INFECÇÕES FUNGICAS
Prof. Dr. Robert C. Rosas
Disciplina de Agressão e defesa
Universidade Anhembi Morumbi
ESCOLA DE MEDICINA
Introdução
Os fungos são organismos eucarióticos,
desprovidos de clorofila e de celulose, uni ou
pluricelulares sem a capacidade de formar
tecido, imóveis na sua maioria.
Cada célula pode gerar, por si só, um novo
organismo da mesma espécie.
São considerados os principais
biodegradradores de matéria orgânica de nosso
planeta.
Classificação dos fungos de interesse clinico
De acordo com suas características de
multiplicação em meios de cultivo específicos
podemos classificar-los:
Fungos leveduriformes
Fungos dimórficos: tem características de
filamentoso no ambiente e muda para levedura
quando invade o ser humano.
Fungos filamentosos
Características microbiológicas
As colônias de leveduras são, em geral, de
consistência cremosa de cor branca a creme,
brilhantes ou opacas podendo apresentar às
vezes coloração escura ou alaranjada.
As leveduras produzem células simples,
arredondadas, ovais ou alongadas que se
reproduzem quase sempre por brotamento.
Características microbiológicas
As colônias de fungos filamentosos podem ser
granulares, cotonosas, aveludadas,
pulverulentas, membranosas.
O seu talo consiste de hifas que podem ser
contínuas ou interrompidas em intervalos
irregulares por septos (septada) que dividem as
hifas em células.
CLASSIFICAÇÃO CLINICA DAS MICOSES
MICOSES
SUPERFICIAIS:
PITIRIASES VERSICOLOR
TINHA NEGRA
PIEDRA NEGRA
PIEDRA BRANCA
MICOSES
CUTÂNEAS:
DERMATOFITOSES
CANDIDIASES
MICOSES SUBCUTÂNEAS:
ESPOROTRICOSE
CROMOBLASTOMICOSE
MICETOMAS
RINOSPORIDIOSE
ENTOMOFTOROMICOSE
MICOSE DO JORGE LOBO
MICOSES
OPORTUNÍSTICAS:
ZIGOMICOSES
HIALOHIFOMICOSE
FEOHIFOMICOSE
CANDIDIASE
CRIPTOCOCOSE
ASPERGILOSE
PNEUMOCISTOSE
MICOSES SISTÊMICAS:
PARACOCCIDIOIDOMICOSE
BLASTOMICOSE
HISTOPLASMOSE
COCCIDIOIDOMICOSE
Micoses superficiais
Os agentes de micoses superficiais, formam um
grupo heterogêneo de fungos que não
sensibilizam o indivíduo, não provocam reações
alérgicas a distancia como os agentes de
micoses cutâneas.
Malassezia furfur, Hortae werneckii,
Trichosporon spp., Piedraia hortae são os
fungos envolvidos nessas micoses.
Micoses superficiais
 Malassezia furfur - Agente da pitiríase versicolor, afecção
cutânea assintomática que se caracteriza por placas
descamativas de diferentes cores: castanho-avermelhadas,
marrons ou brancas. O papel do fungo em doenças de natureza
seborreica como psoríase, dermatite seborreica, foliculite é
discutível.
 M. furfur tem sido isolada também de infecções sistêmicas,
principalmente em neonatos.
 Hortae werneckii - agente da Tinha negra, lesão que se
caracteriza pela formação de manchas pouco descamativas de
coloração castanha a preta, principalmente nas palmas das
mãos.
 Essas lesões vão aumentando de tamanho, durante meses ou
anos.
Micoses superficiais
 Trichosporon spp - causa piedra branca, que consiste
em nódulos castanho-claros e macios em torno de
pêlos da região genital, axilar e do couro cabeludo. Os
nódulos são menos aderentes que os da piedra negra.
Nos pacientes com imunodeficiência, pode ocorrer
invasão do sangue, dos rins, dos pulmões e da pele.
 Piedraia hortae - produz piedra negra, que consiste
em nódulos duros, pretos e firmes em torno dos
cabelos.
Micoses cutâneas
 Agrupam as dermatofitoses e as candidíases cutâneas.
 Os agentes das micoses cutâneas atacam a epiderme e as camadas mais
profundas da camada córnea, chegando a produzir granulomas, se
localizando na pele, pêlos, unhas e mucosas.
 Os dermatófitos são fungos relacionados entre si que invadem a queratina
morta. Pertencem aos gêneros Microsporum, Epidermophyton e
Trichophyton.
 As espécies geofílicas vivem principalmente no solo;
 as zoofílicas, em animais;
 as antropofílicas, nos seres humanos.
