A JUVENTUDE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA CATEGORIA PROVISÓRIA OU PERMANENTE? CARVALHO, Roseli Vaz – UTP [email protected] Área Temática: Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: CNPq Resumo Este artigo apresenta resultados preliminares de investigação que integra a pesquisa de Mestrado em Educação, em andamento, “A Juvenilização da Educação de Jovens e Adultos: Estudo das Práticas Pedagógicas”. Tem como interrogação de estudo compreender como estão organizadas as práticas pedagógicas na EJA, em vista à juvenilização. Quais práticas pedagógicas estão sendo utilizadas no processo de ensino e aprendizagem para atender equitativamente jovens e adultos presentes no mesmo espaço de sala de aula, que além da diferença etária apresentam ritmos de aprendizagem, comportamentos e interesses diferenciados. O processo de juvenilização da EJA começa a ser observado na década de 1990, e vários fatores vêm contribuindo para o aumento significativo da presença dos jovens nesta modalidade de ensino. A juventude é abordada como construção social, como uma categoria heterogênea, envolvendo a diversidade do universo social dos jovens, com base no aporte teórico de Bourdieu (2003); Pais (2003); Dayrell (2003). Esse novo perfil de aluno passa a exigir demandas de novas formas de atuação metodológica e de conteúdos. Fatos que evidenciam a necessidade de um olhar sobre as práticas pedagógicas. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, com técnicas da observação participante. Os dados apresentados caracterizam-se pelo seu caráter inicial, dos primeiros questionários aplicados aos alunos jovens e da análise de documentos como o registro de matrícula, com o objetivo de traçar-se o perfil do aluno dessa instituição. A faixa etária dos jovens investigados compreende as idades entre 15 anos a 29 anos. Os dados apontam preliminarmente para a confirmação da juventude como uma categoria permanente na instituição investigada. Palavras-chave: Juventude; Educação de Jovens e Adultos; Perfil do Aluno; Faixa Etária; EJA. Introdução 7804 Este artigo apresenta resultados preliminares de investigação que integra a pesquisa de Mestrado em Educação, em andamento, “A Juvenilização da Educação de Jovens e Adultos: Estudo das Práticas Pedagógicas”, que tem como interrogação de estudo: Que práticas pedagógicas estão sendo utilizadas no processo de ensino e aprendizagem para atender equitativamente jovens e adultos presentes no mesmo espaço de sala de aula, que além da diferença etária apresentam ritmos de aprendizagem, comportamentos e interesses diferenciados. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa em desenvolvimento junto ao Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos – CEEBJA de Campo Comprido – instituição de ensino público estadual de Curitiba, que oferece Ensino Fundamental, Fase II (5ª. a 8ª. série) e Ensino Médio, na forma presencial. Os dados apresentados caracterizam-se pelo seu caráter inicial, retirados dos primeiros questionários aplicados, a centro e quatro jovens, com o objetivo de traçar-se o perfil do aluno dessa instituição e da análise de documentos como o registro de matrícula para saber-se o número de alunos da instituição. A faixa etária dos jovens investigados compreende as idades entre 15 anos a 29 anos, esta seleção partiu da compreensão da dimensão de inserção do jovem na EJA, tendo como base o entendimento do conceito de juventude como uma construção social, assim como, no Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE – órgão governamental que tem por objetivo propor políticas públicas para a juventude, e que considera jovens os indivíduos que compreendem essa faixa etária. Em seu percurso histórico, a Educação de Jovens e Adultos – EJA - vem sofrendo um processo de renovação na faixa etária de seu alunado, isto é, um processo de juvenilização, apontado