AVM Faculdade Integrada AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DE DI R EI TO PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL LE I LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL O PE LA A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PR OT EG ID Maria Aparecida Vieira Lopes DO CU M EN TO Professora Msc. Maria da Conceição Maggioni Poppe Posse-Go 2013 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM Faculdade Integrada PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL A importância da leitura na Educação Infantil Maria Aparecida Vieira Lopes Monografia apresentada à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Educação Infantil por Maria Aparecida Posse-Go 2013 AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus, a quem devo tudo o que sou, fonte de misericórdia que me deu a forças para trilhar os caminhos mais seguros durante a realização deste. À minha família que sempre me apoiaram em tudo o que eu viesse a fazer com toda força. Aos meus orientadores, pela paciência, pelas sugestões, por ter acreditado na realização desta pesquisa. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus que me deu forças e sabedoria para realizar este. Ao meu esposo pela compreensão, paciência e apoio que sempre teve comigo. Aos meus filhos que muitas vezes sofreram com a minha ausência quando não pude estar presente em alguns momentos quando precisava realizar este trabalho tão importante na minha vida. Aos meus orientadores pela dedicação em me auxiliar no desenvolvimento deste e à todos aqueles que contribuíram de uma forma ou de outra para que o meu objetivo fosse alcançado com êxito. EPÍGRAFE Sabemos que a leitura e a escrita são ferramentas mentais que possibilitam o trabalho de todas as outras áreas e que, por isso mesmo, são as responsáveis pelo altos índices de repetência nas séries iniciais. Possibilitar que os alunos compreendam, se apropriem e façam uso das diferentes instâncias da linguagem é uma forma de romper com as dicotomias excludentes que têm gerado um distanciamento entre a linguagem do aluno e a da escola. (CANEN,1999, p. 46 à 47) RESUMO O objetivo desta monografia é desenvolver um estudo e pesquisa de campo em relação à importância da leitura na Educação Infantil, objetivou-se também diagnosticar e analisar descrevendo a realidade encontrada em uma escola Municipal, no que diz respeito à importância da leitura na Educação Infantil visando suas estratégias e prática dentro e fora da sala de aula. No decorrer do desenvolvimento deste será percebido que mediante às observações analisadas na sala de aula, torna-se possível mostrar de forma nítida ao professor as dificuldades que puderam ser encontradas em relação ao despertar à prática da leitura e as estratégias a serem utilizadas dentro e fora da sala de aula para a prática da leitura de forma dinâmica, prazerosa e criativa. Contudo, através deste é possível analisar dados que foram obtidos através da pesquisa de campo que foi realizada na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, na Vila Rosário em relação à leitura, sua importância e práticas realizadas dentro da sala de aula visando o aprendizado do aluno. Palavras-chave: Educação Infantil. Estratégias. Formação de leitores. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa de campo na sala do 1º ano B, em relação à prática da leitura dentro fora e dentro da sala de aula na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida Vila Rosário, Correntina Ba, na sala do 1º ano B. Com esta pesquisa objetivou-se diagnosticar e analisar descrevendo a realidade encontrada em uma escola Municipal, no que diz respeito à importância da leitura na Educação Infantil visando suas estratégias e prática dentro e fora da sala de aula. Segundo LAJOLO apud GERALDI,(1985, p.91): “Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É , a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e dono da própria vontade, de entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.” Através das observações realizadas na sala de aula, mostrará ao professor as dificuldades encontradas em relação ao despertar à prática da leitura e as estratégias a serem utilizadas dentro e fora da sala de aula para a prática da leitura de forma prazerosa e dinâmica. Este aspecto, o de despertar a atenção e o interesse do aluno pela leitura, é a essência da questão. Nas palavras de Roger Chartier (pg. 103-104, 2000): “(...) Aqueles que são considerados não leitores leem, mas leem coisa diferente daquilo que o cânone escolar define como uma leitura legítima. O problema não é tanto o de considerar como não-leitura estas leituras selvagens que se ligam a objetos escritos de fraca legitimidade cultural, mas é o de tentar apoiar-se sobre estas práticas incontroladas e disseminadas para conduzir esses leitores, pela escola, mas também sem dúvida por múltiplas outras vias, e encontrar outras leituras. É preciso utilizar aquilo que a norma escolar rejeita como um suporte para dar acesso à leitura na sua plenitude, isto é, ao encontro de textos densos e mais capazes de transformar a visão do mundo, as maneiras de sentir e de pensar. