Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Domingos Gomes de Aguiar Filho Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Química Geral Têxtil – Química Geral 1 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional SUMÁRIO AULAS Página Normas e Técnicas de Segurança em Laboratório e Equipamentos Básicos de Laboratório. 03 Interação da Radiação Eletromagnética com a Matéria (teoria de Bohr) 09 Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ) nos Laboratórios de Química da PUC Goiás 13 Técnicas de Trabalho com Material Volumétrico 18 Análise das Propriedades de Reagentes Químicos 22 Condutividade Elétrica das Soluções – força de ácido e base 24 Cálculo de Concentrações – preparação e padronização da solução de hidróxido de sódio 27 Cálculo de Concentrações – preparação e padronização da solução de ácido sulfúrico 31 Determinação de Ácido Acetilsalicílico em Medicamentos Volumetria de Neutralização 33 Determinação de cloretos em soro fisiológico Volumetria de Precipitação 36 Determinação da Dureza da Água Volumetria de Complexação 39 Reações Químicas em Solução Aquosa 44 Equilíbrio Químico 46 Medidas e Aplicação de pH 49 Medidas e Aplicação de pH em Cosméticos – Sistema tampão 54 Têxtil – Química Geral 2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Aula 1: Normas e Técnicas de Segurança em Laboratório e Equipamentos Básicos de Laboratório. 1. Introdução A ocorrência de acidentes em laboratório, infelizmente, não é tão rara como possa parecer. Com a finalidade de diminuir a frequência e a gravidade desses acidentes torna-se absolutamente imprescindível que durante os trabalhos realizados se observe uma série de normas de segurança: 1. O laboratório é um lugar de trabalho sério. Trabalhe com atenção, método e calma. 2. Siga rigorosamente as instruções específicas do professor. Experiências não autorizadas são proibidas. 3. Localize os extintores de incêndio e familiarize-os com o seu uso. 4. Não fume no laboratório. 5. Prepare-se para realizar cada experiência, lendo antes os conceitos referentes ao experimento e o roteiro da prática. 6. Use um avental (jaleco) apropriado. 7. Evite conversas desnecessárias no laboratório. 8. Nunca deixe frascos contendo solventes inflamáveis próximos à chama. 9. Evite contato de qualquer substância com a pele. Seja particularmente cuidadoso quando manusear substâncias corrosivas como ácidos e bases concentrados. 10. Todas as experiências que envolvam a liberação de gases e/ou vapores tóxicos devem ser realizadas na câmara de exaustão (capela). 11. Sempre que proceder a diluição de um ácido concentrado, adicione-o lentamente, sob agitação sobre a água, e não o contrário. 12. Não jogue nenhum material sólido dentro da pia ou nos ralos. 13. Não trabalhe com material imperfeito. Comunique ao seu professor qualquer acidente, pôr menor que seja. 14. Antes de utilizar qualquer reagente, verifique a toxicidade da substância no rótulo do frasco ou na literatura apropriada. 15. Leia com atenção o rótulo de qualquer frasco de reagentes antes de usá-lo. Leia duas vezes para ter certeza de que pegou o frasco certo. Algumas fórmulas e nomes químicos podem diferir apenas de uma letra ou de um número. 16. Quando for testar um produto químico pelo odor, não coloque o frasco sob o nariz. Desloque com a mão, para a sua direção, os vapores que se desprendem do frasco. 17. Conserve seus equipamentos e mesa limpos. Evite derramar líquido, mas se o fizer, lave imediatamente o local com bastante água. 18. Ao se retirar do laboratório, verifique se não há torneiras (água ou gás) abertas. Desligue todos os aparelhos, deixe todo o equipamento limpe e lave as mãos. Têxtil – Química Geral 3 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2. Símbolos de identificação Figura 1: Pictogramas baseados em padrões largamente aceitos. 3. Equipamentos básicos de laboratório A execução de qualquer experimento na Química envolve, geralmente, a utilização de uma variedade de equipamentos de laboratório, a maioria muito simples, porém com finalidades específicas. O emprego de um dado equipamento ou material depende dos objetivos e das condições em que a experiência será realizada. Contudo, na maioria dos casos, a seguinte correlação pode ser feita: 3.1. Material de vidro 1. Tubo de ensaio: utilizado principalmente para efetuar reações químicas em pequena escala. 2. Béquer: recipiente com ou sem graduação utilizado para o preparo de soluções, aquecimento de líquido, recristalização, pesagem, etc. 3. Erlenmeyer: frasco utilizado para aquecer líquidos ou para efetuar titulações. 4. Kitassato: frasco de paredes espessas, munido de saída lateral e usado em filtração sob sucção. 5. Funil: utilizado na transferência de líquidos de um frasco para outro ou para efetuar filtrações simples. 6. Bureta: equipamento calibrado para medida precisa de volume de líquidos. Permite o escoamento do líquido e é muito utilizada em titulações. 1 2 3 7 8 9a Têxtil – Química Geral 4 9b 5 10 6 11 4 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 7. Balão volumétrico: recipiente calibrado, de precisão, destinado a conter um determinado volume de líquido, a uma dada temperatura; utilizado no preparo de soluções de concentração definidas. 8. Proveta ou cilindro graduado: frasco com graduação, destinado a medidas aproximadas de volume de líquidos. 9. Pipeta: equipamento calibrado para medida precisa de volume de líquidos. Existem dois tipos de pipetas: (a) pipeta graduada e (b) pipeta volumétrica. A primeira é utilizada para escoar volumes variáveis e a segunda para escoar volumes fixos de líquidos. 10. Bastão de vidro: usado na agitação e transferência de líquidos. Quando envolvido em uma de suas extremidades por um tubo de látex, é chamado de policial e é empregado na remoção quantitativa de precipitados. 11. Cuba de vidro ou cristalizador: recipiente geralmente utilizado para conter misturas refrigerantes, e finalidades diversas. 12. Dessecador: utilizado no armazenamento de substâncias quando se necessita de uma atmosfera com baixo teor de umidade. Também pode ser utilizado para manter as substâncias sob pressão reduzida. 13. Condensador: equipamento destinado à condensação de vapores, em (a) destilação ou (b) aquecimentos sob refluxo. 14. Funil de separação: equipamento para separar líquidos não miscíveis. 15. Funil de adição: equipamentos para adição de soluções em sistemas fechados. 12 13a 13b 14 15 16. Pesa-filtro: recipiente destinado à pesagem de sólidos. 17. Balão de fundo chato: frasco destinado a armazenar líquidos. 18. Balão de fundo redondo: recipiente utilizado para aquecimento de soluções em destilações e aquecimentos sob refluxo. 19. Termômetro: instrumento de medidas de temperatura. 20. Vidro de relógio: usado geralmente para cobrir béqueres contendo soluções e finalidades diversas. 16 17 Têxtil – Química Geral 18 19 20 5 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.2. Material de porcelana 21. Funil de Büchner: utilizado em filtração por sucção, devendo ser acoplado a um kitassato. 22. Cápsula: usada para efetuar evaporação de líquidos. 23. Cadinho: usado para a calcinação de substâncias. 24. Almofariz e pistilo: destinados à pulverização de sólidos. Além de porcelana, podem ser feitos de ágata, vidro ou metal. 21 22 23 24 5.3. Material metálico 25. Suporte (a) e garra (b): peças metálicas usadas para montar aparelhagens em geral. 26. Bico de gás (Bunsen): fonte de calor destinado ao aquecimento de materiais não inflamáveis. 27. Tripé: usado como suporte, principalmente de telas e triângulos. 28. Plataforma elevatória: usado para ajustar altura de aparelhagens em geral. 29. Tela de amianto: tela metálica, contendo amianto, utilizada para distribuir uniformemente o calor, durante o aquecimento de recipientes de vidro à chama de um bico de Bunsen. 30. Triângulo de ferro com porcelana: usado principalmente como suporte em aquecimento de cadinhos. 25a 25b Têxtil – Química Geral 26 27 28 29 30 6 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.4. Material elétrico 31. Balança: instrumento para determinação de massa. 32. Estufa: equipamento empregado na secagem de materiais, por aquecimento, em geral até 200C. 33. Manta elétrica: utilizada no aquecimento de líquidos inflamáveis, contidos em balão de fundo redondo. 34. Chapa elétrica: utilizada no aquecimento de líquidos inflamáveis, contidos em béqueres ou erlenmeyer. 35. Centrífuga: instrumento que serve para acelerar a sedimentação de sólidos em suspensão em líquidos. 31 32 33 34 35 3.5. Materiais diversos 36. Suporte para tubos de ensaio. 37. Pisseta: frascos geralmente contendo água destilada, álcool ou outros solventes, usados para efetuar a lavagem de recipientes ou materiais com jato do líquido nele contido. 36 37 4. Acidentes comuns em laboratório e noções de primeiros socorros 1. Incêndio a partir do bico de gás Desligar a chave geral da entrada de gás (combustível). Em seguida desligar o bico de Bunsen. Caso o incêndio persista usar extintor do tipo pó químico (NaHCO 3). Pedir ajuda, não tentar apagar o fogo sozinho. 2. Incêndio a partir de curto-circuito em fiação elétrica Desligar a chave geral de energia elétrica. Utilizar extintor de CO2 ou de pó químico. 3. Intoxicação por inalação de gases Têxtil – Química Geral 7 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Remover a vítima para um ambiente arejado deixando-a descansar. Arejar o ambiente deixando todas as janelas e portas abertas, ligar ventiladores e exaustores. 4. Queimaduras com ácidos líquidos ou com bases Lavar imediatamente o local com água corrente em abundância por 15 minutos. Dependendo da gravidade, procurar auxílio médico. 5. Queimadura geral com fogo Em queimaduras graves lavar imediatamente com água no chuveiro, remover as roupas e sapatos contaminados. Não esfregar ou friccionar a pele. Secar cuidadosamente e procurar auxílio médico. No caso de queimaduras leves aplicar pomada de picrato de butesina ou paraqueimol. 6. Incêndio em um almoxarifado de reagentes químicos Utilizar extintor do tipo pó químico (NaHCO3). 7. Ácidos ou álcalis nos olhos Lavar os olhos com água corrente por 15 minutos e em seguida com soro fisiológico. 8. Ingestão de substâncias tóxicas Administrar uma colher de “ANTÍDOTO UNIVERSAL”, que é constituído de duas partes de carvão ativo, uma de dióxido de magnésio e uma de ácido tânico. Procurar auxílio médico. 9. Referências CIENFUERGOS, F. Segurança no Laboratório. Rio de Janeiro: Editora Interciência Ltda, 2001. TRINDADE, D. F. et al. Química básica experimental. 2ª edição. São Paulo: Editora Ícone, 1998. Têxtil – Química Geral 8 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Aula 2: Interação da Radiação Eletromagnética com a Matéria (teoria de Bohr) 1- Introdução Os modelos atômicos foram propostos ao longo da história para tentar dar uma explicação coerente e sistemática para diferentes fenômenos da natureza. Assim, o modelo de Dalton explicou a proporcionalidade das quantidades de substâncias ao se combinarem entre si, mas não contemplava a natureza elétrica da matéria, o que foi feito pelo modelo de Thomson. Os grandes descobrimentos realizados a partir de meados do século XIX levaram a questionamentos do modelo de Thomson e à idealização de um novo modelo, o de Rutherford, que introduziu o conceito de espaço vazio em nível atômico e a localização das partículas subatômicas no átomo. Contudo, à medida que a Ciência evoluiu foi observado falhas no modelo de Rutherford-Bohr, ao tentar explicar os espectros atômicos, estudou exaustivamente à existência de níveis de energia no átomo. Segundo Bohr, os elétrons no átomo não estariam girando ao redor do núcleo, mas movimentavam-se em espaços atômicos caracterizados por quantidades definidas de energia. Alguns elétrons, ao receberem energia, passam a ocupar outro nível de maior energia. Mas tal situação é instável e a tendência é retornar ao seu estado de menor energia. Nesse processo, a energia absorvida é irradiada na forma de ondas eletromagnéticas que podem ser visualizadas, isto é, na forma de cor (Figura 1). Este é o fundamento dos ensaios da chama, que possibilitam identificar um metal por meio da cor que eles emitem quando levados à chama. Estado Excitado E2 (eq. 1) hc ∆E = E 2 − E1 = hν = λ Estado Fundamental E1 Absorção Emissão Figura 1- Transição eletrônica A radiação eletromagnética é um tipo de energia que interage com a matéria em uma grande variedade de maneiras e, portanto é de grande importância em química. A fim de entender a natureza dessas interações, alguns aspectos com as propriedades da energia radiante são necessárias. A radiação eletromagnética ou energia radiante não é facilmente caracterizada, possui