por autores como Vera Masagão Ribeiro (2001) e Sergio Haddad (2007), verificado desde a década de 1990, em função da dinâmica escolar brasileira e das pressões oriundas do mercado do trabalho. Muitos fatores vêm contribuindo para que esse fenômeno de juvenilização venha a se tornar uma categoria permanente na EJA. As deficiências do sistema de ensino regular público, como a evasão, repetência, que ocasionam a defasagem entre a idade/série, a possibilidade de aceleração de estudos (como o fato de concluir em menor tempo o Ensino Fundamental e Médio) e a necessidade do emprego, contribuem para a migração dos jovens à EJA. 7805 O ingresso cada vez mais antecipado dos jovens no mercado de trabalho, a esperança de conseguir um emprego, principalmente das camadas de baixa renda, tem provocado uma grande demanda nos programas de EJA, inicialmente destinados a adultos, em virtude da minoria jovem. Para esse contingente de jovens, a busca pela elevação da escolaridade está articulada ao mercado de trabalho, cujas expectativas estão direcionadas às novas exigências do mundo moderno, à ascensão e à mobilidade social. Estes fatos têm provocado demandas de novas formas de atuação metodológica e de conteúdos, com base em necessidades formativas desses alunos. A Lei de Diretrizes e Bases, Lei no 9.394/96, no Art. 38, § 1º, ao reduzir a idade para a realização de exames de 18 anos para 15 anos no Ensino Fundamental e de 21 anos para 18 anos no Ensino Médio, vem contribuindo para o aumento significativo do número de jovens que passam a incorporar o quadro de alunos da EJA e, por conseguinte, demandando novos professores, espaços físicos e a reestruturação de sua metodologia de trabalho (SOARES, 2002). Para Rummert (2007), tal dispositivo expulsou da escola regular diurna – Ensino Fundamental – os jovens com idade a partir de 14 anos, evidenciando a ênfase atribuída à certificação em detrimento da vivência plena dos processos pedagógicos necessários ao efetivo domínio das bases do conhecimento científico tecnológico. Muitas pesquisas têm evidenciado que os jovens e adultos têm sido vistos sob o enfoque das carências escolares, com trajetórias incompletas, condição que coaduna com a visão arraigada de lhes possibilitar uma nova oportunidade de escolarização por meio da EJA. Para Arroyo, essa concepção precisa ser revista, quando evidencia a necessidade de um novo olhar, Um novo olhar deverá ser construído, que os reconheça como jovens e adultos em tempos e percursos de jovens e adultos. Percursos sociais onde se revelam os limites de ser reconhecidos como sujeitos dos direitos humanos. Vistos nessa pluralidade de direitos, se destacam ainda mais as possibilidades e limites da garantia de seu direito a educação (ARROYO, 2005, p. 23). Os jovens e adultos também são vistos sob o estereótipo de aluno-problema que, ao não se ajustar ao ensino regular, é, conseqüentemente, encaminhado a EJA. Assim, esta modalidade de ensino passa a receber todos aqueles que não conseguiram fazer seu percurso na escola regular, os quais acabam por se tornar vítimas do caráter pouco público do sistema escolar. 7806 Para Dayrell (2005), muitos professores da EJA têm uma visão rotulada do jovem aluno, ao observar que: O que se constata é que boa parte dos professores de EJA tendem a ver o jovem aluno a partir de um conjunto de modelos e estereótipos socialmente construídos e, com esse olhar, correm o risco de analisá-los de forma negativa, o que os impede de conhecer o jovem real que ali freqüenta (DAYRELL, 2005, p. 54). A juventude é abordada nesta pesquisa como construção social, que significa entendêla como uma categoria heterogênea, envolvendo a diversidade do universo social dos jovens tais como: estilos; comportamentos; interesses; posturas; necessidades; ocupações e que segundo Bourdieu “seria um abuso de linguagem subsumir, no mesmo