Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Programa de Mestrado Profissional em Administração de Empresas Claudemir de Sousa Silva EFEITOS DA DIVERSIFICAÇÃO E DA EXPERIÊNCIA DO FRANQUEADO NA EXPANSÃO DE SUAS LOJAS: EVIDÊNCIAS DO VAREJO DE VESTUÁRIO E CALÇADOS São Paulo 2014 Claudemir de Sousa Silva Efeitos das Diversificação e da Experiência do Franqueado na Expansão de suas Lojas: Evidências do Varejo de Vestuário e Calçados Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração de Empresas do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas. Área de concentração: Estratégia Corporativa Orientador: Prof. Dr. Henrique Machado Barros – Insper São Paulo 2014 i Silva, Claudemir de Sousa Efeitos da Diversificação e da Experiência do Franqueado na Expansão de suas Lojas: Evidências do Varejo de Vestuário e Calçados / Claudemir de Sousa Silva; orientador: Henrique Machado Barros – São Paulo: Insper, 2014. 42 f. Dissertação (Mestrado – Programa de Mestrado Profissional em Administração de Empresas. Área de concentração: Estratégia Corporativa) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. 1. Franchising 2. Diversificação 3. Estratégia ii FOLHA DE APROVAÇÃO Claudemir de Sousa Silva Efeitos da Diversificação e da Experiência do Franqueado na Expansão de suas Lojas: Evidências do Varejo de Vestuário e Calçados Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração de Empresas do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas. Área de concentração: Estratégia Corporativa Aprovado em: _______________ Banca Examinadora Prof. Dr. Henrique Machado Barros Orientador Instituição: Insper Assinatura: _________________________ Prof. Dr. Danny Pimentel Claro Instituição: Insper Assinatura: _________________________ Prof. Dr. Paulo Furquim de Azevedo Instituição: Fundação Getulio Vargas Assinatura: _________________________ iii DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus filhos Arthur, Pietra e Enzo, que compartilharam alguns dos seus anos com meu objetivo. iv AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus pelas dificuldades que encontrei. Os obstáculos surgem em nossa vida para que tenhamos a maravilhosa experiência de aprender a superá-los. Obrigado aos professores que pacientemente me auxiliaram nesse processo de superação, em especial ao orientador Prof. Dr. Henrique Barros que guiou minhas experiências profissionais academicamente. Agradeço também a todos os meus colegas da Turma 4 e 5 do Mestrado Profissional em Administração do Insper, que me auxiliaram a entender quem eu era onde me encontrava. Agradeço, ainda, colaboração de amigos muito especiais. Seus atos de apoio, opiniões e revisões sempre serão lembrados. Finalmente, agradeço aos amigos e colegas de trabalho que contribuíram em diversas discussões onde aplicávamos conceitos acadêmicos à vivência corporativa, e que me auxiliaram com dados e explicações ao longo do curso. Especial agradecimento ao Michel Zolko, Alexandre Zolko, Luis Carlos Meloni, Alberto Hiar e Hanna Hiar, que contribuíram com dados de modo a viabilizar esta pesquisa. v RESUMO SILVA, Claudemir de Sousa. Efeitos da Diversificação e da Experiência do Franqueado na Expansão de suas Lojas: Evidências do Varejo de Vestuário e Calçados. 2014. 42 f. Dissertação (Mestrado) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014. Este estudo busca analisar o impacto da diversificação do franqueado e da sua experiência prévia em negócios na quantidade de lojas franqueadas que ele possui, e assim contribuir para a literatura sobre o setor de franquias. A pesquisa foi desenvolvida através do estudo de setenta e um franqueados de cinco franqueadores nacionais, totalizando cento e noventa e cinco franquias, atuantes nos segmentos: vestuário feminino, vestuário unissex e calçados femininos. A análise empírica foi executada através do Método dos Mínimos Quadrados Ordinários, do Modelo Tobit e do Modelo de Regressão de Poisson em três modelos diferentes. Utilizaramse os resultados do Modelo de Regressão de Poisson dado a natureza da variável dependente, positiva e não negativa, que apresentam evidências que a diversificação do franqueado, através da abertura de unidades franqueadas de diferentes marcas, influencia positivamente a quantidade de unidades que ele possui. Ainda, o modelo apresenta evidências que a experiência do franqueado, medida pela quantidade de anos dele atuando como empreendedor, está positivamente relacionada com sua expansão. Além disso, os resultados indicam que o franqueado atua regionalmente através de unidades franqueadas na mesma cidade, sugerindo que ele busca minimizar seus custos de coordenação ao diversificar. Palavras-chave: Franquia; Sistema de Franquias; Estratégia Corporativa; Diversificação; Empreendedorismo; Franqueado. vi ABSTRACT SILVA, Claudemir de Sousa. Effects of Diversification and Learning on Expansion of Franchisee Stores: Evidences from Retail Apparel and Footwear. 2014. 42 f. Dissertation (Mastership) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014. This study analyzes the impact of diversification of the franchisee and his prior business experience in the franchised stores he owns, and thus contributes to the literature about franchising sector. The survey was developed through the study of seventy one franchisees from five national franchisors, with one hundred ninety five franchises, on follow segments: women's clothing , unisex clothing and women's footwear. The empirical analysis was performed using the OLS Method, Tobit Model and Poisson Regression Model in three different models. Poisson Regression Model has choosed given the nature of the dependent variable, positive and not negative, and its results provides evidences that diversification of the franchisee through opening of stores of different brands positively influences the quantity of stores that he owns. Further, the model presents evidences that franchisee prior experience as an entrepreneur, through his years as an entrepreneur, is also positively related to his expansion. Furthermore, the results indicate that franchisee operates regionally through stores in the same city, suggesting that he is trying to facilitate his coordination and resource management to diversify. Keywords: Franchising; Corporate Strategy; Diversification; Entrepreneurship; Franchisee. vii LISTA DE TABELAS TABELA 1 TABELA 2 TABELA 3 TABELA 4 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7 TABELA 8 TABELA 9 TABELA 10 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS DIRETOS GERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – COMPARATIVO ENTRE A TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB BRASILEIRO E A TAXA DE CRESCIMENTO DO SISTEMA DE FRANQUIAS BRASILEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO DO SETOR DE FRANQUIAS POR SEGMENTO NO BRASIL 2001-2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – DESCRIÇÃO DOS FRANQUEADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – MATRIZ DE CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . – ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – FRANQUEADOS E LOJAS FRANQUEADAS POR TEMPO DE EXPERIÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . – LOJAS FRANQUEADAS POR ANOS DE EXPERIÊNCIA DO FRANQUEADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – RESULTADOS DAS REGRESSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – RESULTADOS DAS REGRESSÕES COM FRANQUEADORES . 6 7 8 19 23 24 25 25 30 31 viii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – FATURAMENTO DO SETOR DE FRANQUIAS ENTRE 2002 E 2012 6 FIGURA 2 – CONSTRUÇÃO DAS HIPÓTESES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 FIGURA 3 – FRANQUEADOS POR ANOS DE EXPERIÊNCIA COM FRANQUIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 FIGURA 4 – DIFERENÇA ENTRE ANOS DE EMPREENDEDORISMO E ANOS DE FRANQUIA DOS FRANQUEADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA E HIPÓTESES DE PESQUISA .......................................... 4 2.1 Aspectos Gerais do Sistema de Franquias ........................................................................ 4 2.2. Determinantes para a Existência do Sistema de Franquias ............................................. 9 2.2.1 Custos ............................................................................................................................ 9 2.2.2 Gerenciamento, monitoração e controle ...................................................................... 10 2.2.3 Formato organizacional ............................................................................................... 11 2.3. Empreendedorismo e sistema de franquias ................................................................... 13 2.4. Formulação de Hipóteses............................................................................................... 16 3. Metodologia .......................................................................................................................... 19 3.1. Dados e Amostra ........................................................................................................... 19 3.2. Variável Dependente ..................................................................................................... 19 3.3. Variáveis Independentes ................................................................................................ 19 3.4. Variáveis de Controle .................................................................................................... 20 3.5. Abordagem Econométrica ............................................................................................. 20 3.6. Estatística Descritiva ..................................................................................................... 22 4. Análise e discussão de resultados ......................................................................................... 24 4.1. Análise Exploratória ...................................................................................................... 24 4.2. Resultados...................................................................................................................... 27 5. Conclusão ............................................................................................................................. 32 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 35 ANEXOS .................................................................................................................................. 42 Anexo 1 – Tabela de Dados dos Franqueados ...................................................................... 42 Anexo 2 – Tabela de Questionário aos Franqueados ........................................................... 