Italianidade: pertencimento, reivindicações e negociações identitárias na região central do Rio Grande do Sul, Brasil MARIA CATARINA CHITOLINA ZANINI professora Adjunta do departamento de Ciências Sociais da UFSM. Tem formação em Antropologia Social e pesquisa identidades étnicas em contextos migratórios. MARIA CATARINA CHITOLINA ZANINI/UFSM (Brasil) – [email protected] Este artigo tem por objetivo refletir acerca de algumas especificidades da reivindicação de pertencimento étnico entre descendentes de imigrantes italianos na região central do Rio Grande do Sul, no Brasil. Baseado em pesquisa etnográfica que se deu de 1997 a 2001, em Santa Maria e no município de Silveira Martins, tanto nas zonas rurais como urbanas, observou-se como a invocação da italianidade tem emprestado força às reconstruções das memórias acerca do passado colonizador e das histórias familiares também. Palavras- chaves: (1) italianidade; (2) identidade étnica; (3) memórias Italianity: belonging, reivindications(claiming) and identity negotiations in the central zone of Rio Grande do Sul, Brazil. This article aims to reflect on some specific issues related to the ethnic Italian identity among descendents of Italian settlers in the central zone of Rio Grande do Sul, in Brazil. Springing from an ethnographic research developed from 1997 to 2001, in Santa Maria and Silveira Martins, both in urban and rural zones, it was perceived that the claim of italianity has given force to the reconstruction of memories of the time of settlement and of familial stories as well. Key words: (1) italianity; (2) ethnic identity; (3) memories Italianidade: pertencimento, reivindicações e negociações na região central do Rio Grande do Sul, Brasil 1 Este ensaio tem por objetivo elencar algumas especificidades da reivindicação de pertencimento étnico entre descendentes de imigrantes italianos na região central do Rio Grande do Sul (no Brasil) e suas dinâmicas no contexto transnacionalizado contemporâneo. Minha pesquisa etnográfica ocorreu de 1997 a 2001, tendo início na zona urbana de Santa Maria e, posteriormente, deslocando-se para a zona rural desta e do município de Silveira Martins, locais em que pesquisei descendentes de imigrantes italianos. Posso dizer que meu campo, de fato, ainda não se concluiu, pois muitas das relações que estabeleci durante a pesquisa se estenderam para outros domínios de minha existência, tornando-se uma forma constante de aprendizado sobre as italianidades locais. Como sou descendente de italianos (e meu esposo também) e moro na cidade que tomei como local de pesquisa, o campo etnográfico me introduziu em redes de relações sociais de difícil classificação. Aprendi muito e continuo a aprender o que significa ser ítalo-brasileiro. Compreendo que, para os próprios descendentes, essas sejam categorias em constante negociação, seja de forma consciente ou não. Por identidade étnica defino aquela identidade situacional que se processa, conforme Barth (2000), através da adscrição. Observo, igualmente, que a identidade étnica é uma entre tantas opções identitárias que os indivíduos utilizam e podem reivindicar para se autodefinirem perante os “outros”. Por que priorizavam a identidade étnica em determinados momentos, onde e como a manipulavam? Por que, em consonância ao quadro contemporâneo dor processos identitários, nesta era globalizada, reivindicar origem se torna algo importante para estes descendentes? Estas eram algumas de minhas questões em campo. Procurava compreender, igualmente, quais sinais diacríticos eram (e são) utilizados para elaborar as fronteiras de pertencimento às italianidades locais e que significado estes elementos 11 Este artigo foi apresentado originalmente na VI Ram (Reunión de Antropologia Del Mercosur), na cidade de Montevidéu, 2005, no GT 38-Fronteiras e interfaces migratórias em perspectiva comparada. A versão que aqui se apresenta possui adendos oriundos do debate no GT e também de minhas revisões acerca das questões apresentadas. possuíam para aqueles descendentes que os legitimavam enquanto portadores de “origem”, formadores de suas individualidades e estilos de vida.2 Essas disputas em torno dos elementos de uma italianidade mais autêntica [estavam situadas no interior de um campo (cf.Bourdieu, 1983, p.89) no qual se observavam forças, agentes, leis e jogos de poder. Poder este legitimado pela possibilidade de visibilização continuada do grupo e constante atualização das narrativas imigrantistas como exemplo de sucesso a ser seguido. É uma dinâmica que interage num contexto maior, mas que tem como ponto de partida as identificações individuais, pois é o indivíduo que lhe atribui significação e legitimação quando “opta”, situacionalmente, pela