1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – A VEZ DO MESTRE MOTIVAÇÃO NO TRABALHO CÍNTIA DA SILVA SOARES RIO DE JANEIRO, FEVEREIRO DE 2011. 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – A VEZ DO MESTRE CÍNTIA DA SILVA SOARES MOTIVAÇÃO NO TRABALHO Monografia apresentada ao curso de Pós Graduação em Finanças e Gestão Corporativa Orientador: Prof. Ana Claudia RIO DE JANEIRO, FEVEREIRO DE 2011. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho especialmente à meu marido que tanto se privou de minha presença durante o período de aulas e me motivou e ajudou com o tema. À minha mãe que me deu forças para a conclusão. 4 MENSAGEM “O único homem que comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro”. (AUTOR: ROOSEVELT) 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela vida do meu pai em especial (in memory) pois sempre foi o incentivador da minha educação e aperfeiçoamento, só é uma pena ele não estar mais no meio de nós para assistir a mais essa vitória. 6 RESUMO A motivação é um conceito que se invoca com freqüência para explicar as variações de determinados comportamentos e, sem dúvida, apresenta uma grande importância para a compreensão do comportamento humano, um estado interno resultante de uma necessidade que desperta certo comportamento. Os usos que uma pessoa der às suas capacidades humanas dependem da sua motivação, seus desejos, suas carências, ambições, apetites, amores, ódios e medos. As diferentes motivações e cognições de uma pessoa explicam a diferença de cada uma. Alguns psicólogos afirmam que motivação é o desejo consciente de se obter algo, sendo, assim, uma determinante da forma como o indivíduo se comporta. As organizações tentaram, através do modelo mecanicista, impor que o trabalhador separe a realidade da vida profissional. Mera ilusão. A pessoa é um todo, em que convivem razão e emoção, vida pessoal e profissional. A grande luta será preparar indivíduos para gerenciar de forma mais afetiva as questões pessoais e profissionais. Atualmente o mercado de trabalho está muito competitivo, exigindo que as pessoas estejam em constante inovação. E para que isso ocorra devemos estar sempre motivados em nosso trabalho, pois o nosso desempenho é a garantia de nossa permanência .O objetivo deste trabalho monográfico é esclarecer e ajudar as pessoas à estar sempre motivadas em seu trabalho, contribuindo para que todos as pessoas possam trabalhar e ser feliz o tempo todo. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................... 08 1 O QUE É TRABALHO?..............................................................................................10 1.1 O conceito de trabalho............................................................................................... 12 1.2 O trabalho hoje........................................................................................................... 15 1.3 Trabalho e prazer....................................................................................................... 18 2 MOTIVAÇÃO..............................................................................................................22 2.1 Hipóteses sobre a Motivação..................................................................................... 23 2.2 Hierarquia de Maslow................................................................................................ 24 2.3 Teorias sobre motivação........................................................................................... 29 3 BASES MOTIVACIONAIS NO TRABALHO..........................................................35 3.1 Tópicos importantes para a motivação no trabalho................................................... 37 3.2 Lidando com as Mudanças........................................................................................ 38 3.3 Novas Necessidades................................................................................................... 40 3.4 Cognitivistas e a Motivação.........................................................................................41 4 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA VIVER....................................................................43 4.1 Capacidade de Estabelecer Metas............................................................................. 44 4.2 Aperfeiçoamento Contínuo.........................................................................................46 4.3 Auto-estima................................................................................................................ 46 4.4 Amor ao Trabalho...................................................................................................... 48 4.5 Ambiente de Trabalho................................................................................................ 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................54 8 INTRODUÇÃO O trabalho é uma atividade muito antiga e inerente ao ser humano. Desde os homens das cavernas essa função aparece fortemente como fator importante da vida. Passamos a maior parte de nossos dias envolvidos com o labor. Porém, muitas vezes o trabalho é uma fonte de sofrimento e não traz satisfações, alegrias ou prazer. A insatisfação no trabalho, a desmotivação para o trabalho é uma preocupação dos estudiosos, pois é um problema que afeta muitos trabalhadores, independentemente da posição ou status que possuem na organização. Essa insatisfação é penosa tanto para o trabalhador quanto para a organização. As organizações se constroem ou se destroem pelo desempenho das pessoas que nelas trabalham. Não se concebem organizações estrategicamente vencedoras sem trabalhadores estrategicamente vencedores, nem organizações motivadas sem pessoas motivadas; em conseqüência, não há qualidade sem qualidade de vida no trabalho. (VIANNA, CARVALHO, apud BÚRIGO, 1997, p. 68) Muitas organizações tornaram-se ambientes propícios ao sofrimento do trabalhador, à sua apatia e ao seu descrédito, e, nelas, o trabalho que se presume ser produtivo torna-se entediante. Diante desse fato e, especialmente, para evitá-lo e evitar para a organização suas conseqüências danosas, muitos gerentes buscam incessantemente programas de qualidade, reengenharias, programas de motivação, como iniciativas isoladas, objetivando também o aumento da produtividade e a satisfação dos trabalhadores. 9 A Ergonomia visa, basicamente, à adaptação do trabalho ao homem e preocupa -se, igualmente, se essa atividade apresenta sofrimentos ou alegrias. A Ergonomia busca melhorar os postos de trabalhos fatigantes, oferecendo aos trabalhadores melhores condições de trabalho, visando à melhoria de seu rendimento, seu bem-estar, evitando acidentes ou doenças ocupacionais. Segundo PATRÍCIO (1996, p.57), o ser humano necessita de momentos de felicidade e prazer para “viver saudável”, para “bem viver”. De acordo com a autora, avaliar a qualidade da vida humana implica conhecer a realidade do processo de satisfação de necessidades individuais e coletivas que promovam felicidade e prazer ao ser humano. Correndo atrás da máquina, apressado em cumprir horários impostos, rotinas entediantes, sem criatividade, o trabalhador vive sem sentir prazer com o seu trabalho. Até pode sentir certa satisfação pela tarefa cumprida, uma meta alcançada, mas trabalha para ter como pagar o aluguel no final do mês, a alimentação, a escola dos filhos, enfim, não tem tempo de pensar em si, de questionar se seu trabalho é uma fonte de alegria e prazer ou lhe traz sofrimento, desprazer ou dor. Pretende-se com este estudo verificar e a importância da motivação para que efetivamente as pessoas sintam prazer com seu trabalho, não importando as horas utilizadas com essa atividade, que não contem tempo para a “sonhada” aposentadoria como uma carta de alforria a ser recebida de seu senhor e algoz, que não se sintam escravos mas co-partícipes na construção de um mundo melhor. 10 1 O QUE É TRABALHO? De acordo com o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, de CALDAS AULETE, trabalho é “... ocupação em alguma obra ou ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa. Luta, lida, esforço, labutação”. (p.4015) Segundo KRAWULSKI (1991, p.07), “... esforço empreendido na consecução de um fim, o trabalho é uma atividade tão antiga quanto o empenho do homem em obter a satisfação de suas necessidades, garantindo, assim, sua sobrevivência e a da espécie”. Para SÁVTCHENKO, mencionado por KRAWULSKI (1991) “... o trabalho do homem, as suas condições e seus resultados são o objeto de estudo de diversas ciências. As ciências naturais estudam o aspecto psicológico e fisiológico do trabalho e as sociais analisam-no como um fenômeno socioeconômico”. A Ergonomia, ciência antropocêntrica, visa à adaptação do trabalho ao ser humano, tanto do ponto de vista físico como psicológico. Na linguagem cotidiana, a palavra trabalho possui muitos significados, o mais comum conotando a ação do homem para sobreviver e realizar-se. Segundo BUENO, citado por KRAWULSKI (1991, p.08) trabalho é 11 “... um termo masculino que, em sua forma substantiva, quer dizer: exercício, aplicação de energia física em algum serviço, em uma profissão, ocupação, mister, ofício, labuta, esforço, esmero, cuidado, dedicação, feitura de uma obra, a própria obra já executada, livro, compêndio, escultura, pintura, aflição, sofrimento, parto”. Etimologicamente, a