discípulo do eminente Educador da Humanidade: “Allan Kardec- Um exemplo de vida Allan Kardec, o mestre, o escritor, o codificador, Em mil oitocentos e quatro, na França, reencarnou. A três de outubro tal fato se realizou Atendendo à solicitação do Cristo Consolador. Em Yverdon, na Suíça, o lionês, em mestre se diplomou. Longos anos estudou, tendo o insigne Pestalozzi como professor. De volta à cidade natal trabalhou como mestre, escritor, E com Amélie Gabrielle Boudet- a Gaby- se consorciou. Já qüinquagenário, o sábio Rivail, Espírita se tornou. Recebendo 50 cadernos, o Livro dos Espíritos ordenou. Nos anos seguintes o restante do Pentateuco codificou. Em trinta e um de março de mil oitocentos e sessenta e nove, Vitimado por um aneurisma, cai e não mais se move, mas, trabalho, solidariedade e tolerância, tal lema exemplificou.”19 Assim, temos em linhas gerais, a vida e a obra daquele que foi considerado o Codificador do Espiritismo que, por sua vez, foi chamada de a terceira revelação ou o 19 PETRI, Waldemar. Allan Kardec- Um exemplo de vida. O Espírita Fluminense, Niterói março/abril, 2001.p.14 38 Consolador Prometido por Jesus segundo nos narra o Evangelista João nos capítulos 14, 15 e 16 da Bíblia Sagrada. Pensamentos de Allan Kardec : “A educação é a obra da minha vida.” “Os meios próprios para se educar a juventude são uma ciência bem distinta que se deveria estudar para ser educador, como se estuda a medicina para ser médico.” “A educação é a obra de minha vida, e todos os meus instantes são empregados em meditar sobre esta matéria; feliz quando encontro algum meio novo ou quando descubro novas verdades. Esforço-me por reformar o que me parece defeituoso, por acrescentar o que me parece útil. Não faltarei à minha missão, pois penso compreedê-la. Inimigo de todo charlatanismo, não tenho o tolo orgulho de acreditar cumpri-la com perfeição, mas tenho, ao menos, a convicção de cumpri-la com consciência.” “Há uma grande diferença entre um professor e um educador; o primeiro se limita a ensinar; é suficiente, para cumprir sua função, ser bom instruído e ter um bom método; mas o segundo é encarregado do desenvolvimento interior do homem e a isto se dá menor importância. Se o primeiro é ignorante, ele fará apenas ignorantes, o outro fará homens vitoriosos.” “Para todo homem que pense, que ama a Humanidade, que crê em sua reforma, em seus progressos, que tem fé em Deus e em seus designios soberanamente bom, a educação foi sempre e é mais do que nunca a grande questão, a suprema esperança, a solução da posterioridade .” 39 Biografia de Pestalozzi Johann Heinrich Pestalozzi, escritor e pedagogo suíço (Zürich 1746- Brugg 1827). Considerado um dos criadores da pedagogia moderna, liberal e racionalista, fortemente influenciado, pelo escritor (livro Emilio) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), seu professor, voltou-se para o ensino fundamental, tentando teorizá-lo à base de prática e experimentação afetiva. Partia da criança para o ensino e não vice-versa. Esforçou-se para melhorar a educação das crianças pobres. Fundou várias escolas, dentre elas em Neuhof (escola-lar para crianças desamparadas), em Stans, Burgdorf e Yverdun, ora com propósitos filantrópicos, ora experimentais. Deixou várias obras, dentre elas “Leonardo e Gertrudes”, em quatro volumes (1781-1787) expondo suas idéias acerca dos problemas humanos de sempre, pregando uma reforma social, moral e política. Como “Gertrude ensina seus filhos” (1801), concentrou-se no problema específico da educação, que deveria ser ministrada a partir de dois princípios básicos: Primeiro, o de que o pensamento preciso e claro depende de observação atenta de objetos reais; segundo, o de que palavras e idéias, só fazem sentido quando relacionadas com coisas concretas. Preconizava, assim um estudo prático e objetivo voltando para a real idade dos fatos. O grande educador suíço, carinhosamente chamado, “pai Pestalozzi”, destaca-se no meio espírita por sua famosa escola em Yverdun (1805-1825), pois é nela que Hippolyte- Leon Denizard Rivail- o futuro Allan Kardec- passou alguns anos decisivos da sua formação cultural e humanística. 40 Estabeleceu Pestalozzi, em Yverdun, inúmeras conclusões, ate hoje aceitas, a respeito dos critérios de determinação da maturidade de um indivíduo. Assim se pronunciou kardec a respeito do currículo observado em Yverdun: “o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da humanidade, se os princípios que eles exprimem pudessem receber integral aplicação” Pestalozzi, considerado o educador da humanidade, era de opinião que “o amor é o eterno fundamento da educação”, princípio esse que ele traduziu em ação, assumindo a responsabilidade de dar abrigo e instrução a crianças carentes e abandonadas, às vezes sob as mais adversas condições, pois não dispunha de recursos próprios. Anna Pestalozzi Schulthess (1738 – 1815), esposa do mestre suíço “muito instruída, além do alemão, falava perfeitamente o francês e, por várias vezes, foi junto às crianças de língua francesa, idioma que Pestalozzi conhecia pouco e falava mal e com dificuldade, a paciente intérprete para um melhor relacionamento delas com o velho mestre”.20 As atividades de Yverdum explicam a razão do renome mundial que o instituto gozava. Não havia castigos nem recompensas. Pestalozzi não queria estímulo nem medo. Só admitia a disciplina do dever, ou melhor, a da afeição, do amor. Nas advertências que fazia, sempre indiretas, punha tanta bondade e compreensão em suas palavras, que não raro os alunos se retiravam com lágrima nos olhos, de sincero arrependimento. Além de receberem excelente prepara físico, intelectual e moral, os alunos eram igualmente educados para a vida em sociedade, de modo a poderem enfrentar o mundo em qualquer situação ou circunstância. A 17 de fevereiro de 1827, por volta das seis horas o médico foi chamado às pressas. Eram os últimos instantes do grande educador zuriquense; ele abre os olhos, fita 20 WANTUIL, Zeus, THIESEN, Francisco. Allan Kardec “Meticulosa Pesquisa Biobibliográfica”. 4ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1984, passim. 