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................08. CAPÍTULO I - Concepções de leitura...............................................................10 1.1 A leitura e a contribuição do educador e da equipe escolar para a formação de alunos leitores .......................................................................................13 CAPÍTULO II - Breve histórico da escola-campo ..........................................17 2.1 Como estimular a criança a ter gosto pela leitura e as estratégias aplicadas na sala do 1º ano da escola municipal nossa senhora aparecida ..................18 CAPÍTULO III - Resultados e discussões das pesquisas realizadas .............22 3.1 Apresentação dos gráficos ......................................................................22 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................26 REFERÊNCIAS ...............................................................................................27 ANEXOS ..........................................................................................................31 8 INTRODUÇÃO As exigências educativas da sociedade contemporânea são crescentes e estão relacionadas às diferentes dimensões da vida das pessoas: ao trabalho, à participação social e política, à vida familiar e comunitária, às oportunidades de lazer e desenvolvimento cultural. Alterando profundamente as formas de trabalho e de interação, onde, numa economia cada vez mais globalizada, a competitividade desponta como necessária à subsistência humana. No afã de auto superar o homem moderno terminou o século XX em desarmonia consigo mesmo, sem reflexão crítica sobre as suas reais necessidades, as quais deveriam permear o próximo milênio. Sobre este prisma, torna-se oportuna a discussão sobre as formas de lidar com os novos tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escola, atentando para a ascensão no nível de educação de toda população e detectando os fatores que possam atender às novas exigências educativas que a própria vida cotidiana impõe de maneira crescente no meio social O objetivo deste é desenvolver uma pesquisa e analisar estratégias de leitura aplicadas na sala de aula fazendo com que os alunos ampliem e assimilem os conteúdos e pratique a leitura com mais desenvoltura. Foi realizado um estudo na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida Vila Rosário, Correntina Bahia, na sala do 1º ano B, turno vespertino, onde foi feita leitura coletiva e individual com as crianças, pesquisando livros e fichas de leitura para auxiliar as mesmas.[ Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira. Existem diversos fatores que influenciam o interesse pela leitura. O primeiro e talvez mais importante é determinado pela “atmosfera literária” que, segundo Bamberguerd (2000, p.71) a criança encontra em casa. A criança que houve histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a leitura. 9 No primeiro capítulo é apresentado as concepções de leitura de acordo com diferentes autores e será salientado também sobre a leitura e a contribuição do educador e da equipe escolar para a formação de alunos leitores. No segundo capítulo será abordado sobre como estimular a criança a ter gosto pela leitura, neste serão apresentadas as técnicas de tornar às crianças a leitura como algo prazeroso. Neste é possível analisar também a questão De acordo com Bamberguerd (2000) a criança que lê com maior desenvoltura se interessa pela leitura e aprende mais facilmente, neste sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação. Infelizmente são poucos os pais que se dedicam efetivamente em estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler. 10 CAPÍTULO I CONCEPÇÕES DE LEITURA Segundo Silva (1981), confundir a leitura como mera decodificação de sinais, com uma reprodução mecânica de informações, transforma o