O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com
situações problemas em sala de aula
Josiane Faxina
Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”
Câmpus Bauru
e-mail: [email protected]
Comunicação Oral
Pesquisa em andamento
INTRODUÇÃO
Ao ingressar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, as crianças já trazem
consigo experiências que remetem à matemática, bem como sua curiosidade
investigativa, comum em seu cotidiano.
Muitas vezes, na matemática, a prioridade são os exercícios nos quais o objetivo
é aprender a realizar cálculos. Com as situações problemas não é diferente, é utilizada
como meio para se consolidar a realização das operações.
Assim, o real potencial do trabalho com a resolução de problemas deixa a
desejar quando o único desafio da criança é descobrir com qual operação se resolve o
problema. Ainda é muito presente práticas pedagógicas que estão arraigadas de
aspectos tradicionalistas, bem como os próprios livros didáticos que a cada ano
repetem os mesmos tipos de atividades, que se utilizam da resolução de problemas de
forma mecânica e procedimental.
De acordo com Pozo (1998, p.14), o trabalho com situações problema em sala
de aula vai além da resolução do mesmo em si:
Ensinar a resolver problemas não consiste somente em dotar os
alunos de habilidades e estratégias eficazes, mas também em criar neles o
hábito e a atitude de enfrentar a aprendizagem como um problema para o
qual deve ser encontrada uma resposta.
O professor dos anos iniciais tem o desafio de inserir a criança no mundo dos
saberes sistematizados e garantir uma aprendizagem significativa.
Numa perspectiva de aprendizagem autônoma, o ensino da matemática deve
enfatizar as relações com a realidade já vivida pela criança, mais do que com uma
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realidade artificial, inventada com o único propósito de servir como exemplo para
aplicação de um conteúdo, ou seja, tornar o trabalho com situações problemas um
mero treino de exercícios.
METODOLOGIA
A pesquisa que está em andamento no Programa de Pós Graduação em
Docência para a Educação Básica da Unesp, Câmpus Bauru, tem como objetivo
analisar as principais escolhas metodológicas para o ensino da matemática nas séries
iniciais e identificar a perspectiva que os professores das séries iniciais têm a respeito
do trabalho com situações problemas em sala de aula. É de abordagem qualitativa, que
de acordo com Sampieri (2013) permite a exploração dos fenômenos em profundidade,
pois é realizada em ambientes naturais, analisando as múltiplas realidades subjetivas.
A metodologia utilizada será a aplicação de questionários com professores que
lecionam nos primeiros anos das séries iniciais do Ensino Fundamental.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para tanto o referencial teórico procura explicitar como a pesquisa pretende
contribuir para o debate sobre metodologia num posicionamento crítico frente a
mecanismos didáticos oriundos do tecnicismo e impostos por diversos livros didáticos
para a prática docente, no sentido de levar a uma reflexão sobre novas metodologias
no ensino matemático em especial as reais potencialidades do trabalho com situação
problemas em sala de aula.
Há, portanto, a necessidade de investigar a representação que os professores
das séries iniciais tem sobre a metodologia da aprendizagem baseada na resolução de
problemas.
Ensinar Matemática no Ensino Fundamental não se justifica apenas pelo
desenvolvimento do raciocínio lógico, mas pela sua utilidade na resolução de
problemas do cotidiano, seu papel como essencial no conhecimento que nos cerca.
A prática de resolução de problemas, como importante instrumento do ensino da
Matemática, vem propor instigar o aluno a projetar, prever, abstrair, argumentar,
analisar, justificar, e a relacionar as observações às quais desenvolvem o raciocínio
lógico.
De acordo com Echeverría (1998, p. 43):
Esta relação entre Matemática e solução de problemas parece estar
implícita tanto nas crenças populares como em determinadas teorias
filosóficas, psicológicas e em determinados modelos pedagógicos. Entretanto,
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ela torna-se particularmente evidente a partir dos anos 80. Desde essa
época, o objetivo fundamental do ensino de Matemática na maioria dos
currículos ocidentais parece ser que o aluno se transforme em um
“solucionador competente de problemas”.
A atividade de resolver problemas está presente na vida das pessoas, exigindo
soluções que muitas vezes requerem estratégias de enfrentamento. O aprendizado de
estratégias auxilia o aluno a enfrentar novas situações em outras áreas do
conhecimento, além da matemática.
