UNIVERSIDADE DO VALE DOS SINOS CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Gestão do Conhecimento na Justiça do Trabalho: como a tecnologia da informação suportou a mudança em processos institucionais. Natacha Moraes de Oliveira Orientação: Prof. Dr. Cláudio Gonçalo São Leopoldo, 15 de junho de 2006. 1. Introdução São muitos os sinais de que o conhecimento, em suas várias formas, se tornou determinante para a competitividade (Terra, 2001, p.19). Empresas, a fim de obter diferencial competitivo, vêm buscando formas de administrar aquilo que sabem. Com o objetivo de transformar-se em organizações capazes de aprender, de inovar, buscam, através da organização de seus conhecimentos, desenvolverem suas competências, suas habilidades, melhorando seu desempenho e garantindo seu espaço no mercado. Muitos são os desafios de se empreender processos de gestão de conhecimento, a começar pela dificuldade que há em se definir e mensurar o conhecimento. Conhecimento, enquanto individual e não explícito, é um ativo intangível de difícil mensuração, o que torna seu gerenciamento ainda mais complexo. A “capacidade de mobilização e exploração dos ativos intangíveis ou invisíveis tornou-se muito mais decisiva do que investir e gerenciar ativos físicos tangíveis” (Kaplan e Norton, 1997 p.3). Inúmeros projetos para gestão do conhecimento podem ser encontrados na iniciativa privada. Já na esfera pública, isso não é comum. Muito provavelmente porque não há competidores para uma organização pública. Embora os órgãos governamentais não precisem disputar mercado, elas devem preocupar-se em atingir, da melhor forma possível, os objetivos para os quais foram criados. Isso é obtido quando a empresa zela pela qualidade dos produtos e serviços oferecidos. O Poder Judiciário, ou seja, os inúmeros Tribunais que o compõe, é uma instituição governamental prestadora de serviços à população. Mais que isso, é responsável por um dos serviços mais importantes e especializados presentes em uma nação. No Brasil, são muitas as críticas feitas ao Poder Judiciário. Vão desde reclamações por atendimento precário até acusações por corrupção. No entanto, a maior causa de insatisfação quando se pensa em prestação jurisdicional refere-se à morosidade. O tempo necessário para o julgamento de um processo ainda é muito grande. Em plena era da informação, isso não é mais aceitável. Assim, não apenas para o Judiciário, mas para o mundo empresarial como um todo, tempo também é fator decisivo. Em um contexto onde o conhecimento e a agilidade são importantes, tecnologia da informação passa a ser imprescindível. Não há como se conduzir gestão do conhecimento sem aplicação de tecnologias específicas para esse fim. A Justiça do Trabalho, um dos braços do Poder Judiciário, é responsável por algumas iniciativas em prol da gestão do conhecimento, apoiadas em tecnologia da informação, que merecem ser destacadas. Afirma-se isso porque alguns projetos estão modificando métodos de trabalho, reformulando atividades que vinham sendo realizadas da mesma forma há décadas, já sendo possível demonstrar notável melhoria de desempenho. A Justiça do Trabalho é composta por vinte e cinco Tribunais Regionais do Trabalho. Dentre esses, alguns de destacam pela excelência de sua equipe de tecnologia da informação; pela capacidade desta em trabalhar de maneira integrada com as demais áreas da instituição, garantindo benefícios para a sociedade. É o caso do TRT da 4º Região, que vem a ser o do Rio Grande do Sul. Ele é o responsável pelo sistema que revolucionou as sessões na segunda Instância de Julgamento e permitiu a interação dos cidadãos com os processos em trâmite, através de seu Portal na Internet, utilizando tecnologia de certificação digital o que possibilitou, pela primeira vez no Poder Judiciário, a substituição do papel por arquivos em meio eletrônico, com segurança. Uma vez identificados projetos de sucesso nas diferentes regiões, formou-se um Grupo de Diretores das áreas de tecnologia interessados em trabalhar de maneira colaborativa, discutindo melhores práticas e buscando padronizar os procedimentos entre os Tribunais. Esse Grupo deu início ao Projeto chamado Gestão Integrada da Informação da Justiça do Trabalho. Com isso, as informações e conhecimentos presentes nos Tribunais passaram a ser compartilhados e melhores soluções estão sendo desenvolvidas, em conjunto, para atender a demanda da Justiça do Trabalho. Nesse contexto, a dissertação ora proposta pretende pesquisar como a Justiça do Trabalho vem promovendo a gestão do conhecimento, apoiada em tecnologia da informação. Por fim, apresentará estudo de caso único, com múltiplas unidades de análise, sendo essas os diferentes Tribunais do Trabalho do país. Para tanto, será feita uma revisão bibliográfica referente á gestão do conhecimento, conceitos de aprendizagem organizacional no que se refere à capacidade de adaptação de uma organização a novos contextos, tecnologia da informação preocupando-se com os sistemas para gestão do conhecimento (Knowledge Management Systems), compartilhamento de informações em redes de cooperação e mudança institucional, a fim de se construir um referencial teórico capaz de auxiliar na resposta à pergunta dessa pesquisa. 1.1. Caracterização do problema O problema a ser discutido é como fazer gestão do conhecimento em uma empresa pública, a partir da integração de experiências de suas diversas unidades dispersas geograficamente, focando na utilização de tecnologia da informação. Em que etapas do processo de gestão do conhecimento os sistemas informatizados são indicados e quais os benefícios que a utilização dos mesmos traz para a organização. Segundo Alavi e Leidner (2001, p.108), importa menos o conhecimento que uma empresa possui quando comparado à habilidade da firma em efetivamente aplicar esse conhecimento para criar novos conhecimentos e tomar ações obtendo, dessa forma, vantagem competitiva. É nesse ponto que a tecnologia da informação pode desempenhar importante papel dentro das empresas. Tecnologias avançadas como Internet, Intranets, data warehouses e técnicas de mineração de dados podem ser usadas para sistematizar o gerenciamento do conhecimento dentro da empresa e interorganizacional. Tecnologia da informação é apenas um dos fatores que influenciam a gestão do conhecimento e foco do presente estudo. No entanto, em um processo de gestão do conhecimento, há a interação de todos os fatores. Assim, é preocupação também identificar como esses outros fatores interferem no uso de tecnologia da informação como meio para criar, armazenar, compartilhar e aplicar conhecimentos. A tecnologia da informação tem três aplicações comuns na gestão do conhecimento organizacional (Alavi e Leidner, 2001, p.11 4): • Codificar e compartilhar as melhores práticas; • Criar diretórios de conhecimento corporativo; • Criar redes de conhecimento. A Justiça do Trabalho vêm adotando tecnologia da informação em todas as três aplicações citadas. No entanto, qual a efetividade desses sistemas? Para que um sistema de gestão do conhecimento seja efetivo é necessário que os especialistas e todos os usuários da aplicação possam explicitar seus conhecimentos. Conhecimentos tácitos não podem ser informados a um sistema. Eles precisam estar, de certa forma, codificados. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a transformação de conhecimento tácito em conhecimento explícito se dá a partir da interação entre os envolvidos. Será que mesmo sendo essa interação feita através de uma ferramenta computacional ela é efetiva? Qual a dificuldade encontrada pelas pessoas em publicar aquilo que conhecem? Como o trabalho em rede, através de um portal corporativo, colabora para a tomada de decisão e a criação de novos conhecimentos? No meio jurídico há um volume imenso de informações que devem ser consideradas para uma tomada de decisão, para um julgamento. Nem tudo o que é preciso saber está claramente disponível, já que há diferentes formas de se interpretar uma mesma lei. Na tentativa de se padronizar as decisões, havendo assim menos recursos nas instâncias superiores, surgiram jurisprudências a respeito das competências da Justiça do Trabalho. No entanto, não há jurisprudência ou decisão de instância extraordinária para todos os assuntos. Assim, sempre que um juiz trabalha na produção de um voto para um processo, ele está criando novos conhecimentos a partir daqueles que lhe são disponibilizados. De que forma os sistemas oferecidos pela Justiça do Trabalho estão sendo desenvolvidos e como apóiam essa atividade? Há melhorias na prestação jurisdicional pela adoção de processos e sistemas para a gestão do conhecimento? 1.2. Objetivo Geral O objetivo geral da pesquisa ora proposta é explorar como a Justiça do Trabalho promove a gestão do conhecimento, a partir da integração das experiências das diferentes regiões do Brasil, utilizando tecnologia da informação. 1.2.1.Objetivos específicos 1.2.1.1.Analisar o conceito de gestão do conhecimento no meio jurídico; 1.2.1.2.Identificar como a atuação em rede de informação auxilia a gestão do conhecimento na Justiça do Trabalho; 1.2.1.3.Identificar quais são as tecnologias de informação envolvidas na promoção da gestão do conhecimento na Justiça do Trabalho. Como a tecnologia da informação auxilia o compartilhamento de melhores práticas para a promoção da gestão do conhecimento; 1.2.1.4.Identificar como a gestão do conhecimento agrega valor na prestação jurisdicional, analisando diferenças de desempenho e resultados obtidos na atividade fim da Justiça do Trabalho. 2. Justificativa A pesquisa proposta é válida uma vez que vai apresentar iniciativas de entidades públicas relacionadas à gestão do conhecimento e qual foi o impacto disso no desempenho de tal instituição. O trabalho a ser desenvolvido poderá demonstrar que a adoção de sistemas para a gestão do conhecimento auxilia o trabalho diário e a criação de novos conhecimentos, trazendo importante impacto sobre o desempenho da organização estudada. O exemplo mais claro disso, que será apresentado detalhadamente na dissertação, é o sistema desenvolvido para apoiar as sessões de julgamento na Justiça do Trabalho. Com a utilização dessa ferramenta, a sessão de julgamento de 2º Grau passou a ser 100% informatizada. Nenhum papel é levado pelos juízes para a sessão. Além disso, o referido sistema permite a troca de informações on-line entre os componentes da Turma, bem como o apontamento de observações ao processo em julgamento, em tempo real. A utilização dessa ferramenta reduziu o tempo de julgamento dos processos em mais de 50%, permitindo que o Tribunal passe a julgar por volta de 150 processos em uma única sessão. A adoção desse sistema permite interação anterior à sessão de julgamento. Os juízes relatores armazenam suas decisões e analisam as decisões dos demais, dentro do sistema, antes da sessão. A ferramenta permite consulta a bases de dados de julgamentos passados e jurisprudência, fornecendo subsídios para que o magistrado possa tomar decisões e criar novos conhecimentos. Ao chegarem à sessão de julgamento, já houve estudo prévio de todos os votos dos relatores e interação entre os juízes, tornando a sessão mais ágil e eficiente. Esse sistema atua em todas as fases da gestão do conhecimento: criação, armazenamento, transferência/compartilhamento e aplicação. Sem o uso de tecnologia da informação essa melhoria de desempenho não seria possível, já que o volume de informações necessárias para se tomar uma decisão judicial é imenso. Devido ao grande volume de material a ser consultado para a criação dos votos e realização das sessões de julgamento, temos o pressuposto de que a tecnologia da informação é elemento imprescindível para a gestão do conhecimento na Justiça do Trabalho. Além disso, pode-se considerar que o compartilhamento de informações através da rede viabiliza a criação de novos conhecimentos e permite que padrões sejam estabelecidos para a eficiência jurídica, o que se podem chamar protocolos de decisão. Se for possível desenvolver um sistema que permita o compartilhamento de informações e conceitos entre os juízes, inclusive entre as diferentes instâncias, será possível que se estabeleçam alguns padrões de decisão jurídica, o que reduziria drasticamente os recursos às instâncias superiores e, por conseqüência, o tempo de tramitação dos processos. 3. Delimitação do Estudo A pesquisa proposta pretende explorar a promoção da gestão do conhecimento na Justiça do Trabalho, considerando apenas a segunda instância de julgamento. Não é pretensão analisar a gestão do conhecimento em todas as instâncias, haja vista que as iniciativas mais interessantes estão presentes nos Tribunais, e não nas fases iniciais do processo. 4. Referencial Teórico 4.1. Gestão do conhecimento como estratégia de mudança na prestação dos serviços jurídicos O interesse em tratar conhecimento como um importante recurso organizacional vem crescendo. Para tanto as empresas têm investido em processos de gestão do conhecimento, muitas vezes apoiados em tecnologia da informação a partir de sistemas chamados KMS – Knowledge Management Systems. Esses sistemas têm o objetivo específico de dar suporte às diversas etapas da gestão do conhecimento que são criação, armazenamento/recuperação, transferência e aplicação do conhecimento (Alavi e Leidner, 2001, p.114). Para que se possa avançar na apresentação da teoria a respeito disso é preciso elucidar os conceitos aceitos para definição de conhecimento. 4.1.1.Definições de conhecimento Na área de tecnologia da informação, é feita distinção entre dados, informações e conhecimentos. Dados são números e fatos, informações são dados processados e por fim, conhecimento é informação validada. Alguns autores apontam de que há uma hierarquia de dados para informações, e dessas para conhecimento, com cada uma variando entre algumas dimensões como uso ou interpretabilidade. A chave para se distinguir efetivamente informação de conhecimento não está no conteúdo, na estrutura, acuracidade ou utilidade do que se supõe informação ou conhecimento. Conhecimento é informação presente na mente dos indivíduos, é informação personalizada relacionada a fatos, procedimentos, conceitos, interpretações, idéias, observações e julgamentos. Outros autores como Tuomi (1999) dizem que atualmente essa hierarquia é inversa: conhecimento deve existir antes de a informação poder ser formulada e dados poderem ser mensurados. Segundo ele, o conhecimento existente, quando articulado, verbalizado e estruturado, se torna informação a qual, quando relacionada a uma representação fixa e uma interpretação padronizada, se torna dado. O crítico desse argumento é o conhecimento não existir fora de um agente ( o conhecedor). Para Alavi e Leidner (2001, p. 104), conhecimento é o resultado do processo cognitivo provocado por novos estímulos. Consistente com essa visão a informação é convertida em conhecimento quando processada na mente dos indivíduos e conhecimento se torna informação quando articulado e apresentado na forma de textos, gráficos, palavras ou outras formas simbólicas. Segundo os autores, para que os indivíduos cheguem ao mesmo entendimento dos dados e informações eles devem partilhar de certa base de conhecimento. Eles salientam ainda que os