auto-identificação de “italiano”. Pretendo encaminhar aqui, de forma ensaística, algumas reflexões acerca da noção de pertencimento, no caso específico por mim estudado, ressalto. Desde o final da pesquisa sistemática que resultou em minha tese de doutorado defendida em 2002, na USP, tenho sido convidada a me manifestar acerca da italianidade em nível local, o que, muitas vezes, não tem sido fácil, pois falar dos resultados da pesquisa in loco perante os informantes (ou colaboradores) não é algo isento de questionamentos e de tensões. Posso dizer que, de um modo geral, os resultados de meus estudos tiveram uma boa aceitação e também boas indagações por parte de descendentes. Isso, creio, porque sempre fiz questão de deixar claro os objetivos da pesquisa antropológica. Pouco tempo após defender a tese, esta já estava sendo lida e comentada localmente. Como todo trabalho de pesquisa no qual, reflexivamente, muito de nós emerge, necessitei exercitar um certo distanciamento de seus resultados e também das relações que se estabeleceram durante a investigação. Processo que ainda não se efetivou de todo, uma vez que, enquanto descendente e antropóloga, sou, por vezes, indagada acerca de meu papel junto às entidades que promovem a revivificação da italianidade local. Compreendo que, atualmente, minha pesquisa tenha simplesmente tomado um novo recorte. Considero um privilégio poder estudar, in loco, um fenômeno rico como o 22 Concordo com Weber quando salienta que: “A crença na afinidade de origem – seja esta objetivamente fundada ou não – pode ter conseqüências importantes particularmente para a formação de comunidades políticas. Como não se trata de clãs, chamaremos “grupos étnicos” aqueles grupos humanos que, em virtude de semelhanças no habitus externo ou nos costumes, ou em ambos, ou em virtude de lembranças de colonização e migração, nutrem uma crença subjetiva na procedência comum, de tal modo que esta se torna importante para a propagação de relações comunitárias, sendo indiferente se existe ou não uma comunidade de sangue efetiva” (1994, p.270). da reivindicação identitária que se insere em dinâmicas locais e globais ao mesmo tempo. Estou desenvolvendo projeto de pesquisa que pretende investigar a forma como os italianos locais foram (e estão sendo) representados em dois jornais diários locais, de 1990 a 2005, período no qual compreendo ter havido uma nova discursividade acerca da italianidade. Essa nova discursividade deve ser compreendida dentro do que denomino de trajetória de construção das italianidades locais, desde a chegada dos primeiros imigrantes italianos até os dias de hoje. Ela é perpassada pela história de seu país de origem, a Itália, bem como pelos diversos momentos de vivência dos “italianos” na história brasileira. Ao aportarem no Brasil, em finais do século XIX, ainda não possuíam, acerca de si mesmos, a noção de pertencimento italiano, pois a Itália, enquanto Estado nacional, unificara-se somente em 1870. Unificação esta que, de fato, deu-se bem mais tarde e num processo bastante custoso que até os dias atuais torna visível sua complexidade. Portanto, quando aqueles emigrados saíram da Itália, tinham, como noção identitária de pertencimento, a de seu paese de nascimento e de moradia. Falavam dialetos distintos, adoravam santos distintos, alimentavam-se distintamente, casavam-se distintamente,etc. Enfim, eram vicentinos, mantovanos, feltrinos, trentinos, entre outras origens regionais. A noção de italiano como uma categoria genérica se deu por meio do processo colonizador, já em terras brasileiras. Julio Lorenzoni (1975), jovem migrante de 14 anos, que faz a travessia com sua família em 1877, narra, em suas memórias, que na viagem de navio da Itália para o Brasil os dialetos eram tantos que não era possível as pessoas entenderem-se verbalmente. Havia, segundo ele, uma balbúrdia de vozes. Na Itália, muitas regionalidades hostilizavam-se, característica que foi trazida para cá. Contudo, no processo de ruptura provocado pela travessia, eram partidários de uma experiência comum, a migração, o que fez com que redimensionassem algumas de suas categorias distintivas. Eram imigrantes italianos na América brasileira, e foi a partir desse novo encontro cultural que tiveram de refazer suas trajetórias de vida. A categoria genérica de italianos serviu como uma distintividade em relação aos nativos. Os brasileiros em geral eram tidos como “negri”. Negro era um designativo da natividade brasileira, ou seja, o “outro” das Américas, e não necessariamente tinha referência à cor da pele. De acordo com Lorenzoni, já na distribuição dos lotes, os imigrantes procuravam se agrupar de acordo com as regionalidades italianas de origem. Eram italianos no universo