1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA VILAMOURA - ALGARVE Para além da Osteoporose Osteoporose: novos conceitos A Osteoporose em Portugal e no Mundo Osteoporose iatrogénica Causas raras de Osteoporose Vitamina D: para além do osso Encontros com o especialista www.spodom.org 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA 1, 2 e 3 MARÇO 2012 ALGARVE HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Programa do Congresso 4 Resumos de Palestrantes 12 Resumos de Trabalhos 40 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Programa do congresso QUINTA, 1 DE MARÇO DE 2012 17h30/19h Workshop “Para além da Osteoporose” 10h30/11h30 Discussão de posters Sala Plenária Sala Continental A e B Moderadores: Moderadores: Dr. Jorge Lains Dr. Paulo Coelho (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) Dra. Rita Sousa (Instituto Português de Oncologia, Coimbra) (Centro Medicina de Reabilitação da Região Centro “Rovisco Pais”, Coimbra) Prof. Carlos Vaz (Hospital de São João, Porto) Café · Hiperparatiroidismo primário · Doença óssea de Paget Foyer do Centro de Congressos Dr. Jorge Dores (Hospital de São João, Porto) 11h30/12h30 Dr. Luís Miranda (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) Cerimónia de abertura · Envelhecimento ósseo Sessão Inaugural “A Osteoporose em Portugal e no Mundo” Sala Plenária Dr. Jaime Milheiro (Clínica Médica do Exercício do Porto) Moderadores: 19h Cocktail de boas-vindas Dra. Eugénia Simões (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) Prof. Carlos Vaz (Hospital de São João, Porto) Dra. Ana Paula Barbosa (Hospital de Santa Maria, Lisboa) Foyer do Centro de Congressos · Osteoporosis around the world SEXTA, 2 DE MARÇO DE 2012 09h00/10h30 Mesa-redonda “Osteoporose: novos conceitos” Moderadores: Dr. Daniel Pereira de Silva (Instituto Português de Oncologia, Coimbra) Dr. Paulo Felicíssimo (Hospital Fernando Fonseca, Amadora) Dr. Francisco Sampaio (Hospital de Santa Maria, Lisboa) Dra. Fernanda Gabriel (Hospital de Santa Maria, Lisboa) · Abordagem farmacológica Dr. Paulo Coelho (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) · Abordagem cirúrgica Dr. Marco Sarmento (Hospital de Santa Maria, Lisboa) (Presidente da International Osteoporosis Foundation – IOF) · Análise económica do tratamento da Osteoporose em Portugal Sala Plenária – Patrocínio Radilan · Abordagem não farmacológica Prof. John Kanis 12h30/14h30 Prof. João Pereira (Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa) Simpósio Satélite “Benefícios do tratamento com teriparatida nos doentes com fracturas osteoporóticas” Sala Plenária – Patrocínio Lilly Portugal Moderadora: Dra. Eugénia Simões (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) · A perspectiva da ortopedia Dr. Paulo Felicíssimo (Hospital Fernando Fonseca, Amadora) · A perspectiva da medicina física e reabilitação Dra. Fernanda Gabriel (Hospital de Santa Maria, Lisboa) 05 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE 14h30/15h30 4 Endocrinologia Mesa-Redonda “Osteoporose iatrogénica” “Osteoporose no Jovem: o que fazer?” Sala Plenária Moderadores: Dra. Manuela Oliveira (Hospital Egas Moniz, Lisboa) Dra. Graça Sequeira (Hospital de Faro) 5 · Corticóides Dr. José Canas da Silva (Hospital Garcia de Orta, Almada) · Outros fármacos 15h30/16h00 Sala Plenária 17h30/18h30 Palestrante: Prof.ª Helena Canhão (Hospital de Santa Maria, Lisboa) 16h00/16h30 09h00/10h00 3 Mesa-redonda “Vitamina D: para além do osso” Moderadores: Prof. Mário Mascarenhas (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa) Prof. Lopes Vaz (Clínica de Doenças Reumáticas Lopes Vaz, Porto) · Vitamina D e sarcopénia ENCONTROS COM O ESPECIALISTA 2 Assembleia Geral e Eleitoral da SPODOM Sala Plenária – Patrocínio Merck Sharp & Dohme Café 1 (Centro Medicina de Reabilitação da Região Centro “Rovisco Pais”, Coimbra) Sala Global A1 SÁBADO, 3 DE MARÇO DE 2012 Foyer do Centro de Congressos 16h30/17h30 Dr. Jorge Lains Sala Plenária Moderadores: Dr. Aroso Dias (Reumatologista, Porto) Dra. Teresa Paula (Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa) Dra. Manuela Oliveira (Hospital Egas Moniz, Lisboa) Dra. Ana Paula Barbosa (Hospital de Santa Maria, Lisboa) Sala Continental D Fisiatria Síndrome de fragilidade no idoso “Síndrome de Frailty”: o que fazer? Dra. Ana Paula Barbosa (Hospital de Santa Maria, Lisboa) Conferência “Causas raras de Osteoporose” Ortopedia “Fracturas proximais do fémur: o que fazer?” · Vitamina D e efeitos cardiovasculares Dr. Marco Sarmento (Hospital de Santa Maria, Lisboa) Dr. Nuno Diogo (Hospital Curry Cabral, Lisboa) Sala Continental A Ginecologia “Menopausa: o que fazer?” Prof.ª Andrea Maier (Leiden University Medical Center, Holanda) 10h00/11h00 Prof. Manuel Bicho (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa) “Controvérsias I” Sala Plenária Dr. Daniel Pereira da Silva Moderador: (Instituto Português de Oncologia, Coimbra) Prof. Jaime Branco (Hospital Egas Moniz, Lisboa) Dra. Ana Fatela (Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa) Sala Continental B Reumatologia “Osteoporose refractária: o que fazer?” Prof. Carlos Vaz (Hospital de São João, Porto) Dra. Eugénia Simões (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) Sala Continental C · “Terapêutica hormonal e osteoporose” Pró Prof. Santiago Palacios Contra (Palacios Institute of Woman’s Health, Madrid) Dra. Viviana Tavares (Hospital Garcia de Orta, Almada) 07 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE · “IMC e Fracturas” Pró Prof.ª Isabel do Carmo (Hospital de Santa Maria, Lisboa) Contra 11h00/11h30 Dra. Dircea Rodrigues (Hospitais da Universidade de Coimbra) Café Foyer do Centro de Congressos 11h30/13h00 “Controvérsias II” Sala Plenária Moderador: Prof. José António Pereira da Silva (Hospitais da Universidade de Coimbra) · “Cálcio e doença Cardiovascular” Pró Dra. Eugénia Simões (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) Contra (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto) Prof. Rocha Gonçalves · “Cálcio e doença litiásica” Pró Dra. Lúcia Costa (Hospital São João, Porto) Contra Dr. Serafim Guimarães (Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia) · “Terapêutica anti-osteoporótica de longa duração” Pró 13h00 Dr. Rui Leitão (Instituto Português de Reumatologia, Lisboa) Contra Dr. Domingos Araújo (Hospital Conde de Bertiandos, Ponte de Lima) Encerrramento e entrega de prémios Sala Plenária 09 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Palestrantes e moderadores patrocínio científico Dra. Ana Fatela, Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa Dra. Ana Paula Barbosa, Hospital de Santa Maria, Lisboa Prof.ª Andrea Maier, Leiden University Medical Center, Holanda Dr. Aroso Dias, Reumatologista, Porto Prof. Carlos Vaz, Hospital de São João, Porto Dr. Daniel Pereira da Silva, Instituto Português de Oncologia, Coimbra Dra. Dircea Rodrigues, Hospitais da Universidade de Coimbra Dr. Domingos Araújo, Hospital Conde de Bertiandos, Ponte de Lima Dra. Eugénia Simões, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Dr. Francisco Sampaio, Hospital de Santa Maria, Lisboa Dra. Fernanda Gabriel, Hospital de Santa Maria, Lisboa Dra. Graça Sequeira, Hospital de Faro Prof.ª Helena Canhão, Hospital de Santa Maria, Lisboa Prof.ª Isabel do Carmo, Hospital de Santa Maria, Lisboa Prof. Jaime Branco, Hospital Egas Moniz, Lisboa Dr. Jaime Milheiro, Clínica Médica do Exercício do Porto Prof. João Pereira, Escola Nacional de Saúde Pública, Lisboa Prof. John Kanis, Presidente da International Osteoporosis Foundation – IOF Dr. Jorge Dores, Hospital de São João, Porto Dr. Jorge Lains, Centro Medicina de Reabilitação da Região Centro “Rovisco Pais”, Coimbra Prof. José António Pereira da Silva, Hospitais da Universidade de Coimbra Dr. José Canas da Silva, Hospital Garcia de Orta, Almada Prof. Lopes Vaz, Clínica de Doenças Reumáticas Lopes Vaz, Porto Dra. Lúcia Costa, Hospital São João, Porto Dr. Luís Miranda, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Prof. Manuel Bicho, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Dra. Manuela Oliveira, Hospital Egas Moniz, Lisboa Dr. Marco Sarmento, Hospital de Santa Maria, Lisboa Prof. Mário Mascarenhas, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Dr. Nuno Diogo, Hospital Curry Cabral, Lisboa Dr. Paulo Coelho, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Dr. Paulo Felicíssimo, Hospital Fernando Fonseca, Amadora Dra. Rita Sousa, Instituto Português de Oncologia, Coimbra Prof. Rocha Gonçalves, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Dr. Rui Leitão, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Prof. Santiago Palacios, Palacios Institute of Woman’s Health, Madrid Dr. Serafim Guimarães, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Dra. Teresa Paula, Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa Dra. Viviana Tavares, Hospital Garcia de Orta, Almada Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo Sociedade Portuguesa de Reumatologia Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação colaboração especial Servier Portugal colaboração Laboratório BIAL Lilly Portugal Medi Bayreuth Merck Sharp & Dohme Novartis Farma Radilan 11 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE resumos de palestrantes Workshop “Para além da Osteoporose” Workshop “Para além da Osteoporose” Doença óssea de Paget: uma abordagem prática Luís Cunha Miranda HIPERPARATIROIDISMO PRIMÁRIO Jorge Dores Assistente Graduado de Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto Professor Convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da UP O hiperparatiroidismo primário é uma doença que resulta da hipersecreção autónoma de hormona paratiroideia resultante de uma afecção das glândulas paratiroides (hiperplasia, adenoma ou carcinoma). O nível anormalmente elevado desta hormona vai ser responsável pela amplificação das suas funções, resultando em hipercalcemia, hipofosfatemia, hipercalciuria, aumento da vitamina D activa, litíase renal e perda da densidade mineral óssea. A expressão clínica do hiperparatiroidismo primário na sua máxima plenitude é cada vez menos frequente porque o acesso fácil ao doseamento da calcemia nas análises de rotina tem detectado formas cada vez mais frustes de hiperparatiroidismo primário, constituindo actualmente um grande desafio diagnóstico e de decisão terapêutica. Embora os doentes com hiperparatiroidismo primário sintomático tenham indicação para paratiroidectomia, a identificação crescente de indivíduos assintomáticos levanta a questão da pertinência do momento ou da necessidade da abordagem cirúrgica. Embora a maioria dos indivíduos assintomáticos não revelem progressão da doença como o agravamento da hipercalcemia, hipercalciúria, doença óssea e/ou nefrolitíase, alguns indivíduos sofrem a consequência dessa progressão, beneficiando da cura cirúrgica. Portanto o grande objetivo nesta forma assintomática é identificar os indivíduos em risco para a progressão da doença, bem como aqueles que exibem características da doença que possam melhorar com a paratiroidectomia. A decisão de paratiroidectomia não se aplica a doentes com hipercalcemia hipocalciúrica familiar. Pessoas com esta alteração metabólica têm apenas uma hipercalcemia ligeira, ausência de sintomas ou evidência de danos dos órgãos alvo do hiperparatiroidismo. A constatação crescente de deficiência da vitamina D na população tem criado algumas situações potencialmente confundidoras com o diagnóstico do hiperparatiroidismo primário, que por vezes motivam a paratiroidectomia sem o sucesso pretendido, uma vez que o hiperparatiroidismo pode ser secundário ao défice de vitamina D. Assim, a dificuldade de decisão quanto à opção cirúrgica como estratégia terapêutica do hiperparatiroidismo primário assintomático pode ser exacerbada por uma má abordagem no diagnóstico diferencial entre estas últimas situações, motivo pelo qual estes doentes deveriam ser sempre referenciados a um endocrinologista antes do envio ao cirurgião. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Reumatologia; Instituto Português de Reumatologia, Clínica da Cruz Vermelha - Estremoz A Doença óssea de Paget (DOP) é a patologia óssea e metabólica mais frequente após a osteoporose. Tem como característica principal existir um aumento inicial da reabsorção óssea seguida de actividade osteoblástica excessiva. Como consequência, ocorre uma deformação com aumento do osso com um padrão defeituoso e desorganizado (osso plexiforme). Tal alteração contribui para uma deformação óssea e um risco aumentado de fracturas. Sendo raro antes dos 40 anos é uma doença que na maior parte dos casos é assintomática. Existe uma associação regional, sendo que tipicamente em Portugal é mais frequente no Alentejo e zonas mais a sul do Rio Tejo, e uma susceptibilidade genética que lhe confere uma agregação familiar. O atingimento de vários ossos é mais comum (Paget poliostótico), sendo a bacia e o crânio os mais frequentemente atingidos. O diagnóstico é muitas das vezes ocasional em Rx, sendo que a dor ou a fractura podem ser os determinantes clínicos para início do diagnóstico. A presença de fosfatase alcalina elevada é indicativa da actividade da doença sendo muitas das vezes auxiliar igualmente do diagnóstico. O tratamento são os antireabsortivos e entre estes os bifosfonatos que são consideradas primeiras linhas do tratamento da DOP. Algumas dosagens e regimes terapêuticos não estão disponíveis em Portugal mas a sua eficácia é demonstrada nomeadamente na % de redução do valor da fosfatase alcalina. Droga Posologia Duração % de redução do valor da fosfatase alcalina Etidronato 400 mg/dia oral 6 meses 15 Clodronato 1600 mg/dia oral 6 meses 60 Tiludronato 400 mg/dia oral 3 meses 39 Pamidronato 60 mg/dia IV 3 dias 53 Alendronato 40 mg/dia oral 6 meses 63 Risedronato 30 mg/dia oral 2 meses 73 Ibandronato 6 mg/dia IV 2 dias 70 5 mg IV dose única 89 Ácido Zoledronico 13 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Têm indicação para tratamento: Workshop “Para além da Osteoporose” 1. Doentes sintomáticos – dor óssea, dor pós fractura associada, artropatia, síndromes neurológicos compressivos, insuficiência cardíaca (por sequestro); ENVELHECIMENTO ÓSSEO 2. No perioperatório – a cirurgia a osso pagético de forma a diminuir o risco de hemorragia; 3. Hipercalcémia – Situação rara mas pode surgir em doentes com DOP extensa e imobilizados; 4. Envolvimento de zonas com potencial para pior prognóstico (ossos longos, base crânio, coluna vertebral (especialmente acima de L2), zonas adjacentes a grandes articulações e lesões líticas. Sendo uma doença com algum potencial de incapacidade pela fractura, dor e incapacidade existe uma necessidade de um maior esforço diagnóstico nomeadamente nas zonas em que a doença aparenta ser mais frequente. Uma eventual ligação entre os Radiologistas e os Reumatologistas pode servir para mais rapidamente ser feito o diagnóstico e consequentemente a abordagem terapêutica. Dr. Jaime Milheiro Clínica Médica do Exercício do Porto Resultante da aprendizagem da temática do envelhecimento, onde incluímos o processo de declínio ósseo, percebemos que este processo está associado a uma série de “pausas” eléctricas e hormonais decorrentes do normal processo temporal. Assim, falando das múltiplas perdas hormonais associadas ao envelhecimento ósseo, irá ser debatido o papel fundamental que a testosterona associada ao hipogonadismo desempenha neste processo, uma vez que a sua quebra acarreta um série de compromissos, nomeadamente da força (mental e física) potenciando a sarcopenia, promovendo assim a osteoporose. Outros efeitos do hipogonadismo nomeadamente: a diminuição da função sexual e da libido, anemia, fadiga, depressão, irritabilidade, envelhecimento cardiocirculatório, disfunção cognitiva, síndrome metabólico, entre outras, deverão ser igualmente avaliadas neste processo clínico. Debatendo o tema da sarcopenia, irá ser focada a importância que o exercício de carga apresenta, associada a uma correcta alimentação predominantemente proteica e a um repouso condizente, capaz de potenciar o papel hormonal regenerativo nocturno que a hormona de crescimento desempenha. Se conseguirmos fazer perdurar os nossos níveis hormonais ou atenuar as suas perdas, envelheceremos seguramente melhor. De realçar o papel da vitamina D em todo este processo. Referência igualmente ao papel que a deficiência dos principais neurotransmissores associados ao processo do envelhecimento desempenha, apresentando também um papel major neste processo. Assim, a diminuição da dopamina, da acetilcolina, da GABA e da serotonina associados normalmente aos processos respectivamente de confusão mental, demência, ansiedade/pânico e depressão, irão ser debatidos e explicados na temática do envelhecimento ósseo - “WEAK FRAME – WEAK BRAIN”. Por fim, fazer referência ao papel individual em todo este processo. Sabemos que no envelhecimento, as perdas de reservas funcionais e a promoção do dano funcional são causados por mecanismos stressores psico-sociais. Importante ter em conta o papel da alostasis individual (capacidade de adaptação) ao estímulo alostático (carga) que irá determinar o saldo através dessa mudança. Este processo representa no fundo o esforço de adaptação fisiológica aos reais ou percebidos estímulos stressores a fim de melhorar a capacidade de sobrevivência do organismo. Esta consideração é transportável a múltiplas situações orgânicas, nomeadamente à questão óssea. 15 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE mesa-redonda “Osteoporose: novos conceitos” mesa-redonda “Osteoporose: novos conceitos” ABORDAGEM FARMACOLÓGICA ABORDAGEM CIRÚRGICA Paulo Clemente Coelho Marco Sarmento Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Hospital de Santa Maria, Lisboa A elevada prevalência da Osteoporose e o aumento da morbilidade e mortalidade relacionadas com esta entidade fundamentam o grande interesse pela inovação no seu tratamento farmacológico. Uma melhor compreensão da fisio-patologia da doença, nomeadamente a involução da microestrutura do osso com a idade, assim como da avaliação dos factores qualitativos relacionados com a saúde óssea têm aberto novos caminhos para a abordagem preventiva e terapêutica da osteoporose. A suplementação cálcica e com Vitamina D, preferencialmente adaptados a cada caso individualmente, mantêm um papel de relevo no incremento da saúde óssea e do potencial terapêutico de outras medidas farmacológicas, devendo o seu enquadramento ser feito respondendo cientificamente a alguma polémica com componente mediática surgida recentemente. No tratamento farmacológico da Osteoporose, o grupo com acção antireabsortiva continua a ser o mais utilizado na prática clínica. Nos vários anos de utilização os bisfosfonatos consolidaram a evidência da sua eficácia anti-fracturária, no entanto, mais recentemente surgiram questões quanto à sua segurança óssea, a qual requer um enquadramento na sua real importância e significado. Os SERMs demonstraram um efeito redutor do risco de fractura vertebral, a que se associa um potencial de intervenção noutros campos da patologia da mulher pós-menopausica, nomeadamente a prevenção do cancro da mama estrogénio-dependente. A aplicação de anti-corpos monoclonais no tratamento da osteoporose é recente e além da diminuição do risco fracturário evidente, a sua intensa inibição da actividade osteoclástica apresenta um potencial de acção terapêutica noutras patologias onde estas células têm uma participação fisio-patológica importante, caso da Artrite Reumatóide. Um novo grupo de intervenção terapêutica na Osteoporose consolidou-se recentemente, com o aparecimento de fármacos com acção osteoformativa, com uma eficácia anti-fracturária fundamentada em alterações micro-estruturais do osso diferentes das obtidas pela terapêutica anti-reabsortiva. Com esta possibilidade de intervenção abriu-se a alternativa a novas estratégias de intervenção sequencial do tratamento da Osteoporose. Ainda não aprovados para a terapêutica da Osteoporose, mas com um grande potencial de eficácia, estão novas moléculas com acção inovadora no seu mecanismo de actuação, como são o caso dos inibidores da catepsina-K e da esclerostina. O tratamento cirúrgico na osteoporose incide sobe as fracturas mais comuns, resultado final da mesma: fracturas da coluna vertebral, proximal do fémur e do úmero e distal do rádio. Os problemas associados à abordagem cirúrgica no tratamento destas fracturas dizem respeito ao aumento da incidência das mesmas pelo aumento da esperança média de vida da população; ao aumento progressivo da complexidade dos casos pelo aumento e agravamento das comorbilidades dos doentes; ao aumento das indicações cirúrgicas pelo desenvolvimento tecnológico que deriva da maior qualidade vida dos doentes em idades mais avançadas e das solicitações dos doentes e por último o aumento progressivo dos custos associados ao tratamento cirúrgico e de reabilitação destes doentes. Começando pelas fracturas proximais do fémur, estas são quase sinónimas de tratamento cirúrgico. Importa distinguir se são intra ou extra-capsulares pois as primeiras implicam a substituição protésica da cabeça do fémur enquanto as segundas permitem a sua preservação. Nas fracturas intra-capsulares a opção é entre proceder a uma substituição parcial (hemiartroplastia) ou uma substituição total. A primeira geralmente reservada a doentes mais idosos e a segunda a doentes mais jovens (< 80 anos). Nas fracturas extra-capsulares o ponto-chave é o padrão de fractura. Nas fracturas instáveis devemos utilizar um implante endomedular e nas estáveis um implante extramedular. Esta opção tem a ver com o comportamento biomecânico do implante em função do padrão de fractura. Nas fracturas proximais do úmero a opção cirúrgica tem em linha de conta a idade do doente, as actividades diárias que ainda desempenha, as comorbilidades associadas, a quantidade de fragmentos da fractura e a qualidade óssea, a qualidade dos tecidos moles nomeadamente da coifa dos rotadores e a capacidade de reconstrução da fractura. Assim, nas fracturas estáveis, com alinhamento das eminências ósseas e nos doentes com baixa expectativa de tratamento o tratamento conservador é a opção de eleição. Naquelas instáveis, nos doentes com maior expectativa e com capacidade de reconstrução, o tratamento passa pela osteossíntese com placa e parafusos. Nas fracturas irreconstruíveis, a substituição artroplástica é a única opção possível. Nas fracturas da coluna vertebral, a grande maioria é tratada conservadoramente. Este tratamento consiste na utilização de uma ortótese para conforto do doente, analgesia para controlo da dor e programa de reabilitação. Quando a dor é persistente ou intratável e aparecem sinais neurológicos há que ponderar o tratamento cirúrgico. 17 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Este pode passar pela vertebro/cifoplastia ou pela artrodese posterior quando na presença de maiores deformidades. O tratamento das fracturas distais do rádio é na maior parte das vezes conservador com utilização de aparelho gessado entre 4 a 6 semanas quando se consegue um alinhamento e comprimento aceitável do rádio distal. Quando tal não é possível e quando as solicitações dos doentes são mais exigentes a cirurgia é uma opção. Esta pode passar pela fixação dos fragmentos ósseos com fios K, de forma percutânea, pela osteossíntese com placa e parafusos ou pelo uso de um fixador externo. sessão inaugural “A Osteoporose em Portugal e no Mundo” OSTEOPOROSIS AROUND THE WORLD John A Kanis WHO Collaborating Centre for Metabolic Bone Diseases, University of Sheffield Medical School, Sheffield, UK. The clinical significance of osteoporosis lies in fracture. Fragility fractures are now recognised as a major problem of public health. Although the prevalence of all fractures is similar amongst men and women over the entire age span, the vast majority of osteoporotic fractures occur in elderly women. The reasons for this relate in part to differences in bone density at maturity and in particular to the loss of bone that occurs after the menopause. In addition, women live longer than men and are exposed, therefore, for longer periods to a reduced bone density. Osteoporotic fractures comprise vertebral compression fractures, Colles fractures at the wrist, hip fractures, proximal humerus fractures and, to a lesser extent, fractures at other sites. In Sweden, the remaining lifetime risk at the age of 50 years of sustaining a hip fracture is 22.9% in women and 10.7% in men. In Sweden, the remaining lifetime risk of a major osteoporotic fracture (clinical spine, hip, forearm or humeral fracture) is 46.4% in women and 22.4% in men. However fracture risk varies markedly worldwide for reasons that are not known. Hip fractures account for the major morbidity and cost. In Europe 179,000 men and 711,000 women sustained a hip fracture in the year 2000 and the direct costs in the first year are estimated at €24.3 billion. The excess mortality from hip fracture is 10-20%, and of those surviving, half will have long-standing disability. In the UK the average hospital stay is 30 days. The global burden of osteoporosis can be quantified by disability adjusted life years (DALYs). This integrates the years of life lost due to a fracture and the disability in those that survive. In Europe, osteoporotic fractures account for more DALYs lost than common cancers, with the exception of lung cancer. The DALYs lost in Europe from osteoporosis (2.0 million) were less than for osteoarthritis (3.1 million), but greater than for rheumatoid arthritis. The frequency of osteoporotic fracture is rising in many countries. Reasons for this relate in part to the increased longevity of the population, which is occurring both in the developed and underdeveloped world. In Europe the total population will not increase markedly over the next 25 years, but the proportion accounted for by the elderly will increase by 33%. In the developing world, the total population as well as life expectancy of the elderly will increase two-fold over the next 25 years, so that osteoporotic fractures will assume even greater significance for health care planning. Over and above the increasing population at risk, there is an increase in age and sex specific incidence in many communities. Thus, the number of hip fractures will more than double assuming no change in age-specific risk but will more than quadruple with very conservative estimates of the secular trend. 