41 os familiares que o cercam e, assim se pronuncia com um sorriso triste: “Ficai tranqüilos e procurai a felicidade em vosso círculo de amigos e em vosso lar”. Às sete e meia, serenamente expirou. Tinha nos lábios um sorriso. “É o sorriso do anjo que o veio levar”, disse um dos presentes. No dia 19, os restos mortais do mestre foram confiados `a terra, na cidade de Birr, perto de Neuhof. A cerimônia fúnebre terminou com um canto composto pelo pastor Frählich, seu íntimo amigo, e cujo primeiro verso dizia: “Celebrai o justo que vem ao seu Senhor Depois de longo sofrimento. O libertador lhe diz: Tu me foste fiel, Entra agora em minha alegria.” A inauguração do monumento que o Grande Conselho de Argóvia decidiu erguer em sua memória, deu-se a doze de janeiro de 1846, data do centésimo aniversário do sábio educador Suíço. A cerimônia contou com a presença do Conselho de Instrução Publica. Vê-se no mausoléu o busto de Pestalozzi; logo abaixo lê-se a inscrição de Augustin Keller, antigo diretor da Escola Normal de Argóvia: “Aqui repousa HEINRICH PESTALOZZI Nascido em Zurich a 12 de janeiro de 1746, morto em Brugg a 17 de fevereiro de 1827 Salvador dos pobres em Neuhof, Pregador em Leonardo e Gertrudes, Pai dos órfãos em Stans, Fundador da Nova Escola Popular Em Burgdorf em münchenbuchsee, 42 Educador da humanidade em yverdon. Homem, cristão, cidadão. Tudo para os outros, nada para ele. Bendito seja o seu nome! A nosso pai Pestalozzi A Argóvia reconhecida.”21 Foi com justiça e verdade que se lavrou no frontal do monumento erigido à memória do mestre suíço, em Birr (cantão de Argóvia), o epitáfio visto acima que, entre outras coisas, dizia ter sido ele: Salvador dos pobres em Neuhof; Pai dos órfãos em Stans; em Yverdun, O educador da Humanidade; Homem, cristão,cidadão; tudo para os outros nada para ele. 21 INCONTRI, Dora. Breve Historia de Pestalozzi. 1ºed.- São Paulo: Editora:Ribeirão Gráfica, 1996, passim. 43 CAPÍTULO II ALLAN KARDEC E SUA METODOLOGIA EDUCACIONAL 44 MÉTODO DE ENSINO Logo em sua primeira obra (Curso Prático e Teórico de Aritmética), Rivail relaciona em seis itens os princípios que lhe parecem mais apropriados ao ensino, fazendoo em harmonia com o processo pedagógico do sábio mestre suíço Pestalozzi. Eis os princípios que guiaram o mestre lionês na preparação do seu Curso de Aritmética, alguns dos quais o nortearam posteriormente nos estudos e nas pesquisas Espíritas como também na Codificação da Doutrina dos Espíritos: 1º-Cultivar o espírito natural de observação das crianças, dirigindo-lhes a atenção para os objetos que as cercam. 2º-Cultiva\r a inteligência, observando um comportamento que habilite o aluno a descobrir por si mesmo as regras. 3º-Proceder sempre do conhecido para o desconhecido, do simples para o composto. 4º-Evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz. 5º-Conduzi-lo a apalpar com os dedos e com os olhos todas as verdades. Este princípio forma, de algum modo, a base material deste Curso de Aritmética. 6º-Só confiar à memória aquilo que já tenha sido apreendido pela inteligência.” 45 Chegando a Paris, o professor Allan Kardec pôs-se ao exercício do magistério, e nas horas vagas traduzia obras inglesas e alemãs como também preparava o seu primeiro livro que, já em 06 de dezembro de 1823 estava à venda. Desta forma, a obra em questão assentava-se em bases pestalozzianas, mas apresentava o esforço e o talento do jovem professor, que a recomendava aos institutores e às mães de família que quisessem dar aos seus filhos as primeiras noções de aritmética, e primava pela simplicidade e clareza, qualidades estas que são aliás, o principal mérito de verdadeiro modelo, a imagem viva da educação. A perfeita educação, no cerne de sua natureza, em seu ideal maior, deve ser a imagem da mãe de família. As primeiras educadoras de seus filhos são as mães, e a quem também se pode encarregar da primeira instrução, apesar de que esta parte está mais afeta às escolas. Allan Kardec seguia, assim, as diretrizes do legislador da Escola Moderna que, por sua vez, se inspirara em Rousseau, a magistral figura pedagógica do século.XVIII que dizia: “A primeira educação é a que mais importa, e essa primeira educação compete incontestavelmente às mulheres” “Jean-Jacques Rousseau participou do movimento chamado Iluminismo, Ilustração ou Época das Luzes. Suas idéias favoráveis à liberdade intelectual e a independência do homem tiveram grande influência no fim do Absolutismo através da Revolução Francesa (1789). Como escritor, suas principais obras são: O discurso sobre a desigualdade entre os homens, onde afirma não ser natural a desigualdade entre estes, O contrato social, que é uma síntese de suas teorias políticas, Emilio, onde expõe o seu ideal educativo, baseado na natureza e no desenvolvimento da aptidão da criança, sem recorrer à coação ou à violência. 46 No campo educacional, sua influência deveu-se principalmente ao seu livro Emílio. Segundo Paul Mourõe, foi em número de quatro as principais contribuições de Rousseau que muito influenciaram a educação posterior: A educação natural, a educação como processo, a simplificação do processo e a importância da criança”22 Allan Kardec, parece ter dado ao sexto e último princípio de seu método educacional, atenção especial. No frontispício do segundo volume da primeira obra por ele lançada é transcrita uma frase de autoria do sábio e grande matemático francês Silvestre Francisco Lacroix, frase que destaca a importância, na primeira educação, da memória associada ao juízo. “A condição essencial da memória é a atenção, a ordem, a inteligência, em suma, o juízo e o espírito crítico. Portanto, devem confiar-se à memória conhecimentos claros, bem ordenados e facilmente assimiláveis”. A criança traz consigo a curiosidade inata que precisa ser despertada conforme o primeiro princípio educacional enunciado. Daí nascerão a atenção, a percepção e a memória inteligente, não a memória papagueadora e pedantesca, segundo a expressão usada pelo sábio e conhecidíssimo Rui Barbosa. O professor Allan Kardec recomendava a memória raciocinada, que faz uso do juízo para reter as idéias a serem assenhoreadas pela inteligência, em oposição a memória mecânica que só retém as palavras. Allan Kardec utilizou-se do ensino intuitivo, processo educacional indicado pelo sábio mestre zuriquense , segundo o qual se transmitem ao educando a realização, a atualização da idéia recorrendo-se ao exercício de intuição sensível (educação dos sentidos), com passagem natural a atividades mentais que anunciam a intuição intelectual. “A idéia existe originariamente na criança, e a intuição sensível e só a sua realização concreta, único meio de a idéia se tornar compreensível, porque se encontra com força 47 modeladora que vive e atua na criança” e o ensino intuitivo assenta-se na substituição do verbalismo e do ensino livresco pela observação, pelas experiências, pelas representações gráficas, etc., operando sobre todas as faculdades da criança. A base da instrução elementar de Pestalozzi é a INTUIÇÃO que ele considera como o fundamento geral de nossos conhecimentos e o meio mais apropriado para desenvolver as forças do espírito humano, de maneira mais natural. O método intuitivo na educação “é a criança vendo, tocando, descobrindo, não toda a ciência, mas sucessivamente tudo o que na ciência está ao seu alcance”. Danniel Alexandre Xavannes, na primeira obra que deu conhecimento aos franceses do método educacional pestalozziano, fez um estudo do significado da palavra intuição: A impressão recebida pelos sentidos exteriores, e principalmente pela visão, comunica-se imediatamente à alma, que adquire por esse meio, o sentimento ou a consciência do objeto. Essa representação do objeto, colhida pela alma, é chamada de intuição. Uma instrução intuitiva é a que permite a criança tocar com o dedo e com o olho aquilo que se lhe ensina. É necessário que a criança possa ver com os seus olhos a evidência, que possa apalpá-la, por assim dizer. Para René Hubert, não há entre a doutrina intuitiva, tal como era recomendada aos institutores do início do séculoXIX, e a doutrina das escolas novas outras diferenças além das que dizem respeito a inserção, entre o princípio e a sua aplicação, das descobertas da psicologia experimental da criança. Embora adotasse o método intuitivo pestalozziano, Kardec achou prudente não deixar de todo o método abstrato ainda em voga em grande parte dos educandários franceses. Procurou conciliá-lo com a doutrina e a prática da escola intuitiva, assim, os educandos, sem maiores dificuldades se adaptariam a um ou a outro método educativo. 