1 Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) 1) Os Pré-requisitos para a implantação do Sistema: 1.1) As Boas Práticas A Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA) busca a proteção da saúde da população, visando à necessidade do constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos, buscando. Além disso, a ANVISA procura compatibilizar a legislação nacional com base nos instrumentos harmonizados no Mercosul, relacionando às condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos produtores e/ou industrializadores e Boas Práticas de Fabricação de Alimentos. A Portaria n.º 326 de 30 de Julho de 1997 (DOU de 01/08/97), do Ministério da Saúde, diz respeito às “Boas Práticas de Fabricação” e a RESOLUÇÃO - RDC N° 216, de 15 de Setembro de 2004 (DOU de 16/09/2004) que dispõe sobre o “Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação”. Durante o presente Treinamento serão atribuídas atividades baseadas nos seguintes documentos: (i) Portaria n.° 321 de 02 de Julho de 2008 (DO de 04 de Julho de 2008) que estabelece a “Lista de Verificação em Boas Práticas de Fabricação para Indústrias Produtoras de Embalagens para Alimentos” e “Regulamenta os procedimentos inerentes aos Responsáveis pelas Atividades de Manipulação de Embalagens para Alimentos” (Secretária de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul); 2 (ii) Portaria nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006 (Anexo I) (DOU de 21 de agosto de 2006) que propõe o “Regulamento Técnico que Estabelece o Guia de Boas Práticas de Fabricação e Inspeção Sanitária em Estabelecimentos Produtores de Embalagens e Equipamentos destinados a entrar em contato com alimentos”; (iii) Além de normas técnicas associadas à Segurança Alimentar, como a ABNT NBR ISO 22000:2006, dentre outras. Quando tratamos de profissionais que lidam com alimentos, ou com embalagens de alimentos, esta portaria vem esclarecer alguns aspectos básicos, deste a construção dos prédios até o armazenamento dos produtos. As Boas Práticas se referem a: Pessoal; Edifícios e Instalações; Operações; Equipamentos e Utensílios; Codificação; Limpeza e Sanificação; Controle de Pragas. A seguir apresentamos um resumo baseado na legislação citada a cima. a) Pessoal Todas as pessoas que tenham contato com o processo, matérias-primas, material de embalagem, produto em processo e produto terminado, equipamentos e utensílios, devem ser treinadas e conscientizadas a praticar as medidas de higiene e segurança de produto a seguir descrito, para proteger os alimentos de contaminações físicas, químicas e microbianas. 3 O candidato a emprego na área de Alimentos e Bebidas de um meio de hospedagem somente deve ser admitido após exame médico adequado, que deve ser renovado periodicamente e após afastamento por enfermidade. Nenhuma pessoa que esteja afetada por enfermidade infecto-contagiosa ou que apresente inflamações, infecções ou afecções na pele, feridas ou outra anormalidade que possa originar contaminação microbiológica do produto, do ambiente ou de outros indivíduos, deve ser admitida para trabalhar no processo de manipulação de alimentos. Deve-se evitar coçar a cabeça, introduzir os dedos nas orelhas, nariz e boca; tocar com as mãos as matérias-primas, produtos em processo e produto terminado, exceto nos casos de necessidades operativas e desde que as mãos estejam convenientemente limpas. Antes de tossir ou espirrar, afastar-se do produto que esteja manipulando, cobrir a boca e o nariz com lenço de papel ou tecido e depois lavar as mãos para prevenir a contaminação. O uniforme ou roupa externa (avental) deve ser de cor clara, sem bolsos acima da cintura, inteiriço ou substituindo os botões por velcro. O uniforme deve ser mantido em bom estado, sem rasgos, partes descosturadas ou furos e conservado limpo durante o trabalho e trocado diariamente. Deve ser evitado calçado de lona e proibido o uso de chinelos. O calçado deve apresentar-se limpo e em boas condições. Os homens devem estar sempre seguir as condutas adequadas, quanto a higiene pessoal. Bigode pode se estender até a borda externa da boca, não ultrapassando exageradamente os cantos da boca. As costeletas devem ser aparadas até o comprimento máximo da parte inferior da orelha. 4 Os cabelos dos homens devem ser mantidos bem aparados. Homens e mulheres que manipulam alimentos devem tê-los totalmente cobertos através do uso de toucas, redes ou similar. As unhas devem ser mantidas curtas, limpas e livres de qualquer tipo de esmalte. As mãos dos manipuladores de alimentos devem ser lavadas com água e sabão e desinfetadas antes do início do trabalho e depois de cada ausência do mesmo (uso de sanitários ou outras ocasiões em que as mãos tenham se sujado ou contaminado). Roupas e pertences pessoais não devem ser guardados em lugares onde alimentos ou ingredientes estejam expostos ou em áreas usadas para limpeza de equipamentos e utensílios ou sobre equipamentos utilizados no processo. Almoços e lanches enquanto não consumidos, devem ser guardados nos lugares designados para tal fim, além da obrigatoriedade de estarem bem acondicionados. A guarda de alimentos nos armários (roupeiros) e gavetas dos empregados não é permitida. É permitido fumar unicamente em áreas autorizadas, as quais devem ser localizadas fora da área de manipulação de alimentos e estocagem. Mascar chicletes ou manter na boca palitos de dentes, fósforos, doces ou similares durante a permanência na área de trabalho, não é permitido. Tampouco é permitido manter lápis, cigarros ou outros objetos atrás da orelha. No caso do uso de luvas para manuseio de alimentos, produtos de limpeza, pesticidas, etc., estas devem ser mantidas de forma perfeita e limpa. Devem também ser de material impermeável e adequado ao tipo de trabalho a ser realizado. O uso de luvas não elimina a necessidade de lavar as mãos. As áreas de trabalho devem ser mantidas limpas todo o tempo. Os empregados da área administrativa, serviços auxiliares e os visitantes deverão ajustar-se às normas de Boas Práticas de Fabricação. 