43 1. INTRODUÇÃO A importância do sistema de franquias, ou Franchising, como modelo de negócios no Brasil é compreendida quando analisa-se o potencial econômico e a evolução desse setor, que apresentou crescimento no faturamento de 313% no período entre 2001 e 2012, de vinte e cinco bilhões de reais para cento e três bilhões de reais (ABF, 2013). O sistema também atuou diretamente sobre o crescimento de vagas no mercado de trabalho, empregando diretamente novecentas e quarenta mil pessoas em 2012, enquanto empregou quinhentas e quatro mil pessoas em 2002, crescimento de 87% na quantidade de pessoas empregadas. Além disso, apresentou taxas de crescimento bem acima do Produto Interno Bruto brasileiro em diversos anos entre 2001 e 2012, com diferenças acima de 10% em metade desse período (ABF, 2013). Os dados econômicos e os indicadores de crescimento do sistema de franquias reafirmam sua importância como um sistema de desenvolvimento de negócios no país, especialmente no comércio e prestação de serviços, operacionalizado através de marcas nos mais diversos segmentos e de elevada capacidade geradora de empregos. O crescimento estimado para 2013 foi de 14%, representando um faturamento de cento e dezessete bilhões de reais e apresentando novamente um crescimento aproximado de 10% acima do Produto Interno Bruto brasileiro (EXAME, 2013). Além disso, o sistema de franquias tem sido amplamente estudado na literatura acadêmica através da estratégia corporativa, abordando especialmente a desintegração vertical. Além disso, outras teorias participam das suas fundamentações teóricas: Teoria de Agência, que aborda os aspectos envolvidos com mecanismos de compensação e controle que permitam ao franqueador, denominado como principal, alinhar interesses e expectativas com seus funcionários e franqueados, denominados como agentes (EISENHARDT, 1989); e Teoria da Escassez de Recursos, que evidencia os custos envolvidos na expansão como principais fatores que incentivam os franqueadores a adotar esse modelo de negócio (LAFONTAINE, 1992). A literatura concentra-se, principalmente, em explicar as razões que levam o franqueador a adotar esse modelo de expansão e, portanto, há menor enfoque na informação que suporte a decisão do empreendedor ao aderir a esse modelo de negócio e abrir sua franquia (MARTIN, 1988; CASTROGIOVANNI et al., 2004). 1 Sob a ótica da diversificação, a literatura apresenta que um dos argumentos para as firmas diversificarem é a minimização dos riscos, visto que caso um dos negócios apresente resultados negativos, outros negócios poderão compensar os investimentos através de seus resultados positivos (SAMUELSON, 1967). Ainda, a literatura acadêmica tem dado atenção a esse assunto através de inúmeros estudos com o propósito de avaliar e mensurar o quanto a estratégia de diversificação afeta o desempenho das firmas. Segundo Palich et al. (2000), a relação entre a diversificação e o desempenho é melhor explicada por um modelo no formato de U-invertido, onde a diversificação agrega valor à firma até um ponto ótimo, a partir do qual o aumento progressivo da diversificação destrói valor da mesma. Outra perspectiva aplicada ao sistema de franquias tem encontrado espaço na literatura sobre empreendedorismo, que passou a analisar esse modelo de negócio através do franqueado, buscando entender suas decisões e se, realmente, o franqueado é um empreendedor (KETCHEN et al., 2011). Ao estudar a decisão do empreendedor a franquear uma marca já existente, observou-se que alguns estudos regionais brasileiros foram realizados com o intuito de analisar o perfil empreendedor do franqueado e as razões pelas quais ele optou por esse modelo de negócio. No entanto, apesar de analisar o efeito da experiência na decisão do empreendedor em franquear, pouca relevância foi dada ao impacto dela no sucesso em franquear uma marca (CORREA et al., 2006; LUIZ et al., 2006). Com isso, esta pesquisa busca auxiliar na compreensão do franqueado e da sua expansão ao empreender, através da abertura de unidades franqueadas, analisando se a relação entre a experiência prévia do empreendedor e sua diversificação influencia positivamente na quantidade de unidades franqueadas que ele possui. Ainda, são abordados os tipos de franquias exploradas no mercado e as combinações de lojas próprias e franqueadas por parte do franqueador, assim como o perfil e razões que levam o empreendedor a investir nesse modelo de negócio. A pesquisa foi operacionalizada através do estudo de setenta e um franqueados de cinco franqueadores nacionais, totalizando cento e noventa e cinco franquias. A análise empírica foi executada através do Método dos Quadrados Ordinários, do Modelo Tobit e do Modelo de Regressão de Poisson, e os resultados apresentam evidências que a diversificação do franqueado através da abertura de unidades franqueadas de diferentes marcas influencia positivamente a quantidade de unidades que ele possui, e que a experiência prévia do 2 franqueado como empreendedor também influencia positivamente a quantidade de unidades que ele possui. Ainda, o estudo encontrou evidências que franqueado busca minimizar seus custos de coordenação atuando com unidades franqueadas na mesma cidade. O próximo capítulo deste trabalho, a Revisão de Literatura, aborda os aspectos gerais do modelo de negócio, sua fundamentação teórica e a formulação de hipóteses. No terceiro capítulo, Metodologia, a amostra e suas especificações são apresentadas, além da explicação sobre as variáveis independentes e as estatísticas resultantes da análise. Os capítulos seguintes, quatro e cinco, apresentam a análise dos resultados e a conclusão, respectivamente. 3 2. REVISÃO DE LITERATURA E HIPÓTESES DE PESQUISA 2.1 Aspectos Gerais do Sistema de Franquias Com o intuito de aumentar a distribuição e comercialização de produtos ou serviços, empresas detentoras de marcas, também conhecidas como franqueadoras, adotaram o sistema conhecido como Franchising (PLÁ, 2001). Esse modelo permite ao franqueador a exploração da marca em um número maior de pontos de venda, além da transferência da gestão do negócio ao franqueado, que paga ao franqueador royalties ou algum outro tipo de compensação financeira pelo direito de uso e exploração dessa marca. Além disso, o franqueado obtém acesso ao mercado com suporte profissional e qualificado do franqueador, que o treina e qualifica para que seu negócio seja bem sucedido. A relação entre o franqueado e o franqueador é baseada em contratos detalhados que regulamentam os direitos de cada parte, assim como os custos de transações econômicas, procedimentos, responsabilidades, imagem, propaganda, entre outros (CRUZ, 1993). Esse modelo foi formatado e padronizado para que, uma vez ofertado a investidores no mercado, fortalecesse a imagem da marca e permitisse rápida expansão sem grandes dispêndios econômicos ao franqueador. Seu desenvolvimento resultou da experiência que os empresários desenvolveram ao longo do tempo ao gerir e ampliar seus negócios, servindo assim de base para que novos investidores entrassem no mercado usufruindo dessa infraestrutura e experiência (LEITE, 1991). Historicamente, o conceito de Franchising originou-se nos Estados Unidos em meados do século XIX quando a Singer Sewing Machine Company concedeu o uso de sua marca e a comercialização de seus produtos a alguns comerciantes independentes. Logo, distribuidores de caminhões e carros, além de postos de combustíveis, aderiram ao sistema de franquias com o intuito de expandir (CHERTO, 1989; DANT et al.,2011). Outros exemplos datam do início do século XX, tendo a Coca Cola como pioneira da primeira franquia de engarrafadora de refrigerantes, a Western Auto Franchise oferecendo serviços ao franqueado (seleção de ponto, treinamento e assessoria em marketing), além da Hertz Rent a Car como a primeira franquia de serviços aberta no território americano (SILVA; AZEVEDO, 2012). No entanto, o grande salto no formato desse modelo de negócio ocorreu em 1954 quando um vendedor de equipamentos para o preparo de milk shakes adquiriu o direito de comercializar franquias McDonald’s nos Estados Unidos (PAIVA, 2005). 4 No Brasil o sistema de franquias surgiu no século XX, em meados da década de 60, através das escolas de inglês Yázigi e CCAA, e cresceu durante a década de 70 (ALBUQUERQUE; ANDRADE, 1996; ABF, 2011). Ainda, o modelo de negócios deu grandes passos a partir da década de 80, quando o McDonald’s, O Boticário, Água de Cheiro, Bob’s e Ellus o adotaram para expandir suas marcas (SILVA; AZEVEDO, 2012). Em 1987 surgiu a Associação Brasileira de Franchising, a ABF, uma instituição sem fins lucrativos cujo objetivo é reunir franqueadores, franqueados e prestadores de serviços para melhor desenvolver o sistema em todo o território nacional. A expansão do sistema levou as associações dedicadas, a Associação Brasileira de Franchising no Brasil e a International Franchise Association nos Estados Unidos, a oferecer suporte para esclarecimentos sobre detalhes operacionais, aconselhamento legal, entre outros aspectos, tanto a franqueadores quanto a franqueados. Essas instituições organizam eventos e reúnem franqueadores de modo a atrair os empreendedores para esse tipo de negócio, economizando assim tempo de aprendizagem e experiência por parte deles. A economia brasileira tem crescido fortemente nos últimos anos e, com isso, o setor de franquias também tem demonstrado altas taxas de expansão. Estudos apontaram que em 2006 o crescimento no número de franquias foi de 11% quando comparado com o número de franquias existentes em 2005, enquanto que em 2007 o crescimento do setor foi de 15% sobre 2006, movimentando R$ 46 bilhões (CAFFÉ, 2008; MELO; ANDREASSI, 2010). Dados de 2012 mostraram que o setor movimentou R$ 103,292 bilhões, 313 % de crescimento sobre o valor movimentado em 2001 (ABF, 2013). A Figura 1 ilustra o valor movimentado pelo setor de franquais por ano de 2002 a 2012. 