Reality Check 2015 Um olhar sobre os principais desafios do setor de petróleo e gás Índice Os fundamentos do setor questionados 1 Mudanças nos fundamentos da oferta e da demanda 2 Surgimento de novos padrões de comercialização 7 Opep: sob pressão 9 Preços do GNL: mercado do comprador 13 Investir em inovação: o custo da complexidade 16 Empresas petrolíferas nacionais e integradas: dinâmica em evolução 20 Manter-se ágeis 22 Contatos 23 Fontes 25 Os fundamentos do setor questionados Quanta diferença em um ano! No ano passado, examinamos os fundamentos do setor desde as condições macroeconômicas prevalecentes, o equilíbrio entre oferta e demanda e regulamentações até componentes de custos, preços das commodities e o impacto da geopolítica. Em decorrência dessa análise, consideramos o sobe e desce do domínio entre os fornecedores; a progressão da regionalização para a globalização nos mercados de gás natural e a reversão nos mercados de petróleo; uma mudança na matriz energética global; o inchaço dos projetos de capital para “mega” proporções; e um movimento no sentido de maior interdependência entre as nações. Este ano, no entanto, praticamente todos estes ‘fundamentos’ estão sendo questionados. Certamente, a queda dos preços do petróleo cobrou um preço do setor global de petróleo e gás. Em dezembro de 2014, os preços do petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) caíram de mais de US$ 100 por barril para menos de US$ 60, com os preços do Brent acompanhando essa tendência. A queda continuou em 2015, despencando para menos de US$ 45 por barril, antes de iniciar uma modesta recuperação. O excesso de oferta de petróleo em meio a uma demanda mundial em queda está alterando os fluxos comerciais e preocupando os fornecedores tradicionais. Da mesma forma, o movimento em curso na América do Norte para a independência energética continua a ecoar nos mercados mundiais e pode levar ao surgimento de um bloco comercial autossuficiente em energia nos Estados Unidos, no Canadá e no México. Para a Rússia, o declínio na participação de mercado entre as nações consumidoras ocidentais está estimulando o país a procurar mercados mais amigáveis na Índia e na China, tendência que poderá alterar as estruturas geopolíticas de poder. Na verdade, a geopolítica está se tornando o centro das atenções e, consequentemente, destacando-se cada vez mais como força motriz por trás de relações e padrões comerciais emergentes. A Opep, por sua vez, está buscando novos compradores num momento em que está sendo desafiada a atender os requisitos amplamente diferentes de seus diversos Estados-membros, causando uma turbulência geopolítica adicional. As previsões para o comércio global de energia também estão evoluindo. Ao invés de ver uma globalização desenfreada, o gás natural e o GNL estão sendo consumidos mais próximo da fonte — pelo menos por enquanto. Como os compradores estão tendo maior controle do que os vendedores sobre os preços do GNL, contratos de longo prazo estão sendo renegociados e a construção de novos terminais de GNL está desacelerando. O crescimento desenfreado de megaprojetos também está perdendo o ímpeto, dado que as empresas internacionais de energia estão cortando custos. Este relatório analisa seis das questões que estão atualmente impactando o setor de petróleo e gás (e o mercado upstream em particular). Embora não seja em absoluto uma lista definitiva, estas questões incluem uma mudança prevista nos fundamentos da oferta e da demanda, o surgimento de novos padrões de comercialização, uma discussão do papel da Opep no mercado — pelo menos sobre os preços em queda no curto prazo do GNL, os custos a longo prazo de projetos complexos e a evolução da dinâmica entre as empresas petrolíferas integradas (IOCs) e as empresas petrolíferas nacionais (NOCs). Valendo-se de pesquisa e das visões e opiniões da nossa equipe global de petróleo e gás, este relatório visa dar a você material para reflexão, além de incentivar um debate e uma discussão saudáveis. Como sempre, incentivamos você a compartilhar suas ideias. Para tal, não hesite em entrar em contato com os parceiros listados no final deste relatório. Um agradecimento especial a Adi Karev, nosso líder global de Petróleo e Gás recentemente aposentado, por suas contribuições a este relatório, bem como a todos os nossos outros colaboradores. Esperamos que o esforço combinado tenha servido para criar um relatório pertinente, revelador e instigante. Anton Botes Líder global de Petróleo e Gás da DTTL A queda dos preços do petróleo cobrou um preço do setor global de petróleo e gás. Em dezembro de 2014, os preços do petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) caíram de mais de US$ 100 por barril para menos de US$ 60, com os preços do Brent acompanhando essa tendência. Reality Check 2015 1 Mudanças nos fundamentos da oferta e da demanda Enquanto os Estados Unidos continuam a manter o seu lugar como um dos maiores produtores de petróleo e gás, os padrões históricos do comércio de energia estão mudando. O país pode agora atender aproximadamente 90% de suas necessidades de energia proveniente de fontes internas, acima dos 70% em 2005.1 No fronte da oferta de petróleo Com a perda dos Estados Unidos como mercadoâncora, os principais fornecedores de petróleo do mundo estão procurando novos compradores. Nos últimos quatro anos, os Estados Unidos completaram aproximadamente 20 mil novos poços de xisto.2 Isso elevou a produção de petróleo dos EUA para quase 9 milhões de barris/dia (mbd),3 número que sobe para 12,5 mbd quando é incluído gás natural liquefeito.4 A oferta de óleo de xisto dos EUA aumentou de 0,5% do total mundial em 2008 para 3,7% atualmente.5 É de se destacar que os custos desses poços normalmente os tornam também muito lucrativos. Em 2013, oito dos maiores produtores independentes de petróleo nos EUA tinham uma média de custos operacionais de US$ 10 a US$ 20 por barril de petróleo (ou unidade equivalente de gás) produzido.6 Por outro lado, os Estados Unidos podem não estar sozinhos na mudança dos fundamentos da oferta e da demanda. Por exemplo, embora o Oriente Médio consiga atender suas necessidades atuais, a demanda por petróleo e gás na região está crescendo. Vários importantes fornecedores emergentes e reemergentes também podem potencialmente alterar a dinâmica do mercado de energia. A produção no Sul do Iraque e no Curdistão iraquiano pode aumentar, por exemplo, apesar dos problemas de segurança que atualmente afligem a região. Se o Irã concluir um acordo nuclear com os países do P5+1 (Rússia, China, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Alemanha), sua produção de petróleo também poderá aumentar com o fim das sanções. E a produção no Brasil, apesar de sua recente turbulência política, ainda tem espaço para crescer. Essas flutuações nas dinâmicas do setor estão alimentando um jogo de poder entre tradicionais e novos fornecedores de petróleo. O Oriente Médio, por exemplo, tem visto sua participação de mercado nos EUA cair, tanto com petróleo bruto quanto com produtos refinados, e agora está lutando para estabelecer os fundamentos de como operar em um mercado inundado de petróleo. Com esta finalidade, os produtores do Oriente Médio estão visando redirecionar o fluxo de petróleo para o Leste (Ásia), e não para o Oeste (Américas), aumentando simultaneamente sua participação no consumo europeu. Com a Europa procurando diversificar a oferta, a Rússia também está vendo uma mudança em seu mercado consumidor tradicional e já começou a se voltar para a Ásia à procura de novos compradores, como estão fazendo fornecedores menores na África, como Angola e Nigéria. Figure 1. Fluxos comerciais - principais movimentos Parceiros comerciais de gás Estados Unidos 1. Canadá (oleoduto) Parceiros comerciais de petróleo 1. Estados Unidos 2. Canadá (oleoduto) 3. México (oleoduto) China 1. Turcomenistão (oleoduto) 2. Catar (GNL) 3. Austrália (GNL) 4. Sudeste Asiático (GNL) 4. Arábia Saudita (petroleiros) China 1.Arábia Saudita (petroleiros) 2.Angola (petroleiros) 3. Rússia (oleoduto) Europa 1. Rússia (oleoduto) 2. Noruega (oleoduto) 3. Holanda (oleoduto) Índia 1.Catar (GNL) Fonte: BP Statistical Review, 2014 2 Índia 1. Arábia Saudita (petroleiros) 2. Iraque (petroleiros) 3. Venezuela (petroleiros) Essa tendência deverá provavelmente ser intensificada se os Estados Unidos finalmente acabarem suspendendo a proibição das exportações de petróleo bruto. Por enquanto, o Departamento de Comércio dos EUA só concedeu isenções para a exportação de formas de petróleo ultraleve conhecidas como condensado. No entanto, em audiência em 3 de março de 2015 na Subcomissão de Energia e Eletricidade da Câmara, foi levantada a preocupação de que a proibição da exportação — junto com a permanência de preços baixos de petróleo — poderia levar o setor a uma recessão prolongada. Se esses argumentos prevalecerem, as implicações podem reverberar em todo o planeta. Mesmo sem o petróleo dos EUA no mercado global, os fornecedores remanescentes estão fazendo o possível para manter a participação de mercado. Em sua reunião em Viena em novembro de 2014, a Opep decidiu manter a produção em 30 mbd na tentativa de sufocar a concorrência de fornecedores alternativos, incluindo Estados Unidos, Canadá, Rússia e Brasil (offshore). Para manter esse volume, cerca de 2,5 mbd de produção off-line de Irã, Iraque e Líbia estão sendo compensados por um aumento na produção de mais de 2 mbd de Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Emirados Árabes Unidos (EAU).7 Como declarou o ministro saudita do Petróleo, Ali Al-Naimi, para a publicação Middle East Economic Survey em dezembro de 2014: “Se eu reduzir, o que acontecerá com minha participação de mercado? O preço subirá, e os russos, os brasileiros e os produtores de óleo de xisto dos EUA ficarão com a minha parte”.8 Vários países da região estão se mantendo firmes em seus níveis de produção: a Saudi Aramco, a ADNOC dos EAU e o Kuwait devem aumentar coletivamente os gastos com exploração e produção em 14,9% em 2015.9 