IV Reunião Equatorial de Antropologia e XIII Reunião de
Antropólogos do Norte e Nordeste. 04 a 07 de agosto de 2013,
Fortaleza-CE.
GT 29. Tecnologias Digitais e Internet: Sociedade, Cultura e
Comunicação no Brasil Contemporâneo. .
Título do Trabalho: Intimidade na era das relações amorosas virtuais.
Madson José Albino Rafael
E-mail: [email protected]
Doutorando Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade
Federal de Pernambuco.
Introdução
Espero que tenhas ficado ao lado do telefone, que se alguém ligar para ti
lhe peças que desligue imediatamente de modo a manter livre a linha: sabes
que uma chamada minha está a chegar de um momento para outro. Este é um
telefonema que poderá acontecer entre dois amantes que se encontram
distantes, um está viajando. Faz parte de um conto de Ítalo Calvino, “Antes que
digas Está?”, escrito entre as décadas de 1960 e 1980 em uma coletânea
intitulada, a Memória do Mundo1. Este pequeno trecho do conto alude à
necessidade de manutenção dos relacionamentos mesmo que à distância.
Calvino ao longo do conto vai demonstrando toda a ansiedade que perpassa
ao simples amante que busca falar com seu amor por telefone. Tomo esse
conto como referência para explicitar o objetivo deste trabalho. A saber:
investigar a noção de intimidade e sua relação com a identidade moderna no
contexto de interação em sites de relacionamento na Internet.
Apesar das diferenças, o que era possível antes com comunicação via
telefone, posso afirmar que os relacionamentos mediados por algum tipo de
instrumento tecnológico tende a provocar mudanças e situações inusitadas nos
interlocutores/usuários. Nesse contexto percebemos que há uma dissonância
entre o que entendemos por intimidade e aprofundamento das relações.
Postulamos ao lado de Giddens (1993) que o que está em jogo aqui é
uma transição básica na ética da vida pessoal com um todo (GIDDENS, 1993,
p.109). Desse modo, problematizarei os relacionamentos amorosos e a
construção do eu, ou seja, no desenvolvimento prioritário da autoidentidade na
contemporaneidade.
Através da investigação no site de relacionamentos do MSN
“parperfeito” indago se na vida social moderna os relacionamentos à distância
podem ser uma realização reflexiva que ajudam a manter a autoidentidade2.
Vale esclarecer que o distanciamento aqui se refere ao ciberespaço,
1
CALVINO, Ítalo. A memória do mundo. Lisboa/Portugal: EDITORIAL TEOREMA, LDA.
http://msnencontros.parperfeito.com.br. O serviço de relacionamentos do MSN é uma parceria
com o site ParPerfeito para namoro, relacionamento e encontros.
2
entretanto, se nos reportarmos novamente ao conto de Calvino, seria um
demonstrativo de que os relacionamentos travados nos espaços virtuais na
contemporaneidade possui um coeficiente de ambiguidade significativo. Onde
por uma parte há a busca pelo encontro e de outra parte tenta-se manter uma
espécie de distância de segurança na configuração da autoidentidade através
da criação de personagens “reais” para desenvolver relacionamentos.
O trabalho tomará como fundamento a teoria da estruturação de A.
Giddens, onde o autor ressalta o caráter dual das estruturas na configuração
da ação: constrangimento⁄limitação e habilitação⁄possibilidade. Assim, podemos
prosseguir com as considerações acerca da reflexividade ou de um projeto
reflexivo do eu onde Giddens propõe uma interpretação a partir da construção
da autoidentidade, nas condições atuais da modernidade, responsável pela
“monitoração reflexiva da ação” (GIDDENS, 2009; 1991). De acordo com
Cohen, “é fundamental para a dualidade da estrutura que as propriedades
estruturais das coletividades (regras e recursos) não apenas sirvam como
meios de produção social, mas também sejam reproduzidas como um
resultado desse processo” (COHEN, 1999).
Avento a hipótese de que com a utilização crescente da Internet para o
estabelecimento de relações mediadas por um computador – encontros virtuais
– não haveria um aprofundamento das mesmas, consequentemente a
intimidade seria realizada em termos – desejamos alguém que possa retirarnos do vazio do cotidiano, mas por apenas alguns instantes. E ainda mais, que
os relacionamentos seriam fruto de uma construção reflexiva da autoidentidade
para preencher a ausência do face a face, do toque ou da presença mesma.
Por outro lado, a possibilidade de distanciamento seria algo positivo para as
mulheres e os homens poderem se reconstruir on-line, por exemplo, sem os
marcadores de gênero e⁄ou de raça, tão utilizados na vida real, desse modo, o
ciberespaço seria um local de resistência criativa (EINSENBERG, 2002).
