UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO “INFECÇÃO POR Helicobacter pylori EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS: TIPOS DE LESÕES GÁSTRICAS, FATORES GENÉTICOS DO HOSPEDEIRO E FATORES DE VIRULÊNCIA DA BACTÉRIA”. FERNANDA MACHADO FONSECA Uberaba, MG 2013 FERNANDA MACHADO FONSECA “INFECÇÃO POR Helicobacter pylori EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS: TIPOS DE LESÕES GÁSTRICAS, FATORES GENÉTICOS DO HOSPEDEIRO E FATORES DE VIRULÊNCIA DA BACTÉRIA”. Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Área de concentração: Patologia Humana, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro como requisito parcial para obtenção do título de Doutor. Orientadora: Profa. Dra. Adriana Gonçalves de Oliveira Uberaba, MG 2013 ii iii Dedico este trabalho... ... Aos meus pais Darlene e Hernane, que são a minha vida e minha fortaleza. Agradeço pela confiança, amizade, apoio incondicional, estímulo, incentivo e por compreenderem a minha ausência. Com todo o meu carinho; ... Aos meus irmãos Luiz Henrique e Marcela, pela amizade, companheirismo e que apesar da distância estão sempre ao meu lado; ... Ao Kennio por me incentivar sempre, pelo companheirismo, compreensão e paciência durante os momentos difíceis durante a realização deste trabalho; ... Aos meus avós Joaquim, Benedita, Lúcia (in memorian) e Joanes pelo carinho, estímulo, força e confiança. iv v Agradeço a Deus, por ter me dado saúde e força para concluir mais esta etapa em minha vida e que durante os momentos de desânimo me guiou fazendo com que eu continuasse a persistir nos meus objetivos. À Profª Draª Adriana Gonçalves de Oliveira pela orientação, disponibilidade, respeito, amizade, persistência, convivência e ensinamentos. Agradeço a confiança e a forma com a qual me recebeu em seu laboratório. À Drª. Renata Margarida Etchebehere, Dr. Eduardo Crema, Drª Iracema Saldanha Junqueira, Dr. Daurin Narciso da Fonseca e Dr. Artur Assunção Araújo, pela imensa colaboração neste estudo, realizando os exames histopatológicos dos fragmentos de mucosa gástrica e da endoscopia digestiva alta nos pacientes incluídos. Agradeço ainda pela convivência e aprendizado no dia-a-dia. Ao Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva, por fornecer informações clínicas dos pacientes com a forma cardíaca da doença de Chagas. Aos pacientes que gentilmente aceitaram participar deste trabalho e sem os quais, a realização do mesmo não seria possível. À Sônia Caiado pela amizade verdadeira, carinho incondicional, conselhos, conversas, risadas e palavras de sabedoria. À Aline Libério Braga Rodrigues e Jacqueline Batista Souza por terem acompanhado de perto e participado diretamente em vários momentos, sempre vi contribuindo de forma positiva, com incentivo, boa vontade e amizade. À Renata Beatriz Silva (“Renatinha”) por ser uma pessoa iluminada, transmitir tranquilidade e por sempre me acalmar e incentivar com suas palavras de carinho. Aos colegas de laboratório pela convivência diária e exemplo de trabalho em equipe, em especial à Larissa Beatriz Silva, Beatriz Virgínia da Silva e Patrícia Borges Peixoto. À Leila Nunes (in memorian), Miguela Freitas, Celso Tadeu, Luciene Bessa e Sueli Abrão pelo carinho, amizade construída ao longo destes anos e por tornarem mais descontraídos os momentos dentro do laboratório. Ao pessoal do Laboratório de Pesquisa em Bacteriologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em especial à Drª Dulciene Maria de Magalhães Queiroz por aceitar e permitir que visitasse o seu laboratório para aprimorar os conhecimentos em Microbiologia e ainda pela participação ativa em conjunto com a Drª Andreia Maria Camargos Rocha durante as confecções de artigos para publicação. Às enfermeiras e funcionários do Serviço de Endoscopia do Ambulatório Maria da Glória pela contribuição durante as coletas e em especial à Cristina, Stephania, Vera e Mariângela pela amizade. vii Apoio Financeiro O presente trabalho foi desenvolvido com os recursos financeiros do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPQ) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). viii ix 1 Resumo 2 A maioria dos estudos que avaliaram o estômago de pacientes com doença de Chagas foi realizado 3 antes da descoberta do Helicobacter pylori. Desta forma, a gastrite crônica observada em pacientes 4 chagásicos, principalmente com a forma digestiva, era atribuída ao refluxo duodeno gástrico, 5 hipocloridria e a hipomotilidade resultantes da infecção pelo T. cruzi. Os objetivos deste estudo 6 foram avaliar e comparar as alterações gástricas histológicas e endoscópicas de pacientes 7 chagásicos e não-chagásicos, investigar a presença de polimorfismos nos genes que codificam a IL- 8 1β e IL-1RN e analisar se há diferença entre as amostras de H. pylori de pacientes chagásicos e não- 9 chagásicos em relação aos fatores de virulência da bactéria. Foram obtidos por biópsia fragmentos 10 de mucosa gástrica de pacientes chagásicos e não-chagásicos para análise histopatológica e extração 11 de DNA para análise dos polimorfismos e pesquisa dos fatores de virulência. Uma amostra de 12 sangue foi obtida para realização da sorologia para T. cruzi e H. pylori. A infecção pelo H. pylori 13 foi detectada pela histologia, PCR, sorologia e teste respiratório. Sessenta e quatro (34,8%) 14 pacientes chagásicos e 120 (65,2%) não-chagásicos foram incluídos no estudo. A prevalência de 15 gastrite foi similar entre chagásicos (92,2%) e não-chagásicos (85%) assim como a presença de 16 úlcera gástrica (9,4% versus 8,3%), atrofia (10,9% versus 10,8% no antro; 12,5% versus 5% no 17 corpo), metaplasia intestinal (10,9% versus 5% no antro; 6,2% versus 2,5% no corpo) e esofagite 18 (17,2% versus 8,3%). A gastrite crônica foi associada à infecção pelo H. pylori (P<0,001) 19 independentemente da doença de Chagas e outras co-variáveis de acordo com a análise 20 multivariada. A prevalência de polimorfismos nos genes da IL-1β e IL-1RN foi similar em pacientes 21 chagásicos e não-chagásicos assim como os fatores de virulência estudados. No entanto, pacientes 22 chagásicos estavam mais frequentemente infectados (50%) por amostras de H. pylori cagA- 23 positivas com maior número de repetições EPIYA-C do que os não-chagásicos (25%) (P=0.01). Os 24 resultados do presente estudo demonstraram que a co-infecção pelo H. pylori e o T. cruzi é 25 frequente e que a gastrite crônica está associada a infecção pelo H. pylori mesmo nos pacientes com 26 doença de Chagas. Não foi encontrada associação entre os fatores de virulência estudados e as 1 amostras que infectam pacientes chagásicos e não-chagásicos. Adicionalmente, nenhum dos 2 polimorfismos nos genes das citocinas pesquisadas parece predispor a co-infecção H. pylori/T. 3 cruzi. 4 5 Palavras-chave: H. pylori, co-infecção, doença de Chagas. xi xii 1 Abstract 2 Most studies that have evaluated the stomach of patients with Chagas disease were 3 performed before the discovery of Helicobacter pylori. Thus, the chronic gastritis 4 commonly seen in chagasic patients, most often in those with the digestive form, had 5 been formerly attributed to biliary duodenal-gastric reflux as well as to hypomotility 6 and hypochlorhydria, resulting in injury to the enteric nervous system caused by T. cruzi 7 infection. The aim of this study was to compare the gastric histological and endoscopic 8 features of chagasic and non-chagasic patients, evaluate the presence of polymorphisms 9 in the genes encoding the IL-1β and IL-1RN, analyze whether there are differences in 10 samples of H. pylori from chagasic and non-chagasic patients and also in relation to 11 virulence factors of the bacterium. Gastric biopsy samples were taken prospectively 12 from patients who underwent endoscopy for histological analysis and DNA extraction to 13 polymorphism analysis and research of virulence factors. H. pylori infection was 14 assessed by histology, PCR for the 16S rRNA gene, serology and the 15 test. Patients were considered H. pylori-negative when all diagnostic tests were 16 negative. A blood sample was obtained from each patient for the serological diagnosis 17 of Chagas disease and for the detection of anti-H. pylori IgG. Sixty-four (34.8%) 18 chagasic patients (with digestive, cardiac, cardiodigestive or indeterminate form) and 19 120 (65.2%) non-chagasic patients were evaluated. The prevalence of chronic gastritis 20 was similar among chagasic (92.2%) and non-chagasic (85.0%) patients as were gastric 21 ulcer (9.4% versus 8.3%), atrophy (10.9% versus 10.8% in antrum; 12.5% versus 5% in 22 corpus), intestinal metaplasia (10.9% versus 5% in antrum; 6.2% versus 2.5% in corpus) 23 and esophagitis (17.2% versus 8.3%). Chronic gastritis and active gastritis were 24 associated to H. pylori infection (P<0.001) independently of Chagas disease and the 25 other co-variables that were evaluated. The prevalence of IL-1β and IL-1RN 13 C-urea breath xiii 1 polymorphisms were similar in chagasic and non-chagasic group as well as the 2 virulence factors evaluated. However, the patients with Chagas disease were more 3 frequently infected (50%) with H. pylori cagA-positive samples with an increased 4 number of EPIYA-C motifs than non-chagasic patients (25%) (P=0,01). This study 5 demonstrated that co-infection H. pylori/T. cruzi is common and the chronic gastritis is 6 associated to H. pylori infection even in patients with Chagas disease. No association 7 was found in relation the virulence factors and the H. pylori samples obtained from 8 chagasic and non-chagasic patients. Additionally, none of the polymorphisms in 9 cytokine genes studied seems to predispose the co-infection H. pylori/T. cruzi. 10 11 Key-words: H. pylori, co-infection, Chagas disease. xiv SUMÁRIO Dedicatória ................................................................................................................... iii Agradecimentos ............................................................................................................ v Resumo .................................................................................................. ix Abstract ................................................................................................ xii Lista de siglas e abreviaturas ........................................................................................ 17 Lista de Tabelas ............................................................................................................ 19 Lista de Figuras ............................................................................................................ 21 1. Introdução ................................................................................................................ 22 2. Justificativa ............................................................................................................... 31 3. Objetivo .................................................................................................................... 33 3.1 Objetivos específicos ................................................................................... 34 4. Metodologia .............................................................................................................. 35 4.1 Pacientes e amostras biológicas .................................................................. 36 4.2 Sorologia para H. pylori e T. cruzi ............................................................. 37 4.3 Colheita de fragmentos da mucosa gástrica …........................................... 37 4.3.1 Estudo histopatológico ............................................................................ 38 4.4 Diagnóstico de úlcera e esofagite ............................................................... 39 4.5 Teste respiratório com uréia marcada com 13C .......................................... 39 4.6 Extração de DNA ...................................................................................... 39 4.6.1 Amplificação do gene 16S rRNA ............................................................ 40 4.7 Pesquisa dos fatores de virulência cagA, vacA, babA2 e iceA .................. 40 4.7.1 Amplificação dos genes vacA, babA2 and iceA .................................... 41 4.7.2 Amplificação do gene cagA gene e da região 3´ variável do gene cagA.. 41 4.8- Pesquisa dos polimorfismos nos genes que codificam a IL-1β e IL-1RN. 44 4.8.1 Detecção dos polimorfismos ................................................................... 44 4.9 Critérios de positividade e negatividade para o H.pylori ........................... 46 4.10 Análise Estatística .................................................................................... 46 5. Resultados ................................................................................................................ 47 5.1 Análise histopatológica e endoscópica gástrica ......................................... 48 15 5.2 Polimorfismos da IL-1β, IL-1RN e pesquisa dos fatores de virulência...... 55 5.2.1 Pesquisa dos polimorfismos ..................................................................... 56 5.2.2 Fatores de virulência cagA, vacA, babA2 e iceA.................................... 62 6. Discussão .................................................................................................................. 