Daniele Alves Eduardo César Jamile Carvalho Larissa Leal Mário Celso Rafaela Azevedo 1. Breve histórico de Jacob Levy Moreno - 1889: nasceu no dia 6 de maio, em Bucareste, na Romênia. - 1894: muda-se para Viena. - 1907: adepto do hassidismo, cria o seinismo. Nesta época, cultiva jogos de improvisos na praça de Viena com crianças, com o objetivo de favorecerlhes a espontaneidade. Desenvolve o teatro infantil. - 1912-1917: faculdade de Medicina. Desenvolve trabalho com prostitutas e trabalhos em campo de refugiados tiroleses. 1. Breve histórico de Jacob Levy Moreno - 1920: conclui seu livro “As Palavras do Pai”. - 1921: publica seu 2º livro “O Teatro da Espontaneidade”. - 1925: sai de Viena e vai para os EUA. - 1928: primeiras experiências psicodramáticas nos EUA. - 1929: primeiro psicodrama público nos EUA, no Carnegie Hall. 1. Breve histórico de Jacob Levy Moreno - 1937: em Beacon House, é construído seu primeiro teatro terapêutico. Lança a revista Sociometria e se incorpora à Universidade de Colúmbia e de Nova York. - Década de 40: funda a Sociedade Americana de Psicodrama e Psicoterapia de Grupo (IAGP). - 1949: separa-se de Florence e se casa com Zerka Toeman. O sociólogo e coordenador do Instituo Nacional do Negro, o baiano Guerreiro Ramos, realiza as primeiras experiências e pesquisas psicodramáticas brasileiras no Teatro do Negro, no Rio de Janeiro. - Década de 50-60: Pierre Weil começa psicodramatistas em Belo Horizonte e Recife. - 1952: tem uma filha com sua esposa Zerka. a formar 1. Breve histórico de Jacob Levy Moreno Guerreiro Ramos Zerka Toeman Pierre Weil - 1964: ocorre o primeiro Congresso Internacional de Psicodrama, em Paris. - 1970: acontece, em SP, o V Congresso Internacional. - 1974: Moreno morre aos 85 anos. “Aqui jaz quem devolveu alegria à Psiquiatria”. 1.2. Obra de Jacob Levy Moreno - Suas principais obras: “Quem sobreviverá? As bases da sociometria”, “Psicodrama”, “Psicoterapia de Grupo e Psicodrama” e “Fundamentos do Psicodrama”. - Obra dividida em: a) Religioso-filosófico: seinismo, teatro infantil, trabalho com prostitutas e com refugiados tiroleses. b) Teatral e terapêutico: criação do Psicodrama, em abril de 1921, e publicação do livro “O Teatro da Espontaneidade”. c) Sociológico-grupal: preocupação social e com grupos. d) Momento da organização-consolidação: consolida a teoria da Socionomia. 1.3. Bases Filosóficas do Psicodrama O Psicodrama se enquadra na abordagem fenomenológicaexistencial. O Psicodrama busca fazer com que o indivíduo possa viver em plenitude com suas inquietações psicológico-existenciais. Cada sessão psicodramática, para Moreno, era uma experiência existencial. O homem é um ser inacabado que está em constante mudança e o Psicodrama é aberto a este tipo de visão, pois como declara Moreno: “uma resposta provoca cem perguntas”. 2. A Teoria Socionômica de Moreno Socionomia significa o estudo das leis que regem as relações humanas. Os principais ramos desta teoria são: a) Sociodinâmica: estuda o funcionamento das relações interpessoais. b) Sociometria: estuda a estrutura destas relações e mensuração das relações entre as pessoas. c) Sociatria: terapêutica das relações sociais. c.1) Psicodrama: tratamento através da ação dramática do protagonista em grupo. c.2) Sociodrama: tem como protagonista sempre o próprio grupo. c.3) Psicoterapia de grupo: prioriza o tratamento das relações interpessoais, inseridas na dinâmica de grupo. 3. Principais Conceitos 3.1.) Espontaneidade-criatividade - Capacidade humana de responder de forma nova às situações novas ou antigas. - Considerada como característica inata. - Não é permanente,variando de intensidade. - Constituída por elementos conscientes e inconscientes. - Não surge automaticamente, nem por vontade consciente, mas sim através de uma correlação com outro ser criador. • Paradoxo - Espontaneidade x Segurança - Patologias da espontaneidade • Características da Espontaneidade - Originalidade Qualidade dramática (vivacidade e novidade) Criatividade (novas transformações) Adequação da resposta (flexibilidade a um mundo de mudanças velozes) • Espontaneidade X Criatividade o Espontaneidade - Catalisador psíquico o Criatividade - Substância que capacita o sujeito a agir - Vinculados entre si, responsáveis pela sobrevivência social, abalando as conservas culturais. A Espontaneidade-Criatividade e o Psicodrama Ao relacionar os dois com o Psicodrama, Moreno propõe a “revolução criadora” para a recuperação da espontaneidade através do psicodrama, em substituição à perdida no ambiente social, necessitando das duas instâncias para combater ao mau uso das conservas culturais. 