Adoto como método de abordagem a Etnografia Virtual, também
conhecida como Etnografia on-line e também Netnografia (Hine, 2004;
Fragoso, 2011; Kozinets, 2012). Também levando em consideração o caráter,
ainda, bastante exploratório quando se trata de tema, especificamente, ligado a
internet ainda carente de estudos das Ciências Sociais neste campo. Desse,
modo, a perspectiva etnográfica neste caso pode ser de grande valia, como
afirma a antropóloga britânica Christine Hine,
Nuestras creencias acerca de Internet pueden tener consecuencias
importantes sobre la relación individual que tengamos com la tecnología y
sobre las relaciones sociales que construyamos a través de ella. La etnografia,
en este orden de cosas, puede servir para alcanzar un sentido enriquecido de
los significados que va adquiriendo la tecnologia em las culturas que la alojan o
que se conforman gracias a ella (HINE, 2004, p.17)
Seguindo a definição de Hine (2004), temos que o termo Internet é
empregado para referir-se a um conjunto de programas que habilitam
determinados tipos de comunicação e intercambio de informação. Completando
esse raciocínio, a Internet pode ser vista como uma construção social, formada
em sua história e em seu desenvolvimento, através de seu uso (HINE, 2004,
p.46). Desse modo, a Internet, será tratada como cultura e como um artefato
cultural que carrega em si uma produção de conteúdos que também implicam
na forma como estes são utilizados.
Tomo como corpus para análise os perfis de vintes seis usuários do site
relacionamentos Par Perfeito3. Selecionados intencionalmente para compor a
amostra devido a sua pertinência quanto ao problema de pesquisa, das
características do universo observado e das condições e métodos de
observação e análise (Fragoso, 2011). Conforme demonstrado na tabela
abaixo, distribuído por faixa etária:
HOMENS
MULHERES
3
18-24
0
0
Faixas Etárias
25-35 36-46
3
8
0
3
TOTAL
47-57
4
7
58-70
1
0
16
10
Também me valho de alguns diálogos entre usuários (as) com os consultores sentimentais do
site.
Quanto ao fato de o serviço do site de relacionamentos Par Perfeito ser
em parte gratuito, registrei entre o universo da pesquisa um número pequeno
de assinantes do plano ouro (pago) e nenhum do plano platinum, conforme a
tabela seguinte:
USUÁRIOS Básico
HOMENS
8
MULHERES 9
Ouro
2
1
TOTAL
10*
10
Durante a pesquisa não foi possível confirmar o tipo de plano de seis
usuários homens, mas que mantive para não reduzir a amostra. É razoável
supor que estes cadastros façam parte de do cadastro básico. Segundo este
resultado, fica explícito que o serviço de relacionamentos gratuito supera o de
cadastros pagos. Em minhas observações o não pagamento de uma
mensalidade referente ao serviço para manter o cadastro não é relevante. Mas
se o usuário decide pagar pelos planos, haverá uma adição de vantagens que
o usuário básico não possui. Estes serviços adicionais são, por exemplo, maior
número de fotos no perfil ou a possibilidade de falar com mais pessoas no chat.
No tópico seguinte abordo o conceito de reflexividade na teoria giddensiana
para em seguida relacionar a sua pertinência para a construção da
autoidentidade em contextos de relações mediadas.
Uma breve incursão pelo conceito de Reflexividade de Anthony Giddens
Antes de nos atermos as formas pelas quais a intimidade na
contemporaneidade passa pela elaboração reflexiva do eu, necessitamos de
explicitar o conceito de reflexividade giddensiano. “A reflexividade da vida
social moderna consiste no fato de que as práticas sociais são constantemente
examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre estas próprias
práticas, alterando assim constitutivamente seu caráter” (GIDDENS, 1991,
p.45). Desse modo, a mais simples decisão está carregada de reflexividade e
com a intimidade não poderia ser diferente, ou seja, também é um elemento
fundamental do “projeto reflexivo do eu”.
O relacionamento íntimo está inserido nesse contexto da modernidade e
muito imbricado com as expectativas dos outros, algo que será demonstrado
mais à frente. Por ora, continuemos com as sugestões de Giddens (1991)
acerca da modernidade reflexiva:
“Em todas as culturas, as práticas sociais, são rotineiramente alteradas de
descobertas sucessivas que passam a informá-las. Mas somente na era da
modernidade a revisão da convenção é radicalizada para se aplicar (em
principio) a todos os aspectos da vida humana, inclusive à intervenção
tecnológica no mundo material” (GIDDENS, 1991, p. 45)
Na modernidade reflexiva – exacerbada na contemporaneidade – é
preponderante o lugar ocupado pelos sistemas de informação, uma vez que
estas são usadas como um importante meio para a realização de formas ou
projetos de identidade. Uma característica da modernidade é termos de decidir
sobre como viver, alimentar, vestir, inclusive como devemos nos relacionar.