literatura evidencia que a maioria das línguas da cultura européia apresenta mais de um significado para a palavra trabalho. No grego, érgon significa ação, obra, coisa feita pelo exercício da ação, em oposição a aergie (inação). Já aergein quer dizer estar em lazer, sem nada para fazer, e ponos significa pena, fadiga, trabalho fatigante. Existe, então, uma palavra para fabricação, outra para esforço e uma terceira traduzindo o ócio, em oposição a trabalho. O latim clássico distingue entre laborare, a ação do labor, e operare, que corresponde a opus, obra. Laborare significa trabalhar, laborar, executar, empenhar-se em algo, e também sofrer, padecer, estar doente, estar em dores de parto, cansar-se, fatigar-se, sucumbir. Opus refere-se a obra, trabalho, mas tem, também, a conotação de penas e riscos. O francês distingue entre travailler e oeuvrer, além de tâche que significa tarefa; em italiano existe lavorare e operare; e o espanhol apresenta trabajar e obrar. No inglês existem labour e work, esta última expressando algo que se faz ou foi feito, ação, produto da ação de uma pessoa, criação, coisa feita manualmente. Em alemão distingue-se entre arbeit e werk, sendo a última idéia de trabalho ou ação produtiva. Em todas as línguas indo-européias e, conseqüentemente, em suas derivadas, as palavras equivalentes a labor possuem conotação de dor, atribulação, esforço e cansaço, enquanto work ou werk representam criação. (ALBORNOZ, ARENDT, apud KRAWUSLKI, 1991) Em português encontram-se as palavras labor e trabalho como sinônimas; no entanto, na palavra trabalho estão igualmente implicados os dois significados: a realização 12 de uma obra expressiva, criadora e permanente, por um lado, e o esforço rotineiro, repetitivo e consumível, por outro. Em nossa língua, a palavra trabalho originou-se do latim vulgar tripalium, embora seja, às vezes, associada a trabaculum. Tripalium era um instrumento feito de três paus aguçados, com pontas de ferro, no qual os antigos agricultores batiam os cereais para processá-los. Os dicionários, porém, registram tripalium apenas como instrumento de tortura, o que teria sido originalmente ou se tornado depois de seu uso na agricultura. Associa-se, também, à palavra trabalho o verbo do latim vulgar tripallare, que significa justamente torturar. Portanto, é da utilização desse instrumento como meio de tortura que a palavra trabalho significou, por muito tempo e até os dias atuais, padecimento, cativeiro e castigo. (ALBORNOZ, BUENO, apud KRAWULSKI, 1991). 1.1 O conceito de trabalho Considerado em sua mais ampla acepção, o trabalho pode ser concebido como o exercício da atividade humana, quais quer que sejam a esfera e a forma sob as quais essa atividade seja exercida. Muitos autores, ao conceituá-lo, enfatizam o fato de que também os animais, a seu modo, o realizam, mas o trabalho animal, como o das formigas ou das abelhas, é produto de comportamentos instintivos, enquanto o que caracteriza o trabalho humano é a adaptação a situações imprevistas e a fabricação de instrumentos, bem como o fato de ele ser consciente e proposital, na medida em que o resultado do processo existe previamente na imaginação do trabalhador. (BRAVERMAN, FRIEDMANN, apud KRAWULSKI, 1991). 13 a) Características e aspectos principais Como toda ação humana, o trabalho, normalmente, tem seu ponto de partida na insatisfação. A extração, criação, produção ou transformação dele decorrentes ocorrem porque há uma privação, uma necessidade, cuja satisfação é um passo em um processo de sucessivas necessidades. A necessidade é a mais evidente das características do trabalho, apontada pelos autores que o conceituam quase que justificando sua existência. Dentro desse entendimento, o homem trabalha porque precisa, para garantir sua sobrevivência, como afirma SÁVTCHENKO, citado por KRAWULSKI (1991, p.13): “...o trabalho é um companheiro inseparável do homem, pois ele é uma necessidade objetiva da sua vida”. Alguns estudiosos assinalam uma outra característica marcante do trabalho: a organização, em um quadro social, da relação do homem com a natureza. MARX analisou vigorosamente essa relação na atividade de trabalho, pois, para ele, antes de tudo, o trabalho é um ato que se passa entre o homem e a natureza. Para a maioria dos economistas liberais, a principal característica do trabalho, como comportamento essencialmente humano, é a sua utilidade, aspecto que se faz presente a partir do momento em que passa a ser visto como fator de produção, ao lado da natureza e do capital e, conseqüentemente, como criador de riquezas. b) A influência da Igreja A Igreja tem-se manifestado, em seus escritos, a respeito do trabalho, ainda que nem sempre com a mesma conotação. Na tradição judaico-cristã, o trabalho é considerado como labuta penosa, maldição à qual o homem está condenado pelo pecado, fruto de sua desobediência. Assim, a Bíblia apresenta o trabalho como castigo e meio de expiação do pecado original, ao expressar no Gênesis: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. As 14 Santas Regras de São Bento também tiveram grande influência na concepção do trabalho, baseando-se na necessidade de salvação do homem e de sua aproximação a Deus por meio dele. É dessa maneira que os beneditinos, colocando em prática seu lema “ora et labora” (“reza e trabalha”), tiveram papel decisivo na reconstrução da Europa após a queda do Império Romano. Com o advento da Reforma Protestante, o trabalho é uma vez mais fortalecido como chave da vida. Então, manter-se por meio dele é um modo de servir a Deus. As profissões passam a ser vistas como fruto de uma vocação, e o trabalho, o caminho religioso para a salvação. Para a ética do trabalho protestante de Martinho Lutero, trabalhar árdua, diligente e abnegadamente equivale a cultivar a virtude. No século XIX, a encíclica Rerum Novarum, assinada pelo Papa Leão XIII, proclama o trabalho um modo de expressão direta da pessoa humana, não devendo o Estado deixá-lo à mercê do jogo automático das leis do mercado, como uma mercadoria, mas ampará-lo pelos critérios de justiça e eqüidade. No entanto, à parte desses conceitos, o trabalho tem sido considerado, entre moralistas e filósofos, por uns, como um mal necessário ou uma fonte de sofrimentos; por outros, uma fonte de alegria e de prazer; e, ainda, por outros, uma necessidade imposta ao homem pela própria natureza, ou um dever imposto pela sociedade. c) Objetivos do trabalho Além de propiciar a realização do homem como ser biológico, o trabalho traz, em seu bojo, um outro objetivo, qual seja, o de favorecer essa realização no nível espiritualpsicológico. Para o alcance desse segundo objetivo, contudo, é necessário que o trabalho seja simultaneamente meio e fim: meio, na medida em que o seu produto provê a subsistência individual e a produção social; e fim, enquanto puder proporcionar, em algum grau, a autorealização e o crescimento dos indivíduos como seres humanos. 15 1.2 O trabalho hoje No início do século XX, com a implantação da organização científica do trabalho, os conhecimentos técnicos do saber operário foram-lhe retirados. O controle sobre o processo de trabalho foi maximizado e, gradativamente, foram desaparecendo as outras formas de trabalho, passando a ser considerado como um simples fator de produção. Assim, o saber fazer, típico do ser humano e fonte de seu próprio valor, progresso e realização pessoal, não tinha maior importância, tendo em vista a submissão individual do trabalhador, por causa da interdependência das tarefas que caracteriza o trabalho industrial. Ocorreu, dessa forma, a alienação do trabalhador relativamente à concepção do processo produtivo e do produto, tarefa que deixou de lhe pertencer. Citando MOSER , apud KRAWULSKI (1991, p. 56), “... o sucesso da fábrica provém do fato de ela despojar o operário de qualquer controle sobre o trabalho, desde o de prescrever a natureza da tarefa quanto à quantidade a produzir”. Assim, as atividades a desempenhar passaram a ser determinadas por imperativos externos e não mais por deliberação pessoal dos indivíduos e de acordo com seus desejos de realização pessoal. O trabalho passou a ser uma atividade predominantemente individual, levando o homem a uma gradual perda do senso de coletividade. Em conseqüência da individualidade, hierarquia das tarefas e da própria passividade do trabalhador, “... o trabalho atualmente é um meio para ganhar dinheiro e não uma atividade humana significativa em si”. (FROMM, citado por KRAWULSKI, 1991, p.60) 16 O caráter alienado e insatisfatório do trabalho leva as pessoas a duas reações perante ele: por um lado, o ideal da ociosidade total e, por outro, uma hostilidade profundamente arraigada, embora, muitas vezes, inconsciente. Assim, é o tempo destinado ao lazer, separado do tempo produtivo, após a Revolução Industrial, que exerce uma função produtiva, ou seja, a de permitir a recuperação das forças e o consumo. O lazer é, então, a negação do próprio trabalho. Com o trabalho parcelado, o indivíduo perde a noção do todo, do conjunto, não vê o produto acabado, bem como não se sente mais responsável pelo seu trabalho, nem se orgulha dele. O trabalho tornou-se degradado, com a eliminação da criatividade para grande parte dos indivíduos. Ocorreu uma alteração radical do caráter do trabalho, que o tornou um processo singularmente desinteressante e sem significado, obrigando os