CESA – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA SÉRGIO LUIZ CARNEIRO METODOLOGIA INTEGRATIVA DE EXTENSÃO RURAL NA REGIÃO DE LONDRINA-PR LONDRINA – PR 2011 SÉRGIO LUIZ CARNEIRO METODOLOGIA INTEGRATIVA DE EXTENSÃO RURAL NA REGIÃO DE LONDRINA-PR Trabalho de Conclusão de Curso de PósGraduação “lato sensu”, Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura- Universidade Estadual de Londrina, 2010 Orientador: Prof. Luís Miguel Luzio dos Santos LONDRINA 2011 SÉRGIO LUIZ CARNEIRO METODOLOGIA INTEGRATIVA DE EXTENSÃO RURAL NA REGIÃO DE LONDRINA-PR Trabalho de Conclusão de Curso de PósGraduação “lato sensu”, Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura- Universidade Estadual de Londrina, 2010 COMISSÃO EXAMINADORA ____________________________________ Profº Drº Luís Miguel Luzio dos Santos Universidade Estadual de Londrina ____________________________________ Profº Drº Fabio Lanza Universidade Estadual de Londrina ____________________________________ Profª Drª Maria de Fátima S. de S. Campos Universidade Estadual de Londrina Londrina, 28 de abril de 2011 AGRADECIMENTOS Ao Profº Drº Luís Miguel Luzio dos Santos meu sincero agradecimento pelo apoio ao orientar este trabalho. Ao Governo do Paraná, por meio da Escola de Governo, na criação e patrocínio deste curso de especialização. Aos agricultores pela invariável cordialidade e paciência e pela oportunidade que me foi dada de adentrar seu universo. Aos prezados mestres e colaboradores da UEL, em especial ao Prof.º Gerson Antonio Melatti, sou imensamente grato. Aos extensionistas da Emater - Unidade Regional de Londrina, que não mediram esforços e aceitaram o desafio de colocar em prática uma nova proposta metodológica, em especial aos colegas Ildefonso José Haas, Marli Candalaft Parra Peres, Paulo Tadatoshi Hiroki, Luis Artur Bernardes da Rosa, Gervásio Vieira, Fernando Luis M. Costa Aos colegas do Projeto Redes de Referências, Dimas Soares Júnior e Rafael Fuentes Llanillo e todos os colaboradores do Iapar e do Projeto Universidade Sem Fronteira, pelo apoio constante. Aos colegas de estudo, agradeço pelo convívio e pela amizade. À minha família, Luciana e Júlia, que colaboraram e compreenderem a minha ausência. “A nossa participação no sistema de relação camponeses-natureza-cultura não pode ser reduzida a um estar diante, a um estar sobre, ou a um estar para, mas a um estar com eles como sujeitos também da mudança e do desenvolvimento” PAULO FREIRE CARNEIRO, Sérgio Luiz. METODOLOGIA INTEGRATIVA DE EXTENSÃO RURAL NA REGIÃO DE LONDRINA-PR. 2011 59 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação “lato sensu”, Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura – Universidade Estadual de Londrina, 2011. RESUMO Desde 2007, o Instituto Emater da Região de Londrina-PR vem desenvolvendo uma metodologia integrativa de extensão rural, com o objetivo de adequar suas estratégias e táticas em consonância com a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Este trabalho tem o objetivo de descrever o processo de adoção e adaptação da metodologia integrativa de extensão rural, suas potencialidades e limitações.Como resultado inicial, ficou evidenciado nas ações desenvolvidas a integração de visões e de métodos, além de estabelecer as conexões internas e externas entre projetos e áreas de atuação. Palavras-chave: metodologia; extensão desenvolvimento rural; agricultura familiar rural; redes de referências; CARNEIRO, Sérgio Luiz. INTEGRATIVE METHODOLOGY FOR RURAL EXTENSION OF LONDRINA REGION, PARANÁ STATE. 2011 59 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação “lato sensu”, Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura – Universidade Estadual de Londrina, 2011. ABSTRACT Since 2007, the Emater Institute of Londrina region in Parana state, have been developing an integrative methodology for rural extension in order to adapt its strategies and tactics in line with the National Policy of Technical Assistance and Rural Extension. This paper aims to describe the process of adoption and adaptation of the integrative methodology of rural extension, its potential and limitations. In the first result was evidenced the integration of visions and methods and the establishment of the connections between internal and external projects and areas. Keywords: methodology; development; family farm. rural extension; reference networks; rural LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Etapas metodológicas das Redes de Referências ................................ 23 Figura 2 – Mapa do Paraná com destaque para a região de Londrina, PR ........... 27 Figura 3 – Áreas de Desenvolvimento Integrado na região de Londrina – PR ....... 27 Figura 4 – Metodologia integrativa adaptada das Redes de Referências .............. 28 Figura 5 – Mapa de altitudes ................................................................................. 34 Figura 6 – Mapa de temperatura média anual ....................................................... 35 Figura 7 – Mapa de precipitação pluviométrica .................................................... 35 Figura 8 – Mapa de evapotranspiração ................................................................. 35 Figura 9 – Grupos de sistemas de produção por ADI ............................................. 43 Figura 10 – Caminhada no Assentamento Florestan Fernandes ............................ 46 Figura 11 – Caminhada na Comunidade Barra da Jacutinga ................................. 46 Figura 12 – Caminhadas nas Comunidades Akolá e Serraria ................................ 47 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Variáveis classificatórias da categoria social ........................................ 29 Tabela 2 – Tipificação dos sistemas de produção agropecuários ........................... 41 Tabela 3 – Alcance das metas programadas .......................................................... 47 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Proporção de gênero .......................................................................... 37 Gráfico 2 – Nível de escolaridade ......................................................................... 38 Gráfico 3 – Ocupação da mão-de-obra familiar ..................................................... 39 Gráfico 4 – Principais fontes de renda não-agrícolas ............................................ 39 Gráfico 5 – Índice de qualidade de vida rural ........................................................ 40 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADI - Área de Desenvolvimento Integrado ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural EMATER - Intituto Paranaense da Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRATER - Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agrop. e Extensão Rural de Santa Catarina IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná MDA - Ministério de Desenvolvimento Agrário PNATER - Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural PRONAF - Programa Nacional de Apoio a Agricultura Familiar REDES - Redes de Referências para a Agricultura Familiar SAF - Secretaria da Agricultura Familiar SEAB - Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 1.1 DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS .................................................................................... 14 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 14 1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 14 1.2 JUSTIFICATIVAS ................................................................................................... 15 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 16 2.1 EXTENSÃO RURAL ESTATAL ................................................................................. 16 2.2 METODOLOGIA NA EXTENSÃO RURAL ESTATAL ....................................................... 18 2.3 REDES DE REFERÊNCIAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR ......................................... 21 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 25 3.1 DESIGN E PERSPECTIVA DA PESQUISA .................................................................. 26 3.2 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 32 3.2.1 Dados Secundários ....................................................................................... 32 3.2.2 Dados Primários ............................................................................................. 33 3.3 PERGUNTA DE PESQUISA ..................................................................................... 33 3.4 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 33 4 RESULTADOS .................................................................................................... 34 4.1 CARACTERIZAÇÃO REGIONAL ................................................................................ 34 4.2 SELEÇÃO DE COMUNIDADES ................................................................................. 36 4.3 TIPIFICAÇÃO ........................................................................................................ 36 4.4 DIAGNÓSTICO RURAL PARTICIPATIVO ..................................................................... 42 4.5 SELEÇÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO E DE PROPRIEDADES DE REFERÊNCIAS .......... 42 4.6 DIAGNÓSTICO ....................................................................................................... 43 4.7 PLANEJAMENTO .................................................................................................... 44 4.8 ACOMPANHAMENTO .............................................................................................. 44 4.9 SOCIALIZAÇÃO DOS RESULTADOS........................................................................... 45 4.10 ALCANCE DAS METAS PROGRAMADAS .................................................................. 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 50 ANEXOS .................................................................................................................. 