No entanto, embora essas decisões afetem os mais novos produtores mundiais de várias maneiras, provavelmente não afetarão a direção para onde os ventos do comércio estão soprando. Com o tempo, os principais fornecedores globais de petróleo de hoje podem perceber sua influência diminuindo à medida que os produtores alternativos ganham mais participação de mercado (veja abaixo Surgimento de novos padrões de comercialização). A dinâmica da demanda do petróleo Os maiores centros de demanda do mundo também estão mudando. Esperava-se que a demanda da China e, em menor grau, da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, estimularia a demanda a longo prazo. No entanto, a Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu as previsões de demanda e agora estima que a demanda de petróleo e gás crescerá apenas 0,9 mbd em 2015.10 O que é certo é que a China continua sendo um centro de demanda, com as importações subindo 13% em dezembro de 2014 em comparação com o ano anterior.11 Foi em dezembro que as importações de petróleo bruto da China passaram dos 7 mbd pela primeira vez12 e, até 2040, essas importações poderão atingir quase 18 mbd.13 Isso dito, a economia chinesa cresceu 7,4% em 2014 , abaixo dos 7,7% do ano anterior — o que representou sua taxa de crescimento mais lenta dos últimos 24 anos.14 Embora a demanda possa permanecer forte, a disposição da nação em pagar taxas mais elevadas para as importações pode esfriar cada vez mais, possivelmente diversificando suas fontes de fornecimento. Os principais fornecedores globais de petróleo de hoje podem perceber sua influência diminuindo à medida que os produtores alternativos ganham mais participação de mercado. De seu lado, a Europa Ocidental continua sofrendo com o mal-estar da economia da região. Em 2014, a demanda europeia por petróleo encolheu 0,20 mbd, enquanto a previsão é que a demanda em 2015 diminua mais uma vez em 0,10 mbd15 (veja Figura 2). A Administração de Informações sobre Energia (EIA) dos EUA projeta que a demanda europeia se manterá em 14 mbd até 2040.16 Figura 2. Demanda de petróleo: Alemanha, França, Itália e Reino Unido, milhares de barris/dia Dezembro de 2014 Dezembro de 2013 Variação a partir de dezembro de 2013 % de variação a partir de dezembro de 2013 447 436 10 2.4 1,052 1,077 -25 -2.3 713 698 15 2.1 3,036 3,042 -6 -0.2 Óleo combustível 289 277 12 4.3 Outros produtos 827 853 -26 -3.1 6,364 6,384 -19 -0.3 GLP Gasolina Querosene p/ aviação Gás/Óleo diesel Total Fonte: OPEC Monthly Oil Market Report, 9 de fevereiro de 2015 Reality Check 2015 3 E embora os Estados Unidos continuem sendo o maior consumidor e importador de petróleo do mundo, as importações de petróleo bruto dos EUA caíram 3% ano a ano até janeiro de 2015.17 Algumas empresas norteamericanas de exploração e produção (E&P) ainda estão desmembrando seus ativos internacionais para se concentrar em atender os mercados internos mais estáveis, reconfigurando também as linhas da oferta e da demanda no nível de exploração. Com a intensificação dessas tendências, as nações importadoras deverão se beneficiar cada vez mais — da China e da Índia ao Japão e à Indonésia. Segundo o Instituto Baker, a região Ásia-Pacífico será responsável por estimados 70% da demanda mundial de petróleo de 2010 a 2020,20 e os países da região serão os beneficiários. De certa forma, a recente queda no preço do petróleo também foi vantajosa para muitos dos principais países consumidores. México, Brasil, Índia, China, Indonésia, Kuwait, Omã, Egito, Tunísia, Marrocos e Malásia, todos aproveitaram a oportunidade para cortar subsídios aos combustíveis, diminuindo a pressão sobre as finanças públicas. Observe-se que essa pressão tem sido considerável: de acordo com estimativas do FMI, os governos gastaram US$ 1,9 trilhão em subsídios aos combustíveis fósseis somente em 201121 (veja Figura 4). Mesmo o Japão, classificado como o terceiro maior consumidor de petróleo mundial em 2014, viu sua demanda de petróleo cair 22% desde 2000, devido a fatores estruturais como uma população em declínio e metas de eficiência energética do governo18 (veja Figura 3). Essa demanda pode continuar a diminuir, visto que o país está aumentando sua dependência do gás natural e está, finalmente, retomando o uso de energia nuclear como fonte de energia alternativa.19 Figura 3. Produção e consumo de petróleo do Japão, 2000-2015 Milhares de barris/dia 7,000 Previsão 6,000 5,000 4,000 3,000 Importações líquidas 2,000 1,000 0 1990 1992 Consumo 1994 1996 1998 2000 2002 2004 Produção Fonte: Administração de Informações sobre Energia dos EUA, International Energy Statistics and Short-Term Energy Outlook, junho de 2014 4 2006 2008 2010 2012 2014 Figura 4. Valor econômico dos subsídios ao consumo de combustíveis fósseis*, 2013 % do PIB Total de subsídios paratodos os combustíveis US$ bi Subsídios a produtos de petróleo US$ bi 11.0 29.9 20.9 Indonésia 3.3 29.1 21.3 Bangladesh 3.2 4.6 0.6 Argentina 2.7 13.4 1.3 Índia 2.5 47.0 36.6 Malásia 1.7 5.3 4.9 China 0.2 21 11.8 Egito Fonte: © OECD/IEA 2014 World Energy Outlook, publicação da AIE; modificada pela Deloitte Touche Tohmatsu Limited Licença: www.iea.org/t&c/termsandconditions Fazendo projeções para 2020, haverá provavelmente um abrandamento ainda maior da demanda na América do Norte e na Europa Ocidental, enquanto a demanda aumentará em toda a região Ásia-Pacífico e no Oriente Médio. Essas mudanças estão alterando a dinâmica tradicional entre os centros de oferta e demanda de petróleo no mundo. Oferta e demanda de gás natural O equilíbrio tradicional da oferta e da demanda no comércio de gás natural também pode mudar nos próximos anos. A revolução do gás de xisto dos EUA vem estimulando a redução dos preços do gás natural e levou os EUA à posição de maior produtor mundial de gás natural. Esses preços baixos, por sua vez, fizeram os produtores aproveitar a oportunidade de exportar gás natural dos EUA como gás natural liquefeito (GNL) para a Europa e a Ásia, onde os preços estão mais elevados. A vantagem dos produtores americanos parecia particularmente gritante em agosto de 2014, quando os preços à vista do mercado japonês de gás natural subiram para mais de US$ 16 por milhão de unidades térmicas britânicas (MBtu), enquanto os preços de gás do Henry Hub estavam sendo negociados abaixo de US$ 4/MBtu. Exportadores de gás natural tradicionais, como o Catar (GNL) e a Rússia (gasoduto), ainda podem ter de enfrentar a crescente concorrência da Austrália, que está em vias de se tornar o maior exportador mundial de GNL, com nova capacidade de 62 milhões de toneladas prevista para estar disponível em 2018.22 Por outro lado, os altos custos de desenvolvimento dos projetos vão dificultar as tentativas australianas de suprir os consumidores em todo o mundo a baixo custo. Isso é especialmente verdadeiro no atual ambiente de preços baixos. Projetos previstos de exportação de GNL já estão sendo postergados, e os projetos de gás de carvão do país estão se debatendo para obter custos alinhados com as expectativas dos acionistas. Até que os obstáculos para um comércio global de GNL estejam resolvidos, o GNL e o gás de gasoduto continuarão provavelmente a fluir predominantemente em regiões geograficamente próximas. Isso pode ser uma vantagem para a Rússia, que está tentando assegurar uma parcela maior do mercado de gás natural da China graças a seus gasodutos Força da Sibéria e Altai. Contudo, ainda existem obstáculos para um verdadeiro comércio global de GNL. Grupos ambientais nos Estados Unidos continuam a se opor às exportações por receio de incentivar maior dependência do fraturamento hidráulico. Os fabricantes americanos também estão preocupados com a possibilidade de as exportações pressionarem os preços do mercado interno de gás natural para cima, freando o florescente ressurgimento industrial do país. Nos últimos meses mais fluxos de comércio globalizado também ficaram comprometidos visto que o spread entre os preços do gás natural norte-americano e asiático está diminuindo em função dos preços de petróleo em queda, enfraquecendo o pedido dos compradores de GNL para desvincular os contratos de gás natural indexados aos preços do petróleo. Reality Check 2015 5 Figura 5. Os 5 maiores consumidores e fornecedores de GNL em 2014 120.6 333.3 Japão bilhões de metros cúbicos 51.1 Top 5 27.1 Consumidores (valores em bilhões de m3) 18.9 18.1 Total de importações/exportações de GNL em 2014 Coreia do Sul China Índia 103.4 Taiwan Catar 33.9 Malásia 31.6 Top 5 Fornecedores (valores em bilhões de m3) 25.3 21.7 Austrália Nigéria Indonésia Fonte: BP Statistical Review, 2014 Conclusões Visto que os Estados Unidos estão se aproximando da independência energética, existe a oportunidade para exercer maior liberdade política. Não estamos sugerindo que os Estados Unidos buscarão uma estratégia isolacionista. Podem, no entanto, obter maior flexibilidade na estruturação de suas alianças políticas. A segurança energética crescente pode também dar aos EUA maior liberdade para se posicionar de maneiras que podem ter sido evitadas no passado. Prova disso é que o país continua a impor sanções contra a Rússia e trabalha para negociar um acordo com o Irã, sem o apoio da Arábia Saudita e de outros Estados do Golfo. Os benefícios da segurança energética continuam sendo consideráveis, o que provavelmente fará com que qualquer país capaz de reforçar sua produção nacional faça uma tentativa. Esse é especialmente o caso se o acesso a GNL a preços acessíveis continuar difícil. 