homens a uma disciplina enervante e embrutecedora, voltada apenas ao aumento da produtividade. Atualmente, além do provimento da subsistência, é mister fazer com que o trabalho satisfaça as necessidades psicológicas da humanidade; uma delas, a autorealização, configura-se, acima de tudo, como uma tarefa estritamente pessoal. As posturas encontradas denotam que as perspectivas para o mundo do trabalho em que vivemos hoje apresentam dois ângulos. Por um lado, vislumbra-se a possibilidade de uma real diminuição do tempo de trabalho, em função do avanço tecnológico que assumiria grande parte principalmente das tarefas operacionais, proporcionando mais tempo livre a todos. Por outro lado, postula -se uma profunda modificação na concepção de trabalho, que, uma vez concretizada, será capaz de gerar mudanças nas suas formas características, nos modos de organização e na finalidade, resgatando os aspectos prazeroso e humano que ele comportou um dia. 17 Nas palavras de GUERREIRO RAMOS, citado por KRAWULSKI (1991, p.68), “... é imprescindível e válido o pressuposto de que os estatutos normativos do trabalho não se podem confundir com os estatutos normativos da vida humana em geral, embora uns e outros se relacionem”. Desse modo, é facultado ao homem de hoje recuperar a dimensão subjetiva de sua existência, traçando limites entre seus objetivos pessoais e os da organização, sem perder, todavia, a dimensão da importância do trabalho na sua formação. Trata-se, em suma, de buscar uma sincronização entre o trabalho e a realização pessoal, pautados por novos critérios de qualidade de vida. Na busca de humanizar as relações de trabalho, a qualidade de vida deste deve estar associada tanto à satisfação dos trabalhadores quanto ao desenvolvimento da organização, considerando a expectativa de que as pessoas serão tanto mais produtivas quanto mais satisfeitas e envolvidas estiverem com o próprio trabalho. Assim, a qualidade de vida no trabalho, tomada como uma intervenção global, que envolve toda a organização, requer, necessariamente, a formação de uma mentalidade global que acredite no limite máximo da sensibilidade, de uma atividade permanente de fazer bem feito diante da perspectiva de transformar o trabalho em prazer, incluindo-o como vetor de fortalecimento da própria felicidade. (LIMA, VIANNA, apud BÚRIGO, 1997) KRAWULSKI (1991), pelo estudo da evolução do conceito de trabalho através da história, concluiu que muito lentamente ele vem perdendo a conotação de sofrimento, pois permite ao trabalhador vantagens dificilmente substituíveis no tempo livre, como identidade e autoconsciência, status e reconhecimento, contato com outras pessoas, satisfação das necessidades, responsabilidade pelo conteúdo de suas atividades e uso do seu tempo. 18 Segundo KANAANE (1995, p.22), “... através do trabalho, o homem pode modificar seu meio e modificar-se a si mesmo, à medida que possa exercer sua capacidade criadora e atuar como copartícipe do processo de construção das relações de trabalho e da comunidade na qual se insere”. (p.22) O trabalho possui um forte potencial motivacional sobre a pessoa, a organização e as outras esferas da vida. Esse potencial motivacional é traduzido fundamentalmente pelo trabalhador em gostar do que faz e em transformá-lo em fonte de satisfação e prazer. MORAES (1992) ressalta que a relação do homem com o trabalho é, às vezes, conflituosa: ao mesmo tempo em que o trabalho é um fardo, dá sentido à vida; ao mesmo tempo em que ele oferece status, define a identidade pessoal e o crescimento humano. Porém, conhecendo essa relação conflituosa com o labor, o trabalhador pode achar seu ponto de equilíbrio buscando não somente uma melhor qualidade de vida, mas, também, uma harmonia do trabalho com as outras esferas da vida. 1.3 Trabalho e prazer S. FREUD, citado por NUNES (1998), definiu trabalho e prazer como princípios arquétipos, contraditórios entre si, fundando uma dualidade analítica que marcou toda a tradição recente de articulação entre esses tópicos. Para este autor, princípio do trabalho é o princípio da realidade, ou seja, a necessidade ontológica imperativa do homem em prover sua existência material e dela produzir a cultura e a civilização. 19 De acordo com a palestra de NUNES (1998): “... este princípio da realidade, consubstanciado na organização do mundo do trabalho e das determinações da sociedade, seria o oposto ao mundo marcado pelo princípio do prazer, determinante de uma origem primordial definida em termos de plenitude e realização erótica, libidinosa, sem sanções e coerções sociais”. Assim, segundo FREUD a natureza prazerosa do homem teria sido superada pela natureza da realidade civilizatória, fundamentada em sanções e representações religiosas e morais, abrangendo o controle da sexualidade (produção de sentidos) e a organização do mundo material produtivo. O trabalho seria a negação do prazer. Para MARCUSE apud NUNES (1988), em sua obra “A Ideologia da Sociedade Industrial”, a sociedade erigiu o mundo do trabalho alienado, sufocando a potencialidade erótica e criadora do trabalho. Busca explicar na história social a dissociação entre o trabalho que realiza o ser humano, ao transformar a natureza, e o trabalho alienado por força das expressões históricas e políticas das contradições da sociedade de classes. Assim, o homem é trabalho, é capacidade criadora e inovadora, que ‘extrojeta’ do que faz a plenitude do que ele é. Entretanto, no decorrer da organização das forças produtivas e em conseqüência de processos econômicos e políticos, o trabalho deixou de ter sua característica reveladora, tornando-se o algoz das pessoas, apropriado por construções sociais expropriadoras e exploradoras. O trabalho, segundo a conferência de NUNES (1998), “... já não representa o homem, fetichiza-se na mercadoria e reifica-se o homem, clivado de si, que não se reconhece nos produtos que sua ação erige e faz existir”. De acordo com o mesmo autor: “... o trabalho na sociedade atual continua a ser o grande catalisador de energias humanas a mobilizar nosso potencial criativo, erótico, afetivo e intelectual em favor do processo mecânico de viabilização material da sobrevivência”. 20 A exploração dessas potencialidades qualitativas pelo universo do trabalho cria, em geral, uma variedade de relação quantitativa do homem com a sua sexualidade na mesma proporção de sua perspectiva de relação com a produção material de sua sobrevivência. O esforço do ser humano em busca do prazer é o grande articulador das ações humanas. A recriação contínua e dinâmica produzida pelo trabalho no mundo do homem, e em muitos casos pelo homem no trabalho, repercute na vivência e significação de sua sexualidade e na sua atitude ante a busca do prazer. De outra parte, a intervenção da sexualidade e do prazer é importante na composição do sentido do trabalho na vida do ser humano. Desde os tempos mais remotos da existência do homem pode-se perceber a multiplicidade de sentidos que as tarefas entendidas de alguma forma como trabalho têm apresentado. Essas formas de entendimento têm dependido da cultura e do momento histórico-político de cada época. Muitos estudiosos preocuparam-se em definir o que seria o trabalho na perspectiva humana, além de buscar entendê-lo como necessidade social, moral e econômica. KARL MARX em “O Capital” assim define trabalho: “... é a condição indispensável da existência do homem, uma necessidade eterna, o mediador da circulação material entre o homem e a natureza”. (palestra de NUNES, 1998) De acordo com a conferência de NUNES (1998), “... a Sexualidade sofre influências estruturais, ao mesmo tempo que repercute as relações do homem com o trabalho este envolvimento mútuo alia o prazer como fator e ao mesmo tempo o efeito destas duas dimensões primeiras”. 21 A sexualidade é aqui entendida como conjunto das atividades humanas em geral e que possuem diferentes formas e significações. Dessa forma, a sexualidade está sempre aberta a novas significações, novas experiências de sentido, apresentando-se, potencialmente, como o critério de percepção da dimensão do trabalho e da concepção da relação deste com o prazer. 22 2 MOTIVAÇÃO Se observarmos as pessoas trabalhando torna-se evidente seus diferentes estilos e hábitos de trabalho. Porém, o bom desempenho requer muito mais do que simplesmente aptidões e habilidades. Requer também motivação para trabalhar. A motivação é um dos inúmeros fatores que contribuem para o bom desempenho no trabalho. A razão pela qual da ênfase tão insistentemente a motivação é que ela é mais facilmente influenciável do que as demais características das pessoas como os traços de personalidade, aptidões, habilidades e outros. Para CHIAVENATO (1994, p.165), "há muita literatura escrita sobre as características comportamentais típicas do funcionário motivado e mais ainda sobre a enorme pesquisa sobre a motivação. Mas, não existem ainda conclusões cientificamente corretas sobre o assunto. As ciências humanas carecem do rigor e do determinismo das ciências físicas". Na realidade, funcionários motivados são avidamente procurados pelas empresas. Mas são ainda criaturas raras. E a ação organizacional nem sempre cria condições motivacionais suficiente para melhorar a qualidade de vida das pessoas e trazer interesse e satisfação no trabalho. 