sistemas para gestão do conhecimento não são radicalmente diferentes de outras formas de sistemas de informação, no entanto, são desenhados para que os usuários atribuam significado às informações e para que possam capturar algum conhecimento dessas informações e dados disponibilizados. Há várias perspectivas para o conhecimento. Segundo Alavi e Leidner, o modo de se fazer gestão do conhecimento depende de como o conhecimento é visto dentro da organização. Cada perspectiva sugere uma estratégia diferente para gerenciar o conhecimento e, conseqüentemente, uma perspectiva diferente de função dos sistemas no suporte da gestão do conhecimento. O conhecimento pode ser um estado de espírito, um objeto, um processo, uma condição para se obter uma informação, a capacidade para se influenciar uma ação. Para Nonaka (2000, p. 30), a fase de criação, presente na gestão do conhecimento, não é um simples processamento de informações objetivas. A criação de novos conhecimentos depende das intuições, das crenças pessoais, dos palpites tácitos. Percebe-se o quanto esse componente subjetivo é importante em uma tomada de decisão jurídica, estudo de caso dessa pesquisa. As normas e leis estão disponíveis, mas a maneira de interpretá-las está intimamente ligada com a experiência singular de cada um dos magistrados. O elemento crítico do processo de criação de conhecimento, segundo o autor, é o comprometimento pessoal e o senso de identidade das pessoas com a organização e sua missão. Incorporar esses conhecimentos tácitos em um produto (no caso da Justiça, os votos e decisões) exige que os tomadores de decisão se sintam tão à vontade com relação a símbolos quanto a informações concretas. Para o autor japonês, a empresa criadora de conhecimento é feita de idéias e ideais e está constantemente recriando a si própria e as pessoas que a compõe. A Justiça do Trabalho, também por ser uma instituição, possui ideais bem claros como prestar o melhor atendimento possível ao cidadão ou tomar decisões imparciais. É uma organização viva, no entanto, as mudanças e adaptações na esfera pública têm sido mais lentas que na iniciativa privada. Investindo em processos de gestão do conhecimento, a Justiça do Trabalho tem respondido mais rapidamente às mudanças propostas. Nonaka e Konno (1998, p.42) apresentam definições para tipos distintos de conhecimento: o tácito e o explícito. Essa conceituação é relevante para a gestão do conhecimento. O conhecimento explícito é formal e sistemático. Assim, é facilmente transmitido entre os indivíduos. Já o conhecimento tácito é pessoal, difícil de visualizar e formalizar. Dessa forma, é difícil de ser comunicado ou compartilhado com outros. Insights e intuição fazem parte dessa categoria. Conhecimento tácito é enraizado profundamente em ações e experiências individuais. Esse tipo de conhecimento é o de maior valia para as organizações, já que é de difícil imitação e é o responsável por gerar novos conhecimentos aplicáveis pela organização. A partir da diferenciação entre conhecimento tácito e explícito surgem quatro padrões para criação do conhecimento: 1. De tácito para tácito: conhecimentos tácitos passados diretamente de uma pessoa a outra. Ocorre através da socialização entre as pessoas e entre os grupos. Os indivíduos absorvem esses conhecimentos ainda pela observação, imitação e prática. No entanto, se esses conhecimentos não se tornarem explícitos, a organização como um todo não conseguirá servir-se deles. Na prática, segundo os autores, a socialização evolve conhecimento capturado através de proximidade física. Como obter socialização quando os indivíduos estão fisicamente distantes? Será possível reconstituir esse ambiente comum, chamado de ba pelos autores em um ambiente virtual? Empresas com unidades geograficamente distantes estão utilizando tecnologias como portais para prover aos indivíduos esse ambiente comum, onde possam interagir mesmo estando longe uns dos outros. A Justiça do Trabalho está adotando um ambiente virtual de colaboração para prover proximidade entre os membros dos Grupos de Trabalho, alocados em diferentes estados do país; 2. De Explícito para explícito: os indivíduos são capazes de combinar vários conhecimentos explícitos disponíveis, construindo novos conhecimentos a partir deles. No entanto, esse tipo de combinação não amplia a base de conhecimentos já existente; 3. De tácito para explícito: são criados novos conhecimentos sempre que se consegue expressar os fundamentos de conhecimentos tácitos, de maneira que possam ser processados e disseminados de maneira explícita pela organização. Essa etapa da evolução do conhecimento é chamada de externalização. Ela é suportada por dois fatores: a articulação do conhecimento tácito envolve técnicas que auxiliam a expressar imagens e idéias através de palavras, conceitos ou metáforas. O segundo fator é a tradução do conhecimento tácito de especialistas de forma que possa ser compreendido. Durante a construção do sistema de apoio às salas de sessão esse tipo de transformação ficou evidenciada. Equipes de especialistas trabalharam em parceria: de um lado os juízes do Tribunal de outro, os analistas e desenvolvedores da ferramenta; 4. De explícito para tácito: a medida que esse novo conhecimento explícito é compartilhado, os indivíduos passam a utilizá-lo. Através da relação desses conhecimentos agora explícitos com seu conjunto pessoal de crenças e valores, seus próprios conhecimentos tácitos ampliam. Essa fase é chamada internalização. Transforma conhecimento explícito em conhecimento organizacional tácito. Isso ocorre constantemente durante a interação dos magistrados com o sistema de gestão do conhecimento a eles disponibilizados. A partir do acesso às bases de dados, jurisprudências, acórdãos, esse conhecimento passa a ser por eles internalizado e, posteriormente, será aplicado em suas tomadas de decisão. Nas empresas que aprendem, esses quatro padrões estão presentes e em constante interação, constituindo o que os autores chamaram de espiral do conhecimento. Um processo de gestão do conhecimento deve considerar esse processo de criação do conhecimento, que se dá basicamente quando conhecimento tácito transforma-se em explícito. 4.2. Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento No processo de criação de conhecimentos, estão implícitos alguns conceitos de aprendizagem organizacional. Não há como desenvolver uma empresa para aprendizagem sendo ela incapaz de gerar conhecimentos. A aprendizagem organizacional se dá em três níveis: individual, grupal e organizacional. Conforme Nonaka e Takeuchi, “ embora usemos o termo “criação de conhecimento organizacional, a organização não pode criar conhecimento em si sem a iniciativa dos indivíduos e as interações que ocorrem no grupo”. (I. Nonaka & H. Takeuchi apud Terra, pg 65). Assim, sabe-se que a criação de conhecimento se dá do indivíduo em direção á organização. “As organizações aprendem somente por intermédio de indivíduos que aprendem. O aprendizado individual não garante o aprendizado organizacional. Mas, sem ele, o aprendizado organizacional não acontece” (Senge apud Terra). O aprendizado individual nas organizações vem sendo estudado através das abordagens cognitivistas e experenciais, as quais supõe que o processo de aprendizagem individual pode ser compreendido através da maneira como as percepções, atitudes e crenças pessoais são modificadas por experiências concretas, que geram uma constante revisão dos conceitos aprendidos e afetam o comportamento dos indivíduos. Nesse sentido, a utilização de um novo sistema de informação, por ser uma experiência concreta que afeta diretamente