52 ANEXO A – Equipe Técnica ..................................................................................... 53 ANEXO B – Questionário de Tipologia ..................................................................... 54 ANEXO C – Relação de Comunidades Rurais Selecionadas ................................... 59 12 METODOLOGIA INTEGRATIVA DE EXTENSÃO RURAL NA REGIÃO DE LONDRINA-PR 1 INTRODUÇÃO A Assistência Técnica e Extensão Rural (doravante denominada de Ater), na esfera de governo, é um instrumento de política pública em projetos e programas voltados ao desenvolvimento rural. A complexidade dos problemas rurais requer da Ater o domínio de conhecimentos e habilidades para orientar os extensionistas na tomada de decisões, selecionar prioridades, propor intervenções adequadas às circunstâncias dos agricultores, avaliar e multiplicar resultados, dentre outros. Portanto, não pode ser vista como uma atividade pouco exigente em termos científicos, pois a extensão rural, além das atribuições tradicionais, tem o papel de contribuir na construção de conhecimento científico, quer seja nas ciências sociais ou naturais. Nesse sentido, a extensão, por formar uma tríade com o ensino e a pesquisa, necessariamente precisa atuar de forma integrada, em especial com estes dois segmentos. A metodologia na extensão rural deve ter um caráter de problematização e de reflexão, em particular no que diz respeito à intervenção na realidade rural. Além de ser uma disciplina que estuda os métodos, ao nível ainda mais aplicado, tem um papel fundamental no modo de conduzir o trabalho, principalmente em equipes transdisciplinares, que atuam em programas e projetos no âmbito da Ater. Pode evitar a fragmentação excessiva entre os diversos processos existentes, pois permite organizar a promoção de ações sistêmicas e integrar seus componentes e seus atores, levando em consideração os contrastes regionais, os múltiplos produtos e as várias dimensões que caracterizam o meio rural. Todavia, metodologia não pode ser confundida com discurso político, pois se trata da orientação da forma de conduzir o trabalho para melhorar a efetividade dos procedimentos. Deve evitar o vínculo de propostas de vida curta formatadas por grupos de interesse momentâneo. Também não deve gerar falsas expectativas de alcance de resultados aos atores do serviço de Ater. É preciso reconhecer as potencialidades, limitações ou distorções no uso de métodos e técnicas e na interpretação de dados e informações coletados. 13 A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - Pnater, promulgada em 2003, aponta para a perspectiva de um novo Brasil, rompendo com a visão da extensão tradicional, produtivista e difusionista. Entre os principais princípios da Pnater está a utilização de novas metodologias adotando processos participativos, que valorizem o conhecimento acumulado do agricultor; a participação dos atores nos processos de decisão, gestão, monitoramento e avaliação das ações de Ater. Em 2007, a diretoria do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater buscou instituir uma nova postura, ação denominada de Reposicionamento Institucional. Neste sentido, a gerência da região de Londrina-PR promoveu momentos de debate com a participação do quadro próprio de técnicos, e também de lideranças e de instituições afins, com objetivo de agregar informações e conhecimentos para aperfeiçoar as estratégias de ação da extensão rural. No decorrer destes debates, manteve-se um grupo de extensionistas com o objetivo de consolidar um plano estratégico para atender às prioridades da região. Em cada etapa de trabalho do grupo acrescentou-se novas idéias, até a decantação de uma proposta metodológica. Esta proposta teve como característica básica promover a integração das experiências exitosas, das diretrizes da Pnater e da Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. O propósito era a integração de conceitos e de princípios, dentre outros componentes que permeiam a extensão rural, tais como: enfoque sistêmico e enfoque analítico; métodos participativos e métodos estruturados; técnicos generalistas e técnicos especialistas; projetos vetores e áreas transversais; agricultores, extensionistas e pesquisadores; visão produtivista e visão desenvolvimentista. A combinação destes conceitos e princípios necessitava de orientações metodológicas em conformidade com a dinâmica de trabalho da extensão rural. Sem estas orientações correr-se-ia o risco de complicar o entendimento e a operacionalização dos planos de desenvolvimento rural. Uma das motivações de se buscar a adaptação de uma nova metodologia foi a consciência da complexidade dos problemas relacionados ao meio rural e os grandes desafios dos extensionistas em dar respostas satisfatórias frente a essa realidade. Era fundamental o desenvolvimento de uma metodologia mais robusta, que propiciasse: métodos e ferramentas adequadas de intervenção; processos de aprendizagem experiencial ou na ação; a elaboração de projetos inteligentes e 14 inovadores; empoderamento aos agricultores; melhoria ambiental, de renda e de qualidade de vida; processos de avaliação e de divulgação de resultados da Ater. A experiência vivenciada em 12 anos de existência do projeto Redes de Referências para Agricultura Familiar e a combinação de métodos participativos, comum no âmbito da extensão rural, resultaram em inovações metodológicas adotadas pelo Instituto Emater na Região de Londrina, em 18 municípios, compondo 33 comunidades e 467 estabelecimentos rurais familiares assistidos. 1.1 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral O objetivo principal deste estudo é descrever o processo de adaptação e introdução de uma metodologia integrativa de extensão rural da Região de Londrina, estado do Paraná. 1.1.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos deste trabalho são de avaliar e verificar se a metodologia em pauta contribuiu para: identificar os tipos de sistemas de produção agropecuários predominantes e o perfil socioeconômico dos agricultores familiares para reposicionamento dos planos de ação extensionistas, em bases locais e/ou regionais; promover a participação direta dos usuários/beneficiários das ações extensionistas nos processos de formulação e consolidação de propostas de inovação tecnológica para o desenvolvimento da agricultura familiar; ampliar a integração entre a Ater e a pesquisa e produzir conhecimentos que sirvam de referência para a formulação de planos de ação voltados à sustentabilidade da agricultura familiar; constituir núcleos locais de difusão e de aperfeiçoamento para o público usuário e beneficiário (agricultores, extensionistas e profissionais da assistência técnica rural especializada); 15 1.2 JUSTIFICATIVAS A título de justificativa, um serviço de extensão rural pública mais conseqüente necessita realizar estudos para avaliar os impactos de suas ações e adequar suas intervenções. Neste sentido, o presente trabalho tem a intenção de contribuir no aprimoramento metodológico aplicado no cotidiano do extensionista, em especial para o planejamento tático do trabalho e para analisar os resultados das ações realizadas pela extensão rural pública. Por outro lado, não existe metodologia de extensão rural bem definida e estruturada como existe no ensino e na pesquisa. Esta ausência compromete o reconhecimento da Ater em termos de produção de conhecimento e de divulgação de informações, em especial como forma de interação e de posicionamento na sociedade científica. A extensão rural ainda é vista como uma atividade pouco exigente no que se refere á metodologia científica. Este trabalho é um convite à reflexão no sentido de superar este problema: a carência do conhecimento explícito e maduro acerca da metodologia nos planos e projetos de Ater. 16 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 EXTENSÃO RURAL ESTATAL O termo Extensão Rural Estatal se refere aqui como sendo o serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural - Ater, disponibilizado pelos governos estaduais à sociedade, em particular à população rural. Optou-se em utilizar este termo para diferenciá-lo de um sentido mais amplo, tais como o termo extensão rural aplicados nos órgãos de pesquisa e de ensino. Desde o seu surgimento em Minas Gerais, no dia 06 de dezembro de 1948, até os dias atuais, a Extensão Rural Estatal, no Brasil, passou por várias crises. Para cada momento de crise, ajustes foram necessários no sentido de adequar diretrizes e rumos às alterações de políticas agrícolas. Em decorrência, as atribuições do extensionista rural foram acompanhando aos diferentes modelos de desenvolvimento e de interesses vigentes em cada etapa de sua história (MIGLIOLI, 2009). Tantas mudanças no decorrer de sua existência atribuíram um caráter polissêmico ao termo Extensão Rural e também evidenciaram a sua resistência. Dentre as diversas atribuições do extensionista rural, de acordo com o contexto histórico e em ordem cronológica, citam-se os seguintes papéis: de educador formal e informal; de orientador de crédito rural; de difusor de inovações tecnológicas; de educador dialógico; de comunicador rural e animador de planejamentos participativos; de mobilizador para a participação sociopolítica da população rural; de agroecologista; e de articulador do desenvolvimento local. A necessidade de mudança “possibilitou que a atividade se renovasse teoricamente, e, ao se renovar, resistiu no tempo” (CALLOU, 2006). Entre os momentos marcantes da história da Extensão Rural no Brasil, destaca-se a criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater, em 1975, para coordenar e alocar recursos do Governo Federal neste setor. Em 1990, porém, a Embrater foi extinta no governo do Presidente Fernando Collor de Mello, que teve como conseqüência: estadualização da política de extensão rural; extinção de entidades estaduais; fusão com outros serviços; mudanças de natureza jurídica e organizacional das entidades estaduais; redução do orçamento; não renovação do quadro técnico e redução do número de técnicos. 