6 Não obstante, os benefícios da segurança energética continuam sendo consideráveis, o que provavelmente fará com que qualquer país capaz de reforçar sua produção nacional faça uma tentativa. Esse é especialmente o caso se o acesso a GNL a preços acessíveis continuar difícil. Essa busca pela segurança energética pode assumir muitas formas, desde o aumento da dependência de energias renováveis até maiores investimentos na extração de óleo e gás de xisto. Embora muitos países continuem a resistir à revolução do xisto por razões ambientais, essa postura deverá mudar ao longo do tempo se a escassez de energia se tornar um forte inibidor ao crescimento econômico e à independência energética. Para facilitar uma produção nacional maior, muitos governos com mercados atualmente ‘protegidos’ já estão afrouxando suas posições regulatórias na tentativa de promover maior concorrência local e aumentar os investimentos no setor de energia. Foram implementadas reformas energéticas no México e na Argentina. Da mesma forma, a Empresa Nacional de Petróleo da China (CNPC) anunciou recentemente planos para vender participações em seus ativos upstream no campos petrolífero de Jilin, no nordeste da China, e de Dasang, em Tianjin, para compradores do setor privado. O que as nações consumidoras sensíveis a preços fazem para atender suas necessidades de energia – e em que medida suas demandas podem ser atendidas regionalmente – terá provavelmente grande impacto na geopolítica global e nos padrões do comércio internacional. Surgimento de novos padrões de comercialização Como os fundamentos da oferta e da demanda de petróleo e gás continuam evoluindo, novos padrões mundiais de comercialização estão surgindo. EUA-Canadá-México Os Estados Unidos, o Canadá e o México estão operando cada vez mais como um bloco autossuficiente, estimulando um movimento no sentido de um comércio de energia mais regional. Isto é em grande parte impulsionado pelo aumento do petróleo e do gás não convencionais nos Estados Unidos, pelo abrandamento das restrições regulatórias no México e pelo alto custo de exportação das areias betuminosas canadenses para fora da América do Norte, devido, pelo menos em parte, à falta de infraestrutura transfronteiriça. Graças ao alinhamento geopolítico e cultural desses países, esse bloco só tende a se fortalecer – tendência que se acelerará ainda mais se o oleoduto Keystone entre EUA e Canadá for finalmente aprovado. Rússia-China-Índia Por sua vez, a Rússia está procurando mais ativamente novos compradores. Em particular, visto que a China e a Índia estão procurando maior diversidade de oferta, elas podem depender cada vez mais da produção da Rússia. Em julho de 2013, a russa Rosneft firmou um acordo de fornecimento de longo prazo mais do que dobrando suas remessas de petróleo para a China.23 A Rússia fornece agora 12% das importações de petróleo bruto da China24 e foi o quarto maior fornecedor de petróleo bruto da China em 2013.25 Em maio de 2014, a chinesa CNPC também fechou um acordo de US$ 400 bilhões com a russa Gazprom que, segundo os analistas, representará um fluxo de 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural para a China por gasoduto ao longo de um período de 30 anos, a um custo de US$ 10 por milhão de pés cúbicos, com o fornecimento previsto para começar em 2018.26 Com a previsão da AIE de que a demanda de gás natural da China aumentará 6% ao ano até 2035, esse acordo dá à Rússia acesso a um dos mercados de gás natural de crescimento mais rápido do mundo.27 Esses acordos destacam os laços crescentes que estão se formando entre China e Rússia. Desde 2012, os países têm feito visitas de Estado mais frequentes, estreitando as relações militares (incluindo exercícios conjuntos de treinamento e exportações militares russas para a China), e estão coordenando seus votos no Conselho de Segurança das Nações Unidas com relação à Síria e à Crimeia.28 O acordo de gás de US$ 400 bilhões é apenas um dos vários acordos bilaterais de energia que estão estimulando uma cooperação econômica mais estreita entre as nações. Para solidificar ainda mais o chamado ‘eixo para a Ásia’, a Rússia também assinou recentemente contratos comerciais com a Índia no valor aproximado de US$ 100 bilhões. As negociações incluem um acordo de energia nuclear de US$ 40 bilhões, um contrato de US$ 50 bilhões para o fornecimento de petróleo bruto e gás e mais US$ 10 bilhões em outros negócios que abrangem diversos setores – defesa, agricultura e indústria aeroespacial.29 A ONGC Videsh Ltd., da Índia, a divisão upstream da Oil and Natural Gas Corporation Ltd. (ONGC), também iniciou negociações recentemente com a Rosneft para adquirir participação em dois campos de petróleo siberianos.30 Como fica a Opep? À medida que as relações entre esses blocos comerciais emergentes se estreitam, a Opep pode querer expandir sua participação no mercado da Europa Ocidental. Contudo, não seria uma estratégia autossustentável. Em 2013, quase 60% das exportações de petróleo bruto da Opep foram para a Ásia,31 e o consumo europeu não conseguiu substituir esse volume. E mais, a Europa Ocidental está tentando se libertar da excessiva dependência das importações russas e poderia recorrer à Opep para comprar uma proporção maior de seu fornecimento de energia. Isto está se tornando cada vez mais imperativo à luz das quedas significativas de produção da região: a produção de petróleo na União Europeia diminuiu 50% desde 2002.32 A Arábia Saudita está acompanhando de perto essa tendência – na tentativa de ganhar participação no mercado europeu, a Saudi Aramco reduziu o preço de venda oficial do petróleo bruto leve árabe bruto fornecido para o noroeste da Europa a US$ 1,50 por barril em fevereiro de 2015, com desconto de US$ 4,65 por barril sobre a média ponderada do Brent (BWAVE) – o preço mais baixo desde 2009.33 Nada é imutável Certamente esses padrões de comercialização não são invioláveis. Em 2013, enquanto apenas 17% da oferta da Opep foram para Europa, 16% ainda foram para América do Norte.34 Da mesma forma, em 2013, a Opep forneceu à China cerca de 71% do seu petróleo bruto35 e à Índia uma porcentagem semelhante de petróleo e outros líquidos.36 Muitas outras grandes nações fornecedoras e consumidoras também continuarão a exercer influência sobre os padrões mundiais de comercialização de petróleo e gás, como Japão, Austrália, Cazaquistão, Catar, Brasil e países de todo o Sudeste Asiático e da África Ocidental. Reality Check 2015 7 A Opep vai procurar novos compradores visto que a América do Norte está cada vez mais atendendo sua própria demanda e pode almejar abocanhar uma parcela cada vez maior do mercado da Europa Ocidental. As tentativas russas de criar um bloco na Ásia também representam desafios. As tensões bilaterais entre Rússia e China têm poucas chances de se resolverem em breve. Da mesma forma, nem a China nem a Índia estão inclinadas a se tornar excessivamente dependentes das importações russas. A diversidade da oferta continua a ser um pilar fundamental da segurança energética, que precisa de mudança nos padrões de comercialização ao longo do tempo. Atualmente, o Catar fornece a maior parte do GNL para a Ásia e, apesar do declínio de seus volumes de exportação, outros países além da Rússia estão prontos para cobrir a diferença – incluindo a Austrália e o Turcomenistão. Moçambique e, mais amplamente, o leste da África, também não podem ser descartados. Cerca de 180 trilhões de pés cúbicos de gás foram encontrados na Bacia do Rovuma no alto-mar de Moçambique. Isso seria suficiente para abastecer Alemanha, GrãBretanha, França e Itália por 18 anos.37 E representa uma oportunidade considerável para a Índia, visto que não existem pontos de estrangulamento geográficos que impedem o fluxo de GNL da África Oriental para a Índia. Em maio de 2014, as indianas ONGC, India Oil e Bharat Petroleum compraram uma participação conjunta de 30% da Área 1 offshore do Rovuma da operadora Anadarko, sediada nos EUA (um dos primeiros investidores) – descobrindo em seguida que a área continha 43% a mais de reservas recuperáveis do que o inicialmente estimado.38 A chinesa CNPC também investiu na região, comprando uma participação de 20% num bloco-chave operado pela italiana Eni.39 Por sua vez, a Europa Ocidental precisará fazer investimentos significativos antes de poder realmente reduzir sua dependência do gás natural russo, situação agravada pela natureza de longo prazo de seus contratos atuais de fornecimento com a Rússia. Embora a solução ideal fosse aumentar o fornecimento interno, as reservas estão se esgotando na Noruega e no Reino Unido, e persistem as barreiras para a exploração do gás de xisto. Para que a região possa se voltar cada vez mais para fornecedores do norte da África, ela precisa de melhorias dispendiosas de infraestrutura, e a estabilidade de alguns fornecedores africanos não é garantida. Embora as turbulências não pareçam suficientes para perturbar as rotas comerciais, tornando-as um evento cisne negro, seu impacto potencial pode ser catastrófico para os consumidores. 8 E, é claro, como a produção de GNL está se tornando cada vez mais econômica, pode ser viável para os Estados Unidos, a Austrália e a África Oriental exportar de forma econômica para a grande maioria das nações consumidoras do mundo – redesenhando as linhas dos blocos comerciais atualmente emergentes. A Austrália já é o quarto maior fornecedor de gás para os principais países importadores da região Ásia-Pacífico, ficando atrás somente de Catar, Malásia e Indonésia.40 O Catar também continua um desconhecido – enquanto sua participação no mercado global de gás está encolhendo dada sua atual moratória de exportações de GNL acima de 77 milhões de toneladas por ano, poderia, em última análise, optar por recuperar sua participação no mercado cortando os preços australianos ou buscando novos mercados na Europa, no Brasil e na África. Conclusões Com a mexicana Pemex encerrando seu monopólio estatal de petróleo de 76 anos, Estados Unidos, Canadá e México estão prontos para obter um maior grau de cooperação energética. ExxonMobil, Chevron e BHP Billiton manifestaram interesse na exploração de petróleo no México, que tem aproximadamente 13,4 bilhões de barris em reservas comprovadas.41 Junto com a produção americana e canadense, isso pode permitir que essas nações atendam um percentual sempre crescente da demanda interna com fornecimento interno. À medida que o bloco comercial EUA-Canadá-México vá se fortalecendo e fique cada vez mais competitivo ao longo do tempo, a Rússia estará cada vez mais