o trabalho individual, pode atuar como um fator de aprendizagem e impulsionador de mudança organizacional. Segundo Garvin (2000, p.50), os conceitos apresentados até aqui parecem não oferecer nenhum referencial para a ação. Para o autor existem três temas críticos que determinam as organizações que aprendem e que ainda estão sem solução: a questão do significado (meaning), que seria a definição fundamentada do que é uma organização que aprende, e que possa ser transformada em ação; a questão da gestão (management), que se refere às diretrizes operacionais sobre os aspectos práticos da aprendizagem e, por fim, a questão da mensuração (measurement), para avaliar os níveis de aprendizado da organização. Para Garvin uma “organização que aprende é a que dispõe de habilidades para criar, adquirir e transferir conhecimentos, e é capaz de modificar seu comportamento de modo a refletir os novos conhecimentos e idéias”. A melhoria obtida através da aprendizagem deve se materializar em alteração nos comportamentos. Para ele, para que as organizações aprendam, precisam ter habilidade em cinco atividades principais, quais sejam: 1. Solução de problemas de maneira sistemática: o diagnóstico dos problemas deve basear-se em métodos científicos, utilizando dados e ferramentas estatísticas para gerar inferências sobre a questão; 2. Experimentação: busca sistemática e teste de novos conhecimentos. A diferença é que visa não apenas a solução de problemas, mas almeja identificar e aproveitar novas oportunidades; 3. Aprendizado com as próprias experiências: analisar informações sobre o passado da organização, sucessos e fracassos, a fim de captar conhecimentos úteis na situação presente; 4. Aprendizado em outros: consiste em observar atentamente o ambiente externo em busca de novas perspectivas; 5. Transferência de conhecimento: para que de fato ocorra o aprendizado organizacional, o conhecimento deve ser disseminado com rapidez e eficiência por toda a organização. Nesse ponto as empresas precisam investir em incentivos adequados, a fim de mobilizar os colaboradores a disseminarem as idéias. A questão seguinte refere-se a mensuração do aprendizado, uma vez que o que não é possível gerenciar algo que não possa ser medido. As curvas de aprendizagem e de experiência ainda são ferramentas bastante utilizadas em organizações com a intenção de medir níveis de aprendizagem. No entanto, são incompletas e não permite que se observe todas as dimensões desse fenômeno, não indicando como podem ser alavancadas as mudanças. Para o autor, o aprendizado pode ser acompanhado em três estágios: fase cognitiva, quando os membros da organização são expostos às novas idéias e passam a pensar de forma diferente; a fase comportamental, quando essas novas idéias passam a ser internalizadas por todos e percebe-se modificação do comportamento em geral e, por fim, a fase da melhoria do desempenho, quando as mudanças comportamentais geram resultados quantificáveis, como aumento da qualidade ou da produtividade. Finalmente, o autor apresenta como deve ser feita a gestão das organizações para que elas aprendam. O primeiro passo que os administradores devem dar é a permissão de algum tempo livre aos empregados, para que estes possam refletir e internalizar novos conceitos. Outro benefício que uma gestão eficiente pode prover é estimular a troca de idéias. Para tanto as barreiras física e tácitas devem ser derrubadas, uma vez que estas isolam os indivíduos e grupos e dificultam que as informações fluam na organização. As iniciativas de trocas de idéias devem ser respaldadas pela administração e podem progredir para a realização de fóruns de aprendizagem. Os magistrados são trabalhadores do conhecimento, gerenciam a si mesmos e têm a aprendizagem e o ensino contínuos como parte de sua função e são senão patrocinadores, parceiros no empreendimento da gestão do conhecimento. Trazendo os conceitos apresentados por Garvin para a realidade do Poder Judiciário percebe-se que há possibilidade de se desenvolver habilidades na maioria das atividades citadas pelo autor. A atividade fim dos Tribunais, análise e julgamento de processos é feita de forma sistemática, utilizando dados concretos para realizar inferências sobre os problemas em estudo. No entanto, a regulamentação das tarefas a serem desenvolvidas não permite experimentação. O mais próximo que ocorre nesse sentido é quanto às decisões judiciais acerca de matérias novas. Quando não há jurisprudência a respeito de uma determinada questão, por exemplo, existe margem para que o magistrado teste novos conhecimentos. Quanto a aprender com as próprias experiências ou com experiências de outros, o judiciário o faz o tempo todo. Sempre que um voto é construído são consideradas decisões anteriores acerca do mesmo assunto e, no caso de não haver jurisprudência formada, busca-se decisões sobre matéria semelhante, dados estatísticos dentre outras informações para apoiar uma decisão. Com a implantação de sistemas de informação para apoio à gestão do conhecimento, a transferência de conhecimento é feita constantemente. Desde a distribuição dos votos a quem é permitido até a posterior publicação dos acórdãos, tudo é feito de maneira eletrônica e imediata. Assim, embora seja necessário aprofundar a teoria a respeito da gestão do conhecimento, o que será feito no desenvolvimento da dissertação, já se pode perceber que a gestão do conhecimento, apoiada em tecnologia da informação, é estratégica para a mudança no Poder Judiciário, possibilitando o alcance de melhor performance e redução de custos na prestação de serviços jurídicos. 4.3. Tecnologia da Informação e gestão do conhecimento A tecnologia da informação parece ser elemento imprescindível para que se possa efetivamente gerenciar conhecimento. Através de tecnologia, é possível armazenar imensa quantidade de informações e conhecimentos e recuperá-los quando solicitado pelos usuários. O grande objetivo da aplicação de soluções informatizadas é ampliar o alcance da informação, superando barreiras geográficas e acelerando o processo de transferência de conhecimento. Hansen, Nohria e Tierney, em artigo escrito para Harward Business Review em 1999 (2000, p. 78), apresentam duas estratégias para utilizar tecnologia da informação, de maneira correta, como apoio à gestão do conhecimento: estratégia de codificação e estratégia de personalização. Quando os conhecimentos podem ser “minuciosamente codificados e armazenados em bancos de dados, de onde podem ser acessados e utilizados facilmente”, ou seja, são explícitos, deve-se adotar a estratégia de codificação. Ela permite que os conhecimentos sejam reutilizados e mantém a memória da organização. Se os conhecimentos presentes na empresa forem intimamente ligados ao indivíduo, expresso apenas durante a realização de seu trabalho, o objetivo principal dos computadores passa a ser prover meio de comunicação. Apóia o processo de gestão apenas através da transferência de informações e não armazenamento. A estratégia a ser adotada deve estar ligada à estratégia da organização. Pensando nas instituições do Poder Judiciário, não há como definir claramente qual seria a estratégia mais adequada, uma vez que ambos os tipos de conhecimentos estão presentes, tanto tácitos, o que justificaria a adoção da estratégia de personalização, quanto explícitos, o que levaria a escolha da codificação. A grande maioria dos conhecimentos utilizados no trabalho do dia-a-dia são codificáveis, mas não se deve negligenciar a existência de conhecimentos que apenas podem ser transferidos de pessoa para pessoa, através de contato direto. Alavi e Leidner(2001, p. 114) falam