5 b) Edifícios e instalações Os edifícios e instalações nas quais serão manipulados alimentos (cozinha, depósitos, almoxarifados, restaurantes, bares, etc.) deverão ser construídos em área onde os arredores não ofereçam risco às condições gerais de higiene e sanidade. O projeto deve prever o menor impacto ambiental. Devem ser evitadas as instalações provisórias. A contaminação cruzada deve ser evitada através de instalações e fluxo de operações adequados. As áreas de recepção e lavagem de matérias-primas "in natura" (animais ou vegetais) devem ser isoladas. Os sanitários e vestiários não devem ter comunicação direta com as áreas de trabalho. As temperaturas, umidades relativas e demais pontos críticos de controle de processo e de estocagem devem ser estritamente respeitados no projeto. Paredes e tetos devem ser lisos, laváveis, impermeáveis, de cor clara e construídos e acabados de modo a impedir acúmulo de poeira e minimizar a condensação, desenvolvimento de mofo e permitir fácil higienização. Entre paredes e teto não devem existir aberturas que propiciem a entrada de pragas, bem como bordas que facilitem a formação de ninhos. Os cabos e fios elétricos, quando não contidos em tubos vedados, devem ser cobertos com placas, permitindo a ventilação e limpeza. As conexões elétricas devem ser isoladas para possibilitar fácil limpeza. Tubulações devem seguir os padrões de cor estabelecidos pela ABNT para água, gás, vapor e instalados de maneira a propiciar bom escoamento. O uso de madeira, amianto ou materiais rugosos e porosos deve ser proibido. O ar ambiente das áreas de processamento de alimentos, vestiários e cozinhas deve ser renovado freqüentemente através de equipamentos de insuflação e exaustão, devidamente dimensionados. 6 A direção do fluxo de ar não pode ser de uma área contaminada para a área limpa. A água para manipulação de alimentos deve ser potável com monitoramento freqüente da qualidade. A água usada em bebedouros deve ser filtrada. Efluentes e poluentes atmosféricos e do solo devem sofrer tratamento adequado, em conformidade com as legislações pertinentes. Nas áreas de acesso de pessoal e de manipulação de alimentos devem existir lavatórios providos de sabão, sanitizante para higienização das mãos, papel-toalha ou ar quente e recipiente fechado de lixo. É preferível a instalação de torneiras de acionamento sem o toque das mãos em todos os sanitários. A empresa deve possuir áreas de refeitório, vestiários, descanso e de fumar. Esses locais devem ser separados das áreas de manipulação de alimentos e armazenamento. Locais exclusivos para materiais tóxicos, explosivos e inflamáveis separados das áreas de manipulação de alimentos e armazenagem, devem ser previstos. Materiais desativados e sucata devem ser evitados, evitando a constituição de focos de proliferação de pragas. Locais de guarda de lixo devem ser isolados e exclusivos para esse fim e construídos preferencialmente com plataforma que permita o estacionamento de veículos, com pisos e paredes laváveis. O lixo orgânico deve ser mantido sob refrigeração até a coleta. O uso de plantas ornamentais ou similares deve ser limitado a áreas onde não haja manipulação ou estocagem de alimentos. O plantio de árvores em áreas externas deve obedecer à distância mínima de 10m das edificações de armazenamento ou processamento. 7 c) Operações A área de manipulação é crítica na elaboração dos produtos, portanto, precauções devem ser tomadas para que esta seja mantida em condições que não causem contaminação dos alimentos. Manuais de operação devem ser elaborados, para cada etapa do processo, e seguidos quanto à quantidade e ordem de adição dos insumos, assim como os tempos de mistura, reação, temperaturas e outros pontos críticos de controle. Na cozinha, o livro de receitas também serve para uniformização e padronização do cardápio. O trânsito de pessoas e/ou materiais estranhos deve ser evitado nas áreas de manipulação. Deve-se dispor de um sistema adequado de isolamento da área ou equipamento a serem reparados, quando for necessário realizar tarefas de manutenção. A identificação de todos os insumos e produtos armazenados em processo ou rejeitados é indispensável. Os sacos devem ser fechados sem nenhuma exposição de superfície interna. Não utilizar produtos vencidos. Produtos deteriorados devem ser armazenados fisicamente separados até destruição. Os instrumentos de controle de processo, tais como medidores de tempo, peso, temperaturas, pressão, etc., devem estar em boas condições, aferidos periodicamente para evitar desvios dos padrões de operação e, preferencialmente, dotados de sistema de registro de dados. Recipientes vazios de insumos devem ser retirados da área de processo. Em caso de quebra de embalagens de vidro e limpar o local. Portas e/ou aberturas devem permanecer fechadas para impedir a entrada de insetos, roedores, pássaros e outros animais ou resíduos. 8 Usar ingredientes dando-lhes a rotatividade devida: primeiro que entra é o primeiro que sai - PEPS, "First In First Out" - FIFO. Os recipientes devem estar limpos e mantidos fechados. Os produtos perecíveis devem ser mantidos em condições adequadas de armazenagem, conforme as especificações. No descongelamento e aquecimento deve-se evitar a contaminação cruzada. As embalagens, cujos produtos foram usados apenas em parte, devem ser mantidas bem fechadas, armazenadas e identificadas quanto ao conteúdo, data e lote. Os abridores de latas devem ser limpos e afiados para prevenir que partículas e sujeira contaminem o produto. Insumos e produtos com risco ao consumidor não devem ser utilizados. d) Equipamentos e utensílios Os equipamentos e utensílios devem ser usados unicamente para os fins aos quais foram projetados. Os equipamentos não devem possuir parafusos, porcas, rebites ou partes móveis que possam cair acidentalmente no produto. Os equipamentos e utensílios devem estar em bom estado de conservação e funcionamento. Nas operações de manutenção, o pessoal encarregado de efetuá-las deve notificar ao processo, ao término destas, para que o equipamento seja inspecionado, limpo e sanitizado previamente ao seu uso. Os equipamentos devem manter distância de, no mínimo, 30cm do piso, e de, no mínimo, 60cm das paredes e entre si. Equipamentos não embutidos, devem ter espaço suficiente para limpeza ou estar embutidos, para evitar acúmulo de sujidades. 