leitor num consumidor passivo de mensagens sem relevância e sem significação. Goodman (1984) defende que a leitura é um jogo de predição psicolinguística que pressupõe a interação entre pensamento e linguagem. Aqui o leitor é visto como um sujeito ativo que, na medida em que processa as informações contidas no texto, baseado em seu conhecimento linguístico, estilo cognitivo e experiências com o material escrito, prediz, confirma ou rejeita o que lê. “É possível notar que a criança, ao entrar na escola, inicia outra fase de leitura, pois agora deve aprender a manejar as informações contidas num texto impresso, e também a observar que o material escrito possui aspectos gráficos, fonológicos, léxicos, morfossintáticos, semânticos, referenciais e textuais na obtenção de sentido”. Segundo Lajolo (1982, p.59) Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. Algumas crianças, muito cedo, já conseguem entender os significados transmitidos pelo texto, tornando-se um elemento ativo, oferecendo uma série de contribuições ao texto. Nem todas conseguem ser leitoras proficientes. A decodificação da palavra escrita é uma necessidade óbvia, porém, constitui apenas a primeira etapa do processo da leitura criativa, que possui assim, uma dimensão que não se circunscreve apenas à decodificação. 11 mecânica, sem significação. Ela avança além das paredes das salas de aula e se reflete na própria concepção de homem enquanto ser social e na sociedade em que se acha inserido. Dessa forma, segundo Bordini (1986), ... o ato de ler se completa e gratifica o leitor, tornando-o conivente com outras vidas e outros mundos, obrigando-o a se emocionar, a repudiar, a apaixonar-se, todavia, sem nunca perder o controle consciente da situação de leitura, o que é, talvez, seu maior atrativo, pois permite um diálogo em igualdade de condições. A visão de Bordini coincide com a de Freire (1982), quando este explica que a linguagem e a realidade se prendem dinamicamente e, que a compreensão de um texto implica a percepção das relações entre este e o contexto, uma vez que o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, já que a leitura de mundo precede a leitura da palavra, e a leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele. Nesta perspectiva, a leitura de um texto tomado como pura descrição de um objeto que tem como principal objetivo a memorização, não pode ser considerada real leitura, porque a memorização mecânica não se constitui em conhecimento do objeto, o que só acontece quando há a apreensão de sua significação mais ampla. Também Kleiman (1992) mostra que a compreensão de um texto envolve o conhecimento prévio do leitor e que é através da interação de diversos níveis de conhecimento: o linguístico, o textual e a experiência de mundo, que o leitor vai construindo o significado do texto. Com essa idealização de um leitor produtivo, interativo, apontamos para o rompimento com a concepção escolar de leitura calcada nos métodos mecanicistas que trabalham a leitura como uma mera decodificação da palavra escrita. Concepção esta que não considera o contexto em que a palavra se insere e nem a busca do significado. Quintana (1988) nos remete ao conceito de que leitura é produção, tanto do ponto de vista psicológico quanto sociológico, já que ao lermos um texto colocamos em ação o nosso sistema de valores, crenças e atitudes que refletem nossa experiência de mundo. 12 Freire (1982) considera essa experiência de “conhecimento de mundo”, chamando a de recriação da experiência vivida que deve ser ativada durante a leitura, o que permite economia e seletividade nos atos de fala e escrita. Orlandi (1991) ao refletir sobre o funcionamento da compreensão no processo de leitura mostra que a produção de sentidos que ocorre durante a leitura de um texto se dá em condições determinadas de caráter sócio históricas. Ou seja, quando lemos, ativamos um processo de produção dos sentidos a partir de um lugar e com uma direção histórica determinada. Com isso fica demonstrado que os sentidos são parte de um processo e que, apesar de se realizar num determinado contexto não se limitam a ele, já que se institucionalizam a partir de um passado e se projetam num futuro. Na visão da autora Os sentidos não nascem ab nihilo. São criados. São construídos em confrontos de relações que são sócio historicamente fundados e permeadas pelas relações de poder com seus jogos imaginários. Tudo isso tendo como pano de fundo e ponto de chegada, quase que inevitavelmente, as instituições. Os