PRÊMIO SER HUMANO 2014 THAIZA CATARINA DE OLIVEIRA PINTO UNIVERSIDADES CORPORATIVAS COMO FERRAMENTAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO DE CASO APRESENTAÇÃO PRÊMIO SER HUMANO 2014 CATEGORIA: TRABALHO ACADÊMICO Faculdade Arthur Sá Earp Neto Av. Barão do Rio Branco 1003, Centro - Petrópolis/RJ - CEP: 25.680-120 Levi Pereira Granja Coordenador do Curso de Administração da Faculdade Arthur Sá Earp (FASE) Endereço: Av. Barão do Rio Branco 1003, Centro - Petrópolis/RJ - CEP: Email: [email protected] Telefone: (24) 2244-6472 Julio Cesar Teixeira de Freitas Graduado em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), com especialização em Tecnologia na Educação pelo Senac-SP (2014) e mestrado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002). Atua na docência superior desde 2002, tendo como áreas afins o Planejamento Estratégico, Inovação, Modelagem de Negócios, Tecnologia na Educação e Gamificação. Atualmente, leciona na Universidade Estácio de Sá e na Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FASE). Desenvolve ainda projetos de educação profissional, tanto presencial quanto na modalidade EaD. Membro da equipe de gamificação da Universidade Estácio de Sá. Thaiza Catarina de Oliveira Pinto Graduada em Administração com ênfase em gestão de TI pela Faculdade Arthur Sá Earp Neto. Atuou como Estagiária da área de Recursos Humanos da General Electric. Membro do time de implementação do modelo de gestão participativa, Teaming, na GE Celma.Atualmente atua como Analista de Recursos Humanos com foco em treinamento e desenvolvimento em uma consultoria na referida empresa. RESUMO Atualmente, há uma substancial valorização do ativo intelectual das empresas como uma das principais fontes para se obter vantagens competitivas. Sendo assim, as organizações estão cada vez mais preocupadas em criar estratégias para desenvolver seus talentos a fim de alavancar seus negócios e atingir seus objetivos. Desta forma, essa pesquisa se propôs a compreender o papel das Universidades Corporativas sobre a gestão do conhecimento e capacitação dos funcionários sob a perspectiva do administrador das organizações. E para isso, realizou-se um estudo de campo na UniAlgar, Universidade Corporativa do Grupo Algar que procurou: apresentar os aspectos relevantes quanto à gestão do conhecimento e compreender as práticas de educação corporativa por meio das Universidades Corporativas frente às práticas de Treinamento e Desenvolvimento e apresentar caso ilustrativo de utilização de Universidade Corporativa. Palavras-chave: Gestão do Conhecimento – Universidades Corporativas – Educação Corporativa 1. INTRODUÇÃO A era atual é marcada por um mercado cada vez mais competitivo e, por consequência, pela busca de vantagens sobre os concorrentes para garantir a sobrevivência da organização. Surge, nesse cenário, uma valorização substancial do ativo intelectual das empresas como uma das principais fontes para se obter essas vantagens. Sendo assim, as organizações estão cada vez mais preocupadas em criar mecanismos para desenvolver seus talentos a fim de alavancar seus negócios e atingir seus objetivos. Desta forma, entram em cena os investimentos em gestão do conhecimento e educação corporativa, que vêm se apresentando como as grandes estratégias de competitividade da Era da informação. Partindo desse princípio, constata-se que o conhecimento se sobrepõe aos tradicionais fatores de produção: recursos naturais, mão-de-obra e capital, uma vez que estes adquiriram papéis secundários, pois podem ser obtidos facilmente, desde que haja conhecimento. (DRUCKER, 1993, p. 21 apud CARBONE, 2005, p.80).Diante desse cenário, as empresas resolvem desenvolver seus próprios talentos por meio de Universidade Corporativa (UC), pois através delas conseguem personificar o processo de aprendizagem para desenvolver competências dos indivíduos e alcançar, deste modo, os objetivos organizacionais. (SOUSA, 2009) A relevância desta pesquisa encontra fundamentação diante da constatação de que o sistema educacional convencional não forma profissionais que atendam às necessidades do mercado e isto pode gerar prejuízos e colocar em risco a competitividade das organizações. Posto isto, para garantir a capacitação dos indivíduos, é necessário que a própria empresa faça investimentos no desenvolvimento dos mesmos. Surge nesse contexto, a Universidade Corporativa como uma das principais ferramentas de gestão do conhecimento, que visa assegurar o desenvolvimento