9 e) Limpeza e sanitização Os procedimentos de limpeza e sanitização dos locais de trabalho, equipamentos e utensílios devem ser descritos em manuais específicos. O pessoal que executa os trabalhos de sanitização e limpeza deve estar bem treinado nos procedimentos estabelecidos. Os equipamentos e utensílios do processo devem ser mantidos sanitizados, de acordo com a freqüência estabelecida nos procedimentos. Os agentes de limpeza devem ser aplicados de forma tal que não contaminem a superfície dos equipamentos e/ou alimentos. Todos os produtos de limpeza e sanitização devem ser aprovados previamente ao seu uso, pela área responsável. Não realizar substituições de forma indiscriminada. Detergentes ou substâncias sanitizantes ou solventes devem ser identificados e guardados em lugar específico, fora da área de processo. Os equipamentos e utensílios devem ser limpos e sanitizados, interna e externamente, antes de serem usados e depois de cada interrupção de trabalho, de acordo com os procedimentos estabelecidos. O uso de escovas de metal, lãs de aço e outros materiais abrasivos que soltem partículas devem ser evitados. Recipientes para lixo devem ser exclusivos, convenientemente distribuídos, mantidos limpos, tampados, identificados e com sacos plásticos em seu interior. O esvaziamento deve ser efetuado em intervalos regulares e o lixo deve ser levado para a central de coleta, a qual deve ser mantida limpa e inodora. O lixo deve ser retirado diariamente. O uso de coleta seletiva deve ser aplicado sempre que possível. Os pisos devem, preferencialmente, ser mantidos secos. Restos de produtos, vazamentos ou respingos devem ser eliminados no ato pela pessoa que o perceba, sem esperar pelo serviço de limpeza. 10 Os pátios devem ser mantidos com grama aparada; as áreas pavimentadas limpas e sem amontoamento de entulho, sucata, etc. O programa de manutenção preventiva e corretiva dos edifícios, pátios, equipamentos, utensílios e instalações é fundamental para favorecer as operações de limpeza e sanitização. f) Codificação Todos os insumos devem possuir datas ou códigos de identificação. Ao codificar o produto, o pessoal encarregado deve controlar a qualidade da impressão para que seja facilmente legível e não removível. O prazo de validade deve ser identificado. Nenhum insumo ou produto deve ser utilizado após vencimento da vida útil. g) Armazenamento e distribuição O pessoal de armazenagem e distribuição deve ser treinado em BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO. Os produtos devem ser armazenados de acordo com as especificações. As práticas de limpeza e manutenção, assim como um programa geral de sanitização e controle de pragas devem ser levados a efeito de forma contínua. Ao transportar, mover, manejar ou armazenar os insumos, danos físicos (rasgos, rupturas, quebras, etc.) devem ser evitados, pois podem ocasionar vazamentos ou contaminações que contribuem para a criação ou origem de condições não sanitárias. Os estrados, caixas e materiais danificados devem ser retirados da área de armazenamento. As cargas devem ser inspecionadas visualmente antes do descarregamento para verificação de anormalidades. O veículo de transporte não deve apresentar a menor evidência de presença de roedores, pássaros, vazamentos, umidades, matérias estranhas e 11 odores desagradáveis. Deve estar, ainda, em boas condições e não apresentar buracos, rachaduras ou frestas. Adotar e implementar procedimentos para manter a adequada rotatividade dos produtos armazenados (PEPS-FIFO). Produtos tóxicos ou que exalem odor não devem ser armazenados ou transportados com produtos alimentícios ou seus insumos. Nas câmaras frias, deve-se evitar o acúmulo de gelo e obstrução dos difusores de ar, estabelecendo programa de descongelamento, limpeza e manutenção. Roupas apropriadas devem ser fornecidas para a manipulação de produtos nas câmaras frias. Produtos avariados devem ser retirados e a área limpa imediatamente. Os produtos devem estar armazenados de forma a não receber luz solar direta. As portas devem ser mantidas fechadas. h) Controle de pragas A evidência ou existência de insetos, roedores, pássaros e outros animais numa instalação alimentícia é considerada como uma das violações mais sérias da sanidade. A elaboração e seguimento do manual "Controle Integrado de Pragas" é necessária para prevenção de insetos e roedores que podem infestar as instalações, apesar dos procedimentos adequados de limpeza, sanitização e manutenção. O pessoal que executa estes trabalhos deve ser bem treinado quanto a execução das tarefas, bem como ser orientado quanto aos cuidados necessários para sua proteção (máscaras, luvas, vestuário adequado, exame médico, etc.) e cumprir a legislação pertinente. 12 Os praguicidas utilizados para o controle de pragas devem são "venenos" e, portanto, devem ser mantidos em lugar fechado, longe dos produtos alimentícios e equipamentos e utensílios empregados na manipulação de alimentos. Deve ser implementado um sistema de controle de entradas e saídas dos praguicidas. Os praguicidas utilizados devem ser regulamentados por lei, devem estar perfeitamente identificados e ser utilizados de acordo com as instruções do rótulo. O equipamento utilizado para a aplicação de praguicidas deve ser lavado depois de usado, mantido em boas condições de operação e conservação e guardado em lugar apropriado. Devem ser evitados fatores que propiciem a proliferação de pragas, tais como: resíduos de alimentos, água estagnada, materiais amontoados em cantos e pisos, armários e equipamentos contra a parede, acúmulo de pó, sujeira e buracos nos pisos, teto e paredes, mato, grama não aparada, sucata amontoada, desordem de material fora de uso, bueiros, ralos e acessos abertos e sanitização inadequada das áreas de lixo. Para eliminar a entrada de roedores nas áreas internas das instalações deve-se: eliminar aberturas, as portas devem ser mantidas fechadas (não tendo mais de 1 cm de abertura nas juntas), colocar barreiras nas vias de acesso (tubulação, ralos, condutores de fios, etc.), evitar espaços nas paredes, pisos e teto, pois facilitam o alinhamento, e evitar armazenar equipamentos e materiais fora de uso. O controle de pássaros se realiza com o fechamento adequado das aberturas das instalações e a eliminação periódica de ninhos em áreas adjacentes. A instalação adequada de tiras plásticas nas portas dificulta o acesso de pássaros. É obrigatório manter as instalações livres de cães, gatos ou qualquer outro animal. Estes devem ser capturados e levados para longe. 