conceito, universos sociais que praticamente nada têm em comum” (2003, p.153). As regras sociais enquadram os jovens em “duas juventudes”. Na primeira, a idade biológica se constitui como direito a estudar; a irresponsabilidade; lazer; tempo; sonhar, enfim, às regalias proporcionadas por essa fase da vida. A segunda, compreendendo a mesma idade biológica, contrária à primeira, compreende a idade social (Idem, 2003); coloca os jovens prematuramente na disputa pelo mercado de trabalho, com responsabilidades de suprir suas necessidades existenciais, sem tempo para sonhar. Os jovens são adultos no enfrentamento de algumas realidades como o trabalho, a família, o desemprego, assumindo, assim, responsabilidades que, de acordo com as normas sociais, são pertencentes aos adultos; na outra juventude, há possibilidade de ser criança para essas atividades, como diz Bourdieu configurando “a irresponsabilidade provisória” (2003, p. 153). Para Pais (2003), “[...] a juventude é uma categoria socialmente construída, formulada no contexto de particulares circunstâncias econômicas, sociais ou políticas; uma categoria sujeita, pois, a modificar-se ao longo do tempo” (PAIS, 2003, p.37). Para Dayrell, a juventude precisa ser vista como um processo, envolvendo a diversidade de contextos, sem estar fixada a critérios de etapas determinadas, como [...] parte de um processo mais amplo de constituição de sujeitos, mas que tem especificidades que marcam a vida de cada um. A juventude constitui um momento determinado, mas não se reduz a uma passagem; ela assume uma importância em si mesma. Todo o processo é influenciado pelo meio social concreto no qual se desenvolve e pela qualidade das trocas que este proporciona (DAYRELL, 2003, p. 3). 7807 Os jovens são configurados como adultos em função da forma concreta como vivenciam seu tempo de juventude. Jovens na idade, mas tornados adultos pelas regras sociais que não lhes oportunizou viver seus direitos: direito à educação, à identidade, ao desenvolvimento pleno e à juventude. As duas juventudes evidenciadas por Bourdieu podem ser observadas na EJA atualmente, especificamente no CEEBJA, pois verifica-se a presença de jovens que não trabalham, que não reprovaram no sistema regular de ensino e a presença do jovem que trabalha que foi excluído do ensino regular, ambos freqüentam a EJA, conforme demonstra-se no gráfico 1. Índice de jovens que trabalham 25% Trabalha Ñ trabalha 75% Gráfico 1 − distribuição da população jovem, conforme atividade de trabalho. Pode-se, também, sinalizar na instituição investigada, um prolongamento da juventude em virtude da dificuldade dos jovens conseguirem se auto-sustentarem, sendo conveniente o prolongamento na casa dos pais, ou seja, uma maior permanência com a família devido aos baixos salários ofertados pelo mercado de trabalho que inviabiliza a manutenção de suas necessidades. Para Pais, o prolongamento da juventude começa a ser observado quando a juventude adquire relevância social, ao evidenciar que, A partir do momento em que, entre a infância e a idade adulta, se começou a verificar o prolongamento – com os conseqüentes problemas sociais daí derivados – dos tempos de passagem que hoje em dia continuam a caracterizar a juventude, quando aparece referida a uma fase da vida (PAIS, 2003, p. 40). 7808 Este prolongamento da juventude pode ser observado atualmente, pois a maioria dos jovens entrevistados (cento e quatro) que estão matriculados na EJA nesta instituição permanece na condição de solteiros. Os perfis dos jovens que buscam, por meio da EJA, a elevação da escolaridade, são daqueles que acreditam que ela poderá assegurar um futuro melhor. Vêem como resultado, ao retorno aos estudos, o melhorar de vida, acreditando que o mundo do trabalho exige tal qualificação. Alguns alunos pararam de estudar por mais período de tempo, outros menos, mas todos tendo como