17 Cada entidade estadual buscou seu caminho, com notável fragilidade do serviço de Ater em muitas delas (MIGLIOLI, 2009). No estado do Paraná, desde o seu surgimento, em 1956, até os dias atuais, o serviço público de extensão rural foi e é mantido pelo Governo Estadual. No entanto, não ficou isento de mudanças de nome, de regime jurídico, de linhas de atuação ao longo dos seus 54 anos de existência. Em 1996, foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Pronaf, que gerou forte demanda para as entidades de Ater em todo o país (MIGLIOLI, 2009). Todavia, as políticas de redução do Estado, que iniciaram na década de 90, com resultados negativos para o serviço público de Ater, se estenderam, pelo menos, até o ano de 2003, ano em que as atividades de Ater passaram a ser coordenadas pelo recém criado Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA. Determinou-se, por meio da Secretaria da Agricultura Familiar – SAF, a necessidade de implantação de uma Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural Pnater, como resposta às necessidades contemporânea do meio rural, em especial no avanço do processo de democratização e na busca de eqüidade social (BIANCHINI, 2006). E o que preconiza esta nova política? A Pnater “pretende contribuir para uma ação institucional capaz de implantar e consolidar estratégias de desenvolvimento rural sustentável, estimulando a geração de renda e de novos postos de trabalho”. Tem como alicerce, potencializar principalmente: as atividades produtivas de alimentos sadios e de matérias-primas; a agroindustrialização e outras formas de agregar renda à produção primária; e as estratégias de comercialização. Destaca-se também o direcionamento de ações para a agricultura familiar, respeitando às diversidades sociais, econômicas, étnicas, culturais e ambientais do país, que implica na necessidade de incluir enfoques de gênero, de geração, de raça e de etnia nas orientações de projetos e de programas. Enfatiza-se ainda, a busca da inclusão social como elemento central de todas as ações orientadas pela Pnater (MDA, 2008). Intensificaram as críticas aos métodos antes apreendidos, de difusão de tecnologia, adaptados ao processo de modernização da agricultura, frente às exigências do meio rural, que avançou no processo de democratização e na busca de eqüidade social (MDA, 2008). 18 E qual deve ser o papel do extensionista nesse contexto? A Extensão Rural foi desafiada a realizar substituição de enfoques metodológicos e de paradigmas tecnológicos, ou seja, substituir a linha predominantemente difusionista e produtivista por uma participativa e desenvolvimentista. Para dar conta desses desafios, os serviços de Ater foram orientados no sentido de priorizar o uso de metodologias participativas, devendo o extensionista desempenhar um papel educativo, atuando como animador e facilitador de processos de desenvolvimento rural sustentável. Ao contrário da prática convencional de transferir pacotes tecnológicos, a Ater pública deve atuar partindo do conhecimento e análise dos agroecossistemas, adotando um [...] enfoque holístico e integrador de estratégias de desenvolvimento, além de uma abordagem sistêmica capaz de privilegiar a busca de equidade e inclusão social, bem como a adoção de bases tecnológicas que aproximem os processos produtivos das dinâmicas ecológicas (MDA, 2008, p.11). 2.2 METODOLOGIA NA EXTENSÃO RURAL ESTATAL Pretende-se tratar neste item os significados do Conhecimento e da Metodologia, em particular analisar o uso de métodos no âmbito do serviço de Ater estatal. Cabe ressaltar que se privilegiou, neste estudo, a Metodologia em Ciências Sociais, pois possui forte interseção com as características dos serviços de Ater. As perguntas-chaves aqui são: a extensão rural estatal necessita utilizar metodologia científica para atender seu papel? Precisa gerar ou dominar o conhecimento científico para intervir adequadamente na realidade? Estas indagações são pertinentes, pois no decorrer da história da Ater as atribuições dos extensionistas sofreram mudanças paradigmáticas. O objetivo é analisar aqui as relações do Conhecimento e da Metodologia Científica com a rotina do extensionista rural e com o “novo” serviço de Ater, de acordo com a Pnater. Segundo Jesus (2006, p. 80), o profissional da extensão rural, no seu cotidiano, atua com a diversidade de saberes e de conhecimentos que se distinguem pelos seus processos de produção. Neste aspecto, os conhecimentos podem ter as suas origens diferenciadas, tais como: o senso comum; o filosófico; o religioso; e o científico. O referido autor afirma que “ninguém está autorizado a classificar este ou aquele como conhecimento superior ou inferior”. Complementa ainda, que as finalidades de se buscar o conhecimento científico são as seguintes: 19 compreendê-lo como processo de produção diferenciado de outros tipos de conhecimento; contribuir para compreensão e crítica do conhecimento sistematizado a que se tem acesso; instrumentalizar-se para sua prática, para seu exercício. Para Thiollent (2003), a relação do conhecimento e ação está no centro da problemática metodológica da pesquisa social, que existe tanto no campo do agir (ação social, política, jurídica, moral) quanto no campo do fazer (ação técnica). Espera-se, por meio de uma ação planejada, transformar uma realidade levantada (“a situação está assim...”) em proposições normativas (“temos que fazer isto...”). Todavia, as normas geralmente pertencem à ideologia, perspectivas políticas ou culturais, aos movimentos sociais ou ao funcionamento das instituições. O pesquisador pode ser influenciado pelas exigências daquelas normas, com efeito de contaminação sobre o estudo proposto. O interventor ou pesquisador deve conhecer estas fontes de distorções e, se possível, mantê-las sob controle do ponto de vista metodológico e ético. Na origem do termo, Metodologia significa “estudo dos métodos, especialmente dos métodos da ciência” (FERREIRA, 1986). Em complemento ao conceito enunciado acima, para Demo (1995, p. 11) Metodologia também tem caráter de problematizar “criticamente, no sentido de indagar os limites da ciência, seja com referência a capacidade de conhecer, seja com referência à capacidade de intervir na realidade”. Metodologia distingue-se de Métodos e Técnicas “por estar em jogo no segundo caso o trato da realidade empírica, enquanto no primeiro existe a intenção da discussão problematizante, a começar pela repulsa em aceitar que a realidade social se reduza à face empírica” . Thiollent (2003, p.25) também buscou esclarecer possíveis imprecisões relativas aos termos Metodologia, Métodos e Técnicas, que, de um lado, significa “o nível da efetiva abordagem da situação investigada com métodos e técnicas particulares e, por outro lado, o metanível, constituído pela metodologia enquanto instância de 20 reflexão”. Ou seja, pode-se distinguir “o nível do método efetivo aplicado na captação da informação social e a metodologia como metanível, no qual é determinado como se deve explicar ou interpretar as informações colhidas”. Para o referido autor, a diferença entre Método e Técnica reside no fato de que a segunda possui objetivo muito mais restrito do que o primeiro. Salientou que a Metodologia se relaciona com a epistemologia ou a filosofia da ciência, cujo objetivo consiste em “analisar as características dos vários métodos disponíveis, avaliar suas potencialidades, limitações ou distorções e criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização”. Em nível mais aplicado, a metodologia representa o conhecimento geral e habilidade “que são necessários para se orientar no processo de investigação, tomar decisões oportunas, selecionar conceitos, hipóteses, técnicas e dados adequados”. Thiollent (2008, p.2), ao tratar dos avanços da metodologia no âmbito da extensão universitária, afirmou que “a exigência metodológica se traduziu na adaptação de métodos conhecidos em várias áreas de conhecimento para serem aplicados em projetos de extensão”. Complementou ainda que numa visão pluralista adaptável à intervenção em múltiplas realidades, “os métodos escolhidos podiam ser variados e não necessariamente unificados por determinada filosofia da ciência ou do conhecimento”. É o caso típico do extensionista rural. No item anterior deste estudo, foi visto que as orientações metodológicas para as ações de Ater devem ter, dentre outros elementos, um caráter educativo. Desde modo, a intervenção do extensionista “deve ocorrer de forma democrática, adotando metodologias participativas e uma pedagogia construtivista e humanista, tendo como ponto de partida a realidade e o conhecimento local” (MDA, 2008, p.11). Segundo informações do MDA (2008, p.11) [...] “no processo de desenvolvimento rural sustentável atualmente desejável, o papel das instituições, bem como dos agentes de Ater, do ensino e da pesquisa, deverá ser exercido mediante uma relação dialética e dialógica com o público da extensão, que parta da problematização sobre fatos concretos da realidade”. Neste aspecto, em todas as fases do trabalho: diagnóstico, planejamento, execução e avaliação, “é necessário adotar-se um enfoque metodológico que gere 21 relações de co-responsabilidade entre os participantes, suas organizações e as instituições apoiadoras” (MDA, 2008, p11). Ainda em MDA (2008, p.11), de acordo com as orientações estabelecidas na Pnater, deve-se privilegiar “atividades de pesquisa-ação participativas, investigaçãoação participante e outras metodologias e técnicas que contemplem o protagonismo dos beneficiários e o papel de agricultores-experimentadores”. Destaca-se que o alcance dos resultados esperados necessariamente depende do comprometimento dos assessores técnicos com as dinâmicas locais, e dos diversos públicos da extensão com os objetivos que venham a ser estabelecidos. Neste aspecto, os serviços de Ater devem, por sua vez, “incorporar uma abordagem holística e um enfoque sistêmico, articulando o local, a comunidade e território às estratégias que adotem enfoques de desenvolvimento rural sustentável”. 