ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO – AULA 6 CIV 247 – OBRAS DE TERRA – Prof. Romero César Gomes Taludes em Solos Reforçados / 30 Aula 6 6.1 Taludes Reforçados: Concepção Geral. 6.2 Análises de Estabilidade – Método Geral. 6.3 Análises de Estabilidade – Método de Jewell. 6.4 Método das Cunhas. 6.5 Ruptura Superficial. 6.6 Metodologias Construtivas. Taludes Reforçados: Concepção Geral talude não reforçado (suavizado) acréscimo da área útil talude reforçado (íngreme) Taludes Reforçados: Concepção Geral Taludes em solos reforçados são comumente analisados utilizando-se métodos convencionais da estabilidade de taludes e incorporando a ação dos reforços, considerando: • estabilidade interna (talude reforçado) • estabilidade externa (talude não reforçado) • estabilidade interna e externa Metodologias alternativas têm sido propostas, viabilizando a obtenção mais rápida das condições de estabilidade de taludes reforçados por meio de ábacos. estabilidade interna estabilidade externa estabilidade interna e externa Análises da Estabilidade – Método Geral • Concepção da Análise Extensão da metodologia clássica das análises da estabilidade de taludes por equilíbrio limite a taludes reforçados, com a inclusão dos efeitos devidos aos reforços. Assim, para uma dada superfície de ruptura interceptando um elemento de reforço, a análise inclui um momento resistente adicional (MR) ao equilíbrio global dos momentos, proporcionado pela força de tração T mobilizada no reforço (comumente admitida como sendo horizontal, desconsiderando-se os efeitos devido à deformabilidade do reforço). o FS nr = Mr c.L.R = Mi W.x n Mr + MR FS r = = Mi c.L.R + ∑ i =1 W.x Determina-se FSnr para a superfície crítica na condição de aterro não reforçado (passando pelo pé do talude na hipótese de base resistente). Ti .y i Análises da Estabilidade – Método Geral • Comprimentos de Ancoragem Os correspondentes comprimentos de ancoragem dos reforços (comprimento além da superfície crítica de ruptura, na zona resistente do maciço reforçado) são determinados pela seguinte relação: Pr = 2ασ' v .L ai .tgδ ≥ FS anc .Ti 1,5 σ 'h S L ai ≥ ≥ 1m 2f b .α σ' v tg φ ' tgδ = f b .tg φ Pr : resistência ao arrancamento do reforço (kN/m) fb : fator de interação solo - reforço α: fator de correção dos efeitos de escala σ’v : tensão vertical efetiva na interface solo - reforço φ’ : ângulo de atrito interno do solo FSanc : fator de segurança em relação à ancoragem do reforço (= 1,5) Análises da Estabilidade – Método de Jewell • Jewell (1989, 1996) - Taludes íngremes sobre base rígida q u ru = σv H u β B base rígida Características básicas do método: • superfície de deslizamento com a geometria de uma espiral logarítmica • incorpora na análise eventuais poropressões geradas no aterro reforçado, por meio do parâmetro ru • determinação dos coeficientes de empuxo kreq e dos comprimentos dos reforços Lr por meio de ábacos. Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de Jewell parâmetros de entrada • valores de ru = 0; ru = 0,25 e ru = 0,50 • q: sobrecarga uniformemente distribuída (convertida em Heqv), tal que: h0 = q γ ∴ H eqv = H + h 0 • H: altura do aterro reforçado (ou Heqv no caso de uma sobrecarga q) • β: inclinação do aterro reforçado • φ’: ângulo de atrito do solo do maciço em solo reforçado tg φ ' p φ ' = tg −1 fφ ≅ φ 'cv (para solos reforçados com geossintéticos) parâmetros de saída • coeficiente de empuxo lateral: kreq • comprimento admissível dos reforços para garantia da estabilidade interna global da estrutura : (Lr)int • comprimento admissível dos reforços para segurança da estrutura quanto ao deslizamento pela base: (Lr)sl Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de kreq para ru = 0 Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de L / H para ru = 0 Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de kreq para ru = 0,25 Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de L / H para ru = 0,25 Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de kreq para ru = 0,50 Análises da Estabilidade – Método de Jewell • ábacos de L / H para ru = 0,50 Análises da Estabilidade – Método de Jewell • Procedimentos do Método #1 – determinar kreq , (Lr)int e (Lr)sl em função do valor de ru nos ábacos de Jewell; #2 – adotar para Lr o maior valor obtido entre (Lr)int e (Lr)sl ; este valor deverá ser multiplicado por 0,8 / fb, sendo fb o coeficiente de interação solo – reforço, uma vez que os ábacos de Jewell foram estabelecidos para um valor de referência de fb = 0,8; #3 – calcular os espaçamentos (uniformes ou variáveis) entre os reforços pela seguinte relação: S≤ k sendo: d = Td k d γH eqv k req L 1- B L r e ou S≤ Td k d γz T 1 L B = d 2γ H 1 − ru 1 f b tg φ kd: coeficiente de empuxo de dimensionamento (valor corrigido de kreq devido à resistência por ancoragem) LB: comprimento de ancoragem do reforço na base do aterro reforçado Lr : maior valor obtido entre os comprimentos (Lr)int e (Lr)sl Td: resistência à tração do reforço adotada em projeto fb : coeficiente de interação solo – reforço Análises da Estabilidade – Método de Jewell #4 – reavaliar os espaçamentos (uniformes ou variáveis) entre os reforços de forma a equilibrar o diagrama das tensões horizontais dada na figura abaixo (para segurança contra mecanismos de ruptura superficiais) σ’h (σ’h)d q z kd σ’v zcrit Heqv E z acréscimo das tensões horizontais na região superior do talude como segurança contra a possibilidade de mecanismos de ruptura superficiais (σ' h )d (σ' h )min = γ z crit k req ≥ (σ' h )comp com z crit = H. LB Lr Análises da Estabilidade – Método de Jewell • Tensões Verticais na Base do Aterro Reforçado Q=qB xQ q xW H α W E β Ntgδb E base rígida B xR u y N= W + Q xR = Wx W + Qx Q − Ey E W+Q Análises da Estabilidade – Método de Jewell e= B − xR 2 • tensões verticais na base B σvmin σvmax N=W+Q xR σ vmax = 3x R 2N 2 − B B σ vmin = 2N 3x R − 1 ≥ 0 B B • FS à capacidade de carga da fundação N B' = B − 2e ∴ σ = B' qf FS f = ≥ 2 ,5 σ O comprimento final dos elementos de reforço é estabelecido mediante a observância completa de todas as análises de estabilidade interna e externa. O projeto é concluído com a análise da estabilidade global do maciço reforçado. Método das Cunhas (Schmertmann et al., 1987) • Geometria do Aterro e Hipótese do Método LT q h0 = q γ solo (γ,φ’) ∴ H eqv = H + h 0 Heqv H β LB Hipóteses Básicas: • superfície do terreno horizontal • reforços horizontais extensíveis • aterro em solo granular • sobrecarga uniforme q • aterro sem poropressões • fundação resistente • coeficiente de interação solo-reforço igual a 0,90 • superfície bilinear de ruptura (duas cunhas de solo) Método das Cunhas (Schmertmann et al., 1987) • Procedimentos do Método #1 – determinar K = f (β, φ’f) no ábaco I de Schmertmann et al. (1987) e calcular a força de tração máxima a ser mobilizada nos reforços pela seguinte relação: Tmax = 1 2 γKH eqv 2 #2 – calcular o número de reforços a serem instalados no aterro, pela seguinte relação: n min ≥ sendo Td a resistência à tração do reforço adotada para projeto e o espaçamento entre reforços: e 0,25m ≤ S ≤ 1,20m. Tmax Td S≤ H n #3 – no caso de aterros altos, subdividir o maciço reforçado em 3 zonas distintas, cada uma com altura Heqv/3 e com os reforços dimensionados para 1/2Tmax, 1/3Tmax e 1/6Tmax para os terços da base, intermediário e de topo, respectivamente; #4 – determinar os valores de (LB, LT) = f (β, φ’f) no ábaco II de Schmertmann et al. (1987); estes valores foram dimensionados para atender a condição de ancoragem adequada dos reforços e, caso necessário, deverão ser multiplicados por 0,9 / fb, sendo fb o coeficiente de interação solo – reforço, uma vez que os ábacos de Schmertmann et al. foram estabelecidos para um valor de referência de fb = 0,9. Método das Cunhas (Schmertmann et al., 1987) • Ábaco I K = f (β, φ ' f ) Método das Cunhas (Schmertmann et al., 1987) • Ábaco II (L B , L T ) = f (β, φ 'f ) Ruptura Superficial (Thielen et al., 1991) • Análise de Ruptura Superficial (talude saturado) análise para talude infinito solo (c’,γsat , φ’) sup. potencial de ruptura H z solo (c’,γ, φ’) z – profundidade da zona de solo saturado Fg – somatório das forças de tração nos reforços β FS = ( c'H + (γ sat − γ w )Hz cos 2 β tgφ' + Fg sen β cos β + sen 2 β tgφ' γ sat Hz sen β cos β ) (Thielen et al., 1991) Metodologias Construtivas • Reforços intermediários e envelopamento da face (inclinação ≤ 45°) •reforços intermediários 1.3m < L < 2.0m 0.3m < S < 0.6m • reforços primários + reforços intermediários Metodologias Construtivas • Paramento em fôrmas metálicas (inclinação > 45°) fôrma metálica tensor afastamento para manutenção da inclinação do talude fôrma posicionada e compactação da 1a camada Instalação da nova fôrma fixada à anterior Metodologias Construtivas Metodologias Construtivas Metodologias Construtivas Metodologias Construtivas Metodologias Construtivas • Proteção da Face Metodologias Construtivas • Cobertura Vegetal da Face Exemplo de Projeto - 1 Dimensionar o aterro reforçado para a geometria indicada abaixo, utilizando-se geotêxteis não tecidos como elementos de reforço e adotando-se a metodologia proposta por Jewell. 10 kPa solo: γ = 17 kN/m3 c’ = 0 φ’cv = 31° 1 6m 6 reforço: Td = 18 kN/m fb = 0,6 aterro reforçado: ru = 0 e ru = 0,20 base rígida Exemplo de Projeto - 2 Dimensionar o aterro reforçado (arranjo geral com 3 zonas distintas, espaçamentos e comprimentos variáveis) para a geometria indicada abaixo, utilizando-se geogrelhas de uma determinada marca (quadro em anexo) e adotando-se a metodologia proposta por Schmertmann et al (1987). Apresentar o arranjo geral obtido e propor reforços intermediários, caso necessário. 12 kPa Geogrelha A: Td = 11,7 kN/m Geogrelha B: Td = 20,4 kN/m Geogrelha C: Td = 22,5 kN/m Geogrelha D: Td = 34,4 kN/m Geogrelha E: Td = 46,7 kN/m Geogrelha F: Td = 55,4 kN/m 15, 2 m 18,8 kN/m3