3.2.) Conserva Cultural -Tem a função de preservar os valores de uma determinada cultura, podendo assumir tanto a forma material, como também a forma de ritual. - Refere-se a todos os costumes que, por estarem presentes no cotidiano, se cristalizam e impedem a espontaneidade, cabendo então ao humano livrar-se dela, aflorando sua criatividade e sua espontaneidade. 3.3.) Fator Tele e o Encontro Existencial - Consiste na capacidade de diferenciar objetos e pessoas sem alterar seus papéis essenciais, promovendo relações de encontro empático e recíproco. O fator Tele no Psicodrama - Promove encontros existenciais e a recuperação da espontaneidade e criatividade do sujeito. 3.4.) Catarse de Integração - Mecanismo terapêutico criado por Moreno Objetivo: liberação de emoções Aproximação de seus conflitos e a re-significação do sujeito. Força ativa Integração ativa de libertação do sujeito e a visão de um novo universo. - Tipos: Revolucionária; Evolutiva; Resolutiva Psicodrama e o Uso Grupal - Ênfase na ação dramática, possibilitando a expressão dos sentimentos verdadeiros. - Enfraquecimento inconsciente das resistências e exposição do - Liberação do espontâneo-criativo e transformação da existência. - O objetivo é “tentar recuperar cenicamente o momento em que um papel, cristalizado e adoecido, ainda não era conservado, o instante em que ainda estava situado no contexto que o engendrou”, sem, no entanto, buscar causas para tal. 3.5) Co-Inconsciente e Co-Consciente - Exclusivos dos grupos, referem-se ao inconsciente. - Co-inconsciente: Fantasias e desejos vivenciados conjunto, de forma inconsciente. em - Co-consciente: Experimentação comum de idéias, de forma consciente. 3.6. Realidade Suplementar • Psicodrama = Vivência in natura, in loco, “injeção de insanidade”; Psicodrama ≠ Encenação teatral • Trabalhando com o imaginário, o protagonista imerge em um mundo fora do seu normal de vida, do normal-cotidiano. Esse mundo é o que Moreno denominou de Realidade Suplementar, mundo do como se. • Realidade Suplementar: “realidade” do cinema, do surreal = “um mundo que nunca pode ter sido e nunca pode vir a ser, mas que é absolutamente real “. • Zerka Moreno: duas formas de trabalhar a realidade suplementar: (1) Técnica p/ atuar as fantasias e desejos (efeito integrador do ego); (2) Técnica de desintegração, criando tensão e desconforto. • Moreno: palco específico para o Psicodrama; 3 níveis: (1) realidade ou cotidiano: aquecimento inespecífico; (2) entrevista: aquecimento específico; (3) ação dramática: onde a realidade suplementar manifesta, nível do “como se”, chamado de meta-realidade. se • Os 3 níveis conduzem à realidade suplementar. Psicóticos: vivem na realidade suplementar, onde tudo é possível ser. Esses mundos, tais como na ação psicodramática, não estão em conflito, realidade e fantasia vivem a mesma possibilidade de ser, têm o mesmo status. • REALIDADE SUPLEMENTAR não é uma técnica, mas a realidade com a qual se trabalha no tempo da dramatização, independente da técnica. 4. Filosofia do Momento - Principal base filosófica - Valorização do Instante , o aqui e o agora “A civilização da conserva”. 5. Matriz de identidade ou Placenta Social • Matriz de Identidade = lugar ou meio social onde a criança se insere e convive desde o nascimento, relacionando-se com pessoas e objetos, dentro de um contexto (átomo social). • Primeiras fases do desenvolvimento: 1º Universo: matriz de identidade indiferenciada, em que o indivíduo se confunde com o meio; matriz de identidade diferenciada, em que a criança começa a perceber a diferença do “eu” e o “fora” (meio). 