2.3 REDES DE REFERÊNCIAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR Desde 1980, o governo do Paraná tem realizado experiências na utilização do enfoque sistêmico em ações de pesquisa e de extensão orientadas ao desenvolvimento rural. Em 1998, foi criado o projeto Redes de Referências para a Agricultura Familiar – Redes, um componente metodológico inovador a partir dos conhecimentos acumulados do: Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater, na execução de políticas governamentais e nas ações específicas da extensão rural; Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, nas pesquisas desenvolvidas em sistemas de produção agropecuários; Institut de l'Elevage, da França, que desenvolveu a metodologia de trabalho em redes de propriedades de referências (CARVALHO et al, 2000). As principais características do projeto Redes são: a) enfoque sistêmico, conectando os aspectos técnicos, econômicos, ambientais e sociais inerentes aos sistemas de produção agropecuários; b) intervenções planejadas para a melhoria dos arranjos produtivos com base no trabalho integrado do pesquisador, do extensionista e do agricultor; c) combinações de métodos de pesquisa adaptativa e de extensão rural para a elaboração e difusão de referências técnico-econômicas obtidas nas redes de propriedades acompanhadas a campo (PASSINI, 1997). 22 Resumidamente, uma Rede é um conjunto de propriedades representativas de determinado sistema de produção familiar, que após processo de intervenção visando ampliação de sua eficiência e sustentabilidade, servem como referência técnica e econômica para as outras unidades por elas representadas. O objetivo prioritário das Redes é de aperfeiçoar, descrever e divulgar o funcionamento de sistemas de produção agropecuários viáveis para a agricultura familiar, a partir de informações técnicas e econômicas obtidas a campo, por meio da organização e dinamização de redes de propriedades de referências. Os objetivos específicos são: a) disponibilizar informações e propor métodos para orientar os agricultores na gestão da propriedade rural; b) realizar testes, ajustes e validação de tecnologias; c) ofertar tecnologias e ou atividades que ampliem a eficiência dos sistemas de produção agropecuários e melhorem a qualidade de vida dos agricultores familiares; d) servir como pólo de difusão e capacitação de técnicos e agricultores; e) levantar demandas de pesquisa a partir de diagnósticos nas propriedades; f) subsidiar formulação de políticas de promoção da agricultura familiar (MIRANDA et al, 2001). Atualmente, as Redes estão presentes em 19 regiões do Paraná, com cerca de 270 estabelecimentos familiares acompanhados e de outros 140 que já passaram pelo trabalho nos 12 anos de funcionamento (CARNEIRO et al., 2010). As etapas metodológicas do trabalho estão apresentadas na Figura 01. Inicialmente faz-se um estudo prévio sobre a região onde se instalará o trabalho, por meio da caracterização dos recursos naturais e das condições socioeconômicas. Na seguencia, realiza-se a tipificação dos agricultores, levando em conta as atividades econômicas mais importantes na geração de renda e a categoria social, que permite a identificação dos principais sistemas de produção, seja pela freqüência com que ocorrem ou pelo potencial como opção para o desenvolvimento regional. Com o domínio dessas informações, uma equipe composta de lideres rurais, técnicos e agricultores, seleciona os sistemas a integrarem as Redes. A participação dos extensionistas da região é fundamental na escolha dos agricultores que representarão os sistemas de produção, em número mínimo de quatro por sistema (MIRANDA et al, 2001). 23 Caracterização Regional D I F U S Ã O Tipificação Escolha dos Sistemas Seleção das Propriedades S u b s í d i o Diagnóstico Planejamento •Políticas Referências s agrícolas •Pesquisa •Extensão oo Figura 01: Etapas metodológicas das Redes de Referências. Fonte: Miranda et al., 2001 Os estabelecimentos escolhidos passam por um diagnóstico, com base em informações dos agricultores e por observações feitas pelos extensionistas e pesquisadores das Redes, em visita de campo. Este diagnóstico servirá de base para a formulação de um plano de melhorias de curto prazo, que visa principalmente a redução de perdas e a correção de possíveis incoerências. No processo de implantação desse plano, dados e informações são registrados de forma a permitir a confirmação dos resultados positivos em relação ao estado inicial. Esse período de acompanhamento permite a ratificação e/ou retificação do diagnóstico inicial. Ao final de um ano já há condições para a formulação de um projeto de médio e longo prazo buscando a otimização no uso dos recursos da propriedade para obtenção dos melhores resultados, de acordo com os objetivos dos agricultores e suas famílias. As propostas elaboradas em conjunto, técnico e agricultor, são implantadas num processo que pode levar de três a cinco anos, dependendo da complexidade do sistema atual e daquele que se pretende construir. Durante todo este período registros técnicos e econômicos são efetuados. 24 Validadas as propostas implantadas, os conhecimentos resultantes do processo constituirão as referências técnicas e econômicas que servirão para orientar agricultores com características semelhantes (MIRANDA ; DOLIVEIRA, 2005). O domínio de metodologia, conceitos e princípios acerca da abordagem sistêmica na extensão rural constitui-se dos principais resultados advindos da instalação do projeto Redes de Referências para Agricultura Familiar no Paraná. Esse domínio de conhecimento habilita a Emater introduzir novos processos metodológicos integradores e geradores de ações propositivas, fundamentais para promover inovações no meio rural nas dimensões sociais, ambientais, técnicas e econômicas. Além disso, acrescenta aos extensionistas os papéis de gestor e sistematizador de processos, que solidificam e engrandecem ainda mais suas atribuições. Os extensionistas que dominam a abordagem sistêmica e atuam em redes organizacionais estão mais preparados para enfrentar os problemas complexos do dia-a-dia da extensão rural. Conseguem entender melhor à realidade e propor intervenções mais adequadas (CARNEIRO et al, 2010). É alvo de atenção e de esforço a intensificação de parcerias intra e interorganizacionais. Na sua essência, o projeto Redes é fruto dessa modalidade de parceria, com forte integração do Iapar e da Emater. Outras organizações são parceiras em ações que variam de nível (estadual, mesorregional e regional) e de tema, tais como: Embrapa Floresta; Embrapa Soja; Itaipu Binacional; Cooperativas; Universidades, dentre outras. A metodologia das Redes de Referências está sendo aplicada em diversas regiões contrastantes, enfrentando os desafios de buscar respostas aos problemas complexos da agricultura paranaense. Após doze anos de aprendizagem e de acúmulo de experiência, o projeto vem adquirindo maturidade e está em condições de contribuir na intensificação e ampliação do uso dessa estratégia metodológica no Paraná e no Brasil. Tem conquistado o respeito e o reconhecimento de diversas instituições, principalmente no que se refere à integração Pesquisa & Extensão Rural (CARNEIRO et al., 2010). Adverte, porém, que a metodologia deve se restringir aos objetivos já apresentados, sob pena de ser confundida com os processos tradicionais de assistência técnica e de administração rural. Os conhecimentos e as contribuições que emergem nos sistemas de produção agropecuários validados, além da difusão por meio impresso, precisam de uma rede de transferência e de multiplicação para 25 alcançar, com eficiência, o maior número possível de agricultores (CARNEIRO et al, 2010). A principal limitação desse dispositivo de pesquisa aplicada e de extensão rural está na disponibilidade de técnicos para atendimento ao grande número de agricultores que seriam necessários para representar as mais diversas realidades regionais ou territoriais existentes no Paraná. Os técnicos gestores das propriedades rurais monitoradas nas Redes precisam do apoio de pesquisadores e de extensionistas especialistas na elaboração dos diagnósticos e dos planos de melhoria dos sistemas de produção agropecuários, para facilitar a introdução de inovações e de boas práticas agronômicas. Sem isso, o salto de qualidade e de resultados positivos esperados no processo de intervenção pode não acontecer (MIRANDA ; DOLIVEIRA, 2005). 3. MATERIAL E MÉTODOS As características básicas de uma pesquisa são de fundamental importância para a definição da estratégia de investigação a ser adotada. Esta é uma pesquisa que investiga um fenômeno contemporâneo, o avanço da metodologia na extensão rural, dentro de seu contexto da vida real, ou seja, a adaptação e introdução de um processo metodológico integrativo no cotidiano do extensionista rural. É uma pesquisa que enfrenta uma situação de múltiplas variáveis de interesse, várias fontes de evidências e se beneficia do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados. Assim, as características acima apresentadas, são próprias para o estudo de caso (YIN, 2001). Segundo Chizzotti (1998, p. 102), o estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisa que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência, ou avaliá-la analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora. Goldenberg (2003, p.33) relata que o estudo de caso foi adaptado da tradição médica, tornando-se uma das principais modalidades de pesquisa qualitativa em ciências sociais. Para a autora, o estudo de caso é uma “análise holística, [...] reúne 26 o maior número de informações detalhadas, por meio de diferentes técnicas de pesquisa, com o objetivo de apreender a totalidade de uma situação e descrever a complexidade de um caso concreto”. Segundo Triviños (1987), o estudo de caso não foi uma classe de pesquisa típica do modelo positivista, tão inclinado à quantificação das informações. A pesquisa quantitativa caracteriza-se fundamentalmente pelo emprego, de modo geral, de uma estatística simples, elementar. Por isso, com o desenvolvimento da investigação qualitativa, o estudo de caso, que estava numa situação de transição entre ambos os tipos de investigação, constituiu-se numa expressão importante dessa tendência. 