19 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE sessão inaugural “A Osteoporose em Portugal e no Mundo” Análise económica do tratamento da osteoporose em Portugal João Pereira Escola Nacional de Saúde Pública Universidade Nova de Lisboa A aplicação da análise económica é hoje um facto incontornável dos sistemas de saúde. Em Portugal, novos medicamentos são frequentemente sujeitos a este tipo de análise para efeitos de decisão sobre comparticipação pelo SNS. No âmbito da iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e Ordem dos Médicos sobre Boas Práticas Clínicas, a informação económica começa também a ser considerada em normas de orientação clínica, à semelhança do que acontece noutros países. A análise económica em saúde compreende um conjunto de técnicas que se apoiam não só na ciência económica mas também noutras disciplinas como a epidemiologia, a psicologia ou a análise de decisão. Estas técnicas incluem, por exemplo, os estudos sobre custos da doença, a análise de custo-benefício e a análise de custo-efectividade. A presente comunicação relata dois exemplos recentes de estudos económicos na área da osteoporose em Portugal. O primeiro estudo teve como objectivo estimar os custos associados a diferentes tipos de fractura osteoporótica em mulheres Portuguesas pós-menopáusicas. Foi desenhado e aplicado um questionário específico a um painel de peritos, utilizando o método de painel Delphi modificado. O painel incluiu 5 ortopedistas, 3 médicos de família e 2 reumatologistas, atendendo a critérios de representatividade de dispersão geográfica e tipo de instituição de proveniência. Foi recolhida informação relativa a internamentos, procedimentos cirúrgicos, consultas, uso de medicação e referenciação para outros cuidados, relativamente a quatro casos clínicos representativos de fracturas do colo do fémur, coluna vertebral, punho e úmero proximal. Os recursos foram valorizados recorrendo a fontes oficiais e outros estudos publicados na literatura. Estimaram-se custos directos anuais de 8.486,17 € (colo do fémur), 1.792,16 € (vertebral), 1.044,26 € (punho) e 2.914,67 € (úmero proximal), por fractura, na perspectiva do SNS. Os internamentos e atendimentos de urgências correspondem aos custos mais elevados nas fracturas do colo do fémur (66%) e do úmero proximal (53%); enquanto as consultas contribuem com a maior parcela da despesa nas fracturas do punho (46,3%) e vertebral (30,6%). Os custos com medicação (entre 0,6% e 6,1%) e meios complementares de diagnóstico (entre 0,7% e 5,8%) têm um menor peso na despesa total. Incluindo na análise a institucionalização em lares de terceira idade devido à perda de autonomia e a prestação de cuidados continuados, estima-se que os custos anuais ascendem a 10.590,20 € (colo do fémur), 2.544,69 € (vertebral) e 3.933,70 € (úmero proximal). O estudo permite concluir que as fracturas osteoporóticas em mulheres pós-menopáusicas, para além do conhecido impacto clínico, estão associadas a uma utilização de recursos com valor económico muito significativo. O segundo estudo analisado teve como objectivo efectuar uma análise de custo-efectividade do medicamento denosumab em comparação com a prática clínica corrente no tratamento da osteoporose pós-menopáusica em Portugal. Foi usado um modelo de markov de custo-utilidade com ciclos de 6 meses, de estrutura semelhante a modelos encontrados na literatura. O caso base comparou o denosumab com a terapêutica mais comum no tratamento da osteoporose (combinação de alendronato e colecalciferol), modelizando-se individualmente em análise de sensibilidade todos os medicamentos não genéricos com uma quota de mercado de pelo menos 5%. Os dados de eficácia do denosumab foram retirados do ensaio clínico FREEDOM e os dos comparadores de uma meta-análise efectuado pelo National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). O uso de recursos associado às fracturas osteoporóticas foi obtido a partir do estudo relatado anteriormente. O modelo incluiu dados epidemiológicos Portugueses, sendo complementado por dados Suecos na ausência de dados nacionais. O impacto das fracturas osteoporóticas na qualidade de vida relacionada com saúde foi obtido a partir da literatura internacional. O diferencial de persistência entre o denosumab e as restantes alternativas terapêuticas foi obtido do estudo DAPS. Foram efectuadas análises de sensibilidade determinística e probabilística aos principais parâmetros do modelo, incluindo as taxas de eficácia dos fármacos, os custos das fracturas osteoporóticas, a assumpção inicial de diferente persistência associada aos tratamentos e a inclusão dos custos suportados pela Segurança Social com a institucionalização em lares de terceira idade. Considerando um custo anual do denosumab de 382,20 € para o SNS, o modelo estima para o caso base (versus alendronato + colecalciferol) um rácio de custo-efectividade incremental (RCEI) de 16.911 € por ano de vida ganho ajustado à qualidade (AVAQ). O modelo estima que o denosumab evita, face ao comparador, 12 fracturas da anca, 22 fracturas vertebrais, 2 fracturas do punho e 1 fractura osteoporótica de outra localização, por mil doentes tratadas, ao longo de 10 anos. Dos diferentes parâmetros em análise de sensibilidade determinística, o modelo estimou uma maior variação no RCEI quando se assumiu semelhante persistência aos tratamentos (31.233 €/AVAQ) e se incluíram os custos com institucionalização em lares de terceira idade (13.289 €/AVAQ). Após 1.000 simulações, é estimado que o denosumab tem 57,3% e 76,7% de probabilidade de ser custo-efectivo para uma disponibilidade a pagar de 20.000 € e 30.000 €/AVAQ, respectivamente. Quando a análise é efectuada versus os restantes medicamentos, o denosumab é dominante (poupa recursos) quando comparado com o ranelato de estrôncio e os RCEI obtidos versus alendronato, ibandronato, risedronato e raloxifeno são 24.664, 8.942, 18.905 e 8.141 €/AVAQ, respectivamente. Os resultados deste segundo estudo sugerem que o denosumab tem um perfil de custoefectividade aceitável, quando comparado com as terapêuticas habitualmente utilizadas no tratamento da osteoporose pós-menopáusica em Portugal. Os dois estudos exemplificam como a análise económica pode produzir informação relevante para a tomada de decisão no sistema de saúde em Portugal. 21 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE mesa-redonda “Osteoporose iatrogénica” produção gonádica de esteroides sexuais. Nestes homens, ocorre uma perda “aguda” de massa óssea e consequentemente fraturas; nestes casos, tem sido demonstrada a eficácia de bisfosfonatos endovenosos como zoledronato e pamidronato, assim como dos SERMs e do denosumab. CORTICOSTEROIDES E OUTROS FÁRMACOS Ana Paula Barbosa Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Hospital Universitário de Santa Maria, C.H.L.N., E.P.E. Endocrinologia e Doenças do Metabolismo, F.M.U. L. A Medicina evoluiu de tal forma que atualmente existe um armamentário farmacológico enorme à disposição do clínico. Uns fármacos para tratar, outros para prevenir, mas, como “não há bela sem senão”, algumas medicações também podem gerar doença. As alterações da massa óssea e a osteoporose não escapam a esta situação, pois alguns dos fármacos mais frequentemente prescritos afetam adversamente o esqueleto. Inclusivé, alguns medicamentos têm sido associados mesmo a um risco aumentado de fraturas osteoporóticas, não só a nível do doente individualmente mas também porque o seu uso generalizado poderá aumentar esse risco em termos populacionais. A osteoporose é uma doença de etiologia multifactorial. Estima-se que cerca de 20 a 30% dos casos de osteoporose na mulher após a menopausa e mais de 50% dos casos no homem têm uma etiologia secundária, entre as quais a iatrogénica (Quadro 1). Quadro 1. Fármacos mais frequentemente associados à perda de massa óssea e/ou desenvolvimento de osteoporose. - Corticosteroides - Anti-convulsivantes - Anti-retrovirais - Anti-psicóticos; lítio - Anti-ácidos; alumínio - Anti-coagulantes (heparina não fracionada) - Inibidores selectivos da recaptação da serotonina - Inibidores da bomba de protões - Análogos da somatostatina - Hormona tiroideia - Tiazolidinedionas (glitazonas) - Inibidores da aromatase - Agonistas GnRH - Imunossupressores (tacrolimus; ciclosporina) - Metotrexato - Ciclofosfamida - Tetraciclinas -Furosemida Os corticosteroides são a causa principal de osteoporose iatrogénica. Provocam diminuição da absorção intestinal de cácio, hipogonadismo e redução da formação óssea. A perda óssea, que predomina no esqueleto axial, pode variar entre 5 a 15% ao ano, sendo mais pronunciada nos primeiros 3 a 12 meses; o risco de fraturas está aumentado nos primeiros 3 a 6 meses após o início do tratamento podendo atingir 30 a 50% na terapêutica crónica. Os inibidores da aromatase (anastrazole, letrozole, exemestano) utilizados no tratamento do cancro da mama, originam redução da DMO e osteoporose por reduzirem os níveis de estrogénios. O ácido zoledrónico e o denosumab poderão prevenir a perda de massa óssea provocada pelos inibidores da aromatase. Os agonistas GnRH são habitualmente utilizados no tratamento de mulheres com endometriose e em homens com carcinoma da próstata, com o objetivo de inibir a A hormona tiroideia (levotiroxina) aumenta a reabsorção óssea, reduzindo a densidade mineral óssea (DMO) em cerca de 10 a 20%, com predomínio no osso cortical. Os imunossupressores utilizados em transplante de orgãos, principalmente a ciclosporina e o tacrolimus, podem provocar perda de massa óssea e osteoporose. O período imediatamente após o transplante é particularmente susceptível ao aparecimento de fraturas. Os anticonvulsivantes têm sido associados à redução da DMO, a alterações na qualidade do osso, a osteoporose e ao aparecimento de fraturas. Em termos fisiopatológicos vários mecanismos estão implicados, nomeadamente indução hepática de enzimas do citocromo P450, ação direta nos osteoblastos, alteração na absorção do cálcio, hiperparatiroidismo, aumento da homocisteina, redução da vitamina K e também redução dos esteroides sexuais. Os fármacos implicados são a fenitoína, o fenobarbital e a carbamazepina. O valproato, apesar de inibidor das enzimas do citocromo P450, reduz a DMO em vários locais do esqueleto. A prevalência de osteoporose em homens e mulheres antes da menopausa infectados pelo vírus HIV é cerca de 3 vezes superior aos que não têm infeção HIV. A redução da DMO é mais frequente em doentes HIV com 20 a 45 anos de idade do que na população geral. A etiologia ainda não está completamente esclarecida, mas pensa-se que a inflamação crónica da infecção vírica, a acção directa do vírus HIV nos osteoclastos e ainda a terapêutica anti-retroviral são os principais factores implicados. Os doentes que fazem terapêutica anti-retroviral, nomeadamente inibidores da protease têm maior prevalência de redução da DMO e de osteoporose que os controlos. As tiazolidinedionas são antidiabéticos orais cujos efeitos terapêuticos “major” se centram no fígado, músculo e tecido adiposo. No entanto, sabe-se que também têm acções a nível ósseo. As tiazolidinedionas têm a capacidade de desviar a diferenciação das células “stem” mesenquimatosas de osteoblastos para adipócitos, originando assim um aumento da adipogénese e uma redução da osteoblastogénese; reduzem a formação óssea ao interferirem com a diferenciação das células ósseas; assim, vão provocar uma diminuição da DMO. A rosiglitazona e a pioglitazona associaram-se ao aumento da incidência de fraturas da anca e do punho em diabéticos; o risco parece ser mais elevado em mulheres após a menopausa e ser dose dependente. Assim, em doentes submetidos estes fármacos é fundamental a monitorização através da DMO e/ou dos marcadores bioquímicos da remodelação óssea, a instituição de modificações do estilo de vida que minimizem a perda óssea e previnam as fraturas tais como a realização de exercício físico regular, a redução da ingestão de álcool, a abstinência tabágica; ainda garantir um aporte adequado de cálcio e vitamina D e em casos seleccionados instituir tratamento com fármacos anti-reabsortivos ou osteoformadores (Quadro 2). 