algumas propriedades consistentes com a teoria das ondas, porém possui outras propriedades que a faz com que se comporte como partícula. Ela pode ser considerada como uma combinação de corrente elétrica alternada e campo magnético que percorre através do espaço com um movimento de onda. Têxtil – Química Geral 9 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Devido à radiação atuar como uma onda, ela pode ser classificada tanto em termos de comprimento de onda como de freqüência, as quais estão relacionadas pela seguinte equação: ν = c/λ (eq. 2) onde: ν = frequência em segundos -1 (s-1); c = velocidade da luz (3 x 10-8 m s-1); λ = comprimento de onda em metros (normalmente em nm = 10-9 m). Nem todas as interações entre radiação eletromagnética e matéria podem ser explicadas em termos de uma simples teoria das ondas. Um entendimento de certas interações requer que a radiação seja visualizada como uma partícula ou um pacote de energia denominada de fóton. A energia de um fóton associada com a radiação eletromagnética é definida pela seguinte equação: E = h ν (eq. 3) onde: E = energia em joules (J); h = constante de Planck (6,62 x 10-34 J s). Uma vez que frequência e comprimento de onda são inversamente proporcionais, a energia de um fóton é descrita em termos de comprimento de onda pela equação: E = h c/λ (eq. 4) Tentando usar simultaneamente as características de onda e partícula, a radiação eletromagnética pode ser considerada como sendo pequenos pacotes de energia se movendo no espaço na forma de onda. Através das equações acima, verifica-se que as radiações com menores comprimentos de onda possuem maior energia. Quando a radiação interage com a matéria um certo número de processos pode ocorrer, incluindo reflexão, espalhamento, absorção, fluorescência/fosforescência (absorção e reemissão), e reações fotoquímicas (absorção e quebra de ligações químicas). Como a luz é uma forma de energia, absorção de luz pela matéria faz com que a quantidade de energia das moléculas (ou átomos) aumente. A energia potencial total de uma molécula é representada geralmente como a soma de suas energias eletrônica, vibracional e rotacional: Etotal = Eeletrônica + Evibracional + Erotacional (eq. 5) A quantidade de energia que uma molécula possui em cada uma das formas não é contínua, mas uma série de níveis discretos ou níveis de estado. As diferenças de energia entre os diferentes estados são na seguinte ordem: Eeletrônica > Evibracional > Erotacional Em algumas moléculas e átomos, luz tem energia suficiente para ocasionar transições entre os diferentes níveis eletrônicos de energia. O comprimento de onda da luz absorvida é aquele que tem energia suficiente para mover um elétron de um nível inferior de energia para um nível superior de energia. Para transições Têxtil – Química Geral 10 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional eletrônicas, a diferença de energia entre o estado fundamental e o estado excitado é relativamente grande. Portanto, a absorção de energia e o retorno para o estado fundamental são processos rápidos, e o equilíbrio é alcançado muito rapidamente. Assim, uma simples relação linear entre absorbância e concentração e a relativa facilidade de medida da luz têm feito com que a espectroscopia seja à base de vários métodos analíticos quantitativos. 2. Objetivos Nesta aula, os ensaios da coloração da chama serão utilizados para observar as cores emitidas por diferentes metais no espectro visível (Figura 2), correlacionando este fenômeno com o modelo atômico proposto por Bohr. Figura 2- Espectro na região do visível 3. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental selecionar os materiais, reagentes e vidrarias necessárias para a execução do experimento. 4. Procedimento Experimental 1. Coloque a haste de madeira na solução em estudo. Observe se a mesma foi absorvida pela madeira. Leve-a à chama. Observe a coloração da chama e anote na tabela de resultados. Repita o mesmo procedimento com as demais soluções. 2. Faça misturas de soluções de metais (1:1) nos tubos de ensaios, conforme Tabela 1. Mergulhe um palito em cada mistura e observe a coloração da chama. Anote na tabela de resultados. Têxtil – Química Geral 11 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] 5. Resultados AMOSTRA NaCℓ COR DA CHAMA Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MISTURA NaCℓ + KCℓ KCℓ KCℓ + LiCℓ LiCℓ LiCℓ + CaCℓ2 COR DA CHAMA CaCℓ2 CaCℓ2 + SrCℓ2 SrCℓ2 SrCℓ2 + BaCℓ2 BaCℓ2 BaCℓ2 + NaCℓ VOGEL, A. Química Analítica Qualitativa. 5a ed. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1981. Aula 3: Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ) nos Laboratórios de Química da PUC Goiás 1. Introdução A geração de resíduos químicos em laboratórios de instituições de ensino superior no Brasil sempre foi um assunto pouco discutido na maioria das Universidades, em especial nos departamentos de Química a gestão dos resíduos gerados nas suas atividades rotineiras é inexistente e, devido à falta de um órgão fiscalizador o descarte inadequado é realizado normalmente. No atual cenário, aonde vários segmentos da sociedade vêm cada vez mais se preocupando com a questão ambiental, as Universidades não podem continuar mantendo esta medida cômoda de simplesmente ignorar sua posição de geradora de resíduos, pois, tal atitude fere frontalmente o papel que ela própria desempenha quando avalia o impacto causado por outras unidades geradoras de resíduo fora dos seus limites físicos. Assim sendo, frente ao papel importante que as universidades desempenham na nossa sociedade, diante da importância ambiental que estes resíduos podem apresentar e, por uma questão de coerência e postura, os Laboratórios de Química do Departamento de Matemática, Química, Física e Engenharia de Alimentos (MAF) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), se posicionam de forma ativa e consciente na implantação do Programa de Gerenciamento de Resíduos (PGRQ), considerando a importância em preservar o meio ambiente e proteger a saúde dos cidadãos. 2. Objetivos Esta aula tem por objetivo apresentar o processo de coleta seletiva, tratamento e reaproveitamento dos resíduos gerados nas aulas práticas do Laboratório de Química, de acordo com as normas e legislações vigentes e de forma ecologicamente correta. Têxtil – Química Geral 12 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3. Meta Por meio de iniciativas para conscientizar funcionários, docentes, alunos e a comunidade interna e externa que freqüentam os laboratórios, o PGRQ tem como meta modificar o comportamento cultural sobre a importância da preservação ambiental, quanto aos resíduos gerados, segregação e o seu destino final. 4. Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ) A implantação e a manutenção de um Programa de Gerenciamento demandam a adoção de três conceitos importantes, os quais direcionarão as atividades a serem desenvolvidas no decorrer do programa. O primeiro é o de que gerenciar resíduos não é sinônimo de geração zero de resíduo, ou seja, o gerenciamento busca não só minimizar a quantidade gerada, mas também impõe um valor máximo na concentração de substâncias notadamente tóxicas no efluente final da unidade geradora, tendo como guia as Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). O segundo conceito diz que só se pode gerenciar aquilo que se conhece, e assim sendo, um inventário de todo o resíduo passivo produzido na rotina da unidade geradora é indispensável. O terceiro conceito importante é o da responsabilidade objetiva na geração do resíduo, ou seja, o gerador do resíduo é o responsável pela sua destinação final. Além destes três importantes conceitos que servem de sustentação para qualquer programa de gerenciamento de resíduos, a operacionalização deste envolve outros pontos básicos: 1) O compromisso explícito dos responsáveis da Unidade Geradora pelo programa; 2) A conscientização de todos os usuários do laboratório; 3) O Inventário do passivo e ativo existente na unidade geradora; 4) A Hierarquização das responsabilidades de cada pessoa envolvida no PGRQ. O compromisso formal dos responsáveis pela Unidade Geradora em programar e manter o PGRQ é importante, primeiro porque envolve todo o pessoal ligado diretamente às atividades que geram resíduos. Além disso, devemos considerar que grande parte destas pessoas estará engajada em alguma atividade adicional pelo menos durante a fase inicial do PGRQ. Um programa desta natureza sempre demanda recursos financeiros tanto na sua fase inicial, como na sua manutenção e um levantamento completo dos resíduos vencidos sem utilidade que se classificam como passivo e os reagentes químicos que são utilizados no dia-a-dia classificados ativo são importantes, porque permitem que a unidade conheça a si própria quanto à natureza e qualidade dos resíduos gerados e estocados. 5. Resíduos Químicos Os resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade são: 1. Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria do Ministério da Saúde (MS) n. 344 de 1998; Têxtil – Química Geral 13 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2. Resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes; 3. Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores); 4. Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; 5. Demais produtos considerados perigosos pela classificação da NBR 10004 (ABNT, 2004) aquele tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos. 6. Resíduos Comuns Recicláveis Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares como: papel de uso sanitário, fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar, material utilizado em anti-sepsia, sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resto alimentar de refeitório, resíduos provenientes das áreas administrativas, resíduos de varrição como flores, podas e jardins, resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde. 7. Resíduos Perfurocortantes Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório tais como pipetas, tubos de coleta sanguínea, placas de Petri e outros similares. 8. Diretrizes para o Gerenciamento de Resíduos Químicos nos Laboratórios de Química da PUC Goiás Tanto a seleção quanto o tratamento adequados para cada tipo de resíduo gerado é fundamental para a minimização do impacto ambiental causado pela atividade desenvolvida nos Laboratórios de Química da PUC Goiás. Os resíduos gerados no laboratório se enquadram são Resíduos Químicos, Resíduos Comuns Recicláveis e Resíduos Perfurocortantes. Portanto, são de suma importância o conhecimento da legislação e as recomendações para o tratamento e descarte desses. A legislação que estabelece as diretrizes para a classificação, tratamento e limites para lançamento na rede pública são as Resoluções do CONAMA e algumas NBRs da ABNT. 8.1. Resíduos Químicos As características dos riscos destas substâncias são as contidas na Ficha de informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), conforme NBR 14725-4 (ABNT, 2009). Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou disposição final específicos. Têxtil – Química Geral 14 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Resíduos químicos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em aterro de resíduos perigosos da Classe I. Resíduos químicos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento para disposição final em aterros. Ambos devem ser acondicionados observadas as exigências de compatibilidade química dos resíduos entre si, assim como de cada resíduo com os materiais das embalagens de forma a evitar reação química entre os componentes do resíduo e da embalagem, enfraquecendo ou deteriorando a mesma, ou a possibilidade de que o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo. Quando os recipientes de acondicionamento forem constituídos de polietileno, deverá ser observada a compatibilidade. Quando destinados à reciclagem ou reaproveitamento, devem ser acondicionados em recipientes individualizados, observadas as exigências de compatibilidade química do resíduo com os materiais das embalagens de forma a evitar reação química entre os componentes do resíduo e da embalagem, enfraquecendo ou deteriorando a mesma, ou a possibilidade de que o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo. Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante. Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em recipientes de material rígido, adequados para cada tipo de substância química, respeitando as suas características físico-químicas e seu estado físico, e identificados de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) do CONAMA n. 306 de 2004. As embalagens que não entram em contato direto com produto químico devem ser fisicamente descaracterizadas e acondicionadas como Resíduo do Grupo D, podendo ser encaminhadas para processo de reciclagem. As soluções de ácidos ou bases utilizadas devem ser neutralizadas para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes. O descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo Chumbo (Pb), Cádmio (Cd) e Mercúrio (Hg) e seus compostos, deve ser feito de acordo com a Resolução do CONAMA n. 257 de 1999. Os demais resíduos sólidos contendo metais pesados podem ser encaminhados a Aterro de Resíduos Perigosos – Classe I ou serem submetidos a tratamento de acordo com as orientações do órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. Os resíduos líquidos deste grupo devem seguir orientações específicas dos órgãos ambientais locais. Os resíduos contendo Mercúrio (Hg) devem ser acondicionados em recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação. Resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem. Resíduos no estado sólido, quando não submetidos à reutilização, recuperação ou reciclagem devem ser encaminhados para sistemas de disposição final licenciados. Têxtil – Química Geral 15 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Resíduos no estado líquido podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam respectivamente as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes. 8.2. Resíduos Comuns Recicláveis Os resíduos orgânicos como sobras de alimento e de pré-preparo desses alimentos, restos podem ser encaminhados ao sistema coletor da Companhia de Urbanização de Goiânia (COMURG). 8.3 Resíduos Perfurocortantes Os materiais perfurocortantes como agulhas e lâminas devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso em recipientes rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente e identificados. No caso de vidrarias quebradas, o descarte deve ser feito conforme descrito acima em recipiente separado com identificação específica. 9. O Tratamento e o Acondicionamento dos Resíduos Gerados O tratamento não visa zerar a geração de resíduos e sim atender aos pré-requisitos adotados pela legislação. Os grupos de resíduos anteriormente identificados nesse laboratório químico, além de segregados e identificados, são tratados, acondicionados e destinados de acordo com os procedimentos operacionais padrões (POPs) disponíveis no PGR da Química. 10. Bibliografia PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS (PGR) da PUC Goiás. Aula 4: Técnicas de Trabalho com Material Volumétrico 1. Introdução A Química é uma ciência experimental e um dos procedimentos mais utilizados no laboratório é a medição. Medir significa determinar com base em uma determinada escala, a quantidade de uma grandeza. Muitas vezes a prática química não exige medidas precisas, isto é, quando a medida é qualitativa. No entanto, muitas vezes é necessário saber com exatidão e precisão a massa ou o volume de uma substância. Para determinarmos a massa, utilizamos balanças. Para medirmos o volume, utilizamos vários recipientes que nos ajudam a realizar medidas, com diferentes níveis de precisão. Muitas vezes o resultado de uma determinada prática depende fundamentalmente do grau de precisão com que foram realizadas as medidas, por isso é importante que você conheça os recipientes volumétricos, saiba lidar com eles e esteja ciente dos erros que podem acontecer para procurar evitá-los. Têxtil – Química Geral 16 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2. Objetivos Esta aula tem como objetivos reconhecer os principais recipientes volumétricos, estudar suas características e especificações de utilidade, as técnicas de limpeza e manipulação. 3. Técnicas de Leitura A prática de análise volumétrica requer a medida de volumes líquidos com elevada precisão. Erros nas medidas acarretam em erros nos resultados finais da análise, os quais devem ser evitados. A não observação dos cuidados necessários à medição conduz a resultados equivocados, mesmo quando todas as outras regras de operação são realizadas com precisão. A medida de volumes está sujeita a uma série de erros devidos à ação da tensão superficial sobre superfícies líquidas, dilatações e contrações provocadas pelas variações de temperatura, imperfeita calibração dos aparelhos volumétricos e erros de paralaxe. Medir volumes de líquidos em um recipiente significa comparar a sua superfície com a escala descrita no recipiente utilizado. Essa superfície é denominada menisco. Os líquidos têm a propriedade de reduzir ao máximo a sua superfície. Esta propriedade denomina-se tensão superficial e está relacionada com a força na qual as moléculas de um líquido se atraem mutuamente. Se no interior de um líquido as forças de atração estão saturadas, na superfície está compensada só uma parte delas. Por isso as moléculas da superfície sofrem uma atração recíproca especialmente forte, é como se o líquido estivesse coberto por uma película autotensora. Essa força que contrai a superfície do líquido é o que chamamos de tensão superficial e varia para cada líquido, dependendo do caráter da interação intermolecular. O menisco é a superfície do líquido que estaremos medindo. Para a água, a força de coesão entre as moléculas é parcialmente superada pelas de adesão entre ela e o vidro, e o menisco é côncavo, sendo que sua parte inferior (vértice) deverá coincidir com a linha de aferição (Figura 3.1). No mercúrio, ao contrário, as forças de coesão são bastante maiores que as de adesão entre o mercúrio e o vidro, e o menisco é convexo, sendo considerado para leitura sua parte superior (Figura 3.2). Para líquidos que apresentam concavidade e são transparentes ou levemente coloridos, a parte inferior do menisco deverá coincidir com a linha de aferição (Figura 3.3). Se for fortemente colorido, isto é, se não for possível verificar o menisco, deve-se considerar sua parte superior (Figura 3.4). Têxtil – Química Geral 17 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Figura 3.1: Superfície côncava Figura 3.3: Menisco inferior Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 3.2: Superfície convexa Figura 3.4: Menisco superior Outra técnica importante é a posição do olho do observador. Este deverá estar sempre no mesmo nível da marca de aferição do recipiente (Figura 3.5). Se o observador estiver olhando por cima do menisco, observará um valor superior ao verdadeiro. Se estiver olhando por baixo do menisco, observará um valor inferior. Estes erros são conhecidos como erros de paralaxe. Figura 3.5: Posição do observador. Erro de paralaxe. Têxtil – Química Geral 18 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4. Limpeza e secagem de material volumétrico Os aparelhos volumétricos devem estar perfeitamente limpos, para que os resultados das medidas possam ser reprodutíveis. Recomenda-se limpar o material com solução detergente, enxaguá-lo várias vezes com água da torneira e depois com jatos de água destilada. Verifica-se a limpeza, deixando escoar a água. Se a película líquida, inicialmente formada nas paredes, escorre uniformemente, sem deixar gotículas presas, a superfície está limpa. Qualquer sujeira aderida às paredes dos recipientes altera o resultado final da medida. Caso seja necessária limpeza mais drástica, existem soluções especiais, tais como solução sulfocrômica (dicromato de potássio em ácido sulfúrico concentrado). Esta solução é corrosiva e exige muito cuidado em seu emprego. Outras soluções utilizadas são a alcoólica de hidróxido de potássio, mistura álcool e éter; solução básica de permanganato de potássio. Para a secagem de material volumétrico, pode-se utilizar: secagem comum, por evaporação à temperatura ambiente; secagem em corrente de ar, por exemplo, ar aspirado por meio de uma bomba de vácuo. Uma secagem rápida pode ser obtida após enxaguar o material com álcool ou acetona. Caso não se disponha de tempo para secar pipetas ou buretas, deve-se enxaguá-las repetidas vezes com pequenas porções do líquido que será usado para enchê-las. Material volumétrico não deve ser seco em estufa, nem deve ser aquecido. 5. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar os materiais, as vidrarias e os reagentes necessários para a execução dos experimentos (sublinhados). 6. Procedimento Experimental 1- Comparação entre proveta e béquer: Utilizando o bastão de vidro, encha a proveta de 50mL com água destilada e acerte o traço de aferição. Com cuidado, transfira esse volume para um béquer de 100mL. Compare o volume final. Anote a sua observação na tabela de resultados. 2- Comparação entre proveta e balão volumétrico: Utilizando o bastão de vidro, encha a proveta de 100mL com água destilada e acerte o traço de aferição. Transfira para um balão volumétrico de 100mL, limpo e seco. Compare o volume final. Anote a sua observação na tabela de resultados. 3- Comparação entre bureta e béquer: Fixe uma bureta de 50mL no suporte universal. Feche a torneira de controle de escoamento. Coloque um béquer de 100mL embaixo da bureta. Com auxílio de um béquer de 50mL, encha a bureta com água destilada e observe se há vazamento. Verifique se há bolhas entre a torneira e a extremidade inferior da bureta. Caso tenha, abra a torneira rapidamente até removê-la. Em seguida, encha a bureta com água destilada e acerte o menisco com o traço de aferição (zero), Têxtil – Química Geral 19 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional que fica na parte superior. Segure a torneira com a mão esquerda e usando os dedos polegar e médio dessa mão, inicie o escoamento. Transfira 50mL de água da bureta, para um béquer de 100mL limpo e seco. Compare o volume final. Anote a sua observação na tabela de resultados. 4- Técnicas de pipetagem: Segure uma pipeta graduada de 5 ou 10mL pela extremidade superior e acople o pipetador de borracha. Retire o ar de dentro do pipetador apertando simultaneamente a válvula superior e o pipetador. Mergulhe a extremidade inferior da pipeta em um béquer de 50mL contendo água destilada. Faça a sucção apertando a válvula inferior do pipetador até notar que o líquido subiu um pouco acima do traço de aferição. Puxe devagar para que o líquido não entre no pipetador. Para escoar o líquido, utilize a válvula lateral do pipetador. Acerte o zero e transfira lentamente, de 1 em 1mL, o líquido para um béquer. Repita o procedimento até não mais encontrar dificuldade em manusear o pipetador. Repita o procedimento 4 com um líquido escuro (solução de KMnO4) Repita o procedimento 4 utilizando uma pipeta volumétrica (volume fixo). Observação: Não se deve pipetar com a boca. Deve-se sempre utilizar o pipetador de borracha (pêra) acoplado à extremidade superior da pipeta. Os líquidos TÓXICOS, VOLÁTEIS E CORROSIVOS devem ser pipetados na capela com exaustor ligado. 7. Resultados Procedimento Observações 1 2 3 9. Referências E. O. Albuquerque. Aulas Prática de Química. Editora Moderna, São Paulo, 1994. Aula 5: Análise das Propriedades de Reagentes Químicos 1. Introdução O trabalho em laboratório de Química tem como principais objetivos à aquisição de conhecimentos fundamentais sobre as operações práticas e o relacionamento das experiências com os conceitos teóricos. As experiências de laboratório estimulam a curiosidade, desenvolvem as habilidades de observação, registro e interpretação de dados, assim como oferecem a oportunidade de um bom treinamento na manipulação de diversos materiais e equipamentos. Têxtil – Química Geral 20 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O sucesso de uma experiência está diretamente relacionado com o interesse, organização e cuidado na sua execução. Assim, o respeito às normas de segurança é fundamental para se evitar acidentes, devidos aos riscos inerentes dos trabalhos desenvolvidos. O cuidado e a adoção de medidas de segurança são de responsabilidade de cada indivíduo no laboratório. Se existir qualquer dúvida quanto à segurança de uma experiência, deve-se pedir a opinião de uma pessoa experiente ao invés de esperar que nada de mal aconteça. Cada um que trabalhe deve ter responsabilidade no seu trabalho e evitar atitudes imprudentes, de ignorância ou pressa que possam acarretar num acidente e possíveis danos. Deve prestar atenção à sua volta e se prevenir contra perigos que possam surgir do seu trabalho, bem como de outras pessoas. Nenhum produto químico deve ser manipulado no laboratório sem que se saiba exatamente o seu comportamento. Os rótulos devem conter sempre informações necessárias para a perfeita caracterização, bem como indicações de riscos, medidas de prevenção para o manuseio e instruções para o caso de eventuais acidentes. Dessa forma é fundamental que o químico saiba diferenciar as propriedades, a qualidade e os eventuais riscos na manipulação de reagentes químicos. 