de competências essenciais à empresa para alcançar os objetivos organizacionais. Considerando o abordado acima, o objeto de estudo dessa pesquisa são as Universidades Corporativas. Essa investigação se propõe a compreender as práticas de educação corporativa e o papel dessas entidades no que tange à gestão do conhecimento. Sendo assim, além das discussões teóricas fomentadas, optou-se por realizar um estudo de campo, através da estratégia de estudo de caso, partindo do princípio de que a investigação empírica trará contribuições relevantes aos objetivos desse trabalho. Portanto, documentos disponibilizados pela empresa foram analisados além da realização de uma entrevista do tipo semiestruturada com representante da UniAlgar (Universidade Corporativa do grupo Algar). 2. GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES Para entender a importância do conhecimento na conjuntura das organizações do mundo de hoje, faz-se necessário defini-lo. Para Davenport e Prusak (apud CARBONE; 2005; P.80) o conhecimento é informação trabalhada, decorrente de um conjunto de dados, logose entende que o conhecimento não é apenas o registro de informação, e sim a aplicação de um significado a essa informação (FIALHO, 2006, p. 72). Desta forma, o conhecimento denota ação, pois está relacionado ao uso inteligente da informação. (DAVENPORT, PRUSAK, 1998 apud CARBONE P., 2005, p.80). Fábio Carvalho 1 (2012) também defende essa ideia e reforça que o conhecimento é um “poderoso agente transformador”. De forma coerente com essa visão de transformação da realidade, Polany (1983, apud CARBONE, 2005, P.82) identificou dois componentes do conhecimento: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Conforme demonstra a Tabela 1 em anexo, o conhecimento explícito é visível, codificado e pode ser transmitido e armazenado, admitindo uma dimensão impessoal. O conhecimento tácito, por sua vez, é pessoal, obtido através experiência e difícil de ser formalizado e compartilhado. (CARVALHO, 2012, P.12). “A integração dessas duas formas de conhecimento [...] é fundamental para a criação do conhecimento no contexto das organizações” (CARBONE, 2005, P.82). Desta forma, o conhecimento tácito e o explícito não são dissociados, uma vez que interagem e complementam-se. (FIALHO, 2006, p.75) A gênese do conhecimento está baseada na premissa de que o conhecimento tácito e o explícito devem permanecer em constante interação. E através disso, ocorre a integração por meio de quatro modos de conversão do conhecimento. São eles: socialização: que é definido como o processo de compartilhamento do conhecimento tácito; externalização: que é definido como o processo de conversão do conhecimento tácito em explícito; combinação: que é o processo de sistematização do conhecimento explícito e internalização: que é a conversão do conhecimento explícito em tácito, demonstrado na Tabela 2. (CARBONE, 2005, P. 87) Partindo dessa premissa de que o conhecimento deve ser multiplicado, Chiavenato (2010) afirma que o segredo não está mais em manter o conhecimento nas mãos de poucos, mas sim, difundi-lo por toda a organização. E partindo desse princípio, ele aponta os três grandes desafios para a gestão do conhecimento: criar uma infraestrutura que gerencie o conhecimento, instalar a cultura do conhecimento e gerenciar resultados (2010, p.398). Com base no que foi apresentado, conclui-se que a realidade mudou, exigindo que todos nas organizações sejam capazes de contribuir e agregar valor para o sucesso dos negócios e, por este motivo, a gestão do conhecimento tornase fundamental. Partindo desse princípio, Maria Eboli (1999) destaca que as organizações estão reconhecendo a necessidade de assimilarem e gerarem conhecimentos, transferindo seu modelo de negócios para a Educação Corporativa. 3. UNIVERSIDADES CORPORATIVAS No cenário atual de constantes mudanças, a principal fonte de vantagem competitiva é “a capacidade de a organização aprender continuamente e aplicar este aprendizado em novos produtos, serviços e processos.” (VILHENA, 2008, p. 33). Desta forma, a aprendizagem organizacional não pode se vista unicamente como um mecanismo de adaptação ao ambiente, mas sim como a base do desenvolvimento de competências que podem transformar e modificar o ambiente. (VILHENA, 2008, p. 33). 