 Esses fungos infectam locais específicos do corpo, que servem de base para
o diagnóstico clínico.
 A localização da dermatofitose pode ajudar na identificação preliminar do
fungo.
DERMATOFITOSES
Locais de acometimento
AGENTE
PELE
UNHAS
PÊLO: INVASÃO
ECTÓTRICA
PÊLO: INVASÃO
ENDÓTRICA
Microsporum
+
+ (raro)
+
-
Epidermophyton
+
-
-
-
T.mentagrophytes
+
+
+
-
T.rubrum
+
+
+ (raro)
-
T. verrucosum
+
+
+
-
T.tonsurans
+
+
-
+
T.shoenleinii
+
+
-
+
T.violaceum
+
+
-
+
DERMATOFITOSES
 Microsporum canis - causa dermatofitose do corpo e do couro
cabeludo, geralmente encontrado em crianças adquirido de
animais infectados como cães e gatos.
 Microsporum gypseum - causa dermatofitose inflamatória do
corpo ou do couro cabeludo, contraído por contato com solo
contaminado.
 Epidermophyton floccosum - dermatofitose epidêmica (pé de
atleta) em locais de veraneio, bem como dematofitose inguinal.
 Trichophyton rubrum - dermatofitose do corpo, dos pés, da
virilha e das unhas. Em pacientes imunodeprimidos, pode
causar nódulos ou abscessos subcutâneos.
DERMATOFITOSES
 Trichophyton mentagrophytes - dermatofitose inflamatória
nos pés, no corpo, nas unhas, na barba e no couro cabeludo. É
causa comum de pé de atleta, apresenta as variedades granular
e cotonosa.
 Trichophyton tonsurans - causa tinha do couro cabeludo,
tinha capilar com pontos pretos e às vezes dermatofitose do
corpo, dos pés e das unhas.
 Trichophyton verrucosum - dermatofitose do couro cabeludo,
da barba ou do corpo, geralmente adquirida por contato com o
gado infectado.
 Trichophyton shoenleinii: dermatofitose do couro cabeludo
chamado FAVO (tinha favosa) com alopécia definitiva,
raramente compromete o corpo ou das unhas.
Candidíases
 São causadas principalmente por C. albicans, embora outras
espécies de Candida estejam se tornando cada vez mais
importantes como agentes etiológicos.
 A C. albicans existe como colonizante no trato gastrointestinal,
na região vulvovaginal, na pele e fezes.
 Em casos de comprometimento imunológico e conseqüente
queda da resistência causados por AIDS, neoplasias, lúpus
eritematoso, tuberculose ou terapias com esteróides ou agentes
citotóxicos, as leveduras podem proliferar e causar autoinfecções.
 As candidíases atingem principalmente as mucosas, exemplo
candidíase oral, broncopulmonar, vulvovaginal, candidíase
mucocutânea crônica, cutânea, ungueal, etc.
Micoses subcutâneas
 Os agentes de micoses subcutâneas, tem habitat no solo.
 Podem ocorrer micoses subcutâneas quando há traumatismo por
espinhos ou outro tipo de vegetação ou materiais contaminados
por fungos.
 Os organismos alojam-se na pele e passam a produzir infecção
localizada na pele e no tecido subcutâneo e às vezes nos
linfonodos da região. Raramente a infecção se dissemina.
 As lesões subcutâneas caracterizam-se pela presença de áreas
endurecidas, nodulares, crostosas e ulceradas. Que não
cicatrizam e periodicamente produzem exsudação.
 Os membros inferiores, sobretudo os pés, são muitas vezes
comprometidos, visto que seu contato com espinhos e outros
vegetais é mais freqüente.
Esporotricose
 Esta infecção decorre de ferimentos cutâneos
provocados por materiais contaminados, como
espinhos de flores, gravetos, madeira, etc.
 Produz lesões ulcerativas subcutâneas, nos membros,
que podem avançar ao longo dos vasos linfáticos.
 A esporotricose pulmonar está sendo observada com
mais freqüência, deve ser distinguida da tuberculose,
coccidioidomicose, histoplasmose e sarcoidose.
 O agente etiológico é Sporothrix schenckii, fungo
dimórfico.
Esporotricose
Cromoblastomicose
 As lesões produzidas evoluem com grande lentidão,
vão-se formando muitas protuberâncias sobrepostas, o
que cria a aparência de couve-flor. Geralmente a
erupção é seca, mas pode ulcerar-se. Nas suas
camadas mais profundas, encontram-se corpos
escleróticos.
 Os principais agentes envolvidos: F. pedrosoi, F.
compacta, P. verrucosa, C. carrionii, Rhinocadiella
aquaspersa.