impelida para voltar sua agenda para a China e a Índia, com o objetivo não só de atuar como principal fornecedora de energia da região, mas também aproximar-se do ponto de vista geopolítico e econômico. Se todo o potencial deste bloco Rússia-Índia-China se concretizar, o gás russo poderá passar através da China não apenas para a Índia, mas também para o Sudeste Asiático, atingindo países em rápido desenvolvimento como Tailândia, Vietnã, Laos e Malásia. Embora essas tendências possam ameaçar a posição tradicional da Opep em mercados globais, isso não deve acontecer no curto prazo. Com certeza, a Opep vai procurar novos compradores visto que a América do Norte está cada vez mais atendendo sua própria demanda e pode almejar abocanhar uma parcela cada vez maior do mercado da Europa Ocidental. Além disso, num mercado global, a produção não para e os membros da Opep continuarão sendo provavelmente os fornecedores essenciais para países em todo o mundo por muitos anos. Opep: sob pressão Segundo um artigo recente na revista The Economist,42 um cartel eficaz precisa de três coisas: disciplina, posição dominante no mercado e barreiras à entrada. No momento, a Opep pode estar tendo dificuldades nessas três áreas. Embora a Opep tenha se reunido regularmente ao longo dos anos para definir cotas de fornecimento e níveis de preço, seus países-membros nem sempre cumprem essas metas de produção – o que pode sugerir fragilidades na disciplina organizacional. A Opep estabeleceu um teto de produção para o petróleo bruto de 30 milhões de barris/dia desde 2012, sem especificação de cotas para membros individuais. Em 2013, a produção média foi de 31,6 milhões de bpd. Após se recusar a reduzir a produção no ano passado, a Opep mantém o bombeamento muito acima da meta de 30 milhões de bpd em função do recorde de produção da Arábia Saudita e da volta parcial do Iraque e da Líbia à produção de petróleo bruto. Em termos de domínio do mercado da Opep, a organização fornece atualmente cerca de 32% do petróleo bruto do mundo, e sua participação de mercado está em declínio. De acordo com seu próprio World Oil Outlook para 2014, a participação da Opep no mercado de petróleo pode cair 5% até 2018, visto que o fornecimento de óleo de xisto dos EUA está aumentando.43 Embora essa participação possa ser recuperada ao longo do tempo com a mudança de padrões de fornecimento (particularmente se a produção dos EUA cair), a Opep pode perder poder durante esse período. E embora existissem barreiras à entrada devido à complexidade da exploração e da produção tradicionais, novas tecnologias e inovações, estimuladas pela revolução do xisto nos EUA, alteraram essa equação. À medida que evolui a produção de petróleo não convencional, os produtores de xisto ganham mais alavancagem – particularmente dada a sua capacidade de se adaptar aos sinais de mudança de preço mais rapidamente do que os produtores de petróleo convencional. Há também várias nações produtoras operando fora da influência da Opep. Em 2014, o crescimento da oferta não Opep subiu 1,99 mbd, atingindo 56,23 mbd, impulsionado por uma produção mais elevada da OCDE e de Brasil, Cazaquistão e China44 (veja Figura 6). Embora o ritmo da oferta não Opep deva diminuir um pouco em 2015, a capacidade de produção dos fornecedores não Opep impede a organização de exercer o mesmo nível de controle que já pode tido sobre o mercado mundial. Figura 6. Crescimento da produção de petróleo bruto e combustíveis líquidos não Opep Milhões de barris/dia 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 2014 2015 Reino Unido México Rússia Egito Síria Colômbia Gabão Vietnã Outros países do Mar do Norte Azerbaijão Sudão/Sudão do Sul Noruega Índia Austrália Omã Cazaquistão China Malásia Canadá Brasil -0.5 Estados Unidos 0.0 2016 Fonte: Administração de Informações sobre Energia dos EUA, Short-Term Energy Outlook, abril de 2015 Reality Check 2015 9 Não criados da mesma forma Não se está sugerindo que todas as nações da Opep tenham perdido sua influência. Certamente, seus membros mais estáveis têm recursos para aumentar – ou manter – a produção como entenderem. Esses membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) que também são membros da Opep se enquadram nesta categoria: Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita produz aproximadamente 12 mbd de líquidos de petróleo45 e continua sendo o produtor de mais baixo custo do mundo. Sua capacidade de produção, juntamente com sua vantagem de custo, dão ao país uma alavancagem considerável como player internacional de energia, mesmo sem levar em conta sua influência sobre outras nações da Opep. Com mais de US$ 740 bilhões em reservas cambiais, a Arábia Saudita também tem os meios para resistir a eventuais déficits que podem ocorrer se as receitas de petróleo caírem. A Autoridade de Investimento do Kuwait também tem consideráveis reservas cambiais, estimadas em US$ 548 bilhões, enquanto a Autoridade de Investimento de Abu Dhabi nos EAU detém aproximadamente US$ 773 bilhões em reservas cambiais – montante equivalente a 190% do PIB do país46 (veja Figura 7). Em muitos aspectos, é a força dessas nações que deu à Opep o poder de manter seus volumes de produção, apesar da atual fragilidade dos preços de petróleo. Os outros membros da Opep, no entanto, estão enfrentando desafios maiores. Alguns argumentam que a divergência entre nações com ou sem Opep pode criar uma fragmentação desses países cujos pontos de equilíbrio exigem preços do petróleo mais elevados do que os que estão atualmente em vigor. Como mostra a Figura 8, a maioria das nações da Opep precisa de preços do petróleo de cerca de US$ 100 por barril para equilibrar seus orçamentos internos. Se os preços permanecerem baixos por um período prolongado, algumas dessas nações correm o risco de se encaminhar para maior agitação social. Considerem: •Juntas, as reservas cambiais de Iraque, Irã e Nigéria não chegam a US$ 200 bilhões.47 Além disso, o Iraque deve continuar a desviar recursos para combater o EI (Estado Islâmico); o Irã perdeu receitas de petróleo devido às sanções bancárias ocidentais impostas em resposta ao seu programa nuclear; e a produção de petróleo da Nigéria continua a cair em função de corrupção e falta de investimento. Figura 7. Fundos soberanos, 2013 •Após anos de guerra civil, a Líbia também está sofrendo muito. No final de 2014, a produção de petróleo no país havia caído abaixo de 300 mil barris/ dia – queda de 65% em comparação a outubro de 2014.48 Os alvos dos militantes nos últimos meses se concentraram no maior terminal de exportação de petróleo e tanques de armazenamento de petróleo da Líbia, prometendo interrupções contínuas na produção da Líbia. US$ bi 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Abu Dhabi Arábia Saudita Kuwait Catar Fonte: Instituto dos Fundos Soberanos, swfinstitute.org 10 Líbia Omã Bahrein •Embora a Venezuela tenha as maiores reservas de petróleo do mundo, sua produção de petróleo vem diminuindo há anos e o país enfrenta uma inflação galopante. Em outubro de 2014, a Petróleos de Venezuela (PDVSA) importou petróleo pela primeira vez na história do país, recebendo um carregamento de petróleo bruto leve da Argélia.49 Em janeiro de 2015, o país também foi forçado a se voltar para a China para ajudar a manter a sua produção, fechando contratos de financiamento de US$ 20 bilhões com seu maior credor.50 Figura 8. Preços de equilíbrio do petróleo, 2015 Os saudáveis: Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Emirados Árabes Unidos US$200 • Eles têm a capacidade de aumentar a produção e a riqueza para retê-la. Líbia, US$184,10 • O Kuwait se juntou à Arábia Saudita oferecendo descontos substanciais a compradores asiáticos de petróleo bruto. Os decadentes: Argélia, Angola, Equador, Nigéria, Venezuela • Registraram declínio da produção nos últimos anos. • A PDVSA, sem fundos, fechou um contrato de financiamento de US$ 20 bilhões com a China, que ajuda a manter a produção de petróleo. • Dois grandes campos em águas profundas devem aumentar a produção na Nigéria até o final de 2017. Equador US$145 Irã, US$131,00 Argélia, US$131,00 Nigéria, US$122,70 Venezuela, US$117,50 Arábia Saudita, US$106,00 Rússia, US$98,00 Iraque, US$101,00 Angola, US$98,00 EAU, US$77,00 Spot Brent à vista (2 de março), US$61,00 Kuwait, US$54,00 Catar, US$60,00 Os disfuncionais: Irã, Iraque, Líbia Noruega, US$40,00 • Eles têm capacidade potencial para aumentar a produção, mas os níveis de produção, controlados pela política, têm estado voláteis. • Em dezembro de 2014, o Iraque retomou a exportação pelo norte aos níveis de março, enquanto a produção da Líbia caiu para o nível mais baixo desde julho. $0 • A Líbia raramente costuma vender para a Ásia, mas desde agosto a China está substituindo alguns dos seus clientes mediterrâneos. Fonte: Wall Street Journal51 Implicações Apesar dos desafios enfrentados por muitas nações da Opep, os países do CCG capazes de manter a linha de produção ainda influenciam o mercado. Sua recente decisão de manter a produção certamente teve implicações para produtores não pertencentes à Opep. No Brasil, por exemplo, a Petrobras verá uma queda das receitas – em especial à medida que encolhem as margens da produção das reservas de petróleo do país no pré-sal em alto-mar (e à medida que continuam em aberto as investigações de fraude). As areias betuminosas do Canadá também estão sob pressão devido aos altos custos de desenvolvimento; em setembro de 2014 a norueguesa Statoil, por exemplo, adiou seu projeto de areias betuminosas no campo canadense de Corner por pelo menos três anos.52 A Rússia também está enfrentando dificuldades. Com a exportação de aproximadamente 7,5 mbd de petróleo bruto e produtos refinados, a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo depois da Arábia Saudita.53 O país é altamente dependente das exportações de petróleo e gás, que juntas geram mais da metade de sua receita nacional. A perda das receitas do petróleo agrava os prejuízos financeiros que o país continua a ter devido à imposição de