23 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Quadro 2. Recomendações para doentes medicados com fármacos que afectam adversamente o esqueleto. - Avaliar o risco fraturário antes da prescrição - Recomendar alterações do estilo de vida que promovam a saúde do esqueleto - Escolher fármacos com o menor impacto sobre o osso - Rever periodicamente a necessidade do fármaco em causa - Seguir as recomendações de tratamento da osteoporose - Re-avaliar anualmente a DMO e o risco fraturário em doentes sob inibidores da aromatase e agonistas GnRH que não fazem tratamento anti-osteoporótico - Reforçar periodicamente a necessidade de cumprimento do tratamento anti-osteoporótico conferência “Causas raras de osteoporose” Causas raras de Osteoporose Helena Canhão Hospital de Santa Maria, Lisboa A comunicação tem como objectivo discutir algumas causas raras de osteoporose (OP). Quando deve o médico colocar essa hipotese? Qual a sua definição? Como investigar? Exemplos de causas. Como tratar? As fracturas de fragilidade que ocorrem em crianças, mulheres pré-menopausicas, homens abaixo dos 70 anos, mulheres pós-menopausicas com manifestações sistémicas ou de orgão ou com dores ósseas não relacionadas com fractura, devem ser avaliadas como podendo estar associadas a eventuais causas secundárias de OP. Sabemos que a osteoporose pós menopausica, sobretudo em mulheres após os 65 anos e a osteoporose dos idosos acima dos 75 anos são frequentes. De facto, o sexo e a idade são bons preditores de OP secundária. Mas na globalidade, cerca de 30% das mulheres e 50% dos homens que sofrem de fracturas vertebrais múltiplas, apresentam causas secundárias para essa OP. É por isso fundamental iniciar terapêutica quando esteja estabelecida a causa da OP, nomeadamente investigadas causas secundarias. Há alguns sinais que podemos considerar de alerta para a presença de OP secundária: o sexo e idade do indivíduo, a presença de sintomas sistémicos ou de orgão para lá dos relacionados com a ocorrência de fractura, alterações laboratoriais, a presença de um baixo Z score na densitometria ossea e a existência de múltiplas fracturas de fragilidade. Há varias patologias com associação estabelecida com OP como a doença celíaca, doenças inflamatórias intestinais e sindromas de malabsorção; doenças endócrinas tais como a síndroma de Cushing, hipertiroidismo, diabetes tipo I, hiperparatiroidismo e acromegalia; doenças reumáticas inflamatórias crónicas, doença hepática crónica e insuficiência renal crónica; mieloma multiplo, hipogonadismo, sindroma de Turner e transplante de orgão. Da mesma forma, algumas terapêuticas aumentam o risco de OP como os corticosteroides, heparina, anticonvulsivantes, furosemido, tiroxina e alguns fármacos citotóxicos. Na exclusão de causas raras de OP, a história clínica e o exame objectivo são chave para o diagnóstico. Mas também exames laboratoriais que, habitualmente são normais na OP primária, ao apresentarem alterações podem induzir a suspeita ou a confirmação de um diagnóstico associado. Na suspeita de OP secundária recomenda-se a realização de hemograma, velocidade de sedimentação, cálcio e fosforo sericos, fosfatase alcalina, hormona tireotrofica, função renal, provas hepáticas e electroforese das proteínas. Outros exames laboratoriais poderão ser solicitados de acordo com o resultado dos listados acima ou solicitados em casos individualizados. Exemplos são o doseamento da paratormona, 25 hidroxi vitamina D, cálcio e fosforo urinários e serologias para o diagnóstico de doença celíaca. 25 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Alguns exemplos de doenças ósseas metabolicas associadas a osteoporose são a osteomalacia e o hiperparatiroidismo. Mutações genéticas estão na base da osteogenese imperfeita, sindroma da osteoporose-pseudoglioma, sindroma de Marfan e de EhlersDanlos syndrome. Outras patologias como osteoporose transitória da anca, osteoporose da gravidez e osteoporose idiopática juvenil também constituem causas raras de OP. encontros com o especialista A terapêutica deve sempre que possível ser dirigida à patologia de base. Outras medidas como tratar sintomaticamente as fracturas e a adopção de medidas para a sua estabilização, intervenções não farmacológicas e farmacológicas que promovam o aumento da massa óssea e previnam fracturas são fundamentais nestes doentes. Manuela Oliveira Endocrinologia Osteoporose no jovem – O que fazer ? Serviço de Endocrinologia. Hospital Egas Moniz, Lisboa Ana Paula Barbosa Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Hospital Universitário de Santa Maria, Lisboa A osteoporose, doença conhecida por atingir mulheres pós-menopáusicas e idosas, pode também surgir em crianças e jovens apesar de ser rara nestes grupos. A osteoporose pode ser primária na infância, no entanto mais frequentemente é uma complicação de doenças crónicas ou da sua terapêutica. Atinge cerca de 25% das crianças com doenças sobretudo as que interferem na ingestão e na absorção dos nutrientes (cálcio e Vitamina D). Condicionam uma perda de massa óssea e aumento da fragilidade óssea, salientando-se as doenças intestinais, reumáticas e renais crónicas, além da fibrose quística e da anorexia . O tecido ósseo é formado por células (osteoblastos e osteoclastos), minerais (cálcio e fósforo) e matriz orgânica (proteínas colagéneas e não colagéneas). Os osteoblastos sintetizam e mineralizam a matriz proteica com cristais de hidroxiapatita, enquanto os osteoclastos promovem a reabsorção óssea, mantendo assim uma remodelação tecidular constante. Na infância, a formação excede a reabsorção, e a remodelação óssea é intensa, com dois períodos de aceleração do crescimento: nos dois primeiros anos de vida e durante a adolescência (entre 11 e 14 anos nas meninas e entre 13 e 17 anos nos meninos). São dois os factores que interferem na formação óssea: intrínsecos e extrínsecos. Os primeiros incluem factores hereditários (responsáveis por cerca de 80% do pico final de massa óssea), hormonais (GH, IGF1, estrogénios e testosterona), raça e sexo; os factores extrínsecos são sobretudo aspectos nutricionais, factores mecânicos, hábitos, presença de doenças crónicas e uso de medicamentos. Entre os factores de risco para um menor pico de massa óssea incluem-se o sexo feminino, a raça caucasiana, a puberdade tardia, a deficiente ingestão de cálcio e vit.D, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o peso inadequado para a idade e a baixa actividade física. Na infância a osteopénia e a osteoporose são habitualmente assintomáticas. Deve suspeitar-se sempre que ocorrem fraturas após traumatismos leves durante as actividades da vida diária. À observação deve avaliar-se o desenvolvimento estaturo – ponderal, a existência de alterações musculo-esqueléticas (hipercifose dorsal) e sinais de doenças crónicas ou associadas à osteoporose. As indicações para a realização da DMO são: situações de hipogonadismo hiper ou hipogonadotrófico, suspeita de osteopénia no RX, hiperparatiroidismo primário assintomático, doenças crónicas e terapêutica com corticosteroides. 27 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Um grupo de peritos da OMS definiu como normalidade em adultos a DMO entre 0 e +-1 desvio padrão (DP) em relação aos valores médios observados em indivíduos jovens saudáveis (T-score). Nas crianças estes valores devem ser ajustados para a idade e para o sexo (Z-score). Um T-score entre -1 e -2,5 DP define-se como DMO reduzida e um T-score inferior a -2,5 define-se como osteoporose. Golding e col. demonstraram que uma redução de 1 DP na DMO do corpo inteiro duplica o risco de fracturas nas meninas. As principais causas de osteoporose são: A actividade física, em especial os exercícios contra a gravidade deve ser estimulada. De salientar que no sexo feminino quando a sua prática é excessiva pode surgir amenorreia, prejudicando o ganho de massa óssea. É muito importante na prática clínica a identificação de factores de risco para a osteoporose nestes grupos etários de forma à sua prevenção, terapêutica e seguimento, assegurando assim um adequado pico de massa óssea na adolescência, o que certamente contribuirá para uma melhor qualidade de vida na idade adulta. 1- Osteoporose Primária – Osteogénese Imperfeita e Osteoporose Idiopática juvenil; a primeira é uma doença genética que afecta o tecido conjuntivo, caracterizando-se pela existência de ossos frágeis que fracturam facilmente e a segunda surge habitualmente na puberdade (entre 8 e 14 anos), afecta principalmente o sexo masculino, sendo ambas muito raras. 2- Osteoporose Secundária – Doenças Endócrinas (hipopituitarismo, hipertiroidismo, hipogonadismos e hipercortisolismo); Doenças do Tecido Conjuntivo (artrite reumatóide, lúpus eritematoso e dermatomiosite juvenil) ; Doenças renais (Insuficiência renal, acidose tubular renal e hipercalciuria idiopatica); Doenças Pulmonares (asma e fibrose quistica) Doenças Nutricionais (mal absorção e desnutrição); Doenças Neuropsiquiátricas (anorexia nervosa, paralisia cerebral e paraplegia); Doenças do Aparelho Digestivo (doença hepato-biliar e doença inflamatória intestinal); Doenças neoplásicas (leucemias, linfomas e neuroblastoma) e Iatrogénica (corticosteróides, metotrexato, anticonvulsivantes e anticoagulantes). Os corticosteroides actuam directamente no osteoblasto diminuindo a formação óssea e também diminuem a absorção intestinal de cálcio, aumentando a sua excreção renal condicionando um hiperparatiroidismo secundário e portanto uma maior reabsorção óssea. Das doenças referidas que mais directamente conduzem a osteoporose salientam-se as que interferem na absorção de nutrientes: doença inflamatória intestinal, doenças hepato-biliares e anorexia nervosa – que pela diminuição da massa corporal e perda de massa muscular contribuem para a osteoporose; a inactividade física e a imobilização prolongada decorrentes de patologias como a artrite reumatóide ou neuropatias crónicas levam a uma diminuição da tensão mecânica sobre os ossos e consequentemente uma diminuição do estímulo para a formação óssea. Na adolescência o aumento da DMO ocorre sobretudo na coluna vertebral devido a accção das hormonas sexuais (estradiol e testosterona) no componente trabecular do osso. Nestes doentes portadores de doenças crónicas é muito importante a identificação de todos os fatores de risco presentes, devendo ser tratados ou atenuados da melhor forma possível. A alimentação deve ser rica em produtos com alto teor de cálcio e vitamina D e pobre em sal, proteínas e fosfatos. As crianças e adolescentes devem ser informados sobre os efeitos negativos do álcool e café sobre o metabolismo ósseo e, consequentemente sobre o pico de massa óssea. Deve ser incentivada uma adequada exposição aos raios solares para a produção de vitamina D. 29 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE mesa-redonda “Vitamina D: para além do osso” Vitamina D e sarcopénia Andrea Maier Leiden University Medical Center, Holanda Our word population is ageing rapidly, in particular in developing countries. The fastest growing group of elderly is the people aged over 80 years [1]. The concept of healthy ageing announced by the World Health Organization ‘active’ does not merely refer to physical activity or participation in the workforce, but also aims to increase healthy life expectation and maintain autonomy and independence [1]. The most intriguing question with regard to ageing research is why some people age successfully and why others are burdened with chronic diseases and functional disability. Functional ability is highly dependent on the locomotor system. Muscle mass declines with increasing age. Low muscle mass is called sarcopenia. This term was first used by Rosenberg in 1988 and is derived from Latin quite literally meaning “poverty of flesh”. In the last decade there is an astonishing increase in published research articles concerning causes of sarcopenia. Several international guidelines have now been published by different expert groups to define sarcopenia [2-5]. Loss of muscle mass is related to muscle strength or muscle power. Analogue to sarcopenia this muscle weakness is referred to as dynapenia [6, 7]. So far, researchers have established that sarcopenia and dynapenia are associated with a myriad of factors, such as inflammatory cytokines, hormones, vitamin deficiencies and chronic diseases, as well as changes in muscle tissue architecture and vasculature [8, 9]. Both, sarcopenia and dynapenia are associated with detrimental outcome, such as mortality and disability [9, 10]. Besides the production of force, muscle tissue is also an important regulator of biological processes. For instance, as a protein store it provides a homeostatic reserve to recover from disease [11]. Furthermore, skeletal muscle has been identified as the major tissue involved in glucose metabolism [12, 13]. Current evidence suggests that muscle mass may be a better measure for normalizing dosages of drugs that are distributed and metabolized in lean tissue, compared with body surface area alone [14-16]. This underlines the importance to evaluate muscle mass in aging subjects. Treatment of sarcopenia remains challenging, but promising results have been obtained using progressive resistance training, estrogens, growth hormone and vitamin D [17]. Vitamin D levels are associated with adverse health outcome; the majority of elderly show abnormal low vitamin D concentrations [18]. Vitamin D has been recognized by its pleiotropic action on a wide spectrum of systems, apparatuses and tissues. It has growingly been involved as a primary determinant of biological modifications and specific clinical conditions [19]. Observational studies in community-dwelling older adults show that vitamin D may be important for the maintenance of muscle function and muscle mass, as well as general physical activity levels may also be beneficial for vitamin D status [20]. However, the effect of supplementation, especially high dose of vitamin D, to provide additional musculoskeletal benefit is still a matter of debate [21]. 