Cromoblastomicose
Cromoblastomicose
Micetomas
 O micetoma geralmente se restringe aos pés, mas pode ser
visto em outras regiões como mãos e nádegas.
 Os nódulos, que periodicamente exsudam um líquido oleoso
contem grãos que podem ser brancos, amarelos, vermelhos ou
pretos. Aos poucos as lesões comprometem toda a perna.
 A infecção causada pelos fungos superiores (micetoma
eumicótico) produz lesões fistulosas, com pouca dor ou
destruição óssea, enquanto a causada por bactérias
fungiformes (micetoma actinomicótico) apresenta lesões
tumorosas crônicas semelhantes às erupções de acne, com
grande exsudação e comprometimento ósseo e com dor.
Micetomas
 Principais agentes de micetoma eumicótico:
Scedosporium apiospermum, Acremonium falciforme,
Acremonium recifei, Exophiala jeanselmei, Madurella
mycetomatis, Madurella grisea.
 Principais agentes de micetoma actinomicótico:
Nocardia asteroides, Nocardia brasiliensis, Nocardia
otitidiscavarium, Actinomadura madurae,
Actinomadura pelletierii, Streptomyces somaliensis,
Actinomyces israelii e Actinomyces bovis.
Micetoma
Micetoma
Rinosporidiose
Doença que se caracteriza pela formação de
granuloma vegetante, poliposo, com sede
predominantemente nasal ou ocular. (conjuntiva
palpebral, conjuntiva bulbar e saco lacrimal). Já
foram verificados casos de localização vaginal,
retal e peniana, assim como no conduto auditivo
externo.
Agente etiológico Rhinosporidium seeberi que
não tem sido cultivado.
Rinosporidiose
Entomoftoromicose ou zigomicose
subcutânea
 Granuloma eosinofilico causados por zigomicetos que
invadem primariamente a gordura do tecido celular
subcutâneo. É comum em crianças, traduzindo-se pelo
aparecimento de um nódulo subcutâneo que aumenta
em volume, provocando intumescimento extensivo,
progressivo e lento. Geralmente o paciente não
apresenta imunodepressão
 Agentes envolvidos pertencentes aos gêneros
Conidiobolus e Basidiobolus.
Basidiobolomicose e Conidiobolomicose
Doença de Jorge Lobo
 Dermatose que provoca lesões tipo quelóides com
ausência de comprometimento visceral, ausência de
adenopatia satélite, longa evolução do processo. Nem
sempre as lesões cutâneas assumem aspecto
puramente queloidiano ao lado e lesões papulosas,
nodulares, verrucosas, e tuberosas podem ocorrer.
 Agente etiológico, Lacazia loboi (Loboa loboi) ainda
não cultivado.
Doença de Jorge Lobo
Doença de Jorge Lobo
Micoses sistêmicas
 Os fungos que causam micoses sistêmicas vivem em forma
sapróbia no solo. Alguns animais de vida silvestre são
reservatórios importantes. Os indivíduos podem desenvolver a
doença principalmente por inalação de propágulos.
 Todos os agentes de micoses profundas apresentam
dimorfismo térmico. Na natureza e nos cultivos a 25C, formam
colônias filamentosas com reprodução assexuada. Nos tecidos
e cultivos a 37C eles apresentam sua forma leveduriforme.
 Estes fungos são taxonomicamente heterogêneos: Histoplasma
capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis, Blastomyces
dermatitidis, Coccidioides immitis.
Histoplasma capsulatum
 é agente de infecção relacionada a indivíduos que
visitam grutas ou lugares com morcegos. 90-95% dos
casos são assintomáticos ou sub-clínicos e os
sintomas respiratórios gripais se resolvem
espontaneamente.
 Esporadicamente algum paciente pode apresentar
uma forma pulmonar aguda da doença, com suores
noturnos, tosse, febre e emagrecimento.
 É fulminante em pacientes com imunodeficiência.
Histoplasmose
Paracoccidioides brasiliensis
A infecção geralmente se caracteriza por lesões
pulmonares semelhantes às da tuberculose e
de outras micoses.
Lesões nas mucosas nasais, oral, pele e outros
órgãos podem ocorrer.
Fungo dimorfico, presente em toda America
latina com exceção do Chile.
Paracoccidioidomicose
Micoses sistêmicas
 Blastomyces dermatitidis:
 O microrganismo ao ser inalado, produz infecção respiratória crônica e branda,
que piora gradualmente, ao longo de semanas ou meses.
 Escarro torna-se purulento, sanguinolento.
 A fase respiratória da doença tem semelhanças com tuberculose,
coccidioidomicose, paracoccidioidomicose e histoplasmose. Pode provocar
lesões subcutâneas, ósseas, etc.