da colônia para fora, entre si se autodenominavam feltrinos, vicentinos, mantovanos e eram portadores de determinado nome de família, falavam dialetos distintos e veneravam santos distintos, elemento muito importante entre os emigrados. Contudo, havia um idioma comum: o catolicismo. Foi a religião que os tornou, acima de tudo, italianos em terras brasileiras. Foi ela que permitiu àqueles homens e mulheres elaborarem uma discursividade acerca das semelhanças e diferenças. Esse fato está muito bem documentado em várias colônias italianas no sul do país (Costa e De Boni, 1982). Na colônia Silveira Martins, a maçonaria teve um peso bastante significativo, contudo, suas ligações com o catolicismo de imigração também foram complexas (cf.Vescio, 2001). O Estado Novo e a brasilidade revista A vizinhança com a sociedade regional, apesar das alcunhas com as quais os imigrantes italianos e seus descendentes eram tratados, tais como “gringos”3 ou “colonos”, foi relativamente pacífica ao longo do processo colonizador. Os registros históricos revelam que, já nas primeiras décadas, em finais do século XIX, imigrantes italianos rumaram da Colônia Silveira Martins para o núcleo urbano e rural de Santa Maria, o que denominei de “descida da serra”, em referência à forma como nomeiam este transcurso geográfico que, em verdade, é bem mais do que isso. Trata-se de uma nova ruptura, dessa vez do universo da “colônia” para o universo da “cidade”. Quando 33 Segundo alguns informantes eram chamados também de “gringos sujos”. ali chegaram, passaram a desenvolver atividades de comércio e serviços, tornando-se, alguns deles, em poucos anos, uma elite local. Outros se inseriram no setor de serviços: ferreiros, marceneiros, carpinteiros, pedreiros, sapateiros, pintores, etc. Durante meu trabalho de campo, encontrei descendentes que seguiram a trilha profissional dos antepassados, no caso específico observado, gerações sucessivas de comerciantes, carpinteiros, pedreiros e ferreiros. Alguns desses indivíduos faziam questão de utilizar as ferramentas de trabalho de seus antepassados e, se não o faziam, constantemente ressaltavam a importância daquelas em contraste “às de hoje”. Nos galpões e oficinas que visitei, havia uma mistura de objetos, ferramentas e utensílios diversos que remetiam, constantemente, ao aprendizado do ofício, recebido no universo doméstico, de pai para filho (homem). Além disso, alguns somente sabiam trabalhar com ferramentas existentes na Itália e que não estavam disponíveis no Brasil, o que fez com que se tornassem, muitos deles, fabricantes (e inventores) de peças de trabalho também. No período do Estado Novo (1937-1945), com a política de nacionalização patrocinada por aquele regime e, posteriormente, a partir de 1942, com os acontecimentos decorrentes da II Guerra Mundial, a situação dos descendentes de italianos em nível local começou a se transformar4. Porém, há que se observar que a nacionalização do ensino e a proposta ideológica estadonovista vinham, já havia tempo, conflitando com a existência de uma pertença nacional que não fosse a brasileira. Nas páginas do jornal local A Razão, de 15 de abril de 1941, é afirmado que: “...No nosso Estado, por exemplo, a ameaça dos quistos inassimilados, refratários à mentalidade nacional, chegara ao cúmulo. O desastre fora preparado pela ausência da escola nacional e consequentemente, pela fundação da escola estrangeira, mantida pelo colono e dirigida pelo professor alienígena- alemão, italiano ou polonês. 46 Tema trabalhado por mim também no artigo O Estado Novo e os descendentes de imigrantes italianos: entre feridas, fatos e interpretações (2005), publicado na obra Mordaça verde e amarela. Aqui surge, grandiosa, serena, mas bem enérgica e bem orientada, a mão da reforma. A política de nacionalisação (sic) do ensino já aplainou, quasi (sic) por completo, o abuso que vinha operando essa mentalidade inassimilada e dissociada dos interesses nacionais...” (pg.2). Como o Brasil declarara guerra ao Eixo (Itália, Alemanha e Japão), as perseguições e repressões aos imigrantes de italianos, japoneses e alemães e seus descendentes se intensificaram quantitativamente5. Ser italiano era sinônimo de “perigo” e estes passaram a ser tratados como inimigos em potencial6. Fatos que estão documentados nos periódicos locais e também nas memórias de muitos descendentes que presenciaram os acontecimentos daquele período. Houve a proibição de se falar os dialetos publicamente, as sociedades italianas foram fechadas e, em agosto de 1942, houve o “quebra-quebra”, quando casas comerciais e residenciais de descendentes de italianos e alemães foram invadidas, saqueadas e muitos pertences que remeteriam à italianidade e à germanidade foram