23 Ainda não se sabem bem ao certo distinguir o que é causa e o que é efeito no comportamento motivado. E também ainda, não se descobriu se o comportamento é causado por fatores intrínsecos ou extrínsecos ao individuo ou ao grupo. As teorias de conteúdo procuram explicar quais fatores agem sobre as pessoas para mover seu comportamento e responder à pergunta: - Quais recompensas são eficazes? As primeiras hipóteses sobre o conteúdo da motivação foram propostas pelos filósofos gregos, nas discussões sobre o conceito de felicidade. Veremos a seguir, algumas hipóteses. 2.1 Hipóteses sobre a Motivação As mais sofisticadas teorias continuam a se inspirar nestas antigas idéias, que reconhecem três tipos principais de motivos: a motivação do ganho material, a motivação do reconhecimento social e a motivação interior da realização pessoal. Cada uma dessas hipóteses sobre a motivação corresponde a uma hipótese sobre a natureza humana. Uma quarta hipótese humana é complexa demais para ser explicada por apenas um motivo. A hipótese correspondente é a do complexo. QUADRO 1 - Hipótese sobre a Motivação Humana Homem econômico-racional Homem auto-realizador Homem complexo FONTE: MAXIMIANO, (2000, p. 307). A motivação encontra-se na perspectiva do ganho; o motivo importante é ter bens materiais. A motivação é a realização interior; o motivo importante é a satisfação íntima. A Motivação não tem causa única; diversos motivos ou causas são importantes para mover o comportamento. 24 a) Motivação do Homem Econômico-Racional A primeira hipótese importante a respeito da motivação estabelece que a felicidade resulta da posse de bens materiais. Portanto, o comportamento humano é acionado ou motivado pela perspectiva do ganho. Essa hipótese é importante no enfoque técnico da administração científica, e encontram-se na base de muitos modelos de administração, especialmente planos de carreira, benefícios e incentivos usados na administração salarial. De acordo com esta hipótese, as recompensas materiais são as que oferecem maior atrativo para as pessoas. b) Motivação do Homem Social Reconhecimento público é outra tradução da idéia de felicidade. Algumas pessoas não dão muita importância aos bens materiais, porque gostam da glória, de ser cortejadas e da notoriedade. Em caso extremo, são valiosas e gostam de ser vistas. Esta hipótese corresponde à idéia, divulgada pela escola das relações humanas, de que o grupo tem papel importante no desempenho das pessoas. As pessoas são seres sociais, que não podem sobreviver sem convivência. Por necessidade de aceitação, ou por receio de rejeição, as pessoas agem e trabalham dentro dos padrões criados e respeitados pelos colegas. Esta hipótese está na base de todos os modelos de administração que enfatizam o lado social e humano da organização. De acordo com a esta hipótese, recompensa que funciona é estar de bem com o grupo (ou com os grupos dentro dos quais a pessoa vive). 2.2 Hierarquia de Maslow A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza através das necessidades humanas. Todas as pessoas têm suas necessidades próprias, que podem ser chamadas de desejos, aspirações, objetivos individuais ou motivos, que são forças internas que 25 impulsionam e influenciam cada pessoa determinando seus pensamentos e direcionando o seu comportamento frente às diversas situações da vida. Os motivos ou necessidades são pessoais e individuais, pois são determinados pelos fatores que formam a personalidade, pelos traços biológicos e psicológicos e pelas características adquiridas através da experiência pessoal e aprendizagem de cada pessoa. Certas necessidades são basicamente semelhantes quanto à maneira pela qual fazem as pessoas organizarem seu comportamento e satisfação. Muitas teorias procuram identificar as necessidades que são comuns a todas as pessoas. Para HOLLENBECK (1999, p.88), a utilidade dessas teorias reside no fato de que o gerente, por ter pleno conhecimento dessas necessidades, pode tentar motivar sua equipe a agir e a se comportar de acordo com os objetivos da empresa e, simultaneamente, alcançar satisfação delas através do contexto organizacional. HOLLENBECK (1999, p.88), cita que "uma das metas básicas de todos os gerentes é motivar os trabalhadores a desempenhar suas atividades em seu mais alto nível". Há muitas teorias diferentes sobre motivação para o trabalho, a maioria delas compartilhando alguns elementos comuns. De fato faz séculos que se sabe da importância de metas, feedback e incentivos para dirigir e gerenciar pessoas. O que é novo na área da motivação para o trabalho, porém, é o grau em que as tecnologias modernas possibilitam a aplicação daquilo que há muito tempo se conhece. A teoria mais conhecida é a do psicólogo Abraham Maslow, conforme citam CHIAVENATO (1994), NICKELS (1999) e MAXIMIANO (2000), e se baseia na chamada hierarquia das necessidades humanas. As cinco classificações na hierarquia das necessidades de Maslow descrevem de forma simples como as necessidades e as motivações funcionam e estão arranjadas em uma pirâmide de importância e de influenciação do comportamento humano. 26 I. Necessidades fisiológicas ou básicas - Necessidades de alimento, abrigo (proteção contra a natureza), repouso, exercício, sexo e outras necessidades orgânicas. Embora comuns a todas as pessoas, elas requerem diferentes gradações individuais para a sua satisfação. Sua principal característica é a premência: quando alguma dessas necessidades não esta satisfeita, ela domina a direção do comportamento. Quando todas necessidades humanas estão insatisfeitas, a maior motivação será a das necessidades fisiológicas e o comportamento da pessoa terá a finalidades de encontrar alívio na pressão que essas necessidades produzem sobre o organismo humano (CHIAVENATO, 1994, p.169). II. Necessidades de segurança - Necessidades de proteção contra ameaças, inclusive a ameaça de perda do emprego. Na vida organizacional as pessoas têm uma relação de dependência com a empresa e onde as ações gerenciais arbitrarias ou as decisões inconscientes e incoerentes podem provocar incerteza ou insegurança nas pessoas quanto à sua permanência no emprego. III. Necessidades sociais - Necessidades de amizade, afeto, interação e aceitação dentro do grupo e da sociedade. Quando as necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa se torna resistente, antagônica e hostil, cita CHIAVENATO (1994), com relação às pessoas que a cercam. A necessidade de dar e receber afeto são uma importante ativadora do comportamento humano quando se utiliza a administração participativa. IV. Necessidade de estima - Necessidade de auto-estima e estima por parte de outros, estão relacionadas com a maneira pela qual a pessoa se vê e se avalia. A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de autoconfiança, de valor, de força, prestígio, poder, capacidade e utilidade. A sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, levando ao desânimo ou a atividades compensatórias. 27 V. Necessidades de auto-realização - Necessidade de utilizar o potencial de aptidões e habilidades, autodesenvolvimento e realização pessoal. Essa tendência se expressa através do impulso da pessoa em torna-se mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser, estão relacionadas com a plena realização daquilo que cada pessoa tem de potencial e de virtual, da utilização plena dos talentos individuais. Estas necessidades estão arranjadas em uma hierarquia que lembra uma pirâmide, como mostra a figura 1 . FIGURA 1- A hierarquia das necessidades, segundo Maslow NECESSIDADES DE AUTO -REALIZAÇÃO NECESSIDADES DE ESTIMA NECESSIDADES SOCIAIS NECESSIDADES DE SEGURANÇA NECESSIDADES BÁSICAS FONTE: MAXIMIANO, (2000. p. 315). De acordo com a teoria de Maslow, são válidas as seguintes premissas: - As necessidades básicas manifestam-se em primeiro lugar, e as pessoas procuram satisfazê-las antes de se preocupar com as de nível mais elevado. - Uma necessidade de uma categoria qualquer precisa ser atendida antes que a necessidade de uma categoria seguinte se manifeste. 28 - Uma vez atendida, a necessidade perde sua força motivadora, e a pessoa passa a ser motivada pela ordem seguinte de necessidade. - Quanto mais elevado o nível das necessidades, mais saudável a pessoa é. - O comportamento irresponsável é sintoma de privação das necessidades sociais e de estima. O comportamento negativo é conseqüência de má administração. - Há técnicas de administração que satisfazem as necessidades fisiológicas, de segurança e sociais. Os gerentes podem trabalhar no sentido de possibilitar que as outras sejam satisfatoriamente atendidas. Essa visão a respeito da motivação é bastante positiva. De acordo com essa teoria de Maslow, as pessoas estão em processo de desenvolvimento contínuo. As pessoas tendem a progredir ao longo das necessidades, buscando atender uma após outra, e orientando-se para a auto-realização. MAXIMIANO (2000, p. 315) cita, que a autorealização não está, necessariamente, no topo da hierarquia - não é uma necessidade em si nem a necessidade definitiva, aquela que só pode ser satisfeita uma vez que todas as demais tenham sido atendidas. A auto-realização pode ocorrer em qualquer ponto da escala da motivação, e com o atendimento de qualquer tipo de necessidade, dependendo do indivíduo. CHIAVENATO (1994, p.172), diz que o conhecimento do mecanismo de ação das necessidades humana é fundamental para a condução das pessoas e equipes de trabalho, no sentido de evitar frustrações e de caminhar soluções positivas para o alcance dos objetivos individuais. O gerenciamento de pessoas precisa levar em conta todos os aspectos relacionados com a motivação humana. As teorias baseadas nas necessidades humanas supõem uma estrutura uniforme e hierárquica de necessidades comum a todas as pessoas. Supõem ainda que há sempre 29 uma melhor maneira de motivar as pessoas e que o gerente deve utilizá-la padronizantemente, (CHIAVENATO, 1994). 