XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação
22 a 24 de julho de 2015
Modelo 1: resumo expandido de comunicação científica
E-Readers: leitores de objetos digitais ou Biblioteca Digital Portátil (BDP)?
LUIZ OTAVIO MACIEL DA SILVA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ / FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA
[email protected].
No final da década de 1990 foram lançados no mercado vários modelos de
devices (Sofbook, Rocket eBook, Cytale, Everybook, etc) denominados de livros
eletrônicos. Nessa época, vários autores deram as suas definições para o livro
eletrônico que enfatizavam o dispositivo. McKenna (1998) afirmava que era “um
dispositivo aplicado para funções específicas”. Ribeiro e Santos (200) definiam
assim: “produtos híbridos […] sensíveis ao toque, portabilidade, capacidade de
alteração do tipo e tamanho da fonte”.
Com capacidade de armazenar centenas de “livros” esses dispositivos
apresentavam outras funções, tais como: marcação de parte do texto, anotações
nas bordas das páginas, localização de palavras no texto e pesquisa e localização
dos “livros” armazenados.
Percebe-se que esses possuíam tarefas para além da simples leitura. Tinham
grande capacidade de armazenamento, possibilidade de recuperação de parte ou
todo de um “livro” além de funções auxiliares à leitura. Portanto, armazena,
recupera e disponibiliza, numa analogia simplória, tal qual uma biblioteca
tradicional. Por essas características, não se pode limitar esses dispositivos de
simples leitores digitais, razão pela qual, denomino-os de Biblioteca Digital Portátil
– BDP.
Ao longo de quase 20 anos tenho acompanhado a evolução desses
dispositivos, principalmente os disponíveis no mercado brasileiro, como por
exemplo, o Kindle (Amazon), Kobo (Livraria Cultura), Lev (Saraiva) e o Alfa
(Positivo). Basicamente, poucas mudanças ocorreram, as mais significativas,
referem-se ao emprego do emprego de novas tecnologias como as telas
antirreflexos, aumento na capacidade de armazenamento, maior autonomia da
bateria.
A pesquisa tem por base o acompanhamento da literatura publicada acerca
do assunto, bem como, as divulgações dos fabricantes dos dispositivos que
apontam as novidades inseridas no lançamento dos modelos, bem como, apontam
as tendências para o futuro.
Percebido dessa forma, esses dispositivos, agora aqui denominados de
Biblioteca Digital Portátil (BDP), transformam algumas relações mantidas até então
com livro impresso. Barreto (2000) afirma que há uma profunda transformação,
tanto para a sociedade quanto para o indivíduo, nessa passagem da cultura escrita
para a cultura eletrônica. O empréstimo individual deixa de existir, pois não há
empréstimo de um título, e sim, de uma biblioteca com mais de trezentos livros,
dentre outros paradigmas que serão quebrados, modificados e criados.
Nesse contexto, Levy (1999) já apontava para uma criação coletiva, como os
produzidos utilizando a ferramenta Wiki, para uma cibercultura. Chartier (1999)
aborda a mudança nos hábitos de leitura, que deixa de ser linear e passa a ser a
leitura do “salto”, migrando de um texto para outro por ação dos link's. Enfim,
mudanças significativas, mas nenhuma capaz de eliminar o livro impresso em um
período tão breve, por várias razões, que passam pelos aspectos culturais e
tecnológicos para que essa afirmativa passe a ser verdadeira como afirma Silva
(2000).
Outras questões surgirão, outras serão equacionadas e outras são passíveis
de desaparecerem. Vivemos num momento de transição e consolidação de um
novo meio e modelo de registro do conhecimento humano, do analógico para o
digital. Quanto tempo isso levará? A resposta caberá à próxima geração.
Palavras-chave: livro eletrônico.
Referências
BARRETO, Aldo Albuquerque. Os destinos da Ciência da Informação: entre o
cristal e a chama. Revista Informação & Sociedade: Estudos, v. 9, n. 2. Disponível
em: http://informacaoesociedade.ufpb.br. Acesso em 25/03/2015.
CHARTIER, Roger. Do códice ao monitor: a trajetória do escrito. Estudos
avançados, v. 11, n. 5, p. 173-191, 1991.
Levy, Pierre. Cibercultura. São Paulo : Ed. 34, 1999.
McKENNA, Brian. The coming of the eletronic book. Online & CD-ROM Review, v.
22, n. 5, p. 346-348, 1998.
RIBEIRO, Jorge Alves ; SANTOS, Paulo Alexandre Gomes dos. Ebook. Disponível
em: http://www.student.dei.uc.pt/~torres/Ebook.htm. Acesso em 25/03/2015
SILVA, Luiz Otavio Maciel da. Softbook e Rocket Book: o livro eletrônico dos bits
aos átomos. 2000. 61 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação –
IBICTUFRJ), Belém, 2000.
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