22 PILETTI, Claudino e PILETTI Nelson. Filosofia e História da Educação. 5ºed.- São Paulo: Editora Ática, 48 Com o lançamento de seu primeiro livro, o professor Rivail iniciou na França a sua grande missão patriótica e humanitária de educador e pedagogo emérito. Ali ele se afirmou como uma das maiores autoridades, na aplicação do método do sábio educador suíço. Em meados de 1825, Allan Kardec começou a dirigir a “Escola de primeiro grau”, estabelecimento de ensino que foi o primeiro por ele fundado em Paris e Consagrando-se às funções diretivas e educativas do estabelecimento de ensino por ele fundado, o jovem educador Allan Kardec ocupava seu tempo de lazer na preparação de aulas e na redação de assuntos e problemas relacionados com a educação, trocando idéias com seus colaboradores e amigos, visando o aperfeiçoamento da arte de ensinar. E assim se expressa: “Esforço-me em reformar o que me parece defeituoso, em acrescentar o que se me afigura de utilidade, em aproveitar, em resumo, das observações que faço diariamente”. Em verdade, faziam-se presentes a personalidade de professor o amor ao estudo, o culto do saber, o destemor das idéias, a força moral, e, desta forma era respeitado e querido por todos que o cercavam. Allan Kardec era mais um segundo pai que um mestre, pois nele morava, em sintonia com a doutrina pestalozziana, o espírito de família, continuando, junto aos jovens a tarefa educativa iniciada no lar, que é a primeira escola, como também os pais que são os primeiros educadores. Tendo por auxiliares vários professores, dentre eles a ilustre e erudita escritora e professora Amélie Gabrielle Boudet, com a qual se consorciou a 06 de fevereiro de 1832, desenvolveu ali notável trabalho de aprimoramento da inteligência de centenas de estudante. Allan Kardec concretizava de maneira espontânea estas diretrizes anunciadas pelo pedagogo suíço: “O amor é o eterno fundamento da educação. Por isto, a toda hora os 1987. cap.13: A educação na época do absolutismo. p.120-123. 49 meus pupilos devem ler no meu rosto que meu coração está com eles, que é minha a sua ventura, que a sua alegria é a minha alegria.” A Instituição Educacional Rivail funcionou até 1834; assim, a 14 de agosto do ano em questão, precedendo as férias escolares bem como ao encerramento das atividades escolares do mencionado educandário, considerou em torno da educação dos jovens, seu tema predileto em sintonia com o método pestalozziano:“Assim como as aptidões do jardineiro não se reduzem à ciência de colocar plantas na terra também o talento do institutor não pode limitar-se ao ensino dos rudimentos”. Bem mais tarde ele escreveria: “Para instruir a infância é preciso grande tato e muita experiência, pois não se imagina o alcance que pode ter uma simples palavra imprudente, a qual, do mesmo modo que o grão de erva daninha, germina nesses jovens imaginações como em terra virgem ou inculta. Quase ao final pronuncia-se Allan Kardecl: Instruindo-vos, trabalhais em beneficio da vossa própria felicidade. Consta ainda no discurso acima: A fonte das qualidades encontra-se nas impressões que a criança recebe ao nascer, talvez antes. No final de seu discurso, ei-lo a pronunciar-se confessando: A educação é a base , é a sustentação da minha vida, e todos os meus momentos eu os dedico para meditar sobre esta matéria”. Já em 1858, como codificador do Espiritismo, que surgiu em 18 de abril de 1857 por questão do lançamento da primeira edição de O Livro Dos Espíritos”, frisava: “Esta teoria estava tão longe do nosso pensamento quando os Espíritos no-la revelaram que ela nos surpreendeu de maneira estranha, porque confessamo-lo com toda a humildade, o que Platão havia escrito sobre este assunto especial, nos era então integralmente ignorado, mais uma prova, entre mil outras, de que as comunicações as quais nos têm sido dadas não refletem, com certeza a nossa opinião particular ou pessoal”. “A Doutrina dos Espíritos, no 50 que se refere a reencarnação, nos surpreendeu, pois, diremos mais: Contrariou-nos porque lançava por terra nossas próprias idéias”. O discípulo de Pestalozzi, considerando a educação como a obra de sua vida, dedicava todo seu tempo possível para melhor e mais conhecê-la. Isto posto, lógico está que Sócrates ( 470-399 a.C), Platão (428-348 a.C), discípulo de Sócrates durante mais de vinte anos, assim como Aristóteles (384-322 a.C) não lhe eram desconhecidos, no que concerne a assuntos pedagógicos. Conclui-se que estes filósofos pedagógicos que influenciaram várias gerações e que são até o presente incluídos nos tratados de pedagogia e psicologia, podem ter influenciado o mestre lionês. Daí a frase final do discurso do professor Denizard: “Talvez antes”. Aristóteles como Rousseau , no “Emilio”, detalha os cuidados que é preciso dar à primeira infância. Conforme Platão, quer ele, que se prepare a educação da criança mesmo antes de seu nascimento e prescreve às mães durante a gravidez: “As crianças ressentem as impressões das mães, tanto quanto os frutos ressentem do solo que os nutre, ou seja, os alimenta”. O sábio Aristóteles define com simplicidade a felicidade, por todos os homens, tão almejada em todos os tempos: “A felicidade consiste em fazer o bem.”23 Sócrates verdadeiramente foi um grande educador, foi considerado o maior filósofo de todos os tempos, seu saber é incontestável. Tornou-se conhecido pelas célebres frases: “Eu só sei que nada sei”; “Saber é recordar”; “Onde quer que eu vá aí ira o meu pensamento. Onde vá meu pensamento aí estarei”. “Homem conhece-te a ti mesmo”. Ensinava o sábio mestre ateniense: “Só há um bem: O conhecimento. Só há um mal: A ignorância”. 