3.1 DESIGN E PERSPECTIVA DA PESQUISA Este trabalho constitui um estudo de caso, cuja finalidade foi descrever o processo de construção de uma metodologia integrativa de extensão rural da Região de Londrina-PR. Esta é uma pesquisa exploratória que buscou ampliar as informações sobre as potencialidades e as limitações da adoção de uma metodologia integrativa no âmbito da Ater estatal. Segundo Bastos (1999, p.66), a investigação exploratória, que pode ser basicamente ilustrada através do estudo de caso, uma vez em curso, colabora bastante na delimitação, no aprimoramento do assunto de pesquisa, seja trabalhando a definição dos objetivos, seja formulando e reformulando a questão de estudo, seja trazendo novos dados que podem ampliar nossa percepção sobre o assunto em pauta. É uma pesquisa participativa. O pesquisador é um dos atores do contexto pesquisado, pois desde 1992 está acompanhando a dinâmica interna da equipe de extensionistas da Unidade Regional de Londrina. A Região de Londrina, composta por 19 municípios, está localizada no norte do estado do Paraná, conforme retrata a Figura 2. 27 ADI - Região de Londrina Lupionópol is Cafear a Porecat u Centenár i odo Sul Alvor adado Sul Pri mei ro de Maio Flor estópol is Guar ac i Mir aselva Bela Vist ado Par aíso agu apit ã J Prado Fer rei ra Sert anópol is Cambé Pit angueir as Ibi porã Rolândi a Londri na Tamar ana N Escala: 1:3600000 Figura 2 – Mapa do Paraná com destaque para a região de Londrina, PR. Fonte: Dados desta pesquisa Para o planejamento de trabalho do Instituto Emater em territórios com características homogêneas, a região de Londrina foi subdividida em três Áreas de Desenvolvimento Integrado (ADI), ilustradas na Figura 3. ADI - Região de Londrina Lup io nóp olis Porecatu Cent en ário d o S ul Cafeara Alvorada d o S ul Prim eiro d e Maio Flo restóp olis Guaraci Miraselva Bela V ista do Paraíso Prad o F erreira Jagu apitã Sertanó po lis Cam bé Pitang ueiras Ibiporã Ro lând ia Lon drin a N Escala: 1:600000 Tamaran a Figura 3 – Áreas de Desenvolvimento Integrado na região de Londrina – PR Fonte: Dados desta pesquisa 28 Esta pesquisa não se propõs à analisar hipóteses, não foi quantitativa e nem estava fundamentada em análise estatística. A análise quantitativa apenas compreendeu a avaliação do quanto foi possível cumprir da seguinte meta projetada, com base na seleção de 33 comunidades rurais: Tipificar 600 propriedades rurais; Selecionar 33 propriedades como Unidades de Referências; Diagnosticar individualmente 33 Unidades de Referências; Planejar individualmente 33 Unidades de Referências; Optou pelo enfoque qualitativo, tendo em vista o caráter estritamente particular da investigação, além de possibilitar descrever a complexidade do problema e analisar as interações existentes em processos dinâmicos vividos por grupos sociais (RICHARDSON, 1999). Destacaram-se neste estudo os aspectos qualitativos e descritivos extraídos dos resultados advindos da aplicação das etapas metodológica que constituíram a metodologia integrativa. Estas etapas estão retratadas na Figura 4. Caracterização Regional Seleção de Comunidades Compartilhar informação com a comunidade: Ajustes Aprendizagem Transferência Socialização dos resultados Tipificação DRP Diagnóstico Planejamento Seleção de Sistemas e de Propriedades Informações para orientar as ações de: Extensão rural Pesquisa Políticas agrícolas Elaboração de Referências FiguraFigura 4 - Metodologia integrativa dasdas Redes Referências 4 – Adaptações no processoadaptada metodológico Redesde de Referências Fonte: Dados desta pesquisa 29 Resumidamente, cada etapa metodológica, apresentada na Figura 4, está descrita a seguir: Caracterização Regional: teve por objetivo levantar os contrates regionais nos aspectos edafoclimáticos e socioeconômicos, que auxiliaram na seleção das comunidades rurais prioritárias de atendimento público;. Seleção de Comunidades: a partir da caracterização regional e do conhecimento dos extensionistas municipais foram selecionadas as comunidades rurais mais carentes e com predominância de agricultores familiares. Tipificação: o método de tipificação de sistemas de produção agropecuários foi elaborado pelo Iapar, com base no trabalho de Yu e Sereia (1993), e é amplamente utilizado no Projeto Redes de Referências. As variáveis classificatórias de categoria social dos agricultores, presentes no método de tipificação em pauta, são: força de trabalho; capital; área (ha), retratadas na Tabela 1 Tabela 1 - Variáveis classificatórias da categoria social ÁREA CATEGORÍA SOCIAL CAPITAL (ha) USO DE Benfeitorias Equipamentos MÃO-DE-OBRA produtivas (R$) agrícolas (R$) FAMILIAR (%) Produtor Simples de Mercadoria 1 (PSM1) < 15 < 12.150,00 < 9.720,00 > 80 Produtor Simples de Mercadoria 2 (PSM2) < 30 < 29.160,00 < 29.160,00 > 50 Produtor Simples de Mercadoria 3 (PSM3) < 50 < 97.200,00 < 87.480,00 > 50 Empresário Familiar (EF) > 50 > 97.200,00 > 87.480,00 > 50 Empresário Rural (ER) > 50 > 97.200,00 > 87.480,00 < 50 Fonte: SEAB / Projeto Paraná 12 Meses (1999). Escolha dos Sistemas – foi realizada com base no resultado da tipificação e contemplou as situações mais importantes, seja pela freqüência com que ocorrem ou pelo potencial na viabilização da produção familiar. Diagnóstico Rural Participativo DRP – foi realizado pelos extensionistas nas comunidades rurais selecionadas para legitimar as informações coletadas nas etapas anteriores, levantar novas demandas e planejar ações coletivas. 30 Seleção de Propriedades – foram selecionadas propriedades representativas dos sistemas que seriam analisados. Esta escolha levaram em conta o enquadramento da propriedade nos sistemas eleitos, a disposição dos agricultores em fazer registros, fornecer informações e exporem suas propriedades nos processos de difusão, além de outros aspectos práticos, tais como facilidade de acesso e aceitação dos agricultores nas comunidades. Diagnóstico dos Sistemas de Produção – consistiu na descrição e análise do sistema de produção quanto à sua estrutura e dinâmica organizacional e o itinerário técnico dos agrossistemas. Foi realizado em duas etapas: diagnóstico expedito, em visita de campo e utilizando-se questionário semiestruturado e técnicas de diagnóstico rural participativo, logo no início dos trabalhos; e diagnóstico por acompanhamento, durante o primeiro ano, período em que também foram implantadas as alterações previstas no plano de coerência, descrito a seguir. Plano de Melhoria do Sistema – foram elaborados projetos de melhoramento dos sistemas de produção, levando em conta os objetivos e os recursos dos agricultores e contemplando um processo de transição. A execução destes planos contou com a participação dos técnicos das Redes, de pesquisadores e de especialistas do Instituto Emater. Acompanhamento das Propriedades (fase de intervenções e registros) – os extensionistas (agentes de Ater) orientaram a implementação dos projetos e acompanharam os registros dos resultados obtidos nas propriedades, que servirão para a elaboração das referências. Os dados foram processados por meio de software de contabilidade agrícola - Contagri, desenvolvido pela Epagri. Elaboração das Referências – as referências serão escritas quando o processo atingir cerca de cinco anos e serão apresentados por meio da descrição dos sistemas de produção, os denominados “sistemas de referência”. Difusão das Referências – os resultados do trabalho foram levados ao conjunto de agricultores representados por aqueles que integram esse 31 processo, por meio de métodos de comunicação da extensão rural, adequados à agricultura familiar. A equipe técnica que estava envolvida neste estudo, composta principalmente por extensionistas do Intituto Emater e pesquisadores do Iapar, está apresentada no Anexo A. Foi necessário definir e orientar os atores acerca das atribuições de cada agente envolvido no processo metodológico, ou seja, os agricultores familiares colaboradores; os técnicos gestores; os técnicos articuladores/apoiadores; e os técnicos especialistas: Agricultores colaboradores: são aqueles que foram selecionados a partir da definição dos sistemas de produção agropecuários a serem analisados, e que após receberem convites, aceitaram participar da proposta apresentada, incluindo o plano de melhoria da propriedade e realizar controles de despesas e receitas, disponibilizando essas informações aos técnicos gestores; Técnicos gestores: são os extensionistas municipais responsáveis pela gestão e operacionalização dos planos de trabalhos nas comunidades e nas propriedades de referências. São eles que orientam e negociam a execução das ações com os agricultores envolvidos. Organizam as atividades de intervenção estruturada e de construção participativa junto às comunidades e propriedades de referências. Acompanham ativamente o desenvolvimento dos trabalhos nas comunidades e nas propriedades de referências. Para tanto, contam com o apoio dos técnicos articuladores/apoiadores e dos técnicos especialistas. Técnicos articuladores/apoiadores: são extensionistas (um extensionista por ADI) com a responsabilidade de gestão do processo metodológico estruturado nas ADIs, apoiando os técnicos gestores no acompanhamento das propriedades de referências, nos registros e nas coletas de dados. Têm também a responsabilidade pelo processamento, análise e retorno das informações, realimentando o processo de aprendizagem coletiva e de busca de resultados, em sintonia com os técnicos gestores e agricultores familiares. Têm importante papel na articulação e interlocução entre os 32 técnicos gestores e os técnicos especialistas. São, portanto, apoiadores dos técnicos gestores na busca de respostas aos problemas técnicos verificados no processo de melhoria dos sistemas de produção agropecuários. Os técnicos articuladores/apoiadores devem organizar eventos que promovam a difusão de resultados e a troca de experiências bem sucedidas. Técnicos especialistas: são extensionistas e pesquisadores que dominam o conhecimento de determinada especialidade, que, de forma planejada, auxiliam na elaboração de diagnósticos e de planos de melhoria de sistemas de produção, no desenvolvimento das ações, na solução de problemas técnicos e na busca e inovações. Executam ações programadas nos planos das Propriedades de Referências. Sendo necessário e realizado acordo entre os atores, poderá haver envolvimento maior de pesquisadores, em especial nos processos de validação de tecnologia inovadoras. 