5 FIGURA 1: FATURAMENTO DO SETOR DE FRANQUIAS ENTRE 2002 E 2012 (EM BILHÕES DE R$) Fonte: ABF, 2013 Além disso, o setor de franquias apresentou altas taxas de empregabilidade, com crescimento de 87% na quantidade de pessoas empregadas diretamente, de quinhentas e quatro mil em 2002 a novecentas e quarenta mil em 2012, conforme apresentado na Tabela 1. TABELA 1: EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS DIRETOS GERADOS. Ano Empregos 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 504.000 509.076 531.252 553.122 563.256 589.977 647.586 719.982 777.825 837.882 940.887 % Ano Anterior % sobre 2002 1% 4% 4% 2% 5% 10% 11% 8% 8% 12% 1% 5% 10% 12% 17% 28% 43% 54% 66% 87% Fonte: ABF, 2013 Os indicadores econômicos ainda foram reforçados por taxas de crescimento bem acima do Produto Interno Bruto brasileiro entre 2001 e 2012, com diferenças acima de 10% em metade 6 desse período (ABF, 2013). A Tabela 2 apresenta os percentuais de crescimento do sistema de franquias ano a ano assim como a taxa de crescimento do PIB no mesmo período, exibindo o crescimento do modelo de negócios. TABELA 2: COMPARATIVO ENTRE A TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB BRASILEIRO E A TAXA DE CRESCIMENTO DO SISTEMA DE FRANQUIAS BRASILEIRO. Ano Franchising 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 12,0% 12,0% 3,7% 9,0% 13,0% 11,0% 15,6% 19,5% 14,7% 20,4% 16,9% 16,2% PIB Diferença 1,3% 2,7% 1,1% 5,7% 3,2% 4,0% 5,7% 5,1% -0,3% 7,5% 2,7% 0,9% 10,7% 9,3% 2,6% 3,3% 9,8% 7,0% 9,9% 14,4% 15,0% 12,9% 14,2% 15,3% Fonte: ABF, 2013 A análise de crescimento do setor de franquias entre 2001 e 2012 aponta que todos os segmentos obtiveram taxas de crescimento acima de 100%, exceto o segmento de Fotos, Gráficas e Sinalização, com crescimento de 27% nesse período. Os segmentos de Acessórios Pessoais/Calçados e Hotelaria/Turismo apresentaram crescimento de 1429% e 1754%, respectivamente, sinalizando-os como os segmentos mais promissores e com maior expansão em unidades franqueadas no período (ABF, 2013). A Tabela 3 apresenta o faturamento dos segmentos no período entre 2001 e 2012, e o crescimento desse faturamento no período pesquisado, tanto por ano quanto por segmento no período total. 7 TABELA 3: EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO DO SETOR DE FRANQUIAS POR SEGMENTO NO BRASIL 2001-2012 (EM BILHÕES DE R$). Segmentos 2001 2002 2003 Acessórios Pessoais e Calçados 0,411 0,548 0,538 Alimentação 3,333 3,633 3,858 Educação e Treinamento 2,975 3,377 3,461 Esporte, Saúde, Beleza e Lazer 3,258 3,781 4,867 Fotos, Gráficas e Sinalização 1,262 1,296 1,287 Hotelaria e Turismo 0,296 0,301 0,357 Informática e Eletrônicos 0,247 0,277 0,290 Limpeza e Conservação 0,399 0,447 0,452 Móveis, Decoração e Presentes 1,116 1,187 1,418 Negócios, Serviços e Outros Varejos 9,259 10,467 9,953 Veículos 0,782 0,839 0,853 Vestuário 1,663 1,847 1,710 Total 25,001 28,000 29,044 12,0% 3,7% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0,822 1,198 1,466 1,823 2,640 3,727 4,359 5,073 6,390 7,476 8,971 10,929 3,888 4,603 4,458 4,713 4,833 5,194 5,054 6,088 6,093 6,730 8,468 9,867 1,278 1,254 1,331 1,401 1,438 1,487 0,645 0,683 0,778 0,915 1,021 1,266 0,377 0,470 0,568 0,684 0,723 0,932 0,486 0,504 0,541 0,574 0,566 0,625 1,923 1,951 1,945 2,197 2,350 2,759 9,902 10,288 11,899 14,774 17,894 18,604 1,162 1,414 1,760 1,837 2,420 2,630 1,743 2,294 2,581 2,915 3,708 5,100 31,639 35,820 39,810 46,039 55,032 63,120 9,0% 13,0% 11,0% 15,6% 19,5% 14,7% 2010 4,842 15,288 5,470 11,842 1,492 1,493 1,092 0,649 3,515 20,960 2,763 6,581 75,987 20,4% 2011 5,477 17,499 5,902 14,715 1,580 2,774 1,198 0,730 4,743 24,087 3,076 7,066 88,854 16,9% 2012 2012/2001 6,286 1429% 20,576 517% 6,509 119% 17,866 448% 1,605 27% 5,487 1754% 1,588 543% 1,055 164% 5,523 395% 24,718 167% 3,699 373% 8,375 404% 103,292 313% 16,2% Fonte: ABF, 2013 Sob a perspectiva da experiência, o franqueador passa por um período de experimentação antes de expandir através do sistema de franquias, normalmente exercido através da comercialização em pontos de venda próprios, testando o resultado esperado conforme suas expectativas. Quanto maior a experiência do franqueador, maior o crescimento da rede, melhor o suporte e treinamento dado aos franqueados, maior será a duração do contrato, e menores serão as taxas cobradas aos franqueados (HOSSAIN; WANG, 2008). Esses indicadores sugerem que franqueadores mais experientes e melhor estruturados oferecerão melhores serviços aos seus franqueados, desenvolvendo relações comerciais por períodos mais longos. Alguns franqueadores atuam na conversão de comerciantes em franqueados, oferecendo em troca de suas habilidades uma marca consolidada, e assim usufruindo da experiência por eles adquirida como gestores de negócio. O conhecimento e as técnicas utilizadas pelos franqueados convertidos são assimilados pelo franqueador, que utiliza essa conversão como fonte de vantagens competitivas ao absorver essas experiências (HOFFMAN; PREBLE, 2003). Por outro lado, ao dispor do capital necessário ao franqueador, o futuro franqueado espera receber da rede franqueadora o conhecimento e suporte necessários para que seu negócio seja bem sucedido. Essa rede tende a ser mais eficaz na medida em que documentação específica tenha sido desenvolvida de modo a facilitar a transferência e o fluxo de conhecimento entre os membros da rede. Esse fluxo apresenta-se através de manuais e treinamentos acessados remotamente, divulgações de mudanças em layouts e outras orientações gerais, contribuindo para a divulgação do conhecimento do franqueador aos franqueados e, assim, fortalecendo a padronização e a imagem da marca (CHEN et al., 2000). 8 2.2. Determinantes para a Existência do Sistema de Franquias Paralelamente ao crescimento do setor de franquias, a quantidade de publicações acadêmicas nacionais e internacionais explorando o assunto também vem crescendo. Em estudo sobre literaturas nacionais e internacionais no período compreendido entre 1998 e 2007, Melo e Andreassi (2010) observaram a concentração de publicações nacionais no período entre 2006 e 2007, 33% do total de publicações nacionais do período analisado, enquanto que as publicações internacionais atingiram seu máximo em 1999, 24% do total de publicações internacionais no período estudado. Segundo os autores, entre os temas pesquisados, a literatura nacional concentrou suas publicações em Empreendedorismo e Estratégia, correspondendo a 40% dos trabalhos, enquanto que a literatura internacional concentrou-se no estudo da Teoria de Agência e Estratégia, concentrando 37% das publicações internacionais. Os elementos gerais nessas vertentes teóricas são explorados a seguir. 2.2.1 Custos A escolha do modelo de expansão de uma firma é determinada por um conjunto de fatores estratégicos, entre alguns deles a verticalização da estrutura financeira de propriedade que visa aumentar as barreiras de entrada aos competidores ou dificultar a permanência deles nesse mercado. Esse poder econômico da firma pode ser utilizado também tanto para regular os preços em um mercado quanto para forçar um competidor a sair através de uma redução de preços que inviabiliza a operação. Além disso, a possibilidade de maior lucratividade devido às economias de escala na decisão da firma integrar toda a cadeia de produção pode apresentar melhores resultados a montante, e também ganhos através de economias de escopo ao utilizar seu poder econômico na coordenação entre áreas. Sob a ótica da eficiência das estruturas de governança, o sistema de franquias surge como um meio de expandir a distribuição e a comercialização sem a firma ter que incorrer em elevados custos de transação, através do investimento na ampliação da rede de lojas próprias, ou de coordenação, operando a gestão e controle das equipes. Ou seja, sob essa ótica, a explicação para a escolha do método de governança das firmas é a eficiência dos contratos e suas especificidades (WILLIAMSON, 1979; LAFONTAINE, 1992; MITSUHASHI et al., 2008). A escolha do sistema de franquias como modelo para a expansão da firma decorre: da 9 percepção de incerteza e risco percebido, onde maior incerteza e risco influenciam a decisão da firma em buscar investidores para desenvolver uma parceria, e com isso minimizar o impacto dos riscos identificados; do custo de monitoração e acompanhamento, visto que a firma arcará com todos os custos necessários para manter o controle dos seus pontos de distribuição; do tamanho do local de distribuição, que influencia diretamente no montante investido pela firma; das externalidades geradas pela cadeia de lojas, onde o nome ou a marca da firma reforçam conceitos de qualidade e outros atributos já desenvolvidos pelo franqueador; da capacidade do franqueado em agregar serviços, onde o produto é o mesmo para todos os pontos de distribuição, porém cada um agrega serviços diferentemente de modo a fidelizar seus clientes (LAFONTAINE; SLADE, 1997; LAFONTAINE; SLADE, 2007). Franquear uma marca é uma decisão que demanda processos detalhados na forma de planejamento e execução, apresentação, disposição de produtos ou serviços, meios de propaganda e outros que impactem na imagem dessa marca, e essa eficiência é alcançada ao longo do tempo e com planejamento específico para esse fim. Tanto as firmas mais antigas quanto as mais recentes no mercado, porém com baixa expansão territorial ou baixa capilaridade em pontos de venda, tendem a adotar o sistema de franquias como meio de propagar a expansão da marca de forma rápida, obtendo assim economias de escala e vantagens competitivas de custo contra seus competidores (SHANE, 1996; SHANE, 1998; CASTROGIOVANNI et al., 2004). A dificuldade de acesso às fontes de capital de baixo custo, acentuado pelo mercado imperfeito de capitais, também impulsiona o desenvolvimento do sistema de franquias como meio de expansão dos pontos de venda (LAFONTAINE, 1992). Porém, alguns estudos indicam que há relacionamento negativo entre o tempo no qual o franqueador atua no mercado e o custo de financiamento (SHANE, 1998; CASTROGIOVANNI et al., 2006). Por exemplo, estudo de Combs e Ketchens (1999) apresentou evidências que o acesso do franqueado ao capital é mais simples, visto que ele controla diretamente seu investimento e diminui os custos de agência, gerenciando seu negócio e diminuindo a assimetria de informação em relação ao seu consumidor. 2.2.2 Gerenciamento, monitoração e controle Outro aspecto que influencia as firmas a escolherem o sistema de franquias como modelo de expansão no varejo, ao invés de redes de lojas próprias, decorre dos problemas com o gerenciamento dos seus negócios, executado por pessoal contratado que buscará maximizar 10 seu próprio bem estar e interesses. Com isso, as firmas desenvolverão mecanismos de compensação e controle que permitam a elas alinharem os agentes às suas expectativas e também compartilhar os riscos, gerando custos de agência (EISENHARDT, 1989). Aplicada ao sistema de franquias, a Teoria de Agência apresenta o franqueador como o principal, aquele que investe em sistemas de monitoração e controle para manter os agentes alinhados aos seus interesses. Além disso, é uma alternativa para minimizar os custos com monitoração, visto que transfere ao franqueado a responsabilidade pela gestão do ponto de venda e o remunera com os lucros da operação (LAFONTAINE, 1992). No entanto, para não perder sua capacidade de monitoração sobre a imagem da rede, o franqueador ainda estabelecerá alguns mecanismos de controle, inclusive contratuais, que o permita monitorar se o franqueado opera de acordo com o previsto e representa a marca conforme o esperado, evitando assim desvios de conduta (BRICKLEY et al., 1991; CARNEY; GEDAJLOVIC, 1991). Ainda, a Teoria de Agência é a principal fundamentação teórica dos estudos sobre o sistema de franquias, presente em grande parte da literatura que analisa o assunto (VAROTTO; NETO, 2013). Ainda, alguns estudos ressaltam que a firma não tem incentivos para franquear se não sofrer problemas de agência, ou se o seu custo for bem minimizado, e se possuir acesso a recursos de capital que possibilitem a expansão de lojas próprias (LAFONTAINE; KAUFMANN, 1994). Porém, o sistema de franquias possibilita a diminuição de custos operacionais do franqueador ao transferir a gestão do ponto de venda a um investidor também interessado em maximizar os retornos deste negócio, assumindo também o gerenciamento e os custos operacionais (SHANE, 1996). Além disso, franqueadores com grandes redes de lojas próprias, alta perspectiva de crescimento e alta dispersão geográfica (atuação em estados diferentes) estão mais propensos a expandir-se através de unidades franqueadas do que em loja próprias para economizar em custos de agência (SHANE, 1998). 