Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 Ação Social e Comunicação Religiosa: vínculos de fortalecimento 1 Maria Amélia de Miranda PIROLO 2 Daniel de Oliveira FIGUEIREDO3 Débora Sayuri ANAMI 4 Maria Fernanda de PIROLO5 RESUMO Neste artigo serão discutidos alguns conceitos teóricos sobre comunicação religiosa, ação social, terceiro setor, cidadania e formação cidadã, com o objetivo de melhor compreender o impacto dos vínculos religiosos estabelecidos entre terceiro setor e entidades religiosas, nos processos de formação cidadã. Para isso será apresentado um recorte temático do relatório de pesquisa com abordagem quantitativa realizado no interior do projeto de pesquisa “Comunicação religiosa e ação social: um estudo sobre a formação cidadã a partir das entidades sociais relacionadas à Igreja Católica na Arquidiocese de Londrina/ Paraná”, que demonstra a realidade do terceiro setor de Londrina-PR nas questões que abordam o vínculo religioso estabelecido e a formação cidadã pretendida. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Religiosa; Terceiro Setor; Ação Social; Cidadania. Introdução Este artigo apresenta os resultados do projeto de pesquisa “Comunicação religiosa e ação social: um estudo sobre a formação cidadã a partir das entidades sociais relacionadas à Igreja Católica na Arquidiocese de Londrina/ Paraná”, composto pelos 1 Trabalho apresentado na VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesical (Eclesiocom), realizada em São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013. 2 Profa Dra Maria Amelia Miranda Pirolo, pós-doutora pela Catedra-UNESCO, coordenadora do colegiado de Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina, líder de grupo de pesquisa no CNPq. E-mail: [email protected]. 3 Professor Ms Daniel de Oliveira Figueiredo, professor do departamento de Comunicação – Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina, pesquisador colaborador do grupo de pesquisa em Com. Religiosa. E-mail: [email protected]. 4 Debora Sayuri Anami, graduanda em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina, integrante do grupo de pesquisa em Com. Religiosa. E-mail: [email protected] 5 Maria Fernanda de Pirolo, graduanda em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina, integrante do grupo de pesquisa em Com. Religiosa. E-mail: [email protected]. 1 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 professores do Departamento de Comunicação, da área de Relações Públicas, Profª. Drª. Maria Amélia Miranda Pirolo (coordenadora), Prof. Ms. Daniel de Oliveira Figueiredo, assim como os discentes: Débora Sayuri Anami, Veronica Biasi, Maria Fernanda de Pirolo, Debóra Maria Facci, Mônica Silva de Souza, Jéssica Caroline Vicentini, Larrisa Mayumi e Iasmim Ferreira. O projeto visa discutir a formação cidadã a partir da comunicação religiosa e sua interface com outros assuntos relacionados ao desenvolvimento social potencializado pelas conexões feitas entre entidades do terceiro setor e a comunicação religiosa. Apresentaremos uma discussão teórica acerca da compreensão desenvolvida pelo grupo de pesquisa sobre comunicação religiosa, com o texto/conceito escrito no interior do projeto, para podermos explicitar qual o desdobramento conceitual necessário para a reflexão sobre a atuação de entidades do terceiro setor e seus vínculos religiosos. Também serão inferidas compreensões sobre a cidadania e a formação cidadã, para complementar o entendimento e impacto das ações sociais dessas entidades escolhidas como universo de pesquisa. Para tanto, ao fim do artigo, serão reproduzidos os gráficos da pesquisa de abordagem quantitativa realizada junto à amostra das entidades do terceiro setor de Londrina, que foram o objeto de análise da pesquisa desenvolvida pelo projeto. Nesse item serão apresentados dados sobre o vínculo religioso e sobre formação cidadã. A pesquisa realizada contempla outros objetivos e temáticas, aqui será apenas discutido um recorte de toda a abordagem pretendida pelo grupo de pesquisa. 