2º Universo: começa a diferenciação entre realidade e fantasia, desenvolvendo-se dois tipos de papel: (1) o social: ligado à realidade; (2) o psicodramático: ligado à fantasia e à interioridade. • Formação da Matriz de Identidade: 5 etapas (1) Fase indiferenciada ou momento da “técnica do duplo”; (2) Fase da relativa atenção ao outro ou momento da “técnica do espelho”; (3) Fase da ênfase da atenção no eu: técnica do espelho; (4) Fase da possibilidade de estar no papel do outro ou momento da “técnica da inversão de papéis”; (5) Fase da possibilidade do outro estar no seu papel: “técnica da inversão de papéis”. Moreno: “É na matriz de identidade que surge o eu e suas ramificações, os papéis. Os papéis são, então, precursores, anteriores ao surgimento do eu, e não o contrário. A matriz de identidade começa com o universo do bebê e vai se diferenciando em externo-interno, objetos-pessoas,... O desenvolvimento dos papéis ocorre em momentos diversos do desenvolvimento da matriz de identidade.” MATRIZ IDENTIDADE versus MATRIZ DE IDENTIDADE (uma ousada comparação) • Matriz Identidade = matriz que, em Matemática, resulta da multiplicação de qualquer matriz pela sua inversa, ou que multiplicada por qualquer outra matriz, resulta em uma terceira, “melhor” do que a primeira ou a segunda, ou seja, destaca a “essência” dos elementos. • Matriz de Identidade = matriz que, segundo Moreno, resulta da “multiplicação” ou da integração de matrizes individuais com o meio e as pessoas de convívio, formando aos poucos a “essência” do indivíduo. Se se “multiplica” elementos do eu por elementos do tu, por exemplo, o resultado será sempre uma matriz “melhor” do que a anterior. MATRIZ IDENTIDADE versus MATRIZ DE IDENTIDADE (uma ousada comparação) A . A-1 = • É na Matriz de Identidade que se observa o desenvolvimento dos papéis: 10 fases (1) Indiferenciação, em que se inicia a desvinculação entre o eumãe e o tu-filho, apesar de haver ainda uma forte ligação entre eles (fase do “duplo”); (2) Simbiose, em que persiste o “cordão umbilical” psicológico entre a mãe e o filho; (3) Reconhecimento do eu, em que a criança descobre sua própria identidade (técnica do espelho), passando a se enxergar na relação; (4) Reconhecimento do tu, em que a criança começa a perceber que o outro é diferente dela, mas sente e reage às suas ações; (5) Fase de relações em corredor, em que já se diferenciou o eu do tu, e se abre uma brecha entre a realidade e a fantasia, com relacionamentos exclusivistas e possessivos: o eu quer o tu somente para si. (6) Pré-inversão, ou “fase da imitação”, em que a criança brinca de ser vários “eus”; (7) Triangulação, fase em que surge o “ele”, alguém além do eu e do tu, que se relaciona com o tu e com outros “eles”, independentemente do relacionamento com o “eu” (a criança). Esta é a chamada “fase edipiana”, na Psicanálise; (8) Circularização, marca a entrada da criança na vivência com grupos, fase em que o “eu-eles” dá lugar, aos poucos, para o “eu-nós”; (9) Inversão dos Papéis, em que o indivíduo já se sente capaz de realizar uma relação de reciprocidade com seus semelhantes; (10) Encontro, fase em que se dá a liberação da espontaneidadecriatividade, com “perda” da identidade pessoal, em favor da chamada “entrega mútua”. INTEGRAÇÃO DAS 10 FASES DO DESENVOLVIMENTO DOS PAPÉIS Processo de Socialização INDIVÍDUO SADIO, COM POTENCIAL PARA O ENCONTRO PLENO COM O OUTRO 6. Teoria Moreniana dos Papéis • Conceito de papel: “a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos” (Moreno, 1975) 6.1. Como trabalhar os papéis: • Observar o processo do papel no próprio contexto da vida; • Estudá-lo em condições experimentais; • Empregá-lo como método psicoteraterapêutico; • Examinar e treinar o comportamento no “aqui e agora” 6.2. Concepções de Homem presentes na Teoria dos Papéis • Homem gênio (se desenvolve a partir da espontaneidade) • Homem membro de um grupo O ponto de encontro dessas duas dimensões se dá através do conceito de papéis e pode ser entendido como uma fusão de elementos particulares (próprios do sujeito) e coletivos (referentes ao grupo no qual ele está inserido). A interpretação de papéis é um requisito necessário para a vida em coletividade. 