Alim. Nutr., Araraquara
v.20, n.1, p. 61-67, jan./mar. 2009
ISSN 0103-4235
RESPOSTAS GLICÊMICAS DE RATOS DIABÉTICOS
RECEBENDO SOLUÇÃO AQUOSA DE YACON*
Luciana Abrão de OLIVEIRA**
Telma Maria BRAGA COSTA***
Luciana Rezende Alves de OLIVEIRA***
Jacob Fernandes FERREIRA***
Anderson Marliere NAVARRO****
RESUMO: Diabetes mellitus é uma doença crônica de
alta prevalência, sendo a alimentação adequada importante
para o seu tratamento. O yacon é uma raiz de uso popular na alimentação de diabéticos. O objetivo do estudo é
avaliar a resposta glicêmica da raiz em ratos diabéticos e
não diabéticos. Utilizou-se ratos machos e fêmeas Wistar
(n=48), divididos em grupo controle (não diabéticos) e grupo experimental (diabéticos), sendo 12 machos e 12 fêmeas
em cada grupo. O grupo controle foi dividido em animais
que receberam 1 mL de solução de yacon a 30% e animais
que receberam 1 mL de água. Para o grupo experimental,
um grupo recebeu 1 mL de solução de yacon e outro grupo
1 mL de água por gavagem. A glicemia foi realizada em 4
intervalos, 0, 24 e 48 horas após a administração e no 14°
dia. A ração e água foram fornecidas ad libitum. A indução
do diabetes foi realizada pela Estreptozotocina 40mg/kg de
peso do animal. Foi aplicado teste Tukey, para avaliação
das diferenças significativas (p<0,05) entre os grupos e intervalos do estudo. Os resultados de glicemia foram para
os grupos CY, CA, DY e DA respectivamente em ambos
os sexos: 80,06±10,52a; 82,72±14,57a; 419,75±149,97b;
477,41±121,96cmg/dL, letras diferentes p<0,05 e para
machos e fêmeas separadamente, para os grupos (CY,
CA, DY e DA) respectivamente: machos 75,70±10,44a;
78,37±10,46a; 375,00±161,42b; 480,70±114,68cmg/dL
e fêmeas 84,60±8,67a; 87,08±16,87a; 464,50±125,40b;
474,12±131,24bmg/dL letras diferentes p<0,05. Portanto,
houve efeito hipoglicemiante somente quando avaliado
ambos os sexos e para os machos separadamente.
PALAVRAS-CHAVES: Yacon; ratos diabéticos; resposta
glicêmica.
INTRODUÇÃO
O Yacon (Smallanthus sonchifolia), espécie da família Asteraceae, possui grandes raízes tuberosas, é originário
da região Andina, cultivada principalmente na Colômbia,
Equador, Peru, Bolívia e noroeste da Argentina. 20,25
No Brasil o cultivo dessa espécie foi introduzido
por volta de 1989, na região de Capão Bonito (SP), por
imigrantes japoneses, que utilizam suas folhas e raízes tuberosas na alimentação de diabéticos. 16 Além disso, tanto
os rizóforos como as raízes tuberosas apresentam elevada
quantidade de oligofrutanos do tipo frutooligossacarídeos
(FOS) e inulina, respectivamente 210,0mg / g de raiz in
natura e 13,5mg / g de raiz in natura, considerado um alimento fonte desses compostos. 12, 21, 25, 28 Em geral, os FOS
têm sido relacionados a efeitos benéficos na saúde humana,
que seriam a não cariogenicidade, valor energético reduzido, redução dos lipídios no sangue, aumento da absorção
de minerais como cálcio, magnésio e ferro, inibição dos
estágios iniciais do câncer de colón, fonte importante de
frutose, adoçante dietético, muito adequado para diabéticos e obesos, e efeito hipoglicemiante como descrito por
Quinteros.19
Além disso, estudos recentes têm investigado as
propriedades benéficas do Yacon em relação à presença de
antioxidantes e compostos fenólicos em suas raízes tuberosas e folhas. 6, 13, 23, 24
Associado a isto o uso popular do yacon no tratamento do diabetes é conhecido. A importância da inclusão
de alimentos que proporcionam uma melhora na tolerância
à glicose, em dietas de indivíduos diabéticos, tem sido enfatizada. 10, 18 A terapia nutricional torna-se, portanto, parte
fundamental no cuidado dessa patologia.
O yacon um alimento com propriedades funcionais
bastante promissoras, neste contexto, pode ser facilmente
incorporado à dieta da população em geral e especialmente
a alimentação de diabéticos, principalmente pela raiz apresentar sabor semelhante ao de frutas como o melão, e com
polpa levemente amarelada, crocante e aquosa. 24
Desta forma, há o interesse em avaliar este real efeito hipoglicemiante do Yacon, porém são poucos os trabalhos científicos controlados que avaliam diretamente este
efeito quando ingerido.
* Trabalho elaborado com o apoio financeiro da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP pela bolsa PIBIC.
** Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição – Curso de Mestrado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP –
14801-902 – Araraquara –SP – Brasil. E-mail: [email protected].
*** Curso de Graduação em Nutrição – Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP – 14096-900 – Ribeirão Preto – SP – Brasil.
**** Departamento de Clínica Médica – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo – 14048-900 – Ribeirão
Preto – SP – Brasil.
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