sanções pelos EUA e pelo Ocidente referentes à Ucrânia. Nos últimos meses, o rublo despencou e a inflação disparou para mais de 16%,54 levando o Fundo Monetário Internacional (FMI) a rever sua previsão para a Rússia para uma contração de 3% em 2015.55 O setor de petróleo e gás dos EUA também não está imune: a atividade de perfuração em terra caiu de um pico de 1.609 plataformas em outubro de 2014 para 976 plataformas em abril de 2015;56 os investidores estão demonstrando maior relutância em financiar projetos de xisto; e perfuradores altamente alavancados e campos de petróleo mais marginais podem ter dificuldade para sobreviver. Segundo estimativas da empresa de pesquisa Wood Mackenzie, se houver uma redução de 20% nos investimentos, o crescimento da produção de xisto dos Estados Unidos poderá ter uma queda de 10% ao ano.57 Reality Check 2015 11 Figura 9. Curva de custo da oferta de líquidos global US$/barris dia 120 100 80 Plataformas em alto-mar 57 48 10 54 Petróleo extrapesado 20 30 40 50 81 Intervalo de confiança de 75% do preço de equilíbrio para cada categoria Areias betuminosas Águas ultraprofundas Rússia em terra 20 0 53 61 54 36 Oriente Médio em terra 20 0 Resto do mundo em terra Águas profundas 60 40 Xisto América do Norte Produção total em 2020 da categoria como parte da produção acumulada total 60 70 80 90 100 Total da produção de líquidos de 2020, milhões boe/d Ponto de equilíbrio médio Curva de custo Fonte: Pesquisa e análise da Rystad Energy Conclusões Apesar da decisão da Opep de evitar aumentar os preços do petróleo ter criado problemas para muitos produtores, eles podem ser de curta duração. O bloco comercial Estados Unidos-Canadá-México está particularmente bem posicionado para enfrentar a tempestade. A mexicana Pemex, por exemplo, vem segurando os preços do petróleo há uma década e está de certa forma protegida contra quedas do preço do petróleo no médio prazo devido ao seu fundo de estabilização do petróleo.58 Embora alguns projetos canadenses provavelmente não sejam rentáveis no curto prazo, o setor foi erguido com base em investimentos de longo prazo e saiu com sucesso de crises cíclicas no passado. Do mesmo modo, os níveis de equilíbrio dos EUA provavelmente continuarão a cair à medida que o setor de xisto atinja ganhos de eficiência. Alguns analistas dizem que um projeto mediano de xisto nos EUA só precisa de um preço de petróleo de US$ 57 o barril.59 E, embora o capital possa se afastar rapidamente de apostas não convencionais de petróleo, ele pode voltar igualmente rápido em resposta a sinais de mudança do mercado. 12 Consideradas em conjunto, essas tendências indicam que o poder da Opep nos movimentos de longo prazo do mercado está perdendo a força. Certamente, seu domínio como entidade coordenada é coisa do passado. No entanto, o fim de uma era em geral sinaliza o início de outra: possivelmente, os Estados do CCG poderão substituir a Opep nos próximos anos. Desde que essas nações mantenham uma capacidade excedente e tenham condições de aumentar (ou diminuir) a produção para atender às mudanças nos sinais dos preços globais, elas continuarão influentes – apesar de terem de dividir essa influência com outros grandes produtores em maior grau do que possivelmente fizeram no passado. Preços do GNL: mercado do comprador No início de 2014, as perspectivas para o gás natural liquefeito (GNL) eram bastante positivas, em especial à luz das previsões de aumento da demanda para China, Índia e Sudeste Asiático. Os preços estavam tão altos no Pacífico Asiático que os clientes estavam tentando separar os preços do gás do petróleo e começaram a exigir contratos com cláusulas de flexibilidade de preços com maior vínculo ao indicador Henry Hub. O comércio à vista também estava melhorando à medida que compradores e vendedores tentavam capitalizar as diferenças dos preços regionais, que aumentaram consideravelmente quando o preço à vista para a entrega de GNL à Ásia alcançou um pico de muitos anos de mais de US$20/MBtu.60 Em dezembro de 2014, no entanto, o preço à vista da entrega de GNL para a Ásia havia caído 29,4% no ano61 e caiu para US$ 10,70/MBtu em fevereiro de 2015.62 Figura 10. Preços finais do GNL de dezembro de 2014 comparados com preços de junho de 2014 Reino Unido US$8,56 9% Lake Charles US$3,72 -15% Bélgica US$8,26 Espanha US$9,76 -7% Cove Point US$5,25 39% Índia US$11,45 -17% Coreia US$12,00 -16% China US$11,60 -17% Japão US$12,00 -16% Rio de Janeiro US$11,35 -26% Bahía Blanca US$11,78 -23% Fonte: Comissão Federal de Regulamentação de Energia Reality Check 2015 13 Rastreando as causas Vários fatores estão levando à queda dos preços. Na Europa, por exemplo, a demanda por gás continua fraca devido aos efeitos prolongados da crise financeira, junto com a crescente dependência de fontes renováveis de energia. Embora a demanda asiática seja normalmente forte, foi menor do que o previsto devido a invernos brandos no Norte da Ásia e pode ser ainda mais enfraquecida à medida que o Japão coloque algumas de suas usinas nucleares novamente em atividade e mude para carvão onde puder para reduzir o alto custo das importações de GNL. A China também está diversificando seu fornecimento, como atestam suas recentes negociações de gás com a Rússia. Segundo o Macquarie, essas negociações reduzirão a demanda chinesa por GNL ao ponto de somente 1 em cada 20 projetos propostos de GNL voltados para o mercado de 2020 serem necessários.63 O excesso de oferta global também é um fator significativo: na última década, os volumes de GNL cresceram a uma média de mais de 6,5% ao ano,64 e os projetos programados para entrar em operação em breve serão acrescentados a esses volumes (veja Figura 11). Papua-Nova Guiné foi o último produtor a aumentar a oferta de GNL para o mercado em 2014, e a usina de GNL de Queensland Curtis, na Austrália, aumentou ainda mais a oferta desde janeiro de 2015 quando começou a exportar para a China National Offshore Oil Corp (CNOOC), com a qual tem um contrato de fornecimento de 20 anos. Se os sete terminais de GNL da Austrália atualmente em construção forem concluídos até 2018, como originalmente planejado, mais 62 Mtpa de nova capacidade entrarão em operação65 e posicionarão o país para ultrapassar o Catar como o maior fornecedor mundial de GNL até 2020.66 Figura 11. Novas ofertas nos próximos cinco anos E, é claro, os preços em queda do petróleo também desempenharam um papel para puxar para baixo os preços contratados de GNL que continuam predominantemente vinculados ao petróleo. Projetos sob pressão Independentemente da causa, os preços em queda do gás natural estão ameaçando a viabilidade econômica de novos projetos de GNL no mundo todo. Com os preços do gás americano previstos para variar entre US$ 4 e US$ 4,50/MBtu até 2016, os exportadores de GNL dos EUA podem ter uma ligeira vantagem competitiva: estima-se que eles precisem de um preço europeu de US$ 9/MBtu e de um preço asiático de US$ 10,65/MBtu se quiserem ter lucro.68 No entanto, considerando-se os efeitos prejudiciais da queda acentuada dos preços do petróleo, o GNL americano vinculado aos preços do Henry Hub de repente se torna menos competitivo em relação aos preços vinculados ao petróleo sendo oferecidos por concorrentes globais (pelo menos no curto prazo). Os projetos australianos estão sob ainda mais pressão. O Credit Suisse e o Wood Mackenzie estimam que a maioria dos projetos australianos de GNL precisa obter de US$ 12 a US$ 14/MBtu para atingir o ponto de equilíbrio.69 Por sua vez, os projetos de GNL em Moçambique precisam de um preço de equilíbrio de cerca de US$ 11,50/MBtu e na Tanzânia de US$ 13/ MBtu considerando-se os investimentos significativos em infraestrutura que ainda precisam ser feitos para desenvolver esses recursos.70 Estima-se que mesmo os projetos canadenses exigem de US$ 9 a US$ 10/MBtu.71 Para complicar ainda mais, os projetos de GNL estão enfrentando mais do que apenas preços mais baixos. Nos últimos anos, os custos de desenvolvimento de projetos em muitas nações entraram numa espiral. Em particular, toda essa turbulência favoreceu a posição de mercado do Catar. Além de ser o produtor do gás natural mais barato do mundo e o principal fornecedor mundial de GNL, a maioria dos volumes de produção do Catar foi vendida em contratos de longo prazo. Enquanto outros países podem cair se os preços do petróleo continuarem baixos, o Catar está muito bem posicionado para enfrentar o ciclo com perdas mínimas. Compradores no controle Como resultado da queda nos preços do GNL, os contratos de longo prazo que costumavam dominar o setor de GNL estão cada vez mais sob pressão. À medida que os vendedores perdem poder de negociação, a probabilidade é que os compradores exijam cada vez mais termos mais flexíveis, variando da flexibilidade de destino a cláusulas de revisão de preços. Novos modelos de cobrança de portagem já permitem aos clientes comprar gás natural do mercado americano pelo preço do Henry Hub, depois pagar uma taxa limitada para liquefazer o gás e carregá-lo em navios para exportação – reduzindo a volatilidade dos preços. Além de dar aos compradores completa flexibilidade Fonte: Timera Energy67 14 de destino, os investimentos mais baixos exigidos pelo modelo de cobrança de portagem também reduz a necessidade de contratos de longo prazo para estabilizar fluxos de caixa – o que poderá acabar por alterar a economia dos mercados tradicionais de GNL. Com os compradores relutantes em assinar contratos de longo prazo e a crescente disponibilidade de carregamentos adicionais (em 2017, até 5 milhões de toneladas por ano de GNL poderão estar disponíveis somente para o mercado à vista da Austrália72), a negociação à vista também está aumentando. O aumento da disponibilidade à vista poderá contribuir para pressionar para baixo os preços à vista e levar as nações consumidoras a encontrar uma maneira de vincular os novos contratos a índices à vista. Em novembro de 2014, por exemplo, a japonesa Chubu Electric assinou um contrato para comprar GNL da francesa GDF Suez a preços