6.3. Desenvolvimento dos papéis • Os papéis seriam ramificações do “eu” e ambos têm sua origem na Matriz de identidade. • O surgimento dos papéis constitui a base para o primeiro aprendizado emocional da criança. • O desempenho de papéis é anterior ao surgimento do “eu”. • A incapacidade de desempenhar todos os papéis gera angústia e ansiedade. • Os papéis podem se referir a uma pessoa imaginária, a um modelo para a existência ou a uma realidade social. 6.4. Tipos de papéis a) Fisiológicos ou psicossomáticos b) Psicológicos ou psicodramáticos c) Sociais 6.5. Os papéis no desenvolvimento da identidade da criança • Identidade do eu com tu papéis psicossomáticos • Identidade do eu “adoção infantil de papéis” • Identidade do tu inversão de papéis (papéis sociais X papéis psicodramáticos) É o vínculo entre os diferentes tipos de papéis que possibilita a identificação do “eu”. O desenvolvimento dos primeiros papéis é anterior à linguagem. 6.6. Esquemas Básicos de Papéis • Passivo (relacionado com o papel da mãe e aspectos femininos) • Ativo (relacionado ao papel do pai e aspectos masculinos) • Interativo (relacionado ao papel de irmão e/ou amigo) Os papéis funcionam como uma “ponte” entre a realidade e a fantasia. Muitos autores propõem outras categorias de papéis, baseadas na dimensão imaginária do indivíduo. 7. Instrumentos Psicodramáticos 1) Cenário 2) Protagonista 3) Diretor Terapêutico 4) Egos-auxiliares 5) Público 8. O Método Psicodramático 1) Psicodrama terapêutico 2) Psicodrama existencial 3) Psicodrama analítico 4) Hipnodrama 5) Sociodrama e jogo de papéis 6) Etnodrama 7) Axiodrama 8) Psicodrama diagnóstico 9) Psicodrama didático 10) Psicodança 11) Psicomúsica 9. Principais etapas e técnicas do Psicodrama As técnicas são distribuídas a partir das três etapas básicas do processo psicodramático: o Etapa do aquecimento o Etapa da dramatização o Etapa do compartilhar 9.1) Etapa do Aquecimento A etapa do aquecimento pode ser feita de duas formas: – Inespecífico – Visa situar o grupo ou o paciente na sessão – Focaliza a atenção para si mesmo e despista as resistências – Permite, assim, que o novo, o espontâneo, apareçam na sessão – Pode ser da forma verbal ou em movimento: » Verbal: corresponde às primeiras verbalizações do paciente, para que este possa ir aos poucos focalizando a atenção nos conteúdos relatados. » Em movimento: objetiva o resgate da percepção do corpo, de si mesmo, e evita a tentação de ficar somente no plano verbal, onde as defesas mais aparecem. Ex: caminhar, alongar, uso de jogos dramáticos. – Específico • Objetiva a preparação do protagonista para a dramatização. • Há o aquecimento cênico, que prepara a cena onde ocorrerá a dramatização com cena aberta, que consiste em preparar os cenários, as personagens, o figurino. • Há o aquecimento específico para a dramatização de cenas, que é a determinação da situação, a composição das personagens. • Há, também, o aquecimento específico para o psicodrama interno, que serve para acalmar o paciente e ajudá-lo a se desligar do mundo externo; técnicas de relaxamento podem ser utilizadas. 9.2) Etapa da Dramatização – A etapa do “como se”, onde é trabalhada a realidade suplementar. – É o ápice da sessão terapêutica; é nesse momento que os personagens, antes definidos, ganham vida. – As técnicas clássicas são: técnicas do duplo, espelho, inversão de papéis, maximização, solilóquio e concretização. – Técnica do Duplo » Essa técnica objetiva entrar em contato com a emoção não verbalizada do paciente e ajudá-lo a expressá-la. » Quanto mais o terapeuta estiver identificado com o paciente, melhor a técnica se aplicará. » Segundo Cukier (1992), é preciso ter alguns cuidados ao utilizar essa técnica, pois o terapeuta pode não se integrar no papel e confrontar o paciente com sentimentos e emoções que não são dele necessariamente, ou integrar-se no papel e não dar tempo para o paciente sentir a emoção. – Técnica do Espelho » Consiste em o terapeuta se colocar na postura física que o paciente assume durante certo momento da sessão dramatizada. » Essa técnica objetiva que o paciente, olhando de fora da cena para “si mesmo”, note todos os