2.2.3 Formato organizacional A importância da estrutura de governança decorre das características da transação conhecidas como dimensões (especificidade de ativos, incerteza e frequência), que são observáveis e explicam a escolha e adoção de determinada estrutura de governança (mercado, forma híbrida ou hierárquica) nas organizações (WILLIAMSON, 1985). O sistema de franquias caracterizase por uma configuração mista, visto que os franqueadores utilizam-se de lojas próprias para sinalizar qualidade dos seus produtos e serviços assim como um laboratório de 11 desenvolvimento, onde colocam em prática métodos e mudanças que posteriormente serão ampliados ao restante da rede, diminuindo assim a assimetria informacional. Com isso, a firma pode também avaliar se franquear atende sua necessidade e atende as suas demandas de recursos, além de diminuir seus custos de agência (CARNEY; GEDAJLOVIC, 1991; SILVA; AZEVEDO, 2012). A escolha da forma organizacional, ou da proporção entre lojas próprias e unidades franqueadas, é apresentada na literatura como formas plurais, cujo argumento central é a não existência de companhias que possuem apenas lojas próprias, ou companhias que possuem apenas unidades franqueadas (BRADACH; ECCLES, 1989; PERDREAU et al., 2011). Ainda, a busca pela proporção ótima entre unidades próprias e unidades franqueadas, e sua relação com o desempenho financeiro, tem sido amplamente estudada (NIJMEIJER et al., 2014). Entretanto, a decisão de abrir lojas próprias ou unidades franqueadas decorre da estratégia de expansão e gestão de custos da firma, devem-se considerar os custos de agência e a escassez de recursos econômicos, pois é menos custoso gerenciar unidades próprias próximas ao franqueador e, consequentemente, é mais caro administrar as unidades próprias que estejam distantes (SHANE, 1998). Ao trocar os custos de agência ao administrar lojas próprias, o franqueador tratará a relação com seu franqueado através de contratos e também o monitorará, porém irá observar o seu comportamento no sentido de manter a imagem, produto ou serviço e padrão de qualidade, características que padronizam a imagem da marca franqueada (BRICKLEY; DARK, 1987). Ainda, no que tange a essa monitoração, existem três tipos de contratos tradicionalmente aplicados: o contrato convencional, onde o franqueado assume a integralidade dos investimentos necessários à abertura da loja; o contrato parcial, onde o franqueador assume as despesas do imóvel ou ponto e o franqueado assume as demais para a montagem da loja; e o contrato de locação de gerência, onde o franqueador assume todo o investimento para a montagem da loja e transfere ao franqueado apenas a gestão comercial (SILVA; AZEVEDO, 2007). Apesar dos estudos apresentarem evidências da expansão da rede através de unidades franqueadas, é relevante a literatura que trata a “recuperação de propriedade”, ou seja, a substituição das unidades franqueadas por unidades próprias até o domínio dessa forma de governança no negócio. O franqueador, ao longo do tempo, supera a dificuldade em obter recursos e adquire as unidades franqueadas, assim como o tempo o incentiva a desenvolver 12 métodos de monitoração do franqueado que, uma vez convertido em loja própria, passam a ser utilizados na monitoria das unidades próprias (SILVA; AZEVEDO, 2012). 2.3. Empreendedorismo e sistema de franquias O termo empreendedor vem sendo usado há décadas para denominar o indivíduo que vislumbra uma oportunidade de negócio, e através do sistema de franquias encontra condições de associar-se a uma firma com marca e formato estabelecidos. Porém, o termo empreendedor também contempla o indivíduo que construiu a marca e estabeleceu seu formato e processos, o franqueador. Além disso, o conceito de empreendedor nem sempre se aplica ao franqueado, que pode optar por tornar-se franqueado por outros motivos que serão explorados adiante nessa seção (KETCHEN et al., 2011). Kaufmann e Dant (1999) apresentaram estudo sobre o segmento de varejo onde classificaram tanto o franqueador quanto o franqueado como empreendedores. Ainda, algumas habilidades específicas são identificadas como imprescindíveis ao franqueador e não ao franqueado, como a combinação dos fatores de produção de modo a construir a marca, cuja exploração e expansão será operacionalizada através do sistema de franquias. Ainda nesse estudo, ficaram ao franqueado as soluções ao acesso a capital para investimento e o monitoramento da unidade franqueada. Várias motivações podem levar o empreendedor a tornar-se um franqueado, entre as quais a melhoria econômica, o provimento do sustento aos seus familiares, unir-se aos familiares no negócio ou, até mesmo, tornar-se independente financeiramente (BERNSTEIN, 1968). Além disso, os empreendedores têm buscado no sistema de franquias um meio de assegurar aos seus descendentes a entrada no mercado de trabalho, além de assegurar segurança econômica ao futuro deles (HVBJ, 2011). Outra forma de beneficiar a família ocorre quando a opção em tornar-se um franqueado é aproveitada pelo empreendedor para auxiliar seus familiares, inserindo-os no quadro de funcionários da franquia e atuando no sentido de lhes garantir empregabilidade (PLUMMER JR, 2011). Essa decisão é particularmente relevante na escolha do investidor em tornar-se franqueado, visto que estudos apresentam evidências que franquias administradas por grupos familiares possuem maior sinergia que franquias de grupos não familiares em razão do maior envolvimento pessoal dos membros da família com o negócio e 13 que, consequentemente, leva ao maior compartilhamento de conhecimentos (CHIRICO et al., 2011). Há, também, a preocupação com a sucessão na franquia familiar. É possível que não esteja claramente planejada a continuidade familiar do negócio ao fundá-lo, no entanto a perpetuidade da firma pode trazer o interesse aos descendentes. Segundo Daley (2011), para que a sucessão ocorra e o negócio seja perpetuado, é fundamental um planejamento sucessório que: organize a firma, crie um time unido, defina o perfil sucessório desejado, identifique o sucessor e o qualifique para exercer o papel. Ainda, o autor aponta que o empreendedor deve atuar no processo sucessório com o intuito de perpetuar a franquia e auxiliar o sucessor a passar pela transição de modo a manter o desempenho da rede. O grupo O Boticário, por exemplo, montou um projeto para auxiliar duzentas sucessões que ocorreriam nos dois anos seguintes na rede de novecentos e sessenta franqueados (vinte e um por cento delas), e prevê que até 2020 oitenta por cento de sua rede passará o comando para os sucessores (EXAME, 2011). Ainda, tendo em vista que a possibilidade da abertura de um negócio com pouca ou nenhuma experiência constitui risco ao investimento, o empreendedor sente-se motivado a optar por uma unidade franqueada, ao invés de uma unidade não franqueada, pela facilidade em usufruir do treinamento ofertado, da marca estabelecida e da maior independência que esse modelo de investimento oferece em seu gerenciamento. Além disso, a possibilidade de menor custo no desenvolvimento e de maior velocidade no amadurecimento do negócio incentiva a adoção de franquias como investimento (PETERSON; DANT, 1990). Mesmo que não possuam experiência no segmento no qual irão atuar através da franquia adquirida, os empreendedores podem possuir determinadas características, ou habilidades, que contribuirão para o sucesso em seu negócio, como baixa aversão ao risco, autonomia, competitividade, inovação e proatividade. Essas características comportamentais, aplicadas ao contexto da firma, indicam uma firma com orientação empreendedora (LUMPKIN; DESS, 1996). Todavia, alguns estudos são inconclusivos sobre o impacto das habilidades do empreendedor na expansão e resultados financeiros da franquia (NIJMEIJER et al., 2014). A decisão do investidor em franquear uma marca é resultante de diversas estratégias combinadas, sendo uma delas a busca por maior rentabilização do negócio e, consequentemente, menor tempo dispendido no aprendizado do mercado e do negócio. O 14 franqueador oferta ao investidor toda a infraestrutura visual, visual merchandising, desenvolvimento de produto, propaganda e experiência para que ele seja bem sucedido em sua atividade de comercialização e gestão, e assim também beneficie o franqueador com maiores volumes de vendas. Entretanto, a constante evolução do mercado exige que o franqueador antecipe-se às mudanças e busque inovar constantemente para expandir seu faturamento através do aumento de vendas aos seus franqueados, ou atraindo novos franqueados. Desse modo, a oferta de um mix diversificado de produtos ou serviços pode ser utilizada como estratégia para aumento do faturamento do franqueador (ETGAR; RACHMANN, 2010). Além disso, outros fatores incentivam o franqueamento dos pontos de venda, tais como a experiência do empreendedor. Em seu estudo, Shane (1998) apresentou evidências que a existência de experiência prévia em negócios influencia positivamente a sobrevivência da rede de lojas, pois auxilia a resolver o problema de seleção do franqueado. Ainda, outros estudos apresentam evidências que a experiência do franqueador, através da quantidade de anos nessa operação, está positivamente relacionada com a expansão do franqueador através do sistema de franquias, em mercados domésticos ou internacionais (WEAVEN, 2009; BENNETT et al., 2010; NI; ALON, 2010). Inclusive, quanto maior a experiência do franqueado em seu negócio, menor será sua dependência do franqueador e mais fácil será o seu acesso ao capital para financiamento de seus investimentos (PETERSON; DANT, 1990; JONG et al., 2011). Há, também, estudos direcionados à análise do impacto do gênero na decisão de empreender, indicando evidências de que mulheres empreendedoras no território norte americano concentram seus esforços principalmente na prestação de serviços e as dificuldades com seus negócios decorreram da falta de capacitação empresarial e financeira (HISRICH; BRUSH, 1984). Além disso, estudo sobre os padrões de nomes de franquias listadas no ranking de uma revista apontou que as marcas que possuem pronomes de tratamento em seu nome são predominantemente masculinas, como utilização de “Mr.” antes do nome da marca (STAPP, 2013). Estudo sobre a satisfação relacional entre o franqueado e o franqueador, considerando o risco do investimento e a percepção de valor, apresentou evidências que franqueados do sexo feminino percebiam maior importância no ganho de valor monetário e menor percepção de risco associado ao sistema de franquias (GRACE; WEAVEN, 2011). De outro lado, há evidências no mercado canadense que, apesar da diferença de gênero não ter impacto sobre 15 taxas de empréstimo, homens obtiveram maiores benefícios através do seu relacionamento com instituições bancárias que as mulheres (MADILL et al., 2006). Ainda, outros estudos sobre empréstimos e financiamentos para empreendedores no mercado canadense e inglês não encontraram evidências que o gênero diferencie o resultado esperado (FABOWALE et al., 1995; CARTER; ROSA, 1998; HAINES JR. et al., 1999). Dant et al. (2011), em sua análise sobre as perspectivas futuras do sistema de franquias, recomenda o estudo sobre gênero seja realizado com uma base de dados mais ampla culturalmente, que não reflita apenas a realidade do mercado norte americano. 