1 Professor da ESPM, PUC-SP, FIAP e SENAC-SP Partindo dessa premissa, entende-se a importância das Universidades Corporativas, uma vez que sua maior finalidade consiste em consolidar o processo de aprendizagem contínua através da aquisição e desenvolvimento de competências alinhadas aos objetivos e estratégias organizacionais e assim garantir a competitividade e, portanto, sobrevivência das organizações. (OTRANTO, 2013, p.4). Para que se entenda melhor a concepção de Universidades Corporativas, além de seus objetivos e funções, é importante que se compreenda sua trajetória e evolução, uma vez que com o passar do tempo, as empresas foram migrando de suas estruturas simples de Centro de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) para esse novo modelo, como se pode observar na tabela 3 em anexo . Djalma Oliveira (2012) reforça essa afirmação ao salientar que , na década de 70, os Centros de T&D deixaram de atender as necessidades das empresas devido à: Questão dos mesmos elaborarem suas atividades sem considerar as questões estratégicas e os objetivos que a empresa desejasse alcançar no futuro; A falta de acompanhamento e controle dos resultados dos treinamentos realizados; Perda gradual ou total de conhecimentos básicos para a empresa, uma vez que esses conhecimentos tácitos podiam sair da organização. O planejamento, controle, execução e direção dos conhecimentos da empresa não eram realizados de forma integrada e estruturada. Ao adotar essa premissa de conceber as UC como iniciativas de aprendizagem, é importante explorar e compreender que essas entidades que assumem alguma estrutura independentemente de suas limitações. Desta forma, é imprescindível encarar as UC sobre duas dimensões. A primeira dimensão diz respeito à aprendizagem. Esta pode contemplar desde as formas mais específicas de treinamento, passando pelo desenvolvimento educacional e profissional até chegar ao seu grau mais elevado que consiste em formas de pesquisa e ensinoaprendizagem. (PATON R.; et al; 2005). A segunda dimensão, entretanto, está relacionada à estrutura espacial da UC que pode ser estabelecida em um “local específico a ser frequentado pelas pessoas” (modelo de campus) ou do tipo distribuído o que implica em utilização de várias mídias, inclusive a virtual. (PATON R.; et al; 2005) Essas duas dimensões podem ser evidenciadas na Figura 1 em anexo. Segundo Paton (2005) tipo mais básico de UC é escola tradicional de treinamento corporativo que se segue as mesmas concepções dos Centros de T&D. Ou seja, uma UC deste tipo está focada, principalmente, em desenvolver habilidades necessárias para execução de operações básicas. O segundo tipo de UC é conhecido como treinamento corporativo pela internet. Esta concepção se apresenta como uma forma de desenvolver habilidades com economia de custos. Isto se deve ao fato de um grande número de funcionários poder ser treinado através de meios eletrônicos, o que apresenta vantagens de custos relacionados a deslocamento e acomodação. Além disso, o treinamento corporativo pela internet pode ser realizado em tempo real, o que reduz as interrupções nas escalas de trabalho, visto que esta modalidade de treinamento pode ser concebida fora da jornada e local de trabalho. O terceiro tipo de UC é figurativamente chamado de “experiência de casa de campo”. Esta denominação está relacionada à questão de que, antes que o termo UC se tornasse comum, o desenvolvimento de executivos e gerentes ocorria em lugares rurais, distantes do ambiente de trabalho, fora do ritmo e das pressões da vida corporativa, a criação de um espaço social onde determinados princípios empresariais podem ser questionados é otimizada. O quarto e último tipo de UC é aquele que atua como comunidades em redes. Esteabrange várias abordagens de aprendizagem ao compatibilizar elearning com práticas presenciais, tutoriais, aprendizagem-ação, entre outros. O foco e forma dessa modalidade muda frequentemente, dado que se trata de um modelo voltado à atender às necessidades emergentes e mudanças de estratégias. (PATON R.; et al; 2005) Diante do desenvolvimento do assunto exposto, pode-se concluir que as Universidades Corporativas surgiram concomitantemente a alguns aspectos que afetaram o trabalho, a educação e a sociedade de modo geral e seu foco é pautado na aprendizagem; à necessidade de manter alguma coerência interna frente às constantes mudanças e reestruturações coorporativas; a propagação da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e sua aplicação na educação e aprendizagem e a diversificação dos sistemas educacionais que vêm substituindo os modelos curriculares por modelos mais centrados em funções de trabalho. (PATON