73 7. Conclusões ............................................................................................................... 86 Referências ................................................................................................................... 88 16 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Ala: Alanina BabA: blood group antigen-binding adhesin CagA: citotoxin antigen associated 13 C: carbono 13 ºC: graus Celsius CEP: Comitê de Ética em Pesquisa DNA: ácido desoxirribonucleico DP: Desvio Padrão ELISA: Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay EPIYA: Glutamina-Prolina-Isoleucina-Tirosina-Alanina (Glu-Pro-Ile-Tir-Ala) et al: E colaboradores Glu: Ácido Glutâmico H. pylori: Helicobacter pylori Hp: Helicobacter pylori IBP: Inibidor de bomba de prótons iceA: induced by contact with epithelium IgG: Imunoglobulina G IL: Interleucina Ile: Isoleucina kDa: Quilodalton LPB: Laboratório de Pesquisa em Bacteriologia LPS: Lipopolissacarídeos MALT: Mucosa-associated lymphoid tissue MG: Minas Gerais 17 MgCl2: mM: milimolar µL: Microlitro mg: Miligrama mL: Mililitro ng: nanograma NCTC: National Collection of Type Cultures pb: Pares de bases PCR: Reação em cadeia da polimerase pH: Potencial de hidrogênio iônico PMN: células polimorfonucleares pmol: Picomol Pro: Prolina SNP: Polimorfismo de um único nucleotídeo SPC: Serviço de Patologia clínica SPSS: Statistical Package for the Social Sciences T. cruzi: Trypanosoma cruzi Th: células T helper TNF: Fator de necrose tumoral Tyr: Tirosina U: unidades UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais UFTM: Universidade Federal do Triângulo Mineiro Vac A: vacuolating citotoxin gene WS: Wartin Starry 18 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Primers e condições de amplificação da PCR .................................... 43 Tabela 2. Condições de amplificação de PCR para IL-1β e IL-1RN .................. 45 Tabela 3. Características da população de chagásicos e não-chagásicos ........... 48 Tabela 4. Características clínicas, gástricas histológicas e endoscópicas de pacientes chagásicos e não-chagásicos ............................................... 50 Tabela 5. Variáveis associadas à gastrite crônica e gastrite crônica ativa na análise multivariada ............................................................................ Tabela 6. Classificação da infiltração de células mononucleares 51 e polimorfonucleares nas regiões do antro e corpo gástrico de pacientes chagásicos e não-chagásicos de acordo com o status da infecção por H. pylori ......................................................................... Tabela 7. 53 Características clínicas, histológicas gástricas e endoscópicas de pacientes chagásicos com a forma digestiva e outras formas clínicas. 55 Tabela 8. Distribuição dos polimorfismos da IL-1β-31, IL-1β-511 e IL-1RN em pacientes chagásicos e não-chagásicos ......................................... Tabela 9. 56 Distribuição dos genótipos dos polimorfismos da IL-1β-31, IL-1β511 e IL-1RN em pacientes chagásicos de acordo com a forma clínica da doença ................................................................................ Tabela 10. 57 Distribuição dos genótipos da IL1L1e IL-1RN em pacientes co-infectados por H. pylori/T.cruzi e em pacientes controles H. pylori-positivos .............................................................. Tabela 11. 58 Distribuição dos genótipos da IL-1β em pacientes chagásicos e nãochagásicos com gastrite .................................................................... 59 19 Tabela 12. Distribuição dos genótipos da IL-1β-31 e IL-1β-511 em pacientes chagásicos e não-chagásicos com atrofia .......................................... Tabela 13. Distribuição dos genótipos da IL-1β em pacientes chagásicos e nãochagásicos com metaplasia ................................................................ Tabela 14. 62 Frequência dos genótipos vacA, cagA, iceA e babA2 em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos ............................... Tabela 16. 61 Frequência dos alelos polimórficos da IL-1β em pacientes chagásicos e não-chagásicos com atrofia e metaplasia intestinal ...... Tabela 15. 60 63 Frequência dos genótipos cagA, iceA e babA2 em pacientes chagásicos H. pylori-positivos de acordo com a forma clínica da doença de Chagas ............................................................................. Tabela 17. 66 Prevalência dos genótipos cagA, vacA, iceA e babA2 em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos de acordo com diferentes manifestações gástricas .................................................... Tabela 18. 68 Distribuição dos genótipos EPIYA de amostras cagA-positivas de pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos ................ 69 Tabela 19. Número de sítios EPIYA-C na proteína CagA em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos .................................... Tabela 20. 71 Distribuição do número de sítios de EPIYA-C em pacientes H. pylori-positivos de acordo com diferentes manifestações gástricas ... 72 20 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Distribuição da frequência dos alelos do gene vacA em pacientes 65 chagásicos H. pylori-positivos de acordo com as formas clínicas da doença de Chagas. Figura 2. Eletroforese de amostras representativas dos diferentes sítios EPIYA 70 da proteína CagA observados em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos. 21 22 1 1. INTRODUÇÃO 2 3 A bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) foi isolada pela primeira, em 1982, a 4 partir de fragmentos de mucosa gástrica de pacientes com gastrite (MARSHALL E 5 WARREN, 1984). Estudos subsequentes confirmaram a hipótese inicial de que a 6 bactéria estaria associada à gastrite crônica e à úlcera péptica (MEGRAUD E 7 LAMOULIATTE, 1992; BLASER, 1995). Posteriormente, a infecção pelo H. pylori 8 também foi associada ao linfoma gástrico do tipo MALT e, em 1994, o microrganismo 9 foi considerado pela Organização Mundial de Saúde como um fator essencial na 10 patogênese do carcinoma gástrico (WHO, 1994). 11 Não obstante muitos aspectos da epidemiologia da infecção pelo H. pylori ainda 12 não tenham sido esclarecidos, há evidências de que a aquisição ocorre geralmente na 13 infância, na idade pré-escolar, geralmente pela via oral-oral ou fecal-oral, persistindo 14 por toda a vida do indivíduo (LEE, 1994; CAVE, 1996; ROCHA et al., 2003). Sabe-se, 15 atualmente, que cerca de metade da população mundial apresenta a bactéria no 16 estômago. Nos países em desenvolvimento, estudos mostram que aproximadamente 17 80% a 90% da população encontram-se infectada pelo H. pylori (BLASER, 1993; 18 BLASER E PARSONNET, 1994). 19 A infecção pelo H. pylori está sempre associada à presença de gastrite sendo 20 observadas alterações tais como aumento das células de defesa no local, diminuição e 21 perda das microvilosidades, edema intracelular, diminuição do muco e achatamento das 22 células da mucosa gástrica. Por outro lado, as doenças graves associadas à infecção tais 23 como úlcera péptica e a gastrite atrófica, que pode evoluir para o câncer gástrico, 24 ocorrem apenas em cerca de 10-20% dos indivíduos H. pylori positivos. Uma série de 25 estudos tem demonstrado que a gênese destas doenças é multifatorial dependendo das 26 características de virulência da bactéria e da resposta imune do hospedeiro (ISRAEL E 23 1 PEEK, 2001). 2 A capacidade de persistência e adaptação do H. pylori ao ambiente gástrico se 3 deve a alguns fatores de virulência comuns a todas as amostras. Dentre esses fatores 4 está a enzima urease capaz de converter a uréia presente em condições fisiológicas no 5 suco gástrico em amônia, promovendo a alcalinização do ambiente gástrico e 6 protegendo a bactéria dos efeitos deletérios da acidez estomacal (WEEKES et al., 7 2001). Além disso, para atravessar a camada de muco e estabelecer o contato íntimo 8 com o epitélio, o microrganismo conta com a morfologia em forma de espiral, flagelos 9 e a produção de lipases e proteases que degradam a camada de muco e facilitam sua 10 progressão (JENKS E KUSTERS, 2000). Outras enzimas sintetizadas pela bactéria tais 11 como superóxido dismutase, catalase e arginase conferem proteção contra a atividade 12 lítica de macrófagos e neutrófilos, impedindo uma resposta eficaz do hospedeiro 13 (HAZELL et al., 1991). 14 Alguns fatores de virulência são identificados somente em algumas amostras e 15 parecem estar relacionados ao surgimento das doenças mais graves associadas à 16 infecção. Dentre esses fatores, devem ser ressaltadas a citotoxina vacuolizante (VacA) e 17 a ilha de patogenicidade cag, onde estão localizados vários genes de virulência, entre 18 eles o cagA. As amostras de H. pylori que expressam a proteína CagA (codificada pelo 19 gene cagA) e a citotoxina vacuolizante são denominadas tipo I e aquelas que não 20 expressam estas proteínas são agrupadas no tipo II (XIANG et al., 1995). Amostras do 21 tipo I induzem maior dano à mucosa gástrica e são mais frequentemente isoladas de 22 pacientes com úlcera péptica e carcinoma gástrico (YAMAOKA et al., 1996; 23 CRABTREE, 1996; COVACCI et al., 1997; QUEIROZ et al., 1998, QUEIROZ et al., 24 2000). Recentemente foram descritos sítios de fosforilação na proteína CagA 25 denominados EPIYA. Devido à frequente recombinação homóloga na região 3 'do gene 24 1 cag, a região de repetição da EPIYA-CagA é altamente divergente entre as espécies de 2 H. pylori CagA positivas e é composta de várias combinações de quatro segmentos 3 discretos denominados EPIYA-A,-B,-C e-D. Número aumentado do sítio EPIYA C tem 4 sido associado com fenômenos celulares que predispõe à oncogênese gástrica (NAITO 5 et al., 2006). 6 Atualmente, pouco se sabe ainda sobre o gene iceA, induzido pelo contato com 7 as células epiteliais gástricas, e sua relação com o desenvolvimento da doença gástrica. 8 Foi relatado que o alelo iceA1 está relacionada com o desenvolvimento da úlcera 9 péptica em populações dos Estados Unidos (PEEK et al., 1998), da Holanda (VAN 10 DOORN et al., 1998) e gastrite erosiva no Brasil (RAMIS et al., 2010), enquanto que 11 o alelo iceA2 tem sido associado com a presença de gastrite enematosa (RAMIS et al., 12 2010) úlcera e câncer gástrico (ASHOUR et al., 2001) na população brasileira. 13 Outro marcador de virulência da bactéria é o gene babA2 que codifica a 14 proteína BabA. Esta proteína é uma molécula de adesão de 75 kDa que medeia a 15 ligação do H. pylori com os antígenos sanguíneos do grupo b de Lewis com células do 16 epitélio gástrico humano. Três alelos bab foram identificados, no entanto, apenas o 17 produto do gene babA2 é necessário para a atividade de ligação aos antígenos de Lewis 18 b (PEEK et al., 1998). A influência da babA2 sobre a colonização bacteriana e sobre a 19 resposta inflamatória é ainda mal compreendido. 20 Os fatores ligados ao hospedeiro podem determinar a resposta imune e 21 inflamatória à infecção que por sua vez pode contribuir para definir o desfecho em 22 doença ou não. Dentre os fatores genéticos, os polimorfismos em regiões promotoras 23 de genes que codificam interleucinas (IL) afetando a transcrição gênica e assim 24 variação na produção das mesmas, são candidatos atraentes como fatores de risco 25 relacionados ao hospedeiro, pois podem influenciar a resposta imune. Os 25 1 polimorfismos até então descritos, na sua maioria, são de um único nucleotídeo (SNP) 2 ou são microssatélites. Eventualmente, pode ocorrer adição ou deleção de nucleotídeos. 3 Recentemente, genótipos do gene IL-1β (-31T/C, -511C/T) e IL-1RN (alelo2), que 4 supostamente aumentam a produção de IL-1β, têm sido associados a um risco 5 aumentado para desenvolvimento de hipocloridria, lesões graves da mucosa gástrica e 6 carcinoma gástrico (EL-OMAR et al., 2000; MACHADO et al., 2001; ROCHA et al., 7 2005). A IL-1β é uma citocina pró-inflamatória com funções múltiplas. No estômago, 8 além de induzir inflamação, atua diretamente na célula parietal inibindo a secreção 9 ácida e, também, tem ação inibitória na secreção de pepsinogênio (BEALES E 10 CALAM, 1998). Na vigência de infecção pelo H. pylori há aumento dos níveis de IL- 11 1β na mucosa gástrica. 12 Assim, indivíduos H. pylori-positivos carreadores dos alelos associados com 13 maior produção de IL-1β teriam uma ampliação das lesões da mucosa, não apenas em 14 decorrência de aumento da inflamação, como também, pela ação anti-secretora da IL- 15 1β. A alcalinização do corpo gástrico criaria condição favorável para a colonização do 16 H. pylori nessa região que habitualmente é menos colonizada em decorrência da acidez 17 que controla negativamente a densidade bacteriana. O grau de inflamação do corpo 18 gástrico tenderia, assim, a aumentar levando a atrofia, com destruição das células 19 parietais, perpetuando a situação e aumentando o risco de carcinogênese. 