sentidos, em suma, são produzidos. (Idem, 1991, p. 60). De acordo com o que foi apresentado, é possível notar que diversas escolas e mais especificamente nas aulas de leitura é comum visualizar que os educadores se baseiam no livro didático. A aula de leitura na escola deveria ter como prática construir sentidos para os textos e não a cópia de respostas do texto. Sendo assim, faz-se necessário o professor inovar as suas metodologias de ensino, pois através dos métodos diferenciados, as crianças irão aprender melhor. Em relação a isso, Magda Soares (1991, p.18) afirma que leitura é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros, entre os dois enunciação, diálogo. Esclarecendo um pouco mais, Terzi (1995), ao analisar o modelo estrangeiro de Van Dijk e Kintsch, mostra que na leitura os leitores usam 13 diferentes tipos de informação, havendo aí uma interação entre pressupostos cognitivos e contextuais. Dentre os primeiros são considerados o conhecimento prévio, experiências, crenças e propósitos da leitura. Os contextuais derivam do fato de os discursos se inserirem dentro de um contexto sociocultural mais amplo. Assim a autora mostra que no processo de construção da leitura o leitor constrói uma representação mental não apenas do texto, mas também do contexto social e essas duas representações interagem entre si constituindo o pressuposto de funcionalidade. Kleiman (1989, p. 25) ao tratar a questão, explica que a ativação desse conhecimento prévio é essencial para a compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente. Este tipo de inferência, que se dá como decorrência do conhecimento de mundo e que é motivado pelos itens lexicais no texto é um processo inconsciente do leitor proficiente. Seria interessante se os professores, em geral, não somente os professores de Língua Portuguesa, trabalhassem os textos numa perspectiva diferente, pois o leitor proficiente é aquele que procura questionar o texto e seu autor, constantemente, durante a leitura e, é esse questionamento que o leva a buscar todas as informações necessárias para a construção do sentido, inclusive as inferências. Segundo Dell’Isola (1991) ao se analisarem os processos inferenciais na leitura devem-se considerar os três tipos de inferência: a) inferências lógicas baseadas nas relações lógicas e submetidas aos valores de verdade; b) inferências analógico–semânticas baseadas no input textual e relações semânticas; c) inferências pragmático-culturais baseadas nos conhecimentos, experiências, crenças e ideologia e contextos pré-estabelecidos. 1.1 A leitura e a contribuição do educador e da equipe escolar para a formação de alunos leitores 14 Professores que oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar, mas com naturalidade, desenvolverão na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida afora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça uma certa variedade de livros de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em que ela se encontra. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.23) “o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do bom senso e da habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea” Na opinião de Bamberger (2002) uma das formas de aprendizagem mais importante para a criança, principalmente no que se refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual é a leitura prazerosa. Por leitura prazerosa ele entende que seja a prática da leitura que nasce como algo espontâneo e natural, portanto prática como avaliação coercitiva e colocar a leitura dentro de um contexto de exigências só tende a piorar a educação e comprometer a formação humana do aluno. Na escola a leitura deverá ocupar um lugar de destaque, não somente pelas funções escolares próprias que devem ser atingidas, mas pela essência dos atos de educar e de ler, que objetivam procurar compreender a razão de ser das coisas. Desse modo a escola deve incumbir-se desse despertar do aluno através da leitura. Segundo afirma Soares (2001, p. 21): (...) a escola é uma instituição em que o fluxo das tarefas e das ações é ordenado através de procedimentos formalizados de ensino e de organização dos alunos em categorias (idade, grau, série, tipo de problema, etc.), categorias que determinam um tratamento escolar especifico (horários, natureza e volume de trabalho, lugares de trabalho, saberes a aprender, competências a adquirir, modos de ensinar e de aprender, processos de avaliação e de seleção, etc.). Oportuno citar o que, já no século