2. Objetivos Esta aula tem como objetivos analisar os reagentes químicos quanto as suas propriedades físicas e químicas, a forma correta de manipulá-los e como proceder em casos de acidentes. 3. Materiais • Catálogos de diferentes empresas 4. Reagentes (sugestão) • Ácidos inorgânicos: HCl, H2SO4, HNO3 • Ácidos Acético e Cítrico • Hidróxidos: NaOH e NH4OH • Solventes: Hexano e Acetona • Sais: Sulfato de cobre e Nitrato de ferro • Óxidos: óxido de crômio 5. Procedimento Experimental Você encontrará sobre a bancada alguns produtos químicos. Analise seis frascos, leia o rótulo e organize as seguintes informações na tabela abaixo. Resultados Tabela 2.1: Análise dos reagentes Nome do Reagente Fórmula Empresa Têxtil – Química Geral 21 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Estado Físico Ponto de Fusão (°C) Ponto de Ebulição (°C) Densidade (g/cm3) Massa Molecular (g/mol) % das principais impurezas Riscos de Manipulaçã o Forma de Descarte Têxtil – Química Geral 22 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Aula 6: Condutividade Elétrica das Soluções – força de ácido e base 1. Introdução Eletrólitos são substâncias que em um meio de elevada constante dielétrica, tal como a água, dissociam-se em íons (cátions e ânions) que se movem na solução, simultaneamente e em direções opostas, estabelecendo a corrente elétrica. O íon positivo (cátion) é atraído pelo pólo negativo (catodo) e o íon negativo (ânion) é atraído pelo pólo positivo (anodo). A dissociação iônica pode ser total (eletrólitos fortes), como acontece com a maioria dos sais e em alguns ácidos e bases, ou parcial (eletrólitos fracos), como ocorre com a maior parte dos ácidos e bases. Quando fundidos, quase todos os eletrólitos conduzem eletricidade. Deve-se registrar que uma substância que se comporta como um eletrólito em água pode não formar uma solução condutora em outro solvente. Isto é o que ocorre, por exemplo, com o cloreto de sódio em álcool, éter ou hexano. Os não-eletrólitos são as substâncias que quando em solução não conduzem a corrente elétrica. Por exemplo, sacarose, manose, glicose, etanol e uréia em soluções aquosas. 2. Objetivos Nesta aula serão realizados experimentos visando comparar a condutividade elétrica de diferentes eletrólitos e verificar que: a) a condutividade está relacionada com a mobilidade dos íons na solução; b) que a concentração iônica está diretamente relacionada com a carga que atravessa a solução; c) que quando se mistura uma substância iônica com uma substância molecular há uma interação entre elas que modifica suas estruturas e sua condutividade elétrica; d) o efeito da natureza do solvente e do soluto e também da concentração do soluto sobre a condutividade da solução. 3. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar as vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. 4. Procedimento Experimental 4.1 Verificação da natureza elétrica de espécies puras e em solução 1. Meça numa proveta 100mL de água destilada-deionizada para um béquer de 150mL. Mergulhe os eletrodos de cobre, previamente limpos, lavados e secos, e conecte a fonte de corrente alternada, como mostrado na figura 1. Verifique a condutividade elétrica da água. Anote as suas observações. Figura 1- Arranjo a ser utilizado na verificação da condutividade das soluções 2. Adicione ao béquer contendo água, uma pequena quantidade de sacarose, agite até haver dissolução completa do sólido, ligue o sistema e observe a condutividade da solução. Tecelagem - Química Geral 23 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3. No mesmo béquer, adicione uma pequena quantidade de cloreto de sódio, agite até haver dissolução completa do sólido, ligue o sistema e observe a condutividade da solução. 4. Em outro béquer de 150mL, transfira cerca de 50mL de solução de ácido acético 0,1mol L-1 e teste a condutividade da mesma. 5. Em outro béquer de 150mL, repita o procedimento acima utilizando uma solução de hidróxido de amônio 0,1mol L-1. 6. Misture as soluções utilizadas nos itens 4 e 5, verifique a condutividade. Compare com os resultados obtidos acima. 7. Em outro béquer de 150mL, adicione 50mL de álcool etílico e, a seguir, uma pequena quantidade de cloreto de sódio. Agite e verifique a condutividade da solução. Anote no quadro de resultados as suas conclusões relativas à classificação da solução como um eletrólito forte, fraco ou não eletrólito, utilizando como referência a situação da lâmpada (acesa ou apagada). 4.2 Determinação do ponto de equivalência de uma titulação utilizando medida de condutividade 8. Transfira para um béquer de 250mL, 50mL de solução saturada de hidróxido de bário, Ba(OH)2, e cerca de 3 gotas de fenolftaleína 1% (indicador ácido-base) e agite. Observe a cor. Mergulhe os eletrodos na solução. Faça as conexões como indicadas na figura 2 e verifique a condutividade da solução. 9. Adicione na bureta de 25mL, a solução de ácido sulfúrico 1mol L-1 (H2SO4) e titule lentamente, adicionando gota a gota esta solução. Mantenha o sistema de condutividade ligado. 10. Titule lentamente até o ponto de viragem (rosa para incolor) do indicador. 11. Adicione algumas gotas da solução de H2SO4 1mol L-1 e anote as suas observações. Figura 2. Aparelho para titulação 5. Resultados Item/Solução Situação da lâmpada Classificação da solução 1. água pura 2. Solução de sacarose 3. Solução de sacarose + NaCℓ 4. Solução de ácido acético 5. Solução de NH4OH 6. Mistura de ácido acético e NH4OH 7. etanol + NaCℓ Tecelagem - Química Geral 24 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 8. Ba(OH)2 + fenolftaleína 9. H2SO4 + Ba(OH)2 10. Até o ponto de equivalência 11. Excesso de H2SO4 7. Bibliografia KOTZ, J. C.; TREICHEL Jr, P. Química Geral e Reações Químicas. v. 1. São Paulo: Thomson Learning. 2006. Aula 7: Cálculo de Concentrações – preparação e padronização da solução de hidróxido de sódio 1. Introdução Uma solução é formada quando uma mistura homogênea de duas ou mais substâncias formam uma única fase. O componente presente em maior quantidade é chamado solvente e os outros componentes são denominados solutos. Quando se pensa em soluções, a primeira idéia que ocorre envolve a água como solvente, por exemplo: refrigerantes, bebidas, detergentes, remédios em solução oral, etc. Porém muitos produtos de consumo, tais como os óleos lubrificantes e a gasolina são soluções constituídas por outros líquidos. Além disso, deve-se estar atento que soluções não envolvem apenas os solventes líquidos. O ar é uma solução de N2, O2, CO2, vapor d’água e outros gases. O vidro, sólido amorfo, é uma solução de óxidos metálicos (Na2O e CaO, entre outros) em SiO2. A solda usada para fazer as conexões elétricas nos circuitos das calculadoras e dos computadores é também uma solução sólida de Sn, Pb e outros metais. As propriedades das soluções, por exemplo, a cor ou o sabor, dependem de sua concentração. Em química, a quantidade de soluto dissolvido em uma unidade de volume ou de massa da solução ou do solvente se denomina concentração. A concentração é expressa, comumente, em mol do soluto por litro da solução; esta concentração é a molaridade da solução. Em análise química é necessário preparar soluções de concentração exatamente conhecida, isto é, soluções padrões. Quando a substância não for facilmente solúvel em água, é aconselhável aquecer a substância e um pouco do solvente em um béquer com agitação, até que a substância se dissolva completamente. Em seguida, deixa-se a solução resfriar e transferir para um balão volumétrico com o auxílio de um funil. Lava-se o béquer algumas vezes com o solvente, transferindo tudo para o balão. Em nenhuma circunstância o balão volumétrico pode ser aquecido. Nos trabalhos de grande exatidão, os frascos devem ser de pyrex, ou de outro vidro resistente com tampas esmerilhadas. Para soluções alcalinas os frascos de vidro são substituídos por frascos de polietileno uma vez que as bases reagem com os componentes do vidro. Deve-se observar que os frascos de vidro são obrigatórios para algumas soluções, como por exemplo, iodo e nitrato de prata. Nestes dois casos o vidro deve ser escuro (âmbar), pois estas substâncias degradam-se por ação da luz. Os frascos de estocagem devem estar limpos e secos. Os frascos devem ser rotulados com o nome da solução, concentração, data de preparação e, quando for o caso, o nome do analista. Sobre a volumetria de neutralização compreende titulações de espécies ácidas com solução padrão alcalina e titulações básicas com solução padrão ácidas. O reagente titulante é sempre um ácido forte ou Tecelagem - Química Geral 25 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional uma base forte. Comumente o ponto final na titulação de neutralização é sinalizado com o auxílio de indicadores ácido-básicos. É importante conhecer o ponto da escala de pH em que se situa o ponto de equivalência da titulação, pois cada indicador apresenta uma zona de transição e também a maneira como varia o pH no curso da titulação, particularmente em torno do ponto de equivalência. Este ponto coincide com o ponto de neutralidade (pH 7) quando a titulação envolve um ácido forte e uma base forte. Nos demais casos, o ponto de equivalência encontra-se deslocado para a região alcalina, quando a titulação envolve um ácido fraco e uma base forte, ou para a região ácida, quando a titulação envolve um ácido forte com uma base fraca. Para preparar soluções padrões alcalinas, o regente mais usado é o hidróxido de sódio. No entanto o NaOH pode conter uma quantidade considerável de Na2CO3, além de ser higroscópico. Este reagente não é padrão primário e a sua solução deve ser padronizada contra reagentes ácidos, por exemplo, o biftalato de potássio. As soluções de hidróxido de sódio atacam o vidro e dissolvem a sílica com formação de silicatos solúveis. A presença de silicatos solúveis causa erros e as soluções de hidróxidos devem ser conservadas em frascos de polietileno. 2. Objetivos Esta aula tem como objetivos preparar, padronizar e conservar uma solução de NaOH 0,1 mol L-1. 3. Considerações sobre padrão primário Segundo Gil; Orlando; Matias e Serrano (2005) em um laboratório analítico o doseamento de qualquer tipo de matéria ou produto manufaturado é necessária a preparação de soluções de concentrações conhecidas e confiáveis. Este reagente é chamado de padrão primário que para isso são requeridas algumas exigências entre elas: a- Fácil obtenção, purificação, secagem e preservação em estado puro; b- Não deve ser higroscópico e nem oxidar no ar ou ser sensível ao dióxido de carbono; durante o uso e estocagem, a composição deve permanecer invariável; c- O total de impurezas não deve exceder 0,01-0,02%; d- Deve possuir uma massa molecular relativamente elevada, a fim de que os erros de pesagem possam ser desprezíveis; e- Deve ser solúvel nas condições experimentais f- Deve reagir com a espécie de interesse de modo estequiométrico e instantâneo. 4. Considerações sobre biftalato de potássio As soluções de hidróxido de sódio são geralmente padronizadas com hidrogenoftalato de potássio ou biftalato de potássio [HKC6H4(COO)2], que é um padrão primário (Figura1). É um sal com características ácidas que reage estequiometricamente com o NaOH. Tecelagem - Química Geral 26 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O C OK O C OH Figura 1: Estrutura molecular do biftalato de potássio. 5. Materiais, Vidrarias e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar os materiais, vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. 6. Procedimento experimental 6.1. Preparação da solução NaOH 0,1 mol L-1. 1- Meça com a pipeta volumétrica 25,0mL da solução estoque de NaOH 1,0mol/L. Transfira cuidadosamente para um balão volumétrico de 250mL. 2- Com o auxílio de um bastão de vidro, complete o volume do balão com água destilada recém fervida. Acerte o menisco e homogeneíze. Junte todas as soluções preparadas e transfira para frascos de polietileno e rotule-os. Observação: O frasco de estocagem deve estar limpo e lavado três vezes com um pouco da solução preparada. 6.2 Padronização da solução de NaOH 0,1 mol L-1. 1- Calcule a massa de biftalato de potássio necessária para reagir completamente com 25,00mL da solução de NaOH 0,1 mol L-1. 2- Pese exatamente a massa calculada no item 1 e transfira quantitativamente para um erlenmeyer de 250mL. Adicione cerca de 50mL de água destilada fria e recém fervida. Adicione duas gotas de fenolftaleína 1% e homogeneizar. 