2.3 Teorias sobre motivação a) Modelo contingencial de Vroom Salienta Vroom, em CHIAVENATO (1994, p.173), que a motivação para produzir em uma empresa é função de três fatores determinantes: - Expectativas (objetivos individuais e a forca do desejo de atingi-los). - Recompensas (relação percebida entre a sua produtividade e o alcance dos objetivos pessoais) - Relações entre expectativas e recompensas. Assim, o nível de produtividade individual depende de inter-relação entre esses três fatores determinantes, como mostra a figura abaixo: FIGURA 2 - Os três fatores determinantes da motivação Motivação de Forca do desejo de alcançar os objetivos individuais Expectativa Recompensa Produzir é Relação percebida entre produtividade e o alcance dos objetivos individuais Capacidade percebida de influenciar o seu próprio nível de produtividade. Rel. entre expectativas e recompensa Função é FONTE: CHIAVENATO (1994, p.173) 30 b) Modelo de expectância O modelo de expectância se baseia na hipótese de que a motivação é um processo governando escolhas ou posições de comportamentos, pelo qual o individuo percebe as conseqüências de cada alternativa de ação, sendo como um conjunto de possíveis resultados provenientes do comportamento que escolheu. Esses resultados podem muitas vezes ser representados como uma cadeia de relações entre meios e fins. Quando a pessoa procura um resultado intermediário (produtividade, por exemplo), está buscando meios para alcançar resultados finais (como dinheiro, promoção, apoio de gerente, benefícios, aceitação do grupo, e outros). FIGURA 3 - Modelo de expectância de caminhos-objetivos EXPECTAÇÃO RESULTADO RESULTADOS FINAIS INTERMEDIÁRIO Dinheiro Promoção Comportamento Produtividade Apoio de gerente Benefícios Aceitação Grupal FONTE: CHIAVENATO (1994, p.174) 31 Segundo, CHIAVENATO (1994), cada pessoa tem preferências quanto a determinados resultados finais que pretende alcançar ou evitar. Prossegue citando que "o modelo de expectância é um modelo contingencial de motivação: o nível de motivação de uma pessoa é contingente em relação às valências que cada pessoa percebe e a instrumentalidade que acredita ter o seu comportamento ou desempenho no trabalho". Entretanto, para HOLLENBECK (1999, p.89), essa teoria "é uma teoria ampla da motivação que tenta explicar os determinantes das atitudes e dos comportamentos no local de trabalho". Os três principais conceitos subjacentes à teoria da expectativa, segundo o autor, são os de valência, instrumentalidade e expectativa. - Valência é uma medida da atração que um determinado resultado exerce sobre um individuo ou a satisfação que ele prevê receber de um determinado resultado. Os resultados podem ter valências positivas, negativas ou nulas. - Instrumentalidade - A convicção de uma pessoa a acerta da relação entre executar uma ação e experimentar um resultado. Estabelece dependência entre a realização da meta e a obtenção da apreciada gratificação. - Expectativa - são convicções relativas ao vinculo entre fazer um esforço e realmente desempenhar bem. c) teoria dos fatores higiênicos e motivacionais CHIAVENATO (1994, p.176), Herberg formulou esta teoria para melhor explicar o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Segundo ele, dois valores orientam o comportamento das pessoas: - Fatores higiênicos: os salários, os benefícios sociais, o tipo de gerência que as pessoas recebem, condições físicas e ambientais de trabalho, as políticas e diretrizes da 32 empresa, os regulamentos internos e outros. Denominados fatores extrínsecos ou fatores ambientais. - Fatores motivacionais: envolvem os sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e as necessidades de auto-realização. Eles estão sobre controle da pessoa, pois estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Tradicionalmente, somente os fatores higiênicos eram levados em conta na motivação das pessoas, o trabalho era considerado desagradável para fazer com que as pessoas trabalhassem mais, apelava-se necessariamente, para prêmios, incentivos salariais, liderança democrática. Políticas empresariais abertas e estimuladores, ou seja, incentivos situados externamente ao individuo em troca do seu trabalho e dedicação. A característica primordial dos fatores higiênicos é que quando são ótimos conseguem apenas evitar a insatisfação das pessoas, porém são incapazes de elevar consistentemente a satisfação das mesmas. Porém, quando são péssimos ou precários, provocam a insatisfação das pessoas. Quanto aos fatores motivacionais, eles envolvem sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e as necessidades de auto-realização. As tarefas e os cargos, tradicionalmente, têm sido arranjados e definidos com a preocupação exclusiva de atender aos princípios de economia e de eficiência, esgotando totalmente os aspectos de desafio e oportunidade para a criatividade individual, perdendo assim, o significado psicológico e assim passam a ter um efeito de desmotivação para a pessoa. Provocando a apatia, o desinteresse e a falta de sentido psicológico. Portanto far-se-á necessário um equilíbrio. É imprescindível, entretanto, conscientizar-se de que a teoria da equidade ou teoria do equilíbrio é a crença de que as recompensas devem ser proporcionais ao esforço e 33 iguais para todos. "Se duas pessoas realizam o mesmo esforço, a recompensa de uma deve ser igual à da outra" cita MAXIMIANO, (2000, p.316) A teoria da equidade ajuda a entender a reação das pessoas à distribuição das recompensas no grupo de trabalho e sua influência sobre a motivação. A falta de equidade pode produzir: I. Alteração nos resultados produzidos: uma pessoa pode aumentar a quantidade de peças produzidas ou clientes atendidos, mas diminuir a qualidade. II. Distorção da autopercepção: a pessoa pensa que está trabalhando mais do que devia, ou que fez a escolha errada da carreira. III. Distorção da percepção de outros: a pessoa pensa que um colega tem um cargo desejável, ou que não requer tantas qualificações como o seu. IV. Escolha de outras referências: a pessoa sente-se inferiorizada comparandose com o colega que se tornou presidente, e procura pensar em um colega em situação inferior. V. Abandono da situação presente: a pessoa deixa o emprego ou a profissão. Entretanto, diz CHIAVENATO (1994, p.178), "para proporcionar uma continua e elevada motivação no trabalho, o projeto do cargo deve ser flexível e gradativamente desafiante, no sentido de acompanhar o desenvolvimento pessoal e profissional da pessoa". Mas, afinal quem é o responsável pela motivação das pessoas dentro da empresa? Ela se auto-abastece ou é uma função gerencial? Segundo NICKELS (1999) e CHIAVENATO (1994), a verdade é que a motivação está dentro das próprias pessoas, impulsionando-as a tomar ações, podendo ser amplamente influenciada por fontes externas individuais ou pelo próprio trabalho na empresa. Através do trabalho gerencial, devem se complementar a motivação intrínseca e 34 extrínseca. Elas podem e devem ser perfeitamente compreendidas pelo gerente e utilizadas como ponto de apoio para potenciar e alavancar a satisfação das pessoas. Necessário de faz que o gerente conheça o potencial interno de motivação de cada pessoa e deva saber como extrair do ambiente de trabalho as condições externas para elevar a satisfação profissional. 35 3 BASES MOTIVACIONAIS NO TRABALHO Os fatores facilitadores do bom relacionamento organizacional são: cooperação, proteção, inovação, auto-aperfeiçoamento e atitudes favoráveis dentro da empresa. De acordo com VIANNA (1999, p. 89), a motivação é uma variável interveniente porque não pode ser vista, ouvida ou tocada, somente pode ser inferida por meio do comportamento. Em outras palavras, somente podemos julgar quão motivada está uma pessoa mediante a observação do seu comportamento. Precisamos primeiro definir operacionalmente a motivação, pois somente podemos medir seus presumidos indicadores. Se um aluno tira notas melhores que seus colegas com a mesma inteligência que os demais, dizemos que este aluno tem alta motivação, somente tendo como indicador a observação. Alguns autores afirmam que as pessoas se comportam em conseqüência de certas motivações. O administrador torna-se eficaz à medida que é capaz de compreender as razões determinantes do comportamento. RODRIGUES (1994, p. 123) cita três dessas razões que são fundamentais: percepção, atitudes e mecanismos de defesa. 