XVII, afirmava o filósofo John Locke: 15 “(...) deve ser dado à criança algum livro fácil e agradável, adequado à sua capacidade, a fim de que o entretenimento que ela busca a motive e recompense.” A Escola insere-se neste contexto como instrumento hábil a implementar a leitura na Educação Infantil e Séries Iniciais, motivando os jovens leitores através de uma mudança de concepção, ou seja, transformando a leitura como algo agradável, fonte não apenas de informação, mas principalmente de lazer. Na verdade, não há motivação por parte da escola para que o aluno participe da construção dos sentidos do texto a partir das pistas que este lhe fornece, associadas ao seu conhecimento prévio. Ele se vê impelido a redescobrir a leitura apontada, num exercício de adivinhações, que ao invés de mobilizar sua história de vida, mobiliza apenas sua experiência escolar. Experiência que lhe ensinou que a interpretação deve aproximar-se do já dado. Só assim o aluno poderá obter êxito na tarefa escolar (GERALDI, 1996). Silva (1981) afirma que não se forma um leitor com uma ou duas cirandas e nem com uma ou duas sacolas de livros, se as condições sociais e escolares subjacentes à leitura, não forem consideradas e transformadas. É o que deveria ser revisto pelas instituições escolares, que ignoram as condições sociais e culturais de seus alunos. Como diz Braggio (1992, p. 10) ... a leitura e a escrita são tratadas como a mera aquisição da técnica de ler e escrever, com ênfase no componente grafofônico da língua, como um fim em si mesmas, a circunscritas às quatro paredes da sala de aula. São estes pressupostos que aglutinados, vão dar embasamento à prática em sala de aula e aos materiais didáticos, constituindo-se nos métodos anteriormente apontados, e que vão ter sérias consequências sobre o professor e seus alunos, dentro e fora da sala de aula, ou seja, enquanto instrumentos/objetos do processo educativo e como homens no mundo em que atuam. Smith (1989) mostra que no início da alfabetização, as palavras são percebidas como um todo, da mesma forma como se dá o reconhecimento de outro objeto qualquer, sem análise de suas partes. 16 Segundo Kato (1987) até a velocidade e a precisão com que uma palavra é lida depende de vários fatores como: a palavra estar registrada no léxico visual pela frequência com que o leitor já foi exposto a ela e por ter a ela acoplado o seu sentido. O conhecimento de regras e imposições fonotáticoortográficas, sintáticas, semântico-pragmáticas, colocacionais e estilísticas a que a palavra está sujeita e do uso adequado e suficiente dessas restrições para predizer e confirmar sua forma e conteúdo; a capacidade de raciocínio inferencial do leitor, que lhe permite também antecipar itens ainda não vistos. A escola é, pois, apenas um entre os diversos fatores, bons e maus, que podem influir no desenvolvimento da aprendizagem. Em outras palavras, a aprendizagem da leitura pode ser considerada como um resultado natural quando o individuo está exposto a um meio global na qual a comunicação através da linguagem escrita é funcional. A criança pode aprender a ler simplesmente tomando deste universo, instâncias de condutas observáveis de leitura e de escrita, fazendo abstrações complexas e generalizadas a partir delas” (DOWING, 1987, p. 183). Sendo a escola apenas o centro primordial do incentivo à leitura, ela não alcançará seus objetivos se os sujeitos nela envolvidos não buscarem a leitura como processo de manifestação e compreensão da sociedade. Desse modo, o papel da escola deve ser complementado pelos intentos dos agentes na dinâmica da aprendizagem. Como afirmam Silva & Zilberman (2002, p. 113). Contudo, Cabe aos professores e às escolas se estruturarem de forma que possam se adequar à realidade da comunidade em que estão inseridas, fazendo assim, com que haja uma adequada apropriação do conhecimento para a seleção de conteúdo e textos e que a abordagem dos mesmos atendam os sujeitos em todas as especificidades. 