1. Comunicação Religiosa Para a construção do conceito de comunicação religiosa que permita melhor entender a ação religiosa das entidades do terceiro setor na formação cidadã, é preciso que antes nos atentemos a alguns pontos que influem na formação do mesmo, a começar pela atenção da Igreja Católica para este tema que aconteceu de maneira gradativa e só assumiu um caráter sólido a partir do Concílio Vaticano II que demonstrou a importância de propagar a mensagem do evangelho através de ações comunicacionais e a preocupação em como fazer isso, resultando em uma compreensão de formação 2 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 cidadã que proporciona a vivência em comunidade na defesa dos direitos, aceitando as diferenças e possibilitando a participação do indivíduo, engajando-o na sociedade para torná-lo agente de transformação neste meio. Portanto, a comunicação religiosa nesse contexto não se resume a apenas possibilitar um diálogo de aproximação do leigo com o clero detentor do conhecimento teológico, vai além disso, esse diálogo possibilita uma formação de consciência no indivíduo que tem suas ações fundamentadas em princípios difundidos pela fé cristã. As considerações feitas sobre tais temas, como cidadania, ação social e humanização, motivaram, finalmente, a proposta de um conceito de comunicação religiosa no interior do referido projeto de pesquisa, qual seja: Comunicação religiosa é o instrumento de emancipação cidadã a partir da identidade e envolvimento religioso que pressupõe processo de humanização e integração comunitária, extrapolando a reivindicação de usos de meio de comunicação, valendo-se do capital social que materialize o desejo de construção de uma sociedade diferente. Fez-se necessário, para alcançar tal proposta de conceito, o estudo de tais temas e o esclarecimento das implicações que têm na atuação concreta das entidades religiosas que compõe o escopo prático do projeto. Não se pretende esgotar as discussões teóricas sobre tais pontos constitutivos do conceito de comunicação religiosa, que também será posto à observação na dimensão prática do projeto de pesquisa em que se inscreve esse artigo e posteriormente apresentados na forma de relatório de pesquisa quantitativa, ao fim do texto. A comunicação religiosa tem como consequência a participação do indivíduo para alterar situações diferentes das anunciadas por Cristo no meio em que vive, realizando o sentido prático do discurso religioso, apreender e compreender o que lhe é transmitido e passar pelo sentido do agir, nisto. A religião, por meio da comunicação religiosa, promove a união de indivíduos, cuja consequência é, segundo Pirolo (2011), “a integração de pessoas com diferentes formações históricas e discursivas, visando um melhor desenvolvimento da comunidade em que estão inseridas.” Retomando assim, a formação cidadã. Ainda por Pirolo (2011), é na construção da cidadania que a importância dos direitos humanos é reforçada, e devido às brechas deixadas pelos setores governamentais e privados, o terceiro setor tem entrado em ação na tentativa de suprir 3 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 tanto as demandas sociais, voltando à formação cidadã, quanto às econômicas. A religião então, através do seu discurso baseado nos valores e na fé em Deus, acaba por sendo uma formadora de cidadãos. A partir daí o pertencimento a uma entidade religiosa contribui na possibilidade de construção efetiva da cidadania, ao integrar o sujeito em ações da sociedade civil organizada. Segundo a reflexão de Raquel Paiva: Por outro lado, a religião tem a função de promover a comunhão entre os indivíduos. Ela tem representado, através dos tempos e em toda a sorte de cultos, um papel normalizador e também aglutinador. Graças a ela os indivíduos chegam a constituir grupos, têm suas vidas regulamentadas por preceitos e disposições comportamentais que são partilhados e prometem concretizar na terra o paraíso celestial, ao menos no que tange à vida dos fiéis (PAIVA, 1998, p.90). Portanto, esta comunicação nada mais é do que um processo social de conscientizar e formar os cristãos através do anúncio da Boa Nova para por em exercício os fundamentos desta, cujo princípio é a vivência em comunidade, e aplicá-los nas ações de cada indivíduo, transformando-o não somente em cristão, como também em cidadão. A partir desta outra proposta de conceito para comunicação religiosa nasce uma compreensão ressignificada da atuação comunicativa das igrejas, que envolve outro entendimento do processo comunicativo, em que o relacionamento com base na compreensão comunitária da ação social, permite um tipo de transformação social a partir da comunicação pautada e elaborada pelo vinculo religioso dessas organizações contemporâneas. 