Dentre as escolhas mencionadas destacamos a título de exemplificação duas:
a dieta alimentar e a amizade. O primeiro exemplo pode ser situado no âmbito
individual e o segundo no âmbito social, mas sem deixar de mencionar que
ambos repercutem um sobre o outro. Pois a forma com a qual lidamos com o
nosso corpo, poderá influenciar indiretamente, mas não sem conseqüências,
nas relações que serão desenvolvidas ao longo da vida. De acordo com
Giddens (1993):
“A reflexividade do corpo se acelera de um modo fundamental com a invenção
da dieta em seu significado moderno [...] O que um indivíduo come, mesmo
entre os mais materialmente carentes, torna-se uma questão reflexivamente
impregnada de seleção dietética” (GIDDENS, 1993, p. 42).
A busca por um corpo saudável faz parte rotina de milhares de pessoas
em todas as partes do mundo, mas devemos contextualizar a afirmação acima
quanto a um país como o Brasil, onde há níveis alarmantes de pessoas que
passam fome. No entanto, o próprio Giddens (1993), e isso demarca seu
pensamento quanto ao contexto, destaca que “toda a gente nos países
desenvolvidos, com exceção dos muito pobres, faz uma dieta” (Idem, grifos do
autor). Nas classes sociais de um país considerado emergente como o Brasil,
também é possível encontrar o uso de dietas alimentares e de práticas estética
como academias de ginástica e até mesmo num nível mais elevado o recurso
de cirurgias plásticas. Assim, mesmo se pode relacionar no contexto da
sociedade brasileira e, portanto, perceber a dieta como parte integrante do
projeto reflexivo do eu.
Para Giddens (1991), quando se trata das relações de amizade, que era
caracteristicamente baseada em valores de sinceridade e honra nas
sociedades tradicionais, terá sua natureza transformada na modernidade. O
uso do termo “amigo” se banaliza no cotidiano e “um amigo não é alguém que
sempre fala a verdade, mas alguém que protege o bem-estar emocional do
outro”. (GIDDENS, 1991, p.121). Resultado da superficialidade que diminui o
valor da honra e é substituído pelo “bom amigo”. Segundo Goffman, “as
pessoas que são unidas por laços de afinidade têm condições de observar o
que se passa atrás da fachada umas das outras” (GOFFMAN, 2009, p.152).
Para o campo empírico de estudo proposto nessa pesquisa – serviço de
relacionamentos “parpefeito” – postulo que o uso desse instrumento em sua
configuração se baseia na elaboração e no reforço da autoidentidade, ou seja,
os relacionamentos advêm de escolha preenchida em um cadastro com os prérequisitos para se encontrar uma possível relação amorosa.
A ação humana é um ponto fundamental para a compreensão das
escolhas possíveis, mesmo que isso tenha que passar pela mediação de um
computador conectado. Antes de passarmos para a discussão de aspectos
mais empíricos dessa análise, devemos ressaltar o que Giddens (1995) afirma
sobre os “dilemas de vida” que nos colocam em vias de tomar decisões. As
escolhas que fazemos, podem definitivamente consolidar a afirmação da
identidade, mas de que modo e em que medida, no sentido giddensiano de
“políticas de vida” elas podem nos ajudar e nos livrar ou, pelo menos, amaciar
os desentendimentos e desencontros ao quais estamos sujeitos no decorrer da
vida? Para Giddens (1993),
“As características fundamentais de uma sociedade de alta reflexividade são o
caráter “aberto” da autoidentidade e a natureza reflexiva do corpo” [...] “Hoje
em dia, o eu é para todos um projeto reflexivo – uma interrogação mais ou
menos contínua do passado, do presente e do futuro. É um projeto conduzido
em meio a uma profusão de discursos reflexivos: terapia e manuais de autoajuda de todos os tipos, programas de televisão e artigos de revistas”
(GIDDENS, 1993, p. 40-41)
A caracterização acima ilustra bem o que venho tentando demonstrar
sobre a busca de relacionamentos e nos deixa aptos a incluir nesse montante a
Internet4. É interessante notar que o internauta que utiliza o site “parperfeito”
através de uma caracterização de seu perfil, trazendo informações sobre sua
pessoa, profissão, interesses etc. passa a fazer parte de uma comunidade. Isso
envolve troca de mensagens, de cartões, de recados, fotografias e mais
recentemente de vídeos. Também pode enviar perguntas sobre relacionamento
que serão respondidas de forma on-line por profissionais, em geral, psicólogos
e psiquiatras. Configurando uma espécie de terapia via rede, individual, mas
disponibilizada para todos que acessam o site, portanto, podemos verificar uma
forma de coletividade no que tange a problemas de relacionamento “íntimo”.