3.2 COLETA DE DADOS Os dados obtidos e apresentados nos resultados não foram utilizados para comparações e muito menos para analisar hipótese de pesquisa. Foram sim para validar qualitativamente a aplicação de uma metodologia no âmbito do serviço de extensão rural. Os dados coletados foram de dois tipos: secundários, que são os dados encontrados em manuais, relatórios e outros documentos já publicados; e primários, que são os dados coletados em primeira-mão, aqui neste estudo, pela equipe de técnicos envolvidos no trabalho de pesquisa e de Ater. 3.2.1 Dados Secundários Além dos dados que constitui a revisão de literatura desta pesquisa, os dados relativos à Caracterização Regional foram obtidos de fontes secundárias. 33 3.2.2 Dados Primários Os principais dados primários apresentados neste estudo foram coletados durante o processo de tipificação, por meio da aplicação de um questionário estruturado (Anexo B). As coletas de dados foram realizadas em reuniões nas comunidades rurais, com equipes de entrevistadores formadas principalmente por extensionistas e pesquisadores Em especial, por se tratar de uma pesquisa participativa, também foram coletadas informações por meio da observação direta do pesquisador. Segundo Richardson (1999), a observação é “imprescindível em qualquer processo de pesquisa científica, podendo conjugar-se a outras técnicas de coleta de dados como pode ser empregada de forma independente e/ou exclusiva”. . 3.3 PERGUNTA DE PESQUISA Este estudo foi orientado a responder à seguinte pergunta de pesquisa: quais as limitações e as potencialidades da “metodologia integrativa” proposta pela Emater/Regional de Londrina no cotidiano do extensionista rural? O investigar procurou apurar a amplitude dos resultados que seriam possíveis de serem alcançados por meio da nova orientação metodológica, tendo em vista as limitações que cercam os extensionistas rurais, tais como as dificuldades rotineiras para atender as múltiplas ações programadas e as imprevisíveis demandas do ambiente de trabalho. 3.4 ANÁLISE DOS DADOS Para responder a pergunta de pesquisa, por meio dos resultados alcançados, foram analisados: como ocorreram as execuções das propostas, o quanto foi possível alcançar a meta programada; quais etapas da metodologia não foram integralmente atendidas. Com tantas atribuições que comprometem grande parte do tempo que o extensionista dispõe para o serviço de Ater, somente pondo à prova a aplicação da metodologia seria possível avaliar as suas limitações e potencialidades Em articulação com a realidade empírica, os resultados também foram analisados a partir das informações levantadas no referencial teórico. 34 4. RESULTADOS Os primeiros trabalhos que antecederam a metodologia em pauta foram iniciados em maio de 2006, por meio das ações desenvolvidas pelo Projeto Redes de Referências, que tipificou cerca de 250 sistemas de produção agropecuários em assentamentos rurais, na Região de Londrina. Porém, o envolvimento da Equipe Regional do Instituto Emater de Londrina na estratégia metodológica apresentada aconteceu a partir de 2007. Descreve-se a seguir as etapas metodológicas que foram possíveis de serem realizadas e os principais resultados obtidos. 4.1 CARACTERIZAÇÃO REGIONAL A caracterização regional, que descreve principalmente os contrastes naturais, foi levantada por meio de dados secundários, em particular pela consulta de uma publicação das Redes de Referências (CARVALHO ET AL, 2001). As informações oriundas da referida fonte estão disponíveis de forma organizadas, em especial com dados da evolução histórica, da estrutura fundiária, do clima, do solo; do pessoal ocupado; e da produção regional. Dados socioeconômicos complementares estão disponíveis nos sites do IBGE, em especial os levantamentos socioeconômicos tais como: escolaridade; índice de qualidade de vida (IDH), valor bruto da produção (VBP), dentre outros. A título de exemplo, apresentam-se os mapas temáticos referentes ao clima, conforme demonstrado nas Figuras 5, 6, 7 e 8, a seguir: Altitudes Lup ionóp olis Porecatu Centenário Alvo ra da do Sul do Sul Cafeara Pr imeiro Florestópolis de Maio HIPSOMETRIA Mira selva Sertaneja Itamba ra cá B.V. do Pr ado Andirá Jaguapitã Ferr eira Paraíso Ser tanópolis Sta Rancho Leó polis Mariana Aleg re Cornél io Cambé P rocópi o Bandeirantes Ibiporã Pita ng ueira s Uraí Sta Amélia Rolândia JataizinhoN.Amér ica Aba tiá Sabáu dia da Colina Lon drin a Assaí S.Seb.d a Nova Rib.do Arapongas Pinha l Amo re ira Fátima Sta Ce cíliaSto Antôn io Apucarana do Pavão do Paraíso Cambira N.Sta Jandaia Bárbara Congonhinhas Bom do Sul Novo Califórnia S.Jerônimo Sucesso Itacolomi da Serra Marumbi Rio Marilâ nd ia Bom do Sul Tam arana Kaloré Mauá Sapope ma da Serra Guaraci 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 a a a a a a a a a a 400m 500m 600m 700m 800m 900m 1000m 1100m 1200m 1300m Figura 5 - Mapa de altitudes Fonte: Caralho et al, 2001 35 Temperatura Média Anual ESCALA TERMOMÉTRICA 23 22 21 20 19 18 Lup ionóp oli s Porecatu Centenário Alvo ra da do Sul do Sul Cafeara Pr imeiro Florestópolis de Maio a a a a a a 24 23 22 21 20 19 C C C C C C Mira selva Sertaneja Itamba ra cá B.V. do Pr ado Andirá Jaguapitã Ferr eira Paraíso Ser tanópolis Sta Rancho Leó polis Mariana Aleg re C ornél io Cambé Bandeirantes P rocópi o Ibiporã Pita ngueira s Uraí Sta Amélia Rolândia JataizinhoN.Amér ica Aba tiá Sabáu dia da Colina Ass aí Rib.do Lon drin a Arapongas S.Seb.d a Nova Pinha l Amo re ira Fátima Sta Ce cíliaSto Antôn io A pucarana do Pavão do P araíso Cambira N.Sta Jandaia Bárbara Congonhinhas Bom do Sul Novo Califórnia S.Jerônimo Sucesso Itacolomi da Serra Marumbi Rio Marilâ nd ia Bom do Sul Tam arana Kaloré Mauá Sapope ma da Serra Guaraci Figura 6 - Mapa de temperatura média anual Fonte: Caralho et al, 2001 Precipitação Lup ionóp oli s Porecatu C entenário C afeara Alvo ra da do Sul Pr imeiro Florestópolis de Maio E SC ALA PLU VI O MÉ TRICA 12 00 a 1 400 m m 14 00 a 1 600 m m 16 00 a 1 800 m m do Sul Mira selva Sertaneja Itamba ra cá B.V. do Pr ado A ndirá Jaguapitã Ferr eira Paraíso Ser tanópolis Sta R ancho Leó polis Mariana A leg re C orné l io C ambé P roc ópi o Bandeirantes Ibiporã Pita ngueira s Uraí Sta Amélia Rolândia JataizinhoN .Amér ica Aba tiá Sabáu dia da C olina Lon drin a A ssaí S.Seb.d a Nova Rib.do A rapongas Pinha l Amo re ira Fátima Sta Ce cíliaSto A ntôn io A puc a ra na do Pavão do P araíso C ambira N.Sta Jandaia Bárbara C ongonhinhas Bom do Sul Novo C alifórnia S.Jerônimo Sucesso Itacolomi da Serra Marumbi Rio Marilâ nd ia Bom do Sul Tam arana Kaloré Mauá Sapope ma da Serra Guaraci Figura 7 - Mapa de precipitação pluviométrica Fonte: Caralho et al, 2001 Evapotranspiração E VA PO T R A N S P IR A Ç Ã O Lup ionóp oli s Porecatu C entenário Alvo ra da do Sul do Sul C afeara Pr imeiro Florestópolis de Maio 1400 a 1500 m m 1300 a 1400 m m 1200 a 1300 m m 1100 a 1200 mm 1000 a 1100 mm Mira selva Sertaneja Itamba ra cá B.V. do Pr ado A ndirá Jaguapitã Ferr eira Paraíso Ser tanópolis Sta R ancho Leó polis Mariana A leg re C orné l io C ambé P roc ópi o Bandeirantes Ibiporã Pita ngueira s Uraí Sta Amélia Rolândia JataizinhoN .Amér ica Aba tiá Sabáu dia da C olina Lon drin a A ssaí S.Seb.d a Nova Rib.do A rapongas Pinha l Amo re ira Fátima Sta Ce cíliaSto A ntôn io A puc a ra na do Pavão do P araíso C ambira N.Sta Jandaia Bárbara C ongonhinhas Bom do Sul Novo C alifórnia S.Jerônimo Sucesso Itacolomi da Serra Marumbi Rio Marilâ nd ia Bom do Sul Tam arana Kaloré Mauá Sapope ma da Serra Guaraci G IOVAN A/2 00 1 Figura 8 - Mapa de evapotranspiração Fonte: Caralho et al, 2001 36 A caracterização regional, em especial a caracterização edafoclimática, foi fundamental para delimitar as áreas de abrangência de determinadas recomendações tecnológicas, principalmente no que diz respeito ao zoneamento agrícola. Ao observar estas informações, pode-se evitar equívocos e frustrações na orientação aos agricultores, em particular na fase de planejamento de melhoria dos sistemas produtivos. O conhecimento tácito do extensionista municipal acerca da realidade rural e o conhecimento explícito da caracterização socioeconômica, que também compõe a caracterização regional, em especial a taxa de pobreza na área rural, serviram de base para os extensionistas selecionarem as 33 comunidades rurais (grupos de agricultores familiares e assentamentos rurais), que passariam a ter prioridade de atendimento pelo Instituto Emater na metodologia prosposta. 4.2 SELEÇÃO DE COMUNIDADES A seleção de comunidades rurais de referências foi baseada principalmente no conhecimento dos extensionistas, levando em conta a concentração de agricultores familiares mais carentes. Buscou-se selecionar uma comunidade por extensionista. No município de Londrina, o trabalho foi desenvolvido junto com a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento. O Anexo C apresenta a relação de comunidades Rurais selecionadas. Parte dos assentamentos rurais já estava com a etapa de tipificação concluída antes do processo de seleção. Todavia, na maior parte das comunidades de referência, o processo de tipologia foi iniciado após a seleção ocorrida em no início de 2008. 