justificativa a dinâmica social e econômica que compreenderam cada caminho (Questionário respondido pelos alunos). Estes jovens têm em comum a crença de que a escola os recebe sem rotulação, sem discriminação, como a qualquer outro aluno que nela está; que estão recebendo uma nova oportunidade de estudar, são agradecidos por isso, não se vêem como possuidores deste direito. Esse sentimento permanece arraigado em função da forma como a grande parcela das esferas governamental e civil tem visto os jovens, bem como alguns professores que atuam na EJA (Questionário respondido pelos alunos). O Perfil do Jovem Aluno do CEEBJA Para maior compreensão sobre os jovens traz-se o perfil dos alunos do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos – CEEBJA-, com o intuito de ter-se a visão total de quem são estes jovens, que profissão exerce; se residem com a família; se trabalham e qual a profissão que exercem; o que faz com o tempo livre; se pararam de estudar alguma vez na escola escolar e em que série; o motivo de interrupção dos estudos; o estado civil; o lugar de origem; o número de pessoas na família; a renda pessoal mensal; e outras questões que possibilitam conhecer o jovem. Com relação ao estado civil, tomando por base 104 alunos, o maior percentual é de solteiros com 82%, havendo 13% de casados e 5% de outros, compreendendo os que vivem juntos. Dentre estes, 23 jovens têm filhos. Identificou-se que grande parte destes jovens é natural do Estado do Paraná, sendo a maioria, 56, nascido na cidade de Curitiba, 33 nasceram em cidades do interior do Paraná, e 14 nasceram fora do Estado, vindos de outros Estados como São Paulo, Rio Grande de Sul, Santa Catarina, Roraima, Ceará, Alagoas, Mato Grosso e Rio de Janeiro. 7809 Com relação à questão sobre se pararam de estudar alguma vez no sistema regular de ensino, fato que mais evidencia sua presença na EJA, obteve-se o resultado de 91 alunos pararam de estudar e 13 alunos não. Ainda, procurou-se averiguar em que série eles haviam para de estudar no ensino regular e quais as causas que os levaram a parar de estudar. Dados que podem ser observados na tabela 1 e no gráfico 2. Série Parou/Estudar Nº. Alunos 4ª.série – Ens. Fund. 0,5% 5ª.série – Ens. Fund. 0,10% 6ª.série – Ens. Fund. 0,10% 7ª.série – Ens. Fund. 0,7% 8ª.série – Ens. Fund. 0,16% 1º.Ensino Médio 0,22% 2º.Ensino Médio 0,12% 3º.Ensino Médio 0,4% Não lembra 0,1% Não Parou 0,13% Tabela 1 – Série de interrupção de Estudos 5 11 11 7 17 23 12 4 1 13 Porque ficou s/ir a escola 13% 1% 4% Esc./longe P/trabalhar 22% Mudança Outros Ñ Parou 55% Ñ Resp. 5% Gráfico 2 – Demonstração da interrupção de Estudos . Pode-se observar-se que a maioria dos jovens parou de estudar no Ensino Fundamental e Ensino Médio, sendo apontado como causa a necessidade de trabalhar, o que caracteriza grande parcela dos alunos de EJA. Procurou-se também saber como estava composta a estrutura familiar, isto é, se moravam sozinhos ou com a família. Assim, questionou-se sobre o número de pessoas residentes na casa onde moravam. Os resultados obtidos demonstram que para grande parte dos alunos, 56, o número de pessoas residentes na casa onde moram indicam que são famílias 7810 de composição pequena de 3 a 4 pessoas, seguido de que 22 alunos que residem em famílias de 5 a 6 pessoas, 8 alunos com mais de 6 pessoas família, 17 alunos residem com 2 pessoas na família e somente 1 mora sozinho. Nas questões ligadas ao trabalho, objetivou-se averiguar quantos estavam atuando na economia formal e informal, para isso, perguntou-se se trabalhavam de carteira assinada ou não. Constatou-se que a maioria trabalha na formalidade, 58 jovens trabalham com carteira assinada e 26 jovens não trabalham carteira assinada, e a surpresa foi que 25% destes jovens não trabalhavam, apenas estudavam. Fato que pode dar indícios de a EJA não estar sendo composta somente pelo aluno