1. Active Ageing. A policy framework. Report WHO/NMH/NPH/02.8 2002. 2. Abellan van Kan G, André E, Bischoff Ferrari HA, Boirie Y, Onder G, Pahor M, Ritz P, Rolland Y, Sampaio C, Studenski S, Visser M, Vellas B. Carla Task Force on Sarcopenia: propositions for clinical trials. J Nutr Health Aging 2009; 13: 700-707. 3. Muscaritoli M, Anker SD, Argilés J, Aversa Z, Bauer JM, Biolo G, Boirie Y, Bosaeus I, Cederholm T, Costelli P, Fearon KC, Laviano A, Maggio M, Rossi Fanelli F, Schneider SM, Schols A, Sieber CC. Consensus definition of sarcopenia, cachexia and pre-cachexia: joint document elaborated by Special Interest Groups (SIG) “cachexia-anorexia in chronic wasting diseases” and “nutrition in geriatrics”. Clin Nutr 2010; 29: 154-159. 4. Cruz-Jentoft AJ, Baeyens JP, Bauer JM, Boirie Y, Cederholm T, Landi F, Martin FC, Michel JP, Rolland Y, Schneider SM, Topinková E, Vandewoude M, Zamboni M; European Working Group on Sarcopenia in Older People. Sarcopenia: European consensus on definition and diagnosis: Report of the European Working Group on Sarcopenia in Older People. Age Ageing 2010; 39: 412-423. 5. Fielding RA, Vellas B, Evans WJ, Bhasin S, Morley JE, Newman AB, Abellan van Kan G, Andrieu S, Bauer J, Breuille D, Cederholm T, Chandler J, De Meynard C, Donini L, Harris T, Kannt A, Keime Guibert F, Onder G, Papanicolaou D, Rolland Y, Rooks D, Sieber C, Souhami E, Verlaan S, Zamboni M. Sarcopenia: an undiagnosed condition in older adults. Current consensus definition: prevalence, etiology, and consequences. International working group on sarcopenia. J Am Med Dir Assoc 2011; 12: 249-256. 6. Clark BC, Manini TM. Sarcopenia =/= dynapenia. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2008; 63: 829-834. 7. Manini TM, Clark BC. Dynapenia and Aging: An Update. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2011 Mar 28. [Epub ahead of print] 8. Doherty, T J. Invited Review: Aging and sarcopenia. J Appl Physiol 2003; 95: 1717–1727. 9. Fisher AL. Of worms and women: sarcopenia and its role in disability and mortality. J Am Geriatr Soc 2004; 52: 1185-1190. 10. Clark BC, Manini TM. Functional consequences of sarcopenia and dynapenia in the elderly. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2010; 13: 271-276. 11. Englesbe, M. J., Patel, S. P., He, K., Lynch, R. J., Schaubel, D. E., Harbaugh, C. et al. (2010). Sarcopenia and mortality after liver transplantation. J.Am.Coll.Surg., 211, 271-278. 12. Corcoran, M. P., Lamon-Fava, S., & Fielding, R. A. (2007). Skeletal muscle lipid deposition and insulin resistance: effect of dietary fatty acids and exercise. Am.J.Clin.Nutr., 85, 662-677. Shulman, G. I., Rothman, D. L., Jue, T., Stein, P., DeFronzo, R. A., & Shulman, R. G. 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An overview of sarcopenia: facts and numbers on prevalence and clinical impact. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 1(2):129-133. 18. Annweiler C, Souberbielle JC, Schott AM, de Decker L, Berrut G, Beauchet O (2011) Vitamin D in the elderly: 5 points to remember. Geriatr Psychol Neuropsychiatr Vieil. 9(3):259-67 19. Cesari M, Incalzi RA, Zamboni V, Pahor M (2011). Vitamin D hormone: a multitude of actions potentially influencing the physical function decline in older persons. Geriatr Gerontol Int. 11(2):133-42. 20.Scott D, Blizzard L, Fell J, Ding C, Winzenberg T, Jones G (2010) A prospective study of the associations between 25-hydroxy-vitamin D, sarcopenia progression and physical activity in older adults. Clin Endocrinol (Oxf). 73(5):581-7 21. 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As situações em causa para além da osteopénia/ osteoporose são a obesidade e a diabetes tipo II (DM-II), as doenças cardiovasculares, o cancro (mama, próstata, cólon, etc), as doenças inflamatórias do tubo digestivo, a degenerescência macular relacionada com a idade e as doenças autoimunes (DM-I, esclerose múltipla e psoríase). Destas, a doença cardiovascular associada à doença renal crónica desde muito cedo foi aquela em que foram evidenciadas aquelas complicações. Evidências, experimental inicialmente e clínica posteriormente, as baseadas em estudos observacionais caso controlo, retrospectivos e prospectivos foram inconclusivas e contraditórias. Existem já realizados um pequeno número de estudos de intervenção aleatorizados e controlados dos efeitos da suplementação com vitamina D em termos de vários desfechos cardiovasculares, quer clínicos, quer de biomarcadores circulantes que foram inconclusivos e conflituantes . A variação dos níveis plasmáticos circulantes de 25 OH-vitamina D depende de diversos factores ambientais, comportamentais, assim como de factores genéticos envolvendo as várias componentes da via do metabolismo e mecanismo de acção da vitamina D, assim como vias de interface relevantes para o risco cardiovascular, como por exemplo as do metabolismo do colesterol. Mais recentemente tem-se proposto como abordagem epidemiológica inovatória para ultrapassar problemas da epidemiologia clássica, como o confundimento, a causalidade reversa e vieses de relato e outros, um método alternativo baseado na aleatorização mendeliana. Nesta abordagem uma variante genética funcional associada ao metabolismo e status da vitamina D actua como marcador “proxy” a uma exposição ambiental, em parte devido ao facto de que a herança daquelas variantes é independente de outras características genéticas. No entanto, também tem de se levar em conta alguns problemas inerentes a esta abordagem. 33 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE controvérsias I Terapêutica hormonal e osteoporose Santiago Palacios Palacios Institute of Woman’s Health, Madrid Desde los años 40 se conocen los posibles efectos adversos del déficit de esteroides sexuales sobre el metabolismo óseo (1-3). Ya en estos estudios iniciales se demuestra una prevalencia de ovariectomías entre las mujeres osteoporóticas superior a la población general y que de manera casi invariable la cirugía había tenido lugar en edades más tempranas a la edad de la menopausia natural. También en estos trabajos se observaba que el balance negativo típico de la osteoporosis se normalizaba con la administración de estrógenos. De esta manera se postuló que de alguna manera los estrógenos estimulaban la acción de los osteoblastos, algo que hoy se acepta como uno de los potenciales mecanismos de acción de los estrógenos sobre la masa ósea (4). Las mujeres postmenopáusicas y castradas tienen unos niveles circulantes disminuidos de otros esteroides además de los estrógenos (4). En las mujeres, los andrógenos circulan a concentraciones del orden de los nanomoles o micromoles mientras que los estrógenos lo hacen a concentraciones del orden de los picomoles. El concepto de síndrome de deficiencia androgénica es relativamente antiguo, pero en estos últimos años ha existido un renovado interés por el tema (5). El ovario premenopáusico produce cantidades significativas de progesterona durante la fase lútea de cada ciclo. La progesterona parece actuar directamente sobre la remodelación ósea y puede jugar un papel en la relación entre resorción y neoformación de hueso (6). Aunque todavía no conocemos completamente el proceso de remodelación ósea o su control, existe información suficiente para llegar a la conclusión de que los esteroides sexuales juegan un papel importante en la homeostasis del esqueleto (4,7). La falta de secreción de esteroides sexuales ováricos produce una pérdida neta de tejido óseo. Cuando se administran a mujeres con déficit de esteroides sexuales, estas hormonas revierten muchos de los efectos perdidos relativos a la función ovárica. Por ello, se ha sugerido que las mujeres postmenopáusicas deberían tomar terapéutica hormonal sustitutiva a muy largo plazo para la prevención de una serie de problemas, incluyendo la osteoporosis y las fracturas (8-11). Las células óseas tienen receptores estrogénicos (12,13). La acción más importante de los estrógenos en el hueso es inhibir la reabsorción ósea. Esta acción, de forma indirecta, regula la producción de citoquinas y factores de crecimiento de los osteoblastos. Al existir receptores estrogénicos en los osteoclastos, puede ser lógico pensar que también exista una acción directa. La inhibición de la reabsorción ósea por la parte de los estrógenos probablemente es la conclusión de inducir apoptosis en los osteoclastos (14), siendo esta acción probablemente debida al aumento de TGF-ß (15). Los estrógenos han demostrado que aumenta la proliferación de los osteoblastos y la expresión de diferentes genes que codifican enzimas, proteínas de la matriz ósea, factores de transcripción, receptores hormonales, factores de crecimiento y citoquinas. Sin embargo, estos resultados han variado según los modelos de cultivos (16). También han demostrado la capacidad de inhibir la expresión TRAP o inhibir ciertos pasos de la señal RANK-JNK (17). La idea actual de la acción de los estrógenos es que es a través de diferentes vías. Existe, por una parte, un efecto antiapoptótico del estradiol sobre los osteoblastos y los osteocitos debido a una acción rápida no genómica (18). Se ha conseguido sintetizar un ligando, llamado ESTREN, que actuaría exclusivamente a través de esta vía, y teóricamente podría tener el mismo efecto que los estrógenos sobre el hueso, sin las consecuencias genómicas de los mismos. Este modelo ha dado nombre a una nueva clase de agentes farmacológicos llamados ANGELS (Activators of NonGenotropoics Estrogens Like Signalins) (19), y existiría otra acción apoptótica sobre los osteoclastos. Podríamos concluir que las hormonas esteróideas participan con un complejo sistema de acción sobre el hueso influyendo claramente en la regulación ósea. Forman parte de la regulación del mecanismo RANK-RANKL-OSTEOPROTEGERINA, que como acción predominante es la reabsorción ósea y que es a través de acciones genómicas y no genómicas. Despúes de lo anterior es lógico comprender que la terapia hormonal pueda jugar un papel importante en la prevención de fracturas por fragilidad. Tanto la terapia con estrógenos solos (TE) como estrógenos con progestágenos (TEP), tiene la aprobación es EEUU y en Canada para la prevención de la Osteoporosis , pero no para el tratamiento. En la Unión Europea es una segunda línea terapeútica, en caso de no existir indicación de los tratamientos de primera linea y valorando el binomio beneficios/riesgos. Existen dos metaanálisis que han encontrado una reducción significativa del riesgo de fracturas de más de un 27% (20,21), utilizando TE o TEP. Estos resultados han sido confirmados en el Women´s Health Iniciative (WHI). Tanto en la rama de TE (22), como en la de TEP (23) se han observado una reducción significativa tanto de las fracturas de cadera y vertebrales, como fracturas totales, en comparación con el grupo placebo. La gran diferencia en el estudio WHI en comparación con los estudios realizados con bifosfonatos, SERMS , ranelato de estroncio y PTH, es que las mujeres no fueron seleccionadas en base a tener alto riesgo de fracturas osteoporoticas o baja masa osea. Hay que tener en cuenta, que tras dejarlo de administrar, la masa osea comienza inmediatamente a disminuir Obras citadas 1. Albright F, Bloomberg F, Smith PH (1940) Postmenopausal osteoporosis. Trans Assoc Am Phys 55, 298-305. 