aspectos presentes na cena. » Recurso muito útil para finalizar uma dramatização, pois esta técnica favorece o insight. » Em caso de terapia a dois ou bipessoal, o terapeuta pode se colocar no papel do paciente, ou colocar uma almofada em seu lugar, e descrever verbalmente o que percebe, sugerindo que o paciente também veja. – Técnica da Inversão de Papéis » Uma das técnicas clássicas mais utilizadas na clínica. » Além da vivência do papel do outro, esta técnica oferece o surgimento de dados sobre o próprio papel que, sem o distanciamento, não seria possível. » Consegue-se recolher várias informações a partir dessa técnica e utilizá-las para vários fins. Ex: saber melhor como o paciente se sente visto pelo papel complementar; enxergar uma nova verdade através da tomada do ponto de vista do outro; responder para si mesmo às perguntas que tem por fazer ao papel complementar. – Técnica da Maximização » Consiste em pedir ao paciente para maximizar um gesto, uma forma verbal, uma postura corporal, ou qualquer sinal destoante do resto da sua comunicação, quando essa comunicação soa estereotipada, formal ou estéril. » Pode ser utilizada no psicodrama bipessoal e no grupal, a qualquer momento. – Técnica do Solilóquio » Nesta técnica, pede-se ao paciente que “pense alto”. » Sempre utilizada quando o paciente apresenta-se inquieto ou quer encenar com condutas socialmente esperadas, estereotipadas. » Muito útil para verificar as resistências e aquecer o paciente para uma ação dramática, mas quanto menos solilóquio for necessário, mais o paciente estará aquecido numa ação dramática. – Técnica da Concretização » Consiste em materializar, nos objetos inanimados, as emoções, os conflitos, as partes corporais, as doenças orgânicas, através de imagens, movimentos e falas dramáticos. » No psicodrama grupal, é uma técnica muito utilizada com a ajuda dos egos auxiliares, que podem concretizar, através de imagens corporais diversas, as imagens do mundo interno e relacional do paciente. • Dramatização em cena aberta » Consiste em pedir ao paciente que monte, durante sessão, a situação concreta que ele deseja trabalhar. » O trabalho com cena aberta envolve muitas coisas: montagem do cenário onde a ação se desenrola; definição do tempo em que a ação se passará; colocação dos personagens vividos em cena; interação dos personagens. [...] a a a a a » Mais utilizada no psicodrama grupal que no bipessoal, pois no bipessoal a ausência dos egos auxiliares pode dificultar a sua aplicação, mas não a impede. » Para uma dramatização em cena aberta, o terapeuta precisa ter uma maior espontaneidade, maturidade profissional, conhecimento, experiência e flexibilidade. • Psicodrama Interno » É um trabalho de dramatização onde a ação dramática é simbólica e internalizada. » Criada em 1980 por dois psicodramatistas brasileiros: José de Souza Fonsêca Filho e Victor Dias. » É muito utilizada no psicodrama bipessoal. » Divide-se em: relaxamento; condução ao mundo interno dos personagens a partir de um indicador; e a interação desses personagens. » Utilizada com o objetivo de ajudar o paciente a elaborar seus conflitos através das imagens, sensações e associações internas que aparecem, mesmo sendo uma modalidade de abordagem terapêutica. • Onirodrama » Para Monteiro (1993), o onirodrama caracteriza-se como a possibilidade de “reviver o sonho na ação dramática”. » Nesta técnica, a interpretação está no próprio sonho. A dramatização, de acordo com Moreno, é a representação, no contexto dramático, das imagens conflitivas do mundo interno do protagonista, onde tudo ocorre “como se” fosse real. » O sonho tem como característica uma sucessão de imagens, onde o sonhador tem participação ativa, tanto como protagonista, quanto como observador. » Teoricamente, qualquer sonho pode ser dramatizado, mas três tipos são mais importantes e podem ser dramatizados: os pesadelos, os repetitivos e os focais. » Ao se montar uma cena partindo de um conteúdo manifesto, o sonhador pode ir associando livremente e, na operacionalização das técnicas clássicas, sentimentos podem ser desvendados, imagens podem ser multiplicadas, e elementos podem