jogados na praça central da cidade de Santa Maria. Depois da tensão daquele período e preocupados com sua ascensão social, os italianos mantiveram um certo silêncio discursivo acerca de sua italianidade. Compreendo que foi a partir dos conflitos desse período histórico que a brasilidade foi positivada de uma forma mais marcante. Pode ser dito que os descendentes e imigrantes, de alguma forma, já se sentiam brasileiros pela terra de nascimento. A brasilidade se referia à terra que lhes havia proporcionado sobrevivência familiar, a mesa farta e a manutenção de uma determinada ordem moral. Contudo, o “nativo” brasileiro era depreciado quando comparado ao “civilizado” italiano. A brasilidade 55 Na data de 19 de março de 1943, foi publicado no jornal local que “Fugiu ontem o único súdito do Japão que vivia em Santa Maria” (A Razão, p.3). 66 É interessante observar que, no jornal A Razão, no ano de 1937, os anúncios da Societá Italiana Di Mutuo Soccorso i Recreativa eram publicados em italiano, tal como o exposto no dia 07 de janeiro: “Invito – Si invitano i Sign. Consoci e Distinte Famiglie al ballo che avrá luogo nella sede sociale, sábato 9 corrente con inizio alle ore 22...” (pg.4). Essa atitude, alguns anos depois, seria considerada extremamente ofensiva à nação brasileira. associou-se à italianidade reprimida e fez com que muitos passassem a assumir uma sociabilidade mais discreta. As medidas repressivas adotadas pelo Estado Novo seja mediante suas legislações, seja por meio de seu aparato policial mediante suas legislações ou por meio de seu aparato policial, fez com que aqueles imigrantes e seus descendentes refizessem política e simbolicamente seu pertencimento. Documentos foram queimados, guardados em porões, em árvores; fotos foram destruídas, mutiladas, escondidas. Enfim, eliminaram, guardaram e ressemantizaram objetos que remetessem mais proximamente a uma noção de pertença italiana e que pudessem servir para represálias policiais. Em meu trabalho de campo, ouvi narrativas diversas sobre como as famílias passaram por esse processo que denominei de “varredura cultural”. A italianidade passou a ser experimentada como algo perigoso: não se podia falar em dialeto, não se podia encontrar publicamente com outros italianos, não podia se exibir algo que pudesse ser considerado potencialmente italiano, pois poderia ser interpretado como um ato de traição à nação brasileira. Segundo Seyfert, o Exército entrara na campanha fazendo uma “obra de conquista”, que levaria “o espírito de brasilidade a uma parte do território ocupada por colonizadores alienígenas” (1997, p.23). Pode-se dizer que foi o aparato policial que desempenhou um papel decisivo nas repressões aos imigrantes e descendentes. Ele era o braço executor que atingia as pequenas localidades e lá estava, vigilante. No jornal local A Razão, durante aquele período, era constante o chamamento para que a população em geral se tornasse guardiã dos valores nacionais e espionasse os considerados “perigosos”. No dia 01 de janeiro de 1942, com o título Santa Maria, como todo o país, deve dirigir a atenção no sentido de brasilidade de seu povo e subtítulo As raças que preponderam na formação da população santamariense foi publicado um desses chamamentos, no qual é exposto que: “Assimiláveis e inassimiláveis – embora saibam o português, falam o alemão e o italiano- uma zona “italiana” na brasileiríssima Santa Maria- em Silveira Martins, não se tem encanto por Mussolini, mas a população inteira fala o italiano – desde o ônibus impera o italiano...Basta dois desses italianos ou alemães se encontrarem nos cafés, nas ruas, nos clubes, para que travem, desde logo, a língua de seu paíz (sic) de origem. Sabe tão bem quanto nós, manejar a nossa língua, mas preferem trocar cumprimento ou palestrar numa língua estrangeira...Todos devem saber o que isso representa para a formação do espírito de brasilidade de que o país precisa para zelar pela sua própria existência...Passageiros e condutores, desde que o ônibus dá o sinal de partida e mesmo antes. Começam a falar em italiano, dando a impressão de que o veículo corre por terras mussolinianas” (Jornal A Razão,01/01/1952, p.3) As crianças que iam para a escola aprendiam o português e ensinavam a seus pais e irmãos mais velhos. Na escola, igualmente, passaram a ter aulas de História e Geografia brasileiras e a desenvolver um sentimento de pertencimento nacional. Essa confusão que se processou na mentalidade de muitos descendentes que possuíam idade escolar fez com que, por meio da ideologia nacionalista repassada por aquela instituição, levassem para dentro de suas casas um desprezo pelas origens italianas. Vergonha que foi assimilada de diferentes formas, conforme as gerações