3- Lave a bureta de 25mL com pequena quantidade da solução de NaOH 0,1 mol L-1. Feche a torneira de controle de escoamento. Nas pias, com auxílio de um béquer de 50mL, encha a bureta com solução de NaOH 0,1 mol L-1 e observe se há vazamento. Verifique se há bolha entre a torneira e a extremidade inferior da bureta. Caso tenha, abra a torneira rapidamente até removê-la. Em seguida, encha a bureta com NaOH 0,1 mol L-1e acerte o menisco (zero). Fixe a bureta no suporte universal. 4- Titule com a solução recém preparada de NaOH 0,1 mol L-1, até mudança de coloração do indicador fenolftaleína de incolor para rosa. Anote o volume gasto e calcule o fator de correção, utilizando a seguinte fórmula. ou 25,0 Fc = Vgasto m = massa do biftalato de potássio pesada Tecelagem - Química Geral Fc = m 0,2042.V .M V = volume gasto da solução de NaOH (mL) 27 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] M= molaridade da solução (0,1 mol L-1) 5- Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 0,2042 = mmol do biftalato de potássio Calcule a média dos fatores de correção da turma. Em seguida, calcule a concentração real da solução de NaOH 0,1 mol L-1 e escreva no rótulo. Mreal = Fc x 0,1 7. Resultados Tabela 1: Resultados da padronização da solução de NaOH 0,1 mol L-1 Fator de correção da solução de NaOH 0,1 mol L-1– Grupo 1 Fator de correção da solução de NaOH 0,1 mol L-1– Grupo 2 Fator de correção da solução de NaOH 0,1 mol L-1– Grupo 3 Fator de correção da solução de NaOH 0,1 mol L-1– Grupo 4 Média do Fator de Correção da solução de NaOH 0,1 mol L-1 Molaridade real da solução de NaOH Bibliografia BACCAN, N.; ANDRADE, J. C.; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química Analítica Quantitativa Elementar. 2a ed. Campinas: Editora da UNICAMP. 1995. OHLWEILLER, O.A. Química Analítica Quantitativa. v. 2. 3a ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 1981. QUAGLIANO, J. V.; VALLARINO, L.M. Química. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois. 1979. Tecelagem - Química Geral 28 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Aula 8: Cálculo de Concentrações – preparação e padronização da solução de ácido sulfúrico 1. Objetivos Esta aula tem como objetivos preparar e padronizar solução aquosa de ácido sulfúrico. 2. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar as vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. 3. Preparação de Solução de H2SO4 0,05mol L-1 Na capela de exaustão química, adicionar num balão volumétrico de 100mL, 50mL de água destilada e em seguida o H2SO4 concentrado. Completar o volume do balão com água destilada e homogeneizar. Transferir para um frasco âmbar e rotular. Considerar o teor do ácido 95% m/m e densidade 1,840g/mL 4. Padronização de Solução de H2SO4 0,05mol L-1 Pesar 0,1325g de Na2CO3 em um béquer e transferir para um erlenmeyer de 250mL. Adicionar 50mL de água destilada. Agitar até dissolver. Adicionar 2 gotas de alaranjado de metila. Titule até mudança de coloração de amarelo para laranja. Calcular a concentração real da solução. ou 25,0 Fc = Vgasto Fc = m 0,106.V .M m = massa do carbonato de sódio V = volume gasto da solução de H2SO4 (mL) M= molaridade da solução (0,05 mol L-1) 0,106 = mmol do carbonato de sódio Calcule a média dos fatores de correção da turma. Em seguida, calcule a concentração real da solução de H2SO4 0,05 mol L-1 e escreva no rótulo. Mreal = Fc x 0,05 Tecelagem - Química Geral 29 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5. Resultados Tabela 1: Resultados da padronização da solução de H2SO4 0,05 mol L-1 Fator de correção da solução de H2SO4 0,05 mol L-1= Grupo 1 Fator de correção da solução de H2SO4 0,05 mol L-1=Grupo 2 Fator de correção da solução de H2SO4 0,05 mol L-1= Grupo 3 Fator de correção da solução de H2SO4 0,05 mol L-1= Grupo 4 Média do Fator de Correção da solução de H2SO4 0,05 mol L-1 Molaridade real da solução de H2SO4 0,05 mol L-1 6. Bibliografia BACCAN, N.; ANDRADE, J. C.; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química Analítica Quantitativa Elementar. 2a ed. Campinas: Editora da UNICAMP. 1995. OHLWEILLER, O.A. Química Analítica Quantitativa. v. 2. 3a ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 1981. QUAGLIANO, J. V.; VALLARINO, L.M. Química. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois. 1979. Aula 9: Determinação de Ácido Acetilsalicílico em Medicamentos Volumetria de Neutralização. VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO 1. Introdução: Este método compreende todos os doseamentos volumétricos baseados em uma reação de neutralização. Por meio dele pode-se utilizar uma solução titulada de um ácido qualquer, fazer a determinação quantitativa das bases (acidimetria) ou, usando uma solução titulada de uma base, dosear quantitativamente os ácidos (alcalimetria). É também por esse método que se fazem outros doseamentos volumétricos baseados em uma reação de neutralização, por exemplo, certos sais (Na2CO3 e Na2B4O7) que tenham uma reação fortemente básica, por causa da hidrólise por meio de ácidos. Também são feitos o doseamento dos sais de amônio, o doseamento do azoto nos compostos orgânicos, e outros. No caso de ácidos orgânicos hidrossolúveis, como salicílico, cítrico, láctico, nicotínico, tartárico e tricloroacético, são doseados por titulação direta com o NaOH, tais como os inorgânicos, na presença de fenolftaleína como indicador. Os poucos solúveis em água, como o benzóico, desidrocólico e salicílico, são dissolvidos em etanol ou outro solvente miscível com água, como solventes, por conterem não raro, impurezas. Logo, em análise volumétrica, a quantidade de um constituinte de interesse presente em uma amostra é determinada a partir de sua reação com um determinado volume de solução padrão, chamada titulante. Na volumetria de neutralização, quando o titulante for um ácido ou uma base forte, a reação envolvida é a seguinte: Tecelagem - Química Geral 30 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional H3O+ + OH- ↔ H2O neq ácido = neq base As reações ácidas-bases são as mais comuns entre as empregadas em titulometria, dado que um número considerável de fármacos tem caráter ácido ou básico. O ponto de viragem se dá na condição de equilíbrio ou neutralidade, e os indicadores maios utilizados são fenolftaleína e vermelho de metila. Por convenção, a titrimetria de neutralização pode se dividir a acidimetria ou alcalimetria, dependendo do fármaco ser um ácido ou uma base. São exemplos de fármacos doseáveis por acidimetria: o ácido acetilsalicílico, ácido benzóico, ácido mefenâmico, ácido nicotínico, benzoato de benzila, calamina, ciclofosfamida, clorpropamida, dienestrol, etclorvinol, etinilestradiol, fenilbutazona, fenobarbital, furosemida, glibenclamida, ibprofeno,indometacina, naproxeno, probenicida, teofilina, probemicida. Quando os fármacos são suficientemente ácidos e hidrossolúveis, a titulação é feita diretamente com hidróxido de sódio. Fármacos insolúveis devem ser previamente solubilizados em um solvente hidromiscível previamente neutralizado. Entre os fármacos de caráter básicos estão a anfetamina, bicarbonato de sódio (fosfato de cloroquina), dissulfiram, efedrina, glutetimida, lidocaína, meglumina, nafazolina, óxido de zinco, penicilina, procaína, primidona, tiopental sódico, uréia. Tanto a acidimetria quanto a alcalimetria podem ser feitas de modo direto ou indireto. A titulação pode ser direta ou indireta, sendo direta quando o analito é titulado diretamente com uma solução padrão específico. Já a titulação indireta é adotada quando o caráter ácido ou básico do fármaco não é suficientemente forte para que a cinética de reação seja adequada ao método analítico. Nesse caso, adiciona-se um excesso volumetricamente, medido de base a fármacos ácidos ou de ácido a fármacos básicos, titulando-se o excesso, respectivamente, com solução volumétrica básica ou ácida. Outro recurso utilizado na titulometria de neutralização para fármacos ácidos ou básicos muito fracos é a titulação em meio não aquoso. Para esses fármacos demasiadamente fracos quanto ao caráter ácido ou básico, a água representa um interferente em potencial. 2. Determinação do teor em AAS em comprimidos O ácido acetilsalicílico (C8O2H7COOH) é o analgésico mais utilizado em todo o mundo, tendo sido comercializado pela primeira vez em 1898. Figura 1: Fórmula estrutural do ácido acetilsalicílico mostrando o hidrogênio ionizável Tecelagem - Química Geral 31 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Neste experimento, o teor de ácido acetilsalicílico num comprimido é determinado através de sua titulação com uma solução padronizada de hidróxido de sódio, sendo que a reação de neutralização é a seguinte: C8O2H7COOH(alc/aq) + NaOH(aq) C8O2H7COONa(aq) + H2O(ℓ) * alc/aq significa solução hidroalcoólica, isto é, ácido acetilsalicílico dissolvido numa mistura etanol/água. OBSERVAÇÕES 1 – O ácido acetilsalicílico é praticamente insolúvel em água, mas solúvel em etanol. Por isto que se usa uma mistura água/etanol na sua dissolução. 2 – Apesar de o ácido acetilsalicílico estar pouco dissolvido, à medida que a reação de neutralização o consome forma o sal acetilsalicilato de sódio que é solúvel em água, mais ácido se dissolve, até a sua dissolução total e término da reação. Objetivos: Esta aula tem como objetivo determinar o teor de ácido acetilsalicílico através da volumetria de neutralização. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental selecionar os materiais, reagentes e vidrarias necessárias para a execução do experimento. 5. Procedimentos: a. Pesar rigorosamente 2 comprimidos de “aspirina” e triturar num almofariz até obter pó fino. b. Pesar numa cápsula de porcelana de 100 mL cerca de 500mg do comprimido triturado. c. Adicionar 20 mL de água destilada e 20 mL de etanol 95% v/v d. Aquecer em banho maria (50°C) por 10 minutos, agitando com o bastão de vidro. e. Esfriar em repouso durante 5 minutos f. Adicionar 3 gotas de fenolftaleína 2% m/v g. Adicionar a solução de NaOH 0,1 mol L-1, previamente padronizada, à bureta de 50 mL h. Titular a amostra de aspirina até o ponto de viragem do indicador. i. Anotar o volume consumido da solução de NaOH j. Realizar o cálculo para determinação da concentração de AAS na amostra g. Obter a massa de AAS presente em 500mg de amostra do comprimido. Tecelagem - Química Geral 32 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6. Resultados Massa de Aspirina (mg) Volume de NaOH consumido (mL) M AAS (mol L-1) MM AAS (g/mol) m AAS (mg) Cálculos: MNaOH . VNaOH = MAAS .VAAS MAAS = mAAS MMAAS x VAAS 7. Referência: GIL, E.S.; ORLANDO, R.M.; MATIAS, R.; SERRANO, S.H.P. Controle Físico-Químico de Qualidade de Medicamentos, Campo Grande MS: Editora Uniderp, 2005 1 ed. pág.: 171. BACCAN, N.; ANDRADE, J.C.; GODINHO,O.E.S.;BARONE,J.S. Química Analítica Quantitativa Elementar,São Paulo SP: Editora Edgard Blücher Ltda, 2001 3 ed, 2004 2 reimpressão. Aula 10: Determinação de cloretos em soro fisiológico Volumetria de Precipitação 1. Introdução O soro fisiológico é uma solução de cloreto de sódio e água destilada numa concentração de 0,9% m/v, usada em grandes quantidades em hospitais. Sua administração geralmente é feita por via oral ou via endovenosa (esterilizada). Essa solução deve apresentar concentração exata, pois pode provocar morte de células. A determinação de cloretos em soro fisiológico é através da volumetria de precipitação que se baseia em reações com formação de compostos pouco solúveis. A reação de precipitação deve processar-se praticamente de forma quantitativa no ponto de equivalência, completar-se em tempo relativamente curto e oferecer condições para uma conveniente sinalização do ponto final. Na prática, tais condições limitam muito o número de reações de precipitação utilizáveis. Muitas delas não podem servir em virtude da carência de meios apropriados para a localização do ponto final. Em um número reduzido de casos, é possível conduzir a titulação sob observação visual até o ponto em que a formação de precipitado deixa de ocorrer. Mais comumente, apela-se para o uso de indicadores. Muitos métodos volumétricos de precipitação empregam indicadores mais ou menos específicos, ou seja, apropriados para uma dada reação de precipitação. Há, entretanto, uma classe especial de indicadores, os indicadores de adsorção, que encontram um campo mais geral de aplicação. As possibilidades de aplicação das reações de precipitação na análise volumétrica se ampliam consideravelmente com a utilização dos métodos físico-químicos para a localização do ponto final. Outro aspecto importante é que muitas reações de precipitação se processam um tanto lentamente. Às vezes, é possível acelerar convenientemente a reação mediante adição de etanol ou acetona à reação. Tecelagem - Química Geral 33 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Na análise volumétrica em geral, a variação das concentrações dos íons reagentes em torno do ponto de equivalência depende grandemente do grau como se completa a reação. Na volumetria de precipitação, os fatores que decidem a questão são o produto de solubilidade do precipitado e as concentrações dos reagentes. O método volumétrico de precipitação mais importante, único com um campo de aplicação mais ou menos amplo, é a argentimetria, que se baseia na formação de sais (haletos, cianeto, tiocianato) de prata pouco solúveis. Existem basicamente três métodos argentimétricos: método de Mohr, método de Volhard e por indicadores de adsorção (Fajans). A argentimetria envolve o uso de soluções padrões de nitrato de prata (AgNO 3) e tem como principal campo de aplicação à determinação de haletos e outros ânions que formam sais de prata pouco solúveis. A argentimetria compreende diferentes métodos, que podem ser classificados conforme a titulação seja direta ou indireta. Nos métodos diretos, a solução que contém a substância a determinar é titulada com solução padrão de nitrato de prata até o ponto de equivalência. O ponto final pode ser identificado de várias maneiras: adição de nitrato de prata até que não mais se observe a formação de precipitado ou mudança de coloração de um indicador. 