51 “Os homens ainda não se reconheceram a si mesmos. Ainda são cidadãos de pátria, sem serem irmãos entre si. Marcham uns contra os outros sob a proteção de bandeiras que os desunem aniquilando-lhes os mais nobres sentimentos de humanidade. Nosso projeto de difundir a felicidade na terra só terá realização quando os homens deixarem de ser cidadãos para serem homens conscientes de si mesmos. Os estados e as leis são invenções puramente humanas, justificáveis, em virtude da heterogeneidade com respeito à posição evolutiva das criaturas; mas, enquanto existirem sobrará a certeza de que o homem não se descobriu a si mesmo para viver a existência espontânea e feliz, em comunhão com as disposições divinas da natureza espiritual. A humanidade está muito longe de compreender esta fraternidade no campo sociológico. A nossa única realidade é a vida do Espírito. Nossa tarefa, para que os homens se persuadam com respeito à verdade, deve ser toda indireta. O homem terá que realizar-se interiormente pelo trabalho perseverante, sem o que o esforço dos mestres não passará do puro verbalismo. As criaturas humanas ainda não estão preparadas para o amor e para a liberdade. Durante muitos anos, ainda, todos os discípulos da verdade terão de morrer muitas vezes”.24 Sócrates era frontalmente contrário ao suicídio. Dedicado especialmente a educação dos jovens, foi acusado de corrompê-los e condenado na Assembléia ateniense, o coordenador, ou seja, o reprovador do suicídio viuse forçado a suicidar-se. Obrigaram-no a ingerir cicuta. 23 SIMONETTI, Richard. Um jeito de ser feliz. 1ºed.- São Paulo: Editora CEAC 1990. Cap.3 A omissão dos bons. p. 31. 24 XAVIER, Francisco Cândido. Crônicas de Além-túmulo 8ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1975: Sócrates p.151 a 156. 52 No sistema educacional Platoniano que é de dois ciclos, encontramos: O primeiro, começa com o nascimento da criança, antes mesmo do seu nascimento, o segundo termina aos vinte anos. Pelo que Platão fala, não se deve esperar que a criança venha ao mundo para educá-la. O embrião já é sensível a certas impressões. Alma e corpo podem receber, nesse período de sua existência impressões duradouras. Chega o discípulo de Sócrates a dar às mulheres grávidas conselhos, úteis indiretamente ao nascituro. René Hubert, ao estudar a psicologia infantil, registra este pronunciamento de Hermann Minkowski (1864-1909) matemático lituano fundador da geometria dos números, quanto ao crescimento mental do ser: “Não há razão séria para não julgar possível, senão provável, a existência no feto de um fundo nascente vago e obscuro, de elementos psíquicos próprios, inconscientes ou pré-conscientes, ou para falar como Aristóteles de uma alma obscura vegetativa e nutritiva no começo, sensitiva em seguida. Não se percebe, com efeito, em que momento particular da história ontogênica (relativo ao estudo da formação e desenvolvimento do ser vivo, acompanhado em todas as fases de sua evolução) do indivíduo se deva assentar o aparecimento de elementos psíquicos subjetivos. Nada nos obriga a colocar esse momento após o nascimento, e não antes dele”. De qualquer maneira “a experiência particular adquirida pelo feto ao decorrer de sua evolução, experiência que ele trás consigo ao vir ao mundo constitui um alicerce indestrutível no qual serão inseridas todas as impressões posteriores”. A herança do método educacional pestalozziano, no que se refere ao amor, levou Alaan Kardec, homem de coração terno, caráter integro, a considerar os educandos como amigos. Ele os chamava de “meus amigos”. Pestalozzi, considerado o educador da humanidade pelo educandário de Yverdon; vivia o amor em sua tarefa educativa, daí a dizer: “O amor é o eterno fundamento da educação”. 53 Traços profundos deixados pelo processo educacional do mestre suíço, possibilitaram Allan Kardec a expressar-se: “a toda hora os meus pupilos devem ler em meu rosto que meu coração está com eles, que é minha a sua ventura, que a sua alegria é a minha alegria”. “A educação, dizia Denizard, se for bem compreendida será a chave do progresso moral. Não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tem de fazer homens de bem”25 Quanto a religião, mais tarde assim se expressava já quando atuava como Codificador da Doutrina Espírita, salientando a magnitude da parte moral na mensagem cristã: “É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se originaram das questões dogmáticas. Nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo.” Desta forma, o Espírita se pronuncia: “Allan kardec é um exemplo de vida:Como mestre, escritor, Codificador. Pelos adjetivos acima e outros mais, foi respeitado por sua vivência coerente, pelo bom senso que utilizava na solução dos problemas que surgiam, e daí, querido e amado por todos que o rodeavam”26 Vivia, portanto, o discípulo de Pestalozzi como verdadeiro educador, educava no sentido integral, conhecia o princípio fundamental da educação: “A educação da alma é a alma da educação”27 25 KARDEC, Allan. O Livro dos Espírito 38ºed.-Rio de Janeiro: Editora FEB, Questão 917 p.365. WANTUIL, Zeus e THIESEN Francisco, Allan Kardec( Meticulosa Pesquisa Biobibliográfica). 4º.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1984 passim. 26 27 VIEIRA, Valdo. Conduta Espírita. 13ºed.-Rio de Janeiro: Editora FEB, 1978. Perante a Instrução cap.42. p.141. 54 Eis, portanto, o Método Educacional daquele que considerou dever esforçarse por reformar o que lhe pareceu defeituoso, em acrescentar o que se lhe mostrava útil para somar, para melhorar. 55 CAPÍTULO III PESTALOZZI E SUA METODOLOGIA EDUCACIONAL 56 MÉTODO DE ENSINO Os princípios gerais dos métodos propostos por Pestalozzi foram resumidos por Morf, um de seus discípulos: 1.A observação ou percepção sensorial (intuição) é a base da instrução. 2.A linguagem deve estar sempre ligada à observação (intuição), isto é , ao objeto ou conteúdo. 3.A época de aprender não é época de julgamento e crítica. 4.Em qualquer ramo, o ensino deve começar pelos elementos mais simples e proceder gradualmente de acordo com o desenvolvimento da criança, isto é, em ordem psicológica. 5.Tempo suficiente deve ser consagrado a cada ponto do ensino, a fim de assegurar o domínio completo dele pelo aluno. 6.O ensino deve ter por alvo o desenvolvimento e não a exposição dogmática. 7.O mestre deve respeitar a individualidade do aluno. 8.O fim principal do ensino elementar não é ministrar conhecimentos e talento ao aluno, mas sim desenvolver e aumentar os poderes da sua inteligência. 57 9.O saber deve corresponder ao poder e a aprendizagem à conquista de técnicas. 10.As relações entre o professor e o aluno, especialmente em disciplina, devem ser baseadas e reguladas pelo amor. 11.A instrução deve estar subordinada ao fim mais elevado da educação”. O acadêmico lusitano Sousa Costa enunciou, em poucas palavras, os princípios basilares da educação pestalozziana: Desenvolvimento da atenção, formação da consciência, enobrecimento do coração. Foi com justiça e verdade que se lavrou no frontal do monumento erigido à memória do mestre suíço, em Birr (cantão de Argóvia), um epitáfio que, entre outras coisas dizia ter sido ele, em Yverdun, “O educador da Humanidade” Para Pestalozzi, a arte da educação devia aproximar-se da natureza, e o melhor método de ensino seria aquele que dela mais se aproximasse e ele achava que o desenvolvimento é orgânico, sendo que a criança se desenvolve por leis definidas; os poderes infantis brotam de dentro para fora; os poderes inatos, uma vez despertados, lutam para se desenvolver até a maturidade; a gradação deve ser respeitada; o método deve seguir a natureza; o professor é comparado ao jardineiro que providencia as condições para a planta crescer; a educação sensorial é fundamental e os sentidos devem estar em contato direto com os objetos; a mente é ativa. Frederick Eby resume com clareza os princípios educacionais pestalozzianos, conforme apresentados a seguir: 1- Pestalozzi tinha uma fé indomável e contagiante na educação como meio supremo para o aperfeiçoamento individual e social. Seu entusiasmo obrigou reis e governantes a se interessarem pela educação das crianças dos casebres. Democratizou a 58 educação, proclamando ser o direito absoluto de toda criança ter plenamente desenvolvidos os poderes que Deus lhe havia dado. 2- Psicologizou (tornou psicológico) a educação. Quando não havia ciência psicológica digna desse nome, e embora ele próprio tivesse apenas as mais vagas noções sobre a natureza da mente humana, o sábio educador viu claramente que uma teoria e uma prática corretas de educação deviam ser baseadas numa tal ciência. 