ser ocultos, maximizando detalhes, amplificando-os, levando o paciente a recordar outros sonhos. » O objetivo é levar o paciente a alcançar novas dimensões da consciência, com vistas no presente, no passado e no futuro. » Moreno enfatizava que se deveria propor a dramatização imediata, antes de qualquer iniciativa oral, pois, ao relatar seu sonho, o indivíduo vai preenchendo lacunas, podendo até “maquiar” conteúdos conflitivos importantes. » O onirodrama, portanto, não pretende esgotar a interpretação onírica a nível dramático, visto que considera a pluralidade/multiplicidade do inconsciente. » Não há interpretação completa, não há onirodrama acabado ou encerrado. Uma cena pode nos remeter a outras cenas, infinitamente, acompanhando o fluxo criativo da imagens. 9.3) Etapa do Compartilhar – Terceira e última etapa da sessão de participação terapêutica do grupo. – Nessa etapa, todos os participantes são solicitados a compartilhar com o protagonista os sentimentos, as emoções e os pensamentos que surgiram a partir do trabalho psicodramático. – Etapa fundamental para conteúdos manifestos. elaborar verbalmente os – Cukier (1992) adverte que, no psicodrama bipessoal processual, o compartilhar de experiências e emoções deve ser analisado com cautela, pois se trata de uma relação, paciente-terapeuta, assimétrica em alguns aspectos. 9.4.) As Técnicas Históricas – o Teatro da Improvisação e o Jornal Dramatizado • Moreno tinha uma proposta de teatro com a participação do auditório, eliminação dos expectadores e onde todos eram participantes e atores. Tudo seria improvisado. • O cenário é aberto, diferenciando-se dos antigos cenários. Teatro da Improvisação ou da Espontaneidade ou Espontâneo: Necessita de aquecimento para encontrar o tema a ser dramatizado. Jornal Dramatizado ou Vivo: Tema a ser dramatizado é encontrado pelo grupo em jornais. • Teatro da Espontaneidade • Jornal Vivo Dá origem ao Psicodrama. Dá origem ao Sociodrama. Novas modalidades desenvolvidas atualmente decorrentes do Teatro Espontâneo: a) Role Playing; b) Teatro do Oprimido c) Teatro da Criação d) Playback Theater e) Multiplicação Dramática • Fases de desenvolvimento do Teatro Espontâneo e do Jornal Vivo (assim como no Psicodrama): 1. 2. 3. 4. Aquecimento Dramatização Compartilhar Comentários • No modelo básico original de Moreno, um dos membros da platéia sobe ao palco (emergente grupal) e desempenha o papel principal (protagonista). • Outros membros da platéia são chamados quando necessários, para ajudar na estruturação da história (texto, encenação, etc.) Características do Teatro Espontâneo: • Sensibilização do espectador, utilizando, para isso, a improvisação. • Improvisa-se o espaço físico, os recursos auxiliares (música, iluminação, figurino, postura da equipe técnica, etc). • Invenção e experimentação, novas alternativas e caminhos a fim de desenvolver a espontaneidade. • No campo clínico, tem função de fazer o paciente superar a queixa apresentada, em busca do saudável e do espontâneo-criativo. • Propõe criar e buscar, em comum, soluções para problemas comuns. 9.5) O Role-Playing (ou Jogo de Papéis) • Técnica mais destacada da sociodinâmica moreniana. A socionomia se divide em sociometria, sociodinâmica e sociatria. • Propõe o treinamento de papéis específicos de situações vividas ou imaginadas, pois, ao representá-las, o treinando poderá vislumbrar com maior clareza as situações futuras. • É utilizado nas situações de supervisão por profissionais da área psicodramática. 9.6) O Axiodrama • É um método sociátrico em que o diretor lida com valores éticos, religiosos e culturais dos participantes. • Tem como finalidade fazer com que os participantes revelem e confrontem seus valores antigos e novos, mudando algo. • O tema do axiodrama é pesquisado, em geral, na fase introdutória da sessão, e o público presente contribui, contando, de preferência, pequenas histórias. A escolha pode ser feita também por consenso. • Pode ser aplicado individualmente ou em grupo. • Difere do etnodrama, pois este lida apenas com pesquisas de problemas étnicos (negros e brancos, árabes e judeus, etc). 