20 Apesar de alguns estudos terem evidenciado uma alta prevalência de H. pylori 21 em pacientes com doença de Chagas crônica (BARBOSA et al., 1993; OLIVEIRA et 22 al., 1997; NASCIMENTO et al., 2002, FONSECA et al., 2012), os fatores que 23 predispõem os chagásicos a desenvolverem a infecção por essa bactéria ainda não são 24 conhecidos e nem as alterações da resposta imune que possam ocorrer na vigência de 25 co-infecção por esses importantes patógenos. 26 1 A doença de Chagas é uma enfermidade crônica que afeta cerca de 9 a 11 2 milhões de pessoas em toda a América Latina, cujo agente etiológico é o Trypanosoma 3 cruzi (T. cruzi), transmitido principalmente pela via vetorial (SCHOFIELD et al., 2006). 4 No Brasil, cerca de 3 a 5 milhões de pessoas se encontram infectadas e por este motivo, 5 a doença ainda é considerada um grave problema de saúde pública (PRATA, 2001). A 6 evolução clínica da doença é altamente variável. Após a contaminação, o indivíduo 7 desenvolve a fase aguda da doença com duração média entre 3 a 8 semanas, que se 8 caracteriza pelo alto parasitismo. Nos indivíduos não tratados, instala-se a fase crônica, 9 de longa duração, caracterizada por baixa parasitemia e pela presença de reposta imune 10 anti-T. cruzi com grande diversidade de manifestações clínicas (PRATA, 1999; PRATA, 11 2001). Nessa fase crônica da doença, distinguem-se diferentes formas anatomoclínicas, 12 dentre elas, a forma indeterminada, cardíaca, digestiva e mista. 13 Atualmente, acredita-se que a resposta imune dirigida contra o T. cruzi ou 14 contra componentes do próprio hospedeiro possa desempenhar um papel importante na 15 patogênese das formas crônicas da doença de Chagas. A fase crônica geralmente se 16 instala pela forma indeterminada, cuja duração é indefinida, podendo persistir por toda 17 a vida em 40 a 50% dos casos. O indivíduo nesse caso é assintomático e apresenta 18 sorologia e exames parasitológicos para T. cruzi positivos, sendo normais o exame 19 clínico, eletrocardiográfico e os exames radiológicos do coração, esôfago e cólon. No 20 entanto, esses indivíduos podem apresentar um grau de denervação autonômica maior 21 que os indivíduos do mesmo grupo etário não chagásico. É a forma clínica mais 22 frequente da doença de Chagas detectada na população das áreas endêmicas e entre 23 doadores de sangue infectados (MACEDO, 1997; FERREIRA et al., 2002). 24 As formas crônicas determinadas geralmente evoluem insidiosamente. No 25 Brasil estima-se que a cardiopatia crônica incida em cerca de 25 a 30% dos infectados 27 1 crônicos e a forma digestiva entre 5 a 10% (FERREIRA et al., 2002). A forma crônica 2 cardíaca é a mais importante da doença de Chagas em seres humanos, justamente pela 3 sua alta morbimortalidade. Nas formas mais graves e progressivas da cardiopatia 4 crônica chagásica, ocorre a morte prematura do paciente (PRATA, 2001). A forma 5 digestiva é representada por alterações da secreção gástrica, motilidade, absorção e, nos 6 casos mais graves, pelo megaesôfago e o megacólon. Em geral, nesses pacientes 7 observa-se uma hipossecreção clóridro-péptica, paralelamente a um estado de gastrite 8 crônica (REZENDE, 1997; FERREIRA et al., 2002). 9 Em relação às alterações fisiológicas gástricas que ocorrem na doença de Chagas 10 crônica, alguns autores têm demonstrado que pacientes com a forma digestiva da 11 doença apresentam diminuição da acidez gástrica associada a altos níveis séricos de 12 gastrina (TRONCON et al., 1984). Com relação aos níveis séricos de pepsinogênio, 13 após a estimulação, estes foram maiores no grupo chagásico do que no controle, o que 14 demonstra que apesar da denervação que ocorre na doença de Chagas crônica, a 15 resposta das células parietais após a estimulação não está comprometida (ROCHA et al., 16 2009). 17 Alguns autores têm demonstrado uma alta prevalência de infecção pelo H. 18 pylori em pacientes chagásicos com a forma digestiva (BARBOSA et al., 1993; 19 TRONCON et al., 1996) e indeterminada (OLIVEIRA et al., 1997) pela análise 20 histopatológica de fragmentos obtidos do estômago. No entanto, nesses estudos não foi 21 analisada a prevalência da infecção pelo H. pylori em grupos controles, com outras 22 formas clínicas da doença de Chagas e nem mesmo na população não-chagásica. 23 No estudo realizado por OLIVEIRA et al. (1997) foi encontrado, 24 surpreendentemente, um grande número de pacientes chagásicos com úlcera (33%), 25 sendo 4 com úlcera gástrica e 3 com úlcera duodenal e gástrica. Desses 7 pacientes, 5 28 1 não tinham nenhum sintoma dispéptico ou dor. Esses autores estudaram 21 pacientes 2 com doença de Chagas indeterminada, sendo que em 20 foi detectada a presença de H. 3 pylori e de gastrite crônica (95,2%). 4 Recentemente, dois estudos demonstraram uma maior soroprevalência da 5 infecção pelo H. pylori em chagásicos com diferentes formas clínicas da doença, 6 quando comparada com indivíduos não chagásicos. Todavia, não foi observada 7 associação entre infecção pelo H. pylori e as diferentes formas clínicas da doença de 8 Chagas (NASCIMENTO et al., 2002, FONSECA et al., 2012). 9 Os efeitos que uma co-infecção H. pylori/T. cruzi pode provocar na resposta 10 imune e consequentemente nas complicações que podem surgir decorrentes da infecção 11 crônica concomitante por esses dois importantes patógenos, nunca foram estudados e 12 são totalmente desconhecidos. Alguns estudos têm demonstrado que as infecções por 13 outros agentes infecciosos que ocorrem paralelamente à infecção por H. pylori podem 14 modular a resposta imune produzida frente à bactéria e dessa forma, determinar o 15 aparecimento de lesões maior ou de menor gravidade, dependendo do balanço entre as 16 respostas Th1 e Th2 (HOLCOMBE, 1992; FOX et al., 2000; WHARY et al, 2005). 17 DU et al. (2006) demonstraram que a co-infecção por Shistossoma japonicum e 18 H. pylori, na população chinesa, estava associada com uma significante redução dos 19 títulos séricos de IgG anti-H. pylori e com uma probabilidade menor de 20 desenvolvimento da atrofia da região do corpo gástrico. Além disso, esses autores 21 encontraram uma soropositividade para CagA menor nos indivíduos co-infectados 22 quando comparado com aqueles mono-infectados pelo H. pylori. Segundo eles, esses 23 resultados se devem a uma resposta Th2 polarizada que é observada na vigência de 24 uma infecção por helmintos. 25 Alguns autores têm sugerido que a menor taxa de câncer gástrico na África 29 1 apesar da alta prevalência de H. pylori, se deve pelo menos em parte, a essa indução de 2 resposta imune Th2 provocada pela infecção concomitante com helmintos que é 3 altamente frequente nesse continente (HOLCOMBE, 1992; FOX et al., 2000). 4 MITCHELL et al. (2002), por sua vez, observaram que a resposta imune ao H. pylori 5 do tipo Th2 é mais comum na África, enquanto que a resposta Th1 é mais comum na 6 Europa e na Austrália. 7 Pelo exposto, podemos especular que o estudo de doenças que ocorrem 8 concomitante à infecção pelo H. pylori pode ajudar a esclarecer o porquê do 9 desenvolvimento das diferentes manifestações relacionadas à presença desse 10 microrganismo no estômago. O mesmo ocorre no caso da infecção pelo T. cruzi, visto 11 que ainda não se conhecem quais os fatores associados ao aparecimento das diferentes 12 formas clínicas da doença de Chagas. Fatores que alterem a resposta imune a essas 13 infecções ou ainda fatores genéticos do hospedeiro, como os polimorfismos nos genes 14 que codificam as interleucinas envolvidas na resposta inflamatória, podem influenciar 15 no desfecho desfavorável do parasitismo desses patógenos. 30 31 1 2. JUSTIFICATIVA 2 Tanto a infecção pelo H. pylori quanto pelo T. cruzi, altamente prevalentes em 3 determinadas regiões do nosso país, levam a doenças crônicas que podem se complicar 4 ou não. Ambas, geralmente, são adquiridas na infância e podem persistir por toda a 5 vida do indivíduo. Apesar dos vários estudos relacionados aos fatores do hospedeiro e 6 do microrganismo, ainda não é possível predizer quais desses indivíduos infectados 7 irão desenvolver as doenças graves. 8 Atualmente há um interesse crescente nos estudos que envolvem a co-infecção 9 por H. pylori e outros agentes de doenças infecto-parasitárias, visto que determinados 10 agentes podem modular a resposta inflamatória ao H. pylori. Nos casos de co-infecção 11 por H. pylori e parasitas intestinais, por exemplo, o risco de desenvolver carcinoma 12 gástrico é menor que nos indivíduos sem parasitoses intestinais. A doença de Chagas 13 também pode evoluir de forma diferente na presença de outras infecções. 14 Assim, a nossa hipótese é de que a co-infecção H. pylori / T. cruzi possa alterar 15 a resposta do hospedeiro frente a esses patógenos influenciando dessa forma no 16 aparecimento ou na proteção das diferentes manifestações clínicas causadas pela 17 infecção desses importantes patógenos. Essa alteração na resposta imune pode também 18 estar relacionada com a seleção de determinadas amostras de H. pylori, de maior ou 19 menor virulência que, por sua vez, também poderiam estar levar ao aparecimento ou 20 não das doenças mais graves associadas ao H. pylori em indivíduos chagásicos. 32 33 1 3. OBJETIVO 2 O presente projeto teve como objetivo comparar as alterações da mucosa 3 gástrica de pacientes chagásicos e não-chagásicos e os polimorfismos nos genes que 4 codificam as citocinas IL-1β e IL-1RN. Fatores de virulência do H. pylori também 5 foram estudados. 6 7 3.1- Os objetivos específicos foram: 8 9 10 11 12 13 14 1- Verificar quais os tipos lesões gástricas predominam nos pacientes chagásicos com as diferentes formas clínicas da doença e não-chagásicos; 2- Verificar se a gastrite está associada à infecção por H. pylori mesmo nos pacientes com doença de Chagas. 3- Investigar se polimorfismos dos genes que codificam as citocinas IL-1 e IL- 1RN estão associados com a co-infecção H. pylori /T. cruzi; 15 4- Avaliar se há diferenças entre as amostras de H. pylori isoladas de indivíduos 16 chagásicos e não-chagásicos, com relação aos fatores de virulência cagA, vacA, 17 babA2 e iceA; 18 5- Avaliar se há diferenças entre a prevalência dos genótipos que podem ocorrer na 19 região variável 3´ do gene cagA (que contém as sequências EPIYA) de amostras 20 de H. pylori obtidas de pacientes chagásicos e não-chagásicos. 34 35 1 4. METODOLOGIA 2 3 O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da 4 Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e foi desenvolvido no Laboratório de 5 Microbiologia do Departamento de Ciências Biológicas da UFTM em colaboração com o 6 Laboratório de Pesquisa em Bacteriologia (LPB) da Faculdade de Medicina da Universidade 7 Federal de Minas Gerais (UFMG). 8 9 10 4.1- Pacientes e amostras biológicas 11 12 Foram incluídos pacientes adultos chagásicos e não-chagásicos que foram 13 submetidos, por indicação médica, a esofagogastroduodenoscopia diagnóstica no Serviço de 14 Endoscopia Digestiva, do Ambulatório Maria da Glória, da UFTM. 15 Desses pacientes, foram colhidos fragmentos do estômago para análise 16 histopatológica e biologia molecular. Os seguintes critérios de exclusão foram utilizados: uso 17 de anticolinérgicos, tratamento prévio para erradicação do H. pylori, gravidez, presença de 18 distúrbios de coagulação, complicações como perfuração e/ou hemorragia gástrica, 19 impedimento anatômico ao exame endoscópico, varizes de esôfago e doença grave 20 concomitante. Adicionalmente, foi coletado de todos os pacientes 5 mL de sangue periférico 21 para realização do diagnóstico sorológico da doença de Chagas e detecção de anticorpos anti- 22 IgG H. pylori. O teste respiratório para diagnóstico da infecção por H. pylori foi realizado e 23 todos os pacientes assinaram o termo de consentimento e responderam a um questionário 24 detalhado para obtenção de dados sócio-demográficos. Os dados clínicos foram obtidos após 25 a revisão dos prontuários médicos dos pacientes. 26 36 1 4.2- Sorologia para H. pylori e T. cruzi 2 A presença de anticorpos IgG específicos para H. pylori foi detectada utilizando um kit 3 comercial de ELISA (Pyloriset EIA-GIII, Orion Diagnostica, Espoo, Finlândia). O antígeno 4 empregado no kit é uma proteína de superfície da amostra referência do H. pylori NCTC 5 11637. O ensaio foi realizado de acordo com as instruções do fabricante. Os pacientes com 6 sorologia positiva foram considerados infectados por H. pylori uma vez que a eliminação 7 espontânea da bactéria sem instituição de uma terapia específica para erradicação da mesma é 8 considerada um evento raro. As concentrações de anticorpos IgG nas amostras de soro foram 9 determinadas pela a interpretação da curva padrão construída de acordo com os valores de 10 absorbância de cada soro calibrador fornecido pelo fabricante. As concentrações dos 11 anticorpos anti-H. pylori foram expressas em U/mL. 12 O diagnostico sorológico da doença de Chagas foi estabelecido após realização dos 13 testes de ELISA (Chagatest ELISA-WIENER, Argentina), hemaglutinação (Chagatest HAI- 14 WIENER, Argentina) e imunofluorescência (Imuno-Con Chagas-WAMA, Brasil). Todos os 15 pacientes chagásicos apresentaram reações positivas para no mínimo duas reações e os não- 16 chagásicos mostraram reações negativas para os três testes utilizados. Os pacientes chagásicos 17 foram classificados de acordo com a forma clínica da doença baseado nos resultados do 18 eletrocardiograma e raio-X de contraste do esôfago e cólon presentes nos prontuários. 