2.4. Formulação de Hipóteses É fundamental entender os mecanismos que envolvem a diversificação do franqueado e sua relação com a expansão da rede de unidades do franqueado. A gestão compartilhada de recursos é um dos benefícios que o franqueado pode obter ao diversificar através de marcas diferentes, podendo ser aplicado às despesas operacionais, estruturas administrativas e base de clientes. Ainda, a diversificação entre marcas possibilita ao franqueado acesso às estruturas de diferentes franqueadores, onde ele tem a oportunidade de adquirir conhecimento sobre práticas mais eficientes e maduras de cada organização, e aplicá-las em sua administração de forma mais eficaz (MARKIDES; WILLIAMSON, 1996). Com isso, a atuação do franqueado ao diversificar com unidades franqueadas de marcas diferentes, ou através de marcas atuantes em diferentes segmentos, permite a ele um meio de obter maior eficiência operacional, ampliar a base de clientes e, consequentemente, seu faturamento, e também influenciando positivamente sua decisão em franquear outra marca (ARCHER, 2005; GARY, 2005). Além disso, estudos indicam que diversificar através de categorias de produtos na mesma estrutura possibilita a redução de estruturas e consequente economia de escopo (ETGAR; RACHMANN, 2010). Visando a melhor compreensão da estratégia do franqueado ao diversificar, é formulada a primeira hipótese: Hipótese 1: Maior diversificação está positivamente relacionada com o número de lojas que o franqueado possui. 16 Visto que a opção estratégica em expandir através do sistema de franquias é do franqueador, e que alguns dos objetivos dele são a maximização da rede, com o menor custo possível, e a transferência da gestão do ponto de venda, a experiência desse franqueador no gerenciamento de redes de lojas próprias é de alta relevância. Essa experiência transforma-se em conhecimento que, uma vez devidamente codificado e registrado, poderá ser utilizado como base para que outros investidores filiem-se a ele como franqueados, e obtenham menores riscos e maior sucesso na operação (KALNINS; MAYER, 2004). De forma geral, os estudos evidenciam que a experiência, medida através da quantidade de anos no qual a operação com franquias existe, está positivamente relacionada com a expansão do franqueador através do sistema de franquias, em mercados domésticos ou internacionais (MCINTYRE et al., 2006; PREBLE; HOFFMAN, 2006; WEAVEN, 2009; BENNETT et al., 2010; NI; ALON, 2010). Ainda, a experiência é relevante em diversos estudos nos quais ela é apresentada como variável independente (VAROTTO; NETO, 2013). Porém, as apreciações teóricas e empíricas identificadas na literatura acadêmica sobre franquias colocam o franqueador no centro das análises, enquanto que o objeto deste estudo é o franqueado. Lumpkin e Dess (1996) identificaram em seu estudo que um conjunto de características ou habilidades do empreendedor contribui para o sucesso do negócio (autonomia, inovação, falta de aversão ao risco, proatividade e competitividade) e, aplicados à firma, indicam que ela possui orientação empreendedora. Ainda, estudo de Shane (1998) apresentou evidências da relevância da experiência prévia em negócios, influenciando positivamente o resultado da sobrevivência da rede de lojas. O franqueado experiente conhece melhor o seu negócio e possui maior capacidade de entender e atender às suas necessidades, obtendo incentivos ao desenvolver comportamentos a respeito da qualidade do serviço que pode diferenciá-lo das especificações do franqueador (MELLEWIGT et al., 2011). Entretanto, apesar de existirem evidências que a experiência acumulada pelo franqueador através do sistema de franquias influencia suas decisões estratégicas e a expansão de sua rede, estudos sobre a experiência prévia do empreendedor em negócios não são conclusivos no sentido de indicar que essa experiência o auxiliará a ser um franqueado de sucesso (HOSSAIN; WANG, 2008; NIJMEIJER et al., 2014). Sendo assim, visando compreender se a experiência está positivamente relacionada com a expansão do franqueador, é formulada a segunda hipótese: 17 Hipótese 2: Maior experiência do franqueado está positivamente relacionada com o número de lojas que ele possui. Formuladas as hipóteses, acrescentaram-se as variáveis de controle ao modelo teórico, apresentado na forma gráfica através da Figura 2. FIGURA 2: CONSTRUÇÃO DAS HIPÓTESES Fonte: Elaborado pelo autor 18 3. Metodologia 3.1. Dados e Amostra A pesquisa foi desenvolvida através de questionário enviado e preenchido por cinco franqueadores nacionais com setenta e um franqueados, totalizando cento e noventa e cinco franquias. A esses franqueadores foram dadas denominações de modo a não identificar suas marcas, de F1 a F5, conforme Tabela 4. Alguns desses franqueados da marca F1 também possuem franquias da marca F2. TABELA 4: DESCRIÇÃO DOS FRANQUEADORES Franqueador Segmento Tempo (anos) Próprias Franquias Franqueados F1 Vestuário Feminino 22 12 15 11 F2 Calçado Feminino 3 2 33 20 F3 Vestuário Unissex 40 46 31 25 F4 Vestuário Unissex 17 14 13 10 F5 Calçado Feminino 40 28 280 10 Fonte: Elaborado pelo autor 3.2. Variável Dependente Franquias Totais (franquiastot) – Assim como o estudo de Kalnins e Mayer (2004), a quantidade de lojas franqueadas foi utilizada na presente pesquisa como uma proxy para o franqueado. 3.3. Variáveis Independentes Diversificação (franq_dif e seg_dif) – O franqueado realiza a gestão de sua unidade, e essa atuação em negócios é interessante para o franqueador, que vislumbra obter novos conhecimentos competitivos e absorver experiência. Com isso, franqueadores prospectam franqueados atuantes para expandir seus negócios (HOFFMAN; PREBLE, 2003). Além disso, a diversificação através da atuação em diversos segmentos também gera “economias de experiência”, onde a firma desenvolve benefícios de coordenação através do aprendizado (ETGAR; RACHMANN, 2010). Portanto, a diversificação do franqueado é estudada através da quantidade de unidades franqueadas com marcas diferentes que ele possui, e quantidade de unidades franqueadas atuantes em segmentos distintos. 19 Experiência (anos_empr e anosfranquia) – Análogo aos trabalhos anteriores sobre a experiência do franqueador, esta pesquisa utilizou como proxy para a experiência do franqueado o seu tempo de experiência (em anos) como empreendedor e como franqueado (WEAVEN, 2009; BENNETT et al., 2010; NI; ALON, 2010). Ainda, estudo de Shane (1998) utilizou o tempo de experiência prévia em negócios (em anos) para apresentar evidências de maior chance de sucesso no sistema de franquias para o franqueado. 3.4. Variáveis de Controle Gênero (sexo) – A presença da mulher no mercado de trabalho é tema de diversos estudos, porém pouco tem sido apresentado sobre o impacto do gênero do franqueado no mercado nacional. Especificamente no setor de franquias do mercado norte americano, um estudo foi conduzido para analisar o impacto do gênero nos franqueadores, considerando tanto a presidência quanto os cargos executivos, e apresentou baixas taxas da presença feminina nessas firmas (DANT et al., 1996). Com isso, utilizou-se essa variável dummy para avaliar, codificada como 0 se o franqueado for masculino e 1 se o franqueado for feminino. Custos de Coordenação (lj_cidade) – Foi estudado o impacto da atuação regional e internacional na expansão das firmas, e o resultado apresentado indica que a atuação regional influencia positivamente os outros fatores da pesquisa, a diversificação de mercado e de produto (ETGAR; RACHMANN, 2010). Com isso, essa variável dummy tem por finalidade identificar se o franqueado possui unidades franqueadas na mesma cidade, possibilitando assim a minimização dos seus custos de coordenação. A variável está codificada como 1 se possuir unidades franqueadas na mesma cidade, e 0 se não possuir. Franqueadores (F1 a F5) – Os franqueadores da amostra foram codificados através de variáveis dummy, identificando a rede franqueadora a qual o franqueado faz parte. As variáveis estão codificadas como 1 quando o franqueado fizer parte do franqueador, e 0 se não fizer. 