R.; et al; 2005) 4. RESULTADOS E CONCLUSÃO Com base na análise documental e na visita realizada, identificou-se que a UniAlgar possui diferentes práticas de gestão do conhecimento (tácito e explícito) que objetiva a criação e compartilhamento de conhecimentos: Campus Experiencial – campus de outdoor training que favorece a experimentação. EAD – Ensino à distância Estudo de Caso – Após a escolha de um tema, a UniAlgar seleciona um caso para ser apresentado e debatido entre os colaboradores. Role Plays/Dinâmicas– Atividade semelhante a um teatro onde o associado Algar pode “sentir na pele” as situações comuns aos clientes, e, dessa forma, antever possíveis falhas. Ao observar estas práticas, chegou-se a conclusão de que a empresa valoriza e investe nos dois modos de geração de conhecimento. Através do Campus experiencial, por exemplo, a UniAlgar estimula a criação e compartilhamento de conhecimento tácito, uma vez que os associados podem interagir uns com os outros e aplicar técnicas por meios empíricos. Por outro lado, através da prática de ensino à distância, ocorre a geração e compartilhamento de conhecimento explícito, por meio do processamento das informações que são disponibilizadas para todo grupo Algar. Os modos de conversão do conhecimento também foram considerados na investigação. Desta forma, vale salientar que na UniAlgar, ocorre a identificação de conhecimentos-chave para cada departamento. Conhecimentos estes que são difíceis de obter no mercado, que poucos profissionais possuem e são estratégicos para o negócio. A partir dessa identificação, ocorre a busca de seus detentores. Estes detentores terão a importante missão de se tornar multiplicadores de seu conhecimento e por essa razão são preparados para desenvolver conteúdo, apresentações e plano de aula. O conteúdo é armazenado na Intranet e disponibilizado para todo o grupo. A partir disso, conclui-se que a UniAlgar empenha-se em externalizar o conhecimento tácito, a fim de que seja disseminado para os demais associados e garantam a perpetuação daquele conhecimento na empresa. Portanto, no que tange aos processos de Externalização e Combinação anteriormente explicitados, é válido ressaltar que a UniAlgar possui uma política formal de distribuição do conhecimento, de modo que estes dois processos aconteçam simultaneamente. Desta forma, o PDC (Processo de Distribuição do Conhecimento) possibilita, por exemplo, que o associado que fez um curso no exterior compartilhe seu aprendizado com os outros por meio de vídeos, bate-papo, quizz e videoconferência. E assim, através dessa política, o conhecimento que antes pertencia a um único indivíduo, é formalizado e disseminado por toda a empresa. Com base nas observações foi possível identificar que a UniAlgar possui um amplo portfólio de cursos e programas de treinamento e desenvolvimento presenciais e a distância que visam a assimilação e incorporação de determinados conhecimentos pelos associados. Todas essas atividades possuem, público-alvo específico, carga horária pré-determinada e objetivos alinhados à (às) competência (s) que se deseja desenvolver. Dentre eles, pode-se destacar, por exemplo, o curso “As 4 disciplinas da Execução – Fazer Acontecer”, cujo o objetivo é aprender a aplicar um modelo de comprometer a equipe em busca dos resultados. Este curso é destinado a todos os colaboradores de qualquer nível hierárquico e visa trabalhar e desenvolver a competência gestão de resultados. Baseando-se no exposto acima, pode-se concluir que a UniAlgar realiza um processo de internalização do conhecimento sistematizado, alinhado aos objetivos e estratégias do Grupo. Desta forma, as atividades educacionais são revisadas anualmente para garantir a adequação dos conhecimentos, habilidades e atitudes do participante às atribuições e responsabilidades específicas dos cargos e às necessidades estratégicas das empresas Algar. Conforme abordado anteriormente, três desafios foram apontados por Chiavenato (2010) no que diz respeito à gestão do conhecimento: Infraestrutura, a cultura do conhecimento na organização (resistência) e gerenciar os resultados. Essas premissas foram consideradas para analisar o posicionamento da UniAlgar perante esses desafios. No que tange à infraestrutura, a UniAlgar conta salas de treinamento, auditório, biblioteca com mais de 4,5 mil títulos, restaurante, cybercafé e livraria.Além disso, os investimentos em e-learningpermitem que a empresa seja efetiva com educação à distância, contando