19 Somente os pacientes com dados completos foram incluídos neste estudo. 20 21 4.3- Colheita de fragmentos da mucosa gástrica 22 Fragmentos de mucosa gástrica foram obtidos durante a esofagogastroduodenoscopia 23 com o paciente em jejum de no mínimo 8 horas, após receber anestesia tópica da orofaringe 24 com cloridrato de lidocaína (Xilocaína spray a 10%) e medicação endovenosa adequada para 25 cada paciente. Antecedendo a cada exame, o endoscópio foi lavado vigorosamente com água 26 e sabão e mergulhado em glutaraldeído a 2,0% por 30 minutos. 37 1 Foram colhidos dois fragmentos da pequena curvatura do antro e dois da grande 2 curvatura do corpo gástrico para estudo histopatológico. Um fragmento do antro e outro do 3 corpo foram obtidos para posterior extração de DNA. 4 5 4.3.1- Estudo histopatológico 6 Após a coleta por biópsia, os fragmentos gástricos foram colocados em formol 7 tamponado a 4% e enviados ao Serviço de Patologia Cirúrgica do Hospital de Clínicas da 8 UFTM para serem processados. Os fragmentos fixados em formol foram desidratados em 9 álcool e xilol e a seguir incluídos em parafina. Cortes de 4 µm de espessura foram obtidos e 10 corados pela técnica de hematoxilina-eosina para estudo histopatológico e pelo método WS 11 (Wartin Starry) a base de prata para a pesquisa de Helicobacter (ROCHA et al.,1989). 12 Os achados histológicos da mucosa gástrica foram interpretados de acordo com a 13 classificação de Sidney ligeiramente modificada (DIXON et al., 1996), como descrito a 14 seguir: 15 16 a) Ausência de gastrite - nenhuma alteração do epitélio superficial ou glandular, com ausência de células inflamatórias na lâmina própria (grau 0); 17 b) Intensidade da gastrite com base na presença de mononucleares na lâmina própria 18 e/ou no epitélio superficial ou glandular, graduada em leve (grau I), moderada (grau II) ou 19 intensa (grau III); 20 c) Intensidade da atividade inflamatória com base na presença de polimorfonucleares na 21 lâmina própria e/ou no epitélio superficial ou glandular, graduada em leve (grau I), moderada 22 (grau II) ou intensa (grau III); 23 24 d) Presença de atrofia gástrica de acordo com a diminuição do número de corpos glandulares, graduada em leve (grau I), moderada (grau II), intensa (grau III); 25 e) Presença de metaplasia intestinal de acordo com a presença de epitélio com 26 características morfológicas e bioquímicas do epitélio intestinal, graduada em completa (grau 38 1 I) ou incompleta (grau II ou III), de acordo com a presença de enterócitos absorventes. 2 3 4.4- Diagnóstico de Úlcera e esofagite 4 A presença de úlcera foi diagnosticada com base nos achados endoscópicos e 5 classificada de acordo com a localização em úlcera duodenal ou gástrica. A esofagite foi 6 definida como a presença de uma ou mais lesões e foi graduada de acordo com o sistema de 7 classificação de Los Angeles (ARMSTRONG et al., 1996). 8 9 4.5- Teste respiratório com uréia marcada com 13C 10 O teste respiratório foi realizado com uréia marcada com 13 C pela técnica de 11 espectrometria infravermelha (HILDEBRAND E BEGLINGER, 1997; SCHADEWALDT et 12 al., 1997). Após jejum de 6 horas, uma amostra de ar expirado pelo paciente foi colhida em 13 um recipiente apropriado (amostra basal). Em seguida, o paciente ingeriu 200 ml de suco de 14 laranja contendo 75 mg de uréia marcada com 15 nova amostra de ar expirado foi colhida (amostra teste). 16 13 C (Euriso-top, França). Após 30 minutos, As amostras basal e teste colhidas foram enviadas para o Laboratório de Pesquisa em 13 17 Bacteriologia (LPB) da UFMG para a realização da leitura. No LPB, a concentração de 18 foi determinada empregando-se um detector infravermelho de isótopos (IRIS Analysator, 19 Wagner Analysen Technik, Worspswede, Germany). Um aumento de 5% no teor de 20 amostra teste em relação à amostra basal foi considerado um resultado positivo para H. 21 pylori. 13 C C da 22 23 4.6- Extração de DNA 24 A extração do DNA foi realizada a partir das amostras de tecido colhida por biópsia da 25 região do antro ou corpo gástrico utilizando-se o kit “QIAamp DNA miniKit” (QIAGEN 26 GMbH, Hilden, Alemanha) de acordo com as especificações do fabricante. Resumidamente, 39 1 foi adicionado 20µl de solução de proteinase K (20 mg/ml) em tubos tipo ependorfe contendo 2 o fragmento de mucosa gástrica e homogeneizado em vórtex. A essa solução, foram 3 acrescentados 200µl do tampão de lise (Buffer AL) fornecido pelo fabricante, homogeneizado 4 em vórtex, centrifugado e incubado a 56°C por 10 min. A seguir, 200 µl de foram serão 5 adicionados e essa mistura colocada na coluna fornecida pelo kit QIAamp e centrifugada a 6 6000g por 1 min. A coluna foi colocada em outro microtubo coletor de 2 ml, e o filtrado do 7 tubo anterior descartado. O material da coluna foi lavado duas vezes (250 µl cada) com o 8 primeiro tampão (Buffer AW1) e duas com o segundo tampão de lavagem (Buffer AW2) 9 fornecida pelo kit. Finalmente, o DNA foi eluído com 100 µl de tampão AE fornecido pelo 10 kit. 11 12 4.6.1- Amplificação do gene 16S rRNA 13 A presença do DNA do H. pylori foi detectada a partir da amplificação do gene 16S 14 rRNA por PCR utilizando-se primers específicos descritos por RILEY et al. (1996). As 15 amostras que apresentaram um fragmento de 364 pb foram consideradas H. pylori-positivas e 16 foram posteriormente incluídas nas análises dos fatores de virulência da bactéria. 17 18 4.7- Pesquisa dos fatores de virulência cagA, vacA, babA2 e iceA 19 Inicialmente, todos os 184 pacientes incluídos no estudo foram submetidos à detecção 20 do gene 16S rRNA para detecção da infecção por H. pylori. Destes, 162 pacientes eram 21 H.pylori-positivos e foram submetidos à pesquisa dos fatores de virulência da bactéria. 22 Considerando os pacientes H.pylori-positivos, 59 eram chagásicos e 103 eram não- 23 chagásicos. 40 1 4.7.1- Amplificação dos genes vacA, babA2 and iceA 2 As amostras H. pylori-positivas foram submetidas à detecção das regiões média (“m”) 3 e sinal (“s”) do gene vacA utilizando os primers descritos por ATHERTON et al. (1995). As 4 amostras foram classificadas como tipo s1 ou s2 e tipo m1 ou m2. O gene babA2 e os subtipos 5 do gene iceA foram detectados de acordo com os primers descritos por GERHARD et al. 6 (1999) e VAN DOORN et al. (1998), respectivamente. Resumidamente, para cada amostra foi 7 preparado um “mix” de PCR contendo aproximadamente 50 ng de DNA, acrescido de 1% de 8 solução de tampão da enzima Taq DNA polymerase (KCl 50 mM e Tris-HCL 10 mM), 1.5 9 mM de MgCl2, 100 mM de cada desoxinucleotídeo, 1.0 U da enzima Taq DNA polimerse 10 (Promega, Madison, Estados Unidos), e 10 pmol de cada primer, em um volume total de 11 solução de 20 µL. Os pares de primers utilizados e as condições de PCR estão apresentados 12 na Tabela 1. 13 14 4.7.2- Amplificação do gene cagA gene e da região 3´ variável do gene cagA 15 O fragmento de 340 pb do gene cagA foi amplificado com primers descritos por 16 KELLY et al. (1994). Todas as amostras cagA positivas foram submetidas à amplificação da 17 região 3’ variável do gene cagA (que contém as sequências EPIYA) utilizando os primers 18 descritos por YAMAOKA et al. (1996). Foi preparado um “mix” de PCR contendo 1% da 19 solução tampão da enzima Taq DNA polimerase (KCl 50 mM and Tris-HCL 10 mM), 1.5 mM 20 de MgCl2, 100 mM de cada desoxinucleotídeo, 1.0 U de Taq DNA polimerase (Promega, 21 Madison, Estados Unidos), 10 pmol de cada primer e 2 µL de DNA, em um volume total de 22 solução de 20 µL. A reação produziu produtos de 500 pb a 850 pb de acordo com o número de 23 repetições de EPIYA-C. A infecção mista também foi detectada por esta metodologia. As 24 condições de PCR estão descritas na Tabela 1. 25 O termociclador GeneAmp PCR System 9700 (Applied Biosystems, Foster City, CA) 26 foi utilizado para amplificação de todas as reações. Os produtos obtidos foram corados com 41 1 brometo de etídeo e visualizados em gel de agarose 1,5% em um transluminador de luz 2 ultravioleta. 42 Tabela 1. Primers e condições de amplificação da PCR Gene 16S rRNA cagA cagA-Epiya vacS vacM Sequência do primer (5´to 3´) Temperatura, tempo e ciclos para PCR H276F: TATGACGGGTATCCGGC 94ºC, 5 min; 34 ciclos (94ºC, 2 s, 53ºC, 2s, 72ºC, H676R: ATTCCACCTACCTCTCCCA 30s) e 72ºC, 15 min CAGF: GATAACAGGCAAGCTTTTGAGG 95ºC, 5 min; 38 ciclos (94ºC, 1min, 55ºC, 1 min, CAGR: CTGCAAAAGATTGTTTGGCAGA 72ºC, 2 min) e 72ºC, 7 min CAGF1: ACCCTAGTCGGTAATGGGTTA 95ºC, 5 min; 35 ciclos (95ºC, 1 min, 50ºC, 1 min, CAGR1: GTAATTGTVTAGTTTCGC 72ºC, 1 min) e 72ºC, 7 min VA1F: ATGGAAATACAACAAACACAC 95ºC, 5 min, 34 ciclos (95ºC, 1 min, 52ºC, 1 min, 259 (s1) VA1R: CTGCTTGAATGCGCCAAAC 72ºC, 1 min) e 72ºC, 15 min 286 (s2) VA4F: GAGCCCCAGGAAACATTG Tamanho (pb) dos produtos 364 340 500 a 800 630 (m1) VA4R: CATAACTAGCGCCTTGCAC 95ºC, 1min 30s, 34 ciclos (95ºC, 30s, 56ºC, 1 VA7F: GTAATGTGGTTTCAACACC min, 72ºC, 1min 30s) e 72ºC, 5 min 352 (m2) VA7R: TAATGAGATCTTGAGCGCT babA2 iceA2 Baba2F: AATCCAAAAAGGAGAAAAAGTATGAA 94 ºC, 5min, 30 ciclos (94 ºC, 1 min, 55 ºC, 1 Baba2R:TGTTAGTGATTTCGGTGTAGGACA min, 72 ºC, 1 min) e 72 ºC, 10 min IceA1F: GTGTTTTTAACCAAAGTATC 832 247 (A1) IceA1R: CTATAGCCASTYTCTTTGCA 94ºC, 9 min, 40 ciclos (95ºC, 30s, 50ºC, 45s, IceA2F: GTTGGGTATATCACAATTTAT 72ºC, 45s) e 72ºC, 5 min 124, 229 ou 334 (A2) IceA2R: TTRCCCTATTTTCTAGTAGGT 43 1 4.8- Pesquisa dos polimorfismos nos genes que codificam a IL-1β e IL-1RN 2 A extração do DNA para detecção dos polimorfismos foi realizada a partir das 3 amostras de tecido colhida por biópsia da região do antro ou corpo gástrico conforme 4 descrito anteriormente. Todos os 162 pacientes H.pylori-positivos de acordo com o 5 gene 16S rRNA foram submetidos à pesquisa dos polimorfismos. Cinquenta e nove 6 pacientes eram chagásicos e 103 eram não-chagásicos. 7 8 4.8.1- Detecção dos polimorfismos 9 Para a determinação do polimorfismo da base na posição-511 a partir do sítio de 10 início da transcrição do gene da IL-1β foi utilizada a técnica de PCR com os iniciadores 11 (IL-1β-511F e IL-1β-511R) que estão descritos na Tabela 2. A seguir o produto obtido 12 foi digerido com a enzima Ava I (PCR-RFLP), conforme MANSFIELD et al. (1994). 13 Os fragmentos obtidos foram analisados em gel de agarose a 2% corado com brometo 14 de etídeo. De acordo com os genótipos, foram visualizados os seguintes fragmentos: 15 CC: fragmentos de 114 e 190 pb; CT: fragmentos de 114, 190 e 304 pb; TT: fragmentos 16 de 304 pb. 17 O polimorfismo bialélico da base na posição -31 a partir do sítio de início da 18 transcrição do gene que codifica a IL-1β humana foram determinados por PCR 19 utilizando dois pares de primers (PCR-CTPP; PCR with confronting two-pairs primers) 20 de acordo com HAMAJIMA et al. (2001). Os iniciadores (IL-1β-31F1, IL-1β-31R1, IL- 21 1β-31F2 e IL-1β-31R2) estão descritos na Tabela 2. Os produtos de PCR foram 22 analisados em gel de agarose a 1,5% corado com brometo de etídio. Os genótipos 23 foram estabelecidos com base no número e tamanho dos fragmentos obtidos: CC: 24 fragmentos de 574 e 345 pb; TC: fragmentos de 574, 345 e 266 pb; TT: fragmentos de 25 574 e 266 pb. 44 1 O polimorfismo pentalélico no gene IL-1RN (antagonista do receptor da IL-1β 2 foi determinado por PCR nas condições descritas por MANSFIELD et al. (1994). Os 3 iniciadores (IL-1RN-F e IL-1RN-R) estão descritos na Tabela 2. Os produtos de PCR 4 foram analisados em gel de agarose a 1,5% e corados com brometo de etídeo. Os alelos 5 foram classificados como: alelo 1, 4 repetições (410 pb); alelo 2, 2 repetições (210 pb); 6 alelo 3, 5 repetições (500 pb); alelo 4, 3 repetições (325 pb); alelo 5, 6 repetições (595 7 pb). 8 9 Tabela 2. Condições de amplificação de PCR para IL-1β e IL-1RN Temperatura, tempo e Polimorfismo Iniciadores ciclos de PCR -511-IL1β F 5'-TGG CAT TGA TCT GGT TCA TC-3' 2 min à 95ºC, 35 ciclos R 5'-GTT TAG GAA TCT TCC CAC TT-3' de 1 min à 95ºC, 53ºC, e 74ºC, e 4 min à 74ºC -31-IL1β F1 5'-AAT GTG GAC ATC AAC TGC A-3' R1 5'-CTC CCT CGC TGT TTT TAT A-3' F2 5'-ACT TCT GCT TTT GAA AGC C-3' 5 min à 94ºC, 30 ciclos de 1 min à 94ºC, 54ºC, e 72ºC, e 5 min à 72ºC R2 5'-TCA GCT GTT AGA TAA GCA G-3' IL-1RN F 5'-CTC AGC AAC ACT CCT AT-3' 1 min à 96ºC, 30 ciclos R 5'-TCC TGG TCT GCA GGT AA-3' de 1 min à 94ºC, 60ºC, e 70ºC, e 4 min à 72ºC 10 45 1 4.9- Critérios de positividade e negatividade para o H. pylori 2 Os pacientes foram considerados H. pylori-positivos quando, pelo menos dois 3 testes (teste respiratório, histologia, ELISA ou PCR) forem positivos ou apenas a 4 cultura for positiva e H. pylori-negativos, quando todos os testes forem negativos. 5 Pacientes em uso de inibidor de bomba de prótons e/ou antibióticos que apresentaram 6 somente a sorologia positiva e com alterações histológicas gástricas presentes foram 7 considerados H. pylori-positivos. 8 9 4.10- Análise estatística 10 Os dados foram analisados utilizando o software SPSS (versão 16.0; SPSS Inc., 11 Chicago, IL, Estados Unidos). A associação de cada variável com a doença de Chagas 12 foi verificada pelo teste do Qui-quadrado ou teste exato de Fischer quando apropriado. 