3- Foi o primeiro a tentar fundamentar a educação no desenvolvimento orgânico mais que a transmissão de idéias. 4- Pesquisou as leis fundamentais do desenvolvimento. 5- A educação começa com a percepção de objetos concretos, o desempenho de ações concretas e experiências de respostas emocionais reais. 6- O desenvolvimento é uma aquisição gradativa de poder. Cada forma de instrução deve progredir de modo lento e gradativo. 7- A religião é mais profunda do que dogmas, ou credos, ou a memorização do catecismo ou das Escrituras Sagradas. O educador zuriquense exigia que os sentimentos religiosos fossem despertados antes que palavras ou símbolos fossem levados à criança. 8- Vários recursos metodológicos novos devem sua origem a Pestalozzi. Empregava ele as letras do alfabeto presas a cartões, introduziu lousas e lápis. A inovação mais importante foi a da instrução simultânea, ou em classe. Isso não era novo, mas não havia sido posto em prática de um modo generalizado. 9-Pestalozzi revolucionou a disciplina, baseando-a na boa vontade recíproca e na cooperação entre educando e educador. 59 10- Deu novo impulso à formação de professores e ao estudo da educação como uma ciência. A idéia central que domina o sistema educacional pestalozziano, pode ser assim resumida: “Todo conhecimento deve partir da intuição e ser conduzido à intuição”. O processo intuitivo é aquele que nos conduz imediatamente a captar o essencial das coisas, diretamente, por meio dos sentidos, sem utilizar, por antecipação, o raciocínio. Por intuição deve-se entender o conhecimento externo das coisas e a experiência concreta, pessoal, direta que coloca em jogo a atividade mental e os sentimentos, para deixar um conhecimento claro, imediato e definido. A educação intelectual parte da intuição, para formar conceitos claros e precisos. O mestre deve basear-se na intuição, diz Pestalozzi. O erudito suíço, chama intuição ao ato criador e espontâneo, através do qual a criança é capaz de representar a si mesma o mundo que a rodeia. A intuição é, pois, um momento vivido no objeto mesmo. Essa aptidão da intuição se manifesta em três aspectos principais: O número, a forma e a palavra. Daqui decorrem as três partes da educação elementar pestalozziana: A) O ensino dos números, das relações métricas e numéricas. B) O ensino da forma, que compreende a arte de observar, de medir, de desenhar e de escrever. C) O ensino da linguagem, que é a expressão espontânea derivada da forma como a criança “intui”e interpreta as coisas. 60 Para Pestalozzi, a educação não é uma obra que se impõe do exterior, mas antes o desenvolvimento interior da personalidade. A educação deve ter por objetivo o desenvolvimento total e harmônico das capacidades humanas na tríplice atividade da “cabeça, coração e mãos”, em outras palavras, a vida intelectual, a vida moral e a vida prática ou técnica. Desta forma surgirão a educação familiar, a educação escolar e a educação moral e social. O educador suíço considera na educação familiar que a família é o centro principal do qual depende todo o bem-estar social. Predominam o amor e o trabalho que devem ser o alicerce de toda educação familiar. A educação necessita do complemento da escola e demais instituições educativas. A escola precisa ser um reflexo da própria vida. A educação moral deve preencher o sentido humano e esse sentido deve impregnar a educação toda inteira. A Religião está intimamente unida a educação moral, é um ato de amor, aspiração ao aperfeiçoamento, ao excelso que há na natureza humana. As idéias do professor suíço que contribuem mais valiosamente à educação moderna são: 1) a idéia da educação humana apoiada em a natureza espiritual e física da criança; 2) a idéia da educação como desenvolvimento interior espontâneo; 3) a idéia da educação partindo das circunstancias em que se encontra o homem; 4) a idéia da educação profissional subordinada à educação em geral; 5) A idéia da educação social e popular; 6) A idéia da educação religiosa intima, nascida do espírito. 61 Pestalozzi, procurou resumir seu sistema nas obras: Leonardo e Gertrudes, Como Gertrudes ensina seus filhos, O Livro das Mães, e o Canto do Cisne. A mãe surge, na visão de pestalozzi, como modelo de uma boa prática educacional. O educador tem por dever continuar a obra iniciada no lar desde o berço. Esta primeira educação é já uma das pedras angulares do Sistema do Pedagogo suíço. Nos primeiros anos, a mãe deve-se empenhar em abrir a inteligência e o coração do filho; é a primeira educadora, é a ela que cumpre a tarefa de desenvolver na criança os primeiros germes de afeição, de reconhecimento,de confiança. Ratificando o que Pestalozzi está dizendo, vejamos a seguinte pergunta com sua respectiva resposta dada por Emmanuel através de Chico Xavier: “_Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra? A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem.”28 Para Pestalozzi, a educação compreende o desenvolvimento físico, o moral e o intelectual. Escola de saúde, de alegria, de força e de coragem. A ginástica não podia faltar nos institutos pestalozzianos. Para Pestalozzi, a intuição é o ponto de partida de todo o conhecimento. Ela é a sustentação de toda a educação. “A intuição é a impressão imediata que o mundo físico e o mundo moral produzem sobre nossos sentidos exteriores e interiores.”. A intuição é a experiência pessoal 28 XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. 13º.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1986 Questão 110. p.72- 73 62 direta. “A grande questão é esta: Tudo quanto desejamos que a criança aprenda deve-se apresentar espontaneamente a seu espírito como expressão da verdade, graças à sua experiência intuitiva, unindo-se a circunstâncias reais e graças às lembranças que dela mantém” Pestalozzi escreve: “ Em Stans não ensinei moral nem religião. Lutei por despertar o sentimento de cada virtude antes de pronunciar-lhes os nomes”.Foi nessa localidade considerado “o pai dos órfãos”. O conhecimento começa em torno do homem e daí se amplia concentricamente. Com a ajuda do que a criança conquistou, do que ela conhece, e com o auxílio das noções preexistentes, o educador avança, aclara sua marcha e leva suas investigações mais distante. As proposições a seguir parecem, segundo alguns de seus discípulos, resumir o sistema pestalozziano: 1º É necessário dar ao espírito uma cultura intensiva e não só extensiva, fortifica-lo e não só abastecê-lo. 2º Ele liga todo o seu ensino ao estudo da linguagem, isto é, coloca a linguagem ao lado da observação real da natureza. 