trabalhador e excluído do ensino regular. O gráfico 3 demonstra a situação dos jovens. Carteira de trabalho assinada 26 25% Sim Não 58 56% 20 19% Ñ trab. Gráfico 3 – Carteira de Trabalho Assinada Em termos de faixa salarial, os dados revelam que a maioria recebe um salário mínimo. Apontando-se a faixa de dois salários mínimos como segunda maior renda e em terceiro aparece o número de alunos que não trabalham e freqüentam a EJA. Estes dados podem ser visualizados na tabela 3 em números absolutos. Renda 1 salário mínimo 2 salários mínimo 3 salários mínimo Menos/1 salário mínimo Mais/3 salários Nº 38 27 7 3 3 7811 mínimos Não trabalha 26 Tabela 2 – Renda Pessoal Constata-se que 37% dos jovens têm como renda mensal um salário mínimo, seguido de 26% que recebem dois salários mínimos. Estes dados podem sinalizar a justificativa de um prolongamento da juventude, um maior tempo na com a família, pois a renda mensal não subsidia os gastos necessários para viver independente. Buscou-se conhecer as profissões ou funções exercidas pelos que trabalhavam. As respostas podem ser observar na tabela 4. Funções Servente Vendedor Atendente Recepcionista Motorista Autônomo Bar Man Babá Carga/Descarga Auxiliar Administrativo Estofador Estoquista Costureira Caixa de Supermercado Almoxarife Manicure Inspetor Moto boy Pedreiro Funileiro Cozinheira Caseiro Encostada Operador de Máquina Serigrafista Diarista Serviços Gerais Carpinteiro Vigilante Nº. 1 13 5 3 1 3 2 6 2 6 1 3 2 2 1 1 1 2 2 1 2 1 1 3 2 3 1 1 1 7812 Auxiliar de Produção Conferente Tabela 3 – Profissões Exercidas 3 1 E por fim, a última pergunta realizada, foi sobre o que faziam nos finais de semana. Como eram questões fechadas, alguns marcaram mais de uma resposta. Desta forma, trouxeram-se as atividades mais marcadas, que evidenciavam representações a cerca da forma como distribuem o tempo nos finais de semana. Para os jovens na faixa etária entre 15anos a 19 anos, o tempo de lazer é distribuído entre atividades físicas (futebol); participação em grupos de jovens; Igreja; passeio no parque; assistir programas e filmes na televisão; conversas com amigos; ir a balada (festas noturnas); namorar e estudar. Os jovens entre as idades de 20 anos a 24 anos, a distribuição do tempo livre é realizada com menos atividades, mas verifica-se certa similaridade com a da faixa etária mais jovem, como atividade física (futebol); conversas com amigos; passeio no parque; Igreja; e constata-se uma proximidade maior com a família, em reuniões e visitas familiares. Já o grupo pertencente às idades entre 25 anos a 29 anos, se diferencia do grupo anterior por não realizar atividade física e por trabalhar, às vezes, nos finais de semana, mas com relação a amigos; Igreja e família mantêm similaridades. Com base no perfil traçado dos alunos do CEEBJA, pode-se definir que: o jovem que freqüenta a EJA pertence à cidade (urbano); a maioria trabalha na economia formal; possui baixa renda; deixou de ir à escola por que necessitava trabalhar; convive com a família; são solteiros, e buscam a elevação da escolaridade para que por meio do trabalho consigam melhorar a qualidade de vida. Constata-se a presença da religiosidade, e a presença do jovem que migrou da escola regular para EJA, sem ter reprovado ou parado de estudar, cujo motivo saber-se-á na próxima etapa da pesquisa de campo que compreende a entrevista. A caracterização do jovem, isto é, conhecer o jovem que freqüenta a sala de aula da Educação de Jovens e Adultos é de extrema relevância, pois auxilia o professor no reconhecimento do estágio de aprendizagem, mais precisamente, para saber qual é o conhecimento real que o aluno possui desenvolvendo assim práticas pedagógicas que o conduzam a zona de desenvolvimento proximal. Para Vigotski o professor é o elemento central no processo de ensino e aprendizagem, pois é o mediador das interações entre o