2. Considerações sobre método de Volhard: É um método argentimétrico indireto, que consiste em precipitar o haleto com um excesso de nitrato de prata e, então, titular a prata residual em meio ácido com uma solução padrão auxiliar de tiocianato de potássio, usando íon Fe3+ como indicador. [Fe(NH4)(SO4)2.12H2O] o indicador é uma solução concentrada ou saturada do alumen férrico. 3. Considerações sobre indicadores de adsorção: Os indicadores de adsorção foram introduzidos por Fajans, como titulações argentimétricas diretas. São corantes orgânicos, com caráter de ácidos ou bases fracos (aniônicos ou catiônicos, respectivamente), que acusam o ponto final através de uma mudança de coloração sobre o precipitado. A mudança de coloração se deve à adsorção ou dessorção do corante como consequência de uma modificação da dupla camada elétrica em torno das partículas do precipitado na passagem do ponto de equivalência: assim, o aparecimento ou desaparecimento de uma coloração sobre o precipitado serve para sinalizar o ponto final. A figura 3 representa a dupla camada elétrica em torno de uma partícula de cloreto de prata em presença de excesso de íon Cℓ- (a) e em presença de íons Ag+ (b). No primeiro caso, a partícula adsorve, primariamente, íons Cℓ- (reticulares) e, secundariamente, uma quantidade equivalente de cátions. No segundo caso, a partícula adsorve, primariamente, íons Ag+ (reticulares) e, secundariamente, uma quantidade equivalente de ânions. NO3- Na+ CℓNa+ CℓCℓ- Na+ Ag+ Cℓ- AgCℓ Cℓ CℓNa+ Na+ Na+ NO3- Ag+ Ag+ NO3- Ag+ NO3AgCℓ Ag+ NO3- Ag+ NO3- Figura 3: Representação da dupla camada iônica Tecelagem - Química Geral 34 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4. Considerações sobre o método de Mohr O método de Mohr é um método argentimétrico direto, é aplicável à determinação de cloreto ou brometo. A solução neutra do haleto é titulada com nitrato de prata na presença de cromato de potássio como indicador. Os haletos são precipitados como sais de prata: o cloreto de prata é branco e o brometo de prata branco-amarelado. O ponto final é assinalado pela formação de cromato de prata, vermelho. O método baseia-se, pois, na precipitação fracionada: precipita primeiro, o haleto de prata e, depois, o cromato de prata. Considere o caso da titulação de cloreto de sódio com nitrato de prata em presença de cromato. Obviamente, as condições da titulação devem ser tais que o cloreto seja quantitativamente precipitado como cloreto de prata branco antes que a precipitação de cromato de prata, vermelho se torne perceptível: por outro lado, é preciso que o indicador acuse a mudança de coloração com apenas um leve excesso de prata. Equações químicas que representam os precipitados formados: AgNO3 (aq) + NaCℓ (aq) → AgCℓ(s) + NaNO3 (aq) [precipitado branco] 2AgNO3 (aq) + K2CrO4 (aq) → Ag2CrO4 (s) + 2KNO3 (aq) [precipitado vermelho tijolo] 5. Objetivos Esta aula tem como objetivos padronizar uma solução de AgNO 3 0,1 mol L-1 e determinar a concentração de cloreto em soro fisiológico através do método de Mohr. 6. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental selecionar os materiais, reagentes e vidrarias necessárias para a execução do experimento 7. Procedimento experimental 7.1. Preparação de solução 0,1mol L-1 de AgNO3 (realizada pelo técnico) 1. Pesar um béquer de 100mL na balança analítica e adicionar 1,698g de AgNO 3. Adicionar água destilada para dissolver o sal e transferir quantitativamente para um balão volumétrico de 100mL. 2. Agitar até dissolver completamente o sal e depois completar o volume até o traço de aferição com água destilada. Esta solução deve ser armazenada em um frasco âmbar e conservada ao abrigo da luz. 7.2. Padronização da solução 0,1mol L-1 de AgNO3 com Cloreto de Sódio (realizada pelos alunos) (1 mol = 58,5 g/mol) 1. Pese na balança analítica, num béquer, cerca de 0,1462g de NaCℓ, previamente seco na estufa a 120C por uma hora. O sal deve estar bem pulverizado. 2. Transfira quantitativamente para cápsula de porcelana de 100mL. 3. Adicione 25mL de água destilada para dissolver o sal. Em seguida, adicione 1mL de K 2CrO4 5% m/v, como indicador. Goteje a solução de AgNO3 a ser padronizada, com o auxílio de uma bureta de 25mL, até o aparecimento de cor castanho-avermelhada. Calculo do fator de correção: Fc = ______m______ Tecelagem - Química Geral 35 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 0,0585 . V . M M = massa de NaCl pesada na padronização (g); V = volume gasto (mL); M = molaridade do nitrato de prata; 0,0585 = mmol de NaCl 7.3. Determinação do teor de cloreto de sódio numa amostra de soro fisiológico 1. Pipetar 10 mL da amostra para uma cápsula de porcelana de 100 mL. 2. Acrescentar 50 mL de água destilada. 3. Adicionar 4 gotas do indicador cromato de potássio K2CrO4 5% m/v. 4. Titular com a solução de AgNO3 0,1mol L-1 padronizada, até o aparecimento de coloração avermelhada (utilize um bastão de vidro para homogeneizar a solução). 6. Cálculos MNaCℓ . VNaCℓ = M AgNO3 . V AgNO3 MNaCℓ = ? mol/L VNaCℓ = 10 mL M AgNO3 = 0,1 x FC V AgNO3 = Volume gasto na titulação O teor de NaCℓ do soro fisiológico é 0,9% m/v, o que implica que existem 9g de NaCℓ em 1 L de soro. Assim: 1 mol NaCℓ_________58,45g X mol NaCℓ________ x g de NaCℓ (aproximadamente 9,0g em 1 litro) 9. Referências VOGEL, A. Análise Química Quantitativa. 5a. ed. Rio de Janeiro: LTC 1992. BACCAN, N.; ANDRADE, J.C.; GODINHO,O.E.S.;BARONE,J.S. Química Analítica Quantitativa Elementar,São Paulo SP: Editora Edgard Blücher Ltda, 2001 3 ed, 2004 2 reimpressão. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos 4. ed. Brasília 2005 Tecelagem - Química Geral 36 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Aula 11: Determinação da Dureza da Água Volumetria de Complexação 1. Introdução A determinação da dureza da água é através de titulação complexométrica. Um íon complexo (ou molécula) consta de um átomo central (íon) e vários ligantes intimamente acoplados a ele. Muitos íons metálicos formam complexos estáveis, solúveis em água, com um grande número de aminas terciárias contendo grupos carboxílicos. A formação destes complexos serve como base para a titulação complexométrica, que utiliza o ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) para reagir com uma variedade de íons metálicos. Apesar de existir um grande número de compostos usados na complexometria, EDTA é o mais utilizado, pois é um ácido fraco e forma complexos estáveis de estequiometria 1:1 com um grande número de íons metálicos em solução aquosa. O EDTA pode ser obtido com alta pureza, na forma do ácido propriamente dito ou na forma do sal dissódico hidratado. As duas formas possuem alto peso molecular, mas o sal dissódico tem a vantagem de ser mais solúvel em água. Este ácido é fraco e apresenta valores de pK1 = 2,00, pK2 = 2,66. pK3 = 6,16, pK4 = 10,26. Os valores de pKa mostram que os dois primeiros prótons são mais facilmente ionizáveis, do que os dois restantes. Muitos íons metálicos formam complexos estáveis e solúveis em água com o EDTA, por exemplo, os íons cálcio e magnésio. A soma da concentração destes íons é denominada de índice da dureza da água, e é um dado muito importante na avaliação da qualidade da água. Outros cátions que se encontram associados aos íons cálcio e magnésio, por exemplo, ferro, alumínio, cobre e zinco, geralmente são mascarados ou precipitados antes da determinação. Assim, águas brandas são encontradas em solos basálticos, areníferos e graníticos, enquanto que águas que procedem de solos calcáreos apresentam freqüentemente durezas elevadas. Devido aos motivos expostos, pode-se deduzir facilmente a necessidade do controle prévio da dureza da água, a fim de adotar as medidas de correções necessárias, conforme o uso a que se destina. A dureza da água é medida tradicionalmente como a capacidade que a água se relaciona com o sabão, visto que uma água dura requer uma quantidade elevada de sabão para produzir espuma. Uma água de elevada dureza é prejudicial, quando esta é utilizada na limpeza, resfriamento ou geração de vapor. Desta forma, existe a necessidade do controle prévio, a fim de adotar as medidas de correções necessárias, conforme ao uso a que se destina. Numerosos processos industriais, tais como fábricas de cervejas, conservas, papel e celulose, requerem águas brandas. Para o caso de lavanderias as águas ocasionam um elevado consumo de sabão e resultam em danos para os tecidos. Também é importante considerar que as águas duras formam crostas em caldeiras de vapor, ocasionando com isso elevada perdas de calor e podendo também provocar explosões. A água, quanto a dureza, pode ser classificada de acordo com o teor de sais de cálcio e de magnésio presente, expresso em ppm ou miligrama por litro. - Água Mole: 0 a 60 ppm de CaCO3 - Moderadamente Dura: 61 a 120 ppm de CaCO3 - Água Dura: 121 a 180 ppm de CaCO3 - Dura: > 180 ppm de CaCO3 INDICADORES METALOCRÔMICOS: Basicamente, os indicadores metalocrômicos (Negro de Eriocromo T) são compostos orgânicos coloridos que formam quelatos com os íons metálicos. O quelato tem uma cor diferente daquela do indicador livre. Para se conseguir uma boa detecção do ponto final da titulação, deve-se evitar a adição de Tecelagem - Química Geral 37 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional grandes quantidades do indicador. No processo, o indicador libera o íon metálico, que será complexado pelo EDTA num valor mais próximo possível do ponto de equivalência. O processo básico que ocorre durante uma titulação com EDTA, empregando o ério T com indicador, pode ser descrito pelos seguintes eventos: a) Uma pequena quantidade do indicador é adicionada à solução do íon metálico, de tal modo que apenas uma pequena parte do metal se combina com o indicador produzindo o complexo que dará a cor vermelho-vinho à solução. b) À medida que a solução de EDTA é adicionada, este agente complexante se combina com os íons metálicos livres em solução. Quando todo íon metálico livre estiver complexado, uma gota a mais da solução de EDTA deslocará o metal que se encontra complexado com indicador, provocando o aparecimento da coloração azul do indicador livre, que assinala o ponto final da titulação. c) Para que este processo ocorra na prática, é necessário que a estabilidade do complexo metal-indicador seja menor do que a estabilidade do complexo metal-EDTA. Se isto não acontecer, o EDTA não conseguirá deslocar o metal do complexo com o indicador. 2. Objetivos Esta aula tem como objetivo determinar o teor de íons cálcio e magnésio, numa amostra de água tratada das dependências da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, por volumetria de complexação. 3. Princípio de Método Os íons Ca2+ e Mg2+ de uma solução formam um complexo vermelho-vinho com o indicador negro de eriocromo-T, em pH 10. Pela adição de EDTA à solução colorida ocorre a formação de um complexo estável e não dissociado com o EDTA, separando-se assim o indicador. Quando a quantidade de EDTA adicionada for suficiente para complexar todo o cálcio e magnésio, a solução vermelho-vinho torna-se azul, indicando o final da reação. Reações envolvidas: Ca 2+ + H 2 Y 2 − → CaY 2 − + 2 H + Ca 2 + + MgY 2 − → CaY 2 − + Mg 2 + Mg 2 + + HIn 2 − → MgIn − + H + MgIn − + H 2 Y 2 − → MgY 2 − + HIn 2 − + H + 4. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental selecionar os materiais, reagentes e vidrarias necessárias para a execução do experimento Tecelagem - Química Geral 38 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5. Procedimento Experimental 5.1. Solução Tampão pH 10 (realizado pelo técnico) 1. Pesar cerca de 16,9g de NH4Cℓ (cloreto de amônio) e dissolver com 80mL de água destilada. Transfira para um balão volumétrico de 250mL. 2. Na capela, adicionar lentamente 143,0mL de NH4OH. Agitar lentamente. Acertar o menisco com água destilada. Homogeneizar com cuidado, pois a solução pega pressão. Transferir para um frasco de polietileno e rotular. 5.2. Indicador Eriocromo Preto T (realizado pelo técnico) 1. Misturar mecanicamente 0,5g de Eriocromo preto T (sal de sódio do ácido 1 hidroxi-2naftilazo-5nitro-2naftol-4sulfônico) em 100g de NaCl (P.A.) sólido. Armazenar em um frasco âmbar e rotular. 5.3. Solução padrão de CaCO3 (realizado pelo técnico) 1. Transferir para um erlenmeyer de 500mL, 1,0g de carbonato de cálcio anidro previamente aquecido a 105°C, durante 15 horas. 2. Adicionar, por meio de um funil, ácido clorídrico 1:1, aos poucos, até dissolver todo o carbonato. 3. Adicionar 200mL de água destilada. Aquecer até ebulição para eliminar todo o gás carbônico. Esfriar. 4. Adicionar 2gotas do indicador vermelho de metila e ajustar para a cor laranja, adicionando hidróxido de amônio diluído (3,0mo L-1) ou ácido clorídrico diluído (1:1). Transferir a solução para um balão volumétrico de 1000mL e completar o volume com água destilada (1mL desta solução equivale a 1,00mg de carbonato de cálcio). 5.4. Solução estoque de EDTA 0,10 mol L-1 (realizado pelo técnico) 1. Pesar 37,300g de EDTA, dissolver, transferir para um balão volumétrico 1000mL e acertar o menisco. Homogeneizar. Transferir para um frasco de plástico e rotular. 5.5. Solução de EDTA 0,01mol L-1 (realizado pelo professor) Pipetar 50mL da solução estoque de EDTA 0,1mol L-1 e transferir para um balão volumétrico de 500mL. Completar o volume com água destilada. Homogeneizar. Transferir para um frasco de plástico e rotular. 5.6. Padronização da Solução de EDTA 0,01mol L-1 (realizada pelos alunos) 1. Num erlenmeyer de 250mL, transferir 50mL de água destilada. Adicionar 10mL de solução tampão pH 10. 2. Pesar 0,05g de indicador Eriocromo preto T. Transferir para o erlenmeyer. Em seguida, pipetar 20mL da solução padrão de cálcio. Titular com a solução de EDTA até viragem de púpura a azul. Ajustar esta solução de EDTA de maneira a que 1mL corresponda a 1mg de carbonato de cálcio. 5.7. Determinação da dureza da água (realizada pelos alunos) 1. Pipetar uma alíquota de 50mL da amostra de água e transferir para um erlenmeyer de 250mL. Adicionar 1mL de solução tampão pH 10 e uma pequena porção de eriocromo T (0,05g). 2. Lavar a bureta de 50 mL com a solução de EDTA 0,01mol L -1. Em seguida zerar a bureta e titular até mudança de cor do indicador (púrpura para azul). Fazer os cálculos da dureza da água e expressar os resultados na forma de CaCO3. Tecelagem - Química Geral 39 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6. Cálculos 6.1. Cálculo do fator de correção do EDTA Fc = _____0,02_________ OU Fc = Vteórico 20 = Vgasto Vg 0,100 x 0,01 x V 0,100 = mmol do CaCO3 V = volume gasto de EDTA 0,01 mol L-1 gasto na titulação em mL 6.2. Cálculo da dureza da água Dureza = 1000 xVxFc = mg de CaCO3 por litro de amostra A V = número de mL da solução de EDTA gasto na titulação Fc = fator de correção da solução de EDTA A = número de mL da amostra 7. Resultados Tabela 1: Resultados da padronização da solução de EDTA 0,01mol L-1 Grupos Volume gasto na padronização (mL) Fator de correção da solução de EDTA: FC Volume gasto com a amostra (mL) Dureza água da 1 2 3 4 8. Referência BACCAN N., Química analítica quantitativa elementar. São Paulo: Edgard Blucher 1979. Aula 12: Reações Químicas em Solução Aquosa 1. Introdução Uma das diferenças mais notáveis entre o nosso planeta e os outros do sistema solar é a existência de água líquida na Terra. Vivemos em um mundo de muita água. Três quartos da superfície do planeta estão cobertos por água líquida; além disso, a água no estado sólido e gasoso ocorre naturalmente em grande abundância. Muitos processos químicos na natureza ocorrem em solução aquosa. A existência de vida na Terra depende criticamente da capacidade da água de dissolver uma notável gama de moléculas polares. De fato, a maioria dos organismos vivos, tanto plantas como animais, é constituída predominantemente de água e seus processos bioquímicos dependem largamente dela. Além disto, a água é fator importante no controle do clima e da vida do planeta. Devido à sua participação em interações íon-dipolo, dipolo-dipolo e ligação de hidrogênio, a água é Tecelagem - Química Geral 40 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional um excelente solvente para uma enorme variedade de compostos e, por esta razão, tem sido extensivamente usada como meio de reação. A polaridade e a capacidade de formação de ligações (pontes) de hidrogênio da água fazem dela uma molécula com grande poder de interação. Ela é um excelente solvente para moléculas polares. O motivo é que a água enfraquece muito as ligações eletrostáticas e as ligações de hidrogênio entre as moléculas polares, competindo por suas atrações. A constante dielétrica da água é 80, e assim a água diminui a força das atrações eletrostáticas por um fator de 80, em comparação com as forças estabelecidas no vácuo. A constante dielétrica da água é excepcionalmente grande em conseqüência de sua polaridade e de sua capacidade de formar camadas orientadas em torno de íons. Estas camadas orientadas de solvente produzem campos elétricos próprios, que se opõem aos produzidos pelos íons. Em conseqüência, a presença de água enfraquece pronunciadamente as atrações eletrostáticas entre os íons. As reações que ocorrem em meio aquoso podem ser classificadas como: Reações de precipitação: são reações caracterizadas pela formação de um composto insolúvel, ou precipitado (um precipitado é um sólido insolúvel que se separa da solução). Por exemplo, quando a uma solução aquosa de nitrato de chumbo [Pb(NO3)2] é adicionado iodeto de sódio (NaI), forma-se um precipitado amarelo, o iodeto de chumbo (PbI2): Pb(NO3)2 (aq) + 2 NaI (aq) PbI2 (s) + 2 NaNO3 (aq) Reações ácido-base: também chamadas de reações de neutralização. Estas reações são geralmente caracterizadas pela seguinte equação: ácido + base sal + água Reações de oxidação-redução: são reações de transferência de elétrons. A reação de combustão de combustíveis fósseis é um exemplo de reação de oxidação-redução (redox). A maior parte dos metais e não metais são obtidos a partir de seus minerais por processos de oxidação ou redução. 2. Objetivos Esta aula tem como objetivos estudar os métodos e os princípios da análise qualitativa, utilizando diferentes tipos de reações químicas em meio aquoso. 3. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar as vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. 4. Procedimento Experimental 1- Em uma estante de tubos de ensaio, coloque oito tubos e numere-os. 2- No tubo 1, adicione 10 gotas de solução de NaCℓ 0,1mol L-1. Em seguida, adicione 10 gotas de AgNO3 0,1mol L-1. Observe a reação. Leve o tubo ao sol e observe novamente;. 3- No tubo 2, adicione 10 gotas de BaCℓ2 0,1mol L-1. Em seguida, adicione 10 gotas de Na2SO4 0,1mol L-1. Observe a reação. 4- No tubo 3, adicione 5 gotas de CuSO4 0,1mol L-1. Em seguida, adicione 10 gotas de NaOH 0,1mol L-1. Tecelagem - Química Geral 41 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Observe. 5- No tubo 4, adicione 20 gotas de solução saturada de Na2CO3. Em seguida, adicione lentamente pelas paredes do tubo de ensaio, algumas gotas de HCℓ 6,0mol L-1. Observe. 6- No tubo 5, adicione 20 gotas de CuSO4 0,1mol L-1. Em seguida coloque um prego limpo e observe. 7- No tubo 6, adicione alguns pedaços de papel alumínio. Em seguida adicione lentamente pelas paredes do tubo de ensaio, algumas gotas de HCℓ 6,0mol L-1. Observe. 8- No tubo 7, adicione 20 gotas de solução de KMnO4 0,1mol L-1. A seguir, adicione 10 gotas de H2SO4 3,0mol L-1 e, logo após, 20 gotas de H2O2 a 20V. Agite e observe. 9- No tubo 8, adicione 20 gotas de FeSO4 0,5mol L-1. A seguir, adicione 10 gotas de H2SO4 3,0mol L-1 e, logo após, 20 gotas de H2O2 20V. Agite e, após observar, acrescente algumas gotas de KSCN 0,1mol L-1. 5. Resultados Elabore uma tabela de resultados para escrever as cores e aspecto dos produtos formados. 6. Bibliografia CHANG, R. Química. 5a ed. Lisboa: McGraw-Hill. 1994. KOTZ, J. C.; TREICHEL JR, P. Química Geral e Reações Químicas. v. 1. São Paulo: Thomson Learning. 2006. Aula 13: Equilíbrio químico 1. Introdução As reações químicas, assim como as mudanças de fase, são reversíveis. Consequentemente haverá condições de concentração e temperatura sob as quais reagentes e produtos coexistem em equilíbrio. Por exemplo, a decomposição do carbonato de cálcio: CaCO3 (s) CaO (s) + CO2 (g) Quando essa reação é realizada num recipiente aberto, que permite a eliminação do CO 2, há uma total conversão do CaCO3 em CaO. Por outro lado, sabe-se que o CaO reage com o CO2 atmosférico e se a pressão deste gás for suficientemente alta, o óxido poderá ser convertido totalmente em carbonato: CaO (s) + CO2 (g) CaCO3 (s) Isto indica que estas duas reações são processos químicos reversíveis. Quando as velocidades da reação de decomposição e da reação inversa tornam-se iguais, e a pressão do CO 2 permanece constante, o sistema atingiu o equilíbrio. Esse fenômeno é conhecido como estado de equilíbrio. A primeira característica do estado de equilíbrio é ser dinâmica. Trata-se de uma situação permanente mantida pela igualdade das velocidades de duas reações químicas opostas: aA + bB cC + dD , onde as [C ] c .[ D] d K= [ A] a .[ B ]b letras minúsculas sobrescritas significam coeficientes estequiométricos e cada letra maiúscula representa uma substância química. O símbolo [A] representa a concentração da substância A relativo ao seu A constante de equilíbrio (K) para essa reação pode ser expressa na forma: Tecelagem - Química Geral 42 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional estado-padrão. Para soluções, o estado-padrão é 1mol/L, para gases é 1atm e para sólidos, líquidos e solventes puros são omitidas porque são iguais à unidade. Por definição, uma reação química é favorecida quando k>1. As constantes de equilíbrio são admensionais. A segunda generalização é que os sistemas tendem a atingir um estado de equilíbrio espontaneamente. Um sistema pode deslocar-se do equilíbrio somente por alguma influência externa, e uma vez deixado a si próprio, o sistema perturbado voltará ao estado de equilíbrio. À medida que os reagentes são convertidos em produtos, a velocidade da reação direta diminui e a da velocidade inversa aumenta. Quando as duas velocidades tornam-se iguais, cessa a reação efetiva e é mantida uma concentração constante de todos os reagentes. A terceira generalização sobre o equilíbrio é que a natureza e as propriedades do estado de equilíbrio são iguais, não importando a direção a partir da qual ele é atingido. A quarta generalização diz que o estado de equilíbrio representa um meio-termo entre duas tendências opostas: a propensão das moléculas a assumir o estado de energia mínima e o ímpeto em direção a um estado de entropia máxima. Em 1884, o químico francês Henri Le Châtelier sugeriu que os sistemas em equilíbrio tendem a compensar os efeitos de influências perturbadoras. O princípio se aplica a todos os tipos de equilíbrio dinâmico e pode ser assim enunciado: Quando um sistema em equilíbrio é submetido a uma força, ele tenderá a se reajustar, reagindo de maneira a minimizar o efeito da força. Essas forças ou perturbações incluem a adição de solvente a uma solução, o aumento do volume de um gás, a adição de um produto ou reagente ao sistema ou a variação de temperatura. Como resposta a uma perturbação, o sistema estabelecerá um novo conjunto de equilíbrio. 1. Objetivos Esta aula tem como objetivos comprovar experimentalmente a existência do estado de equilíbrio químico e observar a obediência dos sistemas em equilíbrio ao princípio de Le Chatelier. 2. Materiais, Vidrarias e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar os materiais, vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. 