4
Já são 30 milhões e 100 mil brasileiros com acesso à internet em casa. Em 2009, registrou-se
a proporção de 36% de domicílios urbanos com esse equipamento, enquanto no ano anterior
apenas 28% dos lares brasileiros possuíam-no. O acesso à Internet também aumentou
significativamente, cerca de 35% entre 2008 e 2009. [Pesquisa TIC DOMICÍLIOS 2009Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil. Fonte: Núcleo
de Informação e Coordenação do Ponto BR em www.nic.br]. Em 2011, o acesso à internet
continuou sendo maior entre os grupos etários de 15 a 17 anos. De 2005 para 2008, aumentou
na faixa etária dos 10 aos 24 anos. Em 2011, o maior aumento se deu nos grupos etários de 25
a 39 anos de idade. Destaca-se também o aumento do percentual de pessoas de 50 anos ou
mais de idade que acessavam a internet, de 7,3%, em 2005, para 18,4%, em 2011. [Pesquisa
PNAD, www.ibge.gov.br/notícias, acesso em 21/05/2013].
Desse modo, após termos definido o conceito de reflexividade e a forma
de sua aplicação para o objetivo proposto a partir das considerações
giddensianas, exploraremos no tópico seguinte a construção reflexiva do eu na
contemporaneidade.
Intimidade desvelada e a construção reflexiva do eu – escolhas possíveis.
Quando na introdução desse trabalho ilustrei com o conto de Calvino
sobre uma ligação telefônica entre dois amantes, pretendia demonstrar que por
um lado, há no contexto contemporâneo uma busca por intimidade e que, por
outro, há uma ambiguidade em meio a tudo isso: ter intimidade, mas não se
estar presente face a face. Nas palavras do próprio Calvino, “podemos ter
esperanças de atingir aquele modo de estar que se costuma definir como estar
juntos” (Calvino, 1993, p.197). Essa discussão mesma pode levar a muitos
desdobramentos, se levarmos em conta a utilização de uma webcam, por
exemplo. A questão se amplia para relacionamentos não presenciais ou como
alguns gostam de denominar virtuais.
Se levar em conta que a cidade grande favorece esses encontros mais
que tudo, a garantia de anonimato é tida, muitas vezes, por certa. E para isso
vale crer no que está no cadastro perfil e isto serve para a identificação e
autenticação da possível verdade sobre si mesmo. Ao observar o cadastro de
uma usuária de 50 anos, do estado de Santa Catarina, ela afirma sobre si:
Sou uma pessoa feliz, querendo compartilhar minha vida com alguém. Acredito
no ser humano, e sei que ei de encontrar um homem compatível com minha
personalidade. As vezes sou um tantinho irônica e brincalhona, não resisto rir
das piadas bem contadas e dos perfis ingênuos e sonhadores, como por
exemplo, alguém de 60anos pretender ser amado(a) por alguém de 20 ou 30.
Vale perceber que a busca por um relacionamento íntimo seguro requer
esse jogo de esconde-esconde, mais do que podemos supor e é nesse ponto
que fazemos a passagem para o que, de fato, nos interessa: entender a busca
por relacionamentos que, por sua vez sejam estáveis, a partir de uma
construção reflexiva do eu. Vejamos a seguir um exemplo extraído do tópico
sobre discussões, com o tema “Não consigo me sentir segura”:
“Já tive alguns relacionamentos, mas sempre pinta insegurança, acho que isso
atrapalha bastante um relacionamento seguir em frente, mas não consigo
evitar. Não sei se o fato de ser tímida, ou esperar demais do outro, me ajudem”
(Rosângela – 10 de agosto de 2010)
O melhor conselho que posso te dar é que está em você mesma a solução
para se sentir mais segura. Precisa buscar dentro de você meios de se
valorizar, pois o outro por mais que se esforce irá te desapontar, ainda que a
ame. [Resposta a questão elaborada pela psicóloga5]
Para Giddens (1993), “uma pessoa co-dependente é alguém que, para
manter uma sensação de segurança ontológica, requer outro indivíduo, ou um
conjunto de indivíduos para definir as suas carências; ela não pode sentir
autoconfiança sem estar dedicado às necessidades do outro” (GIDDENS,
1993, p.101s). No exemplo selecionado, percebemos que há um incômodo
consigo mesmo, quanto ao aspecto da segurança pessoal, que a leva a refletir
sobre sua culpa quanto a características negativas para um relacionamento do
tipo timidez excessiva. No tocante a essa consultoria sentimental do site
parperfeito, de forma geral percebe-se que há uma busca por ajuda
profissional para resolver questões da intimidade. Isso demonstra que a
decisão de agir envolve a garantia de ajuda de pessoas que estão de fora do
relacionamento, até mesmo do relacionamento que ainda não existe,
funcionando como um apoio para as inseguranças e dúvidas que subjazem às
possibilidades de escolha (GIDDENS, 1993, p.103).