17 CAPÍTULO II BREVE HISTÓRICO DA ESCOLA-CAMPO A comunidade da Vila Rosário é formada por uma vasta pluralidade cultural onde predomina famílias com baixa renda e pouca escolaridade, o que influencia diretamente na comunidade escolar. Um aparte das famílias são desestruturadas, várias jovens mães solteiras, desempregadas, separadas, sem satisfazer as condições básicas aos filhos, muitas vezes expostos ao acaso, criando assim crianças indisciplinadas com dificuldade na aprendizagem. Devido a fatores sociais, culturais e psicológicos. Há alunos com distorção idade/série, e ainda há falta de interesse dos mesmos no cumprimento das atividades. A região baseia-se no agronegócio, o que propicia uma migração constante na vida estudantil dos educandos nos períodos de safra, onde ocasiona uma grande mudança no contingente do educandário com uma alta frequência de transferências emitidas e recebidas no decorrer do ano letivo. A educação pode ser considerada igualmente como um processo de socialização, ou seja, um processo “democratização das relações”, onde buscamos uma conquista da condição formadora necessária ao desenvolvimento natural do ser humano. O objetivo da educação não consiste em demonstrações e modelos prontos, e sim dar condições para que o aluno aprenda por si próprio e com o apoio do professor a conquistar conhecimentos e verdades. O conhecimento é social, histórico e culturalmente construído. Desde o nascimento, os sujeitos constroem e adquirem significados, por meio do convívio familiar, da relação com outras pessoas e pelo uso de objetos necessários a sua sobrevivência (VYGOTSKI, ) O objetivo geral da escola é elevar o nível de conhecimento dos alunos, fortalecendo a participação dos pais na escola, dinamizando a gestão escolar, tendo como ponto de partida a necessidade de que o aluno seja conhecedor. 18 para tornar-se um grande agente transformador do meio social ao qual está inserido. O quadro de funcionários da escola é constituído de trinta e sete funcionários entre professores e pessoal de apoio, além de uma extensão do Ensino Médio de outro colégio estadual com 82 alunos. 1.1 COMO ESTIMULAR A CRIANÇA A TER GOSTO PELA LEITURA E AS ESTRATÉGIAS APLICADAS NA SALA DO 1º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL NOSSA SENHORA APARECIDA De acordo com as concepções de Silva (1998, p. 47): À leitura é, fundamentalmente, uma prática social. Enquanto tal não pode prescindir de situações vividas socialmente, no contexto da família, da escola, do trabalho, etc... Todos os seres humanos podem se transformar em leitores da palavra e dos outros códigos que expressam a cultura, mesmo porque carregam consigo o referido potencial biopsíquico (aparato sensorial + consciência que tende à compreensão dos fenômenos). Ao ler, inclusive muito mais do que escrever, é fundamental estabelecer com clareza para que vamos ler. Isto é determinante na leitura. Há formas muito diferentes de ler. Elas são distintas pelos procedimentos pertinentes a cada uma delas: modos específicos de leitura que as crianças devem ir conhecendo desde cedo. A leitura depende da situação: não é a mesma coisa ler na cama do que ler numa biblioteca. Depende do tipo de texto: não se lê do mesmo modo um romance policial e um tratado de filosofia medieval. Depende, também, da intenção do leitor: divertir-se ou preparar-se para um exame etc. (CURTO, 2000, p. 172). Portanto, como afirma Bamberger (2002, p. 35): As motivações para a leitura e os interesses por ela diferem não só para os vários grupos de idade, mas também para cada tipo particular de leitor. A tipologia se baseia nas técnicas de leitura, na intenção da leitura ou 19 na preferência por determinada espécie de material de leitura (...)” Para que seja verdadeiramente uma prática social, a leitura precisa ser estimulada, despertada no individuo/leitor, e não somente enquanto criança, mas também quando em idade adulta. Assim, o leitor pode ser formado em qualquer período de sua existência, bastando que para isto haja interesse do próprio aluno, do meio que o cerca ou da escola. “Se for no período da infância, melhor, mas isso não significa que, vencido esse período, o adolescente, o adulto ou o idoso não possa vir a se interessar e sentir paixão pela leitura” (SILVA, 1998, p. 54). A casa Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico 20 Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na Rua dos Bobos Numero Zero Vinicius de Moraes “Neste sentido, a literatura infantil desempenha papel fundamental na vida da criança, não apenas pelo seu conteúdo recreativo que desempenha, mas também pela riqueza de motivações, sugestões e de recursos que oferece ao seu desenvolvimento. É que em seu descobrimento da vida, a criança está ávida por descobrir e entender a realidade circundante, deslumbrando os mistérios que a aproximam do mundo exterior através dos símbolos, da leitura infantil. Nessa curiosidade e deslumbramento deverá encontrar estímulos sadios e enriquecedores que serão a tônica de sua motivação e crescimento como