13 Em áreas internas é proibido o uso de veneno contra ratos. Nestas, pode-se utilizar ratoeiras com iscas ou armadilhas físicas. Os inseticidas utilizados nas áreas internas de fábricas, restaurantes, armazéns e escritórios, devem ser de baixa toxicidade. Ex. : piretróides. Relatório de monitoramento sobre as atividades de controle de pragas deve ser emitido periodicamente. As abelhas são atraídas por solução açucarada e sua entrada deve ser evitada através de eliminação de vazamentos, açúcar umedecido e fechamento adequado de aberturas. A presença de morcegos é evitada com o fechamento hermético de aberturas. O combate a formigas é efetuado através da aplicação diretamente no formigueiro, de inseticida piretróide, brometo de metila ou iscas formicidas próprias. A presença de cupim pode ser evitada utilizando-se madeira pré-tratada. 2) O APPCC / HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (Hazard Analysis Critical Control Points) O sistema APPCC foi tornado público no início dos anos setenta como uma forma de garantir a segurança de produtos alimentares. Os princípios básicos do sistema não eram novos, mas sim a introdução significativa com ênfase ao produto final que testa o controle preventivo de aspectos críticos de produção do alimento. O APPCC põe a responsabilidade pela segurança dos produtos alimentares nas mãos dos fabricantes e manipuladores de alimentos. O objetivo principal é a prevenção de problemas de segurança alimentar projetando e construindo segurança no alimento desde sua fabricação até a 14 preparação e uso. Em sua forma mais simples, um estudo de APPCC consiste nos seguintes elementos: análise de perigos (inclusive taxa de risco), identificação de Pontos Críticos de Controle (pelo uso de árvores de decisão), estabelecimento de procedimentos de monitoração, descrição de ações corretivas, elaboração de documentação e procedimentos de verificação. Quando o sistema de APPCC é implementado deve ser assegurado que, se o controle for perdido, a divergência seja descoberta a tempo para prevenir que produtos potencialmente perigosos alcancem o consumidor, e que os passos apropriados possam ser tomados para restabelecer o controle. O conceito de APPCC destacará os fatores mais críticos do processo efetuando a segurança do produto. A disponibilidade de dados registrados ao longo do processo e com o passar do tempo facilita grandemente a tarefa dos inspetores, lhes proporcionando um quadro mais completo e preciso da operação total, do que eles poderiam obter de uma única inspeção. É sempre importante lembrar que o sistema APPCC é parte de um programa de segurança alimentar, que por sua vez, faz parte de um programa completo de excelência em qualidade. Não se pode imaginar cada uma das ações como partes isoladas, pois todos estão interligados e somente a complementação de cada uma das etapas é que garante o processo como um todo. Na figura 1 podem-se verificar todas as etapas necessárias para a excelência em qualidade nas indústrias. 15 Figura 1 – Em busca da Excelência em Qualidade. Fonte: LOPES, 2004. 2.1 Definições a) APPCC ou HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point) Um sistema lógico e cientificamente baseado que identifica perigos (específicos) e medidas preventivas para o controle destes. b) PONTO CRÍTICO DE CONTROLE (PCC) Matéria-prima, localização, prática, procedimento ou processo no qual o controle pode ser exercitado através de um ou mais fatores para minimizar ou prevenir o perigo. c) LIMITE CRÍTICO Um valor de uma substância química, natureza física ou biológica que separa aceitabilidade de inaceitabalidade. d) PERIGO 16 Qualquer aspecto da cadeia de produção de alimentos que é inaceitável por ser uma causa potencial de dano. e) MONITORAMENTO Administrar uma sucessão planejada de observações para conferir se um processo ou procedimento dirigido a cada PCC está sendo levado a cabo corretamente e se está sob controle. f) RISCO Uma estimativa da probabilidade de um perigo acontecer. g) SEVERIDADE A seriedade (magnitude) do perigo. h) MEDIDAS PREVENTIVAS São ações e atividades que são exigidas para eliminar perigos ou reduzir o impacto deles ou ocorrência para níveis aceitáveis. Mais de uma medida preventiva pode ser exigida para controlar um perigo específico e mais de um perigo pode ser controlado por uma medida preventiva especificada. i) VERIFICAÇÃO O uso de informação adicional para verificar se o sistema de APPCC está funcionando. 2.2 Aplicação dos conceitos O sistema pode ser aplicado ao longo da cadeia alimentícia, do produtor/ fornecedor ao consumidor final. Em prática, é implementado em sete etapas subseqüentes esboçados a seguir. Porém, antes que um estudo de APPCC seja levado a cabo, há várias 17 ações preliminares a serem levadas em conta e vários fatores a serem considerados para assegurar sua efetividade: Um estudo de APPCC é mais bem assegurado como um exercício de equipe para assegurar que as perícias apropriadas estejam disponíveis. Este time deveria incluir um microbiologista, um engenheiro e um gerente de produção, com outras áreas de representadas, caso necessário, ou pelo menos por exemplo responsáveis pelo desenvolvimento de produto, compra, empacotamento, limpeza, distribuição. O estudo deve ser aplicado a uma linha de produto em particular em um local particular, e não como uma aproximação geral para a empresa inteira. Uma cozinha industrial provavelmente alojará vários produtos enfileirados e estes deveriam ser priorizados para enfocar recursos onde são esperados que a aplicação do estudo de APPCC resulte em eficiente melhoria. Uma vez selecionado o estudo da linha de um produto, a informação seguinte dever ser: - um quadro de fluxo que identifica todos os aspectos do processo completamente, inclusive equipamento aplicado, em tanto detalhe quanto possível, incluindo tudo o que é introduzido (até mesmo ar) e produções e todas as operações que envolvam unidade; - detalhes de qualquer problema de higiene particular no próprio local. Isto requer uma análise completa da linha do produto "in loco". - condições durante comercialização, preparação e uso. Devem ser revisados os planos de APPCC existentes antes de qualquer mudança em ingredientes, condições de processo, empacotamento, formulação de produto. 