A afirmação⁄sugestão da psicóloga: “Precisa buscar dentro de você
meios de se valorizar” faz com que o aconselhamento esperado se volte para o
centro da pessoa mesma que está buscando no outro as respostas para suas
questões de vida. A partir do olhar sobre si mesmo pode definir os seus
desejos e, por conseguinte definir sua autoidentidade. Nesse movimento se
poderá também perceber o que há de positivo e negativo, deixando de lado o
sentimento de culpa por não conseguir amarrar um relacionamento.
5
Por determinações éticas não divulgaremos sobrenomes nem de participantes do site, nem
dos psicólogos que dão suporte a essa espécie de consultoria sentimental online.
De acordo com Giddens (1993), “o que nos parece à primeira vista um
encorajamento do egoísmo, até do narcisismo, deveria ser antes compreendido
como um ponto de partida essencial para a possibilidade de desenvolvimento
do amor confluente”, caracterizado pela igualdade na doação e no recebimento
emocional ao invés de basear o relacionamento em si mesmo, onde a
responsabilidade não é partilhada (GIDDENS, 1993, p. 73 e p. 105).
No
conjunto da amostra é comum encontrar a seguinte afirmação de outra usuária,
50 anos, de São Paulo:
Sou uma mulher independente, separada, morena, 1,73m, inteligente, bem
humorada, sincera, alegre, comunicativa e adoro viajar. Estou em busca de um
homem inteligente, sincero, divertido, sem vícios e que possa ser meu
companheiro, mas que também respeite a minha individualidade.
Outro dado significativo que selecionamos é sobre a paquera on-line.
Vejamos com atenção, apesar da extensão da pergunta, pois achamos essa
indagação pertinente por se tratar, exatamente, do nosso objeto de trabalho:
[...] Conheci há dois meses um rapaz muito bacana através de um site de
relacionamento. Vivemos momentos de muita alegria, marcados por
declarações do que acreditamos que sentimos um pelo outro. Estou
completamente apaixonada por ele e isso tem-me feito ter bastante paciência
com possíveis discordâncias que porventura venham a surgir.
No entanto, moramos muito distantes e tem sido difícil principalmente para
mim. Por várias vezes, desde que nos conhecemos, ele deixava o MSN ligado
com status "ausente" ou mesmo "ocupado", eu falava com ele e nada de me
responder. Ficava confusa se realmente ele tinha saído ou não queria me
responder. [...] Tentei conversar numa boa, com delicadeza, mas parece que
não resolveu. Até chorei um dia, as senhoras acreditam? Nossa, não sei o que
faço. Se desapareço da vida dele, mas da forma que está, não dá. Talvez eu
esteja
levando
a
sério
demais
uma
paquera
online.
[...]
Estou confusa, pois apesar da falta de atenção, ele é show. O que faço para
ser poderosa a ponto de tê-lo aos meus pés, rs. Desde já, agradeço pela
atenção!
10/08/2010
[Resposta da psicóloga] Você mesma já colocou a solução na sua pergunta,
"Talvez eu esteja levando a sério demais uma paquera online". Exatamente! É
fundamental não apostar todas as suas fichas em alguém que se conhece tão
pouco. Vá com calma que assim você terá seus sentimentos mais adequados à
realidade da situação.
No contexto giddensiano de alta modernidade – pós-tradicional – há uma
busca pela unificação em meio à fragmentação que envolve questões como:
segurança ontológica (vista anteriormente) e da percepção do tempo e do
espaço que se abre para diversas possibilidades, mas que não cessam as
inquietudes e angústias das pessoas. O grau de clareza com que a pessoa
citada acima se refere ao seu relacionamento “virtual” demonstra o conflito
entre se sentir segura em meio à desterritorialização. Todo o relacionamento se
baseia em um clic, melhor dizendo, de estar on-line. Essa instrumentalização
da presença do outro deixa a mercê de um botão e de uma conexão fluida.
Vejamos as palavras de apresentação no perfil de um usuário, 38 anos, de
Minas Gerais:
Não gosto muito de falar sobre mim, pois acho mais interessante que as
pessoas descubram. Mas, no geral, me considero tranquilo, romântico, sério
ou divertido dependendo da situação, muito sincero, e gosto muito de carinho.
Adoro namorar, contanto que seja com uma pessoa bacana, madura e que
me respeite. Enfim, quero arrumar alguém para um relacionamento sério,
não importa o lugar do país. Se for uma pessoa que valha a pena, por essa
pessoa eu faço tudo. Enfim, deixo aqui um pedacinho de mim e o restante
deixo para quem se interessar descobrir.