pessoa humana livre e autônoma.” Por este motivo é que os professores devem estimular e propiciar ao aluno a oportunidade de ter acesso aos livros, e, o que é mais importante, ter condições cognitivas de saber dominar o conteúdo da leitura. Permitindo à criança entrar em universo mágico de livros de poesias, mitos, folclore, fábulas, teatro, contos de fadas, além dos livros didáticos também. Este é, sem dúvida nenhuma, o caminho mais completo e integral da descoberta de si mesmo, pois por meio do livro se descobre as relações políticas, econômicas, culturais e sociais da realidade em que a criança vive e de outras realidade históricas e geográficas. “Com a leitura e os livros a criança e o jovem encontrarão caminhos, crescerão e se desenvolverão na busca de soluções para as suas inquietações e problemas de ordem intelectual social, afetiva, ética e moral”. (BAMBERGER, 2002, p. 85). Conforme é possível notar no que foi apresentado acima, existem inúmeros motivos que fazem com que os professores devem procurar maneiras interativas para fazer com que a criança sinta gosto pela leitura. A criança deve tger sua liberdade para ler um livro, e com essa liberdade o professor vai instigar a mesma a ter interesse por aquilo que está sendo lido. 21 Muitos professores acreditam que os alunos só podem entrar em contato com “textos de verdade” depois que já dominam a leitura autônoma. Isso não é verdade. Todas as modalidades de texto apresentados podem ser trabalhados já nos estágios iniciais da aprendizagem. O que varia ao longo do processo e a necessidade de uma mediação maior ou menor do professor em relação à leitura e à produção de textos”. (PCN, Língua Portuguesa, 1997, p. 89). A chácara do Chico Bolacha Na chácara do Chico Bolacha o que se procura nunca se acha. Quando chove muito O Chico brinca de barco, porque a chácara vira charco. Quando não chove nada, Chico trabalha com a enxada e logo se machuca e fica de mão inchada. Por isso, com o Chico Bolacha, o que se procura nunca se acha. Dizem que a chácara do Chico só tem mesmo chuchu e um cachorrinho coxo que se chama Caxambú. Outras coisas, ninguém procura, porque não acha. Coitado do Chico Bolacha. (Cecília Meireles. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.) O trabalho com este texto evidenciou a dificuldade dos alunos em passar do nível de uma leitura meramente objetiva para construir o sentido do texto trabalhando com o implícito, fazendo inferências e percebendo a intertextualidade de um texto com outros. Não se pode deixar de ressaltar que, como diz Orlandi (1987, p. 195): “a noção de implícito que abrange pressupostos e subentendidos – inclui a relação com a intertextualidade mas é mais abrangente, uma vez que contam também outras determinações de situação, além das intertextuais. Tudo isso faz parte da relação de interação que a leitura estabelece.” 22 CAPÍTULO III RESULTADOS E DISCUSSÕES DAS PESQUISAS REALIZADAS Conforme o decorrer da realização da pesquisa de campo, foi possível notar que a Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida necessita de recursos melhores para que as crianças possam ter acesos a livros melhores. Há a necessidade de inovação da biblioteca e do ambiente de leitura para que as crianças possam se sentir mais a vontade ao ler um livro. É percebido a necessidade de apoio político para inovar mais as metodologias na escola-campo. A escola é carente e as vezes muito pais de alunos ainda contribuem com alguma doação, e sendo assim é possível perceber que as metodologias devem ser inovadas a cada tempo que passar para que as crianças possam ser despertadas a terem o gosto pela leitura e têlas como algo prazeroso em sua vida. Se uma criança pega um livro para ler e, logo em seguida, o deixa de lado, isso significa um retrocesso no desenvolvimento da leitura. O exame de casos isolados elucida um elemento importante: a causa, normalmente, não é que o livro não seja interessante o suficiente, e sim que ele é muito difícil e exige demais das habilidades da leitura. A seleção de livros de acordo com o seu nível de dificuldade, por conseguinte, é importantíssima, mormente quando se trata de crianças que têm problemas de leitura (BAMBERGER, 2002; p. 53). As conclusões e sugestões anteriores destinam-se todas, de uma forma ou de outra, a promover o hábito da leitura e, ao fazê-lo a ajudar a atingir a meta fixada pela UNESCO para este estudo. (...) É de se esperar que o estudo sirva de orientação e estimulo a um sem-número de pessoas em todo o mundo que se preocupam em conseguir que os benefícios da leitura sejam compartilhados por todos” (BAMBERGER, 2002, p. 99). 