3º Ele procura fornecer ao espírito, por todas as suas operações, dados, formulas, rubricas ou antes, idéias-mães. Em cada objeto de estudo, ele procura os pontos fundamentais, as idéias gerais, principais que dominam as matérias de ensino. Essas idéais-mães consistem em indicações gerais sobre a geografia, a história, as ciências naturais, etc. 63 4º É preciso simplificar o mecanismo do ensino e do estudo. 5º Este princípio decorre do imediatamente anterior (4º). É preciso popularizar a ciência. Estas proposições expostas, como as demais dos tratadistas modernos, sobre o método intuitivo, não constituem um síntese completa da doutrina pestalozziana. Para chegarmos ao conhecimento de um objeto qualquer, necessita-se estudá-lo em suas diversas propriedades. Pestalozzi considera que três qualidades, as quais se subordinam às demais, são fundamentais a todos os objetos. E em Como Gertrudes ensina seus filhos, que ele as explique: “Qual é e qual deve ser a maneira do proceder de quem quer analisar convenientemente e esclarecer um assunto qualquer, obscuro e complicado a seus olhos? Em tal caso, ele precisa sempre direcionar sua atenção sobre os três pontos a seguir: 1) Quantos objetos têm sob seus olhos e de quantas espécies são? 2) Que aparência tem? Qual a sua forma, seu contorno? 3) Quais são os nomes deles? Como podemos representar cada um deles por um som, por uma palavra?” Pestalozzi conclui daí que o estudos dos números, da forma e língua as quais correspondem três faculdades essenciais __a faculdade de contar, a de medir e a de gravarse na inteligência pela palavra os nomes dos objetos conhecidos __são ramos principais do ensino elementar. 64 A aritmética, o cálculo decorrem do estudo do número. A arte de medir ou a arte da geometria, o desenho, a escrita, que não são no inicio, se não formas particulares de desenhos, e os trabalhos manuais decorrem do estudo da forma. O estudo da língua divide-se em três partes: A pronúncia, à qual se liga o canto, o vocabulário e a língua propriamente dita. Diz-nos o mestre Pestalozzi que o último fim da língua é o de elevar o homem de intuições obscuras a noções precisas. A idéia do número é dada pelo cálculo intuitivo. Noção de unidade, de pluralidade, do número e de suas relações, tal é o campo onde o cálculo atua. Toda a aritmética se reduz a adição ou a soma e a subtração ou a diferença de várias unidades. Seu princípio reside na fórmula: Um e um são dois, dois menos um resta um. A experiência provou que o método pestalozziano era excelente. Em suas instituições, o cálculo era levado longe e com seu auxílio, colocava-se a criança na escola do raciocínio e bania-se todo trabalho de pura memorização, rotineira e maquinal. O material criado em nosso século pela conhecidíssima médica e pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952), divulgadora de um sistema de auto-educação infantil que adquiriu caráter internacional, teve aí sua inspiração. “Maria Montessori, trabalhava na recuperação de crianças anormais, utilizando materiais educativos. O êxito foi tal que ela passou a pensar na aplicação do mesmo método para a educação de crianças normais. Em 1907, abriu em Roma a primeira 65 Casa dei Bambini, para crianças em idade pré-escolar que não tinham com quem ficar durante o dia. A pedagoga italiana, concebe a educação como auto-educação, como um processo espontâneo. Segundo ela, “ a professora tem de ver-se substituída pelo material didático, que corrige por si mesmo os erros e permite à criança se eduque a si mesma.” Tudo na Casa dei Bambini, tem a dimensão da própria criança. Tais materiais servem, antes de tudo, para educar os sentidos, que são a base do juízo e do raciocínio. A professora é chamada “diretora”, porque não ensina, só dirige a atividade, interferindo o menos possível. Se uma criança perturba, a”diretora”limita-se a colocá-la em outra mesa a parte; se outra não consegue realizar a atividade, ou a auxilia ou a convida a escolher outro material, etc.”29 Pestalozzi denominava “Relação de formas” ou “intuição das formas”, aos exercícios gráficos servindo de preparação à geometria. Esse ensino foi bastante desenvolvido nos educandários onde os princípios do professor alemão Johann Friedrich Herbart (1776-1841) eram empregados e vários foram os manuais alemães editados a respeito. Herbart, filósofo e pedagogo foi discípulo de Kant e Pestalozzi e fundador de uma psicologia dinâmica aplicada à pedagogia. Foi o primeiro estudioso a adotar a pedagogia de uma base científica. Para ele, o objeto da pedagogia é estabelecer um equilíbrio entre conhecimento e vontade, fundamentando-se na ética e na psicologia. Psicologia como ciência; pedagogia geral. “Para Herbart, a instrução como simples informação não é educação. A educação só é possível na medida em que se respeita o interesse dos alunos pelas matérias lecionadas”. 66 Herbart dá imensa importância a instrução e a técnica de ensino, sem as quais não há educação: A instrução formará o círculo do pensamento e a educação o caráter. A última, não é nada sem a primeira. “Aqui está contido o total de minha pedagogia.”30 Nas “lições de coisas”e de geografia local, a criança é, de início, exercitada a fazer a medida a golpes de vista por passos, andando; depois ela distingue as linhas verticais, horizontais, oblíquas; paralelas, ângulos retos, agudos, obtusos, diferentes tipos de triângulos, de quadriláteros, etc. Pestalozzi é de opinião que o desenho é a arte de representar e de reproduzir exatamente, pela observação de um objeto qualquer e por meio de linhas semelhantes, o contorno desse objeto e caracteres que ele representa. O canto e a ginástica tinham fundamental papel no sistema pestalozziano. Muitas vezes a ginástica era unida ao canto. Assim é o sistema educacional do erudito mestre zuriquense, visto ainda na atualidade como uma reforma profunda e definitiva da escola popular. Nada de leituras preguiçosas, de imensas recitações maquinais, de classes sonolentas, onde um mestre rotineiro dita ou expõe sua ciência a pobres alunos pacientes. A escola verdadeira é aquela onde há ação para todos, alunos e mestres. A ação, fonte da felicidade na vida, é também a condição, o caminho do progresso na educação do ensino escolar. Ensinar é provocar o espírito da criança. Para aprender, a criança precisa estar sempre ativa, em ação. A arte de ensinar é libertadora do espírito, dizia Pestalozzi eis porque é eterna. 29 PILETTI, Claudino e PILETTI, Nelson. Filosofia e Historia da Educação. 5ºed.