parcialmente vinculados aos preços à vista na Ásia.73 Em um movimento parecido, compradores asiáticos estão tentando suavizar a volatilidade dos preços criando uma plataforma de negociação de derivativos de GNL. Japão, Cingapura e China atualmente têm planos para lançar a negociação de futuros de GNL, embora o possível sucesso dessas iniciativas continue incerto. À medida que se arrasta o impasse entre compradores e vendedores, muitos desenvolvedores estão adiando suas decisões finais de investimento (FIDs) sobre projetos globais de GNL. Ao mesmo tempo, os credores estão se tornando mais avessos ao financiamento de novas perfurações e produções. Tomadas em conjunto, essas tendências retardaram a construção de terminais de GNL e comprometeram vários projetos: a Excelerate Energy, em Houston, postergou seu projeto na Baía de Lavaca;74 a Chevron Corp. diminuiu de maneira significativa os gastos com o projeto de GNL em Kitimat, no Canadá, e pretende reduzir os gastos com GNL no mundo todo em 20% em 2015;75 a Petronas, da Malásia, adiou indefinidamente o início da construção de uma usina de GNL no valor de US$ 32 bilhões na costa do Pacífico do Canadá;76 e investimentos previstos para projetos de terminais de GNL na Tanzânia e em Moçambique estão sendo questionados. A tendência, no entanto, não é universal, como demonstra a recente oferta de aquisição do BG Group pela Royal Dutch Shell. É claro que, se a oferta diminuir, a demanda provavelmente pressionará os preços de volta para cima no longo prazo, uma vez mais impulsionando um comércio mais global de GNL. Conclusões Embora o preço do GNL possa já ter sido um modelo de estabilidade, agora já não é mais tanto assim. Até que os preços se estabilizem, o gás natural provavelmente será comercializado em regiões geográficas mais próximas. Isso significa que o GNL australiano provavelmente manterá sua vantagem Norte/Sul, abastecendo Cingapura, Taiwan, Japão e Coreia do Sul. Por outro lado, os produtores norteamericanos têm uma vantagem comercial mais natural com a Europa. Isto posto, os produtores com maior eficiência de custo são os com maior probabilidade de ganhar participação de mercado global, em especial à medida que a economia da oferta-demanda entre em ação. Isso pode vir a dar aos Estados Unidos (e talvez ao Canadá) uma vantagem competitiva, já que seus pontos de equilíbrio em projetos de GNL são normalmente mais baixos. Novos mecanismos contratuais podem se tornar mais predominantes, possivelmente alterando a dinâmica dos preços a longo prazo do setor global de GNL. Preços vinculados, flexibilidade de destino e novos modelos de cobrança de portagem estão cada vez mais alterando o poder do mercado dos vendedores para os compradores – tendência que continuará sendo intensificada se os contratos com preços à vista se tornarem mais predominantes. Embora o preço do GNL possa já ter sido um modelo de estabilidade, agora já não é mais tanto assim. Até que os preços se estabilizem, o gás natural provavelmente será comercializado em regiões geograficamente mais próximas. While the price of LNG may once have been a model for stability, it is less so now. Until prices stabilize, natural gas will likely trade in more geographically proximate regions. Reality Check 2015 15 Investir em inovação: o custo da complexidade Embora os gastos com exploração e produção estejam diminuindo em meio à atual volatilidade nos preços das commodities, em março de 2014, as quatro maiores empresas de petróleo e gás do mundo estavam gastando aproximadamente 40% de seus orçamentos de capital em megaprojetos77 (aqueles com investimentos de capital de US$ 1 bilhão ou mais). Observe-se que metade da distribuição desses 40% estava indo para projetos tecnicamente complexos, como o projeto Gorgon de GNL na Austrália, o projeto Pearl de gás para líquido (GTL) no Catar, o projeto Kashagan no Mar Cáspio e o projeto Sacalina na Rússia.78 Graças a investimentos significativos em tecnologia e inovação, o setor está acessando depósitos antes inacessíveis por meio da exploração em águas profundas e ultraprofundas, construindo instalações para GNL flutuante (FLNG) e armazenagem e explorando novas fronteiras no Ártico. As inovações incluem a automação de operações remotas e submarinas; perfuração de alta pressão e alta temperatura; fraturamento hidráulico multiestágio; e até mesmo robótica submarina (veja Figura 12). Figura 12. As tecnologias de alto impacto vão se tornar dominantes no médio prazo (por volta de 2020) Perfuração e poços de alta pressão e alta temperatura e tecnologias relacionadas 58% Fraturamento hidráulico multiestágio e avanços relacionados 54% Monitoramento automatizado/sem fio e sensores de última geração 44% Poços digitais, integração de sistemas e tecnologias relacionadas 42% Sensoriamento remoto, identificação por radiofrequência e tecnologias relacionadas 41% Bombas elétricas submersíveis horizontais 39% Drenagem gravitacional assistida por vapor e outras técnicas de extração de petróleo pesado 39% Risers rígidos e tecnologias relacionadas 37% Gelificantes e outros aperfeiçoamentos de ingredientes de fluidos para fraturamento hidráulico 37% 36% Impulsão submarina Impressão 3D ou manufatura aditiva 35% Levantamentos aéreos e outros aperfeiçoamentos sísmicos/detecção 28% Visualização sísmica passiva e microssísmica e tecnologias relacionadas 0% 27% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Grau de impacto (% de entrevistados que respondeu ‘alto impacto’) Cadeia de fornecimento inteligente Próximo recurso Extensão de vida Tempo de operação e eficiência Fonte: Lloyd’s Register Energy – Oil and gas Technology Radar 2014 www.lr.org/technologyradar 16 Exposição a riscos Na busca por inovação, os gastos globais das empresas de E&P com exploração e produção em 2014 alcançaram estimados US$ 723,3 bilhões,79 apesar dos preços de energia mais baixos. Embora haja uma expectativa de queda dos gastos gerais em 2015, é improvável que projetos com decisões finais de investimento sejam cancelados. Em dezembro de 2014, a Douglas-Westwood80 ainda estava prevendo que os poços de desenvolvimento em alto-mar cresceriam 17% até 2018. Do US$ 1,4 trilhão projetado para ser gasto em exploração e produção em alto-mar durante esse período, a previsão é de 39% para serviços de manutenção e reparação dos campos, 31% para perfuração, 15% para EPC (engenharia, suprimentos e construção) e 15% para desenvolvimento submarino. Na verdade, as despesas de capital em águas profundas estão previstas para aumentar 130%, já que mais 1.500 poços submarinos são perfurados e completados no mundo todo. Os gastos com a produção flutuante também estão previstos para aumentar, alcançando US$ 164 bilhões até 2020, com o FLNG representando cerca de US $81 bilhões dessa despesa de capital. Figura 13. Despesas de capital em águas profundas 2009-2019 Fonte: Douglas-Westwood – Deepwater market forecast 2015 edition Figura 14. FLNG – Despesas de capital globais e divisão regional Fonte: Douglas-Westwood – World FLNG market forecast 2014 edition Reality Check 2015 17 Acima do prazo, acima do orçamento O desafio, no entanto, que nos últimos meses foi bastante aliviado, é o gasto significantemente alto associado com tantos projetos complexos. Até 65% dos projetos de capital do mundo ultrapassam o orçamento em pelo menos 25% e/ou ultrapassam os prazos previstos em até 50%.81 À medida que os riscos técnicos dos projetos aumentam, as despesas de capital sobem em ritmo acelerado. Na Austrália, por exemplo, o projeto Pluto de GNL entrou em operação 14 meses depois do início previsto, a um custo de US$ 14,9 bilhões – 33% acima das estimativas iniciais,82 o projeto Gorgon de GNL ficou 40% acima do custo e atrasou mais de um ano83 e o preço do projeto Wheatstone subiu 13% entre 2011 e 2013.84 Em outros lugares, o projeto Pearl de GTL no Catar subiu quase 300% em relação a seu orçamento de US$ 5 bilhões em 2003,85 enquanto projetos de petróleo e gás em alto-mar na Noruega estão operando cerca de 20% acima das estimativas iniciais de custo.86 Atrasos nos custos e no prazo também atingiram os únicos dois campos em alto-mar atualmente produzindo no Ártico: o campo de Snøhvit na Noruega, a primeira exploração de GNL da região,87 e o projeto Prirazlomnoye na Rússia, a primeira exploração de petróleo do Ártico. Enquanto isso, em outubro de 2014, o custo do Kashagan – já o projeto de petróleo mais caro do mundo – estava previsto para aumentar quase US$ 4 bilhões porque os desenvolvedores foram forçados a substituir cerca de 240 quilômetros de oleodutos que estavam vazando.88 Há inúmeras razões para esses custos acima do previsto, variando de obrigações regulatórias que exigem investimentos adicionais, aumento dos custos de mão de obra e materiais e enormes riscos técnicos e geopolíticos. Há também fatores menos benignos, como a tendência de investir em demasia em tecnologias de ponta e a insistência em personalizar cada projeto ao invés de procurar maneiras de padronizar. 