13 O teste T de Student foi utilizado para determinar se houve diferença em relação à idade 14 dos pacientes. A intensidade e atividade da gastrite foram comparadas pelo teste de 15 Mann-Whitney. Os modelos de regressão logística foram construídos para ajuste dos 16 fatores de confusão como idade, sexo, uso do tabaco, consumo de álcool e uso de anti- 17 inflamatórios não esteróides, para avaliar a associação entre gastrite crônica ou gastrite 18 crônica ativa e doença de Chagas ou infecção por H. pylori. Variáveis com P≤0.25 na 19 análise univariada foram incluídas na análise multivariada. O odds ratios (OR) e 20 intervalo de confiança (CI) de 95% foram determinados. Foram consideradas 21 significativas as análises com P<0.05. 46 47 1 5. Resultados 2 3 Análise histopatológica e endoscópica gástrica 4 Entre agosto de 2009 a dezembro de 2011, foram estudados 184 pacientes adultos 5 submetidos à endoscopia digestiva alta no Serviço de Endoscopia do Ambulatório Maria da 6 Glória da UFTM. A faixa etária variou de 21 a 84 anos, com média de 52,7 e desvio padrão 7 (DP) de ± 14,6 anos. Setenta pacientes (38%) pertenciam ao gênero masculino e 114 (62%) ao 8 feminino. 9 Dentre os 184 pacientes estudados, 64 (34,8%) eram chagásicos e 120 (65,2%) não 10 chagásicos (Tabela 3). Dentre os pacientes com doença de Chagas, 40 (62,5%) apresentavam 11 a forma digestiva da doença, 8 (12,5%) a indeterminada, 3 (4,7%) a cardíaca e 13 (20,3%) a 12 cardiodigestiva. A faixa etária dos pacientes chagásicos variou de 42 a 80 anos, média de 62,4 13 ± 9,3 enquanto que a faixa etária dos não chagásicos variou de 21 a 84 anos, média de 47,5 ± 14 14,3. Trinta e dois (50%) dos pacientes chagásicos pertenciam ao gênero feminino e 32 (50%) 15 ao masculino. 16 17 Tabela 3: Características da população de chagásicos e não-chagásicos Número Pacientes Média de idade (anos) ± DP Homens Mulheres Total 32 32 64 62,4 ± 9,3 Digestiva 24 16 40 62,1 ± 9,7 Cardíaca 2 1 3 59,6 ± 9,6 Cardiodigestiva 4 9 13 62,2 ± 8,5 Indeterminada 2 6 8 65,8 ± 9,9 38 82 120 47,5 ± 14,3 Chagásicos Formas clínicas Não Chagásicos 48 1 2 As características clínicas, gástricas endoscópicas e histológicas dos pacientes 3 chagásicos e não-chagásicos estão demonstradas na Tabela 4. Não foi observada diferença 4 significativa entre o grupo de chagásicos e não-chagásicos em relação ao status H. pylori- 5 positivo, gastrite crônica, gastrite ativa crônica, atrofia, metaplasia intestinal, esofagite e 6 úlcera gástrica, enquanto que a úlcera duodenal foi detectada somente entre os pacientes não- 7 chagásicos (p = 0,01). Todos os pacientes chagásicos com úlcera gástrica e a maioria dos não- 8 chagásicos com úlcera gástrica (8 of 10; 80%) e úlcera duodenal (10 of 11; 90,9%) eram H. 9 pylori-positivos. 10 Uma alta positividade da infecção pelo H. pylori entre os pacientes chagásicos e não- 11 chagásicos foi detectada por sorologia (67,2% e 75,8%, respectivamente) comparada com a 12 PCR para o gene 16S rRNA (62,5% e 61,7%, respectivamente), histologia (64,1% e 57,5%, 13 respectivamente) e teste respiratório com uréia marcada (52,7% e 62,1%, respectivamente). 14 Em 71,1% dos pacientes chagásicos e 57,0% dos não-chagásicos H. pylori-positivos, a 15 bactéria estava localizada em ambas regiões gástricas do antro e corpo, assim como a 16 localização da gastrite (57,8% e 51,2%, respectivamente). 17 49 1 2 Tabela 4: Características clínicas, gástricas histológicas e endoscópicas de pacientes chagásicos e não-chagásicos Número (%) de Pacientes Características Não-chagásicos (n = 120) 62,5 ± 9,4 47,6 ± 14,3 0,00 32 (50,0) / 32 (50,0) 82 (68,3) /38 (31,7) 0,01 Status H. pylori-positivo 45 (70,3) 86 (71,7) 0,85 Gastrite crônica 59 (92,2) 102 (85,0) 0,16 Gastrite crônica ativa 42 (65,6) 70 (58,3) 0,33 Atrofia no antro 7 (10,9) 13 (10,8) 0,98 Atrofia no corpo 8 (12,5) 6 (5,0) 0,07 Metaplasia intestinal no antro 7 (10,9) 6 (5,0) 0,13 Metaplasia intestinal no corpo 4 (6,2) 3 (2,5) 0,20 Úlcera gástrica 6 (9,4) 10 (8,3) 0,81 Úlcera duodenal 0 11 (9,2) 0,01 11 (17,2) 10 (8,3) 0,07 Média de idade ± DP (anos) Gênero (Feminino/ Masculino) Esofagite 3 P Chagásicos (n = 64) DP= desvio padrão 4 5 6 De acordo com a análise multivariada (Tabela 5), a gastrite crônica e gastrite ativa 7 crônica foram estatisticamente associadas à infecção pelo H. pylori (P<0,001) independente 8 da doença de Chagas e outras co-variáves avaliadas. 50 1 Tabela 5: Variáveis associadas à gastrite crônica e gastrite crônica ativa na análise multivariadaa Gastrite crônica Gastrite crônica ativa Características Univariada P value Multivariada P value OR (95% IC)b Univariada P value Idade 0,577 0,547 Uso de AINEs 0,366 0,580 Doença de Chagas 0,160 0,157 0,334 Gênero 0,029 0,105 0,457 Status H. pylori 0,000 0,000 Fumo 0,444 100,9 (12,8-793,2) 2 a 3 multivariada, o valor de P value < 0,05 foi considerado significante. 4 b 0,000 Multivariada P value OR (95% IC) 0,000 26,5 (10,7-65,5) 0,342 Variáveis com valor de P ≤ 0,25 na análise univariada foram incluídas no modo complete de análise. Na análise OR, odds ratio; IC, interval de confiança. AINES: anti-inflamatórios não-esteróides. 51 1 Entretanto, foi observada a presença de pacientes H. pylori-negativos com gastrite em 2 ambos os grupos de chagásicos e não-chagásicos como demonstrado na Tabela 6. Seis dos 19 3 (31,6%) pacientes chagásicos e um dos 34 (2,9%) não-chagásicos H. pylori-negativos 4 apresentaram infiltração de células polimorfonucleares – PMN (gastrite crônica ativa) no 5 antro e no corpo. Um número maior de pacientes chagásicos H. pylori-negativos (14 de 19; 6 73,7%) e não-chagásicos (17 de 34; 50,0%) apresentaram infiltrado de células mononucleares 7 (gastrite crônica). Entretanto, nenhum paciente H. pylori-negativo apresentou infiltrado de 8 células PMN classificado como moderado ou severo e também nenhum desses pacientes 9 apresentaram infiltrado de células mononucleares classificados como severo. Notavelmente, o 10 grupo de pacientes chagásicos H. pylori-negativos exibiu um grau superior de infiltração de 11 células mononucleares (P = 0,004) e PMN (P = 0,03) nas regiões do corpo e antro, 12 respectivamente, comparado com o grupo de não-chagásicos. Não foi observada diferença 13 significativa entre os grupo de pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos em 14 relação ao grau de infiltração de células na mucosa gástrica do antro e corpo. 52 1 2 Tabela 6. Classificação da infiltração de células mononucleares e polimorfonucleares nas regiões do antro e corpo gástrico de pacientes chagásicos e nãochagásicos de acordo com o status da infecção pelo H. pylori. Pacientes e região gástrica Pacientes H. pylori-positivos Infiltração de células mononuclearesa,c (%) Infiltração de células polimorfonuclearesb,d (%) Pacientes H. pylori- negativos Infiltração de células mononuclearesa,e (%) Infiltração de células polimorfonuclearesb,f (%) 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 Antro 0 15 (23.4) 25 (39.1) 5 (7.8) 11 (17.2) 17 (26.6) 13 (20.3) 4 (6.3) 8 (12.5) 6 (9.4) 5 (7.8) 0 15 (23.4) 4 (6.3) 0 0 Corpo 2 (3.1) 22 (34.4) 14 (21.9) 7 (10.9) 21 (32.8) 14 (21.9) 5 (7.8) 5 (7.8) 8 (12.5) 9 (14.1) 2 (3.1) 0 17 (26.6) 2 (3.1) 0 0 Antro 2 (1.7) 31 (25.8) 50 (41.7) 3 (2.5) 28 (23.3) 32 (26.7) 18 (15.0) 8 (6.7) 17 (14.2) 17 (14.2) 0 0 33 (27.5) 1 (0.8) 0 0 Corpo 14 (11.7) 34 (28.3) 32 (26.4) 6 (5.0) 36 (30.0) 33 (27.5) 14 (11.7) 3 (2.5) 27 (22.5) 7 (5.8) 0 0 34 (28.3) 0 0 0 Chagásicos Não-chagásicos P≤0.001 para pacientes H. pylori-positivos versus H. pylori-negativos nos grupos de chagásicos e não-chagásicos para a região do antro e corpo gástrico, de 3 a,b 4 acordo com o teste de Mann-Whitney U. 5 c,d 6 Mann-Whitney U. 7 e 8 com o teste de Mann-Whitney U . 9 f 10 P>0.05 para o grupo chagásicos versus não-chagásicos entre pacientes H. pylori-positivos para a região do antro e corpo gástrico, de acordo com o teste de P<0.05 para o grupo chagásicos versus não-chagásicos entre pacientes H. pylori-negativos para a região do corpo e P>0.05 para a região do antro de acordo P<0.05 para o grupo chagásicos versus não-chagásicos entre pacientes H. pylori-negativos para a região do antro e P>0.05 para a região do corpo de acordo com o teste de Mann-Whitney U. 53 1 Entre os 64 pacientes com doença de Chagas, 40 (62,5%) tinham a forma 2 digestiva da doença, 13 (20,3%) tinham a forma cardiodigestiva, 8 (12,5%) tinham a 3 forma indeterminada e 3 (4,7%) tinham a forma cardíaca da doença. Os pacientes com a 4 forma digestiva apresentavam megaesôfago (n=33), megacólon (n=2) ou ambas as 5 alterações (n=5). Uma comparação das características clínicas, endoscópicas e 6 histológicas gástricas dos subgrupos de pacientes chagásicos com a forma digestiva 7 (n=40) e outras formas clínicas (n=24) estão demonstradas na Tabela 7. Não houve 8 diferença significativa entre os subgrupos de chagásicos em relação ao status H. pylori, 9 gastrite crônica, gastrite crônica ativa, úlcera gástrica e esofagite. A metaplasia intestinal 10 e a atrofia foram detectadas na região do antro em maior porcentagem nos pacientes 11 com a forma digestiva do que entre aqueles com as outras formas clínicas da doença de 12 Chagas, porém, diferença significativa foi observada somente para a metaplasia 13 intestinal (P = 0,03). Em contraste, a metaplasia intestinal e atrofia na mucosa do corpo 14 foram mais frequentes nos pacientes chagásicos com as outras formas clínicas da 15 doença do que entre aqueles com a forma digestiva, porém, diferença estatística foi 16 observada somente para atrofia (P = 0,02). Dentre 40 chagásicos com a forma digestiva 17 da doença, 17 (42,5%) estavam em uso de IBPs assim como sete (29,2%) dos 24 18 chagásicos com as outras formas clínicas (P=0,28). 19 54 1 2 Tabela 7: Características clínicas, histológicas gástricas e endoscópicas de pacientes chagásicos com a forma digestiva e outras formas clínicas. Número (%) de pacientes chagásicos Características P Forma Digestiva Outras formas Média de idade ± DP (anos) 62,1 ± 9,7 (n = 40) 63,1 ± 9,0 (n = 24) 0,60 16 (40,0) / 24 (60,0) 16 (66,7) /8 (33,3) 0,04 Status H. pylori-positivo 28 (70,0) 17 (70,8) 0,94 Gastrite crônica 36 (90,0) 23 (95,8) 0,40 Gastrite crônica ativa 25 (62,5) 17 (70,8) 0,50 Atrofia no antro 6 (15,0) 1 (4,2) 0,18 Atrofia no corpo 2 (5,0) 6 (25,0) 0,02 Metaplasia intestinal no antro 7 (17,5) 0 0,03 Metaplasia intestinal no corpo 1 (2,5) 3 (12,5) 0,11 Úlcera gástrica 3 (7,5) 3 (12,5) 0,50 Esofagite 8 (20,0) 3 (12,5) 0,44 Gênero (Feminino / Masculino) 3 DP= desvio padrão 4 5 5.3 Polimorfismos da IL-1β, IL-1RN e pesquisa dos fatores de virulência 6 A detecção dos polimorfismos da IL-1β, IL-1RN e a pesquisa dos fatores de 7 virulência da bactéria foram realizadas em 162 pacientes sendo que 59 (36,4%) eram 8 chagásicos e 103 (63,6%) eram não-chagásicos. Destes, 114 (70,4%) pacientes eram H. 9 pylori-positivos e 48 (29,6%) eram H. pylori-negativos. A faixa etária dos pacientes 10 chagásicos variou de 42 a 80 anos, com média de 62,1 e desvio padrão (DP) de ± 9,4 11 anos, enquanto que a faixa etária dos não-chagásicos variou de 21 a 84 anos, com média 12 de 47,5 e DP ± 14,8 anos. Considerando os pacientes chagásicos, 35 (59,3%) tinham a 13 forma digestiva, 13 (22%) a forma cardiodigestiva, 8 (13,6%) a forma indeterminada e 14 3 (5,1%) tinham a forma cardíaca da doença. 55 1 5.2.1 Pesquisa dos polimorfismos 2 O genótipo heterozigoto (C/T para a posição -511 e T/C para a posição -31) da 3 IL-1β foi encontrado na maioria dos pacientes chagásicos e não-chagásicos. Em relação 4 ao polimorfismo do gene IL-1RN foi detectada uma maior prevalência do genótipo de 5 alelo longo tipo 1 (IL1RN1) quando comparado ao alelo curto (IL1RN*2) tanto no grupo 6 de chagásicos como nos não-chagásicos. A distribuição geral dos polimorfismos 7 avaliados está representada na tabela 8. 8 9 10 Tabela 8: Distribuição dos polimorfismos da IL1β-31, IL1β-511 e IL-1RN em pacientes chagásicos e não-chagásicos. Número (%) de pacientes Genótipos Chagásicos (n=59) Não-chagásicos (n=103) P 0,92 IL-1β-31 T/C 38 (64,4) 63 (61,2) T/T 14 (23,7) 27 (26,2) C/C 7 (11,9) 13 (12,6) 0,62 IL-1β-511 C/T 29 (49,2) 46 (44,7) C/C 17 (28,8) 27 (26,2) T/T 13 (22) 30 (29,1) 0,40 IL-1RN 1 43 (72,9) 84 (81,6) 2 3 (5,1) 5 (4,9) 3 1 (1,7) 0 1/2 11 (18,6) 11 (10,7) 1/3 1 (1,7) 3 (2,9) 11 12 A distribuição dos genótipos dos polimorfismos da IL1β-31, IL1β-511 e IL-1RN 13 foram avaliadas de acordo com as formas clínicas da doença de Chagas. Uma maior 14 prevalência do genótipo heterozigoto da IL1β-31 e da ILβ-511, e do genótipo IL-1RN1, 56 1 foi encontrada em todos os pacientes chagásicos independente da forma clínica da 2 doença (Tabela 9). 3 4 5 Tabela 9: Distribuição dos genótipos dos polimorfismos da IL1β-31, IL1β-511 e IL-1RN em pacientes chagásicos de acordo com a forma clínica da doença. Número (%) de pacientes chagásicos Genótipos Digestiva Cardiodigestiva Indeterminada Cardíaca (n=35) (n=13) (n=8) (n=3) P 0,54 IL1β-31 T/C 21 (60) 11 (84,6) 4 (50) 2 (66,7) T/T 9 (25,7) 2 (15,4) 2 (25) 1 (33,3) C/C 5 (14,3) 0 2 (25) 0 0,64 IL1β-511 C/T 18 (51,4) 5 (38,4) 5 (62,5) 1 (33,3) C/C 10 (28,6) 4 (30,8) 1 (12,5) 2 (66,7) T/T 7 (20) 4 (30,8) 2 (25) 0 0,99 IL-1RN 1 26 (74,3) 9 (69,2) 6 (75) 2 (66,7) 2 2 (5,7) 1 (7,7) 0 0 3 1 (2,9) 0 0 0 1/2 5 (14,3) 3 (23,1) 2 (25) 1 (33,3) 1/3 1 (2,9) 0 0 0 6 7 Também foi avaliado se os polimorfismos que codificam as citocinas IL-1 e 8 IL-1RN estão associados com a com a co-infecção H. pylori/T. cruzi. Em relação ao 9 polimorfismo na posição -31 da IL-1, o genótipo heterozigoto T/C foi predominante 57 1 tanto em pacientes co-infectados pelo H. pylori/T.cruzi (60%) quanto no grupo de 2 pacientes infectados apenas pelo H. pylori (63%) (Tabela 10). 