2. Albright F (1947) The effect of hormones on osteogenesis in man. Rec Prog Horm Res 1, 293-353. 3. Albright F, Reifenstein EC Jr (1947) Metabolic bone disease: osteoporosis. In: Albright F, Reifenstein EC (eds.), The parathyroid glands and metabolic bone disease. Baltimore: Williams & Wilkins, pp.145-204. 4. Lindsay R (1995) Estrogen deficiency. In: Riggs BL, Melton LJ III (eds.), Osteoporosis: Etiology, Diagnosis, and Management, 2nd edition. Philadelphia: Lippincott-Raven Publishers, pp.133-160. 5. 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Estrogen decreases osteoclast formation by down-regulating receptor activator of NF-kappa B ligand (RANKL)-induced JNK activation. J Biol Chem. 2001 Mar 23;276(12):8836-40. 18.Kousteni S, Bellido T, Plotkin LI, O’Brien CA, Bodenner DL, Han L, Han K, DiGregorio GB, Katzenellenbogen JA, Katzenellenbogen BS, Roberson PK, Weinstein RS, Jilka RL, Manolagas SC. Nongenotropic, sex-nonspecific signaling through the estrogen or androgen receptors: dissociation from transcriptional activity. Cell. 2001 Mar 9;104(5):719-30. 19. Manolagas SC, Kousteni S, Jilka RL. Sex steroids and bone. Recent Prog Horm Res. 2002;57:385-409. controvérsias I Índice de Massa Corporal e fracturas: Uma relação negativa Isabel do Carmo Hospital de Santa Maria, Lisboa O pico da massa óssea que se obtem durante a adolescência e juventude depende além de outros factores do índice de massa corporal (IMC) como está provado em numerosos trabalhos. Um IMC abaixo do intervalo de referência prejudica a massa óssea. Em doentes com anorexia nervosa (AN), doença que tem como um dos critérios de diagnóstico um baixo IMC, tem sido encontrada uma baixa densidade óssea, com risco de fractura. Embora nesta patologia haja outros factores que concorrem para a perda de massa óssea (hipoestrogenismo, hipercortisolémia e défice de ingestão de cálcio), nos trabalhos de investigação realizados foi encontrada relação negativa entre o IMC e a densidade óssea. Sendo que o IMC traduz não só a massa gorda como a massa magra, também o valor desta pode estar em causa quando consideramos a densidade óssea na A.N. Em mulheres adultas do sexo feminino com AN também tem sido observada baixa densidade óssea. Vários estudos têm demonstrado que há uma relação positiva entre o IMC e a densidade óssea em mulheres pós-menopáusicas, medida tanto ao nível da coluna lombar como ao nível do colo do fémur. Esta relação positiva verifica-se também quando se mede a massa gorda total. 20. Grady D, Rubin SM, Petitti DB, et al. Hormone therapy to prevent disease and prolong life in postmenopausal women. Ann Intern Med 1992;117:1016-1037. A perda de massa gorda é um risco de fracturas osteoporóticas, visto que 11 a 15% das fracturas de fragilidade se verificam em mulheres com IMC abaixo dos grupos de controlo. 21.Torgerson DJ, Bell-Syer SE. Hormone replacement therapy and prevention of nonvertebral fractures: a meta-analysis of randomized trials. JAMA 2001;285:2891-2897. Em mulheres com idade superior a 75 anos está provado o efeito protector da massa gorda em relação às fracturas. 22. Anderson GL, Limacher M, Assaf AR, et al, for the Women_s Health Initiative Steering Committee. Effects of conjugated equine estrogen in postmenopausal women with hysterectomy: the Women_s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004;291:1701-1712. 23.Cauley JA, Robbins J, Chen Z, et al, for the Women_s Health Initiative Investigators. Effects of estrogen plus progestin on risk of fracture and bone mineral density: the Women’s Health Initiative randomized trial. JAMA 2003;290:1729-1738. 37 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE controvérsias II controvérsias II CÁLCIO E DOENÇA LITIÁSICA Terapêutica anti-osteoporótica de longa duração Lúcia Costa e Daniela Peixoto Rui Leitão 1 2 1. Hospital São João, Porto 2. Serviço de Reumatologia, ULSAM, Ponte de Lima A litíase renal é uma doença comum. A prevalência da nefrolitíase sintomática é de 10% nos homens e 5% nas mulheres. A maioria dos cálculos renais é constituída por oxalato de cálcio. Normalmente a urina está supersaturada de sais de cálcio, no entanto para a formação de cálculos é necessária a presença de anomalias fisiológicas ou de factores genéticos. São vários os factores de risco para a ocorrência de nefrolitíase: dieta rica em proteínas, sal, açúcares refinados, alimentos ricos em oxalato e baixa ingestão de líquidos, infecções do tracto urinário, alterações hormonais ou metabólicas. As principais alterações metabólicas são a hipercalciúria e a hiperoxalúria. Em 30 a 70% dos doentes com nefrolitíase têm hipercalciúria, mas apenas 10% dos indivíduos com hipercalciúria formam cálculos. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa Os amantes das guidelines vão ficar desiludidos com esta comunicação. Ser peremptório na opção por um tratamento da osteoporose a longo prazo, à luz da evidência publicada, não é ainda possível de forma satisfatória. No entanto, dado que os efeitos benéficos dos seus tratamentos desaparecem com relativa rapidez após a suspensão, a necessidade de uma terapêutica da osteoporose a longo prazo parece óbvia. Mas a impressão de eficácia bem sustentada da maior parte dos fármacos aprovados, não ultrapassa em geral, os 3 anos dos estudo de aprovação tornados obrigatórios pelas autoridades de saúde e começam a emergir efeitos adversos graves que embora pouco frequentes, exigem um esforço de reconceptualização dos mecanismos de interacção fármaco/osso. O cálcio da dieta, apesar de aumentar o cálcio urinário, tende a reduzir o risco de formação de cálculos. A maioria do cálcio ingerido permanece não absorvido no intestino, formando complexos com o oxalato, impedindo a sua absorção, diminuindo a concentração de oxalato na urina. Sendo a alta concentração de oxalato urinário um poderoso factor indutor da formação de cálculos, no limite, um alto aporte de cálcio diminui o risco de litíase. A evidência disponível não sustenta uma relação entre o risco de nefrolitíase e o aporte de cálcio. 39 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE resumos de trabalhos Fraturas atípicas do fémur em doentes tratados com bifosfonatos a longo prazo - A propósito de um caso clínico Bettencourt, F.1; Morais, J.1; Pereira, I.1; 1. Hosp. Prof. Dr. Fernando Fonseca INTRODUÇÃO A osteoporose é uma das doenças crónicas com maior impacto na sociedade e como tal acarreta elevada morbilidade e ónus na economia de saúde. Com o envelhecimento da população mundial os números tendem a aumentar exponencialmente nos próximos 20 anos, sendo fundamental melhorar o diagnóstico e tratamento da osteoporose. Actualmente os bifosfonatos (BF), inibidores da reabsorção óssea, assumem um papel central na prevenção de fracturas osteoporóticas com eficácia demonstrada na redução de fracturas vertebrais e da anca. No entanto, recentemente têm sido documentados casos de fracturas atípicas associadas à toma prolongada de BF, descritas como efeito de classe farmacológica mas cuja fisiopatologia gera opiniμes divergentes. CASO CLÍNICO Apresentamos aqui o caso clínico de uma mulher de 75 anos, previamente saudável (sem diagnóstico de osteoporose), que iniciou terapêutica preventiva com BF há 12 anos (1999). Após 10 anos de tratamento, na sequência de um traumatismo de baixo impacto, sofre fractura diafisária do fémur direito (descrita como atípica). Passados 2 anos (2011), mantendo terapêutica com BF, verifica-se nova fractura diafisária do fémur contralateral, sem história de trauma. DISCUSSÃO O objectivo deste trabalho, a propósito do caso apresentado, será compreender melhor a relação existente entre a toma prolongada (>5 anos) de BF e a ocorrência de fracturas atípicas do fémur, bem como a relação risco-benefício da sua administração. CONCLUSÃO Após uma revisão da literatura, verifica-se que existe efectivamente um aumento do risco relativo da ocorrência de fracturas atípicas com a terapêutica com BF. Contudo, o risco absoluto destas fracturas é baixo, contabilizando menos de 1% de todas as fracturas da anca e fémur. Podemos concluir que os potenciais efeitos adversos resultantes da administração prolongada de BF, são muito inferiores ao benefício obtido na redução da incidência de fracturas osteoporóticas conseguido pela toma de BF. O efeito da exposição ao chumbo sobre a osteoporose Pereira, J. R.1; Brito, J. A.1; Gonçalves, L. M.1; Costa, I. M.1; 1. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz Introdução A exposição ao chumbo (Pb) associa-se à redução de massa e qualidade óssea, o que predispõe para a osteoporose, doença de grande importância clínica e de saúde pública, devido às fracturas associadas. Até à data o seu diagnóstico centra-se na medição da densidade mineral óssea (DMO), usualmente através da absorção de raios X de feixe simples ou duplo (DXA). Isoladamente, o método DXA não é ideal para detectar indivíduos com elevado risco de fractura, pois é a resistência do osso que determina esse risco. É necessário estabelecer a importância relativa da exposição ao Pb e as suas interacções com outros elementos, na formação e reabsorção ósseas, e o contributo das alterações na remodelação óssea para as taxas de remoção de Pb no osso. Um modelo animal é o melhor meio para investigar estas relaçμes. Materiais e métodos: Para realizar esta tarefa utilizámos um espectrómetro de fluorescência de raios X dispersiva em comprimento de onda (WDXRF) como o método de escolha para uma análise multielementar mais directa e precisa, devido à sua elevada sensibilidade e baixos limites de detecção para uma vasta gama de elementos da tabela periódica, para medir as concentraçμes de grande variedade de tecidos animais (fígado, rins, vértebras lombares e fémures). Paralelamente foram medidos os marcadores de formação e reabsorção óssea para avaliar o impacto da exposição ao Pb. Resultados As medições WDXRF revelaram aumentos nas concentrações de Pb dos animais expostos a níveis elevados de chumbo na água. Os animais também revelaram uma diminuição do cálcio no osso e um aumento nas concentrações séricas dos biomarcadores associados à reabsorção óssea (Telopeptídeo C terminal do colágeneo tipo 1), sem alteração dos marcadores de formação óssea (Osteocalcina). Discussão e conclusão Os resultados sugerem que o cálcio é substituído pelo chumbo nos ossos dos animais. O facto de os resultados conduzirem a um fortalecimento ou um enfraquecimento do osso está a ser investigado e está aberto a debate. 41 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Avaliação da terapêutica anti-osteoporótica, compliance e ingestão alimentar de cálcio e vitamina D num grupo de doentes com Osteoporose, Artrite Reumatóide e Osteoartrose – dados preliminares do estudo comparativo Simões, E1; Gonçalves, I1; Cardoso, A1; Fernandes, R1; Vaz Patto, J1; 1. Instituto Português de Reumatologia Introdução No tratamento da doença osteoporótica, põe-se sempre o problema da compliance à terapêutica, bem como a adesão a suplementos de vitamina D e cálcio; também importante, depois de se ter posto um ponto de interrogação em relação ao risco cardiovascular e suplementos em cálcio, passa a ser a real a quantificação dos hábitos alimentares de cálcio e vitamina D. Este trabalho visou a quantificação da ingestão alimentar de cálcio e vitamina D, caracterização da amostra em relação à terapêutica medicamentosa antiosteoporótica e avaliação da compliance, em doentes com o diagnóstico de Osteoporose (OP) primitiva, Artrite Reumatóide (AR) e Osteoartrose (OA), com idades superiores a 50 anos. Metodologia: Foram analisados os doentes da consulta externa e na unidade de internamento do IPR, e recolhidos dados clínicos como os eventos cardiovasculares, défice de vitamina D comprovado, dados relativos à menopausa, terapêutica medicamentosa antiosteoporótica, suplementos de cálcio e vitamina D, multivitamínicos e avaliada a respectiva compliance. Foi realizada a avaliação nutricional biométrica e aplicado um questionário de frequência alimentar. A análise estatística foi realizada no SPSS versão 17.0, com aplicação do Qui-quadrado e testes não paramétricos, como Kruskal-Wallis e Mann-Whitney e correlação de Spearman; foi considerado significado estatístico para <5%. Resultados Foram incluídos 62 doentes com idade média de 69±8.2 anos (sem diferença entre patologia estudada; p=0.418), 89% do sexo feminino, 28 (45.2%) com OP primitiva, 17 (27.4%) AR e 17 (27.4%) OA. A idade média de menopausa foi aos 46.8±6.4 anos, sendo normal em 67% das mulheres, cirúrgica em 33% dos casos, e 24% realizou terapêutica de substituição hormonal. Os eventos cardiovasculares estavam