18 2.3 Fases de um estudo de APPCC a) Análise de Perigos Uma análise de perigos deve incluir os seguintes elementos. Descrição do produto Uma descrição completa do produto deve ser realizada, inclusive matériasprimas e ingredientes, materiais de empacotamento, composição, condições de processamento, fábrica e plano de linha, armazenamento, distribuição e prática de vendas e limitação de vida de prateleira. Identificação de intenção de uso Esta informação deve estar baseada nos usos esperados do produto pelo usuário final ou consumidor, por exemplo, consumo sem processamento (cozinhando), uso em saladas de fabricações caseiras etc. Em casos específicos, grupos vulneráveis, por exemplo, alimentação institucional, crianças pequenas, dentre outros, devem ser considerados. Após a identificação de uso dos produtos, inicia-se todo o processo de análise de riscos. Na figura 2 pode-se observar as etapas do processo, de acordo com os 7 princípios do sistema APPCC, que além de linear também deverá ser sempre cíclico. 19 Figura 2: As Etapas do Processo APPCC Fonte: ABDALLAH, R.R., 1997. Construção de um diagrama de fluxo O diagrama de fluxo deve ser construído pela equipe de APPCC, cada passo deve ser detalhado tanto quanto possível, levando em consideração tanto engenharia como também aspectos tecnológicos. Detalhes de qualquer problema de higiene como o resultado da vistoria completa por linha de produto deve ser indicado no diagrama de fluxo. 20 O diagrama de fluxo de desígnio deve ser verificado através de confirmação "in loco" durante todas as fases e horas de operação e deve ser corrigido adequadamente, se apropriado. Listagem de perigos, taxa de risco e medidas preventivas Baseado nas informações disponíveis coletadas anteriormente em todos os passos, os perigos microbiológicos, físicos e químicos podem ser racionalmente esperados a cada etapa. Os perigos levados em conta devem ser de uma natureza tal que a sua eliminação ou redução para níveis aceitáveis sejam essenciais à produção de um alimento seguro. Devem ser levadas em conta variações potenciais em um processo ou divergências da prática higiênica normal. Fundado nesta informação, uma taxa de risco é considerada. A taxa de risco inclui estimações da probabilidade que o perigo acontecerá e calculará a severidade do perigo (sua seriedade ou magnitude). Lidando com microbiologia se arrisca, por exemplo, o fracasso ao alcançar uma temperatura especificada em um processo de calor, poderia permitir que os patógenos em matérias-primas sobrevivessem. Isto seria um sério problema, especialmente quando o produto for destinado a alimentação infantil sem aquecimento prévio. Finalmente, quais medidas preventivas o time de APPCC define, e se, são aplicáveis a cada perigo. b) Determinação de pontos críticos de controle aos quais podem ser controlados os Perigos Um ponto crítico de controle pode ser uma matéria-prima, localização, prática, procedimento ou processo onde podem ser eliminados, reduzidos ou prevenidos os perigos. 21 O processo inteiro tem que ser examinado e questionamentos como os seguintes devem ser perguntados em cada fase: O perigo sob estudo pode ser introduzido no produto por matérias-primas ou processamento, e nesse caso, é provável atingir níveis inaceitáveis? A formulação/composição do material/produto cru é crítico à segurança do produto? Os processos fazem ou mantêm as matérias-primas, o produto intermediário ou final seguro, removendo ou prevenindo contaminação, ou impedindo o perigo de atingir níveis de fisco? Além disso, em cada fase de processo a possível conseqüência de uma divergência do "procedimento" normal deve ser considerada, se e quando tal conseqüência pode ser inaceitável, como também a probabilidade que elas aconteçam. Também, deve ser considerado o que acontece mais tarde ao produto, determinar se a fase de processo é crítica. Por exemplo, se um produto pasteurizado é usado como uma matéria-prima para um produto completamente esterilizado, a pasteurização não é um passo crítico na eliminação de um perigo microbiológico em um leite cru. Se a análise sugere que é difícil de controlar o perigo a certo ponto, o processo (ou produto) deve ser modificado para eliminar o ponto, ou àquele passo ou a qualquer passo, mais cedo mais tarde para incluir medidas preventivas. A identificação dos PCC também oferece um beneficio secundário por permitir que a administração da empresa possa tomar as decisões mais sensatas, locando esforços e melhorando qualquer equipamento ou procedimentos responsáveis por qualquer perigo. Para facilitas o entendimento e a correta alocação dos PCC utilizam-se a árvore decisória (figura 3), que além de promover o melhor entendimento, nos permite analisar cada etapa e cada matéria prima de uma mesma forma, evitandose retrabalho. Ao mesmo tempo, quando se detecta uma má interpretação, podese retornar ao ponto analisado e corrigir todo o processo. 22 Figura 3 - A Árvore Decisória do Sistema APPCC Fonte: FAO (WHO), 1997. c) Especificação de critérios Em todos os PCC asseguram-se critérios específicos de condições em que um perigo será eliminado ou será reduzido a níveis aceitáveis. Estas condições podem ser tempo e temperatura durante o processo de cozimento, um nível de limpeza de um equipamento, a concentração de cloro em água de limpeza, etc. Se não definidos os critérios que especifiquem as condições de fisco ou a possibilidade de recontaminação de um produto e da sobrevivência de microorganismos, pode-se atingir níveis inaceitáveis de contaminação, isto é, teremos um risco inaceitável. Estes critérios são chamados limites críticos. Eles são valores físicos, químicos ou de natureza biológica que separam aceitabilidade de inaceitabilidade 23 (Ex: a ocorrência de perigos). Estes valores são usados na prática freqüentemente. Não são excedidos valores que são usados para assegurar limites críticos delimitados para manter sob controle determinado perigo (por exemplo, uma temperatura um pouco mais alta e taxa de fluxo um pouco abaixo). d) Estabelecimento de um sistema de monitoração para cada PCC Monitorar é checar ou observar os pontos demarcados de um PCC relativo a seus limites críticos podendo