3 4 5 Tabela 10: Distribuição dos genótipos da IL1L1e IL-1RN em pacientes co-infectados pelo H. pylori/T.cruzi e em pacientes controles H. pylori-positivos. Número (%) de pacientes Genótipos P Co-infectados (n=40) H. pylori-positivos (n=74) 0,95 IL1β-31 T/C 24 (60) 46 (62) T/T 11 (27,5) 20 (27) C/C 5 (12,5) 8 (11) IL1 0,95 C/T 19 (47,5) 33 (44,6) C/C 11 (27,5) 21 (28,4) T/T 10 (25) 20 (27) 0,20 IL-1RN 1 27 (67,5) 63 (85,1) 2 3 (7,5) 2 (2,7) 3 1 (2,5) 0 1/2 8 (20) 8 (10,8) 1/3 1 (2,5) 1 (1,4) 6 7 Os genótipos da IL-1β-31, IL-1β-511 e IL-1RN foram avaliados em pacientes 8 chagásicos e não-chagásicos de acordo com diferentes alterações histopatológicas. Foi 9 observada uma maior prevalência do genótipo polimórfico da IL-1β-31 T>C e do 10 genótipo da IL-1β-511 C>T em pacientes chagásicos e não-chagásicos com gastrite, 11 enquanto que em relação ao polimorfismo da IL-1RN, houve predomínio do genótipo 12 IL1RN1 (Tabela 11). 13 58 1 2 Tabela 11: Distribuição dos genótipos da IL-1β em pacientes chagásicos e nãochagásicos com gastrite. Polimorfismo Número (%) de Pacientes com Gastrite Chagásicos (n = 54) P Não-chagásicos (n = 90) IL1β-31 0,67 T/C 36 (66,7) 54 (60) T/T 11 (20,4) 24 (26,7) C/C 7 (12,9) 12 (13,3) IL1β-511 0,77 C/T 27 (50) 40 (44,4) C/C 14 (28) 24 (26,7) T/T 13 (24,1) 26 (28,9) 0,44 IL-1RN 1 39 (72,2) 75 (83,3) 2 3 (5,6) 4 (4,4) 3 1 (1,9) 0 1/2 10 (18,5) 10 (11,1) 1/3 1 (1,9) 1 (1,11) 3 4 A frequência da distribuição dos genótipos dos polimorfismos foram avaliados 5 entre o grupo de pacientes chagásicos e não-chagásicos que apresentaram atrofia do 6 antro e/ou do corpo (Tabela 12). 7 59 1 2 Tabela 12: Distribuição dos genótipos da IL1β-31 e IL1β-511 em pacientes chagásicos e não-chagásicos com atrofia. Número (%) de Pacientes com Atrofia Polimorfismo P Chagásicos (n = 12) Não-chagásicos (n = 15) IL1β-31 0,93 T/C 6 (50) 7 (46,7) T/T 4 (33,3) 6 (40) C/C 2 (16,7) 2 (13,3) IL1β-511 0,71 C/T 3 (25) 6 (40) C/C 5 (41,7) 5 (33,3) T/T 4 (33,3) 4 (26,7) 0,12 IL-1RN 1 8 (66,7) 13 (86,7) 2 1 (8,3) 2 (13,3) 1/2 3 (25) 0 3 4 Em relação à distribuição dos genótipos da IL1β-31 e IL1β-511 nos pacientes 5 com metaplasia intestinal, foi observado uma maior prevalência dos genótipos 6 heterozigotos em ambos os grupos de pacientes chagásicos e não-chagásicos, embora 7 esta diferença não tenha sido significativa (Tabela 13). 8 60 1 2 Tabela 13: Distribuição dos genótipos da IL-1β em pacientes chagásicos e nãochagásicos com metaplasia Número (%) de Pacientes com Metaplasia Polimorfismo P Chagásicos (n = 10) Não-chagásicos (n = 6) 0,19 IL1β-31 T/C 7 (70) 2 (33,3) T/T 2 (20) 1 (16,7) C/C 1 (10) 3 (50) IL1β-511 0,11 C/T 6 (60) 1 (16,7) C/C 1 (10) 0 T/T 3 (30) 5 (83,3) 0,20 IL-1RN 1 6 (60) 6 (100) 2 2 (20) 0 1/2 2 (20) 0 3 4 A frequência dos alelos polimórficos da IL-1β em pacientes chagásicos e não- 5 chagásicos que apresentvama atrofia ou metaplasia intestinal também foi avaliada e está 6 demonstrada na Tabela 14. Em relação ao polimorfismo na posição -31 da IL-1β, o 7 alelo C foi detectado em 8 (66,7%) dos 12 pacientes chagásicos e em 9 (60%) dos 15 8 pacientes não-chagásicos com atrofia (P=0,72), enquanto no grupo de pacientes com 9 metaplasia, a desigualdade de frequência entre os alelos C em relação do alelo T foi 10 mais evidente (8/10, 80% dos chagásicos; e 5/6, 83,3% dos não-chagásicos com alelo 11 C), porém não foi observada diferença significativa entre o grupo de pacientes 12 chagásicos e não chagásicos (P=0,86). Em relação ao polimorfismo na posição -511 da 13 IL-1β, o alelo T foi detectado em 7 (58,3%) dos 12 pacientes chagásicos e em 10 61 1 (66,7%) dos 15 pacientes não-chagásicos com atrofia (P=0,65). Entre o grupo de 2 pacientes com metaplasia, o mesmo alelo foi encontrado em 9 (90%) dos 10 chagásicos 3 e em 6 (100%) dos não-chagásicos com esta alteração histopatológica (P=0,42). 4 5 6 Tabela 14: Frequência dos alelos polimórficos da IL-1β em pacientes chagásicos e nãochagásicos com atrofia e metaplasia intestinal. Atrofia (%) Metaplasia (%) Frequência Chagásicos Não-chagásicos (n=12) (n=15) P Chagásicos Não-chagásicos (n=10) (n=6) P dos alelos IL1β-31 0,72 0,86 C 8 (66,7) 9 (60) 8 (80) 5 (83,3) T 4 (33,3) 6 (40) 2 (20) 1 (16,7) IL1β-511 0,65 0,42 T 7 (58,3) 10 (66,7) 9 (90) 6 (100) C 5 (41,7) 5 (33,3) 1 (10) 0 7 8 5.2.2 Fatores de virulência cagA, vacA, babA2 e iceA. 9 As amostras de DNA extraídas dos fragmentos de mucosa gástrica dos 10 pacientes incluídos no estudo e que foram positivas à detecção do gene 16S rRNA por 11 PCR foram tipadas para os genes vacA, cagA, iceA e babA2. Considerando os 12 genótipos de vacA, os tipos s1 e m2 foram os mais frequentemente detectados nos 13 grupos de chagásicos e não-chagásicos (55% e 54,1%; 57,5% e 58,1%, 14 respectivamente). A presença do gene cagA foi detectada em 80% dos chagásicos e em 15 79,8% dos não-chagásicos. O genótipo iceA2 foi detectado em 72,5% dos chagásicos e 16 74,3% dos não-chagásicos. Somente 4 (10%) dos chagásicos e 9 (12,2%) dos não- 17 chagásicos foram positivos para o genótipo babA2 (Tabela 15). 18 62 1 2 Tabela 15: Frequência dos genótipos vacA, cagA, iceA e babA2 em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos Número (%) de pacientes H. pylori-positivos Genótipo P Chagásicos (n=40) Não-chagásicos (n=74) 0,89 vacS s1 22 (55) 40 (54,1) s2 17 (42,5) 33 (44,6) 1 (2,5) 1 (1,4) s1/s2 0.98 vacM m1 14 (35) 26 (35,1) m2 23 (57,5) 43 (58,1) 3 (7,5) 5 (6,8) 32 (80) 59 (79,7) m1/m2 cagA 0,97 0,42 iceA iceA1 1 (2,5) 6 (8,1) iceA2 29 (72,5) 55 (74,3) iceA1/A2 7 (17,5) 11 (14,9) iceA - 3 (7,5) 2 (2,7) babA2 + 4 (10) 9 (12,2) babA2 - 36 (90) 65 (87,8) 0,72 3 4 A frequência dos alelos do gene vacA foi avaliada em pacientes chagásicos H. 5 pylori-positivos de acordo com a forma clínica da doença (Figura 2). O alelo s1 foi 6 encontrado em 13 (56,5%) dos 23 pacientes com a forma digestiva, em 4 (40%) dos 10 7 pacientes com a forma cardiodigestiva, em 4 (80%) dos 5 dentre aqueles com a forma 8 indeterminada e em um (50%) dos 2 pacientes com a forma cardíaca da doença; o alelo 63 1 s2 foi encontrado em 10 (43,5%) dos 23 pacientes com a forma digestiva, em 5 (50%) 2 dos 10 pacientes com a forma cardiodigestiva, em um (20%) dos 5 pacientes com a 3 forma indeterminada e em um (50%) dos 2 pacientes com a forma cardíaca. A presença 4 concomitante dos alelos s1/s2 foi detectada em apenas um (10%) dos 10 pacientes com 5 a forma cardiodigestiva (P=0,57). 6 O alelo m1 foi detectado em 7 (30,4%) dos 23 pacientes com a forma digestiva, 7 em 2 (20%) dos 10 pacientes com a forma cardiodigestiva, em 4 (80%) dentre os 5 com 8 a forma indeterminada e em um (50%) dos 2 pacientes com a forma cardíaca. O alelo 9 m2 foi detectado em 15 (65,2%) dos 23 pacientes com a forma digestiva, 7 (70%) dos 10 10 pacientes com a forma cardiodigestiva e em apenas um (20%) dentre os 5 pacientes 11 com a forma indeterminada. Os alelos m1/m2 foram detectados concomitantemente em 12 um (4,3%) paciente com a forma digestiva, um (10%) paciente com a forma 13 cardiodigestiva e em um (50%) com a forma cardíaca da doença (P=0,05) (Figura 1). 14 64 1 100 90 80 80 70 65,2 70 % 60 50 40 80 s1 56,5 50 50 50 50 50 s2 s1/s2 43,5 40 m1 30,4 m2 30 20 20 10 20 20 m1/m2 10 4,3 10 0 Digestiva Cardiodigestiva Indeterminada Cardíaca 2 3 4 5 Figura 1. Distribuição da frequência dos alelos do gene vacA em pacientes chagásicos H. pylori-positivos de acordo com as formas clínicas da doença de Chagas. 6 A frequência dos genótipos cagA, iceA e babA2 também foram avaliadas em 7 pacientes chagásicos H. pylori-positivos de acordo com a forma clínica da doença 8 (Tabela 16). Apesar de não haver diferença significativa, o gene cagA foi detectado na 9 maioria dos pacientes chagásicos independente da forma clínica apresentada (P=0,90). 10 O genótipo iceA2 foi encontrado em 16 dos 23 (69,6%) pacientes com a forma 11 digestiva, em 8 dos 10 (80%) com a forma cardiodigestiva e em 3 dos 5 (60%) 12 pacientes com a forma indeterminada. Os dois pacientes com a forma cardíaca também 13 apresentaram o genótipo iceA2. Somente em pacientes com as formas digestiva e 14 cardiodigestiva apresentaram o genótipo babA2. 15 65 1 2 Tabela 16: Frequência dos genótipos cagA, iceA e babA2 em pacientes chagásicos H. pylori-positivos de acordo com a forma clínica da doença de Chagas. Número (%) de pacientes chagásicos H. pylori-positivos de acordo com a forma clínica da doença Genótipo P Digestiva Cardiodigestiva Indeterminada Cardíaca (n=23) (n=10) (n=5) (n=2) cagA+ 18 (78,3) 8 (80) 4 (80) 2 (100) cagA- 5 (21,7) 2 (20) 1 (20) 0 iceA1 1 (4,3) 0 0 0 iceA2 16 (69,6) 8 (80) 3 (60) 2 (100) iceA1/A2 5 (21,7) 2 (20) 0 0 iceA- 1 (4,3) 0 2 (40) 0 babA2+ 2 (8,6) 2 (20) 0 0 babA2- 21 (91,3) 8 (80) 5 (100) 2 (100) 0.90 0.28 0.58 3 4 A presença de úlcera gástrica foi detectada em 11 (9,6%) dos 114 pacientes H. 5 pylori-positivos avaliados, sendo que cinco (45,5%) eram chagásicos e seis (54,5%) 6 não-chagásicos. A úlcera duodenal foi detectada somente em cinco (4,4%) pacientes H. 7 pylori-positivos, todos não-chagásicos. Os genótipos do gene vacA e cagA foram 8 avaliados de acordo com o tipo de úlcera nos pacientes chagásicos e não-chagásicos. 9 Dentre os cinco pacientes chagásicos com úlcera gástrica, 4 (80%) apresentaram o alelo 10 tipo s1, um (20%) apresentou o alelo tipo s2 e todos estavam infectados por amostras 11 de H. pylori cagA-positivas. O alelo tipo m1, assim como o alelo tipo m2 foi detectado 12 em dois (40%) pacientes chagásicos. Um pacientes chagásico com úlcera gástrica 13 apresentou o genótipo m1/m2. Dentre os seis pacientes não-chagásicos com úlcera 14 gástrica, 3 (50%) apresentaram o alelo s1 e os outros 3 (50%) apresentaram o alelo s2 15 (P=0,30); enquanto que 5 (83,3%) apresentaram o alelo m2 e o alelo m1 foi detectado 66 1 em apenas um (16,7%) paciente (P=0,28). A presença do gene cagA foi detectada em 5 2 (83,3%) dos 6 pacientes não-chagásicos com úlcera gástrica. Em relação aos cinco 3 pacientes não-chagásicos com úlcera duodenal, 4 (80%) apresentaram alelo tipo s1 e 1 4 (20%) apresentou o alelo s2. Destes, três (60%) tinham o alelo m1 e 2 (40%) 5 apresentavam o genótipo m1/m2. Quatro (80%) dos cinco pacientes com úlcera 6 duodenal estavam infectados por amostras de H. pylori cagA-positivas. 7 A prevalência dos genótipos cagA, vacA, iceA e babA2 foram avaliados no 8 grupo de pacientes chagásicos e não-chagásicos de acordo com a presença de gastrite 9 crônica ativa, atrofia e metaplasia intestinal. Amostras cagA-positivas foram detectadas 10 na maioria dos pacientes que apresentavam as lesões em ambos os grupos de 11 chagásicos e não-chagásicos (Tabela 17). 67 1 2 Tabela 17: Prevalência dos genótipos cagA, vacA, iceA e babA2 em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos de acordo com diferentes manifestações gástricas. Gastrite crônica ativa (%) Chagásicos Não-chagásicos (n=36) (n=66) cagA+ 29 (80,5) 52 (78,8) cagA- 7 (19,5) 14 (21,2) s1 20 (55,6) 35 (53) s2 15 (41,7) Atrofia (%) Metaplasia intestinal (%) Chagásicos Não-chagásicos Chagásicos Não-chagásicos (n=8) (n=8) (n=7) (n=5) 6 (75) 6 (75) 7 (100) 3 (60) 2 (25) 2 (25) 0 2 (40) 3 (37,5) 3 (37,5) 6 (85,7) 4 (80) 30 (45,5) 5 (62,5) 5 (62,5) 1 (14,3) 1 (20) 1 (2,8) 1 (1,5) 0 0 0 0 m1 14 (38,9) 25 (37,9) 4 (50) 2 (25) 5 (71,4) 2 (40) m2 19 (52,8) 36 (54,5) 4 (50) 5 (62,5) 2 (28,6) 2 (40) m1/m2 3 (8,3) 5 (7,6) 0 1 (12,5) 0 1 (20) iceA2+ 33 (91,7) 58 (87,9) 7 (87,5) 8 (100) 6 (85,7) 5 (100) iceA2- 3 (8,3) 8 (12,1) 1 (12,5) 0 1 (14,3) 0 babA2+ 4 (11,1) 8 (12,1) 1 (12,5) 0 0 1 (20) babA2- 32 (88,9) 58 (87,9) 7 (87,5) 8 (100) 7 (100) 4 (80) Genótipos s1/s2 P 0,83 0,86 0,98 0,55 0,88 P 1,00 1,00 0,41 0,30 0,30 P 0,67 0,79 0,36 0,37 0,21 68 1 A região variável 3´do gene cagA (que contém as sequências EPIYA) também 2 foi avaliada nos pacientes H. pylori-positivos chagásicos (n=32) e não-chagásicos 3 (n=59) infectados por amostras H. pylori cagA-positivas. A Tabela 18 mostra a 4 distribuição geral dos genótipos de EPIYA entre os pacientes chagásicos e não- 5 chagásicos (P=0,126). 6 7 8 Tabela 18: Distribuição dos genótipos EPIYA de amostras cagA-positivas de pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não-chagásicos. Número (%) de pacientes H. pyloriGenótipos EPIYA positivos cagA-positivos Produto amplificado (pb) Chagásicos Não-chagásicos (n=32) (n=59) 0 1 (1,7) 500 ABC 16 (50) 35 (59,3) 600 ABCC 5 (15,6) 3 (5,1) 700 ABCCC 3 (9,4) 2 (3,4) 800 AB+ABC 0 8 (13,6) 500, 600 AB+ABCC 1 (3,1) 0 500, 700 ABC+ABCC 4 (12,5) 6 (10,2) 600, 700 ABC+ABCCC 1 (3,1) 3 (5,1) 600, 800 ABCC+ABCCC 2 (6,2) 1 (1,7) 700, 800 AB 9 10 11 Uma eletroforese em gel de agarose 1,5% representando os diferentes tipos dos 12 sítios EPIYA da proteína Cag de amostras de H. pylori estão demonstrados na Figura 2. 