-São Paulo: Editora Ática, 1987 cap.13.: Educação na Época do Absolutismo.p.145-146. 30 Idem, Ibidem, p.134-15. 67 “Tudo para os outros nada para si”. Essa legenda paira sobre a memória do educador Pestalozzi. Nenhum mestre foi mais amado. “Nós o amávamos, escreve um de seus alunos, porque sabíamos que ele nos amava a todos.” Pestalozzi foi o homem que viveu para os outros, e por isso sua obra é imortal. Por muitas razões além das vistas, foi que um pedagogo alemão exclamou: “Pestalozzi para sempre”. Foi, portanto, um dos maiores educadores de todos os tempos. A biobibliografia do egrégio pedagogo suíço é apaixonante e bela porque suas ações foram patrióticas e humanitárias, resumindo-se na síntese primorosa e bela: O amor é o eterno fundamento da educação, alicerce que nos sustenta no bem e no belo. É ele, “o amor, que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono a dor.”31 “O amor é a luz que se alcança, tende fé, tende esperança, para o infinito marchai”32 dizia o sábio poeta baiano Castro Alves. É o amor que nos mostra o caminho, a verdade e a vida que nos conduzirão a Deus, porque Deus é amor.33 31 KARDEC, Allan. Evangelho segundo o Espiritismo, 98ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988. Introdução – Resumo da doutrina de Sócrates e Platão. 32 XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além- Túmulo, 14ºed.-Rio de Janeiro: Editora FEB, 1994. Marchemos. P.221. 33 INCONTRI, Dora. Breve Historia de Pestalozzi, 1ºed.- São Paulo: Editora: Ribeirão Gráfica, 1996, passim. 68 CONCLUSÃO Como palavras finais devemos acentuar que buscamos no presente trabalho mostrar que “mudar é difícil, mas é possível”34. “Que toda idéia nova forçosamente encontra oposição e nenhuma há que se implante sem lutas. A medida da importância e dos resultados de uma idéia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento causa, na violência da oposição que provoca, bem como no grau e na persistência na ira de seus adversários”35. Que nada é tão bom que não possa ser melhorado, bem como nada é tão ruim que nada tenha de bom. E o espiritismo nos diz: “Identificar e estimular os traços de bondade do caráter alheio”36. A educação apresenta múltiplos problemas, quais sejam: Falta de professores nas escolas; escolas em número insuficiente; professores com remuneração inadequada; alunos com dificuldades inúmeras para chegar às escolas, como também de freqüentá-las; professores com formação insuficiente e imprópria; vários educadores exercendo a educação como puro “bico”; etc. 34 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia (saberes necessários à prática educativa), 15ºed.- Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra (Coleção Leitura), 1996 cap .1 p.50. 35 KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 98ºed.- Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988 cap 23 p255. 36 FRANCO, Divaldo Pereira. O Homem Integral, 1ºed.- Salvador-BA: Livraria Espírita Alvorada Editora, 1990. cap8 O homem perante a consciência. p.131. 69 O parágrafo anterior apresenta uma pálida, porém real noção dos problemas educacionais, todavia os mais cruciais encontram-se dentre estes: A insuficiência de amor à profissão; o desconhecimento, ou a insuficiência de conhecimentos sobre o assunto lecionado; a substituição da educação pela instrução; e finalmente a ignorância da reencarnação. No que concerne ao amor, Pestalozzi já dizia há quase duzentos anos: “O amor é o eterno fundamento da educação”. Não havia castigos nem recompensas bem como estímulos e medos, só admitia a disciplina do dever, da afeição, do amor. Suas advertências eram feitas sempre indiretas e com tanta bondade e compreensão que os alunos, comumente, se retiravam chorosos e com sincero arrependimento. Allan Kardec, o ilustre discípulo de Pestalozzi, chamava carinhosamente seus alunos de “meus amigos”, e perfeitamente sintonizado aos princípios educacionais pestalozzianos, enunciava: “O amor é o eterno fundamento da educação. Por isso, a toda hora meus pupilos devem ler no meu rosto que meu coração está com eles, que é minha a sua ventura, que sua alegria é a minha alegria”. Em outras palavras: Professores e alunos devem ser parceiros na aventura, na arte de ensinar e aprender. O desconhecimento da reencarnação,produz nos educadores inúmeros problemas. As pessoas no final da existência física normalmente dizem: Estudar para que? Nada mais espero desta vida! As pessoas, no que se refere a educação de seus filhos indagam: Para que começar tão cedo? Eles são tão pequeninos, não entendem nada mesmo! Faremos de nossas, as palavras do grande tribuno e educador Divaldo Pereira Franco para responder a perguntas como estas: “Tive a ocasião de conhecer uma senhora de oitenta e dois anos que se matriculara numa Universidade de terceira idade. 70 Perguntei-lhe: A que a senhora aspira?, fazendo agora um curso universitário, que talvez não venha a concluir?”. Ela respondeu: “Eu aspiro ao futuro”. Eu indaguei: “Qual o futuro?”. Ela redargüiu: “Da próxima encarnação. Estou preparando-me para armazenar conhecimentos de que me recordarei quando voltar, já fazendo, agora parte que me cumpre desempenhar na primeira e na segunda infância. Terei esses períodos mais rápidos e mais lúcidos, tornando-me, quiçá, um gênio precoce”. Ela está muito bem fundamentada na ética da reencarnação. “Nunca é tarde para aprender, como diz o velho provérbio árabe, é sempre sedo”. Então, mesmo diante de enfermos na faze terminal, de idosos que marcham para a desencarnação, poderemos colocar as luzes do futuro, preparando-os para a sua etapa de amanhã. Trata-se de uma terapia preventiva. Eu me lembrei da insigne Maria Montessori, recebendo a visita de uma dama rica que lhe perguntou: “Professora, em que idade eu devo começar a educação de meu filhinho?”. E a célebre mestra, criadora da “Casa dei Bambini”, em Roma, lhe retorquiu: “E qual a idade de seu filhinho?”. A dama respondeu: “Tem um ano”. E Montessori concluiu: “Vá depressa, porque você já perdeu o melhor período da vida para educar seu filho, que é este que está passando” Sabemos, graças a psicologia infantil, que os primeiros anos de vida são os de formação do caráter e da personalidade. E sabemos, à luz da psicologia reencarnacionista, que o Espírito, nesse período, ainda não tendo mergulhado totalmente na matéria densa, com o seu psiquismo ainda não estando revestido inteiramente dos neurônios cerebrais, tem a melhor faze para absorver o conhecimento, que mais tarde se manifestará nas expressões da memória e do discernimento, através da razão, quando o indivíduo começar a pensar”37. Desta forma se expressa o escritor e orador espírita Hermínio Miranda: “O conceito da reencarnação continua fazendo falta ao correto equacionamento dos problemas educacionais. 