presentes em 16% dos casos. A pesquisa do défice de vitamina D comprovado foi verificada em 8.2% dos doentes, e 41% não tinham determinação efectivada. A suplementação de cálcio era realizada por 77.4% dos doentes, com maior frequência na OP (89.3%), relativamente à AR (64.7%) e OA (70.6%). Os suplementos de cálcio mais frequentemente reportados foram em 93.8% dos casos em associação com vitamina D; com uma compliance de 70.5%. A suplementação de vitamina D estava presente em 13% dos doentes, com maior frequência na OP (21.4%), do que na AR (6%) e OA (6%); em que o colecalciferol era tomado por 5 doentes e o calcitriol por 3 doentes; com uma compliance de 83.3%. A terapêutica anti-osteoporótica era realizada por 53.2% dos doentes, com maior frequência na OP (78.6%), relativamente à AR (35.3%) e OA (29.4%). Os tratamentos medicamentosos mais frequentemente reportados foram os Bifosfonatos em cerca de 39% dos doentes; com uma compliance considerada adequada (5 em 7 dias da semana ou equivalente), de 64.5%. A suplementação de multivitamínicos foi referida por 14.5% dos doentes. Entre os motivos referidos para a falta de compliance estão o “esquecimento”, seguido da “falta de receita”, o “horário” e “má tolerância”. A ingestão alimentar média de cálcio foi de 1113mg/d, com teores semelhantes entre patologias, 1161±524mg/d na OP, 1220±540mg/d na AR e 926±281mg/d na OA. A dose diária suplementar de cálcio realizada pelos doentes foi em média de 439±345mg/d, sem diferenças significativas entre as patologias: OP (479±375mg/d), AR (459±338mg/d) e OA (353±304mg/d). A ingestão alimentar média de vitamina D foi de 317 UI/d, sem diferenças significativas entre patologias. A baixa ingestão alimentar de vitamina D (<400 UI/d) verificou-se em 66% dos doentes. A dose diária suplementar de vitamina D realizada pelos doentes foi em média de 203±255 UI/d, sem diferenças significativas entre as patologias: OP (236±284 UI/d), AR (261±275 UI/d) e OA (91±130 UI/d). Não foi encontrada relação entre a ocorrência de eventos CV e a ingestão de cálcio ou a doença reumática. Conclusão A análise dos dados revelou elevada toma de suplementação de cálcio e terapêutica anti-osteoporótica, com níveis de compliance acima dos 65%. Mais de 90% dos doentes tomavam cálcio com vitamina D. A maioria dos doentes tinha uma ingestão alimentar média de cálcio adequada e o consumo diário de cálcio (Input total), proveniente da dieta e da suplementação foi elevado e ligeiramente superior nos indivíduos com OP e AR. No entanto, ingestão alimentar média de vitamina D era insuficiente na maioria dos doentes (66%), enquanto que o consumo diário de vitamina D (Input total), proveniente da dieta e da suplementação foi em média adequado e superior nos indivíduos com OP e AR. Este estudo encontra-se em fase preliminar, tendo sido considerada uma amostra ainda reduzida, com aplicação de um inquérito de compliance não validado, e o facto de o inquérito ser de auto-preenchimento, mas assistido na maioria dos doentes poderá contribuir para enviesar os resultados. O facto de os doentes serem seguidos em Reumatologia, alguns casos na consulta de doenças ósseo-metabólicas, demonstrou que estes doentes se encontram educados em relação aos hábitos alimentares, no que diz respeito ao consumo de alimentos ricos em cálcio, constituindo um grupo de doentes orientados em relação à dieta, não sendo representativos da população geral. 43 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Avaliação da ingestão alimentar de cálcio e vitamina D em doentes com Osteoporose, Artrite Reumatóide e Osteoartrose – dados preliminares do estudo comparativo Simões, E1; Cardoso, A1; Fernandes, R1; Gonçalves, I1; Vaz Patto, J1; 1. Instituto Português de Reumatologia Introdução São vários os factores de risco para Osteoporose (OP) primária, sendo que o baixo consumo de cálcio e vitamina D estão entre as causas que têm sido reportadas, além dos outros comportamentos de risco tradicionais (sedentarismo, tabagismo, entre outros). A avaliação do consumo alimentar é um dos maiores desafios dos estudos epidemiológicos, mas com elevada relevância no estabelecimento dos padrões alimentares e na quantificação da ingestão alimentar de nutrientes específicos. A adequada ingestão de cálcio e vitamina D diária constitui um complemento essencial no tratamento dos doentes com OP, ou com redução da densidade mineral óssea. Este trabalho teve como objectivo a quantificação da ingestão diária alimentar de cálcio e vitamina D através da aplicação de um questionário de frequência alimentar a doentes com o diagnóstico de Osteoporose (OP) primitiva, Artrite Reumatóide (AR) e Osteoartrose (OA), com idades superiores a 50 anos. Metodologia Foram recolhidos dados clínicos como o diagnóstico reumatológico, ocorrência de eventos cardiovasculares, intolerância alimentar, comportamentos de risco como sedentarismo e tabagismo. Foi realizada a avaliação nutricional com determinação da composição corporal por bioimpedância. O método utilizado para a recolha de informações quantitativas do consumo alimentar de cálcio e vitamina D foi um questionário de frequência alimentar, adaptado do QFA semi-quantitativo validado em Portugal, constituído por uma lista de alimentos, com uma estrutura de 100 itens alimentares, fontes de cálcio e vitamina D; caracterizados por 9 categorias de frequências de consumo: de “nunca ou menos de uma vez por mês” a “6 ou mais vezes por dia”; e por uma secção com porções médias padrão predeterminadas. A análise estatística foi realizada no SPSS versão 17.0, com aplicação dos testes Qui-quadrado, Kruskal-Wallis e Mann-Whitney e correlação de Spearman; foi considerado significado estatístico para <5%. Resultados Os 62 doentes avaliados tinham idade média de 68.4 anos, 89% do sexo feminino, distribuídos pelos seguintes diagnósticos: 25 (46%) com OP primitiva, 15 (28%) AR e 14 (26%) OA. Relativamente aos hábitos comportamentais, 45% reportou prática regular de actividade física e 1.6% com hábitos tabágicos; 21% referiram intolerância alimentar (50% à lactose), sendo mais frequente nos doentes com OP (32% vs. 12% na AR e 12% na OA). A ingestão alimentar média de cálcio foi de 1113mg/d, sem diferenças significativas entre patologias. A baixa ingestão alimentar de cálcio (<800mg/d) verificou-se em 32.3% dos doentes, sendo superior na OA (41%), mas considerando um limiar de ingestão de cálcio <1000mg/d, verificou-se que 44% consumiam baixo teor de cálcio diário. A dose diária suplementar de cálcio realizada pelos doentes foi em média de 439±345mg/d, sem diferenças significativas entre as patologias. O input total diário de cálcio, caracterizado pela soma da ingestão alimentar e da dose diária de suplementação, foi em média de 1552mg/d, sendo significativamente superior (p=0.040) nos doentes com OP (1640±621mg/d) e AR (1679±586mg/d), relativamente à OA (1279±333mg/d). A ingestão alimentar média de vitamina D foi de 317 UI/d, sem diferenças significativas entre patologias. A baixa ingestão alimentar de vitamina D (<400 UI/d) verificou-se em 66% dos doentes, sendo superior na OA e AR (70.6%). A dose diária suplementar de vitamina D realizada pelos doentes foi em média de 203±255 UI/d, sem diferenças significativas entre as patologias: OP (236±284 UI/d), AR (261±275 UI/d) e OA (91±130 UI/d). O input total diário de vitamina D, caracterizado pela soma da ingestão alimentar e da dose diária de suplementação, foi em média de 739 UI/d, sendo superior nos doentes com OP (845±535 UI/d) e AR (794±522 UI/d), relativamente à OA (511±367 UI/d). Os grupos alimentares com maior contributo para a ingestão de cálcio foram os lacticíneos e os hortícolas, enquanto que o consumo de peixe, carne e ovos constituiu o grupo com maior adição de vitamina D na alimentação diária. A avaliação nutricional revelou que os doentes com OP apresentavam um IMC, uma % gordura corporal e gordura visceral significativamente inferior à AR e OA (IMC: OP=25kg/m2; AR=28.8kg/m2 e OA=32kg/ m2; p=0.001). As correlaçμes entre a ingestão alimentar de cálcio e os parâmetros de composição corporal foram baixas e pouco significativas, e inexistentes para a vitamina D. Não foi encontrada relação entre a ingestão alimentar de cálcio e a prática de actividade física regular, ou presença de evento CV. Conclusão A ingestão média de cálcio foi considerada normal em todas as patologias estudadas, sendo ligeiramente superior nos doentes com AR e OP. A maioria dos doentes tinha um consumo de cálcio adequado, em cerca de 68% dos casos, com destaque para a OA, em que 41% revelou uma baixa ingestão de cálcio. O grupo de doentes com OP primitiva apresentou um IMC médio inferior à AR e OA; e a intolerância alimentar foi mais frequente na OP. Como seria espectável, os lacticíneos foram de maior contributo para a ingestão de cálcio, seguido dos legumes e verduras, e a maior fonte de vitamina D reportou-se ao peixe, carne e ovos. Apesar do estudo se encontrar em fase preliminar, com uma amostra ainda reduzida, e tendo em conta as limitações características da aplicação de QFA, principalmente devido à variação intra-pessoal, pudemos verificar que existem algumas diferenças em relação aos hábitos alimentares nestes 3 grupos de doenças reumáticas. Foi sentida a necessidade de um outro grupo controlo, que não a AR e a OA, representativo da população geral em relação à ingestão alimentar de cálcio, porque foi perceptível a tendência para hábitos alimentares cuidados nestes doentes, com recomendações características orientadas para uma ingestão equilibrada de alimentos ricos em cálcio. 45 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE O HIPERTIROIDISMO SUBCLÍNICO PODE AFETAR OS MARCADORES DE REMODELAÇÃO ÓSSEA? INGESTÃO DE CÁLCIO PROVENIENTE DO CONSUMO DE LEITE E DE IOGURTE EM HOMENS PORTUGUESES COM FRATURAS OSTEOPORÓTICAS. Vera Simões , Mário Rui Mascarenhas , Ana Paula Barbosa , Ana Gonçalves , António G. Oliveira4, Manuel Bicho1, Isabel do Carmo1,3. 1,2 1-3 1-3 2,3 1. Centro de Endocrinologia e Metabolismo (Laboratório de Genética) da Faculdade de Medicina de Lisboa. 2. CEDML – Clínica de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo de Lisboa (Unidade de Osteoporose). 3. Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Hospital Universitário de Santa Maria, CHLN-EPE. 4. Departamento de Bioestatística, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova, Lisboa, Portugal. Apesar do risco de osteoporose ser maior nas mulheres, este é cada vez mais preocupante nos homens, bem como as consequentes fraturas osteoporóticas. Tem sido reconhecida a necessidade do estudo dos fatores de risco neste grupo muito negligenciado. OBJECTIVOS Avaliar as diferenças na ingestão diária de cálcio proveniente do consumo de leite e iogurte, ao longo da vida, entre homens com e sem fratura(s) osteoporótica(s). MATERIAL E MÉTODOS Um grupo de 38 homens (idade≥30 anos) com fratura(s) osteoporótica(s) foi comparado com um grupo controlo de 38 homens sem fraturas e emparelhados por idade, estatura e peso. A frequência do consumo diário de leite e de iogurte, em diferentes fases e ao longo da vida, foi recolhida por entrevistador treinado para estimativa da ingestão diária média de cálcio. O teste T-student para amostras emparelhadas foi utilizado para testar as diferenças entre os grupos. RESULTADOS Não se verificaram diferenças significativas na ingestão de cálcio entre os grupos (Quadro 1). Quadro1. Médias(±DP) das variáveis. Idade anos Controlo Fraturas Osteoporóticas P 61,8(±12,5) 62,0(±12,5) DNS Peso kg 80,2(±10,1) 80,2(±10,4) DNS Estatura cm 168,5(±6,6) 169,1(±6,6) DNS Fase da vida anos Ingestão diária de cálcio Ana Paula Barbosa1-4, Mário Rui Mascarenhas1-4, António Gouveia de Oliveira5, Vera Simões 2,3, Ana Gonçalves4, David Santos Pinto3, Manuel Bicho2, Isabel do Carmo1,4. 1. Clínica Universitária de Endocrinologia. 2. Centro de Endocrinologia e Metabolismo, Laboratório de Genética (FMUL). 