4.3 TIPIFICAÇÃO Em 2008, após a definição das Comunidades de Referências, intensificou-se a tipificação dos sistemas de produção, por meio do levantamento em 467 estabelecimentos rurais. Este estudo permitiu o detalhamento da situação socioeconômica inicial das famílias residentes nas comunidades de referência (marco zero), tais como: composição familiar, força de trabalho, nível de instrução, 37 rendas agrícolas e não-agrícolas, uso do solo, produção agrícola, qualidade de vida, dentre outras. As informações processadas ofereceram uma base robusta de leitura da realidade, indispensável na tomada de decisões para o planejamento tático da extensão rural. A título de exemplo apresenta-se os Gráficos 1, 2, 3, 4 e 5, que retratam dados sociais dos estabelecimentos rurais tipificados Gráfico 1 - Proporção de gênero Fonte: dados deste estudo A proporção de homens (52%) foi um pouco superior às mulheres (48%), porém sem caracterizar um processo acentuado de masculinização no campo. A importância das mulheres na agricultura familiar evidenciou a necessidade de programar ações que promovam a melhoria de renda da família e que valorizem o trabalho das mulheres. Elas se envolveram na gestão da propriedade, na produção agrícola e na transformação de produtos, em especial, na produção de doces e de queijos. Além disto, observou-se atividades que geralmente foram desenvolvidas pelas mulheres e que representaram rendas não financeiras, tais como: os cuidados com a casa e com a alimentação da família; e a produção de autoconsumo. 38 Gráfico 2- Nível de escolaridade Fonte: dados deste estudo Os dados relativos ao nível de escolaridade indicaram a necessidade de se priorizar ações que possam reduzir o baixo nível de escolaridade no meio rural pesquisado, onde apenas cerca de 20% da população atingiram o ensino médio e 1% o nível superior. Atualmente, gerenciar uma propriedade agrícola se tornou uma atividade que requer uma boa base de formação escolar para compreender os princípios multidimensionais (ambiental, social, econômico e tecnológico) que afetam a responsabilidade legal e que comprometem a renda dos agricultores. A extensão rural não é responsável pelo ensino formal, mas pode contribuir com os agricultores no acesso aos serviços públicos. Aos extensionistas caberia a articulação com outras organizações municipais, estadual e federal, no intuito de incluir na pauta dos Planos de Desenvolvimento Rural, ações que poderiam dar respostas às deficiências diagnosticadas no processo metodológico de estudo da realidade. 39 Gráfico 3 - Ocupação da mão-de-obra familiar Fonte: dados deste estudo Notou-se que cerca de 50% da mão-de-obra familiar estão ocupadas com trabalho fora da unidade produtiva. Supõe-se que o baixo rendimento das atividades agrícolas, nos casos analisados, motivou a busca da complementação da renda por meio da venda de parte da mão-de-obra familiar. Desta forma, a inclusão de ações que buscam a melhoria dos sistemas de produção agropecuários, e consequentemente da renda e da ocupação de mão-de-obra familiar, seria outra prioridade da extensão rural. Gráfico 4 - Principais fontes de renda não-agrícolas Fonte: dados deste estudo 40 Dentre as fontes de rendas não-agrícolas, destacou-se a aposentadoria com 41% das ocorrências. Todavia, a venda de mão-de-obra foi outra forma constatada na pesquisa, que adicionou um importante valor monetário na renda familiar. Em ambos os casos, a extensão rural deve-se comprometer com ações organizadas visando orientar a população rural na obtenção de documentos que garantam os direitos dos trabalhadores, e também, a capacitação para qualificar a mão-de-obra. Gráfico 5- Índice de qualidade de vida rural Fonte: dados deste estudo Com relação ao Índice de Qualidade de Vida Rural, observou-se que a média geral (5,96) está próximo do nível satisfatório (6,00). Porém, os dados coletados evidenciaram que é possível e necessário desenvolver ações para acrescentar qualidade de vida no meio rural, com prioridade aos subitens lazer, destino do lixo e acesso aos serviços básicos (educação e saúde) A tipificação dos sistemas de produção agropecuários (que metodologicamente considera a categoria social dos agricultores e as atividades agropecuárias que contribuem com mais de 30% da renda bruta familiar) está retratada na Tabela 2 41 Tabela 2 - Tipificação dos sistemas de produção agropecuários da Região de Londrina Fonte: Dados deste estudo Legenda: Eq.H = equivalente-homem; RBP = renda bruta da produção; OR = outras rendas; SM = salário mínimo; PSM (1,2 e 3) = produtor simples de mercadoria (níveis 1,2 e 3); EF = empresário familiar; ER = empresário rural Com o objetivo de promover o aumento da renda agrícola, ficou evidente a importância de se buscar a melhoria de sistemas cujas atividades principais eram o leite; o café; os grãos (soja, milho, trigo e feijão); e as olerícolas. As informações advindas desse processo metodológico foram determinantes na definição de foco das atividades que passaram a receber atenção adicional na intervenção da Ater, em especial na escolhas de propriedades e de sistemas de produção agropecuários de referência. 42 4.4 DIAGNÓSTICO RURAL PARTICIPATIVO Para complementar e legitimar as informações obtidas nas etapas anteriores promoveu-se reuniões com os agricultores nas comunidades, aplicando métodos participativos. Buscou-se o comprometimento desses agricultores nas próximas etapas da estratégia metodológica, em particular nas seleções de propriedades de referências e de prioridades a serem desenvolvidas em curto prazo. Como era de se esperar, verificou-se nessa etapa metodológica a inclusão, por parte dos agricultores, de novos temas a serem tratados, caracterizados por investimentos coletivos, tais como: melhoria de estradas rurais, organização dos agricultores para produção e comercialização, inclusão digital, alfabetização de adultos, segurança, saneamento básico, estruturas de lazer, dentre outros. 4.5 SELEÇÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO E DE PROPRIEDADES DE REFERÊNCIAS A seleção dos sistemas de produção agropecuários a serem investigados e melhorados foi fundamentada pelo trabalho de tipologia, conforme resultados apresentados na Tabela 2 Para efeito de simplificação estratégica optou-se por definir os produtos agropecuários âncoras, ou seja, aqueles com maior contribuição na geração da renda bruta do estabelecimento rural. Estes produtos deram o nome aos principais grupos de sistemas que seriam analisados com maior profundidade. A Figura 9 apresenta os principais grupos Desenvolvimento Integrado - ADI. de sistemas de produção por Área de 43 Figura 9 - Grupos de sistemas de produção por ADI Fonte: Dados deste estudo A partir desta leitura, selecionou-se os 33 agricultores colaboradores, cujas propriedades rurais foram então denominadas de Unidades de Referências. Estas unidades passariam pelas etapas seguintes: diagnóstico, planejamento e acompanhamento. 4.6 DIAGNÓSTICOS Depois da seleção das Unidades de Referências, iniciou-se a etapa de diagnóstico, por meio de equipes transdisciplinares. O gerente regional da Emater foi o principal articulador de especialistas regionais, da extensão e da pesquisa, nas atividades agropecuárias prioritárias. Os especialistas visitaram as propriedades, coletaram amostras de solos estratificadas e relacionaram os pontos a serem melhorados para cada sistema. De forma geral, esta etapa foi bem atendida, porém cerca de 20% das Unidades de Referências não foram diagnosticadas por vários 44 motivos, mas principalmente pelo fato dos extensionistas estarem ocupados com outras atividades. 4.7 PLANEJAMENTO O planejamento das Unidades de Referências teve como base principal o conhecimento dos objetivos dos agricultores colaboradores. Definiu-se, a partir desta premissa, os planos estratégicos de cada unidade. Na seqüência, estabeleceram-se os planos táticos e operacionais para alcançar os resultados desejados. Esta etapa teve inicio em meado de 2008, com destaque para as doze Unidades de Referência dos sistemas leiteiros em assentamentos rurais, no município de Tamarana, cuja interação produtor, pesquisador e extensionista ocorreu de forma exemplar. Os planos de melhoria dos sistemas foram apresentados e discutidos com os agricultores coletivamente. A partir desta ocasião, o plano operacional ficou formalmente contratado com os agricultores, com recomendações técnicas bem detalhadas e com calendário de épocas críticas das ações. Nos outros sistemas produtivos, o trabalho precisou ser revisto. Notou-se a necessidade de aprofundar a capacitação dos extensionistas no planejamento de unidades de referências. Foram então criados cursos específicos para os técnicos, nas seguintes atividades: leite, olerícolas, grãos e agroecologia. 4.8 ACOMPANHAMENTO Observou-se no decorrer do processo que a falta de um critério coletivo no acompanhamento das Unidades de Referências poderia trazer resultados negativos. Assim, a etapa de acompanhamento foi definida a partir das seguintes premissas: cada Unidade de Referência deve receber visita, no mínimo, a cada 40 dias pelo técnico gestor e pelo técnico articulador; haja pelo menos uma reunião semestral em cada comunidade de referência; sejam feitas reuniões bimensais com o gerente regional, coordenadores de ADIs e técnicos articuladores/apoiadores (última sexta-feira do bimestre); 45 todos os envolvidos se reuniam semestralmente para análise das informações, avaliações e ajustes; De forma geral, os acompanhamentos ocorrem sistematicamente, com resultados satisfatórios em pelo menos metade das unidades acompanhadas. Para o acompanhamento contábil, optou-se por utilizar um software de administração rural afim de garantir padronização das informações. Além disso, foram elaborados os mapas de cada propriedade, por meio de GPS e de mapas de satélites disponíveis na Emater. 