Para Giddens (2002), as relações de confiança eram localizadas e
enfocadas através de laços pessoais, ainda que em geral não existisse a
intimidade no sentido moderno. “Numa ordem pós-tradicional, entretanto, uma
gama indeterminada de possibilidades se apresenta, não só em relação a
opções de comportamento, mas em relação à “abertura do mundo” para o
indivíduo” (GIDDENS, 2002, p.175). O mundo, como indicado por Giddens,
“não é uma ordem de tempo e espaço sem costuras que se estende para além
do indivíduo; ele se faz presente por uma serie de canais e fontes variadas”
(GIDDENS, 2002, p.175). À medida que se pode encontrar um relacionamento
via Internet, não se prevê claramente as implicações dessa escolha, parece
que o virtual se apresenta como uma solução, principalmente pela
possibilidade de encontrar alguém que se encaixe na vida pessoal, como visto
no seguinte perfil de um usuário do Rio de Janeiro:
Tenho 38 anos. Sou professor. Tenho poucos amigos. Gosto de ter
momentos comigo mesmo. Sinto falta de um parceiro para viver a vida.
Alguém que esteja em sintonia comigo. Gosto de viver a vida: sair, estar com
pessoas agradáveis, contemplar a natureza. Gosto de homem com cara de
homem. Sou considerado bonito, interessante. Sou versátil.
Entretanto, do mesmo modo que o indivíduo na vida real, entendida aqui
como a vida comum, sem o uso de aparatos tecnológicos para travar
relacionamentos “[...] experimenta sentimentos de impotência em relação a um
universo social amplo e alheio”, os mesmos sentimentos farão parte, pois
sempre há o embate entre o “casal” (GIDDENS, 2002, p.177). Nas palavras
outro usuário, 43 anos, ele afirma a condição da união entre o que ele diz que é
e o que espera da pessoa amada:
Quero conhecer um parceiro no amor, na alegria, tal qual na tristeza, nos
reverses da vida. Ideal é encontrar pessoalmente e confirmamos se temos
afinidades... afinal sem a famosa química, é difícil decidir amar, pois eu tenho
pra mim se houver respeito, tesão, desejo de construir juntos o resultado é o
amor.
A rigor é necessário entender a noção de posicionamento do corpo em
encontros sociais. Para Giddens (2009), um termo muito rico que explicita
como o corpo está posicionado nas circunstancias imediatas de co-presença
em relação aos outros. Essa noção fundamental para a vida social e para a
interação é questionada quanto ao seu uso em termos de interação à distancia,
mediadas por um computador, mesmo que amparadas na imagem fixa
(fotografia) ou de imagem em movimento (vídeo). A leitura giddensiana acerca
do posicionamento do corpo é feita a partir da proposta de Goffman de uma
série de revelações sobre observações que ele denomina face work, que inclui
gestos e controle reflexo do movimento corporal6.
Entretanto, mesmo que o “posicionamento deve também ser entendido
em relação com a serialidade de encontros no tempo-espaço” (GIDDENS,
6
Cf. Erving Goffman, Behaviour in Public Places (New York: Free Press, 1963).
2009, p. XXVII), de que modo isso pode se configurar na interação mediada por
computador? É inegável a fragmentação das relações na contemporaneidade e
mais, a busca de encontrar alguém num determinado site de relacionamentos é
fatídica. O próprio Giddens (2005) argumenta que “essa mudança tecnológica
“rearranjou” o espaço – podemos interagir com qualquer um sem levantar da
cadeira” e que, portanto, “também está se alterando nossa experiência do
tempo, porque a comunicação é quase instantânea” (GIDDENS 2005, p.97).
Para o usuário a seguir, de 32 anos, há uma necessidade de se explicitar
melhor, através do uso da imagem fotográfica, para dizer que ele é, vejamos:
Ao invés de falar o q eu sou ,vou escrever o q eu quero, pretendo ter um
amor, simples assim, um amor sem joguinhos, sem mentiras, sem falsas
promessas, um amor libertador, q seja regado de carinho, companheirismo e
atenção. Quero beijar intensamente e quando acordar nos braços dessa
pessoa abrirei um leve sorriso e sentirei o meu coração bater mais forte, me
indicando q estou realmente feliz de corpo e alma. Fique bem claro é isso q
eu quero, mas q não é uma regra fixa e rígida, estou aberto a amizades tbm,
sso sempre é bom. OBS: Essa minha foto que estou sério é só
charme,rsrs,,,na verdade, só fico rindo e sou bem humorado, ainda mais
se eu estiver com uma pessoa especial ao meu lado, rsrsrsrsrsrs.