e os constrangimentos sofridos. Para aquelas famílias que foram expostas publicamente às sanções, as feridas, em alguns casos, ainda não haviam cicatrizado quando de minha pesquisa de campo. Individualmente, também, encontrei fortes ressentimentos guardados desde aquele período. Para alguns descendentes, os fatos eram pouco compreendidos no período e continuaram a ser fonte de questionamentos sobre por que foram tratados daquela forma, uma vez que muitos só se preocupavam em “trabalhar e rezar” e pouco se envolviam em política. A questão é que a repressão atingiu a todos, indistintamente. As prisões, pelo pesquisado, atingiram somente os homens. Contudo, o confinamento, o isolamento forçado, a violência simbólica exercida nos domínios da privacidade atingiu a homens, mulheres, crianças e idosos. Na coluna de Paulo Mendes, publicada no jornal A Razão, de 07/01/1943, nos Conselhos para combater a Quinta-coluna7, é dito que os brasileiros não se prejudicariam se aceitassem os seguintes conselhos: “Se teu vizinho ou teu amigo mais íntimo se desinteressa pela guerra e seus resultados, desconfia dele e vigia-lhe os passos e as palavras. Pode ser o centro de uma conspiração perigosa. -Desconfia e vigia todos os que, por sua forma, procurarem inocentar as pessoas notoriamente conhecidas como partidárias da Alemanha, Itália ou Japão. -Procura uma forma de levar os indiferentes a emitirem opinião sobre a guerra. Se não se pronunciarem, escreve-lhes o nome na lista negra. -Em qualquer parte, a todas as horas, em qualquer reunião, nos cafés, nas ruas, nos bailes, ao menos por um momento conduz a palestra no sentido da guerra. E observa com cuidado todos os que ficarem de boca fechada. Os que ficarem calados ou abandonarem o recinto podem ser envenenadores da opinião ou elementos destinados a amolecer as nossas energias para a luta... (Mendes, 07/01/1943, p.2). Esse era o clima de tensão vivido naquele período histórico. Das páginas do jornal local transparecia um discurso nacionalista corrente e formalizado através do aparato policial. E quem seriam os inimigos? Aqueles que potencialmente tivessem simpatia pelos países do Eixo, tal como os imigrantes e descendentes de italianos, alemães ou japoneses. O mesmo jornalista, na data de 08/01/1943, declara que: “Ainda ontem um amigo me dizia: “Não há lugar no Brasil onde a Quintacoluna tenha sido tão impiedosamente combatida como em Santa Maria. E, não há lugar no Brasil onde a Quinta-coluna mais tenha resistido. Aqui esse mal tem as semelhanças do pão de ló: quando mais se bate, mais cresce...E talvez esse meu amigo tenha razão” (Mendes, 08/01/1943, p.2). 77 “Quinta-coluna” era a denominação atribuída pelos nacionais aos simpatizantes dos países do Eixo. Eles eram, igualmente, associados à imagem da serpente. Os acontecimentos permaneceram nas memórias individuais e familiares e, quando de meu trabalho de campo, muitos foram os relatos que ouvi, seja de acontecimentos vividos, presenciados ou narrados através de gerações. Do que mais falavam eram as prisões ocorridas e o “quebra-quebra” de agosto de 1942, no centro de Santa Maria. Uma informante ainda lembrava-se do perfume que dominava o ambiente naquele dia, pois uma loja de alemães que comercializava artigos de beleza fora invadida e depredada. O que me importava era compreender como aquela experiência histórica havia interferido na noção de pertencimento italiano. O que observei é que os imigrantes e descendentes de italianos, visando a ascender socialmente e ressentidos dos acontecimentos, “aceitaram relativamente” as regras impostas pelo Estado Novo. Contudo, nos domínios domésticos havia uma certa resistência que se verificava no fato de continuarem a falar os dialetos na intimidade, de manterem suas formas tradicionais de alimentação, de vestimenta etc... No entanto, o receio de que poderia haver alguém “ouvindo atrás das portas” era grande. A tensão havia invadido os domínios privados, da casa. E essa tensão fez com que os pais fossem os repressores de filhos e que os filhos que iam à escola, por sua vez, fossem os transmissores da brasilidade para dentro dos lares italianos. As gerações que se seguiram somaram a esse sentimento o de que o colono era alguém “atrasado”, “rude” e “da roça”. Em, um Brasil que se industrializava e que passava a ter nas cidades um pólo gerador de padrões comportamentais e estéticos. Porém, a vontade de fazer com que a italianidade fosse visibilizada positivamente e publicamente estava lá. A Ítalo-brasilidade renegociada Contudo, na década de 70 do século passado, quando dos festejos, em nível nacional, para o Centenário de comemoração da Imigração Italiana, muitos descendentes, já bem posicionados economicamente e socialmente, fizeram