71 O conhecimento da reencarnação nos possibilita dizer que a educação não começa na nascimento , no berço ou junto das mães, ela continua, prossegue, avança para um novo ciclo de experiências em cada existência no corpo físico, na carne, mesmo porque também no intervalo entre uma vida carnal e outra, o Espírito, que é imortal, aprende e, portanto, educa-se”.38 Há um número considerável de professores instruindo, ou seja, preparando seus alunos para a vida material: Um bom emprego, ganhar dinheiro, “ser um homem de bem”. Porque muitos deles também pensam assim. O dicionarista Aurélio, define educação nestas palavras: “Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral visando à sua melhor integração individual e social”. Amélia Rodrigues nos diz: “Quem instrui prepara para vida, quem educa dá vida e quem evangeliza salva vidas”.39 Joanna de Ângelis desta forma se expressa: “A instrução é setor da educação, na qual os valores do intelecto encontram necessário cultivo. A educação, porém, abrange área muito grande, na quase totalidade da vida. No período de formação do homem é pedra fundamental, por isso que ao instituto da família compete a indeclinável tarefa, porquanto pela educação, e não pela instrução apenas, se dará a transformação do indivíduo e, conseqüentemente, da humanidade. 37 FRANCO, Divaldo Pereira. Palavras de Luz, 1ºed.- Bahia: Federação Espírita do Estado da Bahia Editora, 1993 cap. 38 AMORIM, Deolindo e MIRANDA, Hermínio C. o Espiritismo e os problemas humanos, 2ºed.-São Paulo: editora U.S.E, 1991. Segunda parte cap.10 p.142. 39 FRANCO, Divaldo Pereira. Palavras de Luz, 1ºed.- Bahia: Federação Espírita do Estão da Bahia editora, 1993. cap. Área de Assistência Social p.140 72 No lar assentam os alicerces legítimos da educação, que se transladam para a escola que tem a finalidade de continuar aquele mister, de par com a contribuição intelectual e as experiências sociais. O lar constrói o homem, a escola forma o cidadão.”40 O doutor e educador Haim Ginott nos apresenta no livro “O Professor e a Criança” uma conclusão que nos dá motivos para meditar seriamente, pronunciando-se nestas palavras: “Cheguei a uma conclusão amedrontadora. Eu sou o elemento decisivo na sala de aula. É minha relação pessoal que cria o ambiente. É o meu humor diário que gera o clima. Como professor, possuo tremendo poder para fazer a vida de uma criança miserável ou alegre. Posso ser a ferramenta da tortura ou o instrumento da inspiração. Posso humilhar ou alegrar, ferir ou curar. Em todas as situações é minha resposta que decidirá se uma crise poderá ser vencida ou vencedora, e uma criança humanizada ou desumanizada.”41 Emmanuel, através de sua vasta experiência assim nos fala: “ O Espírita considera a humanidade por sua própria família. Estuda sempre. Ama sem escravizar e sem escravizar-se. Não tem a pretensão de saber tudo, mas realiza com espontaneidade e alegria o trabalho que lhe compete. Evita os excessos. Simplifica quanto possível a própria existência.”42 Ao educador, é importante lembrar dois fatores inolvidáveis na educação: O exemplo e a humildade. Daí Paulo Freire a dizer: “Tanto posso saber o que ainda não sei como posso saber melhor o que já sei. 40 FRANCO, Divaldo Pereira. S.O.S Família, 1ºed.-Bahia: Livraria Espírita Alvorada Editora, 1994. cap. Educação p.70 41 GINOTT, Haim. O Professor e a Criança, 1ºed- Rio de Janeiro: Editora Bloch, 1973 Prefácio p.13 42 XAVIER, Francisco Cândido. Livro da esperança, 9ºed.-Uberaba-MG: Edição C.E.C ( Comunhão Espírita Cristã), 1987. cap.66 p. 180-181 73 Uma de minhas preocupações centrais deve ser a de procurar a aproximação cada vez maior entre o que digo e o que faço, entre o que pareço ser e o que realmente sou.”43 Jesus, considerando a humanidade como família mais abrangente dizia: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado”. (Mateus, 28:19 e 20) Para que o professor atinja seus objetivos que é educar, porquanto somente a educação poderá reformar o homem, salvar a humanidade, precisa utilizar-se dos formosos recursos indispensáveis que são: O amor, o conhecimento e a disciplina de maneira que se lhes insculpam no imo as lições que o acompanharão para sempre. “Passemos as palavras de Léon Denis: Todo o poder da alma se resume em três palavras: Querer, saber,amar. Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la. Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram governar. Amor, porque, sem o amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos. O amor depura a inteligência, põe à larga o coração e é pela soma do amor acumulado em nós que podemos avaliar o caminho que temos andado para Deus.” 44 43 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia ( saberes necessários à prática educativa). 15ºed.-São Paulo: Editora Paz e Terra ( Coleção Leitura), 1996 cap. 3 p. 106-108 44 MARIO, Marcos Alberto de. Visão Espírita da educação, 1ºed.- São Paulo : Casa Editora O Clarim, 1999 cap.1 segunda parte. p. 100. 74 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1-BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto e HONORATO, César Teixeira. Manual de Sobrevivência na Selva Acadêmica.Rio de Janeiro: Editora Lidador Ltda,1998. 2-BRANDÃO, Carlos Rodrigues.O que é Educação.São Paulo: Editora Brasiliense, 1981. 3-CAMARGO, Pedro de. Nas pegadas do Mestre.Rio de Janeiro: Editora FEB,1992 4- CAMARGO, Pedro de. Na Escola do Mestre. São Paulo: Editora Federação 5- CAMARGO, Pedro de.O mestre na Educação. Rio de Janeiro: Editora FEB,1991. 6-CUNHA, Maria Carneiro da (Coord). Enciclopédia Universal Gamma. Rio de Janeiro: Editora Lua Nova Ltda, 1980. 7-. ESPÍRITA,Anuário . Instituto de Difusão Espírita.São Paulo,1981. 8- ESPÍRITA,Educação. São Paulo: Editora Cultural Espírita, 1970. 9-FILHO, Adonias. Aristóteles (Os grandes personagens e a história). 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Caixa postal 7413, 1988. 80 ANEXOS 81 Anexo 1 ESTÁGIO NA FACUDADE INTEGRADAS SILVA E SOUZA 82 Anexo 2 ESTÁGIO NA FACUDADE INTEGRADAS SILVA E SOUZA 83 Anexo 3 ESTÁGIO NO COLÉGIO ESTADUAL CONSELHEIRO MACEDO SOARES 84 Anexo 4 ESTÁGIO NO COLÉGIO ESTADUAL CONSELHEIRO MACEDO SOARES 85 Anexos 5 ESTÁGIO NA CASA MARIA DE MAGDALA 86 Anexos 6 ESTÁGIO NA CASA MARIA DE MAGDALA 87 Anexo 7 ATIVIDADE EXTRA-CLASSE 88 Anexo 8 ATIVIDADE EXTRA-CLASSE 89 ÍNDICE AGRADECIMENTO III DEDICATÓRIA VI RESUMO VII METODOLOGIA VIII CARTA AOS MESTRES XI AS BEM-AVENTURANÇAS DOS EDUCADORES XII SUMÁRIO XIV INTRODUÇÃO 15 CAPÍTULO I Noções Básicas e Fundamentais de : o que é o Espiritismo 19 Biografia de Allan Kardec 34 Biografia de Pestalozzi 41 CAPÍTULO II Metodologia Educacional 45 CAPÍTULO III Pestalozzi e sua Metodologia Educacional 57 CONCLUSÃO 71 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 77 BIBLIOGRAFIA CITADA 80 ANEXOS 83 90 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas Pós-Graduação “Latu Sensu” Titulo da Monografia: EDUCAR PELA RELIGIÃO : OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA DOUTRINA ESPÍRITA. Data da Entrega: _______________________ ____________________________________ Avaliado por:______________________ __________________Grau__________________ Rio de Janeiro ____de ________________de 20____ _____________________________________________ Coordenador do Curso 91