13 69 1 2 3 4 5 6 7 8 Figura 2. Eletroforese de amostras representativas dos diferentes sítios EPIYA da proteína CagA observados em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e nãochagásicos. PM: Marcador de peso molecular de 100 pares de bases; Colunas 1 e 6: EPIYA-ABC; Coluna 2: EPIYA-ABCC; Coluna 3: EPIYA-ABC+ABCCC; Coluna 4: EPIYA-AB+ABCC; Coluna 5: ABC+ABCC. 9 O número de sítios de EPIYA-C foi avaliado entre pacientes H. pylori cagA- 10 positivos chagásicos e não-chagásicos (Tabela 19). Foi detectado um maior número de 11 amostras contendo dois ou mais sítios de EPIYA-C no grupo de pacientes chagásicos 12 (50%) do que nos pacientes não-chagásicos (25%) (P=0,01). 13 14 70 1 2 Tabela 19: Número de sítios EPIYA-C na proteína CagA em pacientes H. pyloripositivos chagásicos e não-chagásicos Número (%) de pacientes H. pylori cagA+ Número de Sítios P Chagásicos Não-chagásicos EPIYA-C (n=32) (n=59) 0,01 Amostras cagA positivas ≥ 2 sítios EPIYA-C 16 (50) 15 (25) < 2 sítios EPIYA-C 16 (50) 44 (75) 3 4 5 Pacientes chagásicos apresentaram significativamente maior número de EPIYA 6 contendo dois ou mais sítios C do que os pacientes não-chagásicos com gastrite, 7 gastrite crônica ativa e metaplasia (P<0,05). Em relação à atrofia, ambos os grupos de 8 pacientes apresentaram prevalências semelhantes em relação ao número de sítios 9 EPIYA-C da proteína CagA (Tabela 20). 71 1 Tabela 20: Distribuição do número de sítios de EPIYA-C em pacientes H. pylori-positivos de acordo com diferentes manifestações gástricas. Número (%) de pacientes H. pylori-positivos de acordo com diferentes manifestações gástricas Gastrite Nº de Sítios EPIYA-C Gastrite ativa Chagásicos Não-chagásicos (n=32) (n=59) <2 EPIYA-C 16 (50) 44 (74,6) ≥2 EPIYA-C 16 (50) 15 (25,4) P 0,01 Chagásicos Não-chagásicos (n=29) (n=52) 14 (48,3) 39 (75) 15 (51,7) 13 (25) Atrofia P 0,01 Metaplasia Chagásicos Não-chagásicos (n=6) (n=6) 3 (50) 4 (66,7) 3 (50) 2 (33,3) P 0,55 Chagásicos Não-chagásicos (n=7) (n=3) 2 (57,1) 3 5 (71,4) 0 P 0,03 2 3 72 73 1 6. Discussão 2 Aproximadamente metade da população mundial se encontra infectada pelo H. 3 pylori, uma bactéria Gram-negativa que é considerada a principal causa de gastrite. 4 Todos os indivíduos infectados pelo H. pylori desenvolvem gastrite devido à resposta 5 imune local contra a bactéria, mas a maioria das pessoas permanece assintomática. Em 6 uma pequena porcentagem de indivíduos infectados, a gastrite crônica pode evoluir para 7 lesões mais graves, como a úlcera péptica, gastrite atrófica (alteração precursora do 8 carcinoma gástrico) e linfoma tipo MALT. Neste estudo, foi encontrado uma alta 9 prevalência de gastrite e de infecção por H. pylori em ambos os grupos de pacientes 10 chagásicos e não-chagásicos. Apesar de estudos anteriores terem relatado resultados 11 semelhantes ao avaliar um pequeno número de chagásicos (BARBOSA et al., 1993; 12 OLIVEIRA et al., 1997), o presente estudo é o primeiro com grupo controle a 13 demonstrar que a infecção por H. pylori é a principal causa de gastrite em pacientes 14 com doença de Chagas. 15 Além disso, encontramos alguns pacientes chagásicos e não-chagásicos com 16 gastrite que não estavam infectados pelo H. pylori. Este fenômeno de gastrite crônica 17 ativa sem a presença detectável de H. pylori parece estar em ascensão no ocidente e 18 algumas explicações possíveis para este fato incluem antibioticoterapia para o 19 tratamento de outras infecções, uso generalizado de IBPs, amostragem inadequada ou 20 técnicas de colorações abaixo do ideal, como foi anteriormente sugerido 21 (NORDENSTEDT et al., 2013; GENTA E LASH, 2010). De fato, neste estudo aproximadamente 22 47% dos pacientes não-chagásicos estavam em uso de IBPs, enquanto que no grupo dos chagásicos essa 23 taxa foi menor (~21%). 24 evitar resultados falsos-negativos, visto que não existe um único teste que é considerado 25 "padrão ouro" para o diagnóstico de infecção pelo H. pylori. Entre os ensaios, foi 26 incluído um teste sorológico comercial, que tem uma elevada sensibilidade e No entanto, foram utilizados vários métodos de diagnóstico para 74 1 especificidade (GRANBERG et al., 1993) e não é influenciado por uma diminuição 2 temporária ou recente na carga bacteriana causada pelo uso de IBPs ou terapia 3 antibiótica inespecífica. Desta forma, acreditamos que a chance de ter pacientes falsos 4 H. pylori-negativos com gastrite na população do estudo é baixa. Portanto, outras causas 5 de gastrite devem ser consideradas nos pacientes H. pylori-negativos, especialmente 6 aqueles com doença de Chagas, visto que a intensidade (na mucosa do corpo) e a 7 atividade (na mucosa antral) da gastrite foram significativamente mais elevadas neste 8 grupo de pacientes do que no grupo de não-chagásicos. Com base nestes resultados, 9 especulamos que fatores inerentes a infecção pelo T. cruzi podem induzir o 10 desenvolvimento de gastrite nos pacientes H. pylori-negativos; esta hipótese merece 11 maiores investigações. 12 A infecção crônica pelo H. pylori exerce efeitos profundos e diversificados na 13 secreção de ácido gástrico, que dependem do grau e localização da gastrite e estão 14 relacionados 15 predominantemente antral, H. pylori aumenta a secreção de ácido, o que predispõe à 16 úlcera duodenal, enquanto que nos outros com gastrite predominantemente no corpo ou 17 pangastrite, a secreção de ácido é prejudicada, resultando em atrofia gástrica e esses 18 indivíduos têm um risco aumentado de câncer gástrico (MCCOLL et al., 1998). Na 19 forma digestiva da doença de Chagas, uma desnervação parcial do estômago ao nível 20 dos plexos intramurais foi demonstrado, induzindo vários distúrbios gástricos motores e 21 de secreção, incluindo o atraso do esvaziamento gástrico de sólidos, hipergastrinemia e 22 reduzida secreção de ácido gástrico (OLIVEIRA et al., 1998; REZENDE et al., 1985; 23 ROCHA et al., 2009). No entanto, as alterações fisiológicas gástricas e os efeitos sobre 24 o resultado clínico, que poderiam ser causados pela co-infecção H. pylori/T. cruzi 25 crônica são desconhecidas. Em um estudo anterior, realizado antes da descoberta do H. às consequências da doença. Em indivíduos com gastrite 75 1 pylori, CENEVIVA et al. (1971) avaliaram pacientes com úlceras pépticas submetidos 2 a cirurgia e relataram uma maior prevalência de úlcera gástrica do que de úlceras 3 duodenais entre aqueles pacientes com doença de Chagas. 4 Além disso, em dois estudos adicionais sem grupo controle, de pacientes com 5 megaesôfago (REZENDE et al., 1985) e a forma clínica indeterminada (OLIVEIRA et 6 al., 1997) da doença de Chagas, uma prevalência similar de úlcera gástrica e úlcera 7 duodenal foi encontrada. No presente estudo, apesar de nenhum dos pacientes com 8 doença de Chagas ter sido diagnosticado com úlcera duodenal, encontramos uma 9 prevalência semelhante de úlcera gástrica entre os pacientes chagásicos e não- 10 chagásicos avaliados. Estes resultados conflitantes podem estar relacionados com o 11 desenho e a população do estudo, visto que as formas clínicas da doença de Chagas 12 assim como a média de idade entre os pacientes eram diferentes (GROENEN et al., 13 2009). No entanto, todos os pacientes chagásicos com úlcera gástrica neste estudo eram 14 H. pylori-positivos, sugerindo que esta doença gástrica é realmente associada com a 15 infecção pela bactéria e não com a doença de Chagas como se acreditava antes da era H. 16 pylori. 17 Em geral, a prevalência de atrofia gástrica e metaplasia intestinal no antro e no 18 corpo foi semelhante entre pacientes chagásicos e não-chagásicos. No entanto, são 19 desconhecidas as razões pelas quais os pacientes com a forma digestiva da doença de 20 Chagas apresentaram uma prevalência significativamente maior de atrofia no corpo do 21 que aqueles com as outras formas clínicas, que apresentaram uma prevalência 22 significativamente maior de metaplasia intestinal na região do antro. 23 estudos também avaliaram as características histológicas gástricas de pacientes 24 chagásicos, embora apenas a mucosa antral foi examinada. BARBOSA et al. (1993) 25 relataram atrofia antro em 47% dos pacientes com a forma digestiva, uma prevalência Dois outros 76 1 superior à encontrada em nosso estudo (15%). Em contraste, OLIVEIRA et al. (1997) 2 não encontraram atrofia ou metaplasia intestinal em pacientes com a forma 3 indeterminada da doença de Chagas. 4 A alta prevalência de co-infecção pelo T. cruzi e H. pylori encontrada no 5 presente estudo (~70%) e em outros, não é surpreendente uma vez que a transmissão de 6 ambos os patógenos está associada a precárias condições socioeconômicas (BARBOSA 7 et al., 1993; OLIVEIRA et al., 1997; PINAZO et al., 2010; NASCIMENTO et al., 8 2002; FONSECA et al., 2012). Além disso, no Brasil, que é considerado um país em 9 desenvolvimento, a prevalência da infecção pelo H. pylori é alta e varia de 55% a 87% 10 de acordo com a região geográfica (ROCHA et al., 2003; PARENTE et al., 2006). Não 11 houve diferença significativa na prevalência da infecção pelo H. pylori entre as formas 12 clínicas da doença de Chagas no presente estudo e em outros estudos anteriores 13 (NASCIMENTO et al., 2002; FONSECA et al., 2012), demonstrando que os pacientes 14 com a forma digestiva não apresentam alto risco para a infecção por H. pylori, apesar da 15 hipocloridria demonstrada nesses pacientes (OLIVEIRA, 1972; PADOVAN et al., 16 1982; TRONCON et al., 1984), uma condição que pode favorecer a colonização 17 gástrica pelo H. pylori (AMIEVA E EL-OMAR, 2008; SCHREIBER et al., 2005). 18 Os polimorfismos existentes em genes envolvidos na regulação da resposta 19 inflamatória, como naqueles que codificam a IL-1β e IL-1RN, aumentam o risco de 20 desenvolvimento de carcinoma gástrico. Na presença desses polimorfismos, com troca 21 dos alelos, há um aumento da produção de IL-1β que potencializa a resposta 22 inflamatória crônica à infecção pelo H. pylori, resultando em hipocloridria, atrofia no 23 corpo do estômago e aumento do risco de desenvolvimento do carcinoma gástrico (EL- 24 OMAR et al., 2000). 77 1 Neste estudo, observamos que o genótipo heterozigoto da IL-1β-31(T/C) e IL- 2 1β-511 (C/T) foi o mais prevalente entre pacientes chagásicos e não-chagásicos. Apesar 3 dos alelos polimórficos influenciarem a maior produção da IL-1β e consequentemente 4 criar um ambiente mais propício para o desenvolvimento da infecção crônica pelo H. 5 pylori, não houve associação desses polimorfismos com nenhuma das alterações 6 gástricas estudadas, incluindo a gastrite, atrofia e metaplasia intestinal. 7 BARBOSA et al. (2009) avaliaram um grupo de pacientes H. pylori-positivos 8 com gastrite, úlcera gástrica e úlcera duodenal do estado do Pará, na região norte do 9 país e encontraram maior prevalência dos alelos polimórficos da IL-1β nas posições -31 10 e -511, porém, não foi encontrada associação entre esses polimorfismos e o câncer 11 gástrico. Recentemente, alguns estudos encontraram predomínio do alelo T da IL-1β- 12 511 em pacientes infectados pelo H. pylori (QUEIROZ et al. 2004; SANTOS et al. 13 2012) e foi demonstrado uma associação entre o genótipo -511C/T e -511C/C com a 14 presença de gastrite crônica e câncer gátrico (SANTOS et al. 2012). Apesar de o Brasil 15 ser um país com uma alta diversidade étnica da população devido à miscigenação de 16 raças ocorrida no passado, é comum encontrar estudos que demonstram os mesmos 17 padrões de distribuição de alelos dos polimorfismos, uma vez que os brasileiros 18 compartilham um padrão genético comum (PARRA et al., 2003). 19 Em relação à doença de Chagas, não houve diferença significativa em relação 20 aos polimorfismos estudados e a co-infecção H.pylori/T.cruzi e nem com as formas 21 clínicas da doença de Chagas. Inicialmente, era esperado que os pacientes com doença 22 de Chagas apresentassem uma prevalência diferente em relação aos polimorfismos da 23 IL-1β e IL-1RN quando comparados ao grupo controle, uma vez que a hipocloridria é 24 uma condição frequente em pacientes chagásicos com a forma digestiva da doença. 78 1 Entretanto, no presente estudo foi demonstrado prevalências semelhantes dos alelos, 2 independente do polimorfismo avaliado. 3 Dados sobre polimorfismos da IL-1β em pacientes chagásicos ainda são 4 escassos. Em um estudo realizado na Colômbia para avaliar a possível associação entre 5 alguns polimorfismos (dentre eles a IL-1β-31, -511 e IL-1RN) em pacientes chagásicos 6 com a forma cardíaca e com a forma indeterminada, foi demonstrado que a distribuição 7 geral dos alelos e genótipos em pacientes com cardiomiopatia chagásica e 8 assintomáticos é similar (FLORÉZ et al., 2006). No México, foi demonstrado uma 9 associação entre o alelo G da IL-1β (+5810) e o risco de desenvolvimento da 10 cardiomiopatia chagásica crônica. Entretanto, em relação aos polimorfismos nas 11 posições -511(C/T) e -31 (T/C) nenhuma associação foi encontrada (CRUZ-ROBLES et 12 al., 2009). 13 Os polimorfismos da IL-1RN são associados à regulação da atividade da IL-1β e 14 estão relacionados ao desenvolvimento do câncer gástrico (EL-OMAR et al., 2000). 