com cursos destinados à associados, executivos, estagiários, trainees e parceiros. Porém, mesmo com infraestrutura de ponta e diversos prêmios e reconhecimentos pelo trabalho que desenvolve com educação corporativa, implantar a cultura de treinamento e desenvolvimento na empresa não foi uma tarefa fácil. Segundo a análise de documentos e a visita realizada, pode-se constatar que, no período de 1989 a 1994, os colaboradores da Algar resistiram à implantação do sistema de treinamento e desenvolvimento que deu origem à UniAlgar, uma vez que passaram a se sentir questionados no que diz respeito ao conhecimento e experiência que possuíam. Em alguns casos, a resistência era tal que a empresa se viu obrigada a estabelecer presença obrigatória nos treinamentos. Porém, com o passar do tempo, os associados constataram que estavam adquirindo conhecimentos e experiências com as ações de treinamentos e desenvolvimento e isto se refletia nos resultados de seu trabalho. Desta forma, as ações de T&D foram reconhecidas e passaram a fazer parte do cotidiano dos associados, bem como da cultura da Algar. Investigou-se ainda de que forma a UC mensura os resultados obtidos com suas ações de educação corporativa, uma vez que, esse desafio foi apontado como um dos mais difíceis de ser acompanhado. Desta forma, através da entrevista realizada foi possível detectar que a organização mensura seus resultados de diversas formas: Indicadores quantitativos (quantidade de turmas, convocações, carga horária, investimentos); As avaliações de competências e de clima organizacional podem complementar a avaliação das atividades de treinamento. Indicadores financeiros: ROI (Retorno sobre o Investimento), impacto de alguns projetos no Lucro Líquido e na Receita de Vendas, entre outros. Mesmo com uma estrutura de ponta e objetivos bem definidos, para chegar ao modelo de educação corporativa atual, o grupo Algar passou por momentos de acertos e erros, adaptações e descobertas. Dessa forma, é necessário explicitar que, a Universidade Corporativa do grupo Algar iniciou-se à partir de um modelo de T&D, onde a área de treinamento recebia solicitações das demais áreas da empresa e buscava uma solução que as atendesse. Neste contexto, a equipe que compunha esse departamento, desprendia um enorme esforço na busca por novos fornecedores, na pesquisa de novas metodologias etc. E com o momento de expansão que o grupo vivia nessa época, entendeu-se que era necessário migrar para um modelo mais proativo e estratégico. Sendo assim, o grupo Algar necessitou de um mecanismo mais inovador que não somente contemplasse a qualificação dos profissionais, mas que obtivesse foco no aumento do desempenho organizacional. Por essa razão, ao analisar o modelo atual de UC da UniAlgar, pode-se concluir que a mesma atua como comunidades em rede (tipologia das UC), uma vez que possui várias abordagens de educação continuada para proporcionar aos seus associados, tais como: e-learning, treinamentos presenciais, role plays, campus experiencial, dentre outros. Esta variedade possibilita que a UC foque em uma ou outra modalidade de acordo com as estratégias e diretrizes do grupo. No que se refere à Gestão do Conhecimento, pode-se constatar que a UniAlgar entende os desafios que a contemplam e que valoriza o compartilhamento e a geração de conhecimento. Não obstante, a empresa vê na tecnologia uma ferramenta eficaz e de baixo custo para garantir que os seus processos de gestão do conhecimento sejam efetivos por todo o grupo, driblando, principalmente, as desvantagens geográficas, uma vez que as empresas do Grupo Algar estão espalhadas por todo o Brasil. Desta forma, é notório que na UC há planejamento das atividades através de pesquisas, benchmarking etc., organização dos recursos: infraestrutura, tecnologia e consultorias, concretização do que se propõe a fazer (execução) e acompanhamento do resultado gerado. Sendo esta uma das ações mais difíceis, visto que o produto de seu trabalho é a geração de intangíveis. Ainda assim, a UC consegue mensurar seus resultados através de várias ferramentas (quantitativas e qualitativas). De uma forma geral, dentro do conceito de Gestão do Conhecimento, podese constatar que a UniAlgar preocupa-se em manter o conhecimento na organização, transformando o conhecimento tácito em explícito para perpetuá-lo na empresa e a tecnologia é a principal meio de conversão do conhecimento, uma vez que que o conhecimento velado do associado é formalizado e disponibilizado