36 a) Percepção: é a maneira de uma pessoa experimentar ou sentir o universo. É o processo mediante o qual o indivíduo interpreta as experiências à sua volta. Sensações e estímulos de todas as espécies existem em torno de nós, mas apenas absorvemos ou vemos alguns elementos em qualquer situação. b) Atitudes: o conceito de atitude apresenta íntima relação com o de opiniões e valores; podem ser percebidas como forma de conjunto mental. Não é possível afirmar que as atitudes são necessariamente a causa direta do comportamento, outros fatores também interferem. c) Mecanismos de defesa: é um processo de comportamento adicional; mantêm o equilíbrio e a constância, relativamente ao autoconceito do indivíduo (repressão, agressão, interiorizarão, compensação, fantasia, racionalização e outros). Os fatores comportamentais no trabalho requerem algumas respostas, como: 1. Que tipos de comportamento são requeridos para o funcionamento eficaz da motivação? Segundo VIANNA (1999, p. 90), todas as organizações exigirão não apenas um, mas vários padrões de comportamentos da maioria de seus membros humanos. Por outro lado, as bases motivacionais dessas várias exigências comportamentais poderão diferir. 2. Que padrões motivacionais estão sendo usados ou poderão ser usados nas organizações? Quais são as diferentes conseqüências dos vários tipos de padrões motivacionais, relativos às exigências comportamentais essenciais ao funcionamento da organização? VIANNA (1999) cita que um padrão motivacional poderá ser eficaz na produção de um comportamento necessário e completamente ineficaz para conduzir a outro tipo. 37 3. Quais as condições para provocar um dado padrão motivacional na organização? Para VIANNA (1999), podemos ser capazes de identificar o tipo de motivação que julgamos mais adequado para produzir um dado resultado comportamental, mas ainda assim necessitaremos saber como esse motivo poderá ser estimulado ou produzido na organização. 3.1 Tópicos importantes para a motivação no trabalho O verdadeiro fascínio exercido pelo fenômeno da motivação humana fez com que esse termo passasse a ser utilizado com os mais diferentes significados e nisso reside o primeiro e mais decisivo passo para o estabelecimento de uma confusão generalizada a respeito do assunto. Da mesma forma que alguns afirmam que é preciso aprender a motivar pessoas, outros mostram acreditar firmemente que ninguém tem o condão de motivar ninguém. Como se pode depreender dessas colocações, o conceito de motivação é nesse sentido utilizado a partir de posições contraditórias e, por que não?, antagônicas. Esse tipo de discussão tem feito com que opiniões se radicalizem, chegando mesmo a fazer com que aqueles que queiram conhecer mais sobre o assunto acabem por se sentir complemente perdidos. A grande dificuldade encontrada quando se está estudando qualquer aspecto do comportamento humano reside sobretudo no tipo de dados com os quais se está trabalhando. Quando esses dados são de natureza objetiva, torna-se mais se mais fácil 38 observá-los de forma direta, isto é, imediata e, nesse caso, menores são as possibilidades de interpretá-los subjetivamente. Quando, no entanto, as conclusões a que se pretende chegar baseiam-se na observação indireta, isto é, dependem mesma coisa, mas muitas pessoas utilizam essas duas palavras como se fossem sinônimos, o que tem determinado sérios problemas quanto à verdadeira compreensão das características humanas. 3.2 Lidando com as Mudanças O sucesso somente é importante quando se tem a sensação do amor dentro de si. O sucesso só tem sentido quando se lhe dá esse aspecto e se percebe realizando uma missão. Para SHINYASHIKI (2000, p. 30), a vitória é conseqüência de uma atitude produtiva diante da vida. No cerne da motivação e do moral sistemáticos, existem dois ingredientes que parecem um tanto contraditórios. Por um lado, atitudes positivas em relação ao futuro e em relação àquilo que se pode realizar através de seus próprios atos, intencionais e, por outro lado, o reconhecimento de que a vida não é fácil e de que nada, jamais, é definitivamente seguro. De acordo com NOVAES (1999, p.65), qualquer referência a atitudes positivas em relação ao futuro traz à mente o otimismo ilusório daqueles que pretendem fechar os olhos às duras realidades da vida. O reconhecimento da realidade deve ser parte de qualquer abordagem madura da vida. 39 A vida exige um esforço inabalável, a disposição de tentar e, ao contrário de uma concepção amplamente difundida, os seres humanos adaptam-se muito bem a esse esforço. Nos seres humanos, o longo processo da evolução resultou numa espécie feita de solucionadores de problemas, mais felizes, quando engajados em tarefas que exigem não apenas esforços físico, mas também o engajamento da mente e do coração. Como cita VIANNA (1999, p.90), não somos apenas solucionadores de problemas, somos catadores de problemas. Se não temos um problema à mão, inventamos. A maioria dos jogos são problemas inventados. Fomos talhados para a escalada, não para ficarmos à toa, seja no vale ou no topo da montanha. Das pessoas que até agora vinham discutindo a motivação sob abrigo do grande guarda-chuva que são as empresas, devemos requerer mais independência (autonomia). Será preciso que elas se conscientizem de que são agentes envolvidos, que devem assumir toda a responsabilidade por elas mesmas. Será preciso ter independência, não importando se essas pessoas permanecerão na empresa onde trabalham, assumindo coordenação de novos negócios, ou se irão sair dela para buscar novas experiências. Para KONDO (1991, p. 36), diante dessas mudanças estruturais de setor industrial, as empresas também estão mudando em busca de alternativas para sua própria sobrevivência. Durante esse processo de mudanças, as empresas esperam que seus funcionários (elementos da organização) tenham a capacidade de corresponder às mudanças. Em tempos de grandes mudanças, tornam-se mais importantes as pessoas que, apesar da instabilidade, são flexíveis o suficiente para encontrar seu próprio equilíbrio, em detrimento das pessoas que almejam a estabilidade. 40 3.3 Novas Necessidades O empregado pode buscar, além de salário, estabilidade, desafio, possibilidades de crescimento e de aprendizagem. Por sua vez a empresa procura manter aqueles que, além de assíduos e pontuais, mostrem lealdade, empenho na redução de custos, capacidade produtiva e compromissos com seus objetivos. Para tanto, faz-se necessário conhecermos algumas necessidades inovadoras. - Impulsos básicos: Estimulam comportamentos que visam satisfazer necessidades básicas, baseadas na fisiologia. Exemplo: ar, água, sexo, evitar a dor e equilíbrio biológico interno. Podem ser influenciados pela cultura. - Motivos sociais: Surgem para satisfazer as necessidades de sentir-se amado. Está intimamente ligado ao contato com outros seres humanos, o que é decisivo para o sucesso em ajustamento. - Motivos para estimulação sensorial: As pessoas e outros animais precisam desta estimulação, que pode ser um estímulo externo ou interno, autoestimulação, como cantar de boca fechada, por exemplo. Sem esses estímulos, que são experiências sensoriais, os indivíduos alucinam, no intuito de gerar essa auto-estimulação. - Motivos de crescimento: São os que levam os indivíduos ao aperfeiçoamento pessoal, sem se importarem com o reconhecimento. Acham-se intimamente ligados aos motivos de estimulação, exploração e manipulação sensoriais. O motivo de realização muitas vezes é considerado um motivo de crescimento. . Idéias como motivo: As idéias podem ser intensamente motivadoras, proporcionando comportamentos motivados por sugestões, que podem até mesmo comprometer a integridade física do indivíduo. Essas idéias podem gerar conflitos, quando 41 ocorre a dissonância cognitiva, mas geralmente as pessoas são motivadas a manterem suas cognições coerentes. A base para a motivação é o reconhecimento e o exercício dos fatores humanos relacionados com o conteúdo do trabalho, particularmente a criatividade e a sociabilidade. Isso provavelmente não mudará enquanto o ser humano existir sobre a face da Terra, independentemente de raça ou região. Entretanto, as prioridades para as quais a motivação deve se voltar irão mudar conforme as tendências da nossa sociedade, que passa por grandes transformações. De acordo com KONDO (1991, p. 37), as empresas estão: - Promovendo internacionalização - Desenvolvendo novos negócios - Destinando recursos para pesquisas e desenvolvimento - Valorizando as atividades de marketing e de vendas Com isso querem que seus funcionários tenham capacidade de corresponder às mudanças. O problema passa, agora, a como corresponder a essas necessidades das empresas e, ao mesmo tempo, corresponder às necessidade individuais. 3.4 Cognitivistas e a Motivação Segundo MOTTA (1986, p.53), ao contrário dos behavioristas, os cognitivistas acreditam que os indivíduos possuem valores, opiniões e expectativas em relação ao mundo que os cerca e que assim também são direcionados em seus comportamentos, só que desta vez baseados nas representações internas. Isto é, os indivíduos possuem 42 representações internalizadas do seu ambiente, que envolvem os processos de percepção, pensamento e aprendizagem. De acordo com essas representações, os indivíduos formam objetivos e lutam para atingi-los. Conforme indica AGUIAR (1992, p. 154), em oposição aos behavioristas, que acreditavam que é possível e necessário aprender a motivar os outros, os cognitivistas acreditam que ninguém jamais motiva quem quer que seja, uma vez que as ações humanas são espontâneas e gratuitas, tendo como origem suas impulsões interiores. 