2. Formação Cidadã Para melhor entender o conceito e práxis da formação cidadã apresentaremos, a seguir, as compreensões e estudos realizados pelos integrantes do projeto sobre o conceito de cidadania e suas implicações práticas na realidade do terceiro setor de Londrina, Paraná. 4 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 A partir do momento que pensamos a sociedade atual e os impactos de ações sociais, é preciso analisar os conceitos de cidadania existentes, analisando o contexto em que surgem e de que maneira estão ligados às políticas de Estado e atuação da sociedade civil. É preciso ter em conta que o ambiente no qual são estabelecidas as políticas sociais interfere em sua ação prática. As políticas estipuladas pelo Estado repercutem na sociedade de diversos modos e, para isso, dependem da maneira como a sociedade civil responde a elas. Por isso, é preciso entender o conceito de cidadania em sua essência, mas também a distorção que esse conceito vem sofrendo frente ao discurso hegemônico neoliberal. O termo hoje é conhecido pelo senso comum com um significado diferente. Isso acontece, por exemplo, devido a apropriação do termo por empresas, relacionando cidadania a voluntariado, solidariedade, entre outros termos otimistas (SORJ, 2004). O termo nasceu da democracia, representando o conjunto de direitos que todo indivíduo tem acesso estando em uma “comunidade nacional”, ou seja, é a representação dos direitos civis dentro de um Estado (SOARES, 1994). Por isso, a cidadania sofre alterações dependendo das leis definidas por uma nação, já que um sistema de direitos políticos é definido de acordo com o governo, não com o regime. Assim, a cidadania, bem como os direitos sociais e civis que essa envolve, estão ligados, por exemplo, com a nacionalidade de um indivíduo, bem como sua inserção em uma nação, um vínculo jurídico com o Estado. Esse conjunto de direitos corresponde às liberdades individuais (locomoção, pensamento, expressão, associação, etc SOARES, 1994). É essa dinâmica que garante que a cidadania concretize tanto o indivíduo como cidadão dotado do poder de reivindicar seus direitos, como também assegurar que ele seja parte integral de um grupo social. Sorj complementa com “as duas ideias fundadoras da cidadania moderna: a soberania do povo e a igualdade dos cidadãos perante a lei” (SOARES, 2004, p. 25). Pode-se observar, através das definições expostas, que o conceito de cidadania possui um caráter puramente político, que depende de decisões do Estado para se concretizar. Os Direitos Humanos se apresentam como o contexto mais amplo em relação a cidadania, em busca de valores universais, que possam garantir um mínimo de 5 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 coerência entre as diferentes cidadanias do mundo. A cidadania precisa respeitar os direitos inerentes a toda pessoa humana, mas se viabiliza em ações políticas. Soares (1998) esclarece as diferenças entre cidadania e direitos humanos, e também suas semelhanças. Como visto, a cidadania está ligada a um código governamental específico, que determina a que direitos e deveres um cidadão está submetido perante sua nação. Por isso, a distinção de cidadão brasileiro, norteamericano, argentino, enfim, que tem seus direitos e deveres variados. Já os Direitos Humanos são mais amplos, são naturais a qualquer pessoa humana, e são os mesmos em qualquer lugar do mundo. Eles são ditos naturais, segundo Soares, não só por estarem ligados a dignidade humana de uma forma geral, mas também porque não