9.7) O Playback Theather • Propõe ao público que relate histórias para serem encenadas pelo elenco fixo que integra a equipe técnica. • Não existe, inicialmente, narrador da história, como no teatro matricial. • Os atores devem estar preparados para atuar espontaneamente, buscando a melhor forma estética de interpretar, a fim de alcançar a melhor comunicação, tanto com o narrador como com a platéia. • A etapa do compartilhamento, quando utilizada, ocorre apenas no fim da sessão. O diretor e os atores podem ficar a cargo da estruturação da cena. 9.8) A Multiplicação Dramática • Após a dramatização, pode-se pedir aos participantes (exceto ao protagonista), que subam ao palco e imaginem uma cena, deixando-se levar pelas emoções do ambiente cênico. • Cada um conta a cena que lhe ocorreu e o protagonista poderá escolher a seqüência de dramatização das cenas. • Depois disso é que, na etapa da dramatização, passa-se ao compartilhamento, agora com uma amplitude maior de ângulos e olhares dos conflitos. 9.9) A Técnica da Projeção para o Futuro • O paciente relata e mostra como imagina seu futuro através de fantasias, sentimentos, esperanças e desejos. • Além dos desejos, também a representação de planos realizáveis – aquilo que realmente poderá ocorrer no seu futuro. • A finalidade é que o paciente reflita sobre o presente e assuma o papel de fazedor do próprio destino. • Utilizado também para trabalhar a alta da terapia e alta hospitalar, verificando quais os projetos futuros do paciente, suas ansiedades, etc. 9.10) A Apresentação do Átomo Social • É um tipo específico de auto-apresentação. • Para Moreno, envolve “as relações afetivas de um indivíduo e qual sua situação no grupo” e é o núcleo de todos os indivíduos com quem uma pessoa está relacionada emocionalmente, ou que ao mesmo tempo estão interrelacionadas com ele. • Baseia-se na apresentação dramática das pessoas emocionalmente significativas ao paciente. • A função diagnóstica desta técnica está na observação da capacidade de espontaneidade-criatividade do paciente no desempenho dos papéis. 9.11) A Técnica do Esquema de Papéis • Derivada da Teoria dos Papéis, é também chamada de Técnica de Tirar Roupas (CUKIER, 1992). • Pede-se ao paciente que defina quais os papéis que desempenha em sua vida (filho, irmão, etc.), no chão da sala, com o auxílio de almofadas. • Pede-se que o paciente atue no “como se”, o papel que julgue ser o seu principal. • Segue-se o jogo até que o paciente experimente todos os papéis que desempenha em sua vida. • Esta técnica pode ser utilizada tanto no começo do tratamento (para conhecer melhor o paciente) como no decorrer do mesmo, na modalidade de psicodrama bipessoal ou grupal. 10. Psicodrama Bipessoal É uma abordagem terapêutica oriunda da teoria de Moreno, que não faz uso de egos-auxiliares e atende apenas a um paciente por vez, a relação é paciente-terapeuta. Bermúdes, na Argentina, e Victor C. Dias, no Brasil, apresentam a ausência dos egos-auxiliares e a questão da distância terapêutica como alguns dos problemas enfrentados por este tipo de abordagem. Dalmiro M. Bustos, por sua vez, a considerava indicada como uma forma de investigar as primeiras relações afetivas do indivíduo; podendo, portanto, ser realizada antes de um processo grupal. Para Rosa Culkier (1992), a condição de ser um indivíduo é precedente à condição de ser um elemento no grupo. Sua metodologia consiste em: a) Estimular, além do aquecimento inespecífico verbal, algum tipo de aquecimento inespecífico e específico em movimento. b) Utilizar objetos da sala para substituir os egos-auxiliares. c) Propor a técnica da tomada de papéis, para que seja possível para o indivíduo definir e experimentar o papel complementar. d) A fim de manter o aquecimento e dar mais veracidade à dramatização, é importante que o paciente empreste sua voz e, se preciso, sua força física ao objeto utilizado por ele como marcador de papéis complementares. e) O terapeuta raramente contracena ou assume o papel do paciente e, quando o faz, é brevemente. f) Utilizar a técnica da entrevista, preferencialmente. g) Utilizar outros recursos e as técnicas clássicas da dramatização. Muito Obrigado! :