18 A defesa da consciência de custo Com os preços da energia em declínio, as empresas já estão adiando FIDs e segurando projetos com baixa margem. Agora que as empresas perderam a proteção dos preços flutuantes que poderia ter evitado custos superiores aos previstos, o imperativo para manter os custos sob controle está se tornando ainda mais crucial. Segundo a Goldman Sachs, as empresas precisarão cortar os custos em até 30% para tornar lucrativos diversos projetos de alto custo caso os preços do petróleo fiquem em média em torno de US$ 70 o barril.89 Isso está exigindo novas abordagens para o planejamento, o desenvolvimento, o financiamento e a aprovação dos projetos. Os processos de stage-gate tradicional ainda têm seu lugar em projetos altamente técnicos. Os projetos complexos que cada vez mais dominam o setor de petróleo e gás, no entanto, têm um alto grau de variabilidade, reduzindo a utilidade dos processos stage-gate de estágios sequenciados. As geologias, a engenharia e os ambientes regulatórios desafiadores associados com esses projetos tornam os resultados imprevisíveis e exigem respostas mais dinâmicas. Para enfrentar o desempenho precário dos projetos, as empresas estão adotando uma série de estratégias. Entre elas estão: •Desenvolvimento integrado de projetos (DIP) – melhorando a colaboração em toda a cadeia de fornecimento, a intenção do DIP é alinhar os objetivos comerciais de todos os participantes do projeto (proprietários, engenheiros, empreiteiros, subempreiteiros, principais fornecedores). Serve para concentrar os esforços da equipe com o objetivo de melhorar a entrega do projeto desde o seu início até o encerramento. •Análise avançada – à medida que aumenta a dependência do setor nos chamados ‘grandes dados’ (big data), as empresas podem se beneficiar cada vez mais do uso da análise avançada para identificar indicadores preliminares de possíveis problemas que poderão afetar o desempenho do projeto. Por exemplo, ao alavancar grandes conjuntos de dados sobre o desempenho de funcionários em campo, as empresas podem tomar decisões mais embasadas de planejamento da força de trabalho. Do mesmo modo, ao integrar dados externos (isto é, padrões climáticos, agitação política, questões da cadeia de fornecimento multicamada), elas podem modelar cenários nos quais os projetos costumam sair dos trilhos e colocar em prática estratégias de mitigação antecipadamente. •Gestão de projetos lean – envolve o ajuste dinâmico das necessidades de entrega do projeto às exigências de projetos contemporâneos, permitindo que as organizações ajustem o fluxo de trabalho e a alocação de recursos em tempo real, em resposta às diferentes exigências. •Gestão de talentos – durante períodos de desaceleração do setor, as empresas tendem a demitir profissionais e reduzir a contratação a trabalhadores de níveis inferiores. No passado, isso criou uma lacuna geracional que ainda define a força de trabalho atual do setor de petróleo e gás. Para evitar a intensificação da escassez de trabalhadores qualificados no futuro, as empresas precisam buscar processos de talentos que administrem melhor a atração e a retenção de talentos técnicos e de engenharia. Ao mesmo tempo, os programas de capacitação também devem se concentrar na promoção de um nível mais alto de consciência de custos entre as forças de trabalho existentes, que provavelmente serão solicitadas a operar de uma maneira mais limitada fiscalmente daqui para frente. •Uma mudança em direção ao campo de petróleo digital, que conta com tecnologias como visualização sísmica 4D para iniciativas de inteligência de negócios. Os investimentos no campo de petróleo digital estão mudando a economia dos projetos. Por exemplo, o projeto Amberjack, da Shell, registrou redução de 20% dos custos operacionais, aumento de 5% a 10% de recuperação e redução de 75% nos tempos dos ciclos do fluxo de trabalho – resultados que permitem que esse chamado ‘campo inteligente’ produza 600 barris de petróleo a mais por dia.90 •Abordagens modulares – como setor dominado pela engenharia, a padronização modular às vezes é considerada suspeita no setor de petróleo e gás. No entanto, se aplicadas com eficácia, as abordagens modulares podem reduzir os custos dos projetos em até 15% e acelerar a entrega dos projetos em até 20%.91 A modularização aumenta as possibilidades e pode incluir o uso de especificações comuns de desenho para projetos semelhantes, com a reutilização de desenhos de usinas já desenvolvidas em novos projetos e contando com tecnologias modulares de rápida evolução (isto é, sistemas de processos skid-mounted, componentes de infraestrutura prémontados) para agilizar os esforços de trabalho. Dificuldades do setor de serviços No curto prazo, os custos dos serviços em campos petrolíferos (OFS) também deverão cair devido ao excesso de capacidade do mercado. Dada a frequência com que as IOCs e as NOCs terceirizam parcelas substanciais de suas operações de desenvolvimento e produção para o setor de OFS, os custos em queda nessa área podem ajudar a fortalecer as margens. Embora isso possa ser uma boa notícia para as grandes empresas de exploração e produção, já está cobrando um preço alto do setor de OFS. A Schlumberger pretende demitir 20 mil funcionários em 2015,92 enquanto a Baker Hughes, que recentemente se fundiu com a Halliburton, anunciou cortes de 7 mil pessoas.93 As fusões e aquisições de OFS também caíram 40% no segundo semestre de 2014 em comparação com o ano anterior. Essa atividade reduzida afetou de maneira mais aguda a perfuração (os acordos caíram 67%) e os serviços de apoio (os acordos caíram 56%), embora esses números tenham sido compensados por dois negócios nos EUA que compreenderam cerca de 70% do valor total dos acordos de OFS: a fusão entre a Halliburton e a Baker Hughes e a aquisição da DresserRand pela Siemens.94 Assim como no setor de exploração e produção, a recuperação no setor de OFS exigirá uma disciplina de custos mais rigorosa, em particular dado aos elevados encargos das dívidas sob as quais muitas dessas empresas operam. Conclusões Embora os gastos de capital provavelmente venham a cair no curto prazo, os megaprojetos ainda serão necessários para atender à demanda de energia global no longo prazo. Para evitar os custos e prazos superiores ao previsto que em geral caracterizaram esses projetos, as empresas talvez queiram explorar diversas estratégias, incluindo planejamento de pré-projetos, entrega de projetos integrados, gestão de projetos lean, modularização e gestão de talentos. Elas talvez queiram também investir em análise avançada para permitir o monitoramento e a avaliação ágeis dos projetos. Ao mesmo tempo, vale relembrar que sinais de preços fracos muitas vezes estimulam a inovação. É mais do que razoável esperar que os preços defasados do petróleo também venham a estimular maiores inovações. Reality Check 2015 19 Empresas petrolíferas nacionais e integradas: dinâmica em evolução Durante décadas, as empresas petrolíferas integradas (IOCs) estiveram entre os empreendimentos mais avançados do mundo em termos de experiência do setor, capacidades de pesquisa e desenvolvimento e qualificações operacionais – o que lhes deu uma vantagem significativa no mercado de energia global. Nos últimos anos, no entanto, essa vantagem vem perdendo força. De certo modo, isso pode se dar ao fato de que a produção das maiores IOCs de capital aberto vêm caindo há vários anos, apesar dos constantes aumentos dos gastos de capital. Entre 2006 e 2012, por exemplo, a produção de petróleo das grandes empresas caiu de 16,1 mbd para 14 mbd, enquanto os gastos de capital subiram de US$ 109 bilhões para US$ 262 bilhões.95 Dado o esgotamento das reservas convencionais – e o benefício das alternativas – as IOCs têm se concentrado em movimentos não convencionais para aumentar a produção. Seus esforços, no entanto, têm sido apenas moderadamente bem-sucedidos. Enquanto a ExxonMobil e a ConocoPhillips conseguiram alcançar um índice de substituição de reserva (RRR) superior a 100% em 2014, o RRR da Chevron foi de 89%, da BP de 62% e da Royal Dutch Shell de apenas 26%.96 Para simplesmente manter os atuais níveis de produção, a AIE estima que as empresas de exploração e produção precisarão gastar US$ 680 bilhões por ano.97 É claro que as tendências de gastos dos últimos meses têm apontado para a direção oposta. Para voltar a controlar os custos, as IOCs têm cortado despesas de capital e adiado projetos. Figura 15. Negócios upstream por determinadas empresas petrolíferas integradas, 2012-2014 Número de negócios 6 4 5 4 2 2 3 0 -2 -4 -5 -3 -4 -3 2 -2 -2 2 A BP, por exemplo, cortou US$ 1 bilhão de seus planos de gastos de capital;98 a ExxonMobil disse prever gastos de capital de cerca de US$ 34 bilhões em 2015, 12% a menos do que em 2014.99 A Royal Dutch Shell desistiu do acordo com a Qatar Petroleum de construir uma instalação petroquímica de US$ 6,5 bilhões no emirado;100 e a Chevron suspendeu seus projetos de gás de xisto na Polônia, na Ucrânia e na Romênia. Fechando a lacuna Isso se dá em contraste com a tendência dominante entre algumas das empresas petrolíferas nacionais (NOCs) mais bem financiadas do mundo. As NOCs controlam atualmente cerca de 90% das reservas de petróleo conhecidas do mundo.101 Isso inclui não apenas a titularidade de uma grande porcentagem de sua produção interna – seja de forma independente ou por meio de contratos de partilha de produção – mas também sua participação em empreendimentos internacionais de energia. As aquisições das chinesas CNPC, CNOOC e Sinopec, das russas Gazprom e Rosneft e da malaia Petronas foram manchete durante anos. Juntas, as NOCs da Ásia investiram cerca de US$ 40 bilhões em outros países nos últimos dois anos.102 Somente no último ano, a Saudi Aramco comprou uma participação de 28% de uma empresa sul-coreana de refino e comercialização de petróleo, a NOC da Turquia (Turkish Petroleum Corp.) fez investimentos no Azerbaijão e a NOC do Catar adquiriu uma participação de US$ 1 bilhão de um campo petrolífero brasileiro da Royal Dutch Shell.103 Entre 2012 e 2014, seis NOCs pagaram cada uma pelo menos US$ 5 bilhões em uma aquisição.104 É certo que o ritmo das aquisições de NOCs diminuiu em 2014. Dos dez maiores negócios de upstream realizados no ano (aqueles acima de US$ 2 bilhões), sete envolveram empresas de exploração e produção norte-americanas como compradoras ou vendedoras. Vale observar que as NOCs asiáticas ou cáspias ficaram 1 -1 -5 -7 -4 -8 -9 -6 -8 -10 1Q12 2Q12 Aquisição 3Q12 4Q12 1Q13 2Q13 3Q13 4Q13 1Q14 2Q14 Alienações Fonte: PLS Inc. and Derrick Petroleum Services Global Mergers & Acquisitions Database de 9 de janeiro de 2015 20 3Q14 4Q14 de fora. As aquisições feitas por NOCs chinesas também caíram de maneira acentuada no ano, de US$ 20 bilhões em 2013 para menos de US$ 3 bilhões em 2014.105 Apesar dessa abordagem mais cautelosa, as NOCs não parecem estar cortando de forma tão acentuada quanto as IOCs. Por exemplo, embora as IOCs estejam prevendo uma queda de 13% nos gastos de capital para o ano, as NOCs estão cortando uma porcentagem consideravelmente