descobrir perda de controle do PCC. Sempre que possível estas observações devem ser rápidas, a fim de permitir um controle eficiente ao PCC e executar ações corretivas adequadas para recuperar o controle do processo antes que a rejeição de produtos seja necessária. Consequentemente, um monitoramento físico, químico ou visual, serão preferidos, ao invés de testes microbiológicos. O pessoal designado a avaliar dados e levar a cabo as ações corretivas deve ser corretamente treinado e deve ter a autoridade necessária pata tanto. A freqüência de verificação ou observação de um PCC deve ser suficiente para garantir que o PCC está sob controle, e sob monitoramento contínuo. e) Execução de ações corretivas Quando os resultados do monitoramento de um PCC não estão sob controle, por exemplo, os limites críticos são excedidos, devem ser tomadas ações apropriadas para assegurar que o produto não atinja o consumidor. Se não são conhecidos valores designados, mas os limites críticos não excederam, devem ser tomadas ações rápidas para retomar ás condições de processo normais. As ações a serem tomadas devem estar claramente especificadas, de forma que o operador saiba o que fazer e, além disso, ele deve ter sido treinado para executá-las. Se as medidas corretivas iniciais fracassarem, isto é não forem suficientes para devolver o processo ao controle antes da divergência conduzir a um perigo de segurança, não se deve expor os produtos finais ao mercado, a menos que 24 fosse verificado corretamente, que cada lote não apresenta nenhum risco de segurança. Em tais casos cada lote deve ser verificado com respeito a qualquer perigo afetado pela falta de controle do PCC em questão. f) Verificação Deve ser usada informação adicional para verificar se o sistema de APPCC está trabalhando. Testes Microbiológicos não são na maioria das vezes rápidos e então não é uma valiosa ferramenta para monitorar. Eles podem ser usados para verificar, porém se o sistema controla perigos potenciais e que realmente um perigo ou um PCC não foi negligenciado, se o controle mede o que não está adequado, ou se existe um procedimento monitorado não apropriadamente. Podem ser precisos testes químicos para verificar o controle de perigos químicos, inspeções ou auditorias podem ser necessárias para verificar se nada na linha foi mudada sem levar a cabo um estudo de APPCC, etc. A freqüência de verificação deve ser suficiente para validar se o sistema de APPCC está trabalhando corretamente. Feed-back com clientes ou consumidores, pesquisas de mercados, dentre outros, são outros meios de verificação. g) Registros A manutenção de registros é essencial ao APPCC. Assegura se aquela informação juntada durante a instalação, modificação e operação do sistema será prontamente acessível a todo o pessoal envolvido no processo como também aos auditores externos. Ajuda a assegurar um termo de continuidade ao sistema. Registros devem incluir explicações de como o PCC foram definidas, descrições de procedimentos de controle e modificações para o sistema, monitoramento e dados de verificação, e um arquivo de divergências de prática normal. 25 2.4 Implementação do Plano de APPCC O estudo de APPCC resulta em um plano de APPCC que é um documento especifico de uma linha de produção de um produto. Assim sendo, planos de APPCC genéricos podem servir como um modelo, mas não podem ser implementados sem um estudo de APPCC detalhado no local especifico. Planos de APPCC consistem em uma lista de PCC, perigos a serem controlados uma descrição das medidas preventivas (controle), mede os limites críticos e valores designados, os procedimentos de monitoramento e as ações corretivas a serem tomadas. Para ter êxito, administração e operadores devem ser treinados em geral no uso do sistema de APCC e em medidas de controle em particular. Um estudo de APCC e a implementação do plano podem revelar pontos fracos na fábrica e o esquema de limpeza, sanificação e programa de manutenção tem que ser melhorado o mais cedo possível. Melhoria contínua é um dos benefícios do sistema de APCC e deve ser reconhecido como tal. O sistema de APCC deve ser regularmente realizado para assegurar que as mudanças necessárias estão sendo realizadas e que os procedimentos de monitoramento estão bem afinados, e conferir se todas as mudanças em ingredientes, processos, procedimentos, empacotamento, comercialização, dentre outros, não foram introduzidos sem um estudo de APPCC apropriado. 26 Figura 4 – A Validação do Sistema APPCC Fonte: AGRIPOINT, 2010. A figura 4 nos apresenta a seqüência para validação do sistema, onde sempre verificamos cada uma das etapas, sendo possível efetuar correções a qualquer momento desejado, fazendo com que o sistema seja sempre fiel a realidade encontrada. 27 A Tabela abaixo apresenta as referências cruzadas entre os princípios para a aplicação do APPCC e as seções da ABNT NBR ISO 22.000:2006. Fonte: ABNT NBR ISO 22000:2006. 28 2.5 Treinamento de pessoal e pré-requisitos para a implementação de um plano de APPCC Para funcionar convenientemente, um plano de APPCC deve estar baseado e fundamentado em um plano de ação que abranja não só o controle dos monitoramentos previstos pelo plano, e sim deve contar de uma ação conjunta em que a empresa e seus funcionários tenham total segurança e responsabilidade sobre o plano e seus fundamentos. Para isto, são necessários cursos e treinamentos que formem a equipe de trabalho de maneira que venham a assegurar o andamento do processo: Dinâmica de grupo: importante para desenvolver o sentimento de equipe; Treinamento técnico: sem técnica, não é possível controlar atitudes; Boas Práticas de Fabricação: Não basta fazer, deve-se fazer bem feito; Higiene Pessoal: Um código de higiene pessoal garante a eficiência do processo Sanificação de equipamentos e ambiente: O uso correto de concentrações de produtos químicos garante a economia de material e assegura contra contaminações químicas; Gerenciamento do plano: É fundamental a participação dos administradores junto à equipe de implementação do plano APPCC. 