3. CEDML – Clínica de Endocrinologia, Diabetes e Metabolism, Lda. 4. Departameto de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Hospital Santa Maria, CHLN-EPE. 5. Departamento de Bioestatística, FCMUNL, Lisboa, Portugal. A osteoporose e o hipertiroidismo subclínico (situação clínica caracterizada por TSH reduzida e hormonas tiroideias livres normais) são doenças silenciosas, até que surjam as complicações respectivas.Recentemente, os estudos apontam para uma acção isolada da TSH, independente das hormonas tiroideias, sobre o metabolismo ósseo, inibindo simultaneamente a formação e a reabsorção ósseas. Assim, o hipertiroidismo subclínico pode associar-se a redução da DMO, osteoporose e mesmo fraturas de fragilidade. OBJECTIVOS Avaliar as correlações entre os marcadores de remodelação óssea, a função tiroideia e a DMO em mulheres na pós-menopausa com hipertiroidismo subclínico. MATERIAIS E MÉTODOS Num grupo de 49 mulheres, na pós-menopausa, com hipertiroidismo subclínico, foram avaliadas a DMO (g/cm2) em L1-L4, no colo do fémur, no rádio distal e no corpo inteiro por absorciometria bifotónica (DXA) com o densitómetro radiológico QDR Discovery W (Hologic, Inc.). Foram efectuadas colheitas de sangue para determinação dos níveis sanguíneos da osteocalcina, do CTX, da fosfatase alcalina óssea, do PINP, assim como os das hormonas tiroideias, da TSH, da PTHi, do cálcio, da vitamina D, da IGF-1 (ou somatomedina-C) e das hormonas hipofisárias. Nenhuma das doentes tinha sido tratada para hipertiroidismo ou massa óssea reduzida/ osteoporose. Foram usados testes descritivos, comparativos e considerou-se significância estatística P<0,05. Controlo Fraturas Osteoporóticas 6–9 248,0(±271,0) 231,3(±265,7) 0,774 10–18 261,9(±272,8) 221,0(±258,0) 0,485 19–49 346,7(±261,8) 318,7(±187,5) 0,544 50–idade atual 356,3(±212,0) 454,7(±218,6) 0,118 Ao longo da vida 338,3(±235,7) 321,7(±176,3) 0,708 CONCLUSÕES Os resultados deste estudo sugerem que o cálcio proveniente do consumo de leite e de iogurtes não parece ter sido um fator de risco importante para fratura(s) osteoporótica(s) neste grupo de homens portugueses. RESULTADOS As médias da DMO (±DP) foram na coluna lombar 0,925 (±0,2) g/cm2, no colo do fémur 0,764 (±0,1) g/cm2, no rádio distal (33%) 0,626 (±0,1) g/cm2 e no corpo inteiro 1,077 (±0,1) g/cm2. Relativamente à qualificação da DMO, detectaram-se 12 mulheres com osteoporose, 19 com DMO reduzida e as restantes apresentavam DMO normal. Das várias correlações significativas, salientamos: TSH vs. osteocalcina (P=0,0041), osteocalcina vs. DMO no colo do fémur (P=0,0327), osteocalcina vs. DMO na coluna lombar (P=0,0075), osteocalcina vs. DMO no rádio distal (P=0,0476), osteocalcina vs. DMO no corpo inteiro (P=0,0020) e fosfatase alcalina óssea vs. PTHi (P=0,0040). 47 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE CONCLUSÕES Os resultados deste estudo parecem sugerir: 1. que os níveis suprimidos de TSH podem afectar a formação óssea, neste grupo de mulheres com disfunção subclínica da tiroide; 2. globalmente, a importância da avaliação da função tiroideia em mulheres na pós-menopausa, devido ao risco aumentado para fraturas osteoporóticas no hipertiroidismo subclínico. QUALIDADE DO OSSO E TBS NO HIPOGONADISMO MASCULINO Mário Rui Mascarenhas1-4, Ana Paula Barbosa1-4, Vera Simões2,3, David Santos Pinto3, António Gouveia de Oliveira5, Ana Gonçalves4, Manuel Bicho2, Isabel do Carmo4. 1. Endocrinologia e Doenças do Metabolismo. 2. Centro de Metabolismo e Endocrinologia do Laboratório de Genética, FMUL. 3. CEDML – Clínica de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Lda. 4. Serviço de Endocrinologia,Diabetes e Metabolismo, Hospital de Santa Maria, CHLN-EPE. 5. Departamento de Bioestatística da FCMUNL, Lisboa, Portugal. A detecção do aumento da morbilidade e da mortalidade atribuíveis à osteoporose em homens, por fracturas não-traumáticas, são problemas importantes de saúde pública. O envelhecimento e a tendência para as quedas são os principais factores de risco para complicações da massa óssea diminuída em homens, mas o hipogonadismo é uma causa muito importante de densidade mineral óssea (DMO) reduzida, mas o conhecimento acerca da microarquitectura óssea nesta patologia continua a ser relativamente escasso. Nos últimos anos a tecnologia TBS (“trabecular bone score”) foi desenvolvida com aplicação na rotina clínica para a avaliação da qualidade do osso na coluna lombar, qualificando a microarquitectura óssea nesse local do esqueleto. OBJECTIVOS Estudar a qualidade do osso avaliada por TBS, em indivíduos do sexo masculino com hipogonadismos. MATERIAL E MÉTODOS Uma amostra de 190 indivíduos do sexo masculino foi dividida num grupo de 95 homens com hipogonadismos (idades entre os 15,9 e os 83,3 anos, sem quaisquer tratamentos anteriores ao diagnóstico) que foram emparelhados, segundo a idade e o IMC, com os restantes homens (idades entre os 27,3 e os 80,3 anos), que não apresentaram endocrinopatia ou outra doença crónica com influência na perda de massa óssea. A estatura, o peso e o IMC foram calculados e os doseamentos das gonadotrofinas, da prolactina (PRL), da testosterona total, da 17βß-estradiol foram efectuados após colheitas de sangue em jejum. A densidade mineral óssea (DMO) na coluna lombar (L1-L4), na extremidade proximal do fémur, no rádio distal (33%) e no corpo inteiro foi determinada por DXA com os densitómetros radiológicos QDR Acclaim e Discovery W da Hologic, Inc. (USA) e o TBS de L1 a L4 com o software TBS iNsight® da Med-Imaps SA, France. As massas gorda e magra totais do corpo foram determinadas por DXA. Estatística: Testes de análise descritiva, testes One-Way ANOVA e Multifactorial ANOVA (com ajustamento para a estatura nas comparações da DMO) e a correlação entre variáveis foram efectuados. A significância estatística foi considerada para P < 0,05. RESULTADOS A média da estatura estava significativamente diminuída no grupo dos homens com hipogonadismo (Quadro 1). As médias das DMOs na coluna lombar, no colo do fémur e na extremidade distal do rádio (33%) estavam significativamente reduzidas no grupo do hipogonadismo. 49 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Quadro 1. Comparação entre as médias (±DP) da idade, do peso, da estatura, do IMC, das massas gorda e magra totais corporais nos grupos do hipogonadismo e controlo. HIPOGONADISMO Média (±DP) CONTROLO Média (±DP) P Idade anos 55,2 (±16,7) 57,9 (±14,7) DNS Peso kg 82,6 (±14,7) 85,7 (±14,0) DNS Estatura cm 170,2 (±7,8) 171,6 (±6,8) 0,0142 IMC kg/m2 28,5 (±4,5) 29,1 (±4,5) DSN Massa gorda total kg 24,1 (±8,0) 22,6 (±7,6) DSN Massa magra total kg 56,4 (±8,6) 60,2 (±7,6) 0,0000 GRUPO VARIÁVEL A média do TBS na coluna lombar estava reduzida de modo significativo no grupo do hipogonadismo. Finalmente, foram detectadas correlações significativas entre o TBS em L1 - L4 vs. o peso e o TBS em L1 - L4 vs. o IMC (P<0,02), mas não se detectou correlação entre o TBS vs. a DMO em L1 - L4 no grupo do hipogonadismo. CONCLUSÕES A tecnologia TBS (“trabecular bone score”) e a DMO por DXA avaliaram parâmetros digital e significativamente diferentes e não sobreponíveis. Os dados deste estudo mostram uma redução tanto da qualidade do osso como da DMO, revelando assim o impacto significativo do hipogonadismo masculino na resistência óssea (diminuída no osso trabecular), e consequente aumento do risco de fraturas osteoporóticas. Susceptibilidade para o desenvolvimento de osteooporose: estudo de associação do polimorfismo da fosfatase ácida do eritrocito e sua relação genotipo/ fenotipo enzimático. Ferreira J2, Cabaça R2, Barbosa AP2,3, Marinho C2, Nobre E4, Gonçalves A4, Simões V2,3, Carvalho MR4, Camolas J2-4, Vieira J2,4, Dragomir M3, Carmo I1,2,4, Bicho M2-5, Mascarenhas MR1-4 1. Clínica Universitária de Endocrinologia 2. Centro de Metabolismo e Endocrinologia, Lab Genética (FMUL). 3. Clínica de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo de Lisboa, Lda. 4. Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, H.S.Maria-CHLN, EPE, Lisboa, 5. Instituto Rocha Cabral, Lisboa Introdução A osteoporose é uma doença multifatorial cuja interacção entre factores genéticos e ambientais leva à redução da densidade mineral óssea acompanhada por alterações a nível da microarquitetura do osso, conduzindo a uma diminuição significativa da força óssea e a um aumento do risco de fracturas. A Fosfatase Ácida (ACP1) é um enzima citoplasmático dos osteoblastos e osteoclastos implicado na transdução de sinal associado à regulação do metabolismo ósseo, crescimento, mobilidade e adesão celulares. Foi demonstrada a sua importância no metabolismo ósseo verificando-se uma relação inversa entre a sua expressão/actividade e a da Src quinase. Esta, por sua vez, quando aumentada leva a uma diminuição da diferenciação osteoblástica e, consequentemente, a um desequilíbrio nos mecanismos de remodelação óssea. Objetivos Estudar a associação do polimorfismo genético do gene da ACP1 com a atividade enzimática deste enzima e com a susceptibilidade para o desenvolvimento de osteopenia e osteoporose. Métodos Foram colhidas amostras de sangue total de 181 mulheres inseridas na consulta de endocrinologia da Clínica de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo de Lisboa. Para todos eles foram avaliados alguns parâmetros antropométricos (idade, peso, altura e Índice de massa Corporal) e foi medida a densidade mineral óssea (DMO, g/cm2) por DXA. Os indivíduos foram divididos em 3 grupos tendo em conta a sua DMO (75 com DMO normal, 46,71±12,8 anos, 29,89±5,66 Kg/m2; 56 com Osteopenia, 56,66±14,54 anos, 27,24±5,09 Kg/m2; 50 com Osteoporose, 63,92±110,5 anos, 27,22±14,57 Kg/m2). O genótipo da ACP1 foi estudado por PCR-RFLP e a sua actividade medida por espetrofotometria. Foi efectuada a análise estatística dos dados recorrendo ao programa Primer of Biostatistics sendo considerada significância estatística para p<0,05. 51 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Resultados Foi encontrada associação entre o polimorfismo genético da ACP1 e a sua actividade enzimática com valores mais elevados para os genótipos portadores do alelo C (AC, BC e CC), valores intermédios nos BB e valores mais baixos nos AA e AB. Genótipo ACP1 Actividade ACP1 (DMO normal+ Osteopenia+ Osteoporose) Actividade ACP1 (DMO normal) Actividade ACP1 (Osteopenia+ steoporose) AA+AB 267,41±85,49 (95) 267,72±87,51 (37) 267,21±84,94 (58) BB 287,43±102,75 (54) 293,27±113,16 (32) 278,94±87,28 (22) AC+BC+CC 398,17±144,85 (17) 424,51±140,07 (6) 383,80±152,04 (11) p 0,000 0,004 0,002 Constatou-se que os indivíduos portadores dos genótipos AA ou AB, associados a menor actividade enzimática, apresentam um risco 6 vezes maior de desenvolver osteoporose (OR=6; CI 95% [2,389-15,068], p=0,000). Discussão Este estudo mostra que o gene da ACP1 pode ser um gene de susceptibilidade para o desenvolvimento de osteoporose na medida em que os genótipos associados a uma menor actividade da ACP1 estão também associados a um aumento do risco para esta patologia. Nestes indivíduos a diferenciação dos osteoblastos poderá estar reduzida dando origem à diminuição da actividade osteoblástica e, consequentemente, a um desequilíbrio nos mecanismos de remodelação óssea. Uma variante rara do gene WNK4 encontrada em doentes Portugueses com osteoporose Ana Isabel Mendes1, Sónia Matos1, Inês Sousa2, Joana Ferreira3, Ana Paula Barbosa4,5,6, Manuel Bicho3,7, Mário Rui Mascarenhas4,5,6 and Peter Jordan1* 1. Departamento de Genética. 2. Departamento de Promoção da Saúde e Doenças Crónicas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa. 3. Laboratório de Genética. 4. Clínica de Endocrinologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa. 5. Serviço de Endocrinologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa. 6. Clínica de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo de Lisboa, Lda. 7. Instituto Rocha Cabral, Lisboa, Portugal. *Correspondência para: [email protected]. Mutações no gene WNK4 estão na origem da hipertensão hiperkalémica familiar ou sindroma de Gordon ou pseudohipoaldosteronismo do tipo II, uma doença hereditária que se manifesta clinicamente sob a forma de hipertensão arterial associada a hiperkalemia e hypercalciuria. Este gene WNK4 codifica uma proteína cinase envolvida na regulação renal de vários canais de transporte de iões, incluindo o cálcio. As alterações genéticas encontradas no gene WNK4 são mutações missense que alteram a actividade da proteína, sugerindo que variantes deste gene poderiam existir na população e conferir uma predisposição genética à hipertensão ou a osteoporose. Para determinar se existem tais variantes polimórficas de WNK4 na população Portuguesa, foram analisados os genótipos em amostras de DNA de 448 indivíduos hipertensos, 372 doentes com osteoporose e 271 controlos. Os resultados revelaram a existência de 10 variantes diferentes em 4.3% da população estudada, incluindo uma que altera um aminoácido altamente conservado e está associada especificamente ao grupo da osteoporose. Estes dados sugerem a existência de uma variante rara no gene WNK4 que possa contribuir para uma predisposição genética à osteoporose. 53 1, 2 e 3 MARÇO 2012 HOTEL TIVOLI VICTÓRIA | VILAMOURA ALGARVE Organização Científica Organização: Direcção da SPODOM Presidente: Dra. Maria Eugénia Simões Vice-Presidentes: Prof. Dr. Carlos Vaz Dra. Ana Paula Barbosa Secretário-Geral: Prof. Dr. Jacinto Monteiro Tesoureiro: Dra. Manuela Oliveira Secretários Adjuntos: Dr. Daniel Pereira da Silva Dr. Marco Sarmento Vogais: Dra. Ana Fatela Dr. Jorge Lains Major Sponsor Sponsors Secretariado www.maria-design.pt www.spodom.org