sobre os sistemas para gestão do conhecimento. “São sistemas baseados em tecnologia da informação desenvolvidos para suportar e reforçar o processo organizacional de criação, armazenamento/recuperação, transferência e aplicação de conhecimento”. Esses sistemas são usados para codificar e compartilhar as melhores práticas, criar diretórios de conhecimento corporativo e criar redes de conhecimento. Disseminar melhores práticas auxilia na melhoria da qualidade dos serviços prestados. A criação de diretórios de conhecimento visa codificar os conhecimentos de uma organização. Mapear a expertise da empresa é potencialmente útil para aplicação da gestão de conhecimento. A maioria dos melhores conhecimentos normalmente estão inacessíveis. Por fim, a terceira aplicação mais comum que é a criação de uma rede de conhecimentos é utilizada para compartilhar conhecimento e trabalhar em conjunto, em equipes virtuais. Esse tipo de tecnologia visa trazer as pessoas, virtualmente, para trocar e construir conhecimento coletivo em áreas específicas. Esses autores desenvolveram um framework para analisar o papel dos sistemas de informação no processo de gestão do conhecimento organizacional. De acordo com esse modelo, organizacões como sistemas de conhecimento consistem em quatro conjuntos de processos: (Alavi e Leidner, 2001). 1. Criação: envolve o desenvolvimento de novos conteúdos ou substituição de conteúdo existente dentro da organização. Envolve o processo de criação do conhecimento apresentado por Nonaka e Konno anteriormente ( 1998). É útil considerar condições e ambiente que facilitem a criação do conhecimento. Esse é o conceito do ba. A internalização pede um espaço para o exercício e aprendizagem individual contínua. Pode valer-se de Intranets com aplicações de ensino à distância, por exemplo. Esse é o chamado exercising ba. Já o cyber ba é utilizado para o processo de combinação e pode valer-se da tecnologia da informação por meio de armazéns de dados, técnicas de mineração, repositórios de documentos. Sistemas de informação desenvolvidos para dar suporte à processos de colaboração, coordenação e comunicação podem ser componentes do interacting ba, espaço solicitado na externalização de conhecimentos tácitos em explícitos, facilitando o trabalho dos times e aumentando o contato pessoal. Provendo um espaço para interação entre os membros da organização, para troca de idéias e perspectivas e para estabelecer diálogo, os sistemas de informação podem habilitar os indivíduos a terem novos insights e interpretações mais acuradas do que quando feitas por eles mesmos. • Armazenamento/ recuperação: armazenar, organizar e recuperar o conhecimento organizacional organizacional, é isto é, manter a memória bastante importante para a gestão do conhecimento na organização. Memória organizacional inclui conhecimento mantido em documentos escritos, informações estruturadas mantidas em bases eletrônicas de dados, conhecimento humano codificado e armazenado em sistemas especialistas, procedimentos organizacionais documentados e conhecimento tácito adquirido pelos indivíduos em redes(Tan et. al. apud Alavi e Leidner, 2001, p. 118). Memória auxilia na reutilização de conhecimentos através de padrões e procedimentos. Diversas ferramentas de tecnologia podem ser utilizadas para manter a memória organizacional. Tecnologias avançadas de armazenamento e recuperação de dados podem ser ferramentas úteis para reforçar a memória organizacional e aumentar a velocidade com a qual essas informações podem se acessadas. • Transferência: Transferências de conhecimento em uma organização se dão entre indivíduos, de indivíduos para grupos, entre grupos e de grupos para a organização. Um importante processo de gestão do conhecimento organizacional é transferir o conhecimento para os locais onde ele é necessário e possa ser usado. Esse processo pode ser complicado em empresas que conhece aquilo que sabe e possui sistemas fracos para localizar e recuperar informações neles armazenados (Huber apud Alavi e Leidner). No entanto, muitas ferramentas de tecnologia podem ser utilizadas para esse processo. Uma inovação no uso de tecnologia é a utilização de agentes inteligentes, capazes de identificar diferentes perfis de membros da organização, de forma a determinar quais são seus interesses. Tecnologias de vídeo podem reforçar a transferência. Redes de computadores, boletins eletrônicos e fóruns de discussão facilitam o contato entre a pessoa que busca um conhecimento e aquela que tem acesso ao conhecimento. • Aplicação: a parte mais importante da gestão do conhecimento e a aplicação do mesmo. TI pode infiltrar conhecimentos nas rotinas da organização. Os próprios sistemas tornam-se normas organizacionais. Tecnologia pode ser adotada para reforçar o conhecimento integrando e facilitando a captura, atualização e acessibilidade de diretivas organizacionais. A pesquisa a ser realizada pretende avaliar em quais processos da gestão do conhecimento a Justiça do Trabalho utiliza tecnologia da informação e de que forma ela faz isso. Se a TI houver sido aplicada de maneira correta, o ciclo de gestão do conhecimento deve ser percebido e os benefícios desse processo serão explícitos. 4.4. Compartilhamento através de redes de cooperação No campo da administração, “o conceito de rede tem sido empregado para caracterizar um conjunto de fluxos, por exemplo, recursos e informações, entre um conjunto de nós, por exemplo, indivíduos, grupos, organizações ou sistemas de informação”(Fombrun apud Balestrin e Vargas, 2004, p. 205). A partir da criação do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e a posterior criação dos Grupos, os sistemas a serem adotados nos Tribunais passaram a ser analisados e discutidos em uma rede de cooperação. Informações referentes ao funcionamento da área fim e melhores práticas adotadas em cada um dos nós passaram a ser compartilhadas através dessa rede interorganizacional. Isso é feito através de encontros presenciais entre os participantes, sendo pelo menos uma por mês, e utilizando tecnologia da informação como portal, para manter os nós conectados quando os membros estão geograficamente distantes. O compartilhamento de informações, que era feito de maneira informal, passa a ser formal. Isso ocorreu através da formalização de grupos de trabalho, que passaram a interagir de maneira colaborativa. Esses Grupos passam a transformar conhecimento implícito nas rotinas de trabalho dos Tribunais, em conhecimento explícito, compartilhado por todos e transpostos para sistemas informatizados. As investigações sobre redes foram conduzidas com base em algumas correntes teóricas (Caglio, 1998, apud Balestrin e Vargas, 2004, p. 206). Analisando o caso da Justiça do Trabalho, pode-se aferir que a organização em rede foi estimulada pelos Tribunais apoiada na dependência de recursos, custos de transação e teoria institucional. Os Tribunais, trabalhando de maneira isolada, estavam sempre necessitando de recursos complementares tanto tangíveis como tecnologia, em especial no que se refere a aparelhamento tecnológico, quanto intangíveis, falando em informação acurada, conhecimentos e habilidades tanto na área de tecnologia como na área fim da instituição. Além disso, isoladamente os Tribunais consumiam mais recursos para manterem suas áreas de tecnologia oferecendo suporte à área fim, razão pela qual a estratégia de redução de custos de transação foi citada. Em rede, através da troca de informações, a incerteza e o risco de ineficiência diminuem. Além disso, os custos relacionados ao aparelhamento ficam reduzidos já que se passa a efetuar compras em escala. Isso