4.9 SOCIALIZAÇÃO DOS RESULTADOS As informações e os resultados obtidos foram compartilhadas com os agricultores por meio de três grandes encontros regionais, um em cada ADI, que geraram novas trocas de experiências, depoimentos de casos concretos, identificação de propostas e de compromissos de trabalho. No final de 2009 e começo de 2010, a Emater organizou quatro eventos denominados de “Caminhada na Comunidade Rural” com a participação de aproximadamente 600 agricultores, representantes de todas as comunidades envolvidas com objetivo de apresentar os casos de sucesso, realizar avaliações, compartilhar experiências e estimular os participantes no avanço do processo de melhoria da renda rural. As unidades de referências foram abertas para visitação. As apresentações eram feitas pelos agricultores que explicavam para os visitantes como os sistemas de produção funcionavam, os investimentos e as melhorias realizadas, a origem da renda familiar, as limitações existentes, dentre outras. Os extensionistas contribuíram na montagem dos materiais gráficos (álbum seriado). Ao final de cada caminhada, os participantes foram divididos em grupos por afinidade, para debater pontos de interesse da comunidade. Na seqüência, todos se reuniram para assistir as apresentações dos produtos dos grupos. Com esta dinâmica, verificou-se que foi possível a abordagem sistêmica, conectando temas sociais e ambientais concomitantemente aos avanços na tecnologia de produção. As Figuras 10, 11 e 12 a seguir retratam estes processos de socialização do conhecimento e dos resultados. 46 Figura 10 - Caminhada no Assentamento Florestan Fernandes Fonte: Dados deste estudo Figura 11 - Caminhada na Comunidade Barra da Jacutinga Fonte: Dados deste estudo 47 Figura 12 - Caminhadas nas Comunidades Akolá e Serraria Fonte: Dados deste estudo 4.10 ALCANCE DAS METAS PROGRAMADAS Com base nos resultados obtidos verificou-se que todas as etapas metodológicas previstas na metodologia integrativa foram executadas, mesmo que parcialmente. Em resumo, a Tabela 3 retrata o alcance das principais metas programadas. Tabela 3 - Alcance das metas programadas Principais Atividades Meta Programada Meta Executada (%) Tipificação 600 78 Unidades de Referências 33 100 Diagnósticos 33 81 Planejamentos 33 69 Fonte: Dados deste estudo Em que pese as inúmeras atribuições dos extensionistas rurais, que subtraem grande parte do tempo disponível e interferem na execução de novas propostas, o alcance das metas programadas foram satisfatórios atingindo, em média, 82% de execução. 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir, por meio dos resultados apresentados, que faz sentido aplicar a metodologia integrativa desenvolvida na região de Londrina-PR, pois garante a construção de uma base segura de informações e de conhecimentos para o planejamento de intervenção na realidade rural. O processo metodológico, com etapas estruturadas e complementadas por métodos participativos, atende às premissas da Pnater apresentadas no referencial teórico deste estudo. Podia se esperar que as variadas atribuições quotidianas dos extensionistas rurais, que os afastam de uma ação mais estruturada, fossem representar uma limitação fatal na execução da metodologia proposta, porém não foi isto que se concluiu por meio do alcance das metas programadas, que atingiram em média 82% de execução O objetivo principal deste estudo de descrever o processo de construção de uma metodologia integrativa de extensão rural foi alcançado. Os resultados demonstraram que as expectativas de se alcançar os objetivos específicos também foram confirmadas. Concretamente, o Instituto Emater na região de Londrina está incorporando em sua cultura o enfoque sistêmico, de forma gradual, sem descartar as virtudes do enfoque analítico. Também foram visíveis as ações multidimensionais, com a atuação em equipes transdisciplinares. O conjunto de procedimentos que estão sendo adotados já permite realizar análises de trajetória dos sistemas de produção agropecuários e da dinâmica socioeconômica das comunidades rurais assistidas, que são fundamentais para mensurar os impactos e para aprimorar o processo de intervenções da extensão rural. Este será o próximo passo, de forma objetiva, avaliar os resultados das ações em redes de comunidades de referências nos indicadores de desenvolvimento rural, em particular nas ações da extensão rural e da pesquisa. Pelo lado negativo, notou-se que o processo de adoção da metodologia não foi adequadamente socializado e entendido entre todos os extensionistas envolvidos. Esta imperfeição provocou conflitos e falhas na execução do que seria desejável. 49 Para evitar as imperfeições desta iniciativa, sugere-se a ampla socialização e entendimento da proposta entre os extensionistas envolvidos, procurando reduzir as ansiedades e as dúvidas que ocorrem naturalmente nos momentos de mudança. A adoção de uma metodologia integrativa de extensão rural, da forma descrita neste trabalho, precisa percorrer um processo de capacitação, de envolvimento e de amadurecimento do quadro de técnicos, em todos os níveis institucionais e junto aos parceiros da extensão rural. 50 REFERÊNCIAS BASTOS, Rogério Lustosa. Ciências humanas e complexidades: projetos, métodos e técnicas de pesquisa: o caos, a nova ciência. Juiz de Fora: EDUFJF; Londrina CEFIL, 1999. 128 p. BIANCHINI, V. Parceria para um novo tempo na extensão rural. In: Asbraer, Brasília, v1, n1, p 10-11, junho, 2006. CALLOU, A. B. F. Extensão rural: polissemia e resistência. 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Porto Alegre: Bookman, 2001. 204 p. 52 ANEXOS 53 ANEXO A Equipe Técnica Extensionistas/Pesquisadores Instituição Alcides Bodnar Emater Agrônomo/Extensionista Antonio Carlos Rebeschini Emater Agrônomo/Extensionista Antonio Carlos Ubrich Emater Zootecnista/Extensionista Cristina Célia Krawulski Emater Agrônoma/Extensionista Cristovon Videira Ripol Emater Agrônomo/Extensionista Dimas Soares Junior Iapar Agrônomo/Pesquisador Edson Pellegrini de Oliveira Emater Agrônomo/Extensionista Edson Vendrame Emater Agrônomo/Extensionista Elcio Félix Rampazzo Emater Agrônomo/Extensionista Fernando Luis M. Costa Emater Agrônomo/Extensionista Gervásio Vieira Emater Agrônomo/Extensionista Gilberto São João Emater Agrônomo/Extensionista Ildefonso José Haas Emater Agrônomo/Extensionista Iolder Colombo Emater Agrônomo/Extensionista Juvaldir Olímpio Emater Tec. Agropec./Extensionista Lorian Voigt Gair Emater Agrônoma/Extensionista Luis Artur B. Rosa Emater Agrônomo/Extensionista Luis Fernando Barbin Emater Agrônomo/Extensionista Luiz E. G. Sá Barreto Emater Engº Pesca/Extensionista Marcelo Campos Emater Agrônomo/Extensionista Maria I. Zambrin Henrique Emater Assist. Social/Extensionista Marli C. A. Parra Peres Emater Agrônoma/Extensionista Mauro Jair Alves Emater Tec. Agropec./Extensionista Paulo Roberto Mrtvi Emater Tec. Agropec./Extensionista Paulo Tadatoshi Hiroki Emater M. Veterinário/Extensionista Paulo Tadeu dos Santos Marcondes Emater Agrônomo/Extensionista Pedro Aureliano da Silva Nunes Emater Tec. Agropec./Extensionista Rafael Fuentes Llanillo Iapar Agrônomo/Pesquisador Reinaldo Neris dos Santos Emater Tec. Agropec./Extensionista Romeu de Souza Emater Tec. Agropec./Extensionista Romeu Gair Emater Agrônomo/Extensionista Rosangela Arimateas Emater Assist. Social/Extensionista Rubens Lopes da Silva Emater Tec. Agropec./Extensionista Sergio de Souza Lopes Emater Agrônomo/Extensionista Sérgio Luiz Carneiro Emater Agrônomo/Extensionista Fonte: dados deste estudo Formação/Atuação profissional 54 ANEXO B Questionário de Tipologia 55 56 57 58 5.9. Quais os meios de transporte de que a família dispõe ? Mais de um veículo (Passeio/Transp. de mercadorias) Bicicleta Um veículo (Passeio ou Transp. de mercadorias) Carroça / Cavalo Motos e assemelhados Sem meio de locomoção próprio 5.10. Quais os equipamentos a família dispõe ? Fogão à gás Aparelho de som Fogão à lenha Computador Geladeira Televisão Freezer Telefone fixo Batedeira Telefone celular Liquidificador Outros Rádio Outros 5.11. Atividades de lazer Quais os dias semanais de descanso da família ? Quais as três principais atividades destes dias ? Qual a periodicidade de descanso prolongado da família ? Uma vez por ano - 30 dias de descanso Uma vez a cada 3 anos Uma vez por ano - pelo menos 7 dias de descanso Esporadicamente, períodos curtos para passeio Uma vez a cada 2 anos Não tira férias Qual foi o último ano em que a família tirou férias ? Número médio de dias / férias Quais as três principais atividades do período de férias ? 5.12. Integração Social O produtor participa / Exerce alguma função Sim Não freqüenta Qual (is) ? Sim Não Qual ? Igreja Cooperativa Sindicato Associação de Produtores Associação Comunitária Conselhos Municipais Outras entidades 6. SUCESSÃO FAMILIAR Qual é a expectativa para o futuro de seus filhos ? (somente aquele(s) que ainda está(ão) na propriedade) Continuar trabalhando na propriedade em atividades agrícolas Deixar a propriedade e continuar no campo Continuar morando na prop. e trabalhar fora dela em ativ. agrícolas Deixar a propriedade e ir para a cidade Continuar moran. na prop. e trabalhar fora dela em ativ. não agríc. Filhos já estão desligados das atividades da propriedade Outras (descreva) 59 ANEXO C Relação de Comunidades Rurais Selecionadas 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 MUNICÍPIOS COMUNIDADES Alvorada Assentamento Iraci Salete Bela Vista Córrego Minas Cafeara Assentamento. Novo Horizonte Cambe Mimoso Cambe Saltinho Centenário Banco da Terra Sto Expedito Centenário do Sul Banco da Terra Sol Nascente Florestopolis Banco da Terra Mazar Florestopolis Florestan Fernandes Ibipora Barra do Jacutinga Londrina Assentamento Pó de Serra Londrina Assentamento Akolá Londrina Água dos Caetanos Londrina São Luiz Londrina Bairro Franco Londrina Assentamento.Parí-Paró Londrina 80 Alqueires Londrina Guairacá Londrina Fazenda Aliança Londrina Laranja Azeda Miraselva Água Do Pernambuco Pitangueiras Água Laranjeiras Primeiro Maio Assent. Barra Bonita Rolandia Bartira Rolandia Bandeirantes Sertanopolis Água do Tigre Tamarana Banco da Terra Renascer I Tamarana Água da Prata Tamarana União Camponesa Tamarana Assent.Cruz De Malta Tamarana Serraria Tamarana Tesouro Fonte: dados deste estudo SISTEMAS Café/Grãos Café/Grãos Leite Café/Grãos Café Café/Grãos Grãos/Café/Leite Café/Leite/Seda Leite Grãos/ Banana Olericultura Olericultura Café/Grãos Café Grãos/Olericult. Grãos/Olericult. Grãos Grãos/Leite/ Vasoura Café Café Frango/Café/Seda Café Café/Grãos/Horta Café Leite Grãos/Café Olericultura Leite Leite Leite Olerícolas Olerícolas