precisam estar relacionados com nenhuma legislação para serem reconhecidos. Segundo Dagnino (2004) o conceito no Brasil pode ser ampliado para uma discussão político cultural, a medida que se explora a influência dos movimentos sociais na busca da chamada nova cidadania. Consiste em uma cidadania ampliada, na qual é inclusa a ideia de “um direito a ter direitos”. Sendo assim, se agrega ao conceito de cidadania a própria disputa por considerar uma luta, um direito. Oxhorn (2010) explica que esse conceito, também conhecido como cidadania como agência demanda uma participação definitiva da sociedade civil organizada. Dagnino explica que “a redefinição inclui não somente o direito a igualdade, como também o direito à diferença, que especifica, aprofunda e amplia o direito à igualdade.” (2004, p.11) A grande diferença do aspecto político cultural é a atenção voltada para os agentes sociais, permitindo um processo de mão dupla. 3. Relatório Parcial Quantitativo No planejamento do projeto, dividiu-se a pesquisa em duas etapas, a quantitativa e a qualitativa, ambas aplicadas com entidades do Terceiro Setor situadas no espaço demarcado pela Arquidiocese de Londrina. No primeiro momento, realizou a etapa quantitativa, através da aplicação de questionário, e se objetivou conhecer e entender melhor as entidades do terceiro setor, incluindo sua área de atuação, constituição jurídica, número de funcionários e 6 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 voluntários, as suas atividades e se são planejadas, situação financeira, se possuem vínculo com entidades religiosas e se desenvolvem ações de comunicação. Nessa fase, encontrou o universo de 447 entidades do Terceiro Setor da cidade de Londrina e região. Partindo deste universo, chegou-se a uma margem de erro amostral de 13,2% e um nível de confiabilidade de 90%, resultando uma amostra de 36 entidades. A segunda etapa se referiu à pesquisa qualitativa, que com a técnica da Entrevista em Profundidade, buscou entender a atuação da entidade, bem como as atividades que visam uma formação cidadã, além de descobrir se as ações de âmbito comunicacional são planejadas e quais são os instrumentos utilizados. Este artigo partiu dos resultados da pesquisa quantitativa abrangendo dois aspectos, o vínculo das entidades do terceiro setor com as religiosas e a preocupação com a formação cidadã, portanto, das vinte questões aplicadas ao todo, analisamos neste momento as referentes à formação cidadã e vínculo com entidades religiosas. 14 A organização possui alguma ligação (formal ou informal) com entidades religiosas? Quadro 1 - Posse de tipo de ligação A indagação simples sobre a ligação (formal ou informal) com entidades religiosas mostrou que 55% das entidades apresentam esse vínculo, enquanto 45% das mesmas, não. Assim observamos que grande parte das entidades de Terceiro Setor de Londrina possui vinculo com entidades religiosas. 7 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 14.1 Se SIM, de que tipo? Quadros 2 e 3 - Tipos de ligação Para as respostas afirmativas na questão anterior, o detalhamento de tal vínculo com entidades religiosas demonstra certa divisão homogênea entre a incidência das alternativas, dessa forma organizada: 55% com apoio às atividades; 45% com participação de voluntários; 40% com a identificação de princípios; 30% das entidades revelaram a arrecadação de recursos financeiros; e, por último, 20% com a disponibilização de espaço físico demonstrando um vinculo acentuado das organizações pesquisadas e as entidades religiosas que mantém um relacionamento. 8 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 15 A criação da organização teve motivação religiosa? Quadro 4 - Existência de motivação religiosa As entidades pesquisadas revelaram que 63% de sua totalidade teve motivação religiosa em sua criação, 33% não tiveram e uma resposta (que configura 2% das respostas) não soube informar. Apesar de não ser maioria absoluta, o cunho religioso no momento de criação da entidade se faz presente revelando valores irraigados em nossa história e formação. 