permite padronização dos nós da rede, elevando assim, o índice de desempenho de cada um e da rede como um todo. Por fim, a busca por legitimidade em seu ambiente institucional também impulsionou as áreas de tecnologia a trabalharem em rede. Com relação a tipologia de rede adotada, trata-se de uma rede horizontal e formal. Os Tribunais, ao fazerem parte da rede, mantém sua autonomia, mas passam a realizar algumas atividades específicas de maneira conjunta (Balestrin e Vargas, 2004, p. 208), no caso, gestão da informação e tecnologias. Por meio de cooperação interorganizacional essa rede forma um ambiente de aprendizagem por meio da cooperação, o que impulsiona a criação de novos conhecimentos, fase da gestão do conhecimento que é foco do presente estudo. Ainda, a rede formada na Justiça do Trabalho passou de informal (Knorring e Meyer-Stamer apud Balestrin e Vargas, 2004, p. 209), já que havia encontros informais entre diretores com preocupações semelhantes, que o faziam de livre vontade para uma rede formal, organizada por meio de contrato e com regras claras de participação. Segundo esse contrato, cada Tribunal deverá fazer parte de pelo menos um grupo de trabalho, e nenhum grupo de trabalho poderá ter mais que cinco membros. 5. Metodologia de Pesquisa 5.1. Etapa descritiva do caso As primeiras aparições de órgãos especializados em julgar divergências nas relações de trabalho datam de 1806, tendo sido encontradas nos Conseils de Proud’Hommes – homens prudentes. O sucesso dessa experiência viria a estimular outros países a buscar essa justiça especializada. A preocupação em garantir direitos básicos ao trabalhador apareceu pela primeira vez na Constituição mexicana de 1917, que dedicou 30 artigos aos direitos sociais e do trabalhador. Após, o Tratado de Versalhes, de 1919, a partir do qual se originou a Organização Internacional do Trabalho (OIT), como órgão da antiga Liga das Nações, hoje Organização das Nações Unidas (ONU). Também em 1919, a Constituição de Weimar procurou garantir direitos básicos ao trabalhador. No Brasil, a Justiça do Trabalho foi prevista, como um órgão do poder administrativo, pela Constituição de 1939, no governo de Getúlio Vargas. No entanto, ela só foi criada em 1 de maio de 1939, sendo efetivamente instalada dois anos depois. Permaneceu como uma entidade da esfera administrativa até 1946, quando passou a ser integrante do Poder Judiciário. A atividade fim da Justiça do Trabalho é a prestação jurisdicional. Segundo a Constituição Federal de 1988, artigo 114, “compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios e do Distrito Federal, dos Estados e da união, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios, que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas”. Assim, cabe aos órgãos da Justiça do Trabalho, em seus diferentes graus de jurisdição, decidir sobre os conflitos surgidos durante as relações de emprego. 5.1.1.Estrutura e Composição da Justiça do Trabalho O Artigo 111 da Constituição da República estruturou a Justiça do Trabalho em três graus de jurisdição. A primeira instância é composta da Varas do Trabalho. Julgam apenas litígios surgidos das relações de trabalho entre empregado e empregador pessoa física. O conflito protocolado na Vara do Trabalho na forma de uma reclamação trabalhista. Sua jurisdição é local, abrangendo um ou mais municípios. Atualmente existem 1327 Varas do Trabalho no Brasil, e 269 novas Varas serão criadas até 2008. As Varas do Trabalho são compostas por um Juiz Titula e um juiz substituto. Atualmente há no Brasil 2.288 juízes de primeira instância. A segunda instância são os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs). Julgam os recursos contra as decisões de primeira instância, dissídios coletivos, ações rescisórias de decisões suas ou das Varas e os mandados de segurança contra atos de seus juízes. A Justiça do Trabalho conta com 24 TRTs. A composição de cada Tribunal Regional é definida de acordo com o volume de processos que circulam em cada jurisdição. O Rio Grande do Sul possui hoje 36 juízes de segunda instância. O julgamento de processos em segunda instância se dá através de colegiados, que são as turmas de julgamento. São compostas pelo juiz relator, juiz revisor, membros e, eventualmente, por representante do Ministério do Trabalho. Cada Turma possui seu presidente, que coordena o andamento da sessão. A instância extraordinária representada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), tem sede em Brasília - DF e jurisdição em todo o território nacional. Sua principal função é uniformizar a jurisprudência trabalhista. É composto atualmente por 27 juízes, que passam a ser chamados Ministros. Julga recursos contra decisões de TRTs e dissídios coletivos de categorias organizadas em nível nacional. Ainda, mandados de segurança, embargos opostos às suas próprias decisões e ações rescisórias. Em dezembro de 2004, através da promulgação da Emenda Constitucional 45 no Congresso Nacional, as competências da Justiça do Trabalho foram ampliadas. Atualmente, a Justiça Trabalhista julga não apenas as ações de relação de emprego regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho, mas também qual conflitos decorrentes de qualquer relação de trabalho. Dentre as novas atribuições estão ainda o julgamento de ações sobre representação sindical, atos decorrentes de greve, indenização por dano moral ou patrimonial resultantes da relação de trabalho e os processos relativos às penalidades administrativas impostas aos empregadores por fiscais do traballho. 5.1.2.Conhecimento da Justiça do Trabalho A Justiça do Trabalho é uma instituição prestadora de serviços cuja atividade fim é alicerçada em conhecimento. O que a organização possui de mais caro é o seu capital intelectual. São os juizes e assessores que constroem conhecimento a cada processo analisado. Assim, gerenciar conhecimento nesse cenário é vital para a prestação jurisdicional. Durante os muitos anos de existência da Justiça do Trabalho, muita jurisprudência foi desenvolvida acerca dos casos julgados. Jurisprudência nada mais é do que a aplicação de estudos de casos jurídicos na tomada de decisões judiciais. A aplicação desta é tarefa dos juízes que consideram, além da jurisprudência, outras normas legais relevantes para chegar a uma decisão judicial. A jurisprudência refere-se à decisão irrecorrível de um Tribunal, é o conhecimento necessário para uma tomada de decisão acertada. Dessa forma, os juízes e seus assessores, ou seja, aqueles que trabalham diretamente na construção de uma decisão jurídica, devem ter acesso irrestrito à Jurisprudência existente. Tendo em vista o volume de casos julgados a cada ano, pode-se ter uma idéia da quantidade de informações que deve ser acessadas pelos profissionais do Direito. Disponibilizar esses conhecimentos à esses usuários, de forma que possam encontrar o que procuram no momento necessário é um desafio. Além da jurisprudência, há constantes modificações na legislação aplicável, razão pela qual os Magistrados e seus assessores devem estar sempre atualizados. No caso da Justiça do Trabalho, deve-se considerar ainda a ampliação de suas competências, feita pela promulgação da Emenda Constitucional 45 no Congresso Nacional, em dezembro de 2004. Dessa forma, esses conhecimentos precisam ser assimilados e utilizados pelos magistrados trabalhistas para que as decisões judiciais passem a ser menos passíveis a erros, o que reduziria o número de recursos em instâncias superiores, dando maior celeridade aos processos trabalhistas. Para que o imenso volume de dados, informações e conhecimentos criados e utilizados pela Justiça do Trabalho possam ser compartilhados e aplicados foi necessário se empreender projetos que envolvem gestão do conhecimento, apoiados em tecnologia da informação, único meio capaz de organizar todo esse conhecimento organizacional. Alguns Tribunais iniciaram, de maneira isolada, a construção de sistemas para gestão do conhecimento. Essas ferramentas passaram a permitir recuperação rápida de informações armazenadas em bancos de dados, compartilhamento de conhecimentos através de portais ou outras tecnologias de colaboração e trabalho em rede. Essas iniciativas começaram, de maneira tímida, a criar redes de conhecimento dentro de cada Tribunal. 