2.6 – Boas Práticas de Fabricação e Inspeção Sanitária em estabelecimentos produtores de embalagens que entram em contato com alimentos A embalagem é fundamental na conservação dos alimentos durante toda a sua vida útil (validade). Especificada corretamente, a embalagem deve proteger o alimento quanto a diversos fatores, como oxigênio, luz, umidade, absorção de 29 odores estranhos, perda nutricional e de aroma e contaminação microbiológica, permitindo atingir a validade esperada. O material de embalagem, com isso, deve ser cuidadosamente especificado para assegurar que ele seja compatível com a segurança do alimento e não uma forma de contaminação, considerando que esses materiais não são totalmente inertes e podem transferir substâncias consideradas estranhas para o alimento. Nas embalagens plásticas se desenvolvem mecanismos de transferência de massa através da matriz do material por meio dos quais aditivos compostos de baixo peso molecular e resíduos presentes se incorporam ao alimento acondicionado, possuindo mobilidade necessária para interagir com os diversos tipos de alimentos. Sendo assim, restrições ao uso de substâncias potencialmente tóxicas que pode estar presente na composição da embalagem e no controle da migração referida. Essas restrições são baseadas em razões toxicológicas até o momento comprovadas e a definição de limites específicos de migração ou de composição de determinada substância na embalagem, por exemplo, as DIOXINAS, por exemplo, pertence a mais perigosa família de compostos de origem antrogênica (provenientes de atividades humanas) que existe. Elas englobam cerca de 220 diferentes substâncias químicas que têm carbono, oxigênio e cloro como constituinte base. Invisíveis, inodoros e bioacumuláveis, estes compostos são potentes causadores de cancros com efeitos crônicos no sistema imunitário, reprodutor e hormonal, bem como no crescimento e desenvolvimento nos seres vivos. Em Setembro de 1998 a EPA dos Estados Unidos anunciou que não existe um nível 30 "aceitável" de exposição às dioxinas, visto que são cumulativas e degradam lentamente. Deve-se ter a preocupação em fornecer todas as informações para os clientes para informarem aos seus consumidores sobre o uso, o acondicionamento (temperatura e instalações), a limpeza das embalagens primárias, quanto aos produtos químicos que podem ser utilizados, o uso da embalagem em microondas (produção de dioxinas - substâncias cancerígenas e altamente tóxicas para as células do corpo humano), o uso de copos descartáveis para bebidas (para bebidas quentes estes copos liberam toxinas potencialmente nocivas), a reutilização, a reciclagem, entre outros. Essas informações e/ou cuidados no manuseio e utilização são requisitos para a segurança alimentar. A indústria de embalagem para alimentos e bebidas paz parte da cadeia produtiva de alimentos e deve implantar as Boas Práticas de Fabricação e o Sistema APPCC. De acordo com a classificação dos perigos, a embalagem pode ser uma fonte de contaminação, comprometendo a segurança e a qualidade do produto, originando contaminações física, química e até mesmo microbiológica. A aplicação ou abordagem do APPCC aos sistemas de embalagens é uma forma de assegurar os alimentos a partir das ações de prevenção de perigos associados à embalagem. Diversas entidades setoriais têm estabelecidos normas de Boas Práticas de Fabricação e Inspeção Sanitária em estabelecimentos produtores de embalagens que entram em contato com alimentos. Os regulamentos técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, principalmente, cada vez mais se torna mais exigente, quanto aos requisitos de 31 higiene e segurança dos produtos e para a embalagem dos mesmos. Portanto, o envolvimento e a responsabilidade dos intervenientes da cadeia da embalagem, desde as matérias-primas até o enchimento do produto, é uma das necessidades preponderantes, quanto aos requisitos básicos para a Certificação da ISO22000:2006. Normas internacionais especificadas para os produtores de embalagens estabelecem classificação de riscos, quanto às embalagens que entram em contato com os alimentos (primárias) e as que não entram (secundárias), mas que possuem ou não o risco de contaminar os alimentos. Os parâmetros com especificações e requisitos comuns a ambas as categorias de riscos exigidas pelas normas são os seguintes: - Gestão: estrutura organizacional com definição clara das funções, responsabilidades e relações hierárquicas do pessoal; - Análise de perigos do processo e da higiene nas diferentes fases da produção ou transformação dos materiais ou embalagens, considerando potencial contaminação microbiológica, química ou com objetos estranhos, bem como defeitos de embalagem críticos para a segurança, quanto à utilização final; - Sistema de gestão da higiene e segurança; - Política da empresa em relação à higiene e segurança; - Controle de documentos; - Especificações para as matérias-primas e embalagens finais; - Gestão de ocorrência de incidentes e recolhimento de embalagens com defeito; - Rastreabilidade de todos os materiais desde a fonte até a embalagem final; 32 - Controle do processo em todas as fases relacionadas com defeitos críticos da embalagem; - Auditorias internas de higiene e segurança; - Tratamento de reclamações para prevenir a recorrência; - Avaliação de fornecedores; - Terceirização; - Análises ou ensaios à embalagem considerados críticos para a segurança, qualidade e requisitos legais; - Demais exigências são baseadas nos requisitos estabelecidos para os produtores de alimentos. 3) Considerações sobre reciclagem de embalagens plásticas No âmbito mundial, o crescente volume de utilização de embalagens plásticas na preservação de alimentos, considerando os componentes sanitários, mercadológicos, sócio-econômicos e ambientais associados, é constatado. A reciclagem de embalagens plásticas preocupa a sociedade face ao crescente volume de utilização no setor de alimentos e as implicações ambientais inerentes ao seu descarte não racional pós-consumo. Os materiais de embalagem termoplásticos caracterizam-se como produtos de reações de polimerização. As propriedades físicas são afetadas quando submetidos ao calor e resfriamento em indefinidos ciclos, as quais estão associadas com a rigidez dos mesmos. Esses materiais compõem quase integralmente o volume dos plásticos utilizados como embalagens primárias em alimentos. A fim de padronizar a identificação e a separação de materiais plásticos no processo de reciclagem está regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a simbologia apresentada na Figura 5, em consonância 33 com a regulamentação internacional, devendo ser observada pelos produtores de materiais plásticos. Figura 5. Simbologia utilizada para a identificação e separação de materiais plásticos em processos de reciclagem. Fonte: ABNT/NBR 13230, 1994. Esses códigos ou símbolos de identificação apresentadas na Figura 5 têm por objetivo facilitar a recuperação dos recipientes plásticos descartados com o resíduo sólido urbano, uma vez que auxiliam sua separação e posterior reciclagem e revalorização. O sistema de códigos impulsiona a reciclagem e o controle de qualidade na linha de separação de materiais plásticos nos recicladores, assegurando que o plástico reciclado seja o mais homogêneo possível. 