aluno e o objeto do conhecimento. É pelos procedimentos e recursos pedagógicos utilizados por ele que o individuo se apropriará 7813 paulatinamente dos conceitos produzidos pela humanidade, pois a apropriação do conhecimento se dá de fora para dentro com a intervenção direta do professor mediada pela palavra (VIGOTSKI, 1998). Situando-se o lugar da pesquisa, o Centro Estadual Básica para Educação de Jovens e Adultos, tomando por base o registro total de alunos matriculados na instituição, cujo universo é compreendido por 1942 alunos, que estão distribuídos entre as organizações coletivas e individuais, a maioria se insere na faixa etária compreendida entre os 15 anos e 29 anos, conforme observa-se na tabela 4. Faixa Etária Número de alunos 15 a 19 anos 513 20 a 24 anos 406 25 a 29 anos 280 30 a 34 anos 259 35 a 39 anos 186 40 a 44 anos 132 45 a 49 anos 96 50 anos ou mais 70 TOTAL 1.942 Tabela 4 – Faixa Etária dos Alunos Fonte: CEEBJA. Org. por Roseli Carvalho, 2009. Estes dados podem ser observados nos gráficos 8 e 9, em termos de percentuais, permitindo uma maior visualização do número de jovens na EJA. Cuja intenção é causar impacto visual chamando a atenção para o fato de que a educação de jovens e adultos não é mais a mesma de décadas passadas, a qual tinha como cenário de sala de aula a maioria de alunos adultos e um número mínimo de jovens. Faixa Etária dos Alunos Matriculados 7% 5% 4% 15 a 19 anos 26% 20 a 24 anos 25 a 29 anos 10% 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 13% 14% 21% 45 a 49 anos 50 anos ou mais Gráfico 4 – Representação por Faixa Etária 7814 FONTE: CEEBJA, 2009. org. por Roseli Carvalho, 2009. Jovens e Adultos Matriculados 38% 15 a 29 30 a 50/+ 62% Gráfico 9 – Representação por Categoria Jovem/Adulto FONTE: CEEBJA. Org. por Roseli Carvalho, 2009. Na atualidade, verifica-se a inversão deste contexto, a presença significativa em termos de número de alunos jovens e mínima de adultos, nesta instituição. Considerações Preliminares Assim, trouxe-se o perfil do jovem que está matriculado na instituição pesquisada, a partir de questionário respondido por 104 alunos e pelo registro de matrículas. Os dados evidenciam que a juventude pode estar se tornando uma categoria permanente na EJA. Tais possibilidades advêm dos dados constatados no levantamento, indicam que no total de matrículas da instituição, a maioria dos alunos matriculados na EJA nesta instituição, pertencem a categoria da juventude. No Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos a juventude pode ser considerada uma categoria permanente. Para a comprovação de que a juventude, na Educação de Jovens e Adultos, é uma categoria permanente faz-se relevante que outras pesquisas realizem o mapeamento em outras instituições para com base na totalidade comprovar-se a afirmação deste processo. O que resultaria em grande avanço para esta modalidade de ensino no processo de elaboração de políticas públicas, no sentido de reverter essa demanda, de verificar quais dispositivos estão favorecendo para que jovens saiam da escola regular, assim como, para a reavaliação da prática pedagógica e de recursos pedagógicos disponíveis para o processo de ensino e aprendizagem. 7815 Para concluir, traz-se uma passagem das Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos do Estado do Paraná objetivando a reflexão sobre a presença do jovem nesta modalidade de ensino evidenciando que, A demanda desses adolescentes não deve ser vista apenas como fato, mas como a oportunidade da educação escolar responder a alguns questionamentos. - Como reverter a cultura do “aligeiramento” da escolarização ou de uma pedagogia da reprovação por uma pedagogia da aprendizagem? - Que prática pedagógica temos desenvolvido em nossas escolas? - Em que medida o tempo/espaço de escolarização tem sido adequado? 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