43 4 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA VIVER O tempero da vida é fornecido pela motivação, pelo entusiasmo. Em primeiro lugar, é preciso que o indivíduo se entusiasme por si mesmo, pela sua família, pelos seus colegas, pelo seu trabalho. Para KOSTESKI (1999, p.47), o simples fato de enxergar ou caminhar já é um motivo mais que suficiente para entusiasmar-se pela vida. A motivação é a chave mágica que abre as portas do êxito e da felicidade. Se agirmos desmotivados e pensamos negativamente, atrairemos todos os pensamentos negativos, piorando o nosso estado. EDLER (1995, p.235-237) aconselha: Busque os seus sonhos. Transforme-se na verdadeira pessoa que existe dentro de você. Escute aquela "vozinha" que vem de dentro, que é a pessoa que você era quando adolescente. Aquele é o verdadeiro você. Não faça necessariamente o que os outros acham que você deveria fazer. Faça o que você ama com toda a intensidade, e tudo mais, quase sempre incluindo o dinheiro, que virá com decorrência. Para buscar seus sonhos, simplesmente transforme-os em metas. Escreva as suas metas num papel e não mostre a ninguém. Esta é a única maneira de você ser totalmente honesto com você mesmo. Mantenha-as com você e leia-as de vez em quando. Você vai descobrir que tudo no mundo fica mais fácil para quem sabe para onde está indo. 44 Abrace sua família. A sua família é mais importante que você imagina, e terá se ido antes do que você espera. Eu tenho três fotos na minha mesa. Uma de mim com meus pais, e as outras duas, com minha esposa e meus filhos, durante as férias. No escritório, eu não tenho nenhuma foto em que esteja trabalhando até tarde, fazendo uma negociação. Eu não tenho uma foto minha fazendo um depósito no banco. Apenas da família. Geralmente, uma criança parte para a faculdade ou para sua carreira aos dezessete anos. O que são dezessete anos numa expectativa de vida de 85? Você só terá os filhos em casa em 20 por cento da sua vida. Encontre uma fé que funcione para você. Fé é, para maioria de nós, uma coisa muito pessoal. Você pode precisar da sua fé hoje ou no próximo ano. Podem se passar vinte anos. Mas o tempo vai chegar. Encontre um meio de equilibrar o lado espiritual com as outras áreas dos negócios, vida pessoal e familiar. A fé não pode ser provada. Apenas confie na sua intuição. Estime o companheirismo dos seus amigos. Reserve um a tempo para admirar as árvores de que você gostava tanto e nas quais vivia subindo quando criança. Fique em paz consigo mesmo, com quem você é. 4.1 Capacidade de Estabelecer Metas Conseguir na vida algo que não se planejou, equivale a voltar de uma viagem nunca se fez. Para KOSTESKI (1999, p. 48), ultrapassa 80% o número de pessoas que não têm metas traçadas e depois lamentam que seu amigos conseguem as coisas e elas não. A maioria das pessoas espera que as coisas aconteçam e foge da responsabilidade. 45 Só se pode atingir o sucesso quando se sabe exatamente o que se pretende atingir e partir para a luta. É intrínseco ter sempre em mente o objetivo, as metas almejadas. Entretanto, estas metas não devem ferir as leis irrevogáveis da natureza. Sem metas claras e bem definidas não se vai a lugar nenhum. A vida leva para qualquer lugar aqueles que não têm metas definidas. Para LOPES (1979) apud KOSTESKI (1999), na grande maioria leva para o vale da solidão e do desespero. Não havendo comprometimento com as metas, as dificuldades aumentam. Razão pela qual é fundamental todos compartilharem com os objetivos. Mas quem, acima de tudo, deve acreditar e lutar somos nós. Muitos projetos organizacionais não se viabilizam pela dificuldade que algumas pessoas apresentam em estabelecer objetivos e empenhar-se na sua viabilização. Sentem-se vítimas dos acontecimentos, esperam que os fatos aconteçam por si, dificilmente traçam rumos para seu futuro. Desanimam-se diante dos desafios e resistem a traçar metas, alegando experiências anteriores com a frustração decorrente da descontinuidade de projetos e propostas. Costumam recuar diante de obstáculos, não se mostrando criativas para buscar soluções e saídas para as dificuldades emergentes. Para BOM SUCESSO (1998, p.46), as queixas constantes de falta de tempo encobrem, na maioria das vezes, a dificuldade em estabelecer e respeitar prioridades. O indivíduo com esse perfil acumula compromissos, deixa-se levar pela rotina, sem avaliar suas reais possibilidades antes de assumir compromissos. Muitas vezes apresenta dificuldade em dizer não e se propõe a fazer coisas que não quer ou não pode cumprir. Envolve-se com atividades secundárias e adia outras altamente importantes. A administração inadequada do tempo decorre acima de tudo do não estabelecimento de prioridades, que gera dispersão de esforços e compromete resultados. A priorização se mostra essencial na realização das metas. 46 "Existe uma grande diferença entre envolvimento e comprometimento. Quando ocorre um comprometimento, o resultado é uma conspiração universal". (RIBEIRO, 1999, p.41). Segundo o autor, o universo passa a ser aliado quando nossas metas estão acompanhadas com finalidade de vida e nos comprometemos a alcançá-las. Ousando fazer, o poder de realização nos será outorgado. 4.2 Aperfeiçoamento Contínuo As transformações e as mudanças andam nua velocidade até então nunca vista na história da humanidade. Competência é o combustível indispensável no barco de qualquer atividade profissional. Mudar já não é suficiente, é preciso revolucionar. Para FERRETTI (1999, p. 79), produto sem qualidade e profissional desatualizado não têm mais espaço num mundo que evolui e a cada dia se transforma. O ser humano é o único ser vivo na Terra que tem consciência da morte. Mas tem também uma chama que o impulsiona na conquista de objetivos e da realização pessoal. É preciso estar constantemente inovando, de olho no futuro, para acompanhar o mercado. 4.3 Auto-estima A auto-imagem e a auto-estima decorrem do grau de reconhecimento recebido durante os primeiros anos de vida, segundo alguns autores, através do elogio ou da depreciação, do reforço positivo ou negativo que fazem desenvolver a baixa estima, a alta 47 estima ou sobrestima. A baixa estima manifesta-se pela falta de confiança em si, tendências à desvalorização das próprias possibilidades, medo do fracasso. A alta estima se traduz na aceitação de si, caracterizada pela confiança, reconhecimento do potencial e sentimentos positivos em relação a si mesmo. A sobrestima expressa-se pela conduta vaidosa e por uma forte ostentação, decorrentes da supervalorização da própria capacidade. A sobrestima sugere conduta agressiva ou baixa crítica. Para BOM SUCESSO (1998, p. 47), conservar o nível adequado de estima decorre do exercício permanente de atenção às situações em que instam pensamentos negativos e depreciativos em decorrência de erros, rejeições, fracassos. É preciso observar quando se mergulha em idéias autodepreciativas, sentimentos de culpa, autodesvalorização. É essencial estabelecer limites e não permitir que seu comportamento seja depreciado. O exercício da assertividade permite lidar de forma efetiva com essa situação, mostrando ao outro a insatisfação com o tratamento dispensado à sua pessoa. Quem se comporta de forma assertiva aprende a manter a alta estima e a contribuir para a alta estima do outro. Isso não acontece com os agressivos, que fazem tudo para subestimar o outro. Para RODRIGUES (2000, p. 57), pisar na auto-estima é uma das condutas mais implicadoras das relações de trabalho. Embora prática freqüente em muitas empresas, essa postura resulta em sofrimento, descrença, vergonha. Aqueles acostumados a humilhar, depreciar, desconsiderar os mais simples, costumam não saber o rancor e a infelicidade que geram. Enquanto conquista da qualidade de vida, um ponto essencial é não apoiar, nem por brincadeira, aquele que ofende, agride e humilha os outros. Além de conduta desrespeitosa, não há raciocínio ético que desculpe a opressão e o desprezo. 48 Para KOSTESKI (1999, p.13), "em algo tão simples, podem ocultar-se razões jamais reveladas, que fazem com que a inércia não conduza a agir e conquistar aquilo que se deseja." Reforça-se a estima através da atenção, de se olhar aquele com quem se fala, agradecer, pedir desculpas, cumprimentar, despedir de forma polida, valorizar a contribuição. Dar respostas às solicitações, retornar ligações telefônicas são também atitudes de quem valoriza o outro e mantém alta sua estima. O estímulo a esta postura no ambiente de trabalho é fator fundamental para a manutenção de relações interpessoais sadias, instalando-se um clima de verdade e confiança. "É possível que uma vez a cada cem anos o excesso de elogios dado a alguém possa estragar a pessoa, mas não há duvida de que a falta de elogios destrói a alma de alguém a cada minuto." 4.4 Amor ao Trabalho "Se não podeis trabalhar com alegria, tão somente com irritação e desgosto, melhor seria que abandonásseis vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas dos que trabalham com alegria." (Khalil Gibran) Ninguém consegue subir na vida a não ser com muito trabalho. O universo está em pleno movimento, todos lutam e trabalham pela sobrevivência. Os seres humanos, dotados de inteligência e criatividade, têm como missão continuar e aperfeiçoar a obra do Criador. 