 Coccidioides immitis:
 A doença é adquirida por inalação dos conídios, após 14 dias de incubação
60% dos pacientes apresentam infecção respiratória assintomática. O restante
40% apresenta sintomas da doença respiratória gripal leve ou raramente
grave.
 Complicações pulmonares, na forma de cavidades ou de pneumonia ocorrem
em 5%. Pode ocorrer disseminação por via hematogênica dos pulmões para os
ossos, as articulações, a pele, os tecidos subcutâneos, etc.
Micoses oportunísticas
 A maioria dos fungos que produzem micoses
oportunísticas são saprófitos do meio ambiente, de
crescimento rápido, normalmente inalado.
 Esses organismos geralmente não são patogênicos,
mais atuam como patógenos oportunistas.
 O indivíduo que apresenta algum tipo de depressão
imunitária em decorrência de doença ou em especial,
do uso de medicamentos imunossupressores,
antibioticoterapia por longo tempo, pode ser alvo de
infecções oportunísticas.
Zigomicose
 infecção fúngica aguda causada por fungos da divisão
Zigomycota, os esporos desses fungos podem infectar os seios
paranasais e a área peri-orbital.
 A infecção rapidamente se dissemina para os vasos sanguíneos
vizinhos, causando necrose e trombose, vascular (CID). A partir
daí se difunde para o encéfalo e para as meninges, produzindo
meningoencefalíte, rapidamente fatal.
 Essa doença pode se disseminar para os pulmões e para o tubo
digestivo.
 Principais agentes envolvidos: Absidia sp., Apophysomyces sp.,
Mucor sp., Rhizopus sp., Saksenaea sp., Cunninghamella sp..
Mucormicose órbito facial
Mucormicose rino-órbito-cerebral
Feohifomicoses
 Infecções causadas por fungos demáceos que apresentam hifas escuras nos
tecidos. O número de agentes envolvidas é, em geral, muito grande e tende
a aumentar.
 Alternaria spp. – produz quadros como ceratomicose, infecções cutâneas,
osteomielite, doenças pulmonares e infecção do septo nasal.
 Bipolaris spp. – causam ceratomicose e sinusite fúngica, abscessos
subcutâneos, meningite, alergias e peritonite.
 Cladosporium spp., Epicoccum spp. e Nigrospora spp. – causa ceratomicose
e alergias.
 Curvularia spp. – causam ceratomicoses, micetoma, endocardite, infecção
pulmonar, alergias e infecção do septo nasal.
 Exserohilum spp. – sinusite fúngica, embolia aórtica, úlcera de córnea e
meningite.
Feohifomicoses
Hialohifomicoses
 Infecção causada por fungos hialinos (hifas hialinas)
 Acremonium sp. - pode causar ceratomicose, lesões do palato duro,
meningite, artrite e doenças sistêmicas.
 Aspergillus sp. - o Aspergillus fumigatus é o patógeno oportunista mais
comum do gênero. Aspergilose disseminada, doenças pulmonares,
broncopneumonia alérgica, ceratomicose, otomicose e infecção dos seios
paranasais.
 Fusarium spp. - causa mais comum de ceratomicoses, onicomicoses,
otomicoses, úlceras varicosas, micetoma, osteomielite. Tem sido identificado
também em lesões sistêmicas em transplantados de medula óssea.
 Paecilomyces spp. – implicados em casos de peniciliose, endoftalmite,
endocardite, derrame pleural e lesões cutâneas.
 Penicillium spp. – causam ceratomicose, peniciliose, otomicose, onicomicose
e, raramente, infecções profundas. Penicillium marnefei produz uma forma
disseminada de peniciliose, é o único agente dimórfico do grupo.
 Scopulariopsis sp. – ceratomicose, otomicose e onicomicose.
Hialohifomicoses
Criptococose
 Em geral produz infecções pulmonares brandas muitas vezes subclínicas.
 Em pacientes sintomáticos manifesta-se como tosse e febre, radiografias
demonstra nódulos isolados ou múltiplos nos campos pulmonares médio e
inferior que podem calcificar.
 Muitos pacientes apresentam infiltrados densos pulmonares. Na
disseminação ocorre infecção hepato-esplênica, osteomelite,
comprometimento subcutâneo e nódulos cutâneos semelhantes ao molusco
contagioso.
 A meningites é a forma grave da doença foi atinge grande parte de
indivíduos com AIDS.
 Agente etiológico: Cryptococcus neoformans var neoformans, Cryptococcus
neoformans var gattii, com os sorotipos A, B, C, D.
Criptococose cutânea
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