Então, se o posicionamento corporal é importante para o arranjo da
interação, não é que ele tenha se tornado irrelevante, e sim perturbador, pois
ao invés de servir de orientação para o interlocutor, a sua falta produz a
confusão, na pior concepção desta palavra. Isso que estamos chamando de
confusão pode ser entendida no sentido de uma desorientação que provoca a
reflexão sobre si, a busca da unificação em meio à fragmentação do mundo
pós-tradicional, utilizando a expressão giddensiana. Por fim, analisaremos duas
situações: a busca por um relacionamento sério e a maneira certa de
conquistar. No primeiro caso temos um usuário de 32 anos que deseja
encontrar o amor e nos segundo caso um usuário de 31 anos que constrói sua
autoidentidade a partir de ideia de pessoa caseira:
Sou um Homem em busca de uma parceira que queira viver um grande
amor, ma grande paixão! [...] Gosto de um bom papo, um bom restaurante e
um bom vinho a dois, sou parceiro e compreensivo, e adoro fazer amor!!! Sou
sincero, amo a vida e amo viver as coisas boas da vida, porém com uma bela
companhia! Adoro o sol o mar, a lua... Amo amar! Este sou eu! Quer me
conhecer melhor... Estou aqui bem perto de vc.
Apaixonado pela vida, amo meus animais e procuro preservar as verdadeiras
amizades, sempre que da vou à praia para relaxar... Sou uma pessoa
caseira não gosto de virar noites e noites, mas sai sem nóia só não sou o
típico baladeiro procurando suas presas para se alto afirmar, prefiro
algo mas calmo para conhecer melhor e ser conhecido sem estar
entorpecido pela bebida ou pelo ambiente.
A partir de perguntas distintas, mas que demonstram a insegurança e
fragmentação dos relacionamentos nos chama à atenção a confusão entre o
que é a pessoa que busca um relacionamento e a que está posta do outro lado.
Isso no sentido da afirmação da autoidentidade se configura na crença do
encontro perfeito, para isso o nome do site contribui em muito – “parperfeio” –
grafada as duas palavras em uma só. Há uma necessidade de confiança, a
ponto de se pensar que encontrar alguém através de um site de
relacionamentos seja melhor do que “na noite”. Para Gidens (2002), “o
estabelecimento da confiança básica é a condição de elaboração tanto da
autoidentidade quanto da identidade de outras pessoas e objetos” (GIDDENS,
2002, p.44).
A aprovação pela família para a atitude de recomeçar a vida revela a
rotina que evolve essas pessoas e sua dose de responsabilidade, inclusive
pela possibilidade de se postar fotografias que exibem de imediato de quem se
trata, que se reflete na explicação do usuário anterior sobre sua pose na
fotografia7. “Um envolvimento criativo com os outros e com o mundo-objeto é
quase certamente um componente fundamental de satisfação psicológica e da
descoberta de um sentido moral” (GIDDENS, 2002, p. 44). Seguindo com a
argumentação de Erving Goffman (2009),
“O “eu”, portanto, como um personagem representado, não é uma coisa
orgânica, que tem uma localização definida, cujo destino fundamental é nascer,
crescer e morrer; é um efeito dramático, que surge difusamente de uma cena
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Cf.: FREUND, Giséle. 1995. Fotografia e Sociedade. Lisboa: Vega – comunicação e linguagens.
Demonstra como os retratos miniatura faziam valer o charme da personalidade e foram uma das primeiras
formas de retrato a ser adotadas pela camada ascendente da burguesia como um meio de dar expressão ao
seu culto do indivíduo. (Freund, 1995:26)
apresentada, e a questão característica, o interesse primordial, está em saber
se será acreditado ou desacreditado” (GOFFMAN, 2009, p. 231)
Percebemos que a construção do eu através das lacunas que são
preenchidas de acordo com a situação, podem flexibilizar o relacionamento, a
interação face a face. Já em relação ao contexto da interação mediada por
computador, sem o pré-requisito da co-presencialidade sugere novas
dificuldades. Crer ou não no que o outro nos diz, se é verdade, o que não pode
ser plenamente visto, ou seja, o que esta por trás, como afirma a usuária de 48
anos, da Bahia:
Procuro fazer amizade com rapazes acima de 48 anos que corresponda ao
meu perfil. Eu acredito que a vida só tem sentido quando se busca a
felicidade com equilíbrio e medindo as consequências dos nossos atos. Sou
transparente e considero que devemos ser fiéis à verdade.
É bem verdade para contextos tradicionais de interação, segundo
Goffman (2009) já afirmava que “[...] os indivíduos são tratados relativamente
bem quando presentes e relativamente mal pelas costas (GOFFMAN, 2009,
p.163). Assim, a segurança que se procura em relação ao outro é sempre
tênue. No caso do site parperfeito, mesmo quando se oferece uma ferramenta
de conversação não se obtém fortes garantias. Enfim, “a confiança pessoal
torna-se um projeto a ser “trabalhado” pelas partes envolvidas, e requer a
abertura do indivíduo para o outro” (GIDDENS, 1991, p. 123). No caso de ela
não poder ser controlada com rigidez estabelece-se mais uma dificuldade para
a confiança mútua.