menor de suas despesas, enquanto a Saudi Aramco, a ADNOC e a Kuwait Oil Company podem até mesmo aumentar seus gastos.106 Também na área da inovação algumas NOCs estão apostando mais alto. Em levantamento recente do setor,107 as IOCs foram vistas como responsáveis pela introdução de cerca de 46% das tecnologias inovadoras do setor entre 2012 e 2014. Até 2016, no entanto, as inovações das IOCs devem cair 36%, enquanto as inovações das NOCs aumentaram de 24% para 28% de 2012 a 2014. Siga os líderes As NOCs interessadas em chegar à curva de maturidade não precisam ir longe para encontrar precedentes. A BP começou como NOC, assim como a francesa Total. Muitos também argumentariam que a norueguesa Statoil fica entra uma NOC e uma IOC. Entre as NOCs que podem seguir essas tendências estão as chinesas CNPC, CNOOC e Sinopec e as indianas ONGC e Indian Oil Corporation. Muitas dessas NOCs já estão adotando medidas para reforçar suas operações e domínio de mercado. De uma perspectiva operacional, as NOCs estão cada vez mais fazendo parcerias com empresas de OFS capazes de lhes dar acesso a uma gama maior de recursos financeiros, humanos e técnicos. Isso permite que elas aumentem seus conjuntos de habilidades internas e se tornem mais viáveis comercialmente. De uma perspectiva de domínio de mercado, as ações das NOCs têm sido mais sutis e variadas – criando alianças mais diretas, por exemplo, com prestadores internos de OFS que elas possuem parcial ou totalmente. Não é universal Para fazer justiça, esse padrão não se dá em todos os lugares. A maioria das NOCs de todo o mundo provavelmente continuará a depender da especialização das IOCs nos próximos anos, em particular dada à força das IOCs em inovação tecnológica, estilo gerencial e colaboração com as comunidades locais. A exploração de reservas não convencionais e campos complexos também pede o envolvimento constante das IOCs. Considerando os níveis de risco e os orçamentos associados com esses megaprojetos, seu sucesso depende de investimentos significativos e conhecimentos técnicos especializados – áreas em que as IOCs continuam a dominar. No início de 2015, por exemplo, a China saiu em busca de operadores estrangeiros para ajudar a desenvolver seus ativos de petróleo e gás em alto-mar.108 A maioria das NOCs também não consegue competir com as operações de midstream e downstream das IOCs, onde as parcerias continuarão a sobreviver. Reconhecendo esses pontos fortes, alguns países adotaram medidas para abrir suas fronteiras anteriormente fechadas numa tentativa de atrair maiores investimentos de IOCs. A mexicana Pemex vem imediatamente à mente, mas outras NOCs – como as de Mianmar, Etiópia e Honduras – também abriram seu setor de energia para investidores privados nos últimos anos. Conclusões Atualmente é difícil antever um futuro onde as IOCs não desempenhem um papel decisivo na exploração e produção de petróleo e gás. No entanto, em áreas onde os pontos fortes tradicionais das IOCs não são necessários, é possível vislumbrar as IOCs perdendo participação de mercado para grandes players de OFS e para NOCs, em particular em projetos não técnicos. Para evitar essa lenta erosão, as IOCs vão precisar se proteger contra o instinto de fazer demissões em massa enquanto os preços das commodities permanecerem baixos. Embora sempre haja espaço para aumentar a consciência sobre os custos, as IOCs talvez queiram evitar se colocar em uma posição onde não tenham o talento e o ímpeto de que necessitam não apenas para retomar a produção quando os preços se recuperarem, mas para manter a vantagem em um cenário competitivo em mudança. As IOCs vão precisar se proteger contra o instinto de fazer demissões em massa enquanto os preços das commodities permanecerem baixos. Ao mesmo tempo, à medida que as IOCs se voltam para modelos de negócios mais enxutos, as NOCs com dinheiro disponível podem cada vez mais estar em posição de adquirir ativos cobiçados, atrair ainda mais os principais talentos do setor e criar relações mais fortes com as principais empresas de OFS. Com o tempo, esse foco provavelmente posicionará algumas NOCs para competir de maneira mais eficaz no cenário internacional. Isto posto, embora relações comerciais mais estreitas entre grandes empresas de serviços e NOCs poderão vir a tirar da posição intermediária as IOCs em algumas situações, algumas EPCs continuam despreparadas para assumir os riscos associados com custos e prazos de projetos superiores ao previsto. Isso forçará as NOCs a subir na curva de maturidade para assumir um nível mais alto de risco do que no passado, exigindo a adoção de programas muito mais sofisticados de gestão de riscos, estruturas de governança, culturas de inovação e práticas de eficiência organizacional do que os que prevalecem atualmente. Embora os componentes básicos para que isso aconteça não estejam atualmente em vigor, essas tendências podem resultar em formas diferentes de colaboração no futuro. Reality Check 2015 21 Manter-se ágeis Não há dúvida de que a queda dos preços do petróleo foi manchete no ano passado. Os preços mais baixos da commodity já cobraram um preço do setor de upstream e continuam contribuindo para o encolhimento dos orçamentos de exploração e produção. No entanto, a natureza cíclica do setor de petróleo e gás não é um desdobramento novo. No longo prazo, as flutuações dos preços provavelmente não afetarão de maneira significativa a trajetória do setor – embora possam acelerar algumas das tendências que já estavam se desenrolando. Os países capazes de aumentar a produção interna de energia cada vez mais estarão buscando maneiras de o fazer. Além das mudanças nos fundamentos da oferta e da demanda, essa busca promete mudar as relações entre as IOCs e as NOCs. A busca constante por segurança energética também está alterando os padrões globais de comercialização e reformulando as bases de poder das nações produtoras (da América do Norte e Rússia às nações da Opep e África). Ao mesmo tempo, novas dinâmicas nos mercados de commodities estão mudando o jogo no setor de GNL e levando empresas de todos os tamanhos, e em todas as regiões, a tratar com mais seriedade a contenção de custos. Conforme essas tendências se desenrolam, todos os players do mercado de energia só podem esperar se adaptar continuando ágeis. Esperamos que este relatório auxilie nesse aspecto apontando os desenvolvimentos setoriais que estão surgindo no horizonte. 22 Contatos Global Leadership Major Markets Oil & Gas Speciality Services Rajeev Chopra DTTL Global Leader, Energy & Resources +44 20 7007 2933 [email protected] Africa Anton Botes +27 12 482 0020 [email protected] Resource Evaluation & Advisory Robin C. Mann Deloitte U.S. +1 403 648 3210 [email protected] Anton Botes DTTL Global Leader, Oil & Gas +27 82 770 5577 [email protected] Americas Mark Edmunds +1 415 783 5154 [email protected] Julian Small DTTL Global Leader, Oil & Gas Tax +44 20 7007 1853 [email protected] Australia Mike Lynn +61 8 9365 7125 [email protected] Paul Zonneveld DTTL Global Leader, Oil & Gas Enterprise Risk Services +1 403 503 1356 [email protected] Brazil Carlos Vivas +55 2139 810482 [email protected] Central Europe Farrukh Khan +40 21 207 5213 [email protected] Deloitte MarketPoint George Given Deloitte U.S. +1 713 982 3435 [email protected] Deloitte Offshore Oil & Gas Group Svenn Erik Edal Deloitte Norway +47 92 81 48 06 [email protected] Upstream Oil & Gas Advisory Peter Baldock Deloitte UK +971 4506 4733 [email protected] Latin America Ricardo Ruiz +54 11 4320 4013 [email protected] Middle East Salan Awawdeh +971 4376 8888 [email protected] U.S. John England +1 713 982 2556 [email protected] Russia/CIS Elena Lazko +7 495 787 0600 – ext: 1335 [email protected] Reality Check 2015 23 Country Leadership Australia – Mike Lynn +61 8 9365 7125 [email protected] Indonesia – John Spissoy +62 21 2992 3100 [email protected] Romania – Farrukh Khan +40 21 2075 213 [email protected] Brazil – Carlos Vivas +55 (21) 3981 0482 [email protected] Israel – Gil Weiss +972 3 608 5566 [email protected] Russia/CIS – Elena Lazko +7 495 7870600 ext. 1335 [email protected] Canada – Jeff Lyons +1 403 267 1708 [email protected] Japan – Kappei Isomata +08 0346 92546 [email protected] South East Asia – Steven Yap +65 6530 8018 [email protected] China – Frank Mei +86 10 8520 7013 [email protected] Kazakhstan – Daulet Kuatbekov +77272581340 ext. 2777 [email protected] Spain – Jesus Navarro +34 9151 45000 ext. 2061 [email protected] Colombia – Gustavo Ramirez +57 1 546 1810 [email protected] Latin America – Ricardo Ruiz +54 11 43204013 [email protected] Southern Africa – Anton Botes +27 12482 0020 [email protected] Cyprus – Nicos Papakyriacou +357 223 60519 [email protected] Mexico – Arturo Garcia Bello +52 55 5080 6274 [email protected] Taiwan – Ruske Ho +886(2)25459988 ext. 3951 [email protected] East Africa – Bill Page +255 767 200 939 [email protected] Middle East – Mutasem Dajani +971 2408 2424 [email protected] Turkey – Sibel Cetinkaya +90 3122 13885 91 [email protected] Ecuador – Jorge Saltos +593 2 3815100 ext. 2203 [email protected] Netherlands – Marcus Van den Hoek + 31 88 288 0860 [email protected] United Kingdom – David Paterson +44 20 7007 0879 [email protected] France – Veronique Laurent +33 1 55 61 61 09 [email protected] Norway – Svenn Erik Edal +47 92 81 48 06 [email protected] United States – John England +1 713 982 2556 [email protected] India – Vedamoorthy Namasivayam +91 80 6627 6112 [email protected] Oman – Alfred Strolla +968 2481 7775 [email protected] West Africa – Olufemi Abegunde +234 805 209 0424 [email protected] 24 Fontes 1. hris Giles, Financial Times, “Winners and losers of oil price plunge,” December 15, 2014. http://www.ft.com/intl/cms/s/2/3f5e4914-8490-11e4-ba4fC 00144feabdc0.html 2. he Economist, “The new economics of oil: Sheikhs v shale,” December 6, 2014. http://www.economist.com/news/leaders/21635472-economics-oil-haveT changed-some-businesses-will-go-bust-market-will-be 3. 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