49 Para KONDO (1991, p. 37), não há uma escala hierárquica quanto ao valor do trabalho, todo trabalho é importante. Nada dignifica mais o ser humano do que realizar bem o seu trabalho. Se o sucesso é tão almejado, um degrau indispensável é o trabalho. Não basta fazer o estritamente necessário, o fator diferencial oculta-se no amor dispensado em algo mais. 4.5 Ambiente de Trabalho O ambiente de trabalho pode fazer com que as pessoas se sintam bem, ou desmotivadas, caso não seja tão satisfatório quanto desejam. A busca é de cada vez mais tentar garantir condições seguras de trabalho e oferecer um ambiente saudável. Pode-se influenciar ou aprimorar cada vez mais os principais instrumentos de motivação de seu trabalho, a fim de aumentar a quantidade e a qualidade. De acordo RODRIGUES (1994, p. 124), dentro do trabalho, todos querem se sentir realizados, todos querem mostrar que estão dando o melhor de si e que, na medida do possível, fazem avanço. Porém, para que isso ocorra é necessário incentivar o aprimoramento de cada um dentro da equipe, ajudando, assim, cada qual aprimorar e definir seus padrões e metas pessoais atuais e futuras. As equipes precisam também de treinamento para que possam ter as habilidades e conhecimentos para a execução de tarefas. Da mesma forma um trabalho em equipe tem um papel de importância vital na motivação das pessoas. É necessário reconhecer na equipe desejos e necessidades diferentes, individualizá-las e moldar a e equipe para manter um grupo eficiente e coeso. 50 Se os funcionários forem influenciados pelas pessoas com quem trabalham, obviamente eles serão influenciados pelo trabalho que essas pessoas realizam para a empresa, onde os diferentes grupos de recursos humanos estão em posição de exercer uma influência positiva nessa área. Conseqüentemente, é preciso valorizar a importância que o prazer desperta nas pessoas e ser capaz de avaliar os funcionários e suas funções para ver até que ponto eles se ajustam a elas. 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS A escola de relações humanas foi a primeira a se ocupar mais sistematicamente dos aspectos humanos da organização, até então negligenciados. Foi a primeira a dar ênfase à satisfação do empregado, a se ocupar de suas questões afetivas e pessoais, a falar do crescimento pessoal e motivação, abrindo um caminho trilhado até hoje. Desde então, a teoria da administração e as grandes organizações têm realizado estudos e procurado desenvolver técnicas a fim de fazer com que os interesses pessoais dos homens coincidam ou sejam compatíveis com os interesses das organizações. Apesar de ainda não estar bem definida, devido à diversificação de opiniões, a motivação é, sem dúvida, o que leva o ser humano a se comportar de maneiras específicas e diretamente ligadas às suas necessidades, sejam estas em nível fisiológico e/ou cognitivo, o que torna o motivo um tanto complexo, subjetivo e diretamente ligado às experiências anteriores e personalidade de cada indivíduo. Seja qual for a definição dada à motivação, não podemos deixar de estudar sua aplicabilidade nos comportamentos humanos, principalmente em termos sociais e trabalhistas. O potencial de cada trabalhador dentro de uma empresa depende em grande parte da motivação que ele tem. Funcionários que trabalham apenas por pressão ou 52 insatisfeitos com seus empregos estão condenados a realizar um baixo potencial, ao contrário do que trabalha em busca de seu constante aperfeiçoamento. A motivação é algo que cada indivíduo possui por si mesmo, através de um ambiente ou atmosfera propícios a esse desenvolvimento. A pirâmide de Maslow é um exemplo nítido da classificação das necessidades de um ser humano, desde as necessidades fisiológicas até as de auto-realização. Ele deve ser constantemente estimulado a fazer ou não algo, através do qual cada vez mais se sinta impulsionado a atingir níveis superiores de suas necessidades. Os funcionários são motivados com base no conteúdo de seus empregos e no que fazem. A motivação é um tema atual e constante não só na psicologia como também na administração, pois ambas trabalham juntas no sentido de ajudar o ser humano a subir cada vez mais em seus níveis de necessidade, proporcionando a este um possível estado de satisfação, sendo que, quando estas estão satisfeitas, novas necessidades surgem, contribuindo para uma constante e incessante busca, motivando e impulsionando cada indivíduo em sua jornada da vida. Visando essas necessidades, o mercado literário lança a cada dia uma infinidade de livros de auto-ajuda relacionados à motivação, com o principal objetivo de que o ser humano atinja o estado de bem-estar, o qual tanto busca. Assegurar trabalho digno deve ser tomado como desafio central, uma vez que o ambiente organizacional competitivo ou selecionador pode ser transformado. Esforço físico excessivo pode ser equacionado, relações negociadas podem substituir a excessiva falta de entrosamento nos departamentos. Não existe, porém, alternativa para a qualidade de vida no desemprego. A motivação é a única saída, o alicerce da qualidade de vida. 53 No cenário idealizado de pleno emprego, mesmo de ótimas condições financeiras, conforto e segurança, alguns trabalhadores ainda estarão tomados pelo sofrimento emocional. Viver com qualidade é, acima de tudo, aprender a desfrutar do que se tem, valorizar conquistas, empenhar-se no autoconhecimento, desenvolver posturas facilitadoras, cuidar da saúde física e emocional, ter lazer, desenvolver-se emocionalmente. Os desafios e as metas da qualidade dependem da mobilização das pessoas para o desenvolvimento das ações de programas. Por outro lado, o que se observa é que, apesar de as empresas estarem investindo em tecnologia, verifica-se desequilíbrio, descuidam-se em relação às estratégias de envolvimento do pessoal em direção à qualidade. Entretanto, esse fator, que pode ser considerado o mais importante para o estabelecimento das metas das organizações, é despertado por programas participativos, desde que se atente para a qualidade de vida no trabalho. Para o trabalho a insatisfação e a desmotivação são desastrosos tanto para a organizações quanto para o trabalhador. As organizações se constroem ou se destroem pelo desempenho das pessoas que nelas trabalham. O ser humano, no contexto organizacional, é o diferenciador que impulsiona e, às vezes, até desestabiliza o desenvolvimento da organização. A valorização das pessoas tornará as empresas mais humanizadas e fornecerá condições para uma melhor qualidade de vida do ser humano, buscando o aperfeiçoamento, compreendendo mais o outro, trabalhando em equipe. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Maria A. F. Psicologia aplicada à Administração: Teoria crítica e a questão ética. São Paulo: Exellus, 1992. AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. 5 ed. Rio de Janeiro : Editora Delta, 1964. BATMANN T.S & SNEILL. S.A. Administração: Construindo a vantagem competitiva. São Paulo, Atlas, 1998. BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark/ Dunny, 1998. BÚRIGO, Carla Cristina Dutra. Qualidade de vida no trabalho: dilemas e perspectivas. Florianópolis : Editora Insular, 1997. 184 p. CHIVEANATO, Idalberto. Recursos Humanos - Ed. compacta, 3. ed - São Paulo; Atlas, 1994. EDLER, Flávio Coelho. Fontes alternativas para a História das Ciências. História das Ciências. História, Ciência e Saúde - Manquinhos. Rio de Janeiro: v1, n. 2. 1994. FERRETI, C. J. Comentários sobre os documentos Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional de nível técnico. MEC/CNE [s.:1:s.n] 1999. texto. KANAANE, Roberto. Comportamento humano nas organizações: o homem rumo ao século XXI. São Paulo : Atlas, 1995. 131 p. KRAWULSKI, Edite. Evolução do conceito de trabalho através da história e sua percepção pelo trabalhador de hoje. In: Dissertação de Mestrado em Administração. Centro Sócio Econômico. Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina/Programa de Pós-Graduação em Administração, Área de Concentração: Administração Pública, agosto de 1991. 121 p. KONDO, Y. Motivação humana. São Paulo: Revisão, 1991. 55 KOSTESKI, C. Motivação: caminho para o sucesso. Curitiba: Ed. do Autor, 1999. MAXIMIANO, A.C.A. Gerência de trabalho de equipe. São Paulo: Pioneira, 2000. MOTA, Carlos Guilherme. Indústria Brasileira: Origem e desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1986. NICKELS, Willian G. e WOOD, Marian B. Marketing: relacionamento, qualidade, valor . 1ª ed. Rio de Janeiro . LTC, 1999. NOVAIS, P. Uma crítica ao conceito de espaço no planejamento estratégico. In: Anais do VII Colóquio Internacional sobre o poder local: "Poder local e Internacionalização desenvolvimento, (re) configurações organizacionais e estratégias de gestão." Salvador: UFBA/ NPGA/ NEPOL. 1999. NUNES, César. Conferência: Trabalho e prazer. In: I Congresso Nacional de Educação e Trabalho. XIV Encontro de Profissionais que atuam na área de Educação e Trabalho. Florianópolis : Fundação Catarinense de Educação Especial – FCEE/APAE, 1998. (mimeo) PATRÍCIO, Zuleika Maria. Ser saudável na felicidade-prazer – uma abordagem ética e estética pela unidade holístico-ecológico. Pelotas : Editora Universitária/UFPEL; Florianópolis : Programa de Pós-Graduação em Enfermagem/UFSC, 1996. 153 p. RIBEIRO, T. S. Veículos Lançadores de Satélites Cenário Atual e Futuro. Parcerias e Estratégias, v.7, Uot.,p. 235 - 247, 1999. RODRIGUES, M. V C. Qualidade de vida no trabalho. Petrópolis: Vozes, 2000. SHINYASHI, Roberto. Rumo à Sidney, p.30 - 32. Revista T & D - Desenvolvimento de Pessoas, Ano VII. Edição 93, setembro, São Paulo, 2000. VIANNA, M. A. F. Motivação, liderança e lucro. São Paulo: Gente, 1999. WAGNER III, J.A; HOLLENBECK, JR. Comportamento Organizacional - criando vantagens competitivas. São Paulo: Editora Saraiva, 1999.