para todo o grupo. Não obstante, há uma preocupação com a internalização desse conhecimento, de forma a garantir que o associado, de fato, o incorporou. Portanto, para garantir que o conhecimento explícito se torne tácito novamente, a UniAlgar investe em diferentes metodologias de educação corporativa que proporcionam ao associado uma gama de oportunidades de aprendizagem. Posto que a instituição se utiliza dessas diferentes práticas, constata-se que para o cenário atual, de constantes mudanças, o modelo de Universidade Corporativa é mais adequado para enfrentar os desafios do que o modelo de Centro de Treinamento e Desenvolvimento que atuava de forma mais comedida e operacional. Isto se deve ao fato de que uma UC contempla os objetivos do negócio, e as necessidades de Desenvolvimento individual e de Recursos Humanos para planejar e executar suas ações. Dessa forma, mesmo que uma empresa não possa fazer altos investimentos para constituir uma UC, deve levar em consideração sua estratégia, objetivos e a necessidade de desenvolvimento de seus funcionários para desenhar seus programas de treinamento e desenvolvimento. Esta é a base do processo de educação corporativa voltado para a geração de valor e alcance de resultados organizacionais. BIBLIOGRAFIA I – Livros e artigos CARBONE, Pedro; et al. A gestão do conhecimento In. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. CARVALHO, Fabio. Gestão do Conhecimento. São Paulo: Pearson, 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Desenvolvimento de Pessoas e de Organizações In. Gestão de Pessoas. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010. EBOLI, M. Gestão do Conhecimento como vantagem competitiva. In: Coletânea Universidades Corporativas: educação para as empresas do século XXI. São Paulo: Schmukler, 1999. FIALHO, Francisco; et al. Gestão do conhecimento e aprendizagem. Florianópolis: Visual Books, 2006. OLIVEIRA, Djalma. Coaching, mentoring, e couseling: um modelo integrado de orientação profissional com sustentação da universidade corporativa. São Paulo: Atlas, 2012 PATON, R; et L. Handbook of Corporate University Development: Managing Strategic Learning in Public and Private Domains.Londres: Gower, 2005. VILHENA, J. Manual para desenvolvimento de uma universidade corporativa. São Paulo: ABTD, 2008 II – Sites OTRANTO, Celia Regina. Universidades corporativas: o que são e para que servem?, 2008, Disponível em: <http://www.anped11.uerj.br/30/GT11-2852-Int.pdf>. Acesso em: 03 mar. 2012; 16:44:08. Online SOUSA, Ane. Universidade Corporativa: trajetória e implicações., 2009, Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/carreira> Acesso em: 03 abr. 2013; 19:07:06. Online ANEXO Tabela 1 - Dois componentes do Conhecimento Conhecimento Explícito Conhecimento Tácito Objetivo Subjetivo Conhecimento da racionalidade Conhecimento da experiência Conhecimento sequencial Conhecimento simultâneo Conhecimento digital Conhecimento análogo Receita de bolo Andar de bicicleta Partitura de música Improvisos de jazz Fonte: (CARVALHO, 2012, P. 14) Tabela 2 - Modos de Conversão do Conhecimento Socialização De/Para Tácito/Tácito Fatores Criativos Construção do campo de interação Conteúdo Criado Ferramentas Criativas Resumo Entidades Criadoras Envolvidas Externalização Combinação Internalização Tácito/Explícito Explícito/Explícito Explícito/Tácito Diálogo e Associação dos reflexão coletiva conhecimentos significativos explícitos Conhecimento compartilhado Conhecimento Conhecimento Conhecimento Conceitual Sistêmico operacional Diálogo, observação, imitação e Metáfora. Sistemas de analogia e comunicação e Prática modelo banco de dados Experiência Empírica Construção de Aprender fazendo Treinamentos, simulações, histórias de sucesso Decomposição Ampliação do e associação de conhecimento conceitos tácito Conceito Indivíduo/ Individuo/ Grupo/ Organização/ Indivíduo Grupo Organização Indivíduo Fonte: (CARVALHO, 2012, p.21) Tabela 3 - Diferenças entre os Centros de T&D e as Universidades Corporativas Assunto Centro de T&D Universidade Corporativa Objetivo Desenvolver habilidades Desenvolver competências críticas Foco Aprendizado Individual Aprendizado empresarial Escopo Tático Estratégico Ênfase Necessidades Individuais Estratégias de negócios Público Interno Interno e externo Local Espaço real Espaço real e virtual Resultado Aumento das habilidades Aumento da competitividade Fonte: (OLIVEIRA, 2012, p.51) Figura 1 - TIPOLOGIA DAS UC FONTE:(PATON R.; et al; 2005)