Sendo assim, é de suma importância que os professores tenham o
conhecimento de como trabalhar com situações problemas, a fim de desenvolver no
aluno a capacidade de resolver situações desafiadoras, interagir entre os pares,
desenvolver a comunicação, a criatividade e o senso crítico.
Dante (1998), afirma que embora tão valorizada, a resolução de problemas é
um dos tópicos mais difíceis de serem trabalhados na sala de aula. É muito comum os
alunos saberem efetuar os algoritmos e não conseguirem resolver um problema que
envolva um ou mais desses algoritmos. Isso se deve à maneira com que os problemas
matemáticos são trabalhados na sala de aula e apresentados nos livros didáticos,
muitas vezes apenas como exercícios de fixação dos conteúdos trabalhados.
A Matemática está fundamentada em uma atividade intelectual de elaboração,
abstração e construção. Portanto, deve-se buscar a superação de concepções
formalistas, as quais se baseiam mais na manipulação de símbolos e das regras do
que nos significados das relações estabelecidas entre a forma e o conteúdo.
Existe a necessidade de tomar sempre como ponto de partida situações
problema reais ou hipotéticas no lugar de apresentar contas carentes de significados.
Onuchic e Allevato (2004, p. 222) evidenciam que:
A resolução de problema deve acontecer num ambiente de
investimento orientada e baseada na observação de que a compreensão
aumenta quando o aluno é capaz essencialmente de relacionar uma ideia
matemática a um grande número ou a uma variedade de contextos.
Relacionarem um dado problema a um grande número de ideias matemáticas
implícitas nele, construir relações entre várias ideias matemáticas contidas
num problema.
Segundo Lopes (1994) apud SOARES & BERTONI PINTO, os professores, ao
planejarem seu trabalho, selecionando atividades de resolução de problemas, devem
estabelecer claramente os objetivos que pretendem atingir. O principal é analisar o
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potencial do problema no desenvolvimento de capacidades cognitivas, procedimento e
atitudes e na construção de conceitos e aquisição de fatos da Matemática. O melhor
critério para organizar um repertório é selecionar, ou mesmo formular problemas que
possibilitem aos alunos pensar sobre o próprio pensamento, que os coloquem diante
de variadas situações.
Portanto, o professor deve ter em mente os objetivos que deseja alcançar para
que possa fazer o uso adequado da resolução de problemas, seja para aplicar alguma
técnica ou conceito desenvolvido, trabalhar com problemas abertos nos quais há mais
de uma solução possível, suscitando o debate e a argumentação em defesa de cada
resolução.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados ainda são preliminares, uma vez que a pesquisa ainda está em
andamento, mas tais resultados demonstram que quando se sabe as finalidades de
resolução de problemas e de exercícios e como elas interferem no processo de ensino
e aprendizagem, é possível que o professor planeje o uso dessas atividades para
atingir seus objetivos. A resolução de problemas na matemática escolar pode ser
trabalhada de diversas maneiras, dependendo dos objetivos que o professor quer
atingir.
A perpetuação ou superação de ideias equivocadas em relação à Matemática e
o sucesso ou insucesso do aluno na disciplina estão diretamente ligados à concepção
assumida pelo educador. Diante disso, é necessário repensar o modo como se
apresenta e se faz Matemática na escola. No exercício da prática pedagógica, o
professor tem a possibilidade de repensar a sua prática pedagógica, que envolve
processos de avaliação, uso de diferentes metodologias de ensino, análise de
currículos e programas, entre outros aspectos.
PALAVRAS-CHAVE: Resolução de problemas; representação do professor; processo
ensino aprendizagem.
REFERÊNCIAS
DANTE, L. R. Didática da Resolução de Problemas de Matemática. 2ªed. São Paulo:
Ática,1998.
ONUCHIC, L. R.; AVELLATO, N. S. G. Novas reflexões sobre ensino e aprendizagem de
matemática através de resolução de problemas. In: BICUDO, M. A. V. e BORBA, M. C.
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(Org.). Educação matemática pesquisa em movimento. São Paulo: UNESP, 2004.p.213231.
ECHEVERRÍA, M.P.P.; POZO, J.I. (Org.). A solução de problemas: aprender a resolver,
resolver para aprender. Tradução: Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
SAMPIERI, R. Metodologia de Pesquisa. 5ª Ed. Porto Alegre: Penso, 2013.
SOARES, M. T. C., PINTO, N. B. Metodologia da resolução de problemas. In: 24ª Reunião
ANPEd, 2001, Caxambu. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/24/tp1.htm#gt19
Acesso em: 04 set. 2012.
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