um trabalho discursivo novo acerca da italianidade, positivando-a. Os elementos para tal construção foram buscados nas sagas migrantistas, no empreendorismo dos pioneiros e no progresso e civilização que teriam levado às regiões de migração, aliados ao padrão moral do “italiano”, tido como “gente de bem”, trabalhador, religioso e apegado à família. Esse movimento teve seus reflexos em Santa Maria que, já em 1985, criou sua primeira entidade italiana, a qual, posteriormente, em 1991, converteu-se na Associação Italiana de Santa Maria (AISM). De lá para cá e por meio das dinâmicas desse tipo de movimento, as italianidades locais têm sido reconstruídas e negociadas. Nesse processo, muitos agentes interétnicos têm desempenhado um papel importante, bem como os intercâmbios com os governos regionais italianos que têm promovido uma rede de troca importante em nível local. A criação dos Circolos (lombardo, vicentino, veneto, da Emiglia-romana etc...) tem desempenhado um papel importante na fomentação de uma nova reconstrução identitária particularizada. Contudo, os indivíduos não abandonam a adscrição generalista de italianos, mas começam a se denominar mais particularmente: “sou feltrino”, “sou mantovano”, “sou vicentino”. E essas reivindicações passam a ser acionadas nos mercados simbólicos locais. Junto a cada uma delas, reside uma série de sinais diacríticos formadores da tipologia ideal de cada “origem” específica. A convivência dos descendentes de muitos desses circolos se dá no interior da Associação Italiana de Santa Maria, o que promove, em muitas situações, como observei em meu trabalho de campo, brincadeiras e ironias de uns para com os outros. No entanto, dividem o mesmo prédio, a mesma estrutura administrativa e a mesma diferenciação em relação aos que não seriam “italianos” nas origens. A italianidade, a partir das últimas décadas do século passado, mediante o trabalho de valorização promovido pelos agentes interétnicos em nível estadual, regional e local, fez com que os descendentes redimensionassem sua noção de pertencimento. Esta noção de origem passou a ser positivada através da trajetória construída sobre si mesmos, desde a travessia, do pioneiro, do colonizador até os dias atuais, quando muitos, já bem situados socialmente e economicamente podem elaborar uma discursividade nova sobre os itinerários dos migrantes, seus antepassados. Ou seja, a trajetória daqueles indivíduos que, idealmente, fizeram a si mesmos, civilizaram as localidades para onde foram destinados e conseguiram, apesar das adversidades enfrentadas, manter coesa suas estruturas familiares e morais. São estes os valores que se agregam aos indivíduos quando eles elaboram um “discurso sobre si” (cfe.Bourdieu, 2000, p.189) baseado na italianidade. Os aspectos negativos, se houveram, são omitidos ou reinterpretados à luz das novas situações sociais. Quais são os sinais diacríticos relevantes no empreendimento reivindicador? Tenho defendido a idéia de que não há uma só italianidade, mas sim italianidades distintas, que se processam diferentemente de acordo com o contexto no qual os imigrantes se inseriram. As italianidades também são entrecortadas pela posição de classe dos indivíduos, pelo gênero, instrução e pela origem urbana ou rural, entre tantos outros elementos. Enfim, aliada a uma construção coletiva de pertencimento, há a elaboração de uma trajetória individual patrocinada pela origem. Além disso, compreendo que, na contemporaneidade, a reivindicação de uma noção de pertencimento étnico como a que tem ocorrido entre os descendentes de imigrantes italianos da região central do estado deve ser entendida como a elaboração de um “discurso sobre si”. A italianidade não reforçaria necessariamente a noção de um “nós” coletivo, mas fortaleceria a idéia de trajetória individual pela reconstrução do passado imigrantista assentado na figura dos antepassados. É no mito de origem patrocinado pela travessia que o descendente busca e inicia sua saga de “imigrante italiano”. É muito comum se ouvir: “Você é descendente de quem?” E a resposta: “Eu sou descendente do antepassado Pio, Pietro, Paolo, Giovanni”. Dessa partida individual, soma-se o sobrenome que passa a agregar os iguais “no sangue” que, mais amplamente, alcança a noção de “raça”. Contudo, para além das distintividades internas à italianidade, a noção de “brasileiro” designa aquele que tem outra origem. O que significa ser brasileiro? O brasileiro é, em termos gerais, aquele com quem o “italiano” contrasta para se autodefinir. Considerado menos trabalhador e religioso que aquele, é a este que muitas críticas valorativas são dirigidas. Os principais sinais diacríticos adviriam do encontro, em nível local, dessas duas grandes