5.1.3.Gestão Integrada da Informação da Justiça do Trabalho Percebendo essas iniciativas isoladas, alguns Diretores das áreas de Tecnologia, interessados em desenvolver as melhores soluções para seus Regionais, passaram a interagir de maneira informal. Iniciou-se um tímido trabalho colaborativo, no qual os Tribunais envolvidos trocavam sistemas entre si. Esses sistemas eram adaptados localmente para atender aos requisitos determinados localmente. A grande maioria das informações e conhecimentos de uma organização, seja ela pública ou privada, estão hoje armazenadas em base tecnológica, sejam arquivos eletrônicos ou bancos de dados. Nessa realidade, os responsáveis pelas áreas de tecnologia dos Tribunais passaram a se preocupar com a manutenção dessas informações e perceberam grandes possibilidades de apoio à atividade jurisdicional através da disponibilização desses conhecimentos de maneira estruturada, dentro de um sistema de informação. Em Junho de 2005 criou-se o Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Essa entidade passou a ser responsável pela integração desse ente do Poder Judiciário. Entre diversas atribuições, ele tem a função de realizar a supervisão da área administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial de toda a Justiça do Trabalho. Esse Conselho é formado pelo presidente e vice-presidente do TST entre outros. A entidade, percebendo o isolamento em que os TRT trabalhava e vendo os prejuízos disso para a Justiça Trabalhista como um todo, já que se deixava de aproveitar os benefícios de se atuar de forma colaborativa, criou a Consultoria-Geral de Informática. Essa consultoria passou a ser composta pelos Diretores de Tecnologia que já vinham trabalhando em conjunto, informalmente. Daí surgiu o Projeto de Gestão Integrada da Informação da Justiça do Trabalho. Para esse Projeto foram criadas equipes de trabalho por área de interesse (áreas focadas em tecnologia de informação), formadas por profissionais de diferentes Regiões, que possuem a missão de empreender ações que padronizem sistemas e equipamentos entre as Regiões, mas que, principalmente, apliquem a tecnologia para impulsionar a atividade fim da Instituição. Assim, os Tribunais passaram a interagir entre si, compartilhando experiências e desenvolvendo ações e sistemas de maneira colaborativa. Esses grupos de trabalho, formado basicamente por pessoas das áreas de tecnologia, interagem com juizes e funcionário da área fim dos Tribunais, com a intenção de compreender como se dá o desenvolvimento do trabalho dessas pessoas e como a tecnologia da informação pode auxiliar nesse sentido. De que forma pode-se promover a gestão do conhecimento na Instituição, utilizando tecnologia da informação. Para facilitar a comunicação e o compartilhamento de informações entre os membros dos grupos de trabalho, o Conselho Superior da Justiça do Trabalho adotou um portal de colaboração. Através dele, os membros podem manter fóruns de discussão, publicar seus trabalhos, acessar conteúdo publicado por outros, trocar mensagens através de email entre outros. A partir dessa preocupação e da integração entre os diversos Tribunais da Justiça do Trabalho, a Consultoria-Geral de Informática analisou os estudos e sistemas feitos em cada Tribunal, a fim de eleger o que seria o modelo inicial de aplicação a ser disponibilizada em cada uma das instâncias. Nesse estudo, alguns projetos referentes à gestão do conhecimento foram destacados para serem discutidos de maneira conjunta e aprimorados. Os que interessam a esse estudo são os sistemas de sessão de julgamento, sistemas de apoio às atividades do segundo grau e sistema de fluxo de documentos eletrônicos. O sistema de sessão eletrônica de julgamento, denominado e-Jus, havia sido desenvolvido pelo TRT da 4 Região, tendo sua primeira versão colocada em produção no ano de 2002. Esses sistema revolucionou as sessões de julgamento no Tribunal. Eliminou a necessidade de uso de qualquer tipo de papel. Todas as informações necessárias estão no sistema. Integrado com o sistema de segundo grau, onde está disponível toda a base de se julgar um processo e eliminado a necessidade de papel. Por meio de uma linguagem de cores e símbolos, os juízes acessam e preparam os votos das sessões de julgamento, indicando suas observações, divergências e notas aos seus gabinetes. O voto pode ser produzido, revisado e distribuído aos demais membros da turma através do sistema. Este armazena e controla a distribuição dos votos entre as pessoas autorizadas, gerencia versões individuais do mesmo voto e apresenta-os aos participantes do julgamento durante a sessão. Para auxiliar a comunicação e a discussão dos votos antes mesmo da sessão, o sistema possui um comunicador on-line. Através deles os juizes e assessores discutem sobre os processos durante a construção dos votos. Antes da implementação desse sistema, apenas no Tribunal da 4 Região eram impressas e levadas para as sessões de julgamento cerca de 500.000 folhas por ano. Considerando que são realizadas por volta de 400 sessões em um ano, aproximadamente 1250 folhas eram levadas para uma sessão. Elas continham os conhecimentos necessários para que os juízes tomassem as decisões referentes aos processos em julgamento. Esse método de trabalho era extremamente oneroso e lento, já que a busca pelas informações relevantes presentes nesse “maço”de papéis era bastante ineficiente. Além disso, não permitia ao juiz acesso a informações que ele não houvesse impresso anteriormente e levado consigo para a sala de sessão. Nessa época, eram julgados por volta de 100 processos em uma sessão. Esta tinha início as 8 horas da manhã e não terminava antes de meia-noite. Ora, é evidente que não era possível manter a mesma qualidade das decisões em sessões tão longas e onde o acesso a informações complementares era restrito. Hoje, com o sistema em produção, são julgados cerca de 150 processos em uma sessão, a qual é concluída por volta das 14 horas. Ou seja, o tempo de julgamento reduziu de 13 horas para 7 horas e, ainda, um maior número de processos passou a ser julgado na mesma sessão. Esse sistema recebeu diversas premiações entre elas o destaque dentre as “Iniciativas de Sucesso”do IX CONIP – Congresso Nacional de Informática Pública, em 2003. Matérias sobre esse sistema encontram-se no Anexo1. As ações do Projeto de Gestão Integrada da Informação da Justiça do Trabalho possui dotação orçamentária própria, conforme o especificado no quadro abaixo: 2004: R$ 22.000.000,00 (100% executado) 2005: R$ 75.000.000,00 (100% executado) 2006: R$ 39.000.000,00 (em execução) Fonte: Antonini, E. CNASI 2006. O foco do estudo proposto no presente projeto está nesse cenário. Está em pesquisar como a Justiça do Trabalho está promovendo a gestão do conhecimento trabalhando de forma colaborativa, e adotando tecnologia da informação para tanto. Serão analisados nesse contexto alguns sistemas para gestão do conhecimento já em uso nos Tribunais do Brasil, buscando demonstrar os benefício trazidos por eles, como a melhoria de desempenho dos magistrados e redução de custos. 