3. Procedimento Experimental 3.1. Equilíbrio entre um sólido e um líquido Adicione 10 gotas de água destilada em um tubo de ensaio (tubo 1) e 10 gotas de etanol em outro (tubo 2). Adicione alguns cristais de sacarose em ambos os tubos e agite. Observe. Qual dos tubos está em equilíbrio com respeito à dissolução? Prepare novamente 2 tubos de ensaio, um contendo etanol (tubo 3) e o outro água (tubo 4). Adicione alguns cristais de NaCℓ em ambos tubos e agite. Qual das soluções é insaturada? Acrescente mais alguns cristais de NaCℓ à solução insaturada que você preparou no item anterior. Agite até dissolver. Adicione etanol a esta solução, com um conta-gotas, agitando a cada gota. O que ocorreu? Tecelagem - Química Geral 43 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.2. Equilíbrio entre dois líquidos Prepare um tubo de ensaio contendo 20 gotas de água destilada (tubo 3) e outro tubo contendo 20 gotas de n-butanol (tubo 4). Adicione gota a gota n-butanol ao primeiro tubo e água ao segundo tubo, até observar separação de fases. O que ocorreu? Por que o estado final é igual em ambos os tubos? 3.3. Princípio de Le Chatelier Adicione em um tubo de ensaio 10 gotas de solução 0,1mol/L de cromato de potássio (tubo 5). Em outro tubo de ensaio, adicione 10 gotas de solução 0,1mol/L de dicromato de potássio (tubo 6). Observe e anote as colorações. Adicione no tubo 5, solução de HCℓ 6mol/L gota a gota, sob agitação. Observe e compare com o tubo 6. Interprete. Adicione no tubo 6, solução de NaOH 6mol/L gota a gota, sob agitação. Observe e compare com o tubo 5. Interprete. Adicione no tubo 6, solução de HCℓ 6mol/L gota a gota, sob agitação. Observe e compare com o tubo 5. Interprete. Adicione no tubo 5, solução de NaOH 6mol/L gota a gota, sob agitação. Observe e compare com o tubo 6. Interprete. Repita os procedimentos acima, até não haver mais dúvidas. 3.4. Influência da concentração no equilíbrio químico Adicione em um tubo de ensaio (tubo 7), 10 gotas de nitrato férrico 0,1mol/L. Em seguida, adicione 5 gotas de tiocianato de potássio 0,1mol/L. Dilua lentamente com água destilada, até completar o tubo. Homogeneíze e divida este volume em quatro tubos. Separe um deles para utilizá-lo como referência. No tubo 8 adicione 10 gotas de nitrato de potássio 0,1 mol/L. Observe e compare com a referência. No tubo 9, adicione 10 gotas de nitrato férrico 0,1mol/L. Observe e compare a referência. No tubo 10, adicione 10 gotas de água destilada. Observe e compare com a referência. 4. Exercícios Pós-Laboratório 1. Explique o que aconteceu em cada experimento: Sacarose (C12H22O11) + H2O 1 2 Sacarose (C12H22O11) + C2H6O Qual dos dois tubos está em equilíbrio? Tecelagem - Química Geral 44 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] 3 NaCℓ+ H2O 4 NaCℓ+ C2H6O Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Qual das soluções é insaturada? Após adição de etanol à solução insaturada, o que ocorreu? 5 H2O + C4H10O 6 C4H10O + H2O O estado final é igual em ambos os tubos? Explique o que ocorreu? 7 CrO42- + H+ + OH- Explique: 8 Cr2O72- + OH- + H+ Explique: 9 Fe(NO3)3 + KSCN O que aconteceu? 11 Adição de KNO3 O que ocorre com o equilíbrio? 12 Adição de Fe(NO3)3 O que ocorre com o equilíbrio? Tecelagem - Química Geral 45 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] 13 Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Adição de H2O O que ocorre com o equilíbrio? 5. Referências Bibliográficas MAHAN, B.M.; MYERS, R.J. Química: um curso universitário. São Paulo: Editora Edgar Blücher, 1997. RUSSELL, J.B. Química Geral. Rio de Janeiro: Editora Mac Graw-Hill, 1981. Aulas 14: Medidas e Aplicação de pH 1. Introdução Duas moléculas de água podem interagir mutuamente para formar um íon hidrônio (H 3O+) e um íon hidróxido (OH-) pela transferência de um próton de uma molécula para outra, em um processo denominado de auto-ionização. A existência da auto-ionização da água foi demonstrada há muitos anos e é fundamental para o modelo do comportamento dos ácidos e bases em água. A dissociação da água pode ser escrita como: H2O + H2O H3O+ + OHOu, de forma mais simplificada: H2O H+ + OHO produto das concentrações dos íons H+ e OH- é chamado de produto iônico da água (Kw). Kw = [ H+] x [OH-] Kw varia com a temperatura. A 25ºC, as concentrações dos íons H + e OH- são iguais a 10-7 mol L-1. Assim, nestas condições, Kw = 10-14. Este valor de Kw é válido tanto para a água pura, como para uma solução aquosa com espécies dissolvidas. Assim, as soluções aquosas podem ser classificadas em três tipos distintos quanto às concentrações relativas destes dois íons: [ H+] = [OH-] Soluções neutras e água pura [ H+] > [OH-] Soluções ácidas [ H+] < [OH-] Soluções alcalinas ou básicas Como as concentrações dos íons H+ e OH- em solução aquosa são freqüentemente números muito pequenos com os quais é bastante incômodo trabalhar, Soren Sorensen propôs, em 1909, uma medida mais prática chamada pH. O pH de uma solução é definido como o inverso do logaritmo decimal da concentração de íons hidrogênio (em mol L-1). pH = - log [H+] Como o pH é simplesmente uma forma de exprimir a concentração dos íons H +, as soluções ácidas, neutras e básicas a 25ºC podem ser identificadas por meio dos seus valores de pH: Tecelagem - Química Geral 46 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Soluções neutras e água pura Ensino Médio Integrado à Educação Profissional [ H+] = 1,0x10-7 + pH= 7,0 Soluções ácidas [ H ] > 1,0x10 -7 pH< 7,0 Soluções alcalinas ou básicas [ H+] < 1,0x10-7 pH> 7,0 O quadro 1 fornece os valores de pH de alguns materiais comuns. Classifique estas amostras em ácidas, alcalinas (ou básicas) ou neutras. Quadro 1: Valor de pH de algumas amostras AMOSTRA VALOR pH CLASSIFICAÇÃO Suco gástrico 1,0-2,0 Ácido Suco de limão 2,4 Ácido Vinagre 3,0 Ácido Suco de laranja 3,5 Ácido Urina 4,8-7,5 Ácido Cerveja 4,2-5,0 Ácido 5,5 Ácido 7,35-7,45 Neutro Lágrimas 7,4 Neutro Leite de magnésia 10,6 Básica Detergente doméstico de amoníaco 11,5 Básica Concreto 13,0 Básica Água exposta ao ar Sangue Nesta parte 1, o pH de uma solução será medido por meio dos seguintes procedimentos, 1º) utilizando-se um papel impregnado com uma substância que muda de cor em função da concentração dos íons H+ presentes no meio (papel indicador de pH). Existem dois tipos de papel indicador, o de tornassol e o universal. O papel de tornassol é embebido em uma tintura que muda de cor na presença de ácidos ou bases. Existem também dois tipos de papel de tornassol, o vermelho e o azul. O papel de tornassol vermelho é utilizado para se verificar se uma solução é alcalina. Neste caso, o papel vermelho fica azul. Já o papel de tornassol azul muda a cor para vermelho em meio ácido. O papel indicador universal apresenta uma série de faixas coloridas, cada uma delas mudando de cor em função do pH do meio. Após ser mergulhada em uma solução, a fita deve ser comparada com uma carta de cores, geralmente contida na embalagem do indicador. Esta comparação permite concluir qual o valor do pH da solução. 2º) pela adição de uma substância chamada indicador de pH. Os indicadores de pH são geralmente, ácidos ou bases orgânicas fracas que modificam a cor quando passam de um meio ácido para um meio básico, ou Tecelagem - Química Geral 47 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional vice-versa. Contudo, nem todos os indicadores mudam de cor no mesmo valor do pH. A escolha do indicador para uma situação particular depende do pH que se espera encontrar. Genericamente, a dissociação dos indicadores é representada por: HInd + H2O H3O+ (aq) + IndForma não dissociada Forma dissociada Ind OH + H2O OH- (aq) + Ind+ Forma não dissociada Forma dissociada O quadro a seguir apresenta alguns indicadores de pH, suas respectivas mudanças de cor e a faixa de pH em que esta mudança ocorre. INDICADOR MUDANÇA DE COR FAIXA DE pH Azul de timol Vermelho para amarelo 1,2 – 2,8 Azul de bromofenol Amarelo para azul 3,0 – 4,6 Vermelho congo Azul para vermelho 3,0 – 5,0 Metilorange Vermelho para amarelo 3,2 – 4,4 Verde de bromocresol Amarelo para azul 3,8 – 5,4 Vermelho de metila Vermelho para amarelo 4,8 – 6,0 Roxo de bromocresol Amarelo para roxo 5,2 – 6,8 Azul de bromotimol Amarelo para azul 6,0 – 7,6 Vermelho de cresol Amarelo para vermelho 7,0 – 8,8 Fenolftaleína Incolor para rosa 8,2 – 10,0 Amarelo de alizarina Amarelo para vermelho 10,1 – 12,0 2. Objetivos Determinar o pH de amostras utilizando diferentes soluções indicadoras de pH, papel indicador universal para medir o pH de diversas amostras. 3. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar as vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. 4. Procedimento Experimental Sugestão de amostras para parte 1: Ácido sulfúrico, Bicarbonato de sódio, Cloreto de amônio, Hidróxido de sódio, Óxido de sódio ou Óxido de cálcio. 1. Cada grupo deverá realizar o experimento com aproximadamente com 1 mL de cada amostra. Tecelagem - Química Geral 48 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Determinação do pH com papel indicador (Parte 1) 1. Nos tubos utilize uma fita de papel indicador universal, meça o pH e anote na tabela de resultados. Determinação do pH com soluções indicadoras (Parte 1) 1. Cada grupo irá utilizar os mesmos tubos, após determinar o pH com o papel indicador universal, 2. Adicionar uma a duas gotas de solução indicadora, estabelecida pelo professor (fenolftaleína 1% ou alaranjado de metila 1% ou azul de bromotimol 1%), verifique a coloração e anote os seus resultados. Resultados pH Coloração Papel Fenolftaleína Amostra Azul de Bromotimol Alaranjado de Metila Ácido sulfúrico Hidróxido de sódio Bicarbonato de sódio Cloreto de amônio Óxido de cálcio 2. O professor deverá escrever uma tabela no quadro para a discussão dos resultados. Explicar os valores e a coloração quanto ao pH de um ácido, de uma base, de um óxido e sal (hidrólise) Aulas 15: Medidas e Aplicação de pH em Cosméticos – Sistema tampão Determinação do pH utilizando o pHmetro (Parte 2) 1. Introdução Em um aparelho denominado medidor de pH ou pHmetro. O pHmetro é um aparelho constituído basicamente por um eletrodo de vidro e um potenciômetro. O eletrodo é feito de um vidro muito fino, que estabelece e mede a diferença de potencial entre a solução a ser medida e a solução interna do eletrodo que serve como referência. O potencial elétrico é então convertido para uma escala de valores de pH, que são os valores apresentados na escala de leitura do aparelho. 2. Objetivos Determinar o pH de solução tampão utilizando o equipamento pHmetro. Medir o pH de xampus comercialmente disponíveis, concentrados e diluídos 1:10. Fazer uma avaliação da relativa importância do melhor pH para um xampu e como o pH pode interferir no poder de limpeza e da saúde dos cabelos. 3. Materiais e Reagentes A partir do procedimento experimental, selecionar as vidrarias e reagentes necessários para a execução dos experimentos. Tecelagem - Química Geral 49 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Sugestão de amostras para parte 2: • Água destilada, solução tampão pH10 e ácido clorídrico 0,1 mol L-1. • Cada grupo de alunos deverá trazer 50 mL de uma ou mais amostras de xampus comercialmente disponíveis. 4. Procedimento 1. Lavar o eletrodo com água destilada, secar com papel absorvente em seguida mergulhar o eletrodo em uma solução tampão de pH = 7,00. Aguardar o aparelho estabilizar-se. Ajuste então a escala para o valor 7,00. 2. Remover o eletrodo da solução tampão. Lavar criteriosamente com água destilada e secar. 3. Colocar o eletrodo na solução tampão de pH = 4,00 (alguns modelos de pHmetro não necessitam desta etapa). Aguardar o aparelho estabilizar. Quando isso ocorrer, ajustar a escala para que ela leia o valor do tampão que está sendo utilizado. 4. Retirar o eletrodo do tampão, lavar criteriosamente com água destilada. Secar com papel absorvente. 5. Verificação da ação tamponante. Num medidor de pH, coloque um béquer com 40mL de solução tampão pH 10 e em outro medidor de pH coloque um béquer com 40mL de água destilada. Meça o pH de ambas amostras. Em seguida, adicione 3mL de ácido clorídrico 0,1mol L -1 em ambos os béqueres e verifique o pH. 6. O professor deverá apresentar uma discussão dos resultados e explicar o pH de um sistema tampão 5. Após enxaguar o eletrodo com água destilada e secar com papel absorvente, os alunos irá verificar o pH de xampus de diferentes marcas. Para cada das amostras preparar uma diluição 1:10. Meça primeiramente o pH da amostra diluída e em seguida da amostra concentrada 8. Fazer uma leitura do texto em anexo para compreender a importância do pH do xampu na limpeza e saúde dos cabelos. 6. Bibliografias CANTAROW, A. M. D.; SCHEPARTZ, B. Bioquímica. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu. 1992. KOTZ, J. C.; TREICHEL JR, P. Química e Reações Químicas. v. 1. 3a ed. Rio de Janeiro: Editora Livros Técnicos e Científicos. 1998. Tecelagem - Química Geral 50 Hino Nacional Hino do Estado do Ceará Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!