categorias. Posteriormente, passaram a entender que os brasileiros também não teriam o mesmo compromisso que eles têm com relação à família enquanto instituição. Após o período do Estado Novo, considero que noção de ítalo-brasilidade foi trabalhada de forma mais positiva entre os descendentes. Antes, ela já existia entre os imigrantes e seus descendentes, contudo, de forma diferenciada. Foi após as tensões daquele período que se definir brasileiro passou a ser uma necessidade de sobrevivência social e econômica. A brasilidade foi em grande parte positivada pelos atributos advindos da terra que lhes patrocinara a condição de proprietários e a fartura nas mesas. Fartura esta que se tornará um grande sinal adscritivo em relação aos demais brasileiros. A concepção de que os italianos e seus descendentes comiam muito e bem, em verdade, foi alicerçada no processo colonizador. Os relatos acerca dos emigrados narram as difíceis situações em que viviam na Itália. Não havia fartura. A comida se tornou, em solo brasileiro, uma fronteira adscritiva importante. Além disso, os alimentos que, no Brasil, passam a fazer parte de uma culinária italiana não necessariamente estavam no mundo da cultura de origem italiana. Eles foram ressemantizados. Assim como ocorreu com a polenta, com a sopa de capeletti, com o galeto e outros alimentos que sofreram trocas com o universo brasileiro: novos temperos, novos cozimentos, novas texturas. Contemporaneamente, por meio da atuação dos Circolos e dos intercâmbios constantes com as regiões italianas, há uma nova culinária local surgindo, que introduz elementos mais sofisticados na cozinha. Para além de uma cozinha imigrante camponesa, ela traz porções menores, mistura de sabores e utilização de vegetais e verduras que não constavam tradicionalmente na cozinha local, mas que estão sendo incorporados como “da tradição” e no gosto. A religião, da mesma forma, é utilizada largamente como um símbolo adscritivo, todavia, em meu trabalho de campo, observei que ela serve, algumas vezes, mais como um diferenciador tipológico do que algo que se observe na prática ritualizada. A autodefinição de católico é ainda importante e, nas trajetórias do mundo camponês, as referências à religiosidade praticante são ainda bastante fortes. Contudo, diria que ela serve mais como um delimitador valorativo de pertencimento, no sentido de que o “italiano” é cristão e possui uma carga disciplinar pautada no catolicismo, do que como prática institucional. A prática ritual, em muitos casos, é decrescente, como o terço diário, a ida à missa todos os domingos, a confissão etc... Entre os jovens, especialmente, há uma resistência à vivência de um catolicismo mais punitivo. Há que se considerar, entretanto, que, como já salientei anteriormente, a italianidade é invocada a partir do sujeito que elabora um “discurso sobre si”, no qual esta assume um valor positivo. Portanto, não se deve esquecer que a reivindicação desse tipo de pertença passa pelos crivos da classe social, do nível de instrução, do gênero, da localidade de onde provém o descendente (se rural ou urbana), entre outros. A identidade étnica, dessa forma, permite que o indivíduo elabore uma discursividade sobre si, em que os elementos afetivos e simbólicos possuem um peso bastante forte. Elementos que são retirados do mundo dos antepassados, que passam a ser tratados como algo “sagrado”, portador de uma força significativa extremamente forte, de mana (cfe.Mauss,1974, p.138). O passado adquire sentido na medida em que é compartilhado no presente e utilizado como um “guia para a ação”. Porém, não se deve esquecer do processo coletivo que envolve a partilha do passado, como mostra Santos (2002, p.42), em seu estudo na cidade de Caxias do Sul, onde, segundo a autora, a próspera burguesia industrial local se apropriou da Festa da Uva e a utilizou como elemento de afirmação de identidade étnica de italiano. Onde está a origem de pertencimento num mundo globalizado? Pode-se dizer que, entre os descendentes de italianos por mim pesquisados, a origem italiana é uma marca que, segundo eles, encontrar-se-ia, de forma essencialista, nos indivíduos. Contudo, antropologicamente, considero importante observar a manipulação desse pertencimento, ou seja, quando, partindo do essencialismo, os indivíduos negociam posições e distinções sociais clivadas pela origem. Por que nem sempre consideram interessante se auto-denominarem italianos? Em que momentos acionam essa classificação? Por quê? Onde estaria essa origem? A noção de sangue, marco biológico e simbólico, é algo muito forte nas discursividades das origens. Origem esta que começa na travessia. Travessia por mim compreendida como o processo que se inicia nas condições que