16 O que você entende como formação cidadã? (questão aberta) De uma forma geral, as entidades acreditam que a formação cidadã se refere ao ensinamento e age na consciência dos direitos e deveres do cidadão, com base na educação e foco na participação ativa na sociedade, através do interesse nas questões políticas e intervenção nas políticas públicas. Outras entidades responderam que a formação se refere à ética nas ações e o resgate de valores, e ainda, a formação de valores que buscam o bem comum, acreditase também que é a formação do caráter da pessoa para que ela desempenhe um bom papel na sociedade. 9 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 Algumas respostas partem para a noção da convivência solidária, com amor e respeito ao próximo e incentivando o trabalho voluntário. Por fim, uma entidade respondeu que é a formação voltada ao interesse público, coletivo e participativo. 17 A atuação da organização contribui para a formação cidadã? Quadro 5 - Contribuição para a formação cidadã As entidades pesquisadas revelaram por meio da coleta de dados que a grande maioria (97%) contribui, sim, para a formação cidadã. Dessa forma, em uma tentativa espontânea de cruzamento das questões, verifica-se que as entidades que possuem, de alguma forma, vínculo religioso estão, em sua maioria, contribuindo para a formação cidadã. Considerações Finais Ao fim desse recorte de análise, verificam-se alguns apontamentos revelados por um entrelaçamento entre as concepções teóricas sobre a formação cidadã e comunicação religiosa e as questões aplicadas junto às entidades entrevistadas. Dessa forma, o resultado da pesquisa quantitativa, mostra que grande parte das entidades de terceiro setor possuem vínculos com outra entidade, à religiosa. Outro ponto observado é a preocupação de entidades do terceiro setor em formar cidadãos, refletindo em uma preocupação com o ser e sua inclusão na sociedade, uma vez que 10 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 ocupa espaço de preenchimento das necessidades do cidadão, configuração atual do terceiro setor. Podemos destacar que o cunho religioso alavanca os princípios da formação cidadã, uma vez que estes prestam algum tipo de auxílio a entidades do terceiro setor e incentivam a participação do fiel que busca o voluntariado como prática daquilo em que acredita e vivencia em sua comunidade religiosa. Portanto, confirmamos a hipótese de que grande parte das entidades do terceiro setor possui algum tipo de ligação com entidades religiosas e que também existe a preocupação com os processos de formação cidadã concretos na realidade. Ressaltamos que essa análise se refere a um recorte da pesquisa quantitativa, mas que o projeto como todo, que ainda está em desenvolvimento, consta com a parte qualitativa como complementar, e busca não só os focos dados neste artigo, mas tudo o que engloba a comunicação religiosa e a formação cidadã. REFERÊNCIAS COMPARATO, Fábio Konder. A nova cidadania. Lua Nova, nº 28-29. São Paulo: Abr, 1993. DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando? In: Daniel Mato (coord.), Políticas de ciudadanía y sociedad civil en tiempos de globalización. Caracas: FACES, Universidad Central de Venezuela, 2004, p. 95-110. MATOS, Heloiza. Capital social e comunicação: interfaces e articulações. São Paulo: Summus, 2009. 280p. OXHORN, Philip. Cidadania como consumo ou cidadania como agência: uma comparação entre as reformas de democratização da Bolívia e do Brasil. Sociologias, vol 12, nº 24. Porto Alegre: Mai/Ago, 2010. PAIVA, Raquel. O espírito comum: comunidade, mídia e globalismo. Petrópolis: Rio de Janeiro. Vozes, 1998. PIROLO, Maria Amélia Miranda. Ação religiosa e formação cidadã: uma abordagem específica de conceitos polifônicos. IX Congresso Lusocom, São Paulo, Ago. 2011 SOARES, Maria V. Benevides. Cidadania e direitos humanos, 1998. Disponível em: < www.iea.usp.br/artigos>. Acesso em: 7 abr. 2011. SORJ, Bernardo. A democracia inesperada – cidadania, direitos humanos e desigualdade social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. 11 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 12