15 Tem sido demonstrado que indivíduos com o genótipo IL-1RN2 têm maiores níveis 16 circulantes de IL-1β. Entretanto, no presente estudo houve predomínio do alelo 1 da IL- 17 1RN e ainda, não foi encontrada nenhuma associação entre os polimorfismos da IL-1RN 18 com a doença de Chagas e nem com as doenças gástricas associadas à infecção por H. 19 pylori como a gastrite crônica, atrofia e metaplasia. SANTOS et al. (2012) também não 20 encontraram associação entre os genótipos da IL-1RN e os subgrupos de pacientes com 21 gastite crônica e câncer gástrico do estado de São Paulo, embora outros estudos 22 realizados no Brasil tenham demonstrado que o alelo IL-1RN2 está associado com o 23 desenvolvimento de câncer gástrico em diferentes populações (BARBOSA et al., 2009). 24 Alguns fatores de virulência têm sido associados com diferentes doenças 25 resultantes da infecção crônica pelo H. pylori. Estudos tem demonstrado diferenças 79 1 regionais na distribuição dos alelos vacA e da presença do gene cagA em amostras de 2 H. pylori e sua associação com o desenvolvimento de doenças gastrointestinais 3 (ZHENG et al., 2000; MARTINS et al., 2005). Os dados do presente estudo mostraram 4 que os alelos s1 e m2 foram os mais frequentemente detectados nos grupos de pacientes 5 chagásicos e não-chagásicos (~55%). A frequência de s1 encontrada foi semelhante 6 àquela encontrada em outros países como França, Canadá, Itália e Estados Unidos 7 (~60%) (YAMAOKA et al., 1999). No Brasil, ASHOUR et al. (2002) detectaram uma 8 maior prevalência (83,1%) do alelo s1 em amostras de H. pylori de pacientes adultos 9 com complicações gástricas e que foram submetidos à cirurgia para retirada de 10 carcinoma gástrico. Similarmente, YAMAOKA et al. (1999) também detectaram alta 11 prevalência (71,4%) do mesmo alelo em pacientes com distúrbios gastrointestinais 12 como gastrite, úlcera duodenal e carcinoma gástrico. 13 O alelo s1 tem sido associado à presença de úlcera péptica quando comparado ao 14 alelo s2, uma vez que o alelo s1 estaria relacionado a uma maior quantidade de 15 citotoxina ativa, sendo assim um tipo mais virulento (ATHERTON et al., 1995). Neste 16 estudo, foi demonstrado que a maioria dos pacientes chagásicos e não-chagásicos com 17 úlcera gástrica estavam infectados por amostras de H. pylori que possuíam o alelo s1, 18 porém, não foi encontrada associação entre os diferentes alelos e a presença de úlcera 19 nos pacientes chagásicos e não-chagásicos. Um estudo realizado em Fortaleza no Ceará, 20 onde foram avaliados pacientes adultos com câncer gástrico, úlcera péptica e gastrite, o 21 alelo s1 foi detectado em 83,3%, 71,4% e 72,4%, respectivamente. Esses autores 22 demonstraram uma associação com a presença do alelo s1 quando avaliados em 23 conjunto os pacientes com úlcera péptica e carcinoma gástrico e ainda, demonstraram 24 que o alelo mais virulento vacA s1 predominou entre as amostras de H. pylori mesmo 25 no grupo de pacientes sem doenças graves associadas a infecção pelo H. pylori 80 1 (CAVALCANTE et al., 2012). MARTINS et al. (2005) encontraram uma frequência de 2 79,6% do alelo s1 em pacientes com gastrite e úlcera péptica e ainda demonstraram 3 associação entre o genótipo s1 com o desenvolvimento de úlcera péptica. Em 4 contrapartida, assim como no presente estudo, MATTAR et al. (2005) não encontraram 5 associação entre a presença do gene cagA e os alelos de vacA com o desenvolvimento 6 de úlcera péptica na população estudada do estado de São Paulo. 7 Ao serem analisados os alelos da região m, a maioria dos pacientes chagásicos e 8 não-chagásicos estava infectada por amostras de H. pylori que possuíam o tipo m2. Os 9 alelos da região mediana (m1 e m2) estão associados com os níveis de citotoxina 10 produzidos, sendo que o alelo m1 está relacionado com maior produção de citotoxina e 11 o alelo m2 com pouca produção da mesma (ATHERTON et al., 1995). De maneira 12 geral, a distribuição dos alelos m é mais homogênea do que a dos alelos s (VAN 13 DOORN et al., 1999). Porém, resultados diferentes foram relatados por pesquisadores 14 brasileiros que observaram 61,8% e 36,4% respectivamente para os alelos m1 e m2 15 (ASHOUR et al., 2002). MARTINS et al. (2005) encontraram uma alta prevalência do 16 alelo m1 (75,4%) em pacientes com gastrite e úlcera péptica enquanto que o alelo m2 17 foi detectado em apenas 21,2%. Entretanto, outro estudo realizado na região sudeste do 18 Brasil, onde foram avaliados pacientes H. pylori-positivos com dispepsia, úlcera 19 péptica, gastrite erosiva e doença do refluxo gastroesofágico, o alelo m2 foi detectado 20 em 65% dos pacientes e foi associado à dispepsia (RIBEIRO et al., 2003). 21 Assim como o vacA, a prevalência de amostras cagA-positivas varia de uma 22 região geográfica para outra. Em países orientais como China e Japão, praticamente 23 todas as amostras de H. pylori são cagA-positivas enquanto que em países como 24 Estados Unidos e no Brasil, as amostras cagA tem sido mais frequentemente 25 encontradas em pacientes com úlcera ou câncer gástrico (ASHOUR et al., 2002). No 81 1 presente estudo, o gene cagA foi detectado na maioria dos pacientes chagásicos e não- 2 chagásicos. A prevalência do gene cagA também foi similar quando avaliamos os 3 pacientes chagásicos com as diferentes formas clínicas da doença. Recentemente, 4 estudos tem demonstrado uma alta positividade para o gene cagA em amostras de H. 5 pylori obtidas de pacientes com gastrite (CAVALCANTE et al., 2012; RAMIS et al., 6 2010), úlcera péptica e câncer gástrico (CAVALCANTE et al., 2012). 7 No presente estudo, foi demonstrado que todos os pacientes chagásicos com 8 úlcera gástrica estavam infectados por amostras de H. pylori cagA-positivas assim 9 como a maioria dos pacientes não-chagásicos com úlcera gástrica e úlcera duodenal. A 10 presença do gene cagA em pacientes H. pylori-positivos chagásicos e não chagásicos 11 com atrofia e metaplasia intestinal foi avaliada e apesar da alta positividade encontrada, 12 não foi observada associação entre a presença do gene cagA com o desenvolvimento de 13 úlcera, atrofia e metaplasia intestinal, uma vez que o número de pacientes chagásicos e 14 não-chagásicos incluídos no estudo que apresentavam essas alterações foi pequeno. 15 No Brasil, a alta prevalência do gene cagA nas amostras de H. pylori tem sido 16 associada com o câncer gástrico (EVANS et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2003; 17 CAVALCANTE et al., 2012) e úlcera péptica (EVANS et al., 1998; OLIVEIRA et al., 18 2003; MARTINS et al., 2005, GATTI et al., 2006). Estudos realizados em outros países 19 da América Latina também relataram alta prevalência (71%) do gene cagA na 20 população estudada, como demonstrado por ARÉVALO-GALVIS et al. (2012) na 21 Colômbia. Em contrapartida, uma baixa prevalência do gene cagA foi detectada em 22 uma população do sudeste Asiático, onde apenas 39,5% dos pacientes com úlcera 23 estavam infectados por amostras de H. pylori cagA-positivas e nenhuma associação foi 24 encontrada (AMJAD et al., 2010). 82 1 Recentemente foram descritos sítios de fosforilação na proteína CagA 2 denominados EPIYA (Glu-Pro-lle-Tyr-Ala) A, B, C e D de acordo com a sequência dos 3 aminoácidos. A proteína CagA quase sempre possui sítios EPIYA A e B que podem ou 4 não conter um, dois ou três sítios C, em amostras que circulam nos países ocidentais, ou 5 um sítio D, em países do Leste Asiático (HATAKEYAMA, 2011). O número 6 aumentado do sítio EPIYA-C tem sido associado com fenômenos celulares que 7 predispõem ao câncer gástrico no nosso país, como demonstrado por BATISTA et al. 8 (2011) que encontraram associação entre o número de repetições EPIYA-C com o 9 aumento do risco para desenvolvimento de câncer gástrico mesmo após ajuste de fatores 10 como idade e sexo. Esses autores ainda demonstraram que o aumento do número de 11 repetições EPIYA-C está associado à gastrite atrófica e metaplasia intestinal. De acordo 12 com os resultados do presente estudo, foi observado que os pacientes chagásicos e não- 13 chagásicos com maior número de sítios EPIYA-C tinham mais frequentemente gastrite, 14 gastrite ativa e metaplasia intestinal, porém não encontramos a mesma associação em 15 relação ao desenvolvimento de gastrite atrófica. QUEIROZ et al. (2012) demonstraram 16 associação entre um maior número de repetições de sítios EPIYA-C com o aumento da 17 inflamação gástrica na região do corpo do estômago, hiperplasia foveolar e atrofia. 18 Outro fator de virulência estudado, o gene iceA (induzido pelo contato com o 19 epitélio), possui dois alelos variantes, iceA1 e iceA2. Alguns autores demonstraram 20 associação do alelo iceA1 com o desenvolvimento da úlcera péptica nos Estados Unidos 21 (PEEK et al., 1998) e Holanda (VAN DOORN et al., 1998) enquanto que em outros 22 países esta associação não foi confirmada (YAMAOKA et al., 1999). Os dados do 23 presente estudo mostraram que apesar de não ter sido encontrada nenhuma associação 24 quando avaliado a presença gene iceA nos pacientes chagásicos e não-chagásicos com 25 gastrite, atrofia e metaplasia, o alelo iceA2 foi o mais prevalente em ambos os grupos. 83 1 Estes dados, estão de acordo com os descritos no estado de Minas Gerais por ASHOUR 2 et al. (2001), onde foi detectado uma alta prevalência do alelo iceA2 (90,1%) em 3 adultos e crianças. Resultados semelhantes foram descritos por YAMAOKA et al. 4 (1999) para amostras obtidas de pacientes da Colômbia e do Texas. Foi sugerido que a 5 atividade da resposta inflamatória seria maior em indivíduos infectados por amostras de 6 H. pylori carreadoras do alelo iceA1 (PEEK et al., 2000) entretanto, de acordo com os 7 dados encontrados neste estudo, assim como no estudo de ASHOUR et al., (2001) onde 8 a maioria dos pacientes com diferentes manifestações clínicas estavam infectados por 9 amostras carreadoras do alelo iceA2, podemos especular que outros fatores de 10 virulência ou fatores do hospedeiro sejam mais importantes do que os alelos de iceA no 11 desenvolvimento dessas lesões. 12 A presença do gene babA2, que codifica BabA (blood-group antigen-binding 13 adhesin A), tem sido associada à úlcera duodenal em adultos (OLIVEIRA et al., 2003). 14 Embora três alelos bab tenham sido identificados (babA1, babA2 e babB), somente 15 babA2 é necessário para que ocorra a ligação da bactéria aos antígenos de Lewis b 16 expressos na mucosa gástrica (PRIDE et al., 2001). Alguns autores tem demonstrado 17 associação entre o alelo babA2 e a presença de úlcera duodenal e câncer gástrico 18 (GERHARD et al., 1999). OLIVEIRA et al. (2003) detectaram o alelo babA2 em 19 46,15% das amostras de H. pylori e ainda encontraram associação do alelo com a 20 presença de úlcera duodenal e carcinoma gástrico. 21 A prevalência do gene bab também é variável de acordo com a população 22 estudada. No Brasil, GATTI et al. (2005) encontraram uma prevalência similar do alelo 23 babA2 (44%) àquela detectada por OLIVEIRA et al. (2003), porém esses autores 24 encontraram relação entre a presença do babA2 e a gastrite crônica, mas não com a 25 úlcera duodenal. Na Colômbia, o alelo babA2 foi detectado em 57% das amostras de H. 84 1 pylori provenientes de pacientes com dispepsia funcional (ARÉVALO-GALVIS et al., 2 2012). Comparando os dados de prevalência do gene babA na população brasileira e 3 também de outras regiões geográficas, a prevalência deste gene foi bem menor no 4 presente estudo. Em outro estudo realizado por GATTI et al. (2006), o alelo babA2 foi 5 detectado em 40,4% das amostras isoladas da região sudeste do país e assim como no 6 nosso estudo, o alelo babA2 não foi associado com nenhuma doença gástrica decorrente 7 à infecção por H. pylori. Esta diferença regional em relação à prevalência do babA2 8 ainda é controversa e pode ser devido a uma diferença na frequência do gene das 9 amostras de H. pylori que circulam pelo Brasil. 10 Os resultados do presente estudo demonstraram que a co-infecção pelo H. pylori 11 e o T. cruzi é frequente, independentemente da forma clínica da doença de Chagas; e 12 que a gastrite crônica comum nestes pacientes se deve a infecção pelo H. pylori. 13 Adicionalmente, os fatores de virulência bacterianos não foram associados às 14 amostras que infectam esses pacientes e nenhum dos polimorfismos nos genes das 15 citocinas pesquisadas parece predispor a co-infecção. 16 Pelo exposto, acreditamos que a investigação e o tratamento da infecção por H. 17 pylori pode resultar em uma melhora de sintomas não específicos do trato 18 gastrointestinal superior dos pacientes com a doença Chagas, além de prevenir o 19 desenvolvimento de doenças gástricas mais graves associadas com o H. pylori. 85 86 1 7. Conclusões 2 3 Não houve diferença significativa entre os subgrupos de chagásicos em relação 4 ao status H. pylori, gastrite crônica, gastrite crônica ativa, úlcera gástrica e 5 esofagite. 6 7 A infecção por H. pylori é a principal causa de gastrite crônica ativa mesmo nos 8 pacientes com doença de Chagas. 9 10 Não houve associação entre os polimorfismos da IL-1β e IL-1RN e a co-infecção 11 H. pylori/T. cruzi. 12 13 Não houve diferença entre as amostras de H. pylori provenientes de pacientes 14 chagásicos e não-chagásicos com relação aos fatores de virulência cagA, vacA, 15 babA2 e iceA. 16 17 Não houve diferença significativa em relação à prevalência dos genótipos 18 EPIYA da proteína CagA de pacientes chagásicos e não-chagásicos infectados 19 por amostras de H. pylori cagA-positivas. 20 87 88 1 REFERÊNCIAS 2 AMIEVA MR, EL-OMAR EM. 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