3.1 APRESENTAÇÃO DOS GRÁFICOS 23 40 35 30 Gibis 25 20 Contos de e fadas fa 15 Outros 10 5 0 1º ano Gráfico 1: Tiposs de L Leitura preferida pelos alunos De acordo com m o gr gráfico 1 é possível notar que as crianças anças gostam mais de ler livros bem infantis antis mesmo, alguns falam que o que chama hamam a atenção deles é o desenho, e atra através das imagens eles vão despertando rtando o interesse em ler aquela determinada inada história. 40 35 30 Muita difuldade 25 20 15 Pouca dificuldade 10 5 0 1º ano Gráfico 2: Dificuldadess de le leitura Conforme o fora apresenta esentado no gráfico 2, nota-se que a maioria ioria d dos alunos do 1º ano apresentam muita dificuldade em ler, muitos só aprende rendem na escola mesmo, pois algumass cria crianças não tem os pais presentes para ara en ensiná-los a ler e a ter o hábito pela leitura leitura. 24 40 35 30 Homens 25 20 15 Mulheres 10 5 0 1º ano Gráfico 3 : Número de aluno alunos e sua divisão por sexo 40 35 30 Própria 25 20 15 Cedida 10 5 0 1º ano Gráfico 4: Situação ação de moradia dos alunos. Alugada 25 40 35 30 Gibis 25 20 Contos de e fadas fa 15 Outros 10 5 0 1º ano Gráfico 5: Tiposs de L Leitura preferida pelos alunos 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que esta pesquisa fosse realizada foi necessário fazer uma pesquisa de campo na turma do 1º ano da Escola municipal Nossa senhora aparecida que está situada na Vila Rosário, Município de Correntina Bahia. De acordo com o que foi analisado é possível notar que o que a experiência tem mostrado é que muitos professores não estão bem preparados o suficiente para trabalhar com leitura de textos, há a necessidade de despertar a leitura no aluno de uma forma mais inovadora, visando o conhecimento de mundo que a criança traz consigo. Foucambert (1993, p. 37) sugere que as escolas deveriam transformar os alunos em leitores e esclarece que o problema da leitura só será resolvido quando as pessoas passarem a ser leiturizadas, em vez de alfabetizadas. O objetivo final do ensino da leitura proficiente deveria ser, portanto, o de formar um leitor crítico capaz de ler o implícito do texto, refletir sobre o pensamento do autor. Este trabalho contribui também para com a formação de muitos, pois através da analise dos resultados e discussões obtidas através da pesquisa de campo foi possível entender como se encontra a realidade de muitas escolas em se tratando de leitura. 27 REFERÊNCIAS BAMBERGUERD (2000, p.71). Disponível http://professorajuce.blogspot.com.br/2013/02/contacao-da-historiachapeuzinho.html. Acesso em 15 de maio de 2013, às 19:44. em: BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 3. ed. São Paulo:Ática, 2002. BRAGGIO, S. L. B. Leitura e Alfabetização: da concepção mecanicista à sociopsicolingüística. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Vol. 2. Brasília: SEF/MEC, 1997. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. 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São Paulo: Ática, 2002. 31 ANEXO 1 ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DAS AULAS 1-Registro de observações gerais. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ____________ 2-Metodologia utilizada pelos professores para o trabalho com a leitura de textos. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ____________ 3-Conteúdo desenvolvido: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ____________ 4-Observações gerais sobre o planejamento da professora. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ___________ 32 ANEXO 2 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO À PROFESSORA DO 1º ANO IDENTIFICAÇÃO 1-Qual o seu nível de escolaridade? ( ) nível médio (Curso normal) ( ) superior completo ( ) superior incompleto 2-Quantos anos de experiência como docente você tem? ( ) de 1 a 5 ( ) de 5 a 10 ( ) de 10 a 20 ( ) outros Tempo de dedicação e tipos de leitura que o professor faz 3-Que tempo diário você dedica à leitura necessária à prática docente? ( ) 4 horas diárias ( ) 2 horas diárias ( ) 1 hora diária ( ) 3 horas diárias ( ) mais de 4 horas diárias 4-Além das leituras obrigatórias, quais outros tipos de leitura que você faz? ( ) nenhuma ( ) revistas, jornais ( ) teorias educacionais ( ) outras 5-Em sua infância você leu muito? Que tipo de leitura você fez? ( )sim ( )não ( ) os livros obrigatórios que a professora indicava ( ) gibis ( ) revistas diversas ( ) outros