34 Além de esses códigos serem utilizados para a identificação de embalagens plásticas, este sistema também deveria ser aplicado a outros produtos de plástico, tais como pastas, capas, envelopes, canetas, bandejas, cadeiras, bancos, vasos, peças de equipamentos eletrônicos, sistemas de acolchoamento e outros inúmeros produtos de plástico utilizados pela sociedade, com a finalidade de facilitar a logística reversa. A logística reversa é a área que tem a preocupação com os aspectos logísticos do retorno dos produtos, materiais e embalagens ao ciclo produtivo. Portanto, a logística reversa é fundamental para o processo de reciclagem, uma vez que os materiais pós-consumo retornam aos diferentes centros produtivos na forma de matéria-prima. Os seis materiais identificados pelos símbolos (1 - 6) são os plásticos que predominam no mercado. O símbolo “7 – Outros” normalmente é empregado para produtos plásticos fabricados, por exemplo, com policarbonato, ABS, poliamida, acrílicos ou uma combinação de diversas resinas e/ ou materiais. Neste caso, sugere-se também o uso da sigla do polímero abaixo do símbolo. Se o produto plástico for muito pequeno de modo que não permita a gravação e/ou impressão da simbologia completa, a norma técnica recomenda que seja eliminada a gravação da abreviatura, ficando obrigatória a identificação numérica dentro do triângulo. Quando um mesmo molde é empregado para a fabricação de produtos plásticos iguais (copos, pratos, bandejas, etc.), porém com resinas diferentes, é aconselhável a adoção da impressão do símbolo no produto acabado ao invés da gravação do mesmo no molde. Adotando-se esta prática evita-se a indicação 35 errônea do tipo de resina do produto. Infelizmente, este tipo de erro normalmente é observado em produtos plásticos disponíveis no mercado brasileiro. A norma não faz referência específica aos plásticos flexíveis, porém as mesmas também devem adotar a simbologia desta norma. No caso de laminação e/ou coextrusão de diversas matérias-primas para a fabricação da embalagem flexível deve-se indicar os dois componentes principais da estrutura do produto. Esta identificação das resinas auxilia na reciclagem mecânica destas embalagens, pois algumas embalagens multicamadas, tais como BOPP/BOPP, PEBD/adesivo/PA/adesivo/PEBD, PP/adesivo/EVOH/adesivo/PP, PET/adesivo/PEBD, PA/adesivo/PP, PVC/PE, PS/PE, e outras são viáveis para a reciclagem mecânica em processos específicos sem a necessidade de separação prévia das camadas da estrutura, sendo necessária em outros materiais. Embora a norma exista desde 1994, ainda existe muita heterogeneidade na identificação das embalagens disponíveis no mercado brasileiro. Além do uso de símbolos não normalizados, como mostrado na Figura 6, também existem muitas embalagens plásticas sem a identificação da resina, somente com o triângulo de três setas indicativo de material reciclável, ponto verde (símbolo de material coletado pelo sistema alemão – DSD), além daquelas onde a impressão do prazo de validade, número de lote, por exemplo, estão impressos sobre o símbolo de identificação da resina. 36 Figura 6 - Símbolos de identificação (não padronizados) de algumas embalagens disponíveis no mercado brasileiro. Fonte: COLTRO, et. al. (2008). Ainda existe falta de informação no mercado brasileiro sobre o tipo de resina da embalagem plástica (ou seja, ausência do símbolo de identificação), bem como sobre o símbolo correto de identificação do material, sendo que ambos os fatores prejudicam a cadeia de reciclagem do plástico. A falta de padronização do mercado dificulta grandemente a cadeia de reciclagem das embalagens plásticas e outros materiais plásticos no Brasil. Assim, antes de gravar ou imprimir qualquer símbolo de identificação da resina plástica deve-se seguir a norma ABNT NBR 13230 e adotar o símbolo adequado ao produto plástico a ser produzido. 37 REFERÊNCIAS ABDALLAH, RODRIGO RAGGI. Uma experiência de aplicação do Sistema APPCC (Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle) em uma indústria de lacticínios. UFSC - Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas. Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, junho de 1997. Dissertação de Mestrado. Disponível em: http://www.eps.ufsc.br/disserta97/raggi. Acesso em 02/12/2010. ABEA. Seminário Sistema HACCP Aplicado à Indústria de Alimentos. Trabalhos apresentados no Seminário. São Paulo, 1997. 65 p. ABNT. NBR 13230 – Reciclabilidade e identificação de materiais plásticos. Rio de Janeiro, 1994. ABNT. Normas da ISO. ISO 10011-2/93 – Diretrizes para Auditoria dos Sistemas da Qualidade. Parte 2: Critérios de Qualificação para auditores do Sistema da Qualidade. Rio de Janeiro. ABNT. Normas da ISO. ISO 10012-1/93 – Requisitos de Garantia da Qualidade para equipamentos de Medição. Parte 1: Sistema de confirmação metrológica para equipamento de medição. Rio de Janeiro. ABNT. Normas da ISO. ISO 22000:2006 – Sistemas de gestão da segurança de alimentos – Requisitos para qualquer organização na cadeia produtiva de alimentos. Rio de Janeiro. ABNT. Normas da ISO. ISO 8402/94 – Gerenciamento da Qualidade e Garantia da Qualidade – Vocabulário. Rio de Janeiro. ABNT. Normas da ISO. ISO 9000-2/94 – Diretrizes genéricas para aplicação da ISSO 9001, ISO 9002, ISO 9003. Rio de Janeiro. ABNT. Normas da ISO. ISO 9004-1/94 – Gerenciamento da Qualidade e elementos do Sistema da Qualidade. Parte 1: Diretrizes. Rio de Janeiro. 38 ABNT. Normas da ISO. 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