Conclusão
Ítalo Calvino finaliza o conto afirmando: “o meu grande projeto é
transformar toda a rede mundial numa extensão de mim mesmo que propague
e atraia vibrações amorosas, e usar este aparelho como um órgão da minha
pessoa por meio do qual possa consumar uma cópula com todo o planeta”
(Calvino, 1993, p.203).
Apesar das pessoas desejarem se relacionar na contemporaneidade
isso não parece fácil, nem tampouco simples e as relações cada vez mais
instáveis num contexto de inúmeras inseguranças são elementos que
demonstram essas dificuldades. Daí que recorrer a instrumentais tecnológicos
como a Internet, especificamente o site de relacionamentos Par Perfeito pode
favorecer e ampliar as possibilidades de encontrar a pessoa certa.
A partir do conceito de reflexividade procurei demonstrar como a
exposição da intimidade é tomada como um instrumento da construção do eu,
ou seja, no desenvolvimento da autoidentidade na contemporaneidade. Sendo
que a ambiguidade que se configura com os desdobramentos da questão são,
em certa medida, uma surpresa e, por outro lado, surgem as questões
relacionadas à confiança. Seguimos então o raciocínio giddensiano quando ele
nos informa que “todos os indivíduos desenvolvem um referencial de
segurança ontológica de alguma espécie, baseado em vários tipos de rotinas”.
Para Giddens (2002), as pessoas lidam com perigos, e os medos associados a
eles, em termos de “fórmulas” emocionais e comportamentais que passaram a
fazer parte de seu comportamento e pensamento cotidianos (GIDDENS, 2002,
p. 47).
Há uma sugestão de ação entre o desejo e as possibilidades buscadas
ao acessar um site de relacionamentos. Nessa tentativa de fugir das
dificuldades do mundo há aí um problema: recorrer à Internet como uma
solução, mas que acaba esbarrando na velha questão da confiança. Perguntas
como: o que está acontecendo agora? O que estou pensando? O que posso
fazer para melhorar meu relacionamento amoroso? Ou o que há de errado
comigo? Colocam-nos frente a frente com a afirmação da autoidentidade que
segundo Giddens (2002, p. 54), “é o eu compreendido reflexivamente pela
pessoa em termos de sua biografia”.
Daí a intenção de expor algumas
perguntas contidas no site, pois explicitam muito de como as pessoas se auto
definem.
Quando indagamos se na vida social moderna os relacionamentos à
distância podem ser uma realização reflexiva que ajudam a construir a
autoidentidade, fazendo uma espécie de inversão, percebemos que sim. E
essa realização reflexiva se configura muito em torno da confiança. Nesse
ritmo entre interagir e encontrar alguém, é razoável supor que o que as
pessoas querem é alguém para confiar. Simples, não? No entanto, nesse
esforço hercúleo, navegando entre inseguranças individuais e sociais terminam
por esboçarem suas ansiedades, na busca por um relacionamento seguro e
baseado em interesses comuns a todos. Conforme sugere Giddens (2002), a
ansiedade deve ser entendida em relação ao sistema total de segurança que o
indivíduo desenvolve muito mais do que como um fenômeno situacionalmente
especifico ligado a riscos e perigos particulares (GIDDENS, 2002, p.46).
Nesse universo de confidências expostas e da reconfiguração da
autoidentidade surgem questões como: o que faz com que alguém se lance em
busca de um relacionamento num site da internet? E mais: quais as motivações
para que alguém exponha sua intimidade, seus desejos e suas fragilidades?
Busquei através desta pesquisa encontrar, se não respostas, ao menos
indícios que possibilitem
investigarmos esses desdobramentos, para
compreender de que modo essas transformações contextuais afetam os
processos pelos quais alguém se torna o que é.
Referências bibliográficas:
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democracia eletrônica. Belo Horizonte: Editora UFMG.
GIDDENS, Anthony. 2009. A constituição da sociedade. São Paulo: Editora
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_________________. 1991. As conseqüências da modernidade. São Paulo:
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_________________. 1993. A transformação da intimidade: sexualidade, amor
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Estadual Paulista.
_________________. 2002. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge
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_________________. 2005. Sociologia. Porto Alegre: Artemed.
GIDDENS, A. BECK, U. LASH, S. 1995. Modernização reflexiva. São Paulo:
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GOFFMAN, Erving. 2009. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis:
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FRAGOSO, Suely. 2011. Métodos de pesquisa para a internet. Porto Alegre:
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IV Reunião Equatorial de Antropologia e XIII