5.2. Metodologia de pesquisa A metodologia de pesquisa a ser utilizada é o estudo de caso único com múltiplas unidades de análise proposto por Yin (2005). Ele defende o estudo de caso como uma técnica válida quando se examinam acontecimentos contemporâneos, em que não se pode manipular comportamentos relevantes. Além disso, a questão proposta refere-se a como uma instituição pública vem promovendo a gestão do conhecimento através de redes de cooperação que incentivam a aprendizagem organizacional e forte aplicação de tecnologia da informação. Segundo o autor, se o enfoque da investigação for questões do tipo “como” ou “por que”, estará se realizando um estudo de caso. Serão levantadas proposições para que as questões levantadas realmente apontem para aquilo que se deseja estudar. Segundo Yin, as proposições devem refletir questões teóricas importantes e servem para indicar onde procurar evidências relevantes. A Justiça do Trabalho no Brasil é formada por vinte e cinco Tribunais sendo vinte e quatro Tribunais Regionais do Trabalho e um Tribunal Superior. A pesquisa a ser realizada será um estudo de caso único, com múltiplas unidades de análise proposto por Yin (2005). O caso será a Justiça do Trabalho, sendo cada Tribunal que a compõe uma unidade de análise. Salienta-se que apenas serão estudadas as unidades que adotaram os sistemas de gestão do conhecimento a serem avaliados, até no máximo quatro unidades, uma vez que ainda não houve tempo para que as ferramentas fossem implantadas em 100% do judiciário trabalhista. Para a seleção das unidades de pesquisa serão considerados indicadores de produtividade, mantidos pelos Tribunais e disponíveis para acesso público. Entre esses indicadores pode-se citar número de processos julgados e prazos médios de julgamento, por exemplo. Assim, as questões de pesquisa levantadas na dissertação serão aplicadas a cada uma dessas unidades. A fase exploratória buscará evidências que possam explicar como uma instituição pública pode se tornar uma organização que gere novos conhecimentos utilizando, para tanto, trabalho em redes de cooperação e tecnologia da informação. As instituições públicas já possuem orçamento pré-estabelecido. Não precisam competir no mercado para obter recursos. Dessa forma, precisam apenas descobrir caminhos para melhorar a prestação de serviços à sociedade. Ainda, a fase exploratória irá se preocupar em como a tecnologia da informação auxilia o compartilhamento de melhores práticas dos Tribunais, para a promoção da gestão do conhecimento. 5.2.1.Coleta de Dados Com relação à coleta de dados, segundo Yin (2005), as evidências para um estudo de caso podem vir de fontes distintas como documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. Para aumentar a qualidade de um estudo de caso, o pesquisador deve utilizar duas ou mais fontes de evidência, que estejam convergindo para o mesmo conjunto de descobertas. Ainda, indica a utilização de um banco de dados para o estudo de caso e o encadeamento das evidências, ou seja, ligações explícitas entre as questões feitas, os dados coletados e as conclusões obtidas. Para o desenvolvimento da pesquisa proposta aqui, pretende-se utilizar as cinco fontes de evidência citadas por Yin: documentação disponível que possa indicar qualquer tentativa de gestão do conhecimento nas unidades de análise, entrevistas com gestores das diferentes áreas dos Tribunais, observação direta, observação participante e artefatos físicos, entendo os sistemas de informação como tal. A observação direta pretende ser realizada em visitas às unidades de análise enquanto a observação participante se dará durante as reuniões de planejamento da Justiça do Trabalho, que ocorrem mensalmente. As entrevistas semi-estruturadas serão construídas de acordo com o quadro abaixo: DIMENSÃO Compartilhamento CATEGORIAS • TI x uso dos ENTREVISTADOS • juizes sistemas • assessores (interação • membros dos entre juízes) os grupos trabalho de • TI x resultados obtidos Aplicação • TI x grupos • de trabalho uso dos • juizes sistemas • assessores padronizaçã • membros dos • Criação e armazenamento o grupos • TI x votos • trabalho juizes • repositório • assessores de decisões • membros dos grupos de de exercício da • trabalho juizes Institucional sob ótica da atividade • assessores TI com • membros dos Mudança • um novo sistema grupos – julgamento trabalho antes e depois do sistema de de apoio Para a dimensão compartilhamento de conhecimento, juizes serão questionados sobre o compartilhamento de informações que ocorre antes mesmo da sessão de julgamento. Como esse compartilhamento interfere no resultado obtido durante a sessão que é, pelo menos, melhora de performance. Sob outra aplicação, serão questionados os membros dos grupos de trabalho da gestão integrada da informação sobre o compartilhamento de informações feita na rede de cooperação, através do Portal. Com relação a aplicação do conhecimento, pesquisar como se dá a transformação do conhecimento tácito para o explícito através da utilização dos sistemas para gestão do conhecimento. Nesse ponto contribuirá para a pesquisa a visão da equipe de desenvolvimento dos sistemas de informação. Eles podem falar sobre a sua percepção quando da elaboração dos produtos. Muitos conhecimentos tácitos dos juízes foram a eles explicitados e materializados em uma ferramenta de trabalho. Os juizes e seus assessores contribuirão relatando sua experiência na utilização do sistema. Na aplicação dos conhecimentos ali disponíveis. Ainda, pesquisar sobre a padronização de métodos de trabalho como conhecimento aplicado, sendo essa padronização apoiada em tecnologia da informação. Na dimensão criação e armazenamento do conhecimento preocupa-se em como a organização do conhecimento explícito possibilitou um novo tipo de conhecimento organizado. Com isso, a construção dos votos antes das sessões de julgamento e as decisões tomadas durante as mesmas passaram a contar com o apoio de tecnologia da informação. Com relação ao armazenamento, analisar como estão estruturados os repositórios de decisões, que podem ser resgatados pelos juizes e assessores quando de sua tomada de decisão. A equipe de tecnologia também será questionada sobre a estrutura de armazenamento utilizada. Por fim, a pesquisa relacionada à dimensão da mudança em processos sob a ótica da tecnologia da informação pretende mapear como era o exercício das atividades antes da implantação dos sistemas de gestão do conhecimento e como é atualmente. 6. Cronograma Jan Revisão da literatura Critérios para selecionar os Tribunais do Trabalho a serem pesquisados Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Elaboração do protocolo de pesquisa Elaboração das entrevistas Coleta de dados Desenvolver relatórios apresentando os dados coletados Análise dos dados Digitação Final 7. Bibliografia ALAVI, M. e LEIDNER, Dorothy E. Review”Knowledge Management and knowledge management systems: conceptualfoundations and research issues. MIS Quarterly, vol. 25, n 1, 2001; p. 107 – 136. ANTONINI, E.Gestão Integrada da Informação da Justiça do Trabalho. Congresso Nacional de Auditoria e Segurança da Informação. Brasília, 2006. ARGYRIS, C. On organizational learning. Cambridge, MA: Blackwell, 1992. ARGYRIS, C. e SCHÖN, D. Organizational learning II: a theory of action perspective. Massachusetts: Addison-Westley, 1996. BALESTRIN, A. e VARGAS, Lilia M. A dimensão estratégica das redes horizontais de PMEs: teorizações e evidências.RAC, 2004; p. 203 – 227. 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