propiciaram e findaram por permitir a migração. Ela começa na Itália e finda aqui, quando se dão conta de que, de emigrados, tornaram-se imigrantes, seres em ruptura. As narrativas locais acerca dos antepassados começam, na maior parte das vezes, localmente. O passado italiano, para alguns incerto, é simplesmente o ponto de partida da saga dos migrantes. Esse eixo discursivo proporcionado pelo processo de construção das memórias é usado como elemento diferenciador do brasileiro comum, indistinto. O antepassado, aquele partindo do qual a saga familiar é contada, veio de lá, em contraposição aos daqui. A travessia, mito fundador das origens, é marcada de imagens, sons, tons, ganhos e perdas. Ela, narrada de diferentes formas, percorre os imaginários do processo migratório como uma lembrança nostálgica: Por que teriam saído da Itália? Como teriam saído? Quem e como eram os antepassados? Por quais dificuldades passaram? Acompanhei, através de narrações, muitas travessias. Viajamos também, eu e meus informantes, naquele universo proporcionado pelas memórias, memórias que adquiriam sentido ali, quando a mim estavam sendo narradas. Atualizadas por meio dos encontros familiares, das entidades, dos programas de rádio, de novelas, nas missas, nas procissões, nas casas, essa forma narrativa é acompanhada de uma forte carga emocional proporcionada pelas memórias dos descendentes. Compreendo que o itinerário das origens permite aos indivíduos refazerem laços, físicos, sociais e simbólicos, e muito da força desse tipo de reivindicação étnica encontra aí sua morada. Processo maior que denominei de “construção de memórias”, patrocinado pelos agentes interétnicos locais e pelo desejo dos descendentes de elaborarem um discurso sobre si baseado na italianidade, no pertencimento à cultura de origem italiana. Quem são os agentes interétnicos locais? No início de minha pesquisa de campo, em 1997, visualizava alguns agentes interétnicos localmente: escritores, religiosos, membros das entidades italianas, artistas, comerciantes, professores universitários, entre outros. Contudo, após alargar minhas redes de relações, observei que há agentes interétnicos em diversos níveis. Alguns possuem as discursividades das entidades italianas, outros não. Promovem a adoração aos antepassados como uma forma de manter vivos laços familiares em pequena escala. Compreendo que ambos estão fortalecendo e ajudando a refazer as noções de pertencimento local. Quanto mais eu me inseria em domínios domésticos, mais eu observava a força deste sentimento, pois nele se inseriam laços duradouros e extremamente carregados de afetividade. Não seria a Itália o alvo principal de adoração, mas sim as redes de relações que a noção de origem trilhava: casa, terra, pais, mães, nonnos, nonnas, bisnonnos, bisnonnas, tios, tias, irmãos... A italianidade refazia, por meio da narrativa sobre si, um elo de pertencimento que, para além de um sentimento coletivo, elevava sentimentos de menor alcance como o orgulho de ser membro de determinada família, de possuir tal sobrenome e poder agregar tais sagas às suas próprias imagens individuais. Considerações finais Poderíamos dizer que a ítalo-brasilianidade é trabalhada positivamente e pragmaticamente uma vez que os descendentes, em sua maior parte, não teriam desejo manifesto de viver na Itália, o que cultivam é uma distintividade que tem operacionalidade aqui, no universo brasileiro. Observei, em minha pesquisa de campo, que o desejo de permanecer por mais tempo na Itália estava mais presente entre os jovens, porém, muitos salientavam que estavam indo para lá simplesmente com o intuito de estudar e poder voltar mais capitalizados para o Brasil. Designar-se “italiano” fazia mais sentido aqui, na medida em que se acionam positividades que se agregavam às suas identidades individuais e denotam determinado estilo de vida. A Itália imaginada e cultivada é aquela dos antepassados, não necessariamente a Itália industrial contemporânea. Muitas das memórias com as quais trabalhei remetiam ao universo camponês de um mundo que foi remodelado nas colônias. Não seria a Itália de hoje. Era,antes, a Itália mentida nos imaginários locais e nostalgicamente sentida. Dessa forma, reivindicar italianidade no Brasil fazia parte de um processo de negociação identitária que promoveria distinção (cfe.Bourdieu, 1998), uma vez que os descendentes, idealmente, agregam a si mesmos valores positivos traçados através dos itinerários migrantistas. Ao assumirem a italianidade como uma opção e um estilo de vida, incorporavam também, valorativamente, a saga dos antepassados que, pioneiros, teriam “civilizado” e desenvolvido suas regiões de colonização. 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