3.5. Abordagem Econométrica O modelo econométrico apresentado com todas as variáveis estudadas é: 20 franquiastot = β0 + β1franq_dif + β2seg_dif + β3anos_empr + β4anosfranquia + β5sexo + β6lj_cidade (Equação 1) A análise foi executada através do Método dos Mínimos Quadrados Ordinários, do Modelo Tobit e do Modelo de Regressão de Poisson. Tendo em vista que a variável dependente apresenta valores numéricos inteiros, os resultados foram analisados a partir da do Modelo de Regressão de Poisson, indicado quando a natureza da variável dependente é inteira e não negativa (GREENE, 2002; GUJARATI, 2006; WOOLDRIDGE, 2006). A equação primária do modelo é: P(Yi=yi|xi) = e-λiλiyi, yi= 0, 1, 2, ... yi! (Equação 2) A formulação utilizada com maior frequência é o modelo log-linear, apresentada como: Lnλi = xi’β (Equação 3) O Modelo de Regressão de Poisson não produz o R2 de um modelo de regressão linear visto que sua a função média é “não linear”. A solução alternativa do modelo é o “pseudo R2”, índice de verossimilhança que mede o máximo aproveitamento do termo, medido pela relação entre a soma dos quadrados dos resíduos e a soma total dos quadrados dos termos (CAMERON; TRIVEDI, 1998; GREENE, 2002). Seu resultado é apresentado como: R2LRI = 1 - ℓ(λi, yi) ℓ(ȳ, yi) (Equação 4) A operacionalização dos resultados foi executada no software Stata Versão 11, utilizando a opção vce(robust) para obter erros padrão robustos para o estimador (CAMERON; TRIVEDI, 2009). Além disso, outros critérios de informação foram considerados para analisar o modelo que apresentasse a melhor condição explicativa. O critério de informação Akaike (AIC) é uma técnica estatística cujo propósito é selecionar o melhor modelo, identificado pelo menor valor apresentado (TAN; BISWAS, 2012). O critério AIC é definido como: 21 AIC = − 2 log p(L) + 2p (Equação 5) Onde: L é a probabilidade sobre o modelo ajustado p é o número de parâmetros disponíveis no modelo Porém, em alguns casos o critério AIC subestima o estimador esperado e pode levar a um estimador enviesado. Por essa razão, também é apresentado o critério de informação bayesiano (BIC), mais focado na consistência do modelo do que na estimação (SCHWARZ, 1978; BEDRICK; CRANDALL, 2010). No entanto, o resultado do critério BIC reflete o tamanho da amostra e tende a selecionar modelos mais simples que o critério AIC (ACQUAH, 2010). O critério BIC é definido como: BIC = − 2 log p(L) + p log(n) (Equação 6) Onde: L é a probabilidade sobre o modelo ajustado p é o número de parâmetros disponíveis no modelo n é o tamanho da amostra Superficialmente, a diferença entre os modelos está no segundo termo da equação, onde o critério BIC considera o número da amostra. Por esta razão, o critério BIC é mais consistente em grandes amostras enquanto o critério AIC é mais preciso em pequenas amostras (ACQUAH, 2010). 3.6. Estatística Descritiva Na matriz de correlações identificou-se alta correlação entre as variáveis anosfranquia e anos_empr (0,8710), indicando a possibilidade de multicolinearidade entre as variáveis, que podem estar medindo basicamente o mesmo fenômeno (GREENE, 2002). A correlação entre 22 a variável dependente, franquiastot, com a variável lj_cidade (0,6180) também indica relação entre as variáveis, sugerindo que os franqueados centralizam sua operação na mesma cidade quando aumenta o número de franquias que possui. Ainda, a correlação entre as variáveis seg_dif e franq_dif (0,5770) pode indicar que o franqueado, ao investir na abertura de uma franquia de outra marca, abre essa franquia em segmento diferente daquela que já atua. TABELA 5: MATRIZ DE CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS Média franquiastot 2,75 franq_dif 2,04 seg_dif 1,41 anos_empr 7,55 anosfranquia 5,58 sexo 0,59 lj_cidade 2,35 Desvio Padrão 0,3301 0,1410 0,0711 0,7411 0,6703 0,0588 0,2114 franquiastot 1,0000 0,5479 0,4229 0,3808 0,3405 -0,0763 0,6180 franq_dif seg_dif 1,0000 0,5770 0,0334 -0,0739 -0,0917 0,3572 1,0000 0,0842 0,0137 0,0407 0,3717 anos_empr anosfranquia 1,0000 0,8710 -0,1112 0,4909 1,0000 -0,0830 0,5246 sexo lj_cidade 1,0000 -0,2071 1,0000 Fonte: Elaborado pelo autor 23 4. Análise e discussão de resultados 4.1. Análise Exploratória É possível constatar na Tabela 6 que a distribuição de lojas franqueadas não é homogênea entre os franqueados, sendo que 46% deles possuem apenas uma franquia, constituindo 17% do total de lojas franqueadas da amostra com 33 lojas. No lado oposto, três franqueados detém 19% das lojas franqueadas da amostra, 37 lojas. TABELA 6: ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS Franqueados % 33 46% 16 23% 5 7% 5 7% 2 3% 4 6% 3 4% 1 1% 1 1% 1 1% 71 Franquias por franqueado 1 2 3 4 5 6 8 10 12 15 Lojas franqueadas 33 32 15 20 10 24 24 10 12 15 195 % 17% 16% 8% 10% 5% 12% 12% 5% 6% 8% 100% Fonte: Elaborado pelo autor A Tabela 7 exibe o tempo que os franqueados da amostra atuam nesse modelo de negócios, assim como a quantidade de lojas franqueadas que possuem. É possível verificar que 45 franqueados possuem 111 das lojas da amostra e operam até cinco anos com franquias, representando 63% dos franqueados e 57% das lojas. Ainda, outros 17 franqueados possuem 44 lojas franqueadas operando entre seis e dez anos, representando 24% dos franqueados e 23% das lojas. Essa concentração de unidades franqueadas com até dez anos de operação refletem o recente foco no sistema de franquias como meio de expansão dessas firmas, com 111 unidades franqueadas representando 57% das franquias da amostra. 24 TABELA 7: FRANQUEADOS E LOJAS FRANQUEADAS POR TEMPO DE EXPERIÊNCIA Anos como Franqueados Lojas Franqueado 45 63% 111 57% 1-5 17 24% 44 23% 6-10 2 3% 5 3% 11-15 6 8% 23 12% 16-20 1 1% 12 6% 21-25 71 195 Fonte: Elaborado pelo autor Apesar do franqueador F5 possuir maior quantidade de unidades franqueadas em sua rede (280 franquias), conforme apresentado na Tabela 4, a quantidade de franqueados na amostra não é conclusiva para entender se a sua adesão ao sistema de franquias como meio de expansão é recente ou não. É possível também averiguar na Tabela 8 que o franqueador F3 tem o maior número de lojas franqueadas da amostra, totalizando sessenta e nove lojas e representando 35% da amostra, além de possuir os franqueados mais antigos na amostra, com 21 lojas franqueadas operando entre 16 e 30 anos, sugerindo sua decisão em franquear a marca há mais tempo que as outras firmas da amostra. Os franqueadores F4, F1 e F2 são os que concentram os franqueados mais recentes nesse modelo de negócio. TABELA 8: LOJAS FRANQUEADAS POR ANOS DE EXPERIÊNCIA DO FRANQUEADO Anos 1-5 6-10 11-15 16-20 21-25 26-30 Lojas F1 30 15% 8 4% F2 23 12% 1 1% 8 38 19% 32 16% 4% 24 20 4 9 F3 12% 10% 2% 5% 12 69 35% F4 16 8% F5 18 15 1 6 6% 16 8% 40 21% 9% 8% 1% 3% Lojas % 111 57% 44 23% 5 3% 23 12% 12 195 6% Fonte: Elaborado pelo autor 25 A Figura 3 apresenta graficamente os dados da tabela 8, exibindo o tempo de experiência dos franqueados, por franqueador. O franqueador F2 tem a maior quantidade de franqueados operando nesse modelo mais recentemente (um a cinco anos), enquanto que o franqueador F3 tem o maior número de franqueados mais antigos. FIGURA 3: FRANQUEADOS POR ANOS DE EXPERIÊNCIA COM FRANQUIAS Fonte: Elaborado pelo autor Em relação à experiência dos franqueados, é também possível verificar que há concentração de franqueados cuja primeira atividade empreendedora foi a abertura da franquia da amostra. A Figura 4 exibe a quantidade de franqueados pela quantidade de anos entre a atividade empreendedora e a abertura da franquia. Trinta e cinco franqueados, 49% do total da amostra, empreendeu pela primeira vez na abertura da franquia estudada. Ainda, é possível observar que vários franqueados atuaram como empreendedores anos antes de possuírem a franquia. Vinte e dois franqueados atuarem em outra atividade entre três e seis anos antes de possuírem uma franquia, enquanto que seis franqueados atuaram entre sete e onze anos em outra atividade antes de atuarem com uma franquia. 26 FIGURA 4: DIFERENÇA ENTRE ANOS DE EMPREENDEDORISMO E ANOS DE FRANQUIA DOS FRANQUEADOS Fonte: Elaborado pelo autor 4.2. Resultados As variáveis do estudo foram testadas através do método dos Mínimos Quadrados Ordinários, do Modelo de Regressão de Poisson e do Modelo Tobit. Para cada teste foram utilizados três modelos para entender seus impactos e resultados, onde o primeiro modelo testou a experiência através dos anos como empreendedor, o segundo modelo testou a experiência através dos anos como franqueado e o terceiro modelo testou todas as variáveis do modelo econométrico. O Modelo Tobit apresenta truncamento quando o resultado da variável dependente for igual a zero, não aplicável a esse estudo pois todas as observações da amostra são de empreendedores que possuem unidades franqueadas (GREENE, 2002; GUJARATI, 2006; WOOLDRIDGE, 2006). As variáveis de controle mantiveram a mesma significância em todos os modelos. A variável de controle indicando o gênero do franqueado não apresentou significância em nenhum dos modelos, sugerindo que o gênero não tem impacto sobre a quantidade de unidades que o franqueado possui. Esse resultado está alinhado a estudos sobre empréstimos e financiamentos para empreendedores que não encontraram evidências que o gênero diferencie o resultado esperado (FABOWALE et al., 1995; CARTER; ROSA, 1998; HAINES JR. et al., 27 1999). No entanto, a variável indicando os custos de coordenação do franqueado foi significativa em todos os modelos, reforçando que o franqueado busca minimizar seus custos operacionais e controle ao abrir suas franquias na mesma cidade. Em alinhamento com os estudos efetuados com franqueadores, esse resultado sugere que o impacto da atuação regional influencia positivamente fatores como diversificação de mercado e de produto (ETGAR; RACHMANN, 2010). Os resultados sobre a diversificação indicaram que a atuação do franqueado em segmentos diferentes, representada pela variável seg_dif, é significativa (5%) quando a outra variável representando diversificação, franq_dif, não está disponível no modelo. O resultado da diversificação através de franquias de diferentes marcas é estatisticamente significativo (1%) em todos os modelos testados com essa variável, inclusive quando a outra variável representando diversificação (seg_dif) também consta no modelo. Com isso, os resultados não rejeitam a primeira hipótese, reforçando a possibilidade de utilização da mesma estrutura para a gestão compartilhada de recursos de suas múltiplas unidades, e consequentemente maior eficiência operacional e economia de escala (ARCHER, 2005; GARY, 2005; ETGAR; RACHMANN, 2010). Em relação às variáveis de experiência, os resultados apresentados no terceiro modelo, com todas as variáveis do modelo econométrico, rejeitam a hipótese que a experiência influencia positivamente a expansão do franqueado. Esse resultado está de acordo com a alta correlação das variáveis, tratado anteriormente, indicando que ambas variáveis capturam fenômenos muito semelhantes na amostra. No entanto, estudos apresentam que a experiência influencia positivamente a expansão do franqueador e esse assunto será tratado na seleção do modelo (WEAVEN, 2009; BENNETT et al., 2010; NI; ALON, 2010). Além disso, Mellewigt et al. (2011) sugerem em seu estudo que o franqueado experiente conhece melhor o seu negócio, possui maior discernimento sobre suas necessidades e consciência de como o contrato com o franqueador pode atingir suas expectativas. Consequentemente, pode desenvolver comportamentos a respeito da qualidade do serviço que venha a diferenciá-lo das especificações do franqueador. Para a seleção do modelo apropriado considerou-se uma combinação de critérios, visto que o Modelo de Regressão de Poisson não produz o R2, mas uma solução denominada “pseudo R2”, que é um índice de verossimilhança que mede o máximo aproveitamento do termo 28 (CAMERON; TRIVEDI, 1998; GREENE, 2002). Os outros critérios avaliados foram o critério de informação Akaike (AIC) e o critério de informação bayesiano (BIC), considerando que o critério BIC reflete o tamanho da amostra e tende a selecionar modelos mais simples que o critério AIC (ACQUAH, 2010). A análise do “pseudo R2” indica, primeiramente, que o modelo mais apropriado para o estudo é o terceiro modelo, dado o resultado de 27,16%. No entanto, o critério AIC indica o primeiro modelo, com “pseudo R2” igual a 27,15%, pouco inferior ao resultado do terceiro modelo. O critério BIC também aponta o primeiro modelo o mais apropriado, em concordância ao critério AIC. Portanto, o modelo mais apropriado para o estudo é o primeiro, e seus resultados não rejeitam a primeira e nem a segunda hipótese. A Tabela 10 reflete os resultados encontrados quando as variáveis identificando os franqueadores são inseridas nos modelos testados com o Modelo de Regressão de Poisson. Neste caso, a seleção do modelo segue os mesmos critérios: AIC, BIC e “pseudo R2”, e apresenta diferenças em relação ao modelo selecionado anteriormente. O resultado não rejeita a primeira hipótese, indicando que a diversificação está relacionada positivamente com a quantidade de unidades que o franqueado possui, porém a segunda hipótese é rejeitada. Ainda, a variável de controle que indica a minimização dos custos de coordenação é significativa estatisticamente (1%), e a variável que indica o gênero também é significativa (5%) nesse teste, indicando que o sexo do franqueado está relacionado com a quantidade de unidades que o franqueado possui. 29 30 31 5. Conclusão Este trabalho tem por finalidade auxiliar na compreensão do franqueado e avaliar qual é o impacto da sua diversificação e da experiência prévia como empreendedor na sua expansão. Sendo assim, é fundamental entender os mecanismos que envolvem a diversificação de suas unidades franqueadas através de marcas diferentes e os aspectos relacionados à experiência do franqueado. A pesquisa foi realizada através do preenchimento de questionário entregue aos representantes de cinco franqueadores nacionais, cujos dados resultaram em setenta e um franqueados, totalizando cento e noventa e cinco franquias. A análise empírica foi executada através do Modelo de Regressão de Poisson, pois a variável dependente é inteira e não negativa. Foram gerados e testados sete modelos diferentes para determinar o melhor modelo explicativo, e a escolha do modelo foi realizada através do “pseudo R2”, que é um índice de verossimilhança que mede o máximo aproveitamento do termo, além do critério de informação Akaike e do critério de informação bayesiano (CAMERON; TRIVEDI, 1998; GREENE, 2002; GUJARATI, 2006; WOOLDRIDGE, 2006). Os resultados do modelo selecionado apresentam evidências que a diversificação do franqueado, através da abertura de unidades franqueadas de diferentes marcas, influencia positivamente a quantidade de unidades que ele possui. Ainda, o modelo apresentou evidências que a experiência do franqueado, através da quantidade de anos como empreendedor, está positivamente relacionada com sua expansão, sugerindo que o franqueado atuou anteriormente como empreendedor. A atuação em negócios permite que o franqueado desenvolva competências que, aliadas às características e habilidades dos empreendedores, contribuem para o sucesso do seu negócio, permitindo que a franquia usufrua dos benefícios de coordenação e orientação empreendedora através do aprendizado (LUMPKIN; DESS, 1996; ETGAR; RACHMANN, 2010). Os resultados, ainda, indicam que o franqueado atua regionalmente através de unidades franqueadas na mesma cidade, sugerindo que ele busca facilitar sua coordenação e gestão de recursos ao diversificar através de mercados e categorias de produtos (ETGAR; RACHMANN, 2010). O objetivo teórico desse trabalho é contribuir com a literatura sobre o sistema de franquias, porém buscando compreender aspectos relacionados ao franqueado e suas decisões. As 32 principais teorias apresentadas nesse estudo tratam a escassez de recursos, o controle e monitoramento, e o formato organizacional como principais fatores motivadores para que o franqueador opte pela expansão através desse modelo de negócios (WILLIAMSON, 1979; BRADACH; ECCLES, 1989; EISENHARDT, 1989; LAFONTAINE, 1992; MITSUHASHI et al., 2008; PERDREAU et al., 2011). Inclusive, as teorias abordadas neste trabalho estão entre as teorias mais citadas na literatura sobre sistema de franquias (VAROTTO; NETO, 2013). Os resultados contribuem com estudos que indicaram a experiência como positivamente relacionada com a expansão de franqueadores através de franquias, assim como contribui com a literatura que estuda aos impactos da experiência prévia do empreendedor na do expansão através do sistema de franquias (SHANE, 1998; WEAVEN, 2009; BENNETT et al., 2010; NI; ALON, 2010). Porém, ainda há pouca literatura focando o franqueado como principal objetivo de estudo. Gerencialmente, é preciso aprofundar a análise do setor de franquias com foco no mercado e no empreendedor. Dados da quantidade de franquias no Brasil em 2012 evidenciam a alta procura desse modelo de expansão por investidores que desejam possuir seu próprio negócio, inclusive com alta concentração das unidades franqueadas no sudeste do país (ABF, 2013). Ainda, o contexto econômico brasileiro é um fator que impulsiona o crescimento do sistema de franquias, pois o crescimento do mercado brasileiro nos últimos dez anos e a expansão do consumo abriram espaço para que a demanda precisasse ser atendida, e a expansão através de franquias tornou-se a solução mais rápida para os fabricantes. O comportamento do franqueado também pode ser explicado pelo interesse de franqueadores que prospectam franqueados atuantes em outras marcas para expandir seus negócios, pela oportunidade do franqueado em adquirir conhecimento de práticas mais eficientes com outros franqueadores e aplicar na gestão de suas unidades, além da busca em obter maior eficiência operacional através da gestão compartilhada de recursos e clientes (MARKIDES; WILLIAMSON, 1996; HOFFMAN; PREBLE, 2003; ARCHER, 2005; GARY, 2005). Este trabalho apresenta algumas limitações, especialmente relacionadas à amostra estudada. A amostra representa cinco franqueadores nacionais atuantes em dois segmentos distintos, vestuário e calçados. Com isso, os dados dos franqueados não foram coletados diretamente na origem. Esses dados não estão disponíveis publicamente dado que práticas jurídicas na composição societária, com a finalidade de economia tributária, concedem sigilo os franqueadores a divulgar seus dados e, em muitos casos, não os identificam como 33 proprietários legais dos seus estabelecimentos. Desta forma, os resultados aplicam-se apenas à amostra estudada, não podendo ser generalizados para os segmentos nos quais os franqueadores atuam. Porém, os resultados do estudo dessa amostra apresentaram evidências que podem ser mais amplamente reproduzidas e testadas. Além disso, a relação entre diversificação e quantidade de unidades franqueadas de marcas diferentes, ou a relação entre experiência e quantidade de unidades franqueadas, pode ser inversa. Ao abrir uma unidade franqueada de outra marca, o franqueado diversifica de imediato a marca que atua. Além disso, o franqueado também pode diversificar em decorrência da experiência adquirida em sua unidade franqueada, e com isso abrir outras unidades. A limitação dos dados da amostra não permitiu utilizar variáveis como instrumentos para eliminar a possibilidade de endogeneidade. Futuros estudos podem utilizar amostras mais amplas incluindo outros segmentos que atuam através de franquias, testando, inclusive, se há influência do segmento no resultado. Inclusive, o estudo da evolução dos franqueados ao longo do tempo, através do estudo de dados em painel, pode mostrar se há impacto de indicadores macro econômicos no desempenho dos franqueados, entre outros fatores, e se algum dos segmentos possui desempenho diferenciado. 34 REFERÊNCIAS ACQUAH, Henry de-Graft. Comparison of Akaike Information Criterion (AIC) and Bayesian Information Criterion is Selection of a Asymmetric Price Relationship. Journal of Development and Agricultural Economics, vol. 2, n. 1, p. 1-6, 2010. ALBUQUERQUE, Lindolfo G. de, ANDRADE, Marcelo M. T. de. A Inovação Em Uma Rede de Franchising: Estudo do Caso Yázigi. Revista de Administração, vol. 31, n. 2, p. 40-49, 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING. Disponível em: < <http://www.portaldofranchising.com.br/numeros-do-franchising/evolucao-do-setor-defranchising>. Acesso em: 25 jun. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING. Disponível em: < < http://www.portaldofranchising.com.br/numeros-do-franchising/segmentacao-porestado-2012>. Acesso em: 25 jun. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING. Disponível em: <http://www.portaldofranchising.com.br/site/content/interna/index.asp?codA=12&codC =2&origem=sobreaabf>. Acesso em: 24 set. 2011. ARCHER, Rick. Diversification Key To Chain’s Expansion. Fairfield County Business Journal, vol. 44, n. 10, p. 6, 2005. BEDRICK, Edward J., CRANDALL, Winston K. Model Selection Criteria for LogLinear Models, Australian and New Zealand Journal of Statistics, vol. 52, n. 4, p. 439-449, 2010. BENNETT, Stephen, FRAZER, Lorelle, WEAVEN, Scott. What Prospective Franchisees Are Seeking, Journal of Marketing Channels, vol. 17, n. 1, p. 69-87, 2010. BERNSTEIN, Louis M., Does Franchising Create a Secure Outlet for Small Aspiring Entrepreneur? Journal of Retailing, vol. 44, n. 4, p. 21-38, 1968. BRADACH, Jeffrey L., ECCLES, Robert G. Price, Authority and Trust: From Ideal Types to Plural Forms. Annual Review of Sociology, vol. 15, p. 97-118, 1989. BRICKLEY, James A., DARK, Frederick H. The Choice of Organizational Form: The Case of Franchising. Journal of Financial Economics, vol. 18, n. 2, p. 401-420, 1987. BRICKLEY, James A., DARK, Frederick H., WEISBACH, Michael S. An Agency Perspective on Franchising. Financial Management, vol. 20, n. 1, p. 27-35, 1991. CAFFÉ, Cândida R. Franchising in Brazil. Franchising World, vol. 40, n. 3, p. 27-31, 2008. 35 CAMERON, Adrian C., TRIVEDI, Pravin K. Regression Analysis of Count Data. Cambridge University Press, 1998. CAMERON, Adrian C., TRIVEDI, Pravin K. Microeconometrics Using Stata. Stata Press, 2009. CARNEY, Mick, GEDAJLOVIC, Eric. Vertical Integration in Franchise Systems: Agency Theory and Resource Explanations. Strategic Management Journal, vol. 12, n. 8, p. 607629, 1991. CARTER, Sara, ROSA, Peter. The Financing of Male- and Female-Owned Businesses. Entrepreneurship and Regional Development, vol. 10, n. 3, p. 225-241, 1998. CASTROGIOVANNI, Gary J., COMBS, James G., JUSTIS, Robert T. Toward a Reconciliation of Resource and Agency Views on Franchising. Academy of Management Proceedings, p. I1-I6, 2004. CASTROGIOVANNI, Gary J., COMBS, James G., JUSTIS, Robert T. Resource Scarcity and Agency Theory Predictions Concerning the Continued Use of Franchising in Multioutlet Networks. Journal of Small Business Management, vol. 44, n. 1, p. 27-44, 2006. CASTROGIOVANNI, Gary J., COMBS, James G., JUSTIS, Robert T. Shifting Imperatives: An Integrative View of Resource Scarcity and Agency Reasons for Franchising. Entrepreneurship: Theory and Pratice, vol. 30, n. 1, p. 23-40, 2006. CHEN, Ye-Sho, CHONG, Pete, JUSTIS, Robert T. A Intranet-Based Knowledge Repository: A Structure for Learning Organizations in Franchising. Human Systems Management, vol. 19, n. 4, p. 277-284, 2000. CHERTO, Marcelo Raposo. Franchising: Revolução no Marketing. 3ª edição. São Paulo: McGraw-Hill, 1989. CHIRICO, Francesco, IRELAND, R. Duane, SIMON, David G. Franchising and The Family Firm: Creating Unique Sources of Advantage Through ‘Familiness’. Entrepreneurship: Theory and Pratice, vol. 35, n. 3, p. 483-501, 2011. COMBS, James G., KETCHENS, David J. Jr. Can Capital Scarcity Help Agency Theory Explain Franchising? Revisiting The Capital Scarcity Hypothesis. Academy of Management Journal, vol. 42, n. 2, p. 196-207, 1999. CORREA, P., HOLTEGEBAUM, M., MACHADO, H. Análise do perfil empreendedor dos franqueados de escolas de idiomas na cidade de Londrina, Paraná. Anais do Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica, Gramado, RS, Brasil, 2006. 36 CRUZ, Glória C. de Almeida. Franchising. Rio de Janeiro: Forense, 1993. DALEY, Jason. Family Affair. Entrepreneur, vol. 39, n. 12, p. 97-105, 2011. DANT, Rajiv P., BRUSH, Candida G., INIESTA, Francisco P. Participation Patterns of Women in Franchising. Journal of Small Business Management, vol. 34, n. 1, p. 14-28, 1996. DANT, Rajiv P., GRÜNHAGEN, Marko, WINDSPERGER, Josef. Franchising Research Frontiers for the Twenty-First Century. Journal of Retailing, vol. 87, n. 3, p. 253-268, 2011. EISENHARDT, Kathleen M. Agency Theory: An Assessment and Review. Academy of Management Review, vol. 14, n. 1, p. 57-74, 1989. ETGAR, Michael, RACHMAN-MOORE, Dalia. Market and Product Diversification: The Evidence From Retailing. Journal of Marketing Channels, vol. 14, p. 119-135, 2010. EXAME. Disponível em: < <http://exame.abril.com.br/pme/noticias/setor-de-franquiasdeve-crescer-14-e-faturar-r-117-bi>. Acesso em: 25 dez. 2013. GARY, Michael S. Implementation Strategy and Performance Outcomes in Related Diversification. Strategic Management Journal, vol. 26, n. 7, p. 643-664, 2005. FABOWALE, Lola, ORSER, Barbara J., RIDING, Allan L. Gender, Structural Factors, and Credit Terms Between Canadian Small Business and Financial Institutions. Entrepreneurship: Theory and Pratice, vol. 19, n. 4, p. 41-65, 1995. GUJARATI, Damodar N. Econometria Básica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. GRACE, Debra, WEAVEN, Scott. An Empirical Analysis of Franchisee Value-in-Use, Investment Risk and Relational Satisfaction. Journal of Retailing, vol. 87, n. 3, p. 366-380, 2011. GREEN, William H. Econometric Analysis. New Jersey: Prentice Hall, 2002. HAINES JR., George H., ORSER, Barbara J., RIDING, Allan L. Myths and Realities: An Empirical Study of Banks and the Gender of Small Business Clients. Canadian Journal of Administrative Sciences, vol. 16, n. 4, p. 291-307, 1999. HISRICH, Robert D., BRUSH, Candida. The Woman Entrepreneur: Management Skills and Business Problems. Journal of Small Business Management, vol. 22, n. 1, p. 30-37, 1984. 37 HOFFMAN, Richard C., PREBLE, John F. Convert to Compete: Competitive Advantage through Conversion Franchising. Journal of Small Business Management, vol. 40, n. 1, p. 50-62, 2003. HVBJ. Parents Consider Franchise Ownership Akin to Starting a Family Business. Hudson Valley Business Journal, vol. 22, n. 29, p. 13-14, 2011. JONG, Abe de, JIANG, Tao, VERWIJMEREN, Patrick. Strategic Debt in Vertical Relations: Evidence from Franchising. Journal of Retailing, vol. 87, n. 3, p. 381-392, 2011. KALNINS, Arturs, MAYER, Kyle J. Franchising, Ownership, and Experience: a Study of Pizza Restaurant Survival. Management Science, vol. 50, n. 12, p. 1716-1728, 2004. KAUFMANN, Patrick J., DANT, Rajiv P. Franchising and the Domain of Entrepreneurship Research. Journal of Business Venturing, vol. 14, n. 1, p. 5-16, 1999. KETCHEN, David J., SHORT, Jeremy C., COMBS, James G. Is Franchising Entrepreneurship? Yes, No and Maybe So. Entrepreneurship Theory and Pratice, vol. 35, n. 3, p. 583-593, 2011. LAFONTAINE, Francine. Agency Theory and Franchising: Some Empirical Results. RAND Journal of Economics, vol. 23, n. 2, p. 263-283, 1992. LAFONTAINE, Francine, KAUFMANN, Patrick J. The Evolution od Ownership Patterns in Franchise Systems. Journal of Retailing, vol. 70, n. 2, p. 97-113, 1994. LAFONTAINE, Francine, SLADE, Margaret. Retail Contracting: Theory and Pratice. Journal of Industrial Economics, vol. 45, n. 1, p. 1-25, 1997. LAFONTAINE, Francine, SLADE, Margaret. Vertical Integration and Firm Boundaries: The Evidence. Journal of Economic Literature, vol. 45, n. 3, p. 629-685, 2007. LEITE, Roberto C. Franchising na Criação de Novos Negócios. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 1991. LUIZ, D., MOTOKI, L., VILLELA, J., URA, I., LOURENZANI, A. Franchising como forma de negócio: um estudo preliminar no município de Tupã (SP). Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Salvador, BA, Brasil, 2006. LUMPKIN, G.T., DESS, Gregory G. Clarifying the Entrepreneurial Orientation Construct and Linking it to Performance. Academy of Management Review, vol. 21, n. 1, p. 135-172, 1996. 38 MADILL, Judith J., RIDING, Allan L., HAINES JR., George H. Women Entrepreneurs: Debt Financing and Banking Relationships. Journal of Small Business and Entrepreneurship, vol. 19, n. 2, p. 121-142, 2006. MARKIDES, Constantinos C., WILIAMSON, Peter J. Corporate Diversification and Organizational Structure: a Resourced-Based View. Strategic Management Journal, vol. 39, n. 2, p. 340-367, 1996. MARTIN, Robert E. Franchising and Risk Management. The American Economic Review, vol. 78, n. 5, p. 954-968, 1988. MCINTYRE, Faye S., GILBERT, Faye W., YOUNG, Joyce A. US-Based Franchise Systems: A Comparison of Domestic Versus International Operations. Journal of Marketing Channels, vol. 13, n. 4, p. 5-21, 2006. MELLEWIGT, Thomas, EHRMANN, Thomas, DECKER, Carolin. How Does the Franchisor’s Choice of Different Control Mechanisms Affect Franchisees’ and Employee-Manager’s Satisfaction? Journal Retailing, vol. 87, n. 3, p. 320-331, 2011. MELO, Pedro Lucas de R., ANDREASSI, Tales. Publicação Científica Nacional e Internacional sobre Franchising: Levantamento e Análise do Período 1998-2007. Revista de Administração Contemporânea, vol. 14, n. 2, p. 268-288, 2010. MITSUHASHI, Hitochi, SHANE, Scott, SINE, Wesley D. Plural Form and Franchisor Performance: Early Empirical Findings from Europe. Strategic Management Journal, vol. 29, n. 10, p. 1127-1136, 2008. NI, Liqiang, ALON, Ilan. U.S.-Based Fast-Food Restaurants: Factors Influencing the International Expansion of Franchise Systems. Journal of Marketing Channels, vol. 17, n. 4, p. 339-359, 2010. NIJMEIJER, Karlijn J., FABBRICOTTI, Isabelle N., HUIJSMAN, Robbert. Making Franchising Work: a Framework Based on a Systematic Review. International Journal of Management Reviews, vol. 16, p. 62-83, 2014. PAIVA, Simone B. Franquia: uma estratégia empresarial através da rede de empresas. Revista Estudos Avançados em Administração, 2005. PALICH, Leslie E. Curvilinearity in the Diversification-Performance Linkage: An Examination of Over Three Decades… Strategic Management Journal, vol. 21, p. 155-174, 2000. PERDREAU, Frederic, LE NADANT, Anne-Laure, CLIQUET, Gerard. Organizational Governance Form in Franchising: Efficient Contract or Organizational Momentum? 39 New Developments in the Theory of Networks: Franchising, Alliances and Cooperatives, p. 75-92, 2011. PETERSON, Alden, DANT, Rajiv P. Perceived Advantages of the Franchise Option from the Franchisee Perspective: Empirical Insights from a Service Franchise. Journal of Small Business Management, p. 46-61, 1990. PLÁ, Daniel. Tudo sobre franchising. Rio de Janeiro: Ed. SENAC, 2001. PLUMMER JR., Michael. Family Succession Lessons to Apply. Franchise World, vol. 43, n. 12, p. 72-73, 2011. PREBLE, John F., HOFFMAN, Richard C. Strategies for Business Format Franchisors to Expand into Global Markets. Journal of Marketing Channels, vol. 13, n. 3, p. 29-50, 2006. SAMUELSON, Paul A. Economics: An Introductory Analysis. New York: Editora McGraw-Hill, 1967. SCHWARZ, G. Estimating the Dimension of a Model. Annals of Statistics, vol. 6, n. 2, p. 461-464, 1978. SHANE, Scott. Hybrid Organizational Arrangements and Their Implications For Firm Growth and Survival: A Study of New Franchisors. Academy of Management Journal, vol. 39, n. 1, p. 216-234, 1996. SHANE, Scott. Explaining the Distribution of Franchised and Company-Owned Outlets in Franchise Systems. Journal of Management, vol. 24, n. 6, p. 717-739, 1998. SILVA, Vivian Lara S., AZEVEDO, Paulo Furquim de. Formas Plurais no Franchising de Alimentos: Evidências de Estudos de Caso na França e no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, vol. 11, edição especial 1, p. 129-152, 2007. SILVA, Vivian Lara S., AZEVEDO, Paulo Furquim de. Teoria e Prática do Franchising: Estratégia e Organização de Redes de Franquias. São Paulo: Editora Atlas, 2012. STAPP, Tracy. Yes, Sir Franchize! Entrepreneur, vol. 41, n. 1, p. 146-149, 2013. TAN, M. Y. J., BISWAS, R. The Reliability of the Akaike Information Criterion Method in Cosmological Model Selection. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, n. 419, p. 3292-3303, 2012. VAROTTO, Luis F., NETO, Geraldo C. O. Theoretical Perspectives in Franchising: A Network Analysis. XXXVII Encontro da Anpad, p. 1-16, 2013. 40 WEAVEN, Scott. An Empirical Examination of the Reasons Governing Multiple Unit Franchise Adoption in Australia. Asian Journal of Marketing, vol. 3, n. 2, p. 52-64, 2009. WILLIAMSON, Oliver E. Transaction-Cost Economics: The Governance of Contractual Relations. Journal of Law and Economics, vol. 22, n. 2, p. 233-261, 1979. WILLIAMSON, Oliver E. The Economic Institutions of Capitalism. Firms, Markets, Relational Contracting. New York: Editora Free Press, 1985. WOOLDRIDGE, Jeffrey M. Introdução à Econometria: Uma Abordagem Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 41 # de Anos # Anos Sexo (0=masculino) Empreendedor Franqueado # de Lojas # de Lojas # de Franquias (Marcas) Totais Não Totais Diferentes Franqueadas Franquias # Lojas na Mesma Cidade # Segmentos Setores diferentes Loja na mesma cidade do Franqueador F1 Dummy F2 Dummy F3 Dummy F4 Dummy F5 Dummy ind_diver ANEXOS Anexo 1 – Tabela de Dados dos Franqueados 42 Anexo 2 – Tabela de Questionário aos Franqueados Questionário Franqueador Franqueado Sexo (